FICHAMENTO - RÉMOND, Renê. Por Uma História Política (2003)
FICHAMENTO - RÉMOND, Renê. Por Uma História Política (2003)
FICHAMENTO - RÉMOND, Renê. Por Uma História Política (2003)
Fatores exógenos
“[...] Ela imaginava que as vontades pessoais dirigem o curso das coisas, e às vezes
levava mesmo a cegueira ate o ponto de acreditar que as ideias conduzem o mundo. Quando
as ideias nunca são mais que a expressão dos interesses de grupos que se defrontam, e os atos
políticos apenas revelam relações de forcas definidas, medidas, reguladas pela pressão dos
conjuntos socioeconômicos [...]” (p. 18).
1
Trabalho entregue a disciplina de Teoria e Metodologia da História, ministrada pela Prof.ª Dr. Milena Galdez,
para a obtenção da segunda nota.
2
Aluno do 5º período do curso de História Licenciatura da Universidade Estadual do Maranhão.
“Nas sociedades contemporâneas, a política organiza-se em torno do Estado e
estrutura-se em função dele: o poder do Estado representa o grau supremo da organização
política; é também o principal objeto das competições [...]” (p.20).
“[...] os críticos do Estado moderno proclamam que ele não é nem soberano nem
imparcial: é sempre açambarcado e não tem nem existência própria nem independência
efetiva. O Estado jamais passa de instrumento da classe dominante; as iniciativas dos poderes
públicos, as decisões dos governos são apenas a expressão das relações de forças. Ater-se ao
estudo do Estado como se ele se encontrasse em si mesmo o seu principio e a sua razão de ser
é, portanto deter-se na aparência das coisas [...]” (p.20)
“[...] Ora, eis que, há duas ou três décadas, esboçaram-se os sinais anunciadores, e
depois multiplicaram-se as manifestações de um retorno com força total. Os trabalhos de
história política pululam, numerosas teses lhe são consagradas. O ensino, após ter obedecido à
convicção de que e devia descartar a política em beneficio da economia e das relações sociais,
tende hoje a reintrodução a dimensão política dos fatos coletivos[...]” (p. 21).
“[...] não é uma restauração, mas antes uma etapa nova no desenvolvimento da
reflexão que a história faz sobre si mesma, e o fenômeno tem então grandes chances de
sobreviver à geração que desencadeou o movimento.” (p. 22).
“[...] A história de fato não vive fora do tempo em que é escrita, ainda mais quando
se trada da história política: suas variações são resultado tanto das mudanças que afetam o
político, como as que dizem respeito ao olhar que o historiador dirige ao político. Realidade e
percepção interferem”. (p.22).
“[...] O desenvolvimento das políticas públicas sugeriu que a relação entre economia
e política não era de mão única: se não há duvida de que a pressão dos interesses organizados
às vezes altera a condução dos negócios públicos, a recíproca não é menos verdadeira: a
decisão política pode modificar o curso da economia para melhor ou para pior. Uma escolha
política que pode nada dever à análise econômica, e perceber apenas a considerações
ideológicas [...]” (p.23).
“Outra coisa que atual no mesmo sentido para reintegrar os fatos políticos ao campo
de observação histórica: a ampliação do domínio da ação política com o aumento das
atribuições do Estado[...] pode-se dizer que também o universo político está em expansão[...]
a política se apoderou de toda espécie de problemas que não lhe dizem respeito inicialmente,
portanto, de se preocupar[...] Com isso desabou a principal objeção a esse tipo de história:
como sustentar ainda que o politico não se refere às verdadeiras realidades, quando ele tem
por objetivo geri-las?[...] (p. 24).
“[...] A contestação torna então a política responsável por tudo o que deixa a desejar
numa sociedade, e a utopia leva a crer que é também a política que detém a solução de todos
os problemas, inclusive os das vias pessoais: bastaria modificar a regime para que todas as
dificuldades se resolvessem; mudamos a maioria e a vida mudará. [...]” (p. 25).
Fatores endógenos
“No caso, a renovação foi provocada, suscitada, pela rediscussão dos conceitos
clássicos e das práticas tradicionais. E neste ponto, a contestação de que foi objeto a história
política lhe foi muito salutar: o desafio fustigou a imaginação e estimulou a iniciativa.” (p.26).
“Além do mais, a história politica não tinha que se regenerar: encontrava em seu
próprio passado alguns exemplos daquilo que deveria se tornar”. [Charles Seignobos; André
Siegfried; Albert Tribaudet; Georges Weill; Marcel Prélot; Jean-Jacques Chevallier...] (p. 26).
“Essa oposição ignora a pluralidade dos ritmos que caracterizam a história política.
Esta se desenrola simultaneamente em registros desiguais: articula o contínuo e o
descontínuo, combina o instantâneo e o extremamente lento [...] Assim, no que diz respeito ao
tempo, a história política não o cede à história de qualquer outro aspecto da realidade.” (p.34).
“Se o político deve explicar-se antes de tudo pelo político, há também no politico
mais que o político. Em si mesma, nem se comprazer na contemplação exclusiva de seu
objeto próprio. Nem privilegiar um tipo de relação: não há, por exemplo, razão cientifica para
estabelecer ligação mais estreita do político com o econômico que com o ideológico, o
cultural, ou qualquer outro termo de relação [...]” (p.36)
Apontamentos
Outro fator apresentado pelo autor diz respeito a uma transformação endógena, que
se destaca pela aproximação da disciplina histórica com outras disciplinas. A
interdisciplinaridade que marca a década de 1930 na história, principalmente com sua
aproximação com as ciências sociais, e que alija a história política do âmbito da produção
historiográfica, mas que acaba posteriormente trazendo-a ao centro das discursões históricas.
Entre outras coisas, a renovação da história politica, como apresenta o autor, se dar a
partir da existência no próprio cerne da disciplina de uma produção muito fecunda, que
antecede sua depreciação pelos historiadores dos Annales (Bloch e Febvre).