Relatorio Economico 2008 PDF
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ANGOLA
1
1.- INTRODUÇÃO 5
1.4.- A pobreza 27
3.1. Introdução 64
3.6.-Agregados monetários 78
5.1.- Introdução 88
2
5.4.4- Evolução de alguns dos principais programas em curso 117
5.4.5- Investigação e formação 121
5.4.6- O financiamento do sector agrário 122
5.4.7- Ainda os biocombustíveis 124
5.4.8- Pobreza e Desenvolvimento Rural 125
3
10.3.- As economias emergentes 193
BIBLIOGRAFIA 225
4
1.- INTRODUÇÃO
O ano de 2008 vai ficar indelevelmente marcado por dois factos importantes e dos
quais se desconhecem, de momento, os reais efeitos sobre a economia mundial – e, por
arrastamento, sobre a economia angolana – e que ocorreram na parte final do ano: a crise
financeira e económica internacional e a eleição de Barack Hussein Obama, um
assumido social-democrata, para a presidência da maior economia do mundo.
As crises podem acontecer mesmo sem qualquer falha, porque são da natureza
íntima do capitalismo e não porque a ganância e a estupidez de alguns agentes bancários
e bolsistas as provocam. A essência do actual sistema económico praticado por todas as
economias do mundo – as excepções de Cuba e Coreia do Norte, mesmo que se venham a
juntar as da Venezuela, do Peru e da Bolívia, não têm qualquer expressão e relevância
económica – está na liberdade de iniciativa. Juntam-se os valores da propriedade privada,
da liberdade, do mérito e da eficiência. São estes os ingredientes que explicam o
extraordinário desenvolvimento da humanidade nos últimos dois séculos. Não são as
correcções que os governos estão fazendo sobre os sistemas bancários e financeiros que
permitem prenunciar o fim do capitalismo. As intervenções governamentais – traduzidas
em nacionalização de bancos ou injecção de liquidez na economia em grande dimensão –
não são, como alguns dizem, socialismo, keynesianismo ou sequer intervencionismo. São
do mais puro e estrito monetarismo. Milton Friedman, o Prémio Nobel da Economia,
considerado o supremo neo-liberal, recomendou estes remédios para tratar de crises
iguais às que vivemos no momento presente.
O mais preocupante duma crise financeira – que pode ser debelada ou travada sem
se derramar para além do sistema bancário – prende-se com as consequências sobre a
economia real.
Parece que neste momento a crise financeira está a atravessar o seu ponto mais
crítico. Os índices das bolsas mais importantes do mundo financeiro registaram, no final
de 2008, perdas acumuladas dramáticas. O Dow Jones americano inscreveu uma queda
de 34,9%, o Xetra Dax da Alemanha uma quebra de 41,6%, o CAC francês uma variação
negativa de 44,2%, o Ibex espanhol uma perda acumulada de valor de 40,6%, o Nikkei
do Japão uma redução de 42,1% e o Footsie do Reino Unido uma baixa de 33,3%. O
1Fundo Monetário Internacional, Working Paper, 2008, Systemic Banking Crises: A New Database de Luc
Laeven e Fabien Valencia.
5
mercado financeiro da emergente Rússia apresentou a maior quebra acumulada de valor
de todo o mundo, com um registo de 72,7% e a China, a estrela do crescimento
económico mundial há quase 30 anos uma redução de 48,8%. Estas são as maiores
quedas nos mercados bolsistas internacionais desde há 30 anos.
A Bolsa portuguesa não tem escapado a este furacão financeiro mundial, tendo
sido estimado que as empresas do PSI-20 tenham acumulado perdas de 37,9 mil milhões
de euros, entre Janeiro e Dezembro de 20082.
2
Os Bancos Millenium BCP e BPI e as energéticas EDP e GALP são as empresas portuguesas aonde a
SONANGOL e a UNITEL investiram somas apreciáveis de dinheiro. Se no caso da UNITEL os riscos são
assumidos pelos respectivos proprietários, dado o seu caráter privado, já no caso da concessionária nacional
dos hidrocarbonetos as aplicações financeiras deveriam ter sido explicadas na Assembleia Nacional e
solicitada a respectiva autorização, dado tratar-se de dinheiro da Nação, representada pelo Estado e o
Governo. Pelos valores arrolados anteriormente, pode concluir-se que devem ter ocorrido perdas
assinaláveis no valor contabilístico das acções adquiridas. O risco de se fazerem negócios com Portugal
está bem expresso pelo valor da sua dívida externa, que passou de 11% do PIB em 1996, para mais de 90%
em 2008. Estes dados ainda não são definitivos e se a análise for feita em termos de dívida externa bruta,
então o cenário é ainda mais negro, com o rácio dívida/PIB a atingir o dobro da riqueza nacional
portuguesa. O The World Factbook, da Central Inteligence Agency (CIA) coloca a dívida externa bruta
portuguesa como a 19ª maior do mundo. Portugal está muito vulnerável, porque tem um endividamento
externo muito alto, num momento em que se vive uma crise financeira grave, com restrições no mercado de
crédito (Sónia M. Lourenço, Revista Exame, Março de 2009).
6
história e a síntese dos anos 90 num magnifíco livro sobre a economia mundial deste
período3.
3 Stiglitz, Joseph - The Roaring Nineties: A New History of the World’s Most Prosperous
Decade”, de 2003, publicado, em português, pela Companhia das Letras sob o nome de Os Exuberantes
Anos 90: Uma Nova Interpretação da Década Mais Próspera da História.
4
A perda de valor dos Bancos em bolsa tem sido vertiginosa. De acordo com o suplemento de Economia
do Jornal Expresso de 28 de Fevereiro de 2009, entre 30 de Junho de 2007 e 25 de Fevereiro de 2009, os
maiores bancos europeus e norte-americanos perderam cerca de 1783,6 mil milhões de dólares, o
equivalente a 39 vezes o Rendimento Nacional Bruto de Angola em 2007.
7
Parece, portanto, que a presente crise financeira internacional era previsível,
tendo, afinal, os economistas dado má conta da sua profissão. O seu centro de gravidade é
a economia americana, que tem vivido à custa do resto da economia mundial. De acordo
com Martin Wolf5, a dívida externa dos Estados Unidos da América passou de 163% do
PIB em 1980, para 346% em 2007. Dois sectores estão na base deste aumento dramático:
as famílias, cujo endividamento passou de 50% do PIB em 1980, para 71% em 2001 e
100% em 2007; e o sector financeiro, com um stock de dívida de 116% do PIB em 2007,
contra 21% em 1980 e 83% em 2000. Com um montante tão excepcional de dívida
externa e a situação económica interna difícil, a probabilidade de arrastamento para a
falência de outros países e entidades é enorme6. Receia-se que possa ocorrer o fenómeno
do debt deflation descoberto pelo economista americano Irving Fisher em 1933 e vivido
pelo Japão nos anos 90.
A explicação mais simples para a actual crise financeira está na forte subida dos
preços das habitações nos Estados Unidos – mas, também, embora seja frequentemente
esquecido, no Reino Unido e na Espanha – e das oportunidades que tal facto
proporcionou aos intermediários imobiliários e às estruturas financeiras correlacionadas.
Estes sinais do mercado imobiliário foram tomados como firmes, a tal ponto de
justificarem uma multiplicação, sem precedentes, das ofertas de crédito para aquisição de
habitação – própria ou de tipo comercial – através de processos, quase intermináveis, de
financiamento, re-financiamento, re-re-financiamento, com um significativo desleixo
pelos mais elementares critérios de garantias bancárias, que contribuiu para a criação
duma bolha imobiliária de proporções catastróficas e de efeitos dilacerantes, a partir do
momento em que o preço das casas começou a despencar.
5
Wolf, Martin – Le Plan Poulson n’est pas une bonne solution à la crise, Le Monde, 30 Septembre, 2008.
6
Nouriel Roubini mostra-se reservado às nacionalizações dos bancos americanos em dificuldades
financeiras, como solução para se restabelecerem os fundamentos do sistema financeiro dos Estados
Unidos. Na verdade, as nacionalizações iriam acrescentar milhares de milhões de dólares à já sufocante
dívida federal, para além da acumulada pelas famílias e empresas. Os maiores financiadores da dívida
norte-americana são a China, a Rússia e os Estados do Golfo, que são rivais dos Estados Unidos e não
propriamente aliados, o que levanta um importante problema de géo-política internacional. Ou seja, as
soluções económicas que venham a ser encontradas para a crise financeira dos Estados Unidos passam por
arranjos políticos complicados, sensíveis e precários, depositando-se em Obana a esperança de que o seu
programa consiga resultados positivos e rápidos. Os Estados Unidos vão, seguramente, conseguir sair da
crise, mas a sua posterior posiçâo no mundo sairá muito diferente, mesmo que mantenha o estatuto de
maior potência económica, tecnológica, científica e militar do mundo. O multilateralismo vai ter de ser a
estratégia global para as crises económicas, sociais e políticas.
8
Em 2000, o rebentamento da bolha da Internet – quebra acentuada das cotações
bolsistas das mais importantes empresas ligadas às novas tecnologias da informação e
comunicação –, a explosão dos escândalos financeiros de grandes empresas como a
Enron, a manifestação da crise asiática e o abrandamento do crescimento económico
americano, levaram a Reserva Federal Americana a baixar a taxa de juro de 6,5% para
3,5% no espaço de apenas alguns meses. Os ataques terroristas de 11 de Setembro de
2001 vieram agravar a crise económica americana, tendo-se continuado a reagir através
da baixa continuada da taxa de juro, até atingir cerca de 1% em Julho de 2003, a mais
baixa verificada em 50 anos. Durante quase 3 anos, a taxa de juro de curto prazo, ajustada
pela inflação, esteve negativa. Com dinheiro barato e o preço das casas tendencialmente
crescente, proporcionaram-se oportunidades únicas de investimento muito rentável, que,
por seu turno, alimentaram o aparecimento de uma panóplia de mecanismos financeiros
para canalizar fundos para esses investimentos. No contexto duma conjuntura
extremamente favorável, o sistema financeiro aproveitou essas oportunidades para
garantir rendibilidades excepcionais aos investidores.
7Soros, George - O Novo Paradigma para os Mercados Financeiros: A Crise do Crédito de 2008 e as suas
Implicações, Almedina, 2008.
9
real”. Ou seja, a economia mundial está no meio dum turbilhão financeiro como não
acontecia desde a Grande Depressão de 1929-1932. A questão agora é: esta crise
financeira é o prelúdio de outra Grande Depressão? Os mercados financeiros e as
autoridades financeiras têm sido muito lentas em reconhecer que a economia real vai ser,
com certeza, afectada. Em proporções e intensidades diferentes de país para país, mas
seguramente afectada, o que pode engendrar um ciclo vicioso de decrescimento
económico mundial. Como a economia real é estimulada pela expansão do crédito, uma
contracção do mesmo leva, seguramente, a uma compressão do crescimento económico.
Não pode ser de outra maneira.
8
Francis Fukuyama, no seu best-seller O Fim da História, diz que “no fim da História já não haverá
adversários ideológicos a sério da democracia liberal” e o facto de persistir, nesse mesmo fim da História,
uma ou outra autocracia no activo, não é motivo de preocupações, acrescenta Robert Kagan (Courrier
International, Outubro de 2008).
10
Administração Obama e no contexto do pacote de medidas anti-crise da sua
Administração.
Espera-se que a equipa Tony Lake e Susan Rice – repetente no departamento dos
assuntos africanos da Administração norte-americana – consiga entender os reais
problemas sociais, políticos e económicos de África. Zimbabwe, Grandes Lagos, Sudão,
Somália, Sara Ocidental e Mauritânia são, presentemente, os grandes problemas políticos
de África para cuja resolução a nova Administração americana pode dar um contributo
novo e diferente.
11
do rendimento e condições de vida da generalidade da população, justamente os seus
votantes. Os indicadores sociais são muito negativos – taxa de pobreza de mais de 60%,
taxa de desemprego acima de 25%, esperança de vida de 41,7 anos e taxa de mortalidade
infantil de 26% – e a sua melhoria em quatro anos e num clima geral de crise financeira e
económica vai exigir grande determinação, transparência e racionalidade na utilização
dos recursos fiscais petrolíferos em declínio, noção das prioridades e reajustamento em
algumas das promessas eleitorais feitas.O combate à corrupção e ao desperdício tem de
ser implacável, com a denúncia e julgamento dos prevaricadores. De resto, uma das
bandeiras do programa eleitoral do MPLA.
NOTAS: ppdol – preço do barril de petróleo em dólares; pddol – preço do quilate de diamantes em dólares.
12
Em Dezembro, o preço do petróleo tinha averbado uma quebra de 60,3% e dos
diamantes uma redução de 68,4%, em referência a Janeiro de 2008.
Uma leitura atenta do gráfico anterior mostra que a eficácia das receitas fiscais
petrolíferas tem variado ao longo dos anos. Com efeito, ao comparar-se as taxas de
variação de cada uma das variáveis em referência, verifica-se, muito em particular em
2008, que se arrecadaram, relativamente, menos receitas fiscais. O gráfico seguinte
apresenta a evolução da elasticidade das receitas fiscais petrolíferas comparativamente às
receitas de exportação do crude.
13
FONTE: CEIC, Núcleo de Macroeconomia.
14
partir de Janeiro de 2009, tem duas causas9: a redução do valor das exportações devido ao
efeito preço/quantidade do petróleo no mercado internacional e a manutenção do valor
cambial do kwanza face ao dólar, para se garantir o cumprimento do objectivo de se
preservar, em níveis elevados, a confiança na moeda nacional, conseguida, como se sabe,
graças à forte diminuição verificada no nível de inflação depois de 2003.
A questão de reflexão que se coloca é a seguinte: o que vale mais numa situação
previsível de crise da economia angolana em 2009, manter o kwanza forte ou praticar
uma política de desvalorização adaptativa às disponibilidades de divisas que a economia
for conseguindo e à evolução da crise financeira e económica internacional? A resposta é,
evidentemente, discutível e depende bastante do tempo de duração da crise económica
mundial. Se a sua recuperação acontecer já a partir de 2010, como sustentam algumas
instituições financeiras internacionais e alguns dos mais renomados economistas, talvez
se aceite a determinação do Governo de resguardar o poder de compra externo da moeda
nacional. Esta colocação pode ainda ser reforçada pela circunstância de as exportações
mundiais estarem em crise, sendo, por consequência, preferível facilitar o processo
interno de reequipamento da indústria e da agricultura.
As previsões, pelo menos para 2009, vão no sentido duma redução do saldo
positivo da BTC (que poderá mesmo tornar-se negativo, tudo dependendo do
9 Parece, no entanto, existirem outras razões para a diminuição das reservas internacionais líquidas
relacionadas com o pagamento, por conta, de diversas despesas fiscais do Tesouro.
15
comportamento do preço do petróleo e das decisões da OPEP de redução da oferta), do
incremento da dívida externa, da diminuição das RIL e duma maior instabilidade dos
preços.
Assim sendo, fortalecer o dólar face ao kwanza pode vir a estar em contraciclo
com o comportamento internacional da moeda americana.
Receitas fiscais petrolíferas/PIB(%) 31,0 28,2 28,3 32,3 33,8 37,1 39,8
Taxa de variação de M1(%) 130,5 82,9 51,9 62,6 51,2 49,7 79,2
Taxa de variação de M2(%) 159,1 66,3 41,5 55,5 57,3 38,7 70,5
16
1.2.- O sector real da economia
PAÍSES 1989-98 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Tx.ten
Angola 0,3 3,2 3,0 3,1 14,5 3,3 11,2 20,6 18,6 20,9 13,6
9,95
Botswana 6,5 7,2 8,3 4,9 5,7 6,4 6,6 4,7 3,4 5,7 5,3
5,87
Maurícias 5,9 4,6 7,2 4,2 1,5 3,8 4,8 3,1 3,6 4,2 6,6
4,49
A. do Sul 1,4 2,4 4,2 2,7 3,7 3,1 4,9 5,0 5,4 5,1 3,8
3,78
Nigéria 3,4 1,5 5,4 3,1 1,5 10,3 10,6 5,4 6,2 5,9 6,2
5,37
Guin-Equat 26,9 24,1 13,5 61,9 18,8 14,0 38,0 9,7 1,3 21,4 7,4
20,58
Gabão 4,8 -8,9 -1,9 2,1 -0,3 2,4 1,1 3,0 1,2 5,6 3,9
1,11
Congo 3,0 -2,6 7,6 3,8 4,6 0,8 3,5 7,8 6,2 -1,6 9,1
3,77
Camarões -0,3 4,4 4,2 4,5 4,0 4,0 3,7 2,3 3,2 3,5 3,8
3,38
Chade 3,5 -0,7 -0,9 11,7 8,5 14,7 33,6 7,9 0,2 0,2 0,4
6,78
S.Tomé Prin 1,3 2,5 0,4 3,1 11,6 5,4 6,6 5,7 6,7 6,0 5,8
4,97
Zimbabué 2,9 -3,6 -7,3 -2,7 -4,4 -10,4 -3,6 -4,0 -5,4 -6,1 n.a
-4,88
FONTE: World Economic Outlook, April 2009, International Monetary Fund; Regional Economic
Outlook, Sub-Saharian Africa, October 2008, International Monetary Fund.
17
continente africano têm sido o nosso país e a Guiné-Equatorial a rubricarem a melhor
sequência de variação real da economia.
10
Ministério do Planeamento – Programa Executivo do Governo 2009, Junho de 2008.
18
de 14,8% para o PIB, 11,9% para o PIB petrolífero e 18,4% para o PIB não petrolífero11.
As estatísticas oficiais disponíveis 12, apontam para um crescimento do PIB de 13,8%.
Em qualquer um dos casos, os crescimentos encontram-se abaixo das previsões iniciais
do Governo13.
Desde 2003, o PIB angolano foi multiplicado por 2,25, ou seja, mais do que
duplicou, correspondendo a uma taxa média anual de variação de 14,4%, superior à da
China nos últimos 10 anos. O PIB por habitante, em dólares correntes, passou de 959
dólares em 2003, para 4961 dólares em 2008, um incremento de mais de 5 vezes. Não
obstante este desempenho, a grande maioria da população permanece num estado
permanente de pobreza, tendo de sobreviver com pouco mais de 2 dólares por dia. A
injusta e deficiente distribuição do rendimento e da riqueza – expressa por um índice de
Gini de 0,62 – explicam porquê o índice de exclusão dos benefícios do crescimento
permanece elevado.
11 International Monetary Fund – Angola, Staff Report for the 2008 Article IV Consultation, March 2009.
12
Relatório do Balanço do Programa do Governo, 2008.
13
Como se irá mostrar mais adiante, já em Agosto de 2008 se começaram a manifestar alguns sintomas de
que a economia angolana poderia ser afectada pela crise económica mundial.
19
• esse crescimento não tem gerado uma melhoria proporcional das
condições de vida da população – devido ao modelo de constituição de
riqueza e de distribuição do rendimento nacional,
Ou seja, existe um risco elevado de, uma vez passada a presente euforia e
esgotadas as oportunidades dadas por um país destruído pela guerra, se regressar a
crescimentos mais suaves – e provavelmente mais adequados à nossa actual capacidade
de gestão e absorção –, na casa de um dígito, ainda que próximo dos 10%.
Aliás, parece que o próprio Governo tem consciência destes riscos, ao ter
assumido, nos diferentes documentos que pautam a sua governação, uma tendência de
desaceleração do crescimento da actividade económica nacional. Assim, as taxas de
crescimento do PIB, respectivamente, para 2007, 2008 e 2009 são de 23,3%, 13,8% e
11,8%. O mesmo comportamento tendencial foi definido para a economia não petrolífera:
25,7%, 15,0% e 16,3%, respectivamente.
Estas cifras acabam por indicar que as eleições em nada afectaram a confiança
que os investidores e as instituições internacionais passaram a depositar no país. As
expectativas dos agentes privados – perante a determinação do Governo em continuar a
investir na reabilitação das infra-estruturas e na constituição do capital humano e em
garantir que o processo político seja o mais transparente possível – continuam,
aparentemente, altas. O movimento de entrada de estrangeiros continua em crescendo e
os pedidos de constituição de novos negócios e empresas têm aumentado
significativamente.
20
entanto, aparecido indícios de dificuldades de reembolso de empréstimos contraídos para
aquisição de imobiliário e para investimentos no sector produtivo. Parece que os bancos
passaram a analisar com muito mais cuidado os pedidos de financiamento à economia e
ao sector privado e a verificar, com mais profundidade, a idoneidade dos mutuantes16.
21
último mês de 2008, de – 29,63%. A atenuação da actividade petrolífera foi mais suave:
1,65% em Julho e 0,6% em Dezembro.
22
TAXAS DE CRESCIMENTO DO PIB NÃO PETROLÍFERO, EM 2006, 2007 E 2008
23
O principal foco de reflexão sobre o crescimento económico futuro de Angola está
centrado na produtividade e no seu reflexo, a competitividade. O crescimento económico
observado entre 2002 e 2008 – embora em 2007 e 2008 com uma menor intensidade – foi
de natureza essencialmente quantitativa, que beneficiou duma elevada taxa de poupança
global, com incidência nos empréstimos externos e no investimento estrangeiro directo,
em particular nos sectores do petróleo, diamantes e construção civil.
Para que o emprego, pelo menos, se não reduza, as baterias terão de estar viradas,
principalmente, para o sector da construção e, em especial, para as obras públicas de
infraestruturas. As pequenas obras apresentam uma razão custo-benefício altamente
positiva. Pelo contrário, as grandes obras são mais deficitárias na relação investimento-
criação de emprego, pelo que deveriam ser objecto de estudos específicos e profundos
sobre os benefícios esperados, do ponto de vista económico e social.
17De acordo com o FMI, o saldo das Contas Públicas foi de (em percentagem do PIB): 7,3% em 2005,
14,8% em 2006, 11,5% em 2007 e 12,4% em 2008.
24
1.3.- O mapa do petróleo na África subsariana
FONTE: BP Statistical Review of World Energy, June 2008. Para 2008, adaptação do CEIC.
25
As sucessivas quedas no preço do petróleo a partir do início do segundo semestre
de 2008 deveram-se às expectativas sobre os efeitos da crise financeira sobre a economia
real dos países mais desenvolvidos do mundo, o que veio a confirmar-se com a
ocorrência de recessão económica nso Estados Unidos e nas principais locomotivas
económicas da União Europeia no terceiro trimestre de 2008. Ou seja, a redução clara na
procura de petróleo no mundo contribuiu, de modo dramático, para a quebra do preço do
crude. Ainda segundo a Agência Internacional de Energia, a estimativa mais recente
sobre a demanda internacional de petróleo coloca-a nos 84,7 milhões de barris diários.
Portanto, parece evidente que as reduções na produção terão mais o efeito de adaptar a
oferta à procura, do que estimular os preços para cima. A subida do preço do petróleo e
de outras commodities só acontecerá quando os sinais de recuperação da economia
mundial forem claros e merecerem a confiança dos agentes económicos e financeiros. A
não ser que eventos de natureza política e de esgotamento de algumas reservas de óleo
possam provocar uma escassez de oferta, mais ou menos permanente, no mercado.
Uma questão que continua a merecer reflexão é do domínio do peack oil no golfo
da Guiné, região eleita como alternativa do Golfo Pérsico para aligeirar a dependência
dos Estados Unidos e da Europa do petróleo dos países desta região. Segundo algumas
opiniões (Banco Mundial19), Angola terá o seu ponto de inflexão em 2011-2012 e em
2025 as receitas fiscais provenientes do petróleo situar-se-ão no seu nível mais baixo de
sempre.
Os países produtores de todo o mundo, mas com especial incidência nos africanos,
acreditaram na história que vinha sendo contada por vários analistas e especialistas que
determinava o fim da era do petróleo barato. Estas análises tiveram como base o
crescimento da procura provocado, principalmente, pela evolução das grandes economias
emergentes. Muitos países conceberam programas de reconstrução gigantescos, no
pressuposto de que o petróleo seria eternamente caro. No entanto, fica a seguinte questão:
como se comportarão os preços das commodities, incluindo o óleo, quando a economia
mundial recuperar da actual crise?
19 Banco Mundial – Angola, Memorando Económico do País, Outubro de 2006, páginas 55 e 56.
26
RESERVAS DE PETRÓLEO COMPROVADAS EM ALGUNS PAÍSES DO GOLFO DA GUINÉ
PRODUÇÃO PETRÓLEO Nº de
RESERVAS EM 2007 anos
PAÍSES COMPROVADAS EM 2007
10^6 Quota Quota 10^6 Quota Quota
barris mund. africa. barris mund. africa.
21,5
ANGOLA 1350020 1,1 20,2 628,9 2,1 29,2
45,5
NIGÉRIA 3910021 2,9 58,5 859,9 2,9 40,0
39,6
SUDÃO 6600 0,5 9,9 166,8 0,6 7,8
17,1
CHADE 900 0,1 1,3 52,6 0,2 2,4
23,4
CONGO 1900 0,2 2,8 81,0 0,3 3,8
23,8
GABÃO 2000 0,2 3,0 84,0 0,3 3,9
11,7
CAMARÕES 350 0,0 0,5 29,9 0,1 1,4
7,7
COSTA DO MARFIM 425 0,0 0,6 55,0 0,2 2,6
8,6
RDC 300 0,0 0,5 35,0 0,1 1,6
17,0
S. TOMÉ E PRÍNCIPE 425 0,0 0,6 25,0 0,1 1,2
13,6
GUINÉ-EQUATORIAL 1800 0,1 2,7 132,5 0,4 6,2
31,1
ÁFRICA SUBSARIANA 66800 5,2 100,0 2150,6 7,2 100,0
FONTE: BP Statistical Review of World Energy, June 2008. Energy Watch Group, Crude Oil Outlook, Revised
Edition, February 2008.
1.4.- A pobreza
20
Média entre as estimativas da BP e da EWG.
21
Média entre as estimativas da BP e da EWG
22Sen, Amartya - Pobreza e Fomes, Terramar, 1999 e O Desenvolvimento Como Liberdade, Gradiva,
2003.
23 Bruto da Costa, Alfredo (coordenador) – Um Olhar Sobre a Pobreza em Portugal, Gradiva 2008.
27
vizinhança dos 10%. Aqui, também, a pobreza é racista, porquanto afecta
maioritariamente a população negra.
São, pelo menos, quatro os factores que podem concorrer para uma
estruturalização da pobreza mundial e nacional.
24 Stiglitz, Joseph - Globalization and its Discontents (Northon & Company, Inc., New York, 2002)
28
tem-se tornado maior – ou seja, os pobres têm-se tornado cada vez mais pobres. Para os
países da União Monetária Europeia, o limiar da pobreza é muito diferente do
considerado pelas Nações Unidas, estando estabelecido em dez euros por dia, qualquer
coisa como 300 euros por mês. Imagine-se este rendimento-limite aplicado a África e a
nós próprios: provavelmente mais de 90% da população seria pobre.
E o futuro não augura alterações a esta situação. Bem pelo contrário. O Banco
Mundial projecta um quantitativo de 941 milhões de africanos subsarianos pobres em
2015 (com menos de dois dólares por dia), correspondente a uma taxa de pobreza de
78,5%. E estas previsões do Banco Mundial não levaram em atenção os efeitos
dilacerantes da crise económica mundial, que vai afectar as populações mais vulneráveis
e trazer mais gente para o universo dos pobres.
29
económico sustentável, a melhoria da distribuição de rendimentos e a promoção da
igualdade de oportunidades.
30
para 51%; acesso a saneamento de 31% em 2004, para 50%; taxa de escolarização
primária de 61,5% em 2004, para 194%.
O valor de -33, na diferença entre as posições do IDH e do PIB por habitante (em
paridade do poder de compra), traduz uma perda muito elevada das oportunidades de
transformar o crescimento económico em progresso social, incapacidade que se vem
repetindo ano após ano.
Entre 2002 e 2008, a fiscalidade não petrolífera cresceu cerca de 6,2 vezes (cerca
de 35,5% ao ano), o que pode significar que pela via directa (impostos sobre o
rendimento) e pela via indirecta (impostos sobre as transacções de mercadorias) a
população pobre foi penalizada.
31
Como quer que seja, a estrutura fiscal devia ter acentuado mais a vertente da
equidade, embora mantendo o princípio da neutralidade fiscal (o que não distorce a
alocação racional dos recursos e factores na óptica do mercado). A cobrança de tributos
directos e indirectos à população tem de ser adequada à sua capacidade de pagar
impostos, de maneira a que o benefício retirado dos bens públicos e semi-públicos seja
proporcional. Até que ponto este acentuado incremento da fiscalidade não petrolífera não
explica, em parte, o facto da população não sentir, por completo, os benefícios do
controlo da inflação?
Não retira substância às afirmações anteriores o facto de, em 2008, ter aumentado
o número de contribuintes para a Segurança Social (30,6%) e o quantitativo de
pensionistas (7,1%), uma vez que a cobertura do sistema é muito reduzida. Na verdade,
em termos de população total, o número de contribuintes é de, apenas, 0,12%.
Relativamente aos beneficiários de pensões, o seu quantitativo, em 2008, não
representava mais de 2,6% da população idosa do país. O valor médio das reformas pagas
a cada um dos 74160 pensionistas em 2008 foi de 290 dólares mensais (quase 10 dólares
por dia)29
APROXIMAÇÃO AO COMPORTAMENTO DA POBREZA EM ANGOLA NOS ÚLTIMOS ANOS
ANOS Taxa de pobreza (%) População pobre População PIB por habitante (%)
2003
67,7 10503,7 15507,1 2,2
2004
66,0 10539,1 15956,8 8,2
2005
62,6 10275,6 16419,6 17,2
2006
59,7 10081,4 16895,7 15,3
2007
56,5 9820,1 17385,7 17,5
29 Em 2007 este valor médio mensal foi de 245 dólares por cada pensionista e em 2006 de 214 dólares. Por
força da desvalorização do dólar no mercado cambial angolano, o valor real destas pensões diminuiu no
decurso deste período. A analise do comportamento das pensões em moeda nacional aponta para a
ocorrência duma melhoria do respectivo poder de compra, de 2,6% em 2007 e 4,7% em 2008.
32
2008
54,7 9784,2 17889,9 10,4
FONTE: CEIC – Cenários de Redução da Pobreza em Angola, 2008, Núcleo de Macroeconomia.
Ou seja, devido ao spillover effect pode ter ocorrido alguma redução do número
de pobres. Mas, seguramente, que aqueles que continuaram pobres, devem ter visto a sua
condição a piorar consideravelmente.
30
O que acontecerá se o crescimento económico do país se processar a um ritmo de 7-8% ao ano? As taxas
verificadas permitiram o tal efeito de contágio. Taxas inferiores a 10% não garantem um efeito vazamento
significativo, se as condições de distribuição da renda e de participação no aproveitamento das
oportunidades permanecerem as mesmas. A coesão social e a reconciliação nacional poderão ficar
ameaçadas nestas circunstâncias.
31A confirmar este receio dum agravamento das condições de pobreza para as classes mais pobres estão os
dados divulgados no Balanço da Execução do Programa Geral do Governo para 2008 sobre o apoio em
bens alimentares e não alimentares às populações vulneráveis: 7337000, 17811870, 23139430 toneladas
33
UM OUTRO CENÁRIO DE EVOLUÇÃO POSSÍVEL DA POBREZA EM ANGOLA
ANOS Taxa de pobreza (%) População pobre População PIB por habitante (%)
2005
68,7 11280,8 16419,6 17,2
2006
69,0 11655,2 16895,7 15,3
2007
69,3 12049,2 17385,7 17,5
2008 12433,1 10,4
69,5 17889,9
FONTE: CEIC – Cenários de Redução da Pobreza em Angola, 2008, Núcleo de Macroeconomia.
métricas, respectivamente, em 2006, 2007 e 2008. A população abrangida, nos mesmos anos, foi de
742929, 1412496 e 1560205 cidadãos.
34
• reabilitação e construção de inúmeras infra-estruturas da saúde
em toda a extensão do território nacional;
• melhoria generalizada dos meios de diagnóstico da saúde dos
cidadãos;
• aumento do número das acções de formação e reciclagem dos
trabalhadores (16%).
ANOS %PIB % total %PIB % total %PIB % total %PIB % total %PIB % total
2004 2,8 7,3 1,8 4,8 1,0 2,7 0,9 2,3 6,5 17,1
2005 2,2 6,3 1,5 4,3 5,2 14,8 1,0 2,9 9,9 28,3
2006 2,4 6,0 2,0 4,9 5,0 12,3 2,2 5,3 11,6 28,6
2007 2,9 8,4 1,8 5,3 5,5 15,9 1,8 5,3 12,3 35,6
2008 2,7 7,0 1,8 4,7 3,6 9,3 1,1 2,9 10,8 28,0
32
Suplemento de Economia do Semanário Expresso, de 5 de Julho de 2008.
35
Em 2008, assistiu-se a uma redução geral das despesas de incidência social e que
podem contribuir para a criação de um ambiente propício à redução sustentável da
pobreza. Em termos gerais, os gastos públicos com a melhoria das condições de vida da
população diminuíram o seu peso na PIB, tendo passado de 12,3% em 2007, para 10,8%
em 2008. A despesa pública social média passou de 420 dólares por habitante em 2007,
para 506 dólares por cada cidadão em 2008. Em qualquer circunstância, despesas sociais
insuficientes face à imensa procura social por bens colectivos de primeira necessidade e
às incidências da crise económica mundial33. A variação nominal de 20,5% foi inferior ao
aumento, a preços correntes de mercado, do PIB (cerca de 28,6%).
33
As prestações sociais aumentaram, de acordo com o Relatório de Execução Orçamental de 2008, 50,5%
em termos nominais. Porém, o seu peso no PIB manteve-se em 1,5%.
34 Discorda-se da forma como os cidadãos são tratados quando se fala no direito de acesso à habitação.
Têm sido feitas referências às características das habitações sociais destinadas aos cidadãos de renda baixa,
no sentido de que as mesmas devem ter condições mínimas de habitabilidade. O que estas habitações
devem garantir são condições normais de habitabilidade, senão, implicitamente, há cidadãos de terceira,
cidadãos de segunda e cidadãos de primeira classe. A exploração reflexiva desta problemática levaria a
questionar sobre as razões de existir uma classe de cidadãos cujas condições de habitabilidade normais
incluem piscinas privativas, jardins interiores, jacusis, casas de banho revestidas a ouro, etc., luxos
avaliados, no mínimo, em três milhões de dólares por residência.
36
cidadão a tempo inteiro dum país produtor de petróleo e que numa situação de crise
económica se traduzem num importante amortecedor do incremento do desemprego da
pobreza:
O Índice de Gini calculado para o nosso país em 2005 foi de 0,62, conforme se
tem vindo a referir em páginas anteriores36.
A ngola
Nigéria
Camarões
A rgélia
Egipto
Noruega
35
Esta medida costuma ser designada de bolsa-família.
37
A desigualdade que se regista em Angola é 2,5 vezes superior à da Noruega37. Os
reflexos sociais são imediatos. Na Noruega há mais cidadania, as pessoas respeitam-se e
respeitam os códigos de conduta social, havendo, por conseguinte, mais espaço à
afirmação do mérito e a reprovação moral dos actos desonestos e dos desvios de conduta
funciona e, por vezes, com efeitos mais profundos do que a condenação judicial. A
Noruega é o país mais rico do mundo e só se tornou independente da Suécia há pouco
mais de 100 anos.
Os cenários conhecidos de redução da pobreza no mundo apresentam resultados
muito assimétricos entre as várias regiões do globo. Para umas, a redução da pobreza será
uma realidade concreta a longo prazo (até 2015), ainda que com dinâmicas de reversão
diferentes. Para outras, o fenómeno da pobreza perdurará a longo prazo. São estas
informações que se encontram no quadro seguinte.
(milhões de pessoas)
ESPAÇOS Pessoas com menos de $1,25 por dia Pessoas com menos de $2 por dia
Leste asiático e
Pacífico
213 316,2 137,6 745 728,7 438
República
Popular China
179 207,7 84,3 531 473,7 260,9
Europa e Ásia
Central
9 17,3 14,3 71 41,9 26,7
América Latina
e Caraíbas
49 45,1 30,6 134 91,3 72,4
Oriente Médio e
Norte de África
5 11,0 8,8 62 51,5 33,3
37Não vale a pena compará-la com as das Nigéria, Argélia e Camarões. Os benchmark têm de ser os dos
países desenvolvidos.
38
Ásia do
África sub-
Entre 2002 e 2007 a economia mundial cresceu a uma taxa média anual em redor
dos 4,5%, score extraordinário que permitiu que muitos países pudessem reduzir, duma
forma sensível, alguns dos piores índices de desenvolvimento social. O valor anterior
teve uma contribuição importante dos países emergentes, de onde se destacam a China, a
Rússia, a Índia e o Brasil. Foi este extraordinário crescimento que acabou por permitir os
excessos financeiros dos quais resultou a profunda crise financeira que se revelou em
Setembro de 2008.
39
Europeia, principalmente – centraram as suas estratégias no aumento da eficiência do
crescimento, pela via da inovação (financeira, produção, produto), pela competitividade,
pela tecnologia e pelo risco (ele próprio propiciador de competição e de busca de
soluções mais baratas e rentáveis). O recurso ao investimento não foi suficiente para que
se imprimissem ritmos elevados de crescimento económico, não só porque as bases de
partida são muito elevadas, mas, igualmente, porque as taxas de poupança eram muito
baixas. Portanto, os factores de crescimento nestas economias foram do domínio
qualitativo, até para se fazer face à crescente concorrência dos países emergentes, com
destaque para a China e a Índia.
40
O Relatório Completo pode ser adquirido no escritório do CEIC:
Rua Pedro de Castro Van-Dúnem 24, Bairro Palanca. C.P. 2064 Luanda.
Telefone 914 608 189, 922 280 541. E-mail: ceic.ucan@gmail.com. Website:
http://ceic.cmi.no/
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