Teologia Bíblica Do NT (Apostila Do STEB) PDF
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Gerhardus Vos:2
A Teologia Bíblica é o braço da Teologia Exegética que lida com o processo da auto-revelação de
Deus registrado na Bíblia 3
Gerard Van Groningen4 concorda e acrescenta:
Finalmente, o assunto da teologia bíblica é o processo da revelação divina. De fato, a teologia bíblica,
como disciplina, se endereça particularmente e especificamente à história da revelação porquanto
executada no curso do tempo de Adão a Malaquias e desde a anunciação do nascimento de Cristo até
o último escrito inspirado do apóstolo João, o Livro de Apocalipse.
A teologia bíblica é a história sobre Deus e seu interesse e cuidado para com a humanidade. Ela existe unicamente
em virtude da iniciativa divina realizada em uma série de atos divinos cujo objetivo é a redenção humana.
Constitui-se basicamente na descrição e interpretação da atividade divina no contexto do cenário da história humana,
procurando a redenção da humanidade.
O interesse divino é motivado pelo pecado do homem, que o lveou a um estado de separação de Deus, trazendo
consigo o aguilhão da morte. A rebelião humana tem afetado não apenas a existência no campo individual, mas
também o curso da hsitória e o reino da natureza no qual o homem foi colocado. A redenção é a atividade divina
cujo objetivo é a libertação dos homens, como indivíduos e como sociedade, de seu dilema pecaminoso e sua
restauração a uma posição de comunhão e favor com Deus.
O que Deus revela não é somente informação acerca de si mesmo e do destino humano; Ele revela a sua própria
pessoa, e esta revelação tem acontecido em uma série de enventos históricos.Exemplos:
1. O maior ato revelatório de Deus no Antigo Testamento foi o livramento do povo de Israel da escravidão do
Egito. Este não foi atribuído ao gênio e habilidade de liderança de Moisés. Foi um ato de Deus. “Vós
tendes visto o que fiz aos egípcios, e como vos levei com asas de águias” (Êxodo 19.4). Este livramento
não foi apenas um ato de Deus; foi um ato através do qual Deus tornou-se conhecido e através do qual
Israel deveria conhecer e servir a Deus. “Eu Sou Jeová; eu vos tirarei de debaixo das cargas dos egípcios,
livrar-vos-ei da sua servidão – e vós sabereis que Eu Sou Jeová” (Êxodo 6.6-7).
2. O Novo Testamento está neste fluxo de “história sagrada”. Uma confissão do Credo dos Apóstolos é
encontrada em I Coríntios 15.3 e é uma recitação de eventos: Cristo morreu, foi sepultado, ressuscitou e
1
Confissão de Fé de Westminster – Capítulo I, tópico I. Referências bíblicas - Sal. 19: 1-4; Rom. 1: 32, e 2: 1, e 1: 19-20, e 2:
14-15; I Cor. 1:21, e 2:13-14; Heb. 1:1-2; Luc. 1:3-4; Rom. 15:4; Mat. 4:4, 7, 10; Isa. 8: 20; I Tim. 3: I5.
2
Gerhardus Vos foi professor de Teologia Bíblica durante várias décadas no Seminário de Princenton e é considerado o “pai” da
disciplina no campo ortodoxo em nosso século.
3
Ibid, Biblical Theology: Old and New Testament. Edinburgh: The Banner of Trush Trust, 1975.
4
Da Criação a Consumação – Editora Cultura Cristã – Gerard Van Groningen.
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apareceu. O ato de Deus enviar seu único filho ao mundo não é uma simples obervação é um fato citado:
“Deus tanto amou que deu” (João 3.16). Deus mostra seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós
(Romanos 5.8). A revelação de Deus na história redentora de Israel encontra sua palavra mais clara
no evento histórico da vida, morte e ressurreição de Cristo (Hebreus 1.1-2).
Simplificando: Teologia Bíblica estuda a iniciativa divina realizada em uma série de atos divinos cujo objetivo é a
redenção humana.
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Você encontra ampla discussão em Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento nas pg.1402-1408.
diaqh/khn kainh/n – texto conforme escrito na versão Septuaginta (LXX)
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3
Implicações práticas
Ainda que existam questões a serem discutidas quanto a um tema teológico central, elas não são insuperáveis. Como
vimos, as dificuldades não nos impedem de buscar um “centro unificador” ou um Mitte para a teologia.
O reino, o pacto e o mediador são os temas que interligam as Alianças (os Testamentos) e os livros de cada
um, mostrando a unidade essencial da revelação progressiva de Deus ao seu povo.
Em Mateus 26:28 e Marcos 14:24 não aparece a palavra “nova” - th=j diaqh/khj – “a aliança” – evidenciando que há
7
referência ao sangue da aliança do Antigo Testamento: “Então, tomou Moisés aquele sangue, e o aspergiu sobre o povo, e
disse: Eis aqui o sangue da aliança que o SENHOR fez convosco a respeito de todas estas palavras” (Ex. 24.5-8). A obra de
Jesus foi, segundo a própria palavra dEle, o retornar e cumprir as declarações do Antigo Testamento acerca da aliança.
kainh\ diaqh/kh – “nova aliança” – 1 Coríntios 11:25 e Lucas 22:20. As palavras significam que o sangue ou a morte de Jesus
8
5.1 Reino
• O Reino é o reinado dinâmico de Deus em todos os acontecimentos no céu e terra.
• O domínio soberano de Deus.
• O Reino não deve ser identificado com as pessoas que pertencem a ele.
• As pessoas são o povo do domínio de Deus que entra no Reino, vive sob a autoridade do Reino, e é
governado e orientado pelo Reino.
• O Reino é maior que a Igreja.
Os textos abaixo mostram o conceito de Reino com a criação e observe como os escritores bíblicos viam a extensão
do Reino:
a. Salmo 47.9 g. Isaías 52.7
b. Salmo 93.1 h. Daniel 7 e 11
c. Salmo 96.10 i. Mateus 3.2
d. Salmo 97.1 j. Mateus 4.17
e. Salmo 99.1 k. Atos 28.31
f. Salmo 146.10 l. Apocalipse 1.9
Hggiken: “tem estado próximo”. Perfeito no grego que expressa: começou o movimento, continua, continuará, chegando a
11
um alvo. Vindo o Messias já vem o processo de inauguração (inauguração, “ponto alto” do processo é no pentecoste). O reino
começou a vir, está vindo e chegará. Estamos em pleno processo.
e de\ h)=lqen to\ plh/rwma tou= xro/nou - "vindo, porém, a plenitude do tempo” – Tempo (substantivo singular).
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Filho”. Jesus Cristo é o clímax da Revelação progressiva de Deus. Nada depois dele diz mais que ele sobre Deus.
Todas as coisas que os apóstolos vieram dizer de Deus eram apenas uma explanação daquilo que, em gérmen, já
havia sido revelado por Cristo e em Cristo. Ele é a expressão máxima do ser de Deus. Ele é o próprio Deus conosco,
o ‘Emanuel’. E o propósito da sua encarnação, morte e ressurreição é a Revelação do seu pai celestial visando
a redenção do seu povo. Ele é o Deus manifestado em carne. Seu ministério total é a Revelação de Deus que ele
faz em atos e palavras.
Em Cristo está revelada corporalmente “a plenitude da divindade”(Cl 2.9).
Ele não somente veio revelar Deus em si mesmo, mas ele é o próprio Deus se revelando (ver o caso de
Filipe em Jo 14); ele não meramente revelou o propósito redentivo de Deus, mas ele próprio é a nossa
redenção. As teofanias são meras sombras daquele que é o Deus verdadeiro. Elas são manifestações temporárias de
Deus aos homens, mas Jesus é a manifestação presencial de Deus aos homens para sempre. Ele não é uma
teofania (porque esta é uma manifestação visível e temporária de Deus), mas ele é o Deus para sempre conosco, e
para sempre será o Deus-Homem.
Cristo tem de ser tomado como centro da revelação organizado em torno dEle e envolvendo todo o
processo de revelação. Não é Jesus, em sua atividade terrena um expositor exaustivo da verdade; é antes, a verdade a
ser exposta. O que já vimos nos dá justificativa para falar da revelação do NT, e de sua exposição histórica, a
Teologia do Novo Testamento.
Cristo veio inaugurar, DIATHEKE13 a que é chamado a “Eterna Aliança” (Hb. 13:20).
É uma aliança escatológica, e com referência a ela, comparações de tempo estão fora.
Do ponto de vista escatológico Cristo é o “consumador”. Chamamos de Novo Testamento, considerando-
o apenas no sentido canônico, quando na verdade, se estende até a eternidade – “Eterno Testamento”.
A teologia Bíblica do NT. está dividida em dois grandes períodos: (1) O da revelação por meio de Cristo
diretamente, e (2). A revelação em que Cristo foi intermediário através do apostolado.
Chamando isto de abertura da dispensação do Novo Testamento, podemos ainda distinguir certos prelúdios
tocados antes do princípio ou inicio da abertura. Tudo o que precede ao ministério público de Jesus está dentro desse
prelúdio. Antes de entrar no conteúdo revelatório da sua obra, é mister a atenção à natividade, à pregação de João
Batista, o batismo de Jesus por João e a tentação de Jesus. Observaremos tais fatos a partir do ponto II.
Qual a relação entre a palavra aliança e testamento? Qual palavra se adequa melhor a história da redenção?
a) Aliança X Testamento
1. Aliança não é testamento.
2. Aliança e testamento relacionam-se com a morte.
3. No caso de uma aliança, a morte está no princípio da relação entre duas partes, pressupondo que a parte que
violar a aliança experimente, realmente, a morte como conseqüência de seu compromisso anterior.
4. Testamento – o testador não morre como conseqüência de violação de seu testamento.
5. Aliança oferece as opções de vida ou morte.
6. Testamento – a morte em substituição de outro não tem lugar algum. O testador morre no seu próprio lugar,
não no lugar de outrem. Nenhuma outra morte pode substituir a morte do testador.
7. Aliança – mas Cristo morreu em lugar do pecador. Por causa das violações da aliança, os homens foram
condenados a morrer. Cristo tomou sobre si mesmo as maldições da aliança e morreu no lugar do pecador.
diaqh/kh - aliança.
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• Conforme Hebreus o sangue de bois e de bodes não tinha poder inerente de remover pecados na
estrutura da justa ministração de Deus ao mundo. As cláusulas da velha aliança, fundadas em tais
sacrifícios de animais, não podiam efetuar a remoção real das transgressões.
• Jeremias prevê o dia em que o real substituirá o simbólico.
• Ao dizer que os pecados não seriam mais lembrados, Jeremias antevê o fim do sistema sacrifical
da Velha Aliança.
• O novo fator de perdão previsto na nova aliança é o daquele perdão de uma vez para sempre.
5.3 Mediador: perfeito capaz de restabelecer Unidade entre Deus e o seu povo.
• Maior necessidade: necessidade de mediador capaz de estabelecer unidade entre Deus e o seu povo.
• Essa unidade foi interrompida com a entrada do pecado.
• Lembre-se o tema central e alvo da Aliança da Redenção é restabelecer a unidade entre Deus e o seu
povo.
• Os mediadores da Antiga Aliança não foram capazes de estabelecer essa unidade. Por quê?
• Exemplo: Moisés como mediador entre Deus e Israel implicava a ausência de unidade de aliança.
Por quê? Porque Moisés participava de uma comunhão com Deus que era negada ao resto de
Israel. Só ele conversava e ouvia a voz do Deus Vivo.
• Questão importante – ou a aliança atinge a unidade essencial de Deus imediatamente com o seu povo, ou
a aliança fracassa em seu propósito. A unidade deve ser alcançada com Deus na sua inteireza e com nada
menos.
• Essa unidade de aliança é atingida na pessoa de Jesus Cristo. Por quê?
• Paulo ensina que devido à perfeita divindade de Jesus Cristo.
• Jesus não é um mediador subdivino, algo menos do que Deus.
• Paulo fala que Jesus Cristo é o mediador entre Deus e o homem (1 Tm.2.5) porque Ele é
plenamente e completamente Deus.
• Através da unidade com Jesus Cristo, o povo da nova aliança experimenta aquele conhecimento
imediato de Deus que torna completamente desnecessária uma série de mestres mediadores.
• Unidade real com Deus mesmo é atingida por meio de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
• Ele efetua a unidade essencial entre Deus e o seu povo, a qual tem sido o alvo último da aliança
através da história por seus atributos: todo povo pode desfrutar de Sua presença, Ele é
onipresente; todo o povo pode falar a Deus em Cristo, pois Ele é infinito; todo o povo pode
desfrutar de cuidado e proteção, pois Ele é onipotente, onisciente, ...
• Cristo representa o cristão diante do Pai em todas as áreas. Não fosse pela atuação dele não
teríamos justificação e não teríamos vida abundante. Restaria apenas receber a maldição do pacto
da criação, ou seja, a morte em todos os níveis. Porém, sendo Cristo o representante do eleitos em
todas as áreas da existência, recebemos vida abundante.
5.4 Igreja
Vamos trabalhar duas propostas:
Primeiro: A Igreja é o Israel de Deus – somos o povo de Deus de todos os tempos.
14
F. F. Bruce – Paulo o apóstolo da graça – pg.193.
8
Muitos versículos do Novo Testamento dão nos a certeza que a igreja é o “novo Israel” ou o novo “povo de
Deus”.
3. Mas esse processo pelo qual Cristo edifica a igreja é apenas uma continuação do modelo estabelecido pro
deus no Antigo Testamento, por meio do qual ele chamou o povo para si mesmo para ser uma assembléia
em adoração diante dele. Quando Moisés diz ao povo que o Senhor havia-lhe dito: “Reúne este povo, e os
farei ouvir as minhas palavras, a fim de que aprenda a temer-me todos os dias que na terra viver...”
(Dt.4.10), a Septuaginta traduz a palavra “reúne” (heb. Qahal) pelo termo grego ekklesiazo, “convocar uma
assembléia”, verbo cognato do substantivo do Novo Testamento ekklesia, “igreja”.
4. O próprio Jesus Cristo edifica a igreja chamando o seu povo a si mesmo. Ele prometeu: “Edificarei a
minha igreja” (Mt.16.18). Lucas é cuidadoso quando nos informa que o crescimento da igreja não se deu
apenas pelo esforço humano, mas “acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia os que iam sendo salvos”
(At.2.47).
5. Não é surpreendente que os autores do Novo Testamento possam falar do povo de Israel do Antigo
Testamento como uma “igreja” (ekklesia) no deserto” (Estevão em At.7.38).
6. Hebreus 12 afirma que quando nós, cristãos do Novo Testamento, adoramos a Deus, entramos na
presença da “assembléia” (tradução literal “igreja” – no grego ekklesia) dos primogênitos arrolados nos
céus”.
9
7. O autor de Hebreus entende que os cristãos de hoje, que constituem a igreja na terra, estão rodeados de uma
grande “nuvem de testemunhas” (Hb.12.1) que retrocede até aos primeiros períodos do Antigo Testamento
e inclui Abel, Enoque, Noé, Abrão, Sara, Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas
(Hb.11.4-32).
8. O próprio “Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela” (Ef.5.25). Aqui o termo igreja é usado
para referir-se a todos aqueles pelos quais Cristo morreu para redimir, todos os salvos pela morte de Cristo.
Isso, porém, inclui todos os verdadeiros cristãos de todos os tempos, tanto os salvos do Novo como os do
Antigo Testamento.
• A presente era da igreja, que trouxe a salvação de muitos milhões de cristãos, não é uma interrupção ou
um parêntese no plano de Deus16, mas a continuação de seu plano de chamar um povo para si
mesmo, expresso em todo o Antigo Testamento.
9. Paulo diz: “Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na
carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não
segundo a letra” (Rm.2:28-29).
• Paulo reconhece que ainda que haja um sentido literal ou natural no qual os fisicamente descendentes
de Abrão devem ser chamados judeus, há também um sentido mais profundo e espiritual no qual um
“verdadeiro judeu” é quem tem a fé interiormente, cujo coração foi purificado por Deus.
10. Abraão foi justificado “antes ou depois de ter sido circuncidado”? (Rm.4:10ª) A resposta de Paulo a sua
própria indagação é curta e objetiva: Não foi depois, mas antes17 (Rm.4:10b). Paulo continua, havia um
propósito no fato de Abraão ter sido justificado pela fé, e só depois ter sido circuncidado.
• Primeiro, para que Abraão pudesse ser (como de fato o é) o pai de todos os que crêem, e que assim
foram justificados, sem ser circuncidados (Rm.4:11b). Abraão é o pai dos gentios que crêem18.
• Segundo propósito dessa combinação entre fé, justificação e circuncisão era que Abraão pudesse
igualmente ser (como de fato o é) o pai dos circuncisos que, além de sua circuncisão, também andam
nos passos da fé que teve nosso pai Abraão antes de passar pela circuncisão (Rm.4:12). Assim ele é o
pai de todos os crentes, independente de serem ou não circuncidados.
• Portanto, Paulo pode dizer: “Nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem
descendentes de Abraão são todos seus filhos ... estes filhos de deus não são propriamente os da carne,
mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa” (Rm.9:6-8). Paulo indica que
os verdadeiros filhos de Abraão, que são no sentido mais correto “Israel”, não são a nação de Israel
fisicamente descendente de Abraão, mas si os que creram em Cristo. Aqueles que verdadeiramente
crêem em Cristo são agora (Igreja) os que têm o privilégio de serem chamados “meu povo” pelo
Senhor (Rm.9:25).
11. O plano de Deus para a igreja é tão grande que ele exaltou Cristo a uma posição de suprema autoridade por
amor à igreja: “E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à
igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas” (Ef.1.22-23).
12. Longe de considerar a igreja um grupo separado do povo judeu, Paulo escreve aos cristãos gentios de
15
Wayne Grudem – Teologia Sistemática. Editora Vida Nova, pg.715.
16
Esses termos sublinhados são expressões usados por Lewis Sperry Chafer – Systematic Theology, um proeminente teólogo que
adota a forma de estrutura dispensacionalista. Com essa frase ele quer dizer que não há relação da igreja com Israel.
17
Na verdade, sua justificação aconteceu muito antes, pois ela é registrada em Gênesis 15 e sua circuncisão em Gênesis 17, e
pelo menos 14 anos (ou mesmo 29 anos, segundo os rabinos) separam os dois eventos.
18
Frase de John Stott – Romanos, pg. 149.
10
b) A Igreja e o Reino de Deus – qual é a relação existente entre a Igreja e o Reino de Deus?
1. A igreja não é o reino – pois Jesus e os primeiros cristãos pregaram que o reino de Deus estava próximo e
não que a igreja estava próxima; eles pregaram as boas novas do reino e não as boas novas da igreja:
At.8.12; 19.8, 20:25; 28.23,31.
2. O reino cria a igreja – porque quando as pessoas entram no reino de Deus elas unem-se a uma comunhão
humana da igreja.
3. A igreja testemunha do reino – pois Jesus disse: “E será pregado esse evangelho do reino por todo o
mundo” (Mt.24014).
4. A igreja é o instrumento do reino – porque o Espírito Santo, manifestando o poder do reino, age por meio
dos discípulos para curar os enfermos e expulsar demônios, conforme fez no ministério de Jesus: Mt.10.8;
Lc.10.17).
5. Portanto, não devemos identificar o reino de Deus com a igreja – como na teologia católica romana, nem
ver o reino de Deus como inteiramente futuro, algo distinto da era da igreja – como na teologia
dispensacionalista mais antiga.
6. Há uma relação próxima entre reino de Deus e igreja. À medida que a igreja proclama as boas novas do
reino, pessoas virão para a igreja e começarão a experimentar as bênçãos do domínio de Deus em suas
11
vidas.
7. Deve ser recebido como as crianças recebem uma dádiva (Mc.10.15; Lc.18.16,17).
8. O reino manifesta-se através da igreja, e assim o futuro domínio de Deus irrompe no presente – ele “já’ está
aqui: Mt.12.28; Rm.14.17; e “não ainda” plenamente aqui: Mt.25.34; 1 Co.6.9-10.
9. Os que crêem em Cristo começarão a experimentar um pouco de como será o futuro domínio do
reino: mesmo que a idéia suprema é a glória de Deus e não o bem-estar humano. Contudo há bênçãos
grandiosas ligadas à presença de Deus soberano e centralizado em nossas vidas.
• Dar a Deus o primeiro e mais elevado lugar na vida já deve causar-nos imensa satisfação pois é para
esse fim que existimos – buscando o Reino, todo tipo de bênçãos que necessitamos nos sobrevém
(Mt.6.33); representa a satisfação de todas as necessidades (Lc.13.31).
• O Pai promete dar-nos as bênçãos do seu reino – “... vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino”
(Lc.12.32);
• Eles conhecerão um pouco da vitória sobre o pecado (Rm.6.14; 14.17);
• Sobre a oposição dos demônios (Lc.10.17);
• Sobre as enfermidades (Lc.10.9).
• Eles viverão do poder do Espírito Santo (Mt.12.28; Rm.8.4-17; 14.17), que é o poder divino do reino
vindouro;
Mateus 12.28 – onde o Espírito opera, o Reino é chegado.
Lucas 4.18 – O Espírito o ungiu para fazer milagres (Lc 1.17,35 - Espírito e poder)
Lucas 24.49; Atos 1.8; 10.38 – O Espírito Santo – autor dos grandes atos salvadores – quando a
Igreja busca o Espírito Santo há grandes operações.É o Espírito Santo a fonte de toda renovação
moral e espiritual – aplica as virtudes de Cristo em nós. “Nascer da água e do Espírito” – Jo
3.5 – água – morrer para o passado. Espírito – ser recriado num novo homem. Negativo +
positivo. (É ver e entrar no Reino).
Espírito – guiando os discípulos ao conhecimento da verdade – João 16.
Resumindo – É o Espírito Santo que opera atos miraculosos e confere bênçãos espirituais e morais
no Reino de Deus. Há portanto, grande necessidade nossa de relacionamento com o Espírito Santo.
• Por fim Jesus voltará, e o domínio do seu reino se estenderá por toda a criação (1 Co.15.24-28).
10. Concluindo: é importante salientar que a igreja se constitui no povo do Reino, contudo, ela não forma o
povo em seu caráter ideal, pois inclui presentemente algumas pessoas que não são realmente filhos do
Reino. Logo se conclui que a entrada no Reino significa participação na Igreja; mas a entrada na
Igreja não é uma expressão sinônima da entrada no Reino.
história.
O que Yavé prometeu (no Antigo Testamento) pais da realidade messiânica, agora aconteciam. A realidade
agora assume a forma concreta do real.
Aspectos da Natividade
As partes pertencentes a esse grupo são: Anunciação do Anjo a José (Mt.1: 20-23); O anuncio de Gabriel a
Zacarias (Lc.1:11-22); o anúncio de Gabriel a Maria (Lc.1:26-38); a profecia de Isabel (Lc.1:42–45); o cântico de
Maria – “Magnificat” (Lc.1:46-55); a profecia de Zacarias (Lc.1.68-79); o anuncio do Anjo aos pastores, seguido do
cântico angelical (Lc.2.10-14); a profecia de Simeão – o Nunc demitis- (Lc.2:29-35); a profecia de Ana (v.38).
queda/ ruína e levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradições (34). Além disso a
própria mãe teria o coração traspassado pela espada (35) = ver seu filho na cruz.
g) Revelar o nascimento sobrenatural desta criança, especialmente pelo fato de não ter paternidade
humana. Razões: 1) Impedir a transmissão de pecado (Lc. 1:35). Prevenção contra o pecado – O
Espírito Santo tem a função de santificar. 2) Modo de introduzir na natureza humana Aquele que é o
Filho de Deus (Lc. 1:31) “Filho de Maria” – 32, 35 ”Filho do Altíssimo” e “Filho de Deus”. Do
Espírito Santo veio a transmissão do poder do Altíssimo. É a paternidade de Deus.
O Dr. Sinclair Ferguson19 diz que o nascimento de Jesus é uma obra divina da nova criação. Como na criação
original, a obra é de novo, mas não é ex-nihilo20. Ao contrário, ele opera em materiais já existentes (a humanidade
de Maria) a fim de produzir o “segundo homem” e através dele restaurar a verdadeira ordem, justamente como ele
trouxe ordem e plenitude ao informe e vazio da criação original.
19
Sinclair B. Ferguson – O Espírito Santo, Editora Os Puritanos, pg.49.
20
A Bíblia claramente requer que creiamos que Deus criou o universo do nada. (Algumas vezes a expressão latina ex nihilo ,”do
nada”, é usada; diz-se então que a Bíblia ensina a criação ex nihilo). Isso significa que, antes de Deus ter começado a criar o
universo, nada mais existia exceto o próprio Deus.
Essa é a inferência de Gênesis 1.1 que diz: “No princípio Deus criou os céus e a terra”.A frase “os céus e a terra” inclui a totalidade do universo,
O salmo 33 também nos diz: “Mediante a palavra do SENHOR foram feitos os céus, e os corpos celestes, pelo sopro de sua boca [...] Pois ele
falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo surgiu” (Sl 33.6,9). No NT encontramos uma afirmação de caráter universal no começo do evangelho de
João: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito” (Jo 1.3). A expressão “todas as coisas” é
mais bem entendida como referindo-se à totalidade do universo (cf.At 17.24; Hb 11.3). Paulo é totalmente explícito em Colossenses 1 quando
especifica todas as partes do universo, tanto as visíveis como as invisíveis: “pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e sobre a terra, as
visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele” (Cl 1.16).
21
“O Senhor é gracioso”.
22
Deserto símbolo da aridez espiritual do povo – “Hermom”
23
Parece que João não via tanto avanço na obra de Cristo.
24
“Outro” – Outro diferente. Não algo melhor. Será que João manifestava sua visão judaica?
25
O holandês Bultmann: esvaziou as igrejas da Europa, porque dizia que Jesus não existiu, isso é invenção, um emaranhado feito por denominações humanas.
14
1. Ele não era um caniço (cana fina26) agitado pelo vento – v.7 Alguns referiam-se à pregação e ao caráter de
João, desta forma. Mas Jesus sai em sua defesa: João não é um “vira folha”, seu caráter é honesto, não
volúvel. Homem que teve coragem de confrontar o pecado de Herodes (Mc.6.17-29).
2. Sua vacilação não era devido ao desconforto da vida na prisão de João – Ele estava acostumado, não as
vestes finas, nem a vida confortável – v.8. Ele não é materialista. João não usa o slogan do existencialismo:
“você merece ser feliz” uma proposta de que o crente não pode sofrer. Essa é a idéia materialista – “Dane-se
a quem quiser se danar, você deve ser feliz”.
3. Na terceira resposta Jesus reconhece que há uma verdade fundamental na classificação de João como profeta,
mas “mais que profeta”. (v.9) João pode estar passando por uma crise, mas apesar da fraqueza, esse não é o
seu caráter. O que aprendemos: “Deus usa homens que se encurvam, mas não se deitam27”.
Antes de tudo, ele é um mensageiro preparador, enviado ante a face do Senhor, o que apenas em linguagem
metafórica pode-se dizer dos outros profetas antecessores a ele. Eles escreveram sobre Jesus – João Batista é alguém
sobre quem os profetas escreveram. Era ele meio-caminho da era de cumprimento messiânico.
Mateus 11.9-10 – A culminação da profecia do Antigo Testamento está nele, e tal posição o intitula “o
maior dos nascidos de mulher”. Como mensageiro veio logo antes da realidade – os outros profetas e a lei
profetizaram de algo futuro.
Mateus 11: 11b – “mas o menor do Reino dos céus é maior do que ele”. Significa que João Batista não
participaria dos privilégios do reino já vindo, do qual outros já participavam pela associação com Jesus. João
continuava levando sua vida a parte, sobre a base do Antigo Testamento (maior em privilégios e não em pessoa) os
privilégios da Lei eram inferiores aos da graça.
Mateus 11.12-13 28 – Começando nos dias de João, o Reino dos céus causa novo impacto. “O Reino sofre
violência”. Por meio dele o Reino deixara de ser algo de futuridade, estando sob o Antigo Testamento. Tornara
alguma coisa real, ocupando os pensamentos e abalando as emoções dos homens. Era violento no abalo de vida. E o
desejo dos homens seria inflamado (excitado) com o desejo ante o conhecimento do Reino de Deus, que fariam tudo
para tomar posse dele. E não haveria nenhuma mornidão/timidez ou desleixo no esforço para tomar posse desse
Reino. “Invadir e tomar um reino”. Antes de João todos esperavam quietantemente o reino messiânico, sem
qualquer esforço a se prepararem para recebê-lo. Agora muitos queriam introduzir-se nele, vencendo toda a
oposição. A verdade implícita no texto é que o reino opera com poder e se estende com força irresistível. Os homens
são abalados pelo reino. O reino toma, ele não é tomado. Dessa forma podemos entender o texto de Mateus 16.18,
“... as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. A palavra no original para a tradução de inferno é: “#(/dou” –
estado de morte – Jesus desceu ao hades (#(/dhj), ou seja, desceu ao estado dos mortos. Jesus não desceu ao inferno.
Desceu ao estado dos mortos, o maior estado de humilhação. A aplicação é que o “estado de morte não resiste ao
ataque da vida”. A igreja arrebenta a morte. “Hades” – “sepultura” por causa do estado de morte que há lá dentro.
A mensagem de vida anunciada pela igreja não depende de existir uma igreja grande, não existe igreja grande,
existe, sim, comunidade pequena. A Igreja em Filadélfia é vista como pobre – “tens pouca força” (Ap.3.8) – mas
uma benção (Ap.3.8, 10, 11).
26
Folha de bananeira.
27
Exemplo: os 300 homens de Gideão.
28
Tradução NIV: “Desde os dias de João Batista até agora o reino dos céus tem avançado forçosamente e forçosamente muitos homens com força (debaixo da força
do reino) entram nele.”
15
Elias. Jesus mostra que João é o Elias (características) no sentido da capacidade de juízo, viria para um trabalho
semelhante – Introdutor do grande movimento de arrependimento. Além disso, a aparência externa era idêntica a de
Elias (2 Reis 1:8; Lc.1.13-17). Vestimenta, comida, nazireu. João é Elias porque tem o espírito ministerial de Elias,
grande avivalista: “irá adiante de Deus no espírito e poder de Elias ... a fim de preparar um povo para o Senhor”
(Lc.117). No Evangelho de João 1.21, João, o Batista deixa claro que não é Elias: “Perguntaram-lhe, quem és, pois?
És tu Elias? Ele respondeu: não sou”.
Talvez o modo externo de João se apresentar e viver está associado com o seu lugar dentro do Antigo
Testamento. Ele foi um nazireu por toda vida. O ambiente do deserto era significante, de maneira que o antigo
(testamento) está associado com a preparação para arrependimento (Os29. 2.14,15; Is. 40.1-4). Ele era uma
reprodução de Elias, o grande profeta do arrependimento (Mt.11.14; 17.10-13)30. Na primeira passagem as palavras
“se o quereis reconhecer” indicam que alguns duvidaram do caráter de João como precursor Elias, e também que
Jesus aceitou isto. Mas havia uma diferença, talvez, entre a compreensão que Jesus tinha da reaparição de Elias e a
que os judeus tinha. O citado por último (judeus) parece ter esperado uma ressurreição literal de Elias. Assim nós
podemos explicar a declaração de João sobre ele não ser Elias (Jo.1.21). Ele negou ser Elias naquele sentido real do
judaísmo (visão judaica), mas não teria negado ser, quanto ao sentido simbólica afirmado por Jesus, tão pequeno
quanto, ele deveria ter negado que estavam sendo cumpridas as profecias de Isaias e Malaquias nele.
Talvez o texto da Septuaginta fornece evidência para a antiga convicção judaica relativa ao retorno atual do
profeta, porque em Mal. 4.5 traz “Elias o Tesbita”31, considerando que o original tem “Elias o profeta”32. A origem
da crença advém devido forma da ascensão de Elias para céu. O evangelista Lucas parece reconhecer o significado
simbólico desta exterioridade a respeito de João, quando ele fala de “o dia em que havia de manifesta-se a Israel”
(1.80).
Nós deste modo vemos que o precursor de Jesus, João, era por todos os intentos um precursor de todo Antigo
Testamento com referência para o Cristo. E isto aplicou não só por meios externos; a real substância do Antigo
Testamento foi resumida em João. Se nós distinguimos os dois elementos de lei e profecia, ambos foram resumidos
claramente na mensagem: “Arrependei, pois o Reino do Céu está à mão (próximo)”.A ligação entre os dois não é a
mera adição de duas coisas sem ligações; a conjunção “Pois” indica que o motivo para arrependimento está ligado à
aproximação do Reino, porque o que foi citado por ultimo significa para João, em primeiro lugar, julgamento.
Compare a pá na mão, o machado à raiz.
Mateus 11.16-19 – Crédito ao Nome de Jesus.
Jesus não é volúvel. Seu caráter é firme. Vejamos alguns textos sobre o propósito de Jesus em ir a
Jerusalém sabendo que lá iria padecer em sua morte na cruz.
" Lc.9.51-53 – intrépida resolução de ir para Jerusalém
" 13.22 – caminhando para Jerusalém
" 17.11 – de caminho
" 18.31 – já está subindo. Seu objetivo Lc.18.32,33; Mc.10.32-34.
" 19.11 – já está perto
" 19.41 – vendo a cidade, chorou.
29
“O vale de Acor por porta de esperança” – ‘Vale da tribulação’. Esta área ficava localizada perto de Jerico e foi o lugar do apedrejamento de Acã (Js.7.24-26).
Embora associado ao pecado e à morte, esse vale seria transformado em uma “porta de esperança”.
30
Jesus identifica João Batista com o Elias profetizado por Malaquias, que viria como precursor do Messias (Ml.4.5). esta identificação exige os olhos da fé (“se o
quereis reconhecer”). Deve ter havido uma má compreensão de que Elias seria reencarnado, porém o próprio João negou que era Elias (Jo.1.21). o anúncio de
Gabriel disse que João viria “no espírito de Elias” (Lc.1.17). Em Mt.17.11, “Elias virá” os escribas estavam certos, mas falharam em reconhecer tanto a Elias
quanto ao Messias quando vieram.
31
Ηλιαν το εν Θεσβιτην” (Ml.3.22). Texto da Septuaginta.
32
“)yibfNah hfYil")” (Ml.3.23). Texto original.
16
Só Jesus em seu amor mui terno poderia ter feito tão grande obra em favor de inimigos imerecedores,
tornando-os amigos do Pai, filhos do Pai, amados do Pai por estarem unidos ao Amado, Jesus Cristo.
O objetivo de Cristo era exclusivamente fazer a vontade do Pai, é o que vamos ver a frente – a atitude de Jesus
diante da tentação de satanás.
3. O Batismo de João
O Batismo de João em geral e o batismo de Jesus por João em particular não devem ser separados. Naquele
tempo e posteriormente havia muitos círculos em que os ritos batismais eram praticados, mas todos os sujeitos à
repetição, ao passo que o batismo de João era de uma vez por todos (com. Mt.28:19; At.19:3; Hb.6:2).
Em João baseava tal tipo de batismo? Alguns procuram seu antecedente e analogia no Antigo Testamento,
não tanto na lei cerimonial, pois este requeria repetição. Mas por um lado a purificação preparatória para a produção
da velha aliança (Ex. 19: 10, 14) por outro lado na grande efusão da água que os profetas anunciaram que precederia
a era escatológica (Is. 1: 6; 4: 4; Miq. 7: 19; Ez. 36: 25 – 33; Zc. 13: 1).
Deve-se notar que a água aparece na profecia como um elemento de Dar vida, frutificar, além de ser um
instrumento de purificação (Is. 35: 7; 41: 18; 44: 3; Zc. 14: 8).
Tem-se tentado explicar o batismo de João baseado em tais acontecimentos do Antigo Testamento, mas
estes foram em parte proféticos, em parte típicos, de forma que para o cumprimento ou repetição, recomendação/
ordem/ sobrenatural específica seria requerida; João não poderia simplesmente proceder sobre a base do Antigo
testamento em tal questão, e isso é reconhecido de todos os lados (Jo. 1: 25, 33; Mt. 21: 25).
Muito menos ainda podemos considerar o batismo de João como uma simples imitação do assim chamado
“batismo prosélito” do judaísmo. Não era tão relevante esse batismo para ser imitado por João. Era apenas uma
aplicação da lei Levítica geral de purificação a um prosélito, que após ter-se circuncidado, ainda estava imundo pelo
contato com os gentios anteriormente.
O verdadeiro sentido do batismo de João deve ser inferido, parcialmente das descrições dadas nos
evangelhos e parcialmente da situação geral. Marcos e Lucas nos dizem que era um “batismo de arrependimento
para perdão de pecados”. Mateus diz que ele batizava “para arrependimento” e que o povo era batizado por ele
“confessando seus pecados” (Mt. 3:11).
De acordo com Mateus, a confissão de pecados era o acompanhamento do fato. De acordo com Marcos e
Lucas, o perdão de pecados era o fim o alvo, mas na verdade não existe contradição: Pode parecer contraditório
quando Mateus coloca a confissão anterior ao batismo e o arrependimento sucedendo a ele. Mas a solução está em
distinguir entre o reconhecimento mais externo do pecado e um reconhecimento aprofundado, arrependimento
intensificado (Mt. 3: 6, 11).
É algo incerto como deve se entender a frase de Lucas e Marcos, “ Batismo de arrependimento”. O mais
certo é tomar o genitivo como um genitivo de propósito (Batismo para produzir arrependimento). Daí concorda com
Mateus 3:11.
Se arrependimento era o esperado resultado do ato do Batismo de João, é claro que o rito não era um
simples simbolismo, mas constituía em verdadeiro sacramento, destinado a conduzir alguma forma de graça. E com
17
isso concorda a recomendação de João ao povo para “produzir frutos dignos de arrependimento”.
“Água e Espírito” – Devemos lembrar que água como elemento purificador simbolizava Nova Era (Is. 4: 4;
Mq. 7:19; Ez. 36: 25-33; Zc. 13: 1) (preparação para uma nova era).
João está fazendo um contraste de duas eras – Velha dispensação e Nova dispensação.
O batismo de João era um rito externo, apenas um sinal do que viria nos dias posteriores. A água
representava, ou prenunciava a purificação interna feita por Cristo no seu sangue e aplicado pelo Espírito Santo
purificador.
submissão ao batismo e do efeito que Deus daria a isso, quando realizado. Seria como um selo assim como o
Espírito é um selo no batismo do cristão.
Além do mais Jesus precisava do Espírito como um real equipamento de sua natureza humana para a
execução de sua obra messiânica. Todo o Seu poder e graça, Suas graciosas palavras, seus atos salvíficos, Jesus os
atribuía à possessão do Espírito (Mt. 12: 28; Lc. 4: 18; At. 10: 36-38).
A locomoção da pomba do céu repousando sobre Jesus significa que o Espírito passou a habitar nele. Nos
profetas, a adoção do Espírito era apenas temporária e abrupta.
A forma de pomba nunca é encontrada no Antigo Testamento para o Espírito Santo. É uma manifestação
nova – parece dar a entender que a obra do Messias constituía uma segunda criação, ligada à primeira, pela função
do Espírito em conexão com ela.
O diabo não age com poder mas com estratégia Ef.6.11 – “panopli/an" (panóplia) é a armadura do soldado, o diabo perdeu
33
34
“se” - dá-nos o sentido de dúvida (?),no sentido de que satanás tenta colocar dúvida no coração do Filho de Deus! Em grego
as expressões são escritas de maneira a não deixar margem para dúvida – Devemos ler: “uma vez que és o Filho de Deus” (Ei)
ui(o\j ei)= tou= qeou). Em Lucas 4:41 temos evidência dessa verdade: “...de muitos saíam demônios, gritando e dizendo: Tu és o
Filho de Deus! ... pois sabiam ser ele o Cristo”.
21
encerrou quando se tornou carne, mas continuou análoga à sua atividade redentora do início até o fim;
b) Em segundo lugar, há uma revelação redentora dada ao povo de Deus do Antigo Testamento. É uma
referência a redenção, ainda que mediada pelo Cristo – não encarnado. Era o mesmo estado, no qual
mediava, idêntico ao do início do mundo;
c) Depois alcançou no Logos seu clímax , quando o verbo tornou-se carne, e esse estado encarnado, para
nunca mais sofrer mudança novamente, resultou a plena interpretação da obra redentora de Deus,
tanto durante Sua própria carreira terrena no estado de humilhação, como durante Seu estado de
exaltação, possuído desde a ressurreição, e agora tornou-se o condutor da revelação redentora dos céus.
Revelação do Ministério de Jesus nos evangelho (Dois aspectos que Jesus é o Revelador de Deus na Terra)
1) Revelação que ele era na Sua pessoa – Sua natureza, caráter, o Emanuel. È o caráter
teantrópico de Jesus.
2) Revelação de Deus pela mensagem que pregou (que trouxe). Tais aspectos não se separam
um do outro. Na Sua fala está o Seu caráter; sua filosofia de Vida, sua pessoa é a própria
mensagem.
A Revelação dos sinóticos é mais acentuadamente nas palavras – Mt. 11: 25, 26. Em João, a idéia da
revelação de Deus é muito enfática. Nos sinóticos o Reino de Deus e Sua justiça são mais evidentes; em João há
uma forte ênfase na preexistência de Jesus, de onde ele traz a revelação, por isso a mensagem de João é altamente
soteriológica. Nos sinóticos faz-se referência mais freqüente a o Espírito como fonte de revelação trazida por Jesus.
No quarto evangelho palavras são usadas para mostrar que Jesus é a expressão pessoal de Deus – Luz, Vida, Água
Viva.
Parece que em João o Espírito se apresenta mais como revelador futuro – Jo. 16: 13.
35
Símbolo do vinho segundo os profetas das abundâncias messiânicas (Am.9). Símbolo de vida, no milagre da transformação, da
vinda do Espírito Santo.
23
Antes de Atos falar propriamente de Jesus como o Messias, fala do estabelecimento da era cristã.
1 - O Tempo da Salvação
1º lugar - A era do cumprimento apareceu. Textos: At 2.16 - "Isso é o que foi dito pelo profeta Joel"; At 3.18 -
"Deus cumpriu..."; At 3.18 - "Todos os profetas anunciaram estes dias" At 3.24.
2º lugar - O surgimento da era messiânica aconteceu através do ministério, morte e ressurreição de Jesus, com
provas extraídas das Escrituras, de que tudo aconteceu pelo determinado desígnio/conselho e
presciência de Deus (At 2.23).
3º lugar - Por causa da ressurreição Jesus foi exaltado à destra de Deus, como cabeça do novo Israel (At 2.33-
36; 3.13).
4º lugar - O Espírito Santo na Igreja é sinal do presente poder e glória de Cristo (At. 2:33).
5º lugar - A era messiânica vai atingir sua consumação no retorno de Cristo (At 3.21).
Finalmente - Apelo ao arrependimento, oferecimento do dom do Espírito Santo e promessa de vida eterna (At
2.38, 39).
36
“Cristo é o centro dos centros”, Gerard Van Groningen. O fim das escrituras.
25
ressurreto como a única esperança. Fé em um Jesus que não ressuscitou dos mortos não oferece qualquer perspectiva
futura. A ressurreição de Jesus significa o começo de seu glorioso domínio como o Messias de Deus. Enquanto a
ascensão marca a real entronização, a ressurreição prova que Jesus é o Messias que o Pai apontara como Soberano
para reinar. A morte não podia detê-lo porque é o Messias de Deus de quem os profetas falaram (At 2.22-36). A
ressurreição é o testemunho do Pai de que Jesus, rejeitado por seu povo, e "Senhor e Cristo" (vv. 36). A linguagem
do Novo Testamento da ressurreição demonstra tacitamente que Jesus se levantou pela vontade e poder do Pai. Seu
envolvimento na ressurreição prova que a obra de Cristo foi uma perfeita expiação e que Jesus é o Messias. A
atividade messiânica de Jesus não cessou com sua morte mas continua por ter se levantado dos mortos. Ele é tanto
Senhor quanto Messias - Rei.
A Ressurreição também marca a intrusão/entrada do "eschaton" no tempo. Jorge Ladd chama-o de "um
evento escatológico". Pela pregação da Palavra e demonstração de milagres, o Senhor continuou seu ministério. A
continuidade do ministério apostólico com o ministério de nosso Senhor e os apóstolos testificaram a presença
contínua de Cristo. A ressurreição de Jesus confirmou a inauguração do Reino de Deus no pentecoste. O Apóstolo
Pedro convocou seus ouvintes para crer em Jesus, pois ele abre o futuro prometido pelos profetas (At 3.24-26).
A ressurreição do nosso Senhor também garante que o novo povo de Deus são herdeiros da nova aliança,
com todos os seus benefícios.
5. O Messias de Deus
Jesus é Senhor e Messias (At 2.36). Se ele é Messias, onde está seu reino? É o reino um evento futuro ou há
uma realidade presente por ser ele o Messias?
A questão é um pouco complexa. Nos Evangelhos a proximidade e presença do Reino na vinda de Jesus.
Ele é o reino em si mesmo. Contudo, como pode alguém explicar a omissão aparente de referências ao reino de
Deus no livro de Atos e epístolas?
Primeiro, a proclamação do Evangelho é a proclamação do reino. O uso de "reino" em Atos dá-nos uma
chave. De acordo com Atos 8.12; 19.8; 28.23, a pregação das boas novas de Jesus é equivalente à pregação do reino.
O sentido dessas palavras é expresso mais claramente por Lucas, o autor do Evangelho e Atos, como afirma Ladd:
“é de grande interesse que Lucas resume o conteúdo da pregação de Paulo aos gentios na expressão completamente
estranha à mentalidade helenística: "O reino de Deus" (Teologia do Novo Testamento, 316).
Segundo, a entronização messiânica de Jesus à direita do Pai significa a nomeação do Pai do Messias (ou
do Messias pelo Pai) e seu presente domínio messiânico sobre seu reino. Não há qualquer ambigüidade na pregação
apostólica com respeito ao ofício messiânico presente de Jesus o argumento apostólico, como já vimos, enfatiza o
26
apontamento/designação de Jesus como o Messias davídico como também sua glória e vitória.
O domínio vitorioso de Cristo, contudo, está presente no Espírito e na Igreja. Não é ele um dominador
político, contudo, sabemos que Ele virá julgar o mundo e todos os reinos se lhe submeterão.
Terceiro, a extensão da Igreja no terreno gentílico requer uma adaptação de linguagem a respeito do reino.
A palavra "reino" tinha conotações negativa no império romano. Aos ouvidos judaicos representava uma expectativa
profética, contudo aos ouvidos gentílicos sugeria insurreição e ideologia política estranha aos Romanos. Assim
como Jesus fora cuidadoso em não se denominar Cristo/Messias devido às conotações políticas, da mesma forma os
apóstolos adaptaram sua mensagem na diáspora a fim de não levantarem suspeitas de subterfúgio político. A
confissão de que Jesus é o Cristo/Messias manteve sua relevância no diálogo judaico - cristão.
Quarto, como o começo da era apostólica a questão já não era mais a inauguração do Reino Messiânico,
mas novos aspectos de seu reino. A estratégia radicalmente mudada da pregação pós-ressurreição e ascensão
focaliza os benefícios imediatos da morte do Messias: a realidade do perdão, a Igreja e a presença do Espírito Santo.
Os apóstolos assumem a existência da era messiânica, assim como a presença do reino, na base da ressurreição e
glorificação do Messias. A designação de "Cristo" desta forma se torna parte da frase fixada: "Jesus Cristo" ou
"Cristo Jesus". Os apóstolos assumem tudo o que é verdadeiro sobre Jesus, o Messias e não vêem qualquer
necessidade de estabelecer/repetir suas afirmações messiânicas. A existência de seu reino está pressuposta no
evangelho deles, isto é, trazido por eles por meio da inspiração.
6. Jesus é Senhor
Já nos últimos capítulos do Evangelho de João torna-se aparente que o Cristo ressurreto é o Senhor da
glória. Uma vez que João emprega a designação "Senhor" como referência a Jesus apenas três vezes nos primeiros
dezenove capítulos de seu Evangelho (Jo.4:3; 6.23; 11.2) ele usa o título "Senhor" nada menos que nove vezes nos
capítulos 20 e 21. Para Jesus não é outro senão a presença mesma do próprio Deus. A prática apostólica em Atos
também reconhece o senhorio de Jesus. A palavra "Senhor" – “kyrou” - (Kuriou") é mais do que uma referência
genérica ou título tal como "senhor". A pregação de que Jesus é – “kyrou” - “kuriou" chama o povo a aceitar a
verdade de que Jesus é Deus. Ele é a fonte da Salvação(2:20,21), é o doador do Espírito Santo (v.33), perdoador de
pecados (5.31; 10.43), o Santo (3.14), o Justo (3.14;7.52) e o juiz de todos (10.42). Sua autoridade é simbolizada na
expressão de estar assentado à direita de Deus (2.33-36).
Em Atos 2.36 – “kyrios” – “Deus o fez Senhor e Cristo” – A exaltação de Jesus significa que ele é Senhor
e também Messias.
Na pregação apostólica Jesus é tanto Senhor quanto Messias. Pedro advertiu: "esteja certa, pois toda casa de
Israel que a esse Jesus que vós crucificastes Deus o fez Senhor e Cristo/Messias" (At 2.36) Ele é o Messias de Deus
e Deus o Messias. Dos discursos em Atos Leon Morris conclui: “Há toda razão, portanto, para manter os cristãos
primitivos na confissão de Jesus como "Senhor". Não há qualquer distinção entre ser ele o Salvador, o Rei-Messias
davídico e o Senhor da glória. Seu Senhorio requer submissão, fé, devoção, e adoração.
O Salvador Presente- Jesus é Messias, Senhor e o Príncipe da vida. Ele é também o "Salvador" um título
que não se separa de sua autoridade como Messias-Rei. Ele é Senhor, mas nunca à parte da idéia de ser o Salvador.
(At 4.12), o qual tem o poder de perdoar pecados(At 2.38; 13.38). A ressurreição e ascensão de Jesus garante a
presente eficácia de seu domínio. Salvação é aquela experiência da bênção de Deus na presente vida em antecipação
da plenitude da restauração vindoura na consumação. Salvação é também aquela experiência na qual o crente sabe
que ele recebeu a justificação em Jesus Cristo. Jesus como Salvador tem autoridade de perdoar alguém do pecado e
27
do juízo de Deus. Ele é justo e tem a autoridade de justificar de maneira muito mais ampla do que a lei de Moisés
previa (13.39).
A presença de Jesus e a presença do escaton (últimos dias proféticos) é mais claramente revelado na vinda
do Espírito Santo. O domínio vitorioso do nosso Senhor teve seu início/inauguração na dádiva do dom do Espírito à
Sua Igreja. assim como prometera anteriormente. Quando estava com Cornélio, Pedro "se lembrou das palavras
que o Senhor dissera:.. vós sereis batizados com o Espírito Santo" (At 11.16). Paulo também comenta: aquele que
desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus para encher todas as coisas. E ele mesmo concedeu uns
para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres" (Ef 4.10-11).Todos
esses ofícios são expressões do dom e dos dons do Espírito Santo (1 Co 12.4-11).
A vinda do Espírito Santo foi o Sinal do exato estabelecimento do reino Messiânico de Jesus. (At
2.32-36; 10.44-48; 11.15-17). Por todo o livro Lucas apresenta a operação do Espírito Santo nos judeus, nos meio-
judeus e nos gentios. Dentre eles há inclusive os chamados “temedores de Deus”. O Espírito Santo operava tanto nos
apóstolos quanto nos membros da Igreja. Ele não discriminava o judeu do gentio, o apóstolo do leigo. O Espírito
Santo está presente em todos os que são salvos e mostra evidências de seu novo relacionamento com o Pai e Jesus.
O Retorno do Rei- O senhorio de Jesus Cristo recebeu maior glória do que na sua encarnação, tendo sido
levantado de entre os mortos e sido glorificado pelo Pai. Jesus está assentado no trono de Deus à Sua direita (At
2.30-33). Ele é conhecido como o autor da vida, Príncipe e Salvador (At 3.15; 5.31), que tem autoridade tanto para
trazer a era da restauração ao seu clímax como para estender as bênçãos futuras aqui e agora. Pedro convoca os
judeus a abraçar Jesus como o Messias e o príncipe da vida a fim de que recebam as bênçãos de Deus em Jesus e
que gozem tempos de refrigério até a era de restauração (At 3.19,21). Após a era de restauração ter vindo pode ser
tarde demais para abraçar este Jesus que virá para executar juízo sobre todos aqueles que não o receberam pela fé. O
apóstolo Paulo expressa claramente que Jesus virá um dia para julgar o mundo com justiça (At 17.31).
Jesus nas Epístolas Paulinas- Ao encontrar Jesus no caminho de Damasco o apóstolo Paulo tem a
percepção de que é o último dos apóstolos que testificaram do Cristo ressurreto e glorificado (1 Co 15.8). ele,
contudo, pode reivindicar o ofício apostólico por meio da graça de Deus para com ele (1 Co 15.9-11; At 1.22). Ele
recebeu uma revelação direta do Senhor Jesus Cristo (Gl 1.12). Ele recebera de seus mestres, incluindo Gamaliel,
“as tradições dos meus pais” (v.14). Com a experiência transformadora de Cristo, contudo, ele aprendera a ler o
Antigo Testamento à luz da nova "tradição", que incluía a essência do evangelho (Ver com particularidade 1 Co
15.1-3). A revelação que recebeu de Cristo mudou sua vida e sua teologia; contudo, a avaliação teológica de Jesus,
ainda que diferente em ênfase, mas em pleno acordo/concordância com o Jesus apresentado nos Evangelhos e Atos.
O Servo Sofredor- Paulo proclamou Jesus como o Messias que teve que morrer mas que foi ressuscitado
antes de ser glorificado. Era impossível para Paulo separar a messianidade de Jesus de sua morte e ressurreição (1
Co 15.3-4). Paulo sabia que a mensagem da cruz era uma pedra de tropeço para os judeus e uma loucura para os
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gentios (1 Co 1.18-25); ele, contudo, sustentava que a mensagem da cruz é o poder de Deus para a salvação (Rm
1.16; 1 Co 1.18). A cruz é a verdadeira expressão do amor de Jesus, pois nela ele se deu a favor da Igreja (Gl 2.20).
Jesus demonstrou seu amor por nós pelo fato de ser ele o Justo e morrer para o injusto/ímpio (Rm 5.6). Jesus veio
para servir seres humanos dando-se aos pecadores (1 Co 15.3 e Fp 2.6-11). A cruz revela, assim, a justiça de Deus
(Rm 3.21-26) na qual o próprio Deus é justo, ainda que justifique pecadores que compartilham da glória que
pertence aos Messias por meio da graça ímpar de Deus. O ensino do sofrimento de Jesus como servo é mais claro
em Romanos (4:25; 8:32-34) , mas a glória da Ressurreição brilha no tratamento que Paulo dá a Jesus como Servo.
A mensagem da ressurreição e ascensão de Jesus também confirma a renovação da vida em que todos os
crentes participam. Jesus veio em semelhança de carne pecaminosa (Rm 8.3), não cometeu pecado (2 Co
5.21),morreu pelos pecadores mas ressuscitou. Para Paulo a ressurreição de Jesus é de central importância pois traz
esperança para a vida presente e a vindoura. A ressurreição de Cristo dá aos crentes a segurança de que sua fé não é
fútil. Seus pecados são perdoados (1 Co 15.17) e aqueles que morreram se levantarão novamente para a vida (v.20-
21) .Os crentes podem se manter encorajados a fim de enfrentarem sua própria morte, sabendo que quando Cristo
voltar eles receberão um corpo glorioso, incorruptível e espiritual (v.35-49) .Paulo afirma que a ressurreição geral
significa a morte da morte e a vitória do povo de Deus por intermédio de Jesus Cristo (v.50-58).
Jesus nas Epístolas Gerais- As epístolas Gerais não contribuem de maneira tão significante como as
paulinas para a Cristologia do Novo Testamento. Elas afirmam e confirmam as tradições dos Evangelhos, Atos e
Epístolas Paulinas. Os títulos de Jesus, exceto raras exceções, têm um uso formulário/ padrão de vida. A abordagem
dos autores se relaciona mais com a aplicação da verdade da vinda de Jesus do que com a defesa de quem é Jesus.
Por exemplo, Pedro desenvolve o tema de Jesus como Servo Sofredor (1 Pe 1.19; 2:21-25; 3.18; 5.1), como
fundamento para a abnegação e perseverança no sofrimento do cristão (2.13-3:22; 4.12-19).
Uma das maiores contribuições é feita pelo autor aos Hebreus. Ele apresenta uma compreensão distinta da
encarnação de Jesus e sua humanidade, assim como também seu estado de exaltação. Ele procura tecer um contraste
entre a pessoa/ministério de Jesus e de seus predecessores do Antigo Testamento. Enquanto apresenta aspectos
passados, presentes e futuros da obra de nosso Senhor, o sabor escatológico domina seu tratamento de Jesus. Jesus
veio para salvar pecadores (Hb 2.14,17),viveu uma vida sem pecado, embora tenha sido tentado como homem
(4.15). Sofreu grandemente, submetendo-se ao Pai e sendo fiel até ao fim (5.7-10). Sua morte proveu para o presente
e futuro benefícios ao povo de Deus (3.1; 6.4-5; 9.26; 10.10,12). O Cristo exaltado é o próprio eschaton já (já
realizado) por intermédio do sacrifício na cruz “no fim dos tempos” (9.26).
Templo de Deus- A Igreja é o templo espiritual de Deus (Ef 2.21-22) por ser a habitação do Espírito Santo
e por ser caracterizada pela obra do Espírito. O Espírito de Deus purifica e santifica o povo para si mesmo (1 Co
3.17). Em Cristo todos os filhos de Deus são membros da mesma casa e são concidadãos (v.9). Em Cristo deus
ajuntou e reuniu em seu templo aqueles que estavam longe e os que estavam perto (Ef 2.14-22).
Sião- Paulo refere à "Jerusalém lá em cima" em contraste com o Monte Sinai (Gl.4.25-26). Jerusalém é
chamada “nossa mãe" um conceito derivado das expectativas proféticas de que Jerusalém será tão amplamente
habitada que sua população não pode ser numerada (Zc 2.10-13; ver também Is 54.1-15). O Senhor habita nela e
abençoa tanto judeus quanto gentios com sua presença. Desta mesma forma a bela expressão poética do salmo 87
inclui gentios como sendo nascidos em Sião cujos nomes são registrados “no registro dos povos" (4-6). Sião é a
cidade dos fiéis (Is 60.1-22; 66.7-13). A associação do Velho Testamento com Sião se reflete na compreensão de
Paulo sobre Sião. Ela é a fonte da vida da salvação e de alegria - “um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus"
(Sl 46.4; 87.7; Is 12.3; Ez 47.1-12; Ap 22.1-5). Para Paulo a Jerusalém que está acima é livre e é ela nossa mãe (Gl
4.26).
Israel de Deus- Por um lado o apóstolo Paulo vê claramente a continuidade na relação da Igreja aos pactos
história redentiva e ao povo de Deus do Velho Testamento.. Neste sentido a Igreja é o Israel de Deus (Gl 6.6). Por
outro lado se percebe na mente do apóstolo que pela fé em Cristo Judeus e gentios formam um só povo como
herdeiros e filhos de Abraão o verdadeiro cumprimento de Israel (Ef 2.11-20).
Há uma importante diferença entre o fruto do Espírito e os dons do Espírito. Todos aqueles que estão em
Cristo devem andar no Espírito (Gl 5.16,25), e por viver em novidade de vida devem desenvolver o fruto do
Espírito. O fruto do Espírito são aquelas qualidades de vida que nos conformam à imagem de Deus refletida em
Jesus Cristo (Rm 8.29; 2 Co 3.18):amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio (Gl 5.22-23; Ef 5.9). Todos os cristãos, sem exceção têm o alto e santo chamado a cultivarem tal
fruto espiritual.
Os dons do Espírito, todavia pertencem à variedade de funções dentro do corpo de Cristo. O Apóstolo
enfatiza a diversidade dentro do corpo como temos visto e amplia isto de maneira prática em seus ensinos a respeito
dos diversos dons (Rm 12.6-8; 1 Co 12.8-10,28-30; Ef 4.11). A variedade de dons revela que todos os membros da
Igreja de Cristo são batizados com o mesmo Espírito (1 Co 12.13; Ef 4.4); esses dons são os charismata, ou dons
espirituais. Eles são soberanamente concedidos pelo Espírito de Deus para a edificação do corpo (v.12,13)
O indivíduo recebe um chamado único para servir dentro da Igreja. A lista de Paulo dos dons não é teórica ,
mas funcional. nem esgota a diversidade dos dons: apóstolo, profeta, mestre, pastor, etc.
Os dons não são para usufruto próprio ou para medir grau de espiritualidade, mas para o desenvolvimento e
construção do corpo. Os dons do Espírito trazem unidade e onde está a unidade, Jesus está presente entre seu povo.
Onde Jesus está a maturidade espiritual se expressa "até que alcancemos a unidade na fé e no conhecimento do
Filho de Deus, à perfeita varonilidade, até que cheguemos à medida da plenitude de Cristo" (Ef 4.13).
Conclusão
A Igreja de Cristo foi construída por intermédio da pregação e do ensino da Palavra, da poderosa presença
do Espírito, pela evidência dos sinais e milagres e pela transformação de vidas. A Igreja era a continuação do povo
de Deus no Velho Testamento, mas com a vinda de Jesus, somente os que confessavam a Jesus como Messias de
Deus podiam pertencer à assembléia messiânica. Jesus Cristo é Senhor da criação e cabeça da Igreja. Ele tem
concedido dons de maneira abundante a seus membros e o sinal deste domínio vitorioso repousa na dádiva do
Espírito Santo. O Espírito Santo está em todos os membros do corpo de Cristo mas opera em conjunto com eles e
encoraja - os para o serviço com a diversidade dentro do corpo concedendo a variedade dos dons.
A Igreja é a agência promotora do reino do Senhor Jesus Cristo pela operação do Espírito Santo. Os
membros da Igreja de Cristo regularmente se reúnem em Igrejas locais com propósitos característicos como marcas
da Igreja de Cristo: pregação, oração, comunhão, e administração dos sacramentos. De maneira que a Igreja de hoje
continua sendo uma continuidade do ministério de Jesus através do Espírito Santo.
Muito embora tanto no Novo quanto no Antigo Testamento se vê como base, para a obra reconciliatória de Cristo a
ira de Deus, e que não se deve interpretar como sendo uma ira transformada em amor, Paulo repetidamente afirma
que foi o próprio amor de Deus que cumpriu a reconciliação, lavrada pela morte de Cristo. Para ele a mais infame e
cruel execução transformou - se naquilo em que Deus demonstrou supremamente seu amor. A cruz é o grande
púlpito de onde Deus expressa seu amor. É o amor de Deus que nos assegura a expiação. A expiação não persuade e
nem compele o amor de Deus. Pelo contrário, o amor de Deus é que compele à expiação, como o meio para cumprir
o propósito determinante deste mesmo amor. Sendo assim, este amor é a causa ou a fonte da expiação.
Paulo afirma que a cruz não é apenas a medida do amor de Cristo, mas do próprio Deus.(2 Co 5.19; Rm
5.8; 8.3; 8.32). Está claro que a expiação não é uma questão em que Cristo toma a iniciativa, enquanto o Pai adota
um papel passivo. É resultado do conselho de Deus. Tanto a mor de Deus quanto o de Cristo são vistos na cruz. O
amor de Cristo é o amor de Deus.
Ao mesmo tempo que reconhecemos que a cruz é a obra de um Pai amoroso temos que reconhecer que a
necessidade de expiação é vista à luz da ira de Deus contra o pecado. Paulo fala disso em Romanos quando afirma o
seguinte: (Rm 1.18). A verdade é que enquanto Deus em seu amor deseja redimir os homens, ele tem que cumprir
seu propósito em perfeita fidelidade com sua própria natureza, sem negar sua justiça. A ira é o juízo que cai sobre o
pecado na ordem moral em que Deus governa. A ira é a reação divina ao pecado. A expiação é necessária porque os
homens estão debaixo da ira e do juízo de Deus. A obra expiatória de Cristo não transforma a ira de Deus em amor,
pois o amor de Deus é, ele mesmo, a fonte da reconciliação.
Morte expiatória - Para o apóstolo Paulo, a morte de que Cristo foi expiatória. Ele associa a morte de Cristo
com o conceito do ritual do sacrifício do Velho Testamento: "oferta e sacrifício a Deus em cheiro suave" (Ef 5.2).É
uma referência à oferenda que o Sumo sacerdote fazia no dia da Grande Expiação. A expressão clássica usada por
Paulo está em Romanos 3:25" Deus propôs no seu sangue como propiciação (hilasterion)...". Paulo fala de Cristo
como cordeiro pascal que foi sacrificado (1 Co 5.7).
O aspecto expiatório da morte de Cristo é visto nas freqüentes referências ao seu sangue. "Somos
justificados pelo seu sangue" (Rm 5.9) "...no qual temos a redenção pelo seu sangue" (Ef 1.7), “fostes aproximados
pelo sangue de Cristo" (Ef 2.13). "havendo feito a paz pelo sangue de sua cruz" (Cl 1.20).
Idéia de sangue - As referências não têm a ver com o sangue físico/líquido real de Jesus, pois de fato Jesus
quase não derramou sangue na sua morte. A idéia de sangue se refere à matança do cordeiro sacrificial, cuja
garganta era cortada e o sangue jorrava. Não aconteceu nada disso com Jesus. No Novo Testamento, sangue
significa vida tirada violentamente, vida oferecida em sacrifício. Leon Morris faz a observação de no Novo
Testamento a palavra sangue aparece 98 vezes e dentre elas, 25 vezes indicam morte violenta. 12 vezes se refere ao
sangue de sacrifício de animais, todas essas referências estão em Hebreus. Todas as demais passagens se referem de
um modo ou de outro ao sangue de Cristo, grande parte delas falando da Sua morte, sem qualquer implicação
necessária de sacrifício.
Há uma referência especial ao sangue quando Jesus falou em João de beber o sangue, significando a
participação na vida de Cristo37.
Morte vicária e substitutiva - O apóstolo Paulo descreve a obediência de Cristo em duas dimensões: ativa e
passiva. John Murray faz uma importante observação de que não se pode vincular a idéia de ser a obediência ativa
em vida e a passiva em morte, pois não se trata de uma distinção de períodos. O verdadeiro uso e propósito da
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fórmula é para enfatizar os dois aspectos distintos da obediência vicária de nosso Senhor. Essa verdade repousa no
reconhecimento de que a lei de Deus tem suas sanções penais como também suas exigências positivas. Ela não
apenas exige o pleno cumprimento de seus preceitos , mas também a aplicação da pena para todas as infrações e
falhas. E é essa dupla exigência da lei de Deus que é levada em conta quando falamos da obediência ativa e passiva
de Cristo. Cristo, como o substituto do seu povo, assumiu a maldição e condenação que o pecado trouxe, e cumpriu
a lei em todas as suas exigências positivas, isto é, ele cuidou da culpa do pecado e cumpriu perfeitamente as
exigências da justiça.
A idéia de morte vicária significa que Jesus não morreu por causa própria ou meramente como um evento
histórico. Paulo diz: "ele morreu por nós" (I Tess 5.10); "quando ainda éramos pecadores Cristo morreu por nós"
(Rm 5.8); "Ele foi entregue por todos nós” (Rm 8.32); "Ele se entregou a si mesmo por nós" (Ef 5.2). “ele se fez
maldição por nós" (Gl 3.13).Ver a atitude do próprio Jesus (Mc 10.45) e perceber que o apóstolo Paulo está
refletindo o próprio conceito de Jesus sobre sua morte.
Mas, também, a morte de Jesus foi substitutiva. Significa que não foi apenas por mim mas também em meu
lugar. Significa que por sua morte eu não mais morrerei , mas viverei eternamente com ele. Ao sofrer a penalidade e
a tristeza da morte Jesus me livra dessa triste experiência. Ao submeter - se ao julgamento de Deus ele me tira essa
julgamento. Significa uma pessoa agindo em lugar da outra. Significa que Jesus tornou uma maldição em nosso
lugar.
Morte propiciatória - A morte de Cristo tem a ver não apenas com o homem e seu pecado; ela também está
concentrada em Deus, e como tal, é propiciatória. A palavra hilastérion traz em si o conteúdo central da doutrina
de Paulo quando à morte de Cristo (Rm 3.24,25). Esse substantivo é derivado do verbo exhiláskomai que em toda
literatura grega quer dizer propiciar ou acalmar uma pessoa que foi ofendida. Nesse caso a morte de Cristo
funcionou como um calmante da ira de Deus contra o pecado, através da qual o pecador é liberto da ira de Deus, e
transformado no recipiente de sua dádiva graciosa do amor
A palavra propiciação aparece traduzida comumente em nossas versões como expiação. O Sentido é que a
obra expiatória de cristo tem como objetivo a propiciação. Ela tem no contexto hebreu do Antigo Testamento o
sentido de cobrir e remover. É uma idéia oriunda do sacrifício do Dia da Grande Expiação - idéia inerente aos dois
bodes(o da expiação e o azazel) . A palavra kapper do Piel infinitivo de kaphar , pode trazer duas idéias: um fruto
do paganismo, que seria o pecador por si mesmo cobrir a face de Deus. Cremos que o homem não pode trazer algo
dele mesmo para Deus. O homem não pode tomar iniciativa. Ele não ser seu próprio protetor. O sentido bíblico é
que Deus mesmo é quem toma providências/iniciativa para fazer a cobertura. Se a ira é o santo e justo desprazer de
Deus, segue - se que Deus procura cobrir sua própria visão do pecador. A cobertura é a providência que remove esse
santo desprazer provocado pelo pecado. Naturalmente, se Deus está no propiciatório, faz - se expiação diante da
face de Deus para lhe aplacar a ira e não no pecador. Deus se cobre com o sangue de Cristo.
Morte reconciliatória - A propiciação focaliza nossa atenção na ira de Deus e na provisão divina para a
remoção/aplacamento dessa ira. A reconciliação focaliza a questão de restauração do favor divino para com o
pecador. Reconciliação pressupões interrupção nas relações entre Deus e o homem. Tem a ver com inimizade e
alienação. A ênfase bíblica está na alienação de Deus para conosco, uma vez que ele é o ofendido pelo nosso
pecado(ver Is. 59:2).
Ao examinarmos as Escrituras de maneira bem detalhada perceberemos que é nosso pecado que desperta a
37
Ver um estudo mais detalhado no livro de livro de Leon Morris The Apostolic Preaching of the Cross,112 - 128.
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reação de alienação entre Deus e nós. É sua alienação para conosco que se destaca na reconciliação.
Vale a pena examinar algumas ocorrências do termo reconciliar no Novo Testamento.
• Ver Mateus 5.23,24. Neste texto o sentido do imperativo vai primeiro reconciliar - te com teu irmão,
oferece as seguintes considerações: a) Alguma coisa penetrou nas relações entre dois irmãos. O que o
texto diz é que há um obstáculo que precisa ser removido. Precisa - se remover o obstáculo . O
resultado será o retorno à amizade. O que está em jogo é o obstáculo. Começa - se com uma ação.
Segue-se o efeito = o reinício das novas relações. Quando se removeu o obstáculo da mente do
ofendido, as relações são renovadas.
• Outro texto é 1 Coríntios 7.11. Referindo-se à mulher separada a exortação é para que ela, como
ofendida, procure se reconciliar com o marido. Ela, que é ofendida irá remover o obstáculo para que
haja reconciliação.
• Romanos 5.8-11 - A morte de Jesus, pela qual a reconciliação foi consolidada é manifestação suprema
do amor de Deus como ele se expressa numa ação bem definida como a morte de Cristo. Nossa atenção
se volta para o fato de que a atitude é de Deus e não do homem;
a) Paulo nos fala que fomos reconciliados por Deus por meio da morte de seu Filho. O verbo nos faz ver
que é um ato de uma vez por todas, quando Cristo morreu.
b) A segunda coisa que vemos (v.9), é que fomos justificados por seu sangue. Justificação é sempre
forense e não a mudança subjetiva na disposição do homem.
c) A reconciliação é algo recebido (v.11) -"Acabamos de receber a reconciliação"- É algo entregue a
nós como dádiva divina e gratuita.
d) Paulo afirma que quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus.é mais que evidente que a
palavra inimigos não se refere à nossa inimizade com Deus e sim, a alienação de Deus para conosco.
• 2 Coríntios 5.18-21 –
a) a reconciliação é representada como uma obra de Deus. Ela inicia - se com Deus e é consumada por
ele. É um monergismo divino
b) a reconciliação é uma obra concluída - Não é algo que Deus realizando paulatina e continuamente
c) O v. 21 aponta para Cristo que carregou vicariamente o pecado, ele que levou a reconciliação à sua
realização. O caráter forense é demonstrado no v. 19 onde diz que “Deus não imputou aos homens
as suas transgressões”.
d) Essa obra de reconciliação, consumada, é a mensagem confiada aos mensageiros do Evangelho
(v.19) Ela constitui a substância/conteúdo da mensagem. A mensagem deve ser anunciada como um
fato A conversão não é o evangelho Qualquer transformação ocorrida no pecador é uma resposta ou
efeito daquilo que já foi realizado.
e) A exortação "que vos reconcilieis com Deus" (v.20) é um convite para que o pecador já não mais
permaneça no estado de alienação com Deus, mas, pelo contrário, entre na relação de favor e paz
estabelecida pela obra reconciliatória de Cristo É um convite para que se apodere da graça de Deus.
A Cruz e a justificação- Embora muitos liberais procuram combater a idéia de que Justificação seja um
tema fundamental para a doutrina paulina por aparecer quase que exclusivamente nas cartas de Gálatas e Romanos (
o verbo justificar - dikaioo = 14 vezes e o substantivo justificação - dikaiosune = 52 vezes) e que ele apenas está
abordando o assunto no contexto de uma controvérsia com os judaizantes, os expoentes da teologia reformada são
unânimes em afirmar que a doutrina da Justificação Pela fé é o centro do pensamento paulino.
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A idéia expressa por dikaioo é "declarar justo" e não "transformar em justo". De onde Paulo extraiu seu
embasamento? Não poderia se dos gregos pois para Platão justiça era uma das quatro virtudes cardeais: justiça,
prudência, temperança e coragem. A base para Paulo é o Velho Testamento. O verbo traduzido "justificar" é tsadaq.
Que tem o sentido de conformar a uma norma. Justiça tem seu significado como sendo "a norma, nas questões do
mundo, à qual os homens e as coisas têm que se conformar e pela qual podem ser medidos". O homem justo é o que
vive de acordo com a norma dada, e, em certas formas, especialmente no hiphil, significa "declarar justo/ causar a
justiça ou justificar".
Basicamente a justiça é um conceito de relacionamento. Justiça é um conceito de fidelidade a um
relacionamento. Como tal, a justiça torna - se uma palavra de grande significado teológico. Justiça é o padrão que
Deus determinou para a conduta humana. O homem justo é aquele que, no juízo de deus, se encontra no padrão
divino e por conseguinte, se encontra num relacionamento justo com Deus. Como conseqüência só Deus pode
decidir se um homem encontra na norma que Ele decretou para a justiça humana.
A idéia de justiça com freqüência é encontrada num contexto forense: o homem justo é aquele que o juiz
declara estar livre de culpa. É justo quem é julgado estar em justiça (Ex.23.7;Deut. 25.1).Segundo Eichrodt, quando
o termo é aplicado à conduta de Deus, o conceito é restrito e quase que exclusivamente empregado num sentido
forense.
No judaísmo justiça passou a ser definida amplamente em termos de conformidade com a Torá - a Lei de
Moisés. Segundo os rabinos, o homem justo era o que nutria um impulso bom em direção a Deus e continha o
impulso mau em direção ao mal, de modo que no fim das contas, os bons feitos deveriam contrapesar os feitos
maus. Desta maneira, justiça de Deus foi concedida para recompensar os homens estritamente segundo os seus
feitos. Aí vinha a idéia do mérito das boas obras. Cada um deveria acumular um estoque reservado para o futuro.
Para o judaísmo era muito chocante o uso de Paulo do termo que implica que em Cristo, Deus justifica os
ímpios(Rm 4.5).
A idéia forense da justificação - significa que Deus é concebido como o legislador e juiz e a justificação é
a declaração do juiz de que um homem é justo. O homem injusto permanece em relação a Deus, como pecador, e
tem que finalmente, experimentar a condenação do justo juiz. O homem justificado tem, em Cristo, o começo de um
novo relacionamento com Deus. Deus agora o vê como justo e o trata como tal. A justificação é o pronunciamento
do juiz justo de que o homem em Cristo é justo. Contudo essa justificação é uma questão de relacionamento e não de
caráter ético. Deus é quem provê este relacionamento.
A justiça segundo Paulo é tida como dom de Deus - (Rm 5.17) - não é uma qualidade de vida. Ver também
2 Coríntios 5.21. Um comentarista deste texto afirma: " não se pode dizer outra coisa senão que Deus tratou o
Cristo sem pecado como se ele fosse culpado e impôs sobre ele o castigou que nossos pecados mereceram. E essa
imposição tornou possível tratar os pecadores como se eles fossem realmente justos" (Rashdall).
A idéia da imputação - a imputação é o corolário da visão forense da justificação. A imputação significa
que os méritos de Cristo são imputados aos crentes. Calvino diz: " o Filho de Deus, embora sem mancha, tomou
sobre si a desgraça e a ignomínia de nossas iniqüidades, e em troca vestiu - nos com sua pureza". Significa um
status conferido aos homens por Deus na base da obra sacrificial de Cristo.
Por um lado é forense e por outro é pela fé. Paulo afirma com forte ênfase que a justificação é adquirida
apenas pela fé. Naturalmente é uma fé objetiva e não apenas subjetiva. Ela parte do princípio de confiar na realidade
e suficiência da obra de Cristo em seu favor (Rm 4.11,13; 9.30; 10.6; Fp.3.9 etc).
Ademais, para o apóstolo, a justificação é uma experiência presente e não apenas futura. Paulo sempre usa
a palavra "agora" (ex: Rm 3.21). Ela é presente e futura; contudo o seu aspecto presente é que recebe maior ênfase
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