Ensaio Filosófico O Bem O Mal e o Agir Moral
Ensaio Filosófico O Bem O Mal e o Agir Moral
Ensaio Filosófico O Bem O Mal e o Agir Moral
HELESSANDRA GUMIERO
ENSAIO FILOSÓFICO:
O BEM, O MAL E O AGIR MORAL.
VITÓRIA
2016
HELESSANDRA GUMIERO
ENSAIO FILOSÓFICO:
O BEM, O MAL E O AGIR MORAL
VITÓRIA
2016
2
O BEM
O homem sempre busca o bem, suas ações estão sempre pautadas na condição de
realizar aquilo que lhe trará o bem. Imaginar o contrário é praticamente inaceitável.
O bem está totalmente ligado a ideia de comum a todos, de bem estar comum, bem
estar de uma quantidade de pessoas, família, amigos, conhecidos, comunidade,
sociedade.
Buscar o bem para si e para o próximo sempre foi uma atitude almejada por todos
que viveram em comunidades, mas estranhamente nas sociedades civis atuais o
comportamento individualista aparentemente incentivado busca o bem apenas para
si, mas o bem comum é algo em desuso.
O bem deixou de ser prática moral para virar souvenir de vantagem, foto postada em
rede social que há de receber muitos ‘joinhas’ de estranhos. A ação do bem pelo
bem deixou de ser ensinada, tudo virou base de troca, as pessoas amam somente
quando esse amor tem algo a lhes oferecer, os pais trocam tempo com os filhos por
brinquedos caros, as relações de amizade são números de curtidas em redes
sociais e o bem deixa de ser fazer presente na vida do homem.
Vislumbrar futuro numa sociedade que abandona aquilo que deveria ser seu mais
precioso tesouro, a vontade de agir pelos outros, é enxergar um pote vazio tentando
ser preenchido, mas esse pote tem um furo e por mais que se tente enche-lo, tudo
que é colocado dentro dele se esvai. Sentimentos rasos, ações rasas, morais rasas,
desejos rasos, nada disso é capaz de preencher esse pote que somos nós mesmos
e a nossa vida em sociedade.
3
Pensar em praticas morais, ações morais que sejam benéficas para todos os
indivíduos, sem nessas ações buscar vantagens pessoais talvez seja o exercício de
procurar ‘agulha em palheiro’. Somos seres de vaidade, desejo e confundimos
liberdade com libertinagem, esquecemos que liberdade é sinônimo de
responsabilidade e que responsabilidade não é apenas para consigo, mas que
ações responsáveis e irresponsáveis impactam diretamente no mínino os que estão
a nossa volta.
A partir dos estudos da obra de Eric Weil Filosofia Política, nasceu certo pessimismo
quanto o caráter das ações para o bem comum de nossa sociedade. Não é um
pessimismo generalista, existem aqueles que abrem mão da própria vida, dos
próprios desejos, para acalentar as necessidades daqueles que mais precisam, mas
em sua maioria os resultados das ações de bem comum são vagos, atingem poucos
e de maneira ineficaz, tendo por traz grandes corporações ou governos corruptos
que vestem máscaras de bondade, mas estão buscando apenas os próprios
interesses que em nada pretendem melhorar as condições de vida, o bem comum
daqueles que atingem direta ou indiretamente.
O MAL
A partir do que entendo por ação violenta, contrapondo com a questão do mal ser a
negação do sentido e da razão e que o homem age pautado no mal porque não
4
Acreditar que o homem em sua essência é mal e que isso se reflete por toda sua
existência é descreditar que algum dia alguém possa ter por escolha própria lhe
dado o direito a vida, lhe gerado por um período de tempo, o alimentado e cuidado.
Não nascemos sozinhos e por um longo período de tempo necessitamos sermos
cuidados e alimentados e isso não é feito por alguém que não escolheu estar ali,
logo antes de existirmos, existiu alguém que praticou uma ação de bem para
conosco.
Sabendo que para não sucumbir ao mal é necessária uma educação moral que nos
faça compreender a nossa realidade e não entregar-se a ela, pergunto-me sobre
aqueles que não puderam acessá-la, aqueles que são considerados excluídos
socialmente e desprovidos do mínimo para uma vida com dignidade. Como agir
quando eles transgridem as regras morais? Como agir quando eles sucumbem às
ações do mal? Eles devem ser julgados na mesma proporção? Crianças de rua que
dormem ao relento, amontoadas umas sobre as outras nos dutos de ventilação de ar
quente das linhas de metrô das grandes cidades que possuem um inverno rigoroso,
devem sofre as penalidades, devem sofrer os preconceitos por agirem pautadas
pelo mal quando a sua necessidade as confronta?
O AGIR MORAL
Se a natureza do homem não é má, nem boa, mas fruto de seu meio, devemos nos
perguntar o quanto nesse ‘meio’ temos de responsabilidade? Como podemos agir
para que nossas ações tenham efeito benéfico ao bem comum e não a apenas nos
mesmos? Até onde temos a dimensão das nossas responsabilidades como algo
realmente importante para um todo e não apenas para saciar nossa necessidade de
participação sem ação iminente?
A moral de uma sociedade não é apenas aquilo que a rege como Estado, mas são
pequenas atitudes ensinadas no seio familiar de partilhar, de cuidar, de ser
atencioso, de respeitar a natureza e se responsabilizar pela sua continuidade.
Ensinamentos que colégios estatais não trazem que a sociedade de consumo não
dão mais valor, mas que ainda mantém viva o que conhecemos como humanidade.
6
Talvez o maior exemplo de agir moral, de homem político que eu tenha absorvido
esteja no arquétipo daquele homem que ao ganhar um cargo de representatividade,
de importância para outros, comemore, dance, coma, solta fogos, faça festa, mas
não sinta o verdadeiro peso da responsabilidade que carregará e esse peso não
afete sua vida, sua consciência a ponto de ao invés de torná-lo feliz apenas pela
vitória, lhe traga seriedade e certa dureza pela possibilidade de não conseguir
através de suas ações a felicidade dos outros indivíduos que colocaram nele seus
desejos, sonhos e esperanças. Os exemplos das falhas morais estão aí, aos
montes, pra quem quiser ver.
7
BIBLIOGRAFIA
WEIL, Eric. Filosofia Política – tradução e apresentação Marcelo Perine – São Paulo
: Loyola, 1990.