Aulas Resumidas II
Aulas Resumidas II
Aulas Resumidas II
Apesar de existir uma clara distinção entre a Cultura e a identidade, estas noções se encontram
bastante interligadas. A cultura nasce e Desenvolve através de processos inconscientes, e existe
independentemente da consciência identitária, a identidade cultural por sua vez remete-nos a
normas de pertença conscientes e as estratégias identitárias podem manipular e modificar uma
determinada Cultura.
A identidade dos indivíduos é caracterizada sobretudo pela pertença aos diferentes grupos
sociais, tais como Nações, grupos religiosos e associações/organizações. A identidade cultural
particularmente, é uma questão de inclusão e exclusão baseada nas diferenças culturais, dado que
os grupos culturais possuem elementos identitários que os identificam e distinguem uns dos
outros.
I. I. Concepção objectivista
Para os teóricos objectivistas, a identidade dos indivíduos aparece como uma marca definitiva,
da qual não se pode livrar nem escapar, portanto nem o indivíduo, nem a sociedade tem sobre ela
qualquer influência. A identidade dos indivíduos é nesta perspectiva, algo estático e imutável o
que não é verdade.
I. V. Concepção subjectivista
Os subjectivistas negam que a identidade seja algo recebido de uma vez por todas, porque sendo
assim, seria estática, rígida e imutável. Para estes a identidade é um sentimento de pertença a um
grupo e depende da escolha livre dos indivíduos. Mas a ser assim, entende-se que a identidade
teria um carácter bastante efémero baseada em escolhas arbitrárias, ou seja, se a identidade
depende da escolha livre dos indivíduos isso significa que a sua variação seria independente dos
elementos de pertença e esta é a grande limitação dos subjectivistas.
Esta perspectiva aparece como solução para a oposição entre objectivistas e subjectivistas, pois
tenta fazer uma intermediação entre as duas abordagens, ou seja, resgata em cada uma delas a
parte positiva que complementa a limitação da outra.
A identidade envolve elementos de pertença ao grupo que determinam a posição dos indivíduos
e orientam as suas escolhas. Os indivíduos escolhem, mas dentro dos limites dos elementos
objectivos e em determinadas situações das suas relações. É por isso que é relacional e
situacional.
Ex: Os machanganas que no período colonial emigravam para a cidade de Maputo a procura de
melhores condições de vida, eram ridicularizados pelos marongas, que eram a maioria, e
procuravam ocultar a sua identidade, na tentativa de escapar da ridicularização, tentando falar
Ronga.
II.V. Identidade dupla – Acontece quando o indivíduo possui duas identidades de referência,
mais ou menos equiparadas ou que se situam ao mesmo nível
II.VI. Estratégias identitárias – Uma identidade pode ser usada como um meio visando
alcançar um fim. Sendo assim, em função da sua apreciação da situação, o indivíduo utiliza de
modo estratégico os seus recursos identitários para alcançar o fim desejado.
No caso extremo da aplicação das estratégias identitárias pode-se ocultar a identidade, tais são
os casos de indivíduos que podem ocultar a sua identidade para conseguir um empréstimo
bancário.
Positiva ou negativa, a identidade pode ser instrumentalizada nas relações entre indivíduos e
grupos sociais. Portanto, a noção de estratégias identitárias pode explicada as variações das
identidades. A identidade constroi-se, destroi-se e reconstroi-se segundo as situações relacionais.
Exercicios
4. Explicar com base na noção de identidade negativa a questão da variação das identidades.
3. NGOENHA, Severino E. . Identidade moçambicana: já e ainda não. In: Serra, Carlos (dir.).
Identidade, moçambicanidade, moçambicanização. Maputo, Livraria Universitária-UEM,
1998, p. 17-34.
TEMA: Organização e estrutura da Sociedade
O Homem sendo um ser marcadamente gregário, a sua vida está organizada em grupos ou
associações de indivíduos, podendo ser destinguidos grupos de interesse e grupos de
parentesco.
Os grupos de interesse são aqueles que se constituem tendo em vista a prossecuão de objectivos
ou interesses comuns
Tipos de parentesco
III. Germanidade – quando há laços de sangue e ligação entre os indivíduos em linha horizontal
(relação de parentesco entre irmãos)
A Filiação é definida por RIVIERA(2000), como “um conjunto de regras que definem a
identidade social da criança em relação aos seus ascendentes, e determina a hierarquia, a herança,
cargos , funções e autoridade”
No caso concreto da filiação Uterina, o poder, autoridade e controlo social sobre os filhos é
exercido pelos irmãos da mãe, diferentemente da filiação Agnática onde esta responsabilidade é
do próprio pai.
Há que referir algumas categorias de parentesco, de certa maneira ligadas a questão da filiação,
nomeadamente os primos paralelos, quando são gerados por irmãos do mesmo sexo e os primos
cruzados , quando são gerados por irmão de sexos opostos.
Nomenclatura do parentesco
O primeiro sistema, descritivo, é comum nas sociedades europeias, onde se usa um termo para
designar uma categoria de parentesco ou membros da Família (pai, mãe, irmão, irmã, tio, tia avó,
avô, etc.). O segundo sistema, classificatório, é mais usado nas sociedades africanas, onde se usa
um termo para designar várias categorias ou membros da Família.
Assim, o termo pai por exemplo, é usado para designar não somente ao pai biológico , mas
também aos irmãos do pai, ou seja, aos tios paternos; o termo mãe é extensivo às tias maternas;
o termo irmão ou irmã é extensivo aos primos.
O Casamento ou aliança matrimonial é uma “aliança que que liga dois indivíduos de sexos
diferentes através de um conjunto de direitos e obrigações mútuas, que podem variar de cultura
para cultura” (RIVIERA, 2000).
IV. Hipogamia – quando a mulher casa com um homem de posição económica e social inferior;
V. Homogamia – quando o casal pertence ao mesmo meio social, cultural e a mesma posição
económica;
VI. Poligamia – quando um indivíduo, quer seja homem ou mulher, casa com vários cônjuges
VII. Poliginia – quando um homem casa com várias mulheres, podendo ser pequena poliginia
quando são entre duas a quatro mulheres e grande poliginia quando são mais de quatro;
X. Poliandria adélfica ou fraterna – quando auma mulher casa com vários irmãos.
III. Residência matrilocal – quando o casal vive em casa dos pais da noiva;
V. Residência bilocal – quando o casal tem a liberdade de escolher entre o grupo do noivo e da
noiva;
VI. Residência ambilocal – quando o casal vive alternadamente no grupo do noivo e da noiva;
VII. Residência neolocal – quando o casal fixa residência onde bem entender, geralmente num
lugar neutro; e
VIII. Residência avunculocal – quando o casal vive em casa do tio materno do noivo
Outras práticas relativas as alianças matrimoniais
I. Sororato – é a substituição de esposa pela irmã mais nova em caso de morte ou infertilidade.
II. Levirato – é a substituição de esposo pelo irmão mais novo em caso de morte.
A Família é a forma de agrupameto humano mais importante, por ser uma unidade elementar de
organização social e por possuir um crácter universal.
Esta unidade social é definida como “um espaço físico, relaccional e simbóloco, onde um
conjunto de pessoas ligadas por laços de consaguinidade, de afinidade ou afectividade, partilham
direitos e deveres” (SARACENO, 1992).
Tipos de Família
I. Família nuclear,restrita ou conjugal – é aquela que é composta por um casal e seus filhos
menores;
III. Família de orientação – é aquela em que o indivíduo nasce e passa a sua infância; e
Funções da Família
III.Função económoca – a Família produz bens e gera renda para garantir a satisfação das
necessidades dos indivíduos e a continuidade da vida;
V.Função jurídica – a Família é uma instituição social que tem propriedades, direitos e deveres
juridicamente assegurados.
Exercícios
b) Poliginia e poliandria
d) levirato e sororato
e) Família nuclear
f) Família alargada
g) Família de orientação
h) Família de procriação
BATALHA, Luis. Breve análise do parentesco como forma de organização social. Lisboa:
Universidade Técnica de Lisboa - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, 1995.
A Religião é segundo Durkheim (1912), “um sistema solidário de crenças e práticas relativas a
coisas sagradas”, enquanto que Magia é entendida como um conjunto de técnicas que permitem
fazer intervir , em benefício de uma pessoa ou grupo de pesoas, algumas forças sobrenaturais.
Etimologicamente a palavra Religião provém do latím Religio que significa cuidar ou tomar a
sério o sagrado.
De acordo com o mesmo autor, tanto a Religião como a Magia constituem o conjunto das
interpretações encontradas pelo homem nas suas relações quer individuais, ou colectivas com o
mistério do inuverso, portanto as duas representam a procura de uma explicação da presença do
homem sobre a Terra, do significado da vida, do bem e do mal, do sofrimento e da dôr.
A Religião e Magia distinguem-se na medida em que a primeira tende a reunir um grande número
de pessoas, tem objectivos sociais, é pelo bem da Sociedade, em oposição ao pecadeo, enquanto
que a Magia tende aservir interesses particulares, tem fins individuais e geralmente envolve
forças do mal.
Durkheim, afirma igualmente que algumas correntes de pensamento, consideram a religião como
posterior a magia, defendendo que se trata de uma evolução e aperfeiçoamento da magia que
passou a ser racional. Outros autores defendem que a magia é uma forma de degeneração e
decadência da religião, sendo por isso posterior a esta.
Bibliografia
DELUMEAU, Jean. As grandes religiões do Mundo. 3ª. ed. Lisboa, Editorial Presença, 2002.