Livro Maria - Cristina.menezes - Desafios.iberoamericanos
Livro Maria - Cristina.menezes - Desafios.iberoamericanos
Livro Maria - Cristina.menezes - Desafios.iberoamericanos
DESAFIOS IBEROAMERICANOS:
O PATRIMÔNIO HISTÓRICO-EDUCATIVO EM REDE
Faculdade de Educação
Diretora: Profa. Dra. Belmira Amélia de Barros Oliveira Bueno
Vice-Diretora: Profa. Dra. Diana Gonçalves Vidal
CME/ FEUSP
Série Patrimônio Histórico Educativo
Coordenação: Carmen Sylvia Vidgal Moraes (CME/ FEUSP) e Maria
Cristina Menezes (CIVILIS/ FE/ UNICAMP)
Apoio: RIDPHE - RedeI Iberoamericana para a Ivestigação e a Difusão do
Patrimônio Histórico-Educativo
Catalogação na Publicação
Serviço de Biblioteca e Documentação
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
_____________________________________________________________
D441 Desafios Iberoamericanos: o Patrimônio Histórico-Educativo em Rede /
Organizadora Maria Cristina Menezes.
(Série Patrimônio Histórico Educativo, v. 1)
Vários autores
ISBN: 978-85-60944-65-1
DOI: 10.11606/9788560944651
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada fonte e
autoria. Proibido qualquer uso para fins comerciais.
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
PARTE I
PROJETAR E ORGANIZAR ESPAÇOS, O
PATRIMÔNIO HISTÓRICO-EDUCATIVO
PARTE II
REFLETIR SOBRE ESPAÇOS PROJETADOS,
ORGANIZADOS PARA O PATRIMÔNIO
HISTÓRICO-EDUCATIVO
PARTE III
ESTUDAR E DIFUNDIR O PATRIMÔNIO
HISTÓRICO-EDUCATIVO
11
Gosto de pensar que o princípio desta interlocução e a circulação de
práticas e ideias que a ocasionaram estão na RIDPHE, Rede Iberoamericana para
a Investigação e a Difusão do Patrimônio Histórico-Educativo. A constituição
de uma lista de discussão em busca de algum vínculo, por mínimo que seja, entre
aqueles que se empenham pela preservação do patrimônio educativo no espaço
iberoamericano, pode se constituir em espaço de conforto, apoio e
possibilidades. Que se possa vislumbrá-la como um espaço, dentre outros, no
qual permaneçam abertas as portas para a divulgação de trabalhos e encontros de
toda sorte no âmbito dos temas de interesse dos participantes.
Gosto também de pensar que a partir do espaço da RIDPHE, lista de
discussão, se organizou o 1º Simpósio Iberoamericano: história, educação,
patrimônio-educativo, em 2012, em Campinas/São Paulo/Brasil, na Faculdade
de Educação da Universidade Estadual de Campinas e que o mesmo perseverou
nos anos posteriores. Em 2013 um novo Simpósio em Buenos Aires; em 2014
em Cuernavaca, estado de Morelos, no México; em 2015 em
Campinas/UNICAMP e São Paulo, no Centro Paula Souza e em 2016 em San
Sebastián, Donostia, na Espanha, em encontro conjunto com as Jornadas da
SEPHE, Sociedade Espanhola para o Estudo do Patrimônio Histórico-
Educativo.
Gosto ainda de pensar que a partir do espaço da RIDPHE, lista de
discussão, surgiu a RIDPHE_R, Revista Iberoamericana do Patrimônio
Histórico-Educativo, publicação digital hospedada no Portal de Publicações
Periódicas Eletrônicas da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de
Campinas, UNICAMP/Brasil.
A publicação de uma revista já havia sido ventilada no Simpósio do
México em 2014, adormeceu e despertou após o Simpósio de 2015, na
UNICAMP, Campinas, e no Centro Paula Souza, São Paulo.
12
É neste contexto que emerge a Coleção Patrimônio Histórico-
Educativo da qual esta publicação é o primeiro número.
A Coleção organizada por Carmen Sylvia Vidigal Moraes e Maria Cristina
Menezes, duas investigadoras do Patrimônio Histórico-Educativo, que se
posicionam desde o início dos anos de 2000, com a publicação de inventários
analíticos em instituições púbicas escolares paulistas, pela guarda dos acervos em
seus locais de origem.
Apresenta-se como primeiro número da Coleção a publicação, impressa e
virtual, publicada em parceria entre o Centro de Memória da FEUSP e o CIVILIS
- FE/UNICAMP no âmbito da RIDPHE.
A RIDPHE como local privilegiado de divulgação e distribuição das
publicações da Coleção, constitui-se também em espaço articulador dos novos
números, uma vez que se projeta para os mesmos, que sejam organizados entre
os membros da REDE Iberoamericana com foco no Patrimônio Histórico-
Educativo.
A publicação que constitui o primeiro número desta Coleção foi
organizada em 03 partes assim constituídas:
- Parte I: Projetar e organizar espaços para o Patrimônio Educativo
- Parte II: Refletir sobre espaços projetados / organizados
- Parte III: Estudar e Difundir o Patrimônio
13
partes do livro, visou apresentar espaços constituidos presencialmente e
virtualmente para a difusão e o estudo do Patrimônio Histórico-Educativo.
O artigo 01 da Parte I, El Centro Internacional de la Cultura Escolar como
centro de memoria y educación patrimonial, é apresentado pelo idealizador e
atual Diretor do CEINCE, o Professor Agustín Escolano Benito. Creio que não
haja dúvida de que o CEINCE, como o apresenta seu diretor, guarda uma das
melhores e mais completas coleções de manuais escolares dos séculos XIX e XX
que se conservam na Espanha e pode ser considerado como referência sobre
manualística, no nível nacional espanhol e no nível internacional.
Cabe informar sobre o artigo do Professor Agustín Escolano, se ele
contempla um histórico e explanação com as ramificações que se abriram durante
os vários anos de atuação do CEINCE, possibilita visualizar a fertilização das
interlocuções ocasionadas nos anos de funcionamento que o artigo abarca, é
necessário que se esclareça que ele se constitui apenas em uma amostra dessa
fértil interlocução que prosseguiu e prossegue sua marcha em grande escala.
O artigo “La exposición virtual de libros escolares para la creación de un
museo pedagógico en México: nuevo formato, nuevas investigaciones” de Lucia
Martinez Moctezuma traz o esforço em prol da criação de um museu pedagógico
no México em percurso elucidativo com o qual se aprende;
O artigo de Eulàlia Collelldemont Pujadas e Núria Padrós Tuneu da
Universidade de Vic, Espanha, intitulado “De la ideación a la concreción de un
museo pedagógico virtual: la experiencia museográfica del muvip”, bem pode
ser um começo para muitos daqueles que se esforçam para implementar espaços
virtuais que possam difundir de forma mais ampla o patrimônio histórico
educativo que se encontra, em especial, nas instituições educativas.
Rodrigo Sandoval e Maria José Vial, no artigo “ Intervención de un
archivo escolar en Chile: Archivo Liceo Abate Molina de Talca (1827)”, trazem
14
o movimento que parte do interior da instituição, na qual organizam o arquivo
histórico, em projeto bem dimensionado e de grande porte.
María Cristina Linares em “Memorias y huellas del patrimonio:
investigación y exposición en el museo de las escuelas” apresenta as
possibilidades de um museu de educação com explanação muito instigante sobre
o modo em que se realizam ao se dar sentido a vestigios que acompanham os
objetos que compõem o patrimônio do museu.
No texto “Organização do Arquivo Histórico do Liceu de Humanidades
de Campos: portas abertas em busca da divulgação”, Silvia Alicia Martínez
propõe a descrever e problematizar parte do percurso percorrido em prol da
preservação da memória histórica educacional, na produção de estudos
científicos e de divulgação do patrimônio educativo, ao apresentar o trabalho de
preservação do arquivo histórico de uma instituição escolar.
Gildenir Carolino Santos traz um relato minucioso do processo de
organização de uma coleção especial que abarca o arquivo pessoal de um
educador no interior de uma biblioteca universitária, no artigo “Um olhar
descritivo e bibliográfico sobre as obras do acervo de um educador: a formação
do guia analítico do acervo da coleção especial Maurício Tragtenberg”. O
processo relatado traz a importância do diálogo com outros profissionais, o que
fertiliza o debate sobre o patrimônio educativo com a matização de olhares.
Maria Cristina Menezes ao apresentar os trabalhos de organização dos
arquivos históricos de duas instituições escolares de Campinas, apresenta o
trabalho de descrição articulada entre acervos documentais, bibliográficos e
museais no artigo “Projetar espaços visando a organização e a difusão da cultura
material escolar: diálogo entre acervos”.
15
Na Parte II “Refletir sobre espaços projetados / organizados” a
intenção foi apresentar a reflexão dos autores sobre projetos já constituídos ou
aspectos destacados dos mesmos.
No artigo “El muvhe y el ceme como pre-texto: reflexiones sobre la
protección, conservación, estudio y difusión del patrimonio histórico-educativo”
Antonio Viñao não traz somente o histórico do Museu virtual de história da
educação como ainda apresenta uma reflexão pertinente àqueles que investigam
o patrimônio ao apontar questões que já não podem ser ignoradas ao se adentrar
o universo do patrimônio histórico-educativo, sobretudo, após a leitura deste
artigo.
Teresa Rabazas Romero e Sara Ramos Zamora discutem sobre trabalho
que procede do desenvolvimento de ações no âmbito de um museu que se
localiza no interior de uma instituição universitária. No texto El laboratorio
/museo de historia de la educación “Manuel Bartolomé Cossío” de la Facultad
de Educación de la Universidad Complutense de Madrid. Estado de las
colecciones y líneas de actuación, o museu é visto como laboratório de história
da educação, como ocorre ao Museu “Manuel Bartolomè Cossío” sobre o qual
discorrem as autoras.
Kira Mahamud Angulo e Miguel Somoza Rodríguez no artigo “Evolución
y nuevos retos de la investigación sobre manuales escolares tras dos décadas de
trayectoria del centro de investigacion manes (1992-2012)” apresentam
importante reflexão sobre um projeto já consolidado e referência a tantos outros
na sua modalidade.
Pablo Álvarez Domínguez em “Aproximación a las funciones del museo
posmoderno de pedagogía, enseñanza y educación” apresenta considerações
voltadas às ações de organizar e vivenciar um museu de pedagogia no rol de uma
16
nova museologia que já não se pode ignorar a existência e novas funções
atribuídas.
Carlos Martínez Valle em “Exibições internacionais e museus
pedagógicos. lições do pavilhão mexicano na exposição ibero-americana de
Sevilha 1929” traz reflexão/provocação necessárias à organização e ao estudo
dos espaços museais constituídos e à interpretação crítica dos mesmos.
Rosa Fátima de Souza pesquisadora incansável na realização de trabalho
que traz a preocupação de reunir fontes importantes para o estudo da educação
brasileira, no artigo “Repertório de fontes para a história comparada da escola
primária no Brasil” possibilita ao leitor compartilhar reflexão sobre projeto que
operou reunião e disponibilização de fontes em formato eletrônico.
Na Parte III Estudar e Difundir o Patrimônio a preocupação foi reunir
textos em que os autores apresentam estudos realizados sobre o patrimônio e
que possibilitam a difusão do mesmo.
Em “La modernización de la cultura material de la escuela pública en
España, 1882-1936” Pedro Luis Moreno Martínez, ao asseverar que o exame da
historiografia educativa permite constatar a escassa atenção prestada ao estudo
dos demais elementos da cultura material das instituições educativas, apresenta
estudo minucioso e elucidativo sobre o tema.
No artigo “Instituto superior de engenharia: um trajecto de ensino e de
museologia educativa”, Luís Alberto Marques Alves e Patrícia Carla Costa
apresentam o museu do ISEP, Instituto Superior de Engenharia do Porto, e o
seu acervo, com origem nas colecções didácticas, dos laboratórios e gabinetes,
que foram utilizadas no passado pelos numerosos alunos e professores.
Luz Elena Galván Lafarga em “El patrimonio escolar en las
representaciones del pasado prehispánico en algunos libros de texto” apresenta
17
neste artigo uma comparação entre manuais de história editados nas primeiras
décadas do século XX no México.
“Ler, anotar, guardar, a presença de leitores no acervo de livros escolares
no museu da escola catarinense (décadas de 20 a 60/século xx)” intitula o artigo
de Maria Teresa Santos Cunha com estudo instigante e inovador sobre um acervo
e com possibilidade de subsidiar tantos outros projetos. O estudo se articula a
uma história das práticas de leitura pela via dos sinais e vestígios deixados pelos
leitores nas páginas dos livros do acervo do Museu da Escola Catarinense.
“Manuais pedagógicos do educador paulista João Toledo na biblioteca da
Escola Normal de Campinas”, estudo apresentado em texto de Maria de Lourdes
Pinheiro e que segue o percurso de um educador que, a partir da prática do ofício
de professor, escreveu manuais que subsidiaram outras práticas.
O artigo, “Os ginásios vocacionais do estado de São Paulo: reconstruindo
a história por meio de fontes primárias e secundárias que se complementam”, foi
a contribuição de Carmen Sylvia Vidigal Moraes e Ângela Rabello M. de Barros
Tamberlini a esta publicação sobre modalidade de escola, com estudos ainda
incipientes, cuja experiência no estado de São Paulo, Brasil, necessita ser
recuperada.
Maria Lucia Mendes de Carvalho, por sua vez, no artigo “Contribuição de
Debble Smaíra Pasotti para a pesquisa histórica no campo da alimentação e
nutrição no Brasil” apresenta o estudo sobre o arquivo pessoal de uma educadora
no campo da nutrição, como também traz as ponderações sobre essa modalidade
de arquivo.
18
EL CENTRO INTERNACIONAL DE LA CULTURA
ESCOLAR COMO CENTRO DE MEMORIA Y
EDUCACIÓN PATRIMONIAL
21
La Asociación que impulsa el CEINCE está integrada por profesores de
las universidades de Valladolid, Burgos y Salamanca, así como por enseñantes
de otros niveles educativos vinculados a proyectos de innovación pedagógica y
por animadores socioculturales del sector de la educación no formal que
utilizan la memoria de la educación como fuente de educación patrimonial de la
ciudadanía. Cuenta además con amplio círculo de amigos y colaboradores que
proceden de diversas zonas de la Comunidad Autónoma de Castilla y León y de
otras regiones del país, así como con un nutrido y relevante Consejo
Académico Nacional e Internacional que juega un papel activo en la
programación y orientación de las acciones culturales y pedagógicas del centro.
El CEINCE tiene por objeto específico el estudio integral de la cultura
escolar, campo que aborda en toda su extensión y complejidad, bajo una
orientación pluridisciplinaria, y en todas las perspectivas de la temporalidad,
desde la historiográfica a la prospectiva. La cultura de la escuela se concibe
como el conjunto de prácticas (cultura empírica), formaciones discursivas
(cultura teórica) y construcciones normativas (cultura política) que informan y
regulan la vida de las instituciones educativas y configuran la profesionalidad de
los docentes y el comportamiento de los actores que intervienen en la
educación formal.
A los efectos anteriores, el establecimiento se identifica en primer lugar
como un centro de memoria de la educación, y por esto comporta, como
dimensión esencial de sus acciones, un programa historiográfico y museológico,
cuya finalidad es reconstruir la tradición pedagógica disponible y ponerla en
interacción con los procesos formativos de construcción de sentido en las
acciones culturales. Así se concibió el centro desde el primer proyecto
presentado, en 2004, al Programa Leader de la Unión Europea, que ha apoyado
22
la puesta en marcha de esta iniciativa en todo lo relativo a la dotación de
infraestructuras, servicios y medios.
Junto al enfoque anteriormente reseñado, el CEINCE se concibe
asimismo como un centro de estudios orientado a la interpretación y análisis de
las tendencias emergentes que pueden observarse en los sistemas educativos de
nuestro tiempo, y de las prolongaciones que estas emiten hacia el futuro en la
sociedad del conocimiento e intercultural.
Las dos dimensiones señaladas aparecen vinculadas en el diseño del
nuevo centro. La reconstrucción del patrimonio de las instituciones y la
creación de centros de memoria se justifica y legitima si se plantea desde las
expectativas de futuro de las comunidades que impulsan estos proyectos
culturales, y no sólo desde supuestos ritualizadores y conservacionistas del
pasado. Se recupera la memoria porque el futuro, desde los nuevos enfoques
culturales, reclama necesariamente la tradición. Sabemos en verdad quienes
somos, y tal vez hacia dónde nos dirigimos, porque recordamos, esto es, porque
poseemos memoria. Construimos en parte nuestra cultura escribiendo y
borrando, como en los juegos de arena, los contenidos del recuerdo. En estos
juegos salvamos los bienes y valores que han pasado a formar parte de nuestro
patrimonio, un capital que toda cultura considera inalienable para no poner en
riesgo no ya la simple salvaguarda de las cosas, sino su misma identidad. Más
allá de la llamada historia anticuaria de la que habló Nietzche, nos importa el
desvelamiento de las huellas culturales impresas en los objetos en que se
materializa el patrimonio de la educación y el descifrado del valor de las señales
que exhiben los bienes culturales para orientar la construcción de sentido que
demanda toda estrategia de investigación y cambio.
El futuro de la escuela, respecto al cual el CEINCE se constituye en
observatorio y centro de interpretación, se intuye prioritariamente como
23
apertura y creación, pero se escribe o diseña desde el ethos estructurante de la
memoria. Precisamente por ello, el patrimonio material e intangible de la
escuela, que es un valor no sólo personal sino también público, ha de ser
preservado, investigado y difundido. Y justamente por ello el CEINCE se
perfila como centro de innovación y de investigaciones históricas, esto es, como
un instituto superior de análisis e interpretación de expectativas culturales en la
sociedad del conocimiento y como un centro de memoria de la educación en
sus relaciones con los problemas y atributos de la cultura y de las realidades de
nuestro tiempo.
El Centro Internacional de la Cultura Escolar se encuentra ahora
finalizando su séptimo año de funcionamiento. A lo largo de estos cursos ha
ampliado extraordinariamente sus relaciones con diversos círculos de
investigación histórico-educativa, nacionales e internacionales. El número de
convenios firmados alcanza en la actualidad la cifra de 17 y el número de países
de procedencia de los investigadores que nos han visitado y llevado a cabo
estancias de trabajo llega ya a 46 (de los cinco continentes, podemos afirmar
ahora que hemos contado con la visita de dos profesores australianos). La
relación de estancias que se ofrece al final de este informe da idea de la
diversidad de orígenes de los estudiosos que llegan a Berlanga, además de la
pluralidad de temas que abordan en sus investigaciones. La red de conexiones
que se está tejiendo en estos contactos es sin duda uno de los valores más
estimados por quienes nos sentimos involucrados en esta experiencia de
circulación de conocimientos y personas en torno a la cultura de la escuela y el
patrimonio histórico de la educación.
24
Estructura del CEINCE
Estas son, entre otras, las líneas básicas de investigación que orientan las
acciones prioritarias que se desarrollan en el nuevo centro. Desde las
expectativas que generan estas cuestiones se consulta a la memoria,
materializada en el patrimonio de textos, objetos, imágenes y voces que nos
llegan del pasado y nos colocan en la senda de las tradiciones en las que, si bien
sea críticamente, hemos de instalarnos.
25
2. Memoria de la Escuela y Patrimonio Educativo.
26
referencia sobre manualística con proyección en los ámbitos nacional e
internacional.
Ámbitos de actividad
27
- Estancias de investigación y asesoramiento en consultas in situ y a
distancia sobre los campos temáticos y documentales que cubre el
Centro. Al final de este trabajo se ofrece una relación de temas
investigados, profesores que han llevado a cabo estancias en el centro
y procedencia académica y geográfica de estos. Este listado da idea de
la red de relaciones que se ha generado desde el CEINCE con
diferentes países, personas y círculos académicos.
28
torno a cuestiones relevantes de las áreas en que se estructura la
cultura de la escuela como campo intelectual y académico. Las
memorias anuales colgadas en la web del CEINCE (www.ceience.eu)
dan cuenta detallada de todas estas acciones.
30
Todo lo anterior quiere poner de relieve que el Proyecto CEINCE va
más allá de los horizontes académicos que los profesionales de la historia de la
escuela debemos atender dentro de nuestra lógica gremial, en virtud de que su
programa se ordena a cubrir objetivos más generales y desinteresados que
tienen que ver con el desenvolvimiento de la comunidad, a cuyo fin se ordena
esta política activa de cuidado de un específico y relevante sector de nuestro
patrimonio cultural.
31
La provincia de Soria, un ámbito que apenas supera los nueve habitantes
por kilómetro cuadrado, se viene postulando desde hace ya algunos años como
posible sede del organismo mundial de las Naciones Unidas para el desarrollo
sostenible. El CEINCE arraiga en este contexto como una muestra de las
posibilidades que ofrece el patrimonio cultural, material e intangible, gestionado
desde los criterios de la nueva sociedad del conocimiento, como un
instrumento de desenvolvimiento endógeno y como una mediación ordenada al
fomento de los valores ciudadanos que pueden implementar la nueva estrategia.
A lo largo de los últimos años hemos participado, desde la Universidad
de Valladolid y desde el mismo CEINCE, en colaboración con varios países
europeos (Alemania, Francia, Portugal y España) y latinoamericanos (Brasil,
Argentina y Costa Rica), en un programa Alfa Europa-América Latina de
investigación sobre el tema, liderado por la Universidad de Campinas, que ha
cubierto su primera etapa en octubre de 2007 precisamente en nuestra sede, en
Berlanga. El proyecto ha dado origen a varias publicaciones colectivas que
recogen los trabajos más significativos del grupo: Educación superior y
desarrollo sostenible (Madrid, Biblioteca Nueva, 2006), Cambio educativo y
cultura de la sostenibilidad (Valencia, Tirant lo Blanch, 2007) y Educaçâo e
Conhecimento para um Futuro Sustentável, Campinas, Alínea, 2011).
Los anteriores estudios son al tiempo un buen ejemplo de la
armonización de las instancias prácticas del desarrollo y las que afectan a los
supuestos históricos y epistémicos de los modelos sostenibles. En su dimensión
historiográfica, que se asocia a planteamientos como los derivados del
protoecologismo de Jean-Jacques Rousseau y de los krausistas españoles del
XIX, se ilustra la tesis de que los discursos y las prácticas a favor de una nueva
relación hombre-naturaleza tienen ya una importante tradición y no son modas
diletantes de la posmodernidad. Igualmente se muestra cómo los modelos
32
teóricos del llamado por Edgar Morin pensamiento ecologizante tienen un
importante potencial sistémico y hermenéutico para la comprensión de las
estrategias de sostenibilidad y sus resultados efectuales en el mundo actual.
Desde la perspectiva de la práctica educativa, las investigaciones del
CEINCE están poniendo de manifiesto que el nuevo paradigma de la
sostenibilidad provoca un giro estructural en toda la cultura empírica de la
escuela, en los escenarios en que se desenvuelve la formación, en los tiempos y
ritmos que regulan los procesos de enseñanza, en el habitus societario y
corporativo de los profesores, en los comportamientos de los alumnos, en los
contenidos de los curricula y en los modos de gestionar la ecología de las aulas.
El CEINCE es, en relación a todo lo anterior, un observatorio crítico de
estos cambios y una agencia de las propuestas que se formulan para afrontar la
innovación con racionalidad, y desde la memoria, en contextos reales diversos y
complejos.
Referências Bibliográficas 1
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nacional en textos belgas UVA/Campus de
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del siglo XX)
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Hispánica en manuales Eva Rocío Martín Rosso España
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Clara Revuelta Guerrero España
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UNED-Madrid España
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de las personas adultas en Eva García Redondo España
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CyL
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Carolina Kaufmann Argentina
de memoria cultural Entre Ríos
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El dibujo en la escuela
Miguel A. Calleja Valladolid- España
(textos y materiales)
Campus de Soria
Lecciones de cosas Universidad
(manuales siglos XIX- Kasumi Munakata Católica de Sâo Brasil
XX) Paulo
Saberes y prácticas sobre Universidad
Marcus A. Taborda Brasil
el cuerpo en textos Federal de Paraná
Producción editorial de la Universidad de
Pilar Alonso España
Casa Santiago Rodríguez Burgos
Universidad de
Escenografías de lectura Paula R. Sprelburd Argentina
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Francisco J. Rojas Nacional de Costa Costa Rica
docente
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Universidad
Urbanidad, civilidad e
Pedagógica
identidad nacional en Rosalía Menéndez México
Nacional de
manuales
México
Universidad
Pedagógica
Análisis del discurso en María Elena del Valle
Experimental Venezuela
textos de historia Mejías
Libertador de
Caracas
Centros de
Biblioteca del
Documentación para Mabel Kolesas Argentina
Docente
Profesores
Libros para niños. Guerra Universidad Paris
Karine Lapeyre Francia
Civil IV, La Sorbona
El libro escolar como Antonio Franco Universidad de
España
soporte y transmisor de Carrasco Sevilla
36
los valores
37
Los manuales de Universidad
geografía del siglo XIX y Carlos Capistrán López Autónoma de México
comienzos del XX Morelos
Manuales de higiene
Universidad de
escolar. Entresiglos Heloisa Pimienta Rocha Brasil
Campinas
XIX-XX
Universidad de
Textos para la enseñanza
Lucas Redondo Bonet Bellas Artes de Japón
artística en la escuela
Tokio
Materiales escolares sobre Universidad de
Isabel Carrillo España
educación en valores Vic
Universidad
Desarrollos conceptuales
María Yaneth Nacional de Panamá
en textos de biología
Panamá
Universidad
Tratamiento digital de
Jesús Jiménez Puello Nacional de Panamá
textos didácticos
Panamá
La construcción Universidad
disciplinar de las ciencias Marcia R. Takeuchi Católica de Sao Brasil
naturales en los textos Paulo
Municipio de
Literatura y Tercera Edad Virginia Alba México
Toluca
Educación y trabajo en Universidad de
Mª Luz Ayuso Argentina
los textos escolares Buenos Aires
Libros de Universidades
Ricardo Zafrilla IES Albacete España
Laborales
Libros escolares de viajes Juan González Ruiz Muesca-Cantabria España
Circulación internacional Universidad
Graciela María Carbone Argentina
de modelos textuales Nacional de Luján
Memoria del tiempo Universidad de
Carolina Kaufmann Argentina
presente en manuales Entre Ríos
Imaginario social en UNED-MANES-
Kira Mahamud España
libros de posguerra Madrid
Libros de lectura para Universidad de
Ana Sebastián Vicente España
adultos neolectores Murcia
Manuales orgánicos de la UNED-MANES,
Miguel Somoza España
escuela nacional-católica Madrid
Iconografía en libros UNED-MANES,
Ana Badanelli España
escolares de posguerra Madrid
Materiales de Universidad
Manila Franzini Italia
alfabetización en países Católica de Milán
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de América Latina
Universidad de
Manuales de Ciudadanía Erika González García España
Granada
Universidad de
Canon literario en textos Antonia Mª Mora Luna España
Granada
Universidad de
Libros de lectura de la
Eloisa Santos Recuero Castilla- La España
República
Mancha, CEPLI
Competencias
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interculturales en Raquel Borrero López España
Extremadura
manuales
Valores en libros de Carmen Ramos Universidad de
España
urbanidad Hernando Alicante
Sostenibilidad en
Universidad de
manuales del Pilar Martínez Agut España
Valencia
protoecologismo
Universidad de
Enseñanza de la liturgia
Silvia Puppo Valladolid, España
en la escuela
Campus de Soria
Imagen de España en los Universidad
manuales escolares Denis Rodrigues Rennes II-Haute France
franceses Bretagne
Universidad de
Alfabetización
Javier de la Fuente León Valladolid, España
matemática
Campus de Soria
Facultad de
Introducción de la lengua Traducción e
Sheila Daroca España
inglesa en secundaria Interpretación,
Campus de Soria
Universidad de
Incidencia en los
Humboldt-Berlín
manuales de las Pablo Postigo Olson España
y Universidad de
corrientes lingüísticas
Salamanca
Recepción en España y Universidad do
Gladys M. Ghizoni
Brasil de la pedagogía Estado de Santa Brasil
Teive
pestalozziana Catarina
Radioactividad y energía Instituto
José María González
nuclear en los manuales Francisco Salinas, España
Clouté
escolares Salamanca
Manuales de Maria Helena Cámara Universidad
Brasil
Pedagogía/Historia de la Bastos Pontificia de Río
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Pedagogía de escuelas Grande do Sul,
normales, 1850-1950 Portalegre
Documentación Universidad de
manualística y literatura Rossela Andreassi Molise, Italia
para la infancia Campobasso
Universidad de
El género como
Sarah J. Alves Durâes Montes Claros, Brasil
transversal en los textos
Minas Gerâes
Organización documental Universidad de
y museográfica del campo Alberto Barausse Molise, Italia
de la manualística Campobasso
Universidad
Infancia en contenidos
Autónoma
textuales de los manuales Norma Ramos Escobar México
Metropolitana de
mexicanos y españoles
México
Facultad
Latinoamericana
Lector implícito en
de Ciencias
manuales del género Nancy Romero Argentina
Sociales-FLACSO
enciclopedia
y Universidad de
San Andrés
Coordinadora del
Lenguajes y métodos Proyecto “Museo
Claudia Ximena Herrera Colombia
expositivos en manuales Pedagógico
Colombiano”
Infancia y maternidad.
Modelos en manuales Maria das Graças Sandi Universidad de
Brasil
escolares y libros para Magalhâes Campinas
madres (1920-1950)
Circulación de modelos
España-Italia-Brasil a Luciane Sgarbi Universidad de
Brasil
través de los textos Grazziotin Caixas do Sul
escolares, 1935-1947
Imágenes de las Islas
Universidad de las
Baleares en manuales Xavier Motilla Salas España
Islas Baleares
(comienzos siglo XX)
El editor Miguel Porcel y
IES de Inca,
Riera. Producción de Pedro Payeras Coll España
Mallorca
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Configuración de
María Bermúdez Educación de
cánones literarios España
Martínez Ceuta,
español-iberoamericano
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Granada
Hermenéutica de textos Universidad de
Pablo García Castillo España
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Identidades nacionales en Kátia Gardênia Federal de Minas
Brasil
perspectiva comparada Henrique da Rocha Gerais, Bello
Horizonte
Literatura escolar de Universidad de
José A. Fortes España
posguerra Granada
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Diseño en textos
Glaucia Mª Costa Estadual Santana Brasil
escolares
de Bahía
Textos literarios e Universidad de
Julia Lang Francia
históricos e hispanismo Estrasburgo
Literatura escolar en la IES de Guadix-
Susana Pedraza Picón España
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Representaciones del
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franquismo en manuales. Sandra Delepaut Francia
Nanterre-Paris X
Etapa democrática
El manual integral Pedro Córdoba Pinilla Madrid España
Universidad
Manuales de la editorial
Miguel A. Gómez Politécnica de Colombia
Bruño
Pereira
Universidad
Transposición didáctica Mª Victoria Alzate
Tecnológica de Colombia
en manuales Piedrahita
Pereira
Textos de Sección
Josefina Méndez UNED-Denia España
Femenina
Universidad
Manuales de Ciencias
Diana Mª Farias Nacional de Colombia
Sociales y curriculum
Colombia
Universidad
Textos y curriculum de
Ivaine Mª Tonini Federal Río Brasil
Geografía
Grande do Sul
Universidades de
Estructuralismo en
Pablo Postigo Olson Salamanca y España
manuales de lengua
Humboldt-Berlín
Universidad
Textos de educación de la
María Poveda Complutense de España
mujer
Madrid
Educación sentimental en
Kira Mahamud UNED-Madrid España
textos de posguerra
41
Consenso-conflicto en
manuales de CC Sociales, Cecilia Milito UNED-Madrid España
1970-1990
Manuales de campañas de Colegio
Carlos Escalante México
alfabetización Mexiquense
Representaciones Universidad
textuales de prácticas Ilsa do Carmo Vieira Estadual de Brasil
lectoras Campinas
Manuales de
Universidad de
matemáticas. Series Modesto Sierra Vázquez España
Salamanca
Dalmáu
Narraciones en literatura Piedad Cornejo Biblioteca JCyL
España
infantil Rodríguez Salamanca
Universidad de
Competencias lingüísticas Salamanca y España/Alema
Pablo Postigo Olsson
en manuales de la ESO Humboldt de nia
Berlín
Fundaçâo Ciencia
Libros en instituciones de
Filomena Bandeira e Tecnologia - Portugal
menores
Lisboa
Manuales y museografía Inspección de
Luisa Janeirinho Portugal
de la escuela Enseñanza/Lisboa
Manuales escolares en Inspección de
Luisa Janeirinho Portugal
Cabo Verde Educación, Lisboa
Manuales y Patrimonio Cámara Municipal
María Dores Correia Portugal
en Educación. de Évora
Becaria Fundaçâo
Instituciones tutelares de para Ciencia e
Filomena Bandeira Portugal
menores Tecnología de
Portugal
Educación, textos y Universidad de
Adolfo Ramos Brasil
sostenibilidad Bulmeneau
Universidad del
Textos como objetos Vera Lucía Gaspar da
Estado de Santa Brasil
materiales de la escuela Silva
Catarina
Memoria de la Escuela en Universidad de
Teresa Santos Portugal
el Sur de Portugal Évora
Usos del patrimonio Cámara Municipal
María Dores Correia Portugal
histórico-cultural de Évora
43
Manuales de nuestro
Periodista,
tiempo en perspectiva Inés García Albi España
Barcelona
histórica
Fuentes para la historia
Universidad de
de la educación en la Águeda Rodríguez Cruz España
Salamanca
América
Universidad
Modelos de ecotonos y
Alfredo Blanco Andray Politécnica de España
desarrollo sostenible
Madrid
Espacios, tiempos y Universidad
rituales escolares en Pilar Hevia Católica de Chile
manuales Santiago de Chile
Universidad de
Educación sexual infancia Jean Louis Guereña Francia
Tours
Textos y cultura material Universidad de
Mª Cristina Menezes Brasil
de la escuela Campinas
Ergonomía escolar y Jacqueline Becerra
Colegio Goiania Brasil
corporalidad Cunha
Cambios en la cultura
Carlos Manuel Sánchez Periodista, Murcia España
escolar y en los manuales
Historia de protección a
Universidad de
la infancia. Imágenes en Marina Núñez Gil España
Sevilla
textos
Representaciones de la Verónica Andrea Universidad de
Argentina
escuela en manuales Toranzo Buenos Aires
Editora infantil,
Libros para neolectores Esther Rubio España
Madrid
Lecturas escolares (fondo
Vera Kohls Librera. Lubeck Alemania
alemán)
Manuales y memoria Profesora
Alena Novitawa Bielorrusia
nacional primaria de Minks
Universidad de
Discursos sobre la lectura Carolina Tossi Argentina
Buenos Aires
Construcción textual de Universidad de A
Xosé M. Malheiro España
la idea de nación Coruña
Universidad
Manuales de educación
Sara Zaritzky Hebrea de Israel
infantil
Jerusalen
Universidad
Manuales de Estado Elizer Ixba Pedagógica México
Nacional
Representaciones del Universidad Mar
Pablo Sharagrostky Argentina
cuerpo en libros de del Plata
44
educación
Ediciones españolas de
Universidad de
Juanito de L. A. Luca Rossi Italia
Ferrara
Parraviccini
Imágenes en manuales de Universidad de
Juan Luis Rubio Mayoral España
material científico Sevilla
Canon literario y Antonia María Mora Universidad de
España
democracia Luna Granada
España como nación y
Universidad de
canon literario en España Martina Clemen Alemania
Götinga
contemporánea
Universidad
Libros circulantes en
Gabriel Scagliola Nacional de Uruguay
Misiones Pedagógicas
Montevideo
Universidad de
Hermenéutica del texto Anita Gramigna Italia
Ferrara
Textos de exiliados en Colegio
Alicia Civera Carracedo México
México Mexiquense
Inspección
Imagen del cuerpo en
Clara Marques Nacional de Cabo Verde
manuales
Educación
Patrimonio Cultural Adam Lowe Factum Art Madrid
Métrica de la inteligencia Ana Isable Romero Servicios Salud
Madrid
infantil Hidalgo Mental
Universidad
Imágenes de espacios
Rivania Kalid Duarte Católica Pontificia Brasil
infantiles en manuales
de Sao Paulo
Manuales de educación Universidad de
Peter Sawa Australia
musical Melbourne
Textos República-
Marta Carrión Vidal UNED España
Posguerra
Quijotes escolares Miguel Ángel Mendo Escritor Madrid
Universidad
Memoria y manuales Yalin Li R. P. China
Quing Pao
Imágenes de Baleares en
Universidad Islas
textos modernos de Xavier Motilla España
Baleares
primaria
Manuales editados Universidad de
Juan A. Gómez Naranjo España
durante la guerra civil Málaga
Universidad
Construcción de modelos
Pablo A. Toro Blanco Católica de Chile
de juventud en los textos
Santiago
45
Folc-educación. Aspectos Bárbara de las Heras Universidad de
España
textuales Monastero Sevilla
46
Edificio histórico del CEINCE en Berlanga de Duero, Soria, España. Casa-palacio del
siglo XVI. En este inmueble se muestran los espacios museográficos (exposiciones) y
algunas colecciones del fondo patrimonial.
Modellig the Future. Obra cordinada por M. Lawn, editada en colaboración con
Symosium Books de Oxford en 2009, que recoge los textos presentados en el Coloquio
Internacional “Exhibitions and the Materiality of Education”, celebrado en el CEINCE
en 2007.
47
Sesión del Seminario sobre la “Imagen de España en los manuales escolares”,
organizada por el CEINCE en colaboración con la Fundación José Ortega y Gasset.
1 El proyecto está a cargo de la Dra. Belinda Arteaga y del Mtro Sidharta Camargo.
Entre las experiencias más exitosas se encuentran las de los Estados de Monterrey,
Durango, Zacatecas y Veracruz.
51
los cataloga y los pone a disposición del investigador interesado. En general, las
cajas contienen reglamentos, cartas, oficios, nóminas, programas de festivales,
actas de examen, boletas de calificaciones, fotografías, programas de radio y
largas listas de inventarios que dan cuenta de las bibliotecas de estas
instituciones, sin embargo, en muy pocas ocasiones se han localizado
físicamente estos libros que formaron parte de la riqueza de estas instituciones
porque fueron producto de las discusiones de la elite pedagógica de una época,
la base en la que muchos profesores aprendieron los métodos para leer y
escribir, el desarrollo de una disciplina y en general, los saberes que había que
transmitir a una generación de estudiantes. Finalmente, resulta paradójico que
tratándose de una fuente valiosa, que ha sido reproducida y distribuida en miles
de ejemplares, se encuentra dispersa en bibliotecas generales, familiares,
escolares, librería de viejo y tiendas de antigüedades. Y es que, en general, los
libros escolares y de texto2, han sido considerados como un simple objeto de
consumo, que no resulta necesario conservar indefinidamente y en
consecuencia se desecha con mucha facilidad3.
Es en el marco de estas preocupaciones que se encuentra mi interés por
organizar una exposición virtual de libros escolares que en un futuro pueda
55
educación superior del país, quienes se habían comprometido con una serie de
proyectos colectivos, como la realización de un seminario mensual, la búsqueda
y reproducción de libros de texto así como la preparación de algunos capítulos
para su publicación. Hasta hoy, se han publicado dos libros orientados hacia
temas como la lectura y sus lectores, el desarrollo de las disciplinas escolares
durante los siglos XIX y XX en México y los autores y sus obras7. En este
espacio nos propusimos reflexionar en torno a una serie de preocupaciones,
que en general se resumían en la necesidad de:
a) identificar las innovaciones que plantearon los libros
b) abordar el desarrollo de la disciplina
c) señalar la normativa de su establecimiento
d) comparar los modelos educativos
e) conocer la identidad de los autores y sus destinatarios
f) establecer los vínculos de las casas de edición mexicanas con las
extranjeras
Nos interesa entonces crear una exposición virtual sobre libros de texto
porque no es sólo un elemento material del ajuar de los maestros y alumno,
sino la representación concreta de todo un modo de concebir y practicar la
enseñanza. Su textualidad, “…constituye una forma de escritura que expresa
teorías pedagógicas implícitas y patrones de comunicación que conforman un
microsistema instructivo completo y en parte autónomo…(donde) el usuario
7 Castañeda Carmen, Galván Luz Elena y Martínez Moctezuma Lucía (2004); Galván
Luz Elena y Martinez Moctezuma Lucía (2010).
56
puede descubrir…los valores, los contenidos y los métodos que informan las
intenciones y las estructuras de las prácticas educativas”8.
c) integrar, con estos registros, una exposición virtual que se subirá al portal
de la UAEM
58
- Fondo Reservado de la Escuela Nacional de Maestros
- Fondo Reservado de la Universidad Pedagógica Nacional.Ajusco
- Biblioteca México
9 Consúltese el instrumento de trabajo que hemos elaborado, Guía del Archivo Histórico
de la Secretaría de Educación Pública. Dirección de Educación Primaria en los Estados y
Territorios. Serie Escuelas Rurales Federales del Estado de Morelos, 1921-1979.
59
los diferentes campos de la ficha. No se trata de una ficha bibliográfica
convencional pues incluye una serie de campos que permiten recuperar
información en relación con distintas cuestiones de interés para el investigador
especializado en la historia de la cultura escolar. La ficha recoge informaciones
relativas a las características materiales, de contenido, pedagógicas, por autores,
editoriales etc. dando cuenta además de la localización de cada uno de los libros
para facilitar al investigador su consulta en las diversas bibliotecas o colecciones
censadas.
Con la información recabada nuestra exposición podrá convertirse en
una Exposición virtual, que será incluida en el Servidor WEB de la UAEM.
Con esto se creará un centro de documentación virtual donde el investigador
interesado en el estudio de los manuales escolares podrá acudir de manera
inmediata, para localizar fuentes primarias y secundarias. Se trata no de poner
disposición de los lectores una serie de textos o materiales escritos, sino crear
un museo virtual para conservar y exponer objetos10.
Nuestra documentación incluirá información a nivel internacional,
nacional y estatal. La primera se trabajará sobre la base de la que se elaboró en
el seminario interinstitucional que coordina la Dra. Luz Elena Galván del
CIESAS y que fue remitida a la base de datos MANES en la UNED, como
parte de los compromisos establecidos con el proyecto ALFA y que se ha
seguido alimentando para nuestro servicio. La segunda, corresponde a las
publicaciones morelenses que se reunirán con el apoyo de este proyecto y se
constituirá por primera vez.
Sabemos que a
semejanza de la exposición
resguardada por MANES,
la nuestra se encuentra
también entre la definición
de un archivo digital y un
museo virtual, por esto su
objetivo primordial será el
de servir de herramienta
para la investigación donde el libro escolar, y toda la información que esto
conlleva estará a disposición del interesado en este campo. La imagen muestra
el espacio físico que ocupa actualmente un estante de la biblioteca; los textos,
una vez escaneados, pasarán a formar parte de la biblioteca general del Instituto
de Ciencias de la Educación.
61
4 - El trabajo con las fuentes: a manera de ejemplo
11 Casos como el de Argentina, Brasil y Costa Rica son buen ejemplo del dinamismo de
este campo de estudio. Como ejemplo dos trabajos de un mismo autor, que servirán
como modelo de análisis para investigaciones futuras. Molina Jiménez Iván (1995) El
que quiera divertirse. Libros y sociedad en Costa Rica (1750-1940). Costa Rica: Ediciones de
la Universidad Nacional. Colección Nueva Historia. Molina Jiménez Iván y Palmer
Steven (2003) Educando a Costa Rica. Alfabetización popular, formación docente y género
(1880-1959). Costa Rica: Editorial Universidad Estatal a Distancia.
62
cuentos, narraciones, fábulas, cartas y otros, que atendían al currículo escolar. A
partir de entonces se publicaron una serie de obras que iban dirigidas a la
formación tanto del alumno como del maestro. Para elegir los más adecuados,
se crearon comisiones dictaminadoras que evaluaron los trabajos emprendidos
de manera individual pero también a instancia de las editoriales que buscaban
satisfacer un mercado en plena desenvolvimiento. Se escribieron libros de
lectura pero también de otras disciplinas, que abordaron diversos temas, como
el de la higiene que nos servirá como eje para mostrar algunos ejemplos en el
siguiente apartado.
63
Imagen.- portadas del 1º y 2º libro de Lectura de la Editorial Silver, Burdett and Comapany
64
como el alimento: el provecho no está en la proporción sino en lo que se
digiere. Por esto se seleccionaban trozos de poesía que ejercitaban la memoria y
despertaban los sentimientos. Se incluía una breve referencia a la vida cívica y a
la forma de gobierno de los Estados Unidos, “considerado como uno de los
mejores modelos de la democracia en acción “(Macdermott y Fernández
Juncos, 1902: prefacio y p.22)
Una lección escrita por el pedagogo español, Pedro Alcántara García,
mostraba como la madre naturaleza daba al hombre la cantera de sus piedras, la
madera de sus bosques y el metal de sus minas, necesarios para la construcción
de sus viviendas, coches y ferrocarriles. Con los animales que poblaban la tierra,
el agua y el aire se atendían a la alimentación, por esto había que tener amor y
respeto por ella. La Naturaleza representaba un libro abierto que abría sus
páginas a todo aquel que quisiera saber, representaba un “manantial perenne…
de emociones…puras y deleitables”. Era menester entonces conocer a la
naturaleza y estudiar sus fenómenos, “con el corazón y con los ojos de la
inteligencia”, de un niño capaz de pasear, jugar en el campo, subir las montañas,
visitar la orilla de los ríos y las costas del mar, bajar los valles y penetrar en los
bosques,. A los árboles, las plantas y los animales había que respetar y cuidar,
con esto ganaría nuestra cultura moral.
65
Uno de los textos que mayor aceptación tuvo entre los futuros
profesores normalistas fue la Cartilla de higiene, del Dr. Luis E. Ruiz, que fue
patrocinado por la Academia Nacional de
Medicina. Escrita como una cartilla con apartados
numerados que apuntan a la aplicación de
conocimientos que habían sido adquiridos en los
tres primeros grados de la formación de la escuela
primaria. El texto se estructura en campos que
atienden a una serie de temas de física (fuerza,
calor, electricidad y luz); de química (cuerpos
simples como el oxígeno y el cloro; de compuestos
como el agua, y el aire, ácidos, sales); de
meteorología (los vientos, la lluvia y los cambios térmicos); y de historia natural
(los vegetales, los animales vertebrados, los insectos y los parásitos). El capítulo
IV está dedicado específicamente a las reglas higiénicas que debían seguirse para
evitar las enfermedades, donde el aseo y el régimen alimenticio eran la base y la
garantía de la vida, por esto era primordial cumplir los preceptos higiénicos para
evitar la enfermedad con todos sus horrores. Como primer deber debía practicarse el
aseo en el vestido, los alimentos y la habitación. Al levantarse había que asearse
con agua y jabón, limpiar las uñas y recortarlas si era necesario. Semanalmente
66
tomar un baño completo y si era posible, tomarlo diariamente con una esponja
y agua fría.
67
Conservar la salud era como el perfume de la existencia porque representaba la base
para trabajar con provecho y seguir disfrutando.
69
grasosos y condimentados. Si había que consumirlos era mejor reservarlos para
los días festivos. No había que excederse pero tampoco limitarse; comer
normalmente conforme a las necesidades del organismo. La bebida ocupaba un
lugar importante en el cuerpo, pues se requería para su nutrición y
conservación: el agua, la leche, los refrescos de frutas naturales, el café y el té
aunque en poca cantidad, porque estimulaban al organismo. El té de tila,
yerbabuena, manzanilla y el de china, combatían las enfermedades mientras que
otras, como el alcohol, excitaban y provocaban reacciones violentas.
71
Portada y contraportada de La Tierra. Geografía Elemental, Daniel Delgadillo, 1907.
En el subcapítulo
sobre la tierra denominado,
“Los vegetales, los animales
y el hombre, se describía la
semejanza del hombre con
las plantas y los animales,
vista su desigual
distribución en la superficie
terrestre. Aunque el clima
era una de las causas de desigualdad, no era la única, pues el hombre era capaz
de soportar las variaciones de temperatura y los cambios del clima, a causa de
su “ingeniosidad e industria para contrarrestar los efectos de la intemperie”
(habitación, vestido y otros). Además el hombre para su residencia, necesitaba
de un clima salubre, agua en abundancia y tierras sanas y fértiles, esto explicaba
porque la despoblación de regiones como las polares (Delgadillo, 1907: 17).
72
Una de las innovaciones más interesantes de este libro fue el uso de
mapas que, en un recuadro, dan una explicación de conjunto. En el mapa que
ahora presentamos, señala la ubicación de nuestro País dentro del Continente
Americano. Una estrategia didáctica que por lo menos hasta mediados del siglo
XX no se popularizará.
Otros textos de Geografía publicaron mapas de la República Mexicana
que señalaban la riqueza hidrográfica del País. En general las lecciones incluían
una serie de actividades que estimulaban el uso de la memoria para copiar a
escala los mapas y señalar los ríos, lagunas y lagos. En el texto de Daniel
Delgadillo se remarca como los ríos mexicanos no eran aptos para la
navegación interior pero sí útiles para transformarse en luz y fuerza. (Delgadillo,
1924: 22-28)
73
Geografía-Atlas. Nuevo curso de geografía general y particular de México. FTD, 1912:9
75
regiones del país”, como el de Xochimilco, que proporciona, “cuanto necesitan
los intensos trabajos agrícolas…que de sus chinampas vive…el mismo lago da
además agua necesaria para la Capital…” (Noriega, 1913: 12).
Aunque desconocemos las condiciones que se establecían para editar una
obra, suponemos que en la lucha por ganar un mercado, el mismo título fue
editado por varias casas editoriales. Es el caso del Mantilla que apareció bajo
tres sellos diferentes: Bouret, Garnier Hnos y Murguía.
Referencias Bibliográficas
77
Libros de texto
78
DE LA IDEACIÓN A LA CONCRECIÓN DE UN
MUSEO PEDAGÓGICO VIRTUAL: LA EXPERIENCIA
MUSEOGRÁFICA DEL MUVIP
1 Distintos son los trabajos que conceptualizan la memoria como producto social, ya sea
en su vertiente performativa o formativa, destacando que la memoria es un concepto
receptor de ideologías que requiere ser sustentado desde la política, la historia y la
pedagogía para no devenir un espacio de enculturación y adoctrinamiento.
Recuperamos así aquellas palabras de advertencia de Nora, cuando señalaba que «Les
lieux de mémoire naissent et vivent du sentiment qu’il n’y a pas de mémoire spontanée,
qu’il faut crier des archives, qu’il faut maintenir des anniversaires, organiser des
79
inciden en la voluntad de recuperar voces diversas. Es así que, mediante la
evidente influencia de la historia cultural, la etnografía y la nueva museología, los
avances en este campo se han significado como retos, algunos de los cuales hoy
pueden ser planteados gracias a las posibilidades técnicas y de investigación
aparecidas recientemente. Recuperar las historias de vida paralelas a los discursos
oficiales, saber cómo vivían, pensaban y sentían las personas los conflictos
acaecidos durante el último siglo o poder investigar cómo se construían las
narrativas disciplinares es una posibilidad que hoy debemos plantearnos como
opción y como obligación desde la museología. Podemos constatar que este
planteamiento ya se está desarrollando en el ámbito de los museos pedagógicos
y educativos, convirtiéndose así en proyectos que religan la ética, la política y la
estética con la pedagogía (CARRILLO, COLLELLDEMONT, MARTÍ,
TORRENTS, 2011). Ello es factible por cuanto, en la actualidad, los museos han
devenido lugares de encuentros informacionales y de experiencias, lo cual implica
que el proyecto museístico, la creación de colecciones y la gestión de las mismas
se revise en función de la centralidad del visitante quien, ya no es solamente quién
visita al museo sino también quien participa en el mismo.
Es en este marco donde debemos situar la ideación, concreción y
evolución del MUVIP (Museo Universitario Virtual de Pedagogía). Un museo
que, como expresaba su lema inicial, buscaba ser:
célébrations, prononcer des élégies funèbres, notarié des actes, parce que ces
opérations ne sont pas naturelles.» (NORA, 1984, XXIV).
80
están realizando en las investigaciones elaboradas desde las universidades,
desde los centros educativos y desde los protagonistas de los cambios
educacionales y pedagógicos. Es, por lo tanto, una invitación a visualizar
las trayectorias de pensamiento y acción que se está escribiendo desde las
prácticas educativas.
2 El grupo inicial del MUVIP estaba compuesto por: Isabel Carrillo, Jacint Torrents, Jordi
Martí y Eulàlia Collelldemont.
81
comunidades modernas, estábamos convencidos de que promover la
recuperación tanto de las prácticas educativas particulares, como de los
fenómenos educativos y discursos, era uno de los hitos al cuál debían de
responder las pedagogías culturales.3 No en vano, desde la epistemología de esta
perspectiva se deriva la idea de pensar en la educación como expresión y proyecto
cultural. Esto es, como receptora u modelo de las formas de comprender, pensar
y hacer colectivas e individuales de una comunidad.
Visualizar la educación y la pedagogía desde la ejemplaridad de algunas
prácticas, propuestas y discursos fue, pues, el modo en que el grupo del MUVIP
concibió su práctica pedagógica. Para ello, se optó por impulsar un museo cuyo
objeto museal fuera el patrimonio educativo, entendiendo por el mismo:
3 Línea de pedagogía cultural desarrollada por grupos como el dirigido por Conrad
Vilanou en la Universidad de Barcelona o los trabajos impulsador por Ian Grosvenor
de la Universidad de Birmingham.
82
(legislaciones, proyectos políticos, etc.) que se han valorado como
significativos para la memoria pedagógica de un territorio. 4
En cuanto a responsabilidades:
3. ¿Revisar o evolucionar?
91
comunidad universitaria (estudiantes, profesorado y personal de administración
y servicios) participe más del museo.
Así, es nuestro deseo ampliar la participación de la comunidad
universitaria en la ideación y creación de las exposiciones del museo. En los
últimos tiempos hemos asistido a un incremento de la implicación del
profesorado de nuestra facultad en este terreno (sobre todo en el campo de
proponer ideas), lo cual nos ha permitido entender la riqueza que supone que
personas que no están involucradas en el proyecto de forma permanente aporten
sus propuestas y conocimientos. Es por esta razón que creemos necesario que
también los estudiantes y el profesorado del resto de facultades participen en
nuestro museo. Dicho programa estaría también abierto a la participación de
antiguos estudiantes que deseen mantener el contacto con la institución en la que
estudiaron.
En este sentido se está trabajando para crear un proyecto de voluntariado
en el que participen estudiantes de toda la universidad aportando sus
conocimientos y, al mismo tiempo, les sirva como experiencia formativa dentro
de su trayectoria educativa (CARBONELL, CARRILLO, 2008).14
14 Esta idea se desarrolló a partir de la entrevista realizada a Clare Mullet (Research and
Cultural Collections, Deputy Curator de la Universidad de Birmingham) en el marco
de la estancia de investigación realizada por Núria Padrós en esta universidad en 201.
Estancia financiada por la UVic (ref. 2012MOB015).
92
actividades dirigidas al público general de las dirigidas al público más
especializado. En cuanto al público en general, consideramos que han de
incrementarse acciones como las desarrolladas en el “Día de los museos”, en la
“Selección de la pieza anual” o la edición de los catálogos de los museos del
territorio. En cuanto al público especializado, inicialmente pensábamos en
comunicarnos con personas investigadoras del ámbito educativo, pero a raíz del
análisis de propuestas de museos universitarios ahora también creemos que
puede ser interesante ampliarlo a personas de otros campos, como por ejemplo,
artistas o activistas sociales, quienes, sin lugar a dudas, ofrecen una visión distinta
abriendo así la perspectiva museística.
93
educar las generaciones más jóvenes en la lógica histórica y en el uso formativo
de la memoria.
Uno de los elementos educativos que ya se están desarrollando mediante
trabajos de doctorado es la aplicación museística en el ámbito de la formación
universitaria de los docentes (ya sea en historia, en psicología, en pedagogía, etc.),
a modo y forma de las propuestas presentadas por OSSENBACH y SOMOZA
(2010)
Para concluir creemos que debemos avanzar didáctica, formal y
materialmente en la construcción de un museo pedagógico que ahonde en la
democratización participativa de la ciudadanía en todos los proyectos educativos
que son de nuestra responsabilidad.
Referencias Bibliográficas
94
OF MUSEUMS OF EDUCATION AND COLLECTIONS OF
SCHOOL HERITAGE, 2009. Rouen. En prensa.
NORA, P. (dir.). Les Lieux de Mémoire: La République. París: Gallimard, 1984.
Volumen 1.
OSSENBACH, G. y SOMOZA, M. Los museos pedagógicos virtuales y la
enseñanza de la historia de la educación. Posibilidades y desafíos. In:
RUIZ BERRIO, J. (Ed.) El patrimonio histórico-educativo. Su conservación y
estudio. Madrid: Biblioteca Nueva-Museo de Historia de la Educación
Manuel B. Cossío, 2010. Pág: 295-320.
RABAZAS, T. y RAMOS, S. Patrimonio histórico-educativo de España.
Museología y museografía. In: RUIZ BERRIO, J. (Ed.) El patrimonio histórico-
educativo. Su conservación y estudio. Madrid: Biblioteca Nueva-Museo de
Historia de la Educación Manuel B. Cossío, 2010. Pág: 169-200.
Documentos de Referencia
Webgrafia
95
96
INTERVENCIÓN DE UN ARCHIVO ESCOLAR EN
CHILE: ARCHIVO LICEO ABATE MOLINA DE
TALCA (1827)
Gestores y Coordinadores:
Rodrigo Sandoval
Pontificia Universidad Católica - Chile
Presentación
Este trabajo se dio en el marco del proyecto Anillo SOC-17, La educación ante el riesgo de
fragmentación social: ciudadanía, equidad e identidad nacional, Instituto de Historia de la
Pontificia Universidad Católica de Chile, 2007-2009.
97
liceos comprometidos con la conservación y difusión de su patrimonio
documental. A raíz de esta iniciativa dicho instituto crea el Programa Archivos
Escolares cuya primera intervención, realizada entre los años 2010 y 2011, es la
recuperación y organización del archivo histórico del liceo Abate Molina de
Talca, en la Región del Maule chilena.
98
completa intervención en el archivo del Liceo Abate Molina de Talca además del
censo de cada uno de estos establecimientos. Luego, en una segunda fase, el
proyecto propone construir un modelo didáctico para el sector curricular de
Historia, Geografía y Ciencias Sociales en base a la recuperación de estos archivos
escolares y el uso en aula de las fuentes documentales de cada establecimiento.
Además se busca evaluar el impacto de la metodología archivística en el
aprendizaje de habilidades de indagación histórica. La hipótesis es que la
experiencia de trabajo directo con documentos palpables mejora las habilidades
de indagación histórica y el rendimiento en el aprendizaje de la historia y las
ciencias sociales, lo que se refuerza cuando esas fuentes remiten a la historia
propia.
La recuperación y apertura de los archivos escolares contribuye a la
reconstrucción de la memoria local que define vínculos de identidad, en este caso
entre la comunidad escolar y la institución escuela. Se persigue impactar en un
eje fundamental de la educación pública como es la formación ciudadana que
implica precisamente, el conocimiento y la valoración por parte de los estudiantes
de las instituciones públicas y privadas, desde las más cercanas, como la escuela,
y vinculadas a su vida cotidiana, como un piso esencial para promover el respeto
y valoración de las instituciones del Estado, la vida en democracia y la
convivencia social. A su vez, incentiva el trabajo de la comunidad escolar en su
conjunto, contribuye al cuidado de su propio patrimonio y crea conciencia de
que a su vez es este un acervo nacional.
99
institucionalidad pública de los archivos en Chile es centralizada. La estructura
archivística nacional ha anulado los archivos históricos de las administraciones
regionales y locales cuyos fondos deben ser transferidos regularmente al Archivo
Nacional en Santiago, la capital. Esta transferencia documental de los
documentos oficiales de carácter histórico es reglada por el decreto fuerza de ley
5200 del Ministerio de Educación del año 1929 que crea, la hasta hoy existente,
Dirección de Bibliotecas, Archivos y Museos, Dibam, identificando la exclusiva
función cultural de estas unidades. Nula ha sido la actualización del cuerpo legal
que regula la institucionalidad archivística.
La ley 20285 de Transparencia y Acceso a la Información Pública,
promulgada en 2008, impulsa actualmente el desarrollo de los archivos en los
niveles centrales y locales de la administración pública. A tres años de su sanción,
se reconoce hoy una clave fundamental para la implementación de la ley: la
organización de los archivos en los órganos de la administración, la consolidación
de un sistema archivístico nacional, la actualización del marco legal que gobierna
la gestión documental y de archivos.
La política centralizadora del patrimonio documental de archivos ha
derivado en la inexistencia de una red de archivos públicos que pudiesen servir
de base para la organización de un Sistema Nacional de Archivos. En la
actualidad la vertebración archivística en el nivel regional es aún incipiente.
Ejemplo de ello es el escaso número de archivos regionales -dependientes de la
Subdirección del Archivo Nacional- consolidados: el Archivo Regional de la
Araucanía (ARA, 1998) y el Archivo Regional de Tarapacá (ART, 2001). 2
Se sumarían a ellos los anunciados archivos regionales de Magallanes, De Los Ríos y Los
Lagos, abarcando seis de las quince regiones que componen el país. En estos casos y en
el del Archivo de Tarapacá la creación de fondos documentales regionales obedece al
vínculo de la Dibam con instituciones de educación superior de la región.
100
En el nivel local las municipalidades han comenzado a implementar
archivos en niveles centrales de su administración e inclusive, se pueden observar
iniciativas de creación de archivos de carácter histórico en estas corporaciones.
101
Además de estos, una serie de escuelas públicas tanto de provincia como de la
capital.
La mayor parte de los bienes muebles declarados Monumento Histórico
se encuentran en la ciudad de Santiago, la capital, y se componen sobre todo de
objetos como muebles de oficina, cuadros, libros e instrumentos de pedagógicos
de ciencias. Escasos son los documentos de archivo declarados. Así por ejemplo,
en el caso del Liceo Javiera Carrera se incluyen solo cuatro tomos de libros de
clases y un libro de registro de exámenes, todos de fines del siglo XIX,
sumándose un libro de registros de compras de 1919. En el Liceo Barros
Borgoño se incluyen tres volúmenes de actas y oficios, entre 1898 y 1960,
mientras en el Internado Nacional Barros Arana se protege solo un libro de vida.
El mayor corpus documental declarado Monumento Histórico lo posee el
Instituto Nacional, primer establecimiento de educación secundaria chilena y
modelo referencial de cuantos liceos se crearon con posterioridad en Chile. Las
razones que justifican la declaratoria estipulan “que las valiosas colecciones que
alberga constituyen la memoria histórica del primer liceo de hombres de Chile,
conformada por los bienes muebles, libros, óleos, libros de matrículas,
certificados y otros documentos”. Junto a esto, enfatiza el prestigio de sus aulas
y las personalidades del quehacer político, social, intelectual, científico y artístico
que allí se educaron. Entre ellos, dieciocho presidentes de la República. Sin
embargo, el decreto de declaración respecto a sus libros de matrícula, certificados
y correspondencia desde 1813 a 1899, caracteriza su patrimonio, irrisoriamente,
como correspondiente a “6 estantes móviles”.3
Respecto del patrimonio documental escolar que este proyecto pretende
103
liceanos en competencias de ciencias sociales y educación cívica y la creación de
vínculos de aprendizaje a partir de lo patrimonial, entre otros.
Publicación derivada del proyecto Anillo SOC-17 “La Educación…”, op. cit.
104
devolver ese patrimonio a la sociedad.
El Archivo del Liceo Abate Molina es un caso emblemático en el ámbito
del patrimonio documental escolar regional dada su importancia y envergadura.
Es el primero que se abre a la comunidad desde el Programa de Archivos
Escolares y representa un modelo inédito y experimental de trabajo que pretende
replicarse en los otros archivos liceanos que cubre el programa. Contiene
documentación que permite aproximarse a problemas inéditos, hoy
indispensables en el campo de la historia de la educación. Los libros de matrículas
y de fichas escolares de los alumnos permiten estudiar el origen social de los
estudiantes a través de la ocupación de los padres y la movilidad social en un
tiempo largo. Los libros de clase abordan las prácticas pedagógicas concretas
pues contienen las materias estudiadas clase a clase. Mediante los libros de vida
pueden seguirse los comportamientos de los alumnos en esa misma práctica
pedagógica. La correspondencia del establecimiento comprende no solo los
vínculos con las autoridades centrales sino también con la comunidad local.
Finalmente, este archivo permite un estudio de caso para un siglo y medio desde
una perspectiva nueva que es la del propio establecimiento, tal como aparece en
el capítulo X, sobre liceo masculino, del Tomo II de la Historia de la Educación
en Chile.
En su fase inicial el Programa de Archivos Escolares ha realizado una
completa intervención enfocada en la recuperación, censo y organización del
archivo, además de la realización del censo de cada uno de los demás
establecimientos regionales que incluye el proyecto. En este sentido el equipo se
cumplió el primer objetivo cual era la necesidad de hallar fuentes primarias que
rebasaran el material oficial conservado en el Archivo Nacional y que fueron
guardadas por los propios establecimientos públicos. En paralelo, se inició un
proceso de vinculación y asociación entre el programa y los liceos seleccionados
105
cumpliéndose así el objetivo prioritario y fundamental de generar vínculos con
las comunidades escolares y docente y cooperar con el desarrollo de
competencias en el sector de Historia, Geografía y Ciencias Sociales, así como
con el fortalecimiento de la identidad docente. El énfasis hacia la construcción
de lazos con la comunidad deriva, en parte, del diagnóstico que la Comisión de
Formación Ciudadana convocada en 2004 por el Ministerio de Educación de
Chile emitió, determinando la necesidad de dotar a los profesores de una nueva
mirada a su propio quehacer y de la importancia que este ha tenido en el proceso
de modernización de la sociedad chilena.
En la experiencia han participado, además de la comunidad escolar –
directivos, docentes, estudiantes-, historiadores y archiveros. En pos de la
recuperación del patrimonio documental e iniciando, mediante la realización de
talleres y actividades, procesos de valorización patrimonial dentro de la
comunidad, se pretende incentivar la relación del archivo con el aula como con
la identidad docente y escolar. Asimismo, se busca que cada institución se haga
responsable de la gestión y comunicación de su patrimonio documental y se
desarrollen desde ellas reflexiones vinculadas a políticas de archivo. En este
sentido, el equipo ha detectado la necesidad de generar mecanismos que
estrechen la relación entre patrimonio y sociedad, ya que en el caso de los
establecimientos escolares chilenos hay una desvinculación entre lo conservado
y quienes conservan.
El modelo de intervención puede ser problematizado a la vez que presenta
ciertas claves que constituyen elementos básicos para la discusión de una nueva
ley de archivos en Chile. A partir de este caso particular se proyectan diversos
niveles de análisis de la relación del archivo con los investigadores y la docencia
escolar y universitaria, permitiendo abordar la situación de los archivos en las
instituciones públicas desde variables como el acceso, la descentralización del
106
patrimonio de los archivos, la enseñanza de la historia, el papel de los archiveros,
entre otras.
108
* Estantería deformada y volúmenes
109
* Documentos en el suelo
111
Audiovisual6
Visionar en
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=RT9zebZh13c&gl=C
L
112
administrativos, directivos y encargado de biblioteca.
Finalización de la instalación del nuevo espacio del Archivo Liceo Abate Molina de
Talca.
A modo de conclusión
115
116
MEMORIAS Y HUELLAS DEL PATRIMONIO:
INVESTIGACIÓN Y EXPOSICIÓN EN EL MUSEO
DE LAS ESCUELAS
Presentación
117
interactiva y participativa se ofrecen algunas claves de la génesis de la escuela
argentina, sus rupturas y continuidades desde el siglo XVII hasta la actualidad.
El foco del museo son los visitantes. Se plantea como una experiencia de
inmersión en espacios museográficos donde se recrean diversos momentos de
la historia social de la educación en el contexto de la historia en occidente,
hilvanados por el diseño conceptual de la exhibición permanente llamada Lo que
el borrador no se llevó…
El Museo de las Escuelas fue creciendo y aumentando el capital de su
acervo y se constituyó como un “museo de objetos y de ideas” en función de
los siguientes criterios de la Historia de la Educación y de la Educación en
Museos1:
119
información presentada, elegir la complejidad y profundidad de la
información que necesitan y desean en ese momento y se la apropien.
Presentar experiencias para resolver problemas, formular hipótesis,
clasificar, comparar elementos y fenómenos, verificar la veracidad o
falsedad de una información, emitir juicios críticos. Colocar puntos de
medida, desafío, controversia, recompensas y conciencia del propio
aprendizaje de los visitantes. Agregar la emoción a la experiencia de
aprendizaje (humor, eventos discrepantes, finales inciertos, interacción
con otros)
122
Guardar las huellas, conservar las memorias, construir la historia
125
"Cada mesa sirve para dos alumnos; el asiento con su respaldo está
adherido a la parte posterior de la mesa, sirviendo para la mesa delantera.
Esta conformación, entre otras ventajas, tiene la de acomodarse a las
áreas de todas dimensiones, y ofrece la comodidad del respaldo, de las
que hasta hoy carecen los niños en todas las escuelas públicas y privadas;
lo que les obliga a una postura incómoda, opuesta a su desarrollo físico y
a la conservación de la salud". (Cordero, 1968:111),
“Muchos son los detalles de una escuela, que reclaman la enérgica acción
del higienista de nuestra tierra, pero ninguno más importante que el
pupitre por lo que directamente interesa al niño. El pupitre es
precisamente uno de los factores principales de las varias afecciones que
contrae el niño en la escuelas [...].Estando el niño con el cuerpo inclinado
hacia adelante, tiene la cabeza y los ojos junto al libro, posición que
congestiona el cerebro y contribuye a determinar la miopía. Además un
hombro levantado constantemente por el defecto de la mesa, se hace y
permanece más alto que el otro, el pecho se hunde y las funciones de la
respiración y de la circulación sufren por la posición viciosa y
prolongada" (Lascano, 1896:435)
126
la prevención debía ejercerse no solo sobre la enfermedad física sino también
sobre la intelectual y "moral" del alumno:
"[...] además los bancos con capacidad para tres, cuatro o más alumnos,
son sumamente molestos para las entradas y salidas de los niños y no
permiten una buena vigilancia por parte del profesor. Han sido
sustituidos hoy por los modelos norte-americanos Pat-Fer y Andrew.
Bancos fijos para un solo alumno; de manera que cada niño queda
aislado de sus compañeros, formándose filas de un solo banco separados
por caminos de un metro, aproximadamente. Esta disposición facilita
mucho la vigilancia del profesor y no se hace cómplice, por lo menos del
fraude a que tan inclinados son los niños. Estos bancos se fijan bien en el
suelo mediante tornillos." (Senet, 1928:157)
127
Alrededor de 1920, las propuestas enmarcadas bajo el rótulo de Escuela
Nueva promovieron la creación de la mesa de tablero horizontal, en versiones
cuadradas, rectangulares, redondas u ovaladas, para cuatro, seis, u ocho plazas,
acompañadas de sillas corrientes. Se trata de muebles con mayores posibilidades
de articulación y desplazamiento, más acordes con las actividades propias de la
nueva educación centrada en el trabajo personal del alumno, el trabajo en
grupos, una mayor libertad de movimientos, la manipulación directa de objetos
y materiales, el traslado al aire libre, etcétera. No obstante hasta la década de
1960 el pupitre descrito por Senet siguió siendo el más utilizado.
128
Mouras y Castellano los más ganadores de la década con Dodge. Es a partir de
la actuación de Fangio y los Gálvez cuando comenzó la rivalidad entre Ford y
Chevrolet, rivalidad que todavía hace vibrar a sus respectivas hinchadas antes de
cada competencia con la expectativa que se genera desde la clasificación, las
series y la largada, con el duelo de los pilotos durante la carrera y el disfrute o el
sufrimiento después de la bandera a cuadros, con alegría o desazón según el
resultado en la pista y de quiénes subieron al podio. Emociones que no
quedaron fuera de algunas aulas como demuestran los grabados de los pupitres.
Haciendo referencia a la experiencia de esa rivalidad en los niños a la
hora de jugar con sus autitos Goldar escribe:
“En mitad del siglo, alentados por las victorias en el automovilismo y las
fotos de Fangio en Mundo Infantil, los varones preparaban sus coches
de carrera. Son autitos de plástico, réplica del Ford y del Chevrolet.
Remedan a los que utilizaban los hermanos Gálvez en turismo carretera.
Para aumentarles el peso se los rellenaba con plastilina o masilla; para
que corran mejor les adosaban una suspensión agrandando los orificios
de los ejes. Es de rigor cortarles los guardabarros para que sus ruedas
queden al aire. […] la competencia es en circuitos laberínticos, en medio
de la calzada o en el terreno.” (Goldar, 2006:58)
129
la clase de costura de las niñas y sierra para madera para el taller de carpintería
de los niños-, a las imágenes y textos que definían los roles y las funciones
sociales de género en los libros de lectura escolar, se sumaba la separación de
sexos a través de los juegos cuando las condiciones edilicias no se ajustaban a
los requerimientos antes mencionados –los aros, la mano caliente, la ronda, el
salto a la cuerda para unas; la mancha, el rango, el vigilante y el ladrón para
otros.
130
como juguetes, figuritas o cartas, golosinas, folletines o novelas rosa, teléfonos
celulares, etc.
Romper la regla de no escribir en los pupitres fue, y aún es, otro de los
mecanismos empleados por los alumnos para transgredir la norma. Podemos
pensar en ¿qué momento estos dos alumnos tuvieron la oportunidad de
tomarse el trabajo de labrar el banco las marcas de Ford y Chevrolet, qué
sucedió luego que el maestro o el profesor lo haya percibido, habrán recibido
algún castigo?
Reflexión final
Referencias Bibliográficas
133
GOLDAR, E. “Las muñecas y el balero, la timba y el villar” en Nivel Inicial:
Volumen 1 Juegos y Juguetes Narración y Biblioteca. Buenos Aires, Ministerio
de Educación Ciencia y Tecnología, 2006.
LASCANO, M. “Material escolar: el pupitre”, en El Monitor de la Educación
Común, N° 270. Buenos Aires. Consejo Nacional de Educación, 1896.
NADLER, JR: “Las condiciones de pupitres y bancos” en El Monitor de la
Educación Común N° 368, Buenos Aires, Consejo Nacional de Educación,
1903.
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argentino. Buenos Aires, Ed. Galerna, 1990.
SARLO, B. Una modernidad periférica: Buenos Aires 1920 y 1930. Buenos Aires.
Nueva Visión, 1988.
SENET, R. Pedagogía. Buenos Aires, Cabaut y Cía Editores, 1928.
134
ORGANIZAÇÃO DO ARQUIVO HISTÓRICO DO
LICEU DE HUMANIDADES DE CAMPOS: PORTAS
ABERTAS EM BUSCA DA DIVULGAÇÃO
135
praticados em interlocução com a ambiência política, intelectual e cultural
vigentes (GOODSON, 1995).
A análise das práticas implica numa tensão entre os aspectos macro
(sociedade) e micro (escola) que nos remete a duas orientações identificadas por
Magalhães (2004) na pesquisa sobre história da educação: a história das relações
da escola com a sociedade, seu papel social, suas influências e determinações e a
história da escola na sua singularidade, em suas características e relações
internas e suas práticas.
Esse processo de estudo e conservação da memória institucional e sua
cultura específica demandou maior atenção dos historiadores da educação nos
objetos-documentos-monumentos produzidos para e pela escola e tem provocado nos
últimos anos, em vários países, a criação de variados espaços, seja de pesquisa,
de exposição, de guarda e organização de acervos bibliográficos, de arquivos
escolares, bibliotecas particulares de professores e Centros de Memória para a
preservação de fontes escolares documentais, alguns dos quais sob a
responsabilidade de autores que formam parte desta coletânea.
Como lembra Moreno Martínez (2010),
No nosso caso particular, nos últimos dez anos nos dedicamos ao estudo
e preservação do patrimônio educacional, na linha de pesquisa História das
136
Instituições Educativas no Norte Fluminense (UENF)1, que tem estudado
historicamente algumas instituições, dentre as quais o Liceu de Humanidades de
Campos (LHC), objeto privilegiado deste texto.
Neste artigo nos propomos a descrever e problematizar parte do
percurso percorrido pelo Grupo de Pesquisa e Extensão, trajetória esta
composta por numerosos integrantes e sucessivos projetos que visam a
preservação da memória histórica educacional, a produção de estudos
científicos e a divulgação do patrimônio educativo. Especial atenção será dada
aos trabalhos desenvolvidos na última fase, relativos à divulgação do
patrimônio e à sensibilização da comunidade no sentido de evitar a destruição
do patrimônio histórico educativo, em razão da escassa atenção recebida por
parte do poder público.
142
documentos no arquivo histórico, extrapolando os limites do arquivo, e
estimulando a participação dos alunos da escola.
Dessa forma, foi realizado no ano de 2010 o projeto de Extensão: “Liceu
de Humanidades de Campos: preservar a memória, divulgar a cultura escolar e afirmar a
identidade na comunidade (escolar)”9 que, além da continuidade do trabalho de
organização das fontes e do estabelecimento de um plantão de atendimento no
Arquivo Histórico do LHC, executou, básicamente, quatro novas ações, com o
objetivo de conscientização da comunidade escolar acerca da importância da
preservação da memória do LHC.
1) Foram realizadas com alunos do 6° ano do Ensino Fundamental
“visitas guiadas” pelas instalações da escola: prédios atuais, prédio
histórico, Arquivo, com explicações sobre os espaços, construções,
usos e ocupações ao longo do tempo.
2) Com os alunos do 6° ano do Ensino Fundamental que, após a visita
guiada, interessaram-se por aprofundar esses conhecimentos sobre a
história da escola, também foi realizada a Oficina “Memória, História
e Preservação: elos da Identidade Cultural”.
Esta oficina foi organizada com diversas atividades que envolveram
explicações e relatos sobre a história da instituição; trabalho com
conceitos como memória, história e preservação, assim como
produção de desenhos, cartazes, fotografias livres e textos, que
demonstram o novo olhar desses alunos sobre sua escola. Estes
150
escolar no sentido de aprender do passado para poder imaginar uma nova
escola para o presente e o futuro.
Ao destacar a história de uma das mais antigas instituições do Estado do
Rio de Janeiro, como é o Liceu de Humanidades de Campos, não queremos
contribuir para a cristalização da ideia de que apenas as instituições com uma
longa história podem e precisam ser estudadas e seu patrimônio conservado.
Também não queremos induzir ao falso entendimento de que sem arquivos
escolares nem objetos “antigos” não se pode conhecer, estudar e escrever a
história de uma instituição.
Toda escola tem história e tem memória(s). Seja uma escola recém-
criada, seja uma centenária, as instituições, como os homens e mulheres, vão
construindo uma história. Quando os documentos escritos e objetos materiais
estão ausentes, recorrer aos depoimentos dos sujeitos que passaram pela escola
ou que dela participam no dia-a-dia, sejam professores, diretivos, pessoal de
apoio, alunos e familiares dos alunos, é muito promissor. Os trabalhos com
memória podem ser realizados pelos próprios alunos e o envolvimento nessa
tarefa pode ajudar também a desenvolver laços afetivos mais fortes com a
instituição estudada.
A incorporação dos estudos sobre o patrimônio escolar nos cursos de
formação inicial e continuada de professores é uma tarefa inadiável.
Lamentavelmente, as políticas oficiais nem sempre valorizam estes saberes,
priorizando aqueles que as tendências internacionais apontam como “mais
importantes” ou mais urgentes.
Outra tarefa premente é o estabelecimento de políticas públicas de
preservação do patrimônio educacional. Para isto, é vital a movimentação da
comunidade científica, no sentido de sensibilizar os gestores e autoridades para
a necessidade do estabelecimento de critérios claros para evitar o descarte de
151
documentos valiosos para a memória da escola e da escolarização. Pensar em
constituir equipes de assessoria em arquivologia desde as Secretarias de
Educação, sejam estaduais ou municipais, não parece uma tarefa impossível de
ser concretizada.
Encerrando este texto gostaríamos de reiterar que acreditamos que a
escrita e divulgação da história das instituições educativas possibilita a
introdução de variados objetos, discursos e olhares para serem analisados,
comparados, enfrentados, problematizados. Ações que talvez produzam um
conhecimento mais aprofundado delas, que possam nos levar a reinventá-las...
Esperamos, portanto, contribuir com a preservação da memória e do
patrimônio histórico-cultural da educação e, em consequência, com uma
melhor compreensão da escola (pública) que nos permita melhorá-la.
Referências Bibliográficas
152
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museologia na conservação-comunicação da herança educativa.
Campinas, Pro-posições, v. 16, n.1, jan-abril, p. 87-102, 2005.
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Império e na Primeira República no Brasil: entre as ciências e as
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safeguarding”. Journal of Research in Teacher Education. No. 4, (Special Issue on
Historical Literacy). Umeå University, 2007.
154
UM OLHAR DESCRITIVO E BIBLIOGRÁFICO
SOBRE AS OBRAS DO ACERVO DE UM
EDUCADOR: A FORMAÇÃO DO GUIA ANALÍTICO
DO ACERVO DA COLEÇÃO ESPECIAL MAURÍCIO
TRAGTENBERG
1. Introdução
157
sociólogo, educador e teórico libertário foi considerado um dos mais críticos
intelectuais brasileiros entre os anos de 1960-1990, reconhecido pela defesa da
democracia e por suas acuradas análises do fenômeno da burocracia, Maurício
Tragtenberg foi professor na Faculdade de Educação da UNICAMP e em
outras instituições.
159
- Deve-se observar a integridade física do exemplar (quanto mais
preservado, maior será seu valor de mercado); características como a
presença de marcas de propriedade (assinaturas, carimbos, ex-libris); a
presença de anotações manuscritas de pessoa ilustre (notas marginais,
grifos, observações manuscritas); a presença de dedicatórias e
autógrafos.
- Exemplares cujo antigo proprietário é ou foi uma pessoa famosa ou
importante para alguma área do conhecimento tendem a aumentar o
valor de mercado do mesmo. Da mesma forma, autógrafos, inscrições
ou dedicatórias, ex-libris, carimbos ou outras marcas distintivas,
comprovadamente autênticas, também contribuem para tornar o livro
raro: o objeto livro passa agora a representar o proprietário e toda a sua
influência. Torna-se, portanto, um intermediário entre o leitor e o
ilustre proprietário.
O conceito de obra rara está mais ligado ao livro, mas pode incluir
também os periódicos, mapas, folhas volantes, cartões-postais e outros
materiais impressos. Fotografias, manuscritos, gravuras e desenhos são
5 Disponível em:
http://www.fae.unicamp.br/revista/index.php/etd/article/view/1886/1727
160
obras únicas e originais, e, portanto não recebem esta denominação de
obra rara; devem receber, no entanto, o mesmo cuidado dispensado às
obras raras em relação à preservação e conservação. Neste texto, as
palavras “livro” e “obra” são algumas vezes empregadas indistintamente,
no sentido de caracterizar qualquer material impresso. De qualquer
forma, as obras raras devem ser consideradas como um aspecto
específico de um conjunto maior, que seriam as coleções especiais,
dentro das bibliotecas.
161
copiar esses materiais em outros formatos. Isso requer o uso de
equipamentos especiais para preservação, porque a fragilidade e o valor
desses materiais requerem especial atenção quanto ao manuseio e
segurança. (BRUNO et al., 2002).
162
5. Sobre o processo de tombamento bibliográfico e o inventário
163
Para a realização deste inventário no período citado acima, adotamos os
seguintes procedimentos:
6 http://acervus.unicamp.br
164
A foto ilustrativa, a seguir, mostra o estado da obra analisada por um
profissional da área que diagnosticou o estrago feito por broca no interior e
lateral da obra.
165
6.2. Sobre o treinamento e procedimentos adotados para a higienização
Depois cada uma das páginas deveria ser limpa com uma escova com
cerdas macias e especiais para que pudessem retirar a sujeira dos micro-
organismos mortos pelo gás.
167
FIGURA 2 – Identificação e seleção das obras pela estagiária
7.2. Higienização
168
FIGURA 3 – Obras separadas para o processo de higienização com N2
169
Nessa etapa (figura 5), são acondicionadas as obras em sacos plásticos
apropriados para injeção de Nitrogênio (N2) que realizava a atividade de
desinfecção de insetos localizados nas obras, prevenindo assim, a proliferação
de mais insetos em obras não comprometidas pela infestação.
No âmbito da preservação documental, o AEL desenvolve o processo de
conservação para papel, contra o ataque de insetos. O procedimento, intitulado
Controle do Ataque de Insetos com Atmosfera Modificada Empregando o N2
tem patente requerida. Consiste em controlar a atividade de insetos através de
uma atmosfera letal para pragas.
170
FIGURA 5 – Obras acondicionadas com N2
Após a introdução do N2, que ficaria em torno de 7 dias para que o gás
pudesse penetrar e agir nas obras provocando a eliminação dos agentes nocivos
as obras, são retirados e acondicionados em outro local para que desse início
aos processo de catalogação das obras, conforme podemos observar na figura
6.
171
Na figura 7 seguinte, verificamos que o acervo foi desinfestado,
higienizado, e preparado para catalogação de acordo com as normas
biblioteconômicas.
172
FIGURA 8 – Obras restauradas com material especial para manuseio
173
Havia obras com sérios problemas de agentes danificadores do livro,
com problemas de identificação, pois não tinham capas e possuíam danos
como folhas soltas, impossibilitando reparos e higienização, e ainda a
recuperação (necessitaria de restauração mais aprofundada), decorrente do
mofo e algumas perfurações por broca. Essas obras foram separadas em caixas
inicialmente, conforme orientações da especialista que nos visitou, e depois
armazenadas em estantes separadas da coleção geral em outro local, pois a
contaminação biológica de insetos poderiam infestar as outras partes do acervo,
forme observa-se na figura 10 a seguir.
175
documentos, dentre eles poeira, temperatura, umidade, luz solar, insetos,
roedores, roubos, incêndios e inundações (SCHELLENBERG, 1974).
No arranjo das obras, foram respeitados os critérios biblioteconômicos,
reunindo-se as obras de assuntos idênticos ou semelhantes por ordem crescente
das classes encontradas no sistema de classificação de Dewey (CDD). Os
volumes encadernados, depois de identificados, foram organizados em
prateleiras, obedecendo à ordem da CDD.
A individualização dos autores, ou quando se dava a entrada pelo nome
de entidades coletivas, ou entrada pelo título, quando não se tinha o autor foi
padronizada pela tabela de individualização de autoria, a Tabela Cutter8.
8 A Tabela de Cutter é uma tabela de códigos que indicam a autoria de uma obra
literária elaborada por Charles Ammi Cutter em 1880 e é utilizada para classificar
livros em bibliotecas. A tabela utiliza todas as letras para designar as categorias de
livros, em contraste com a Classificação Decimal de Dewey que utiliza apenas
números.
176
8. Coleção especial FE-MT após o tratamento técnico
177
FIGURA 13– Identificação do acervo – sinalização
178
FIGURA 15– Hall de entrada da Coleção Especial
179
manipulação do acervo das coleções especiais disponíveis em toda
Universidade, não somente a coleção especial FE-MT:
O material bibliográfico das Coleções Especiais necessita de cuidados
especiais no manuseio e as seguintes regras devem ser observadas:
1. Todo material raro e especial deverá ser consultado somente nas salas
de leitura, reservadas às Coleções Especiais, não podendo ser feita
anotação de espécie alguma nas obras. Os usuários devem preencher
uma ficha de identificação no ato da consulta.
2. Os livros devem ser usados horizontalmente sobre a mesa, não
devendo o usuário apoiar-se sobre eles. Após o uso, os mesmos devem
ser deixados sobre a mesa.
3. Não é permitido: fumar, comer e beber em toda área das coleções por
motivo de segurança e conservação do acervo.
4. As mesas e cabines das salas de leitura são destinadas aos usuários dos
acervos das Coleções Especiais.
5. Casacos, bolsas de mão, capas devem ser guardados no armário.
180
9. Elaboração Do Guia Análitico Bibliográfico FE-MT
181
Abaixo segue o modelo da formatação do catálogo, com uma referência
de exemplo:
183
Um livro não é valioso porque é antigo e, provavelmente, raro. Existem
milhões de livros antigos que nada valem porque não interessam a
ninguém. Toda biblioteca pública está cheia de livros antigos, que, se
fossem postos à venda, não valeriam mais que o seu peso como papel
velho. O valor de um livro nada tem que ver com a sua idade. A procura
é que torna um livro valioso.
Referências Bibliográficas
185
186
PROJETAR ESPAÇOS VISANDO A ORGANIZAÇÃO
E A DIFUSÃO DA CULTURA MATERIAL ESCOLAR:
DIÁLOGO ENTRE ACERVOS.
1 - Introdução
187
O projeto “Preservação do Patrimônio Histórico Educativo: acervos
escolares de Campinas” se desenvolve pari passu com a organização dos acervos
dos arquivos históricos de instituições escolares públicas estaduais antigas, da
cidade de Campinas. O projeto já investiu tempo largo e intenso na
desinfestação e higienização de itens documentais de diversas modalidades.
Inicialmente, utilizou-se da técnica de desinfestação com o gás
nitrogênio. Recentemente, se passou a utilizar do sistema de sachês
absorvedores de oxigênio, que são colocados junto aos documentos,
acondicionados em embalagens de alta barreira, para evitar a troca de gases
entre o ambiente externo e o material acondicionado dentro da embalagem. A
posterior higienização, com pincéis macios, de documentos e livros segue todo
o processo do projeto, assim como a embalagem dos documentos em TNT,
antes do acondicionamento em caixas apropriadas.
Os trabalhos envolvidos na conservação do acervo têm sido replicados
sempre que necessário e acompanham os procedimentos de organização dos
documentos por tipologia documental e dos livros por área de conhecimento,
por coleções, etc.
A aparente morosidade das etapas do trabalho – que se caracteriza como
interdisciplinar ao contar com a participação de diferentes profissionais -
esconde os múltiplos cuidados nele envolvidos - em não poucas ocasiões, exige
que procedimentos sejam feitos de modo concomitante. É dessa forma que se
insere a descrição dos itens bibliográficos, uma vez que a descrição dos
documentos manuscritos foi finalizada na maioria das instituições.
A discussão específica proposta neste artigo recai, portanto, na
elaboração de uma ficha de descrição que contempla e articula várias
188
modalidades e dimensões da cultura material que compõem os acervos de
instituições escolares, e não somente os documentos escritos.
A descrição dos documentos manuscritos dos arquivos históricos foi
organizada de acordo com a ISAD-G, Norma Geral Internacional de Descrição
Arquivística. O trabalho de elaboração das fichas descritivas dos manuais
escolares referenciou-se na base de dados para acervos bibliográficos
subsidiados pelo CD-ISIS da UNESCO; o material museológico foi descrito a
partir de fichas especificas para objetos de ensino e de mobiliário escolar
integrantes dos museus educativos virtuais e presenciais com os quais se
mantem interlocução, além da utilização das referências e dados relativos à
organização de um thesaurus para a descrição de antigos instrumentos
científicos, elaborado em projeto do MAST/RJ, no Brasil, e Museu de Ciências
da Universidade de Lisboa.
A proposta inicial mostrou que a manutenção de um mesmo código de
referência e de cotas, matizados por um repertório de descritores específicos,
para todas as modalidades de objetos do acervo, adquire importância frente à
variedade de elementos dos mesmos. Assim, a cota deve trazer, junto ao código
de referência - com dados do país, estado e da instituição escolar que comporta
e de que origina o fundo documental – outras informações, como a
denominação da instituição no período de inserção, seja um documento escrito,
seja um manual escolar ou um item museológico.
A tipologia documental pode identificar os documentos manuscritos, os
manuais escolares, documentos iconográficos e museológicos como mobiliário
e material de ensino.
Informações como a dimensão dos itens, a quantidade dos documentos
de cada tipo, características e condições físicas do suporte etc, poderão
189
preencher o campo de notas, que também traz outros dados julgados relevantes
pela equipe de descrição, como a procedência do suporte, que pode ser
informada nas contracapas, nas etiquetas das casas comerciais, em carimbos
administrativos nos manuais, além de nome de fabricantes de mobiliário e
materiais de ensino.
Em suas práticas cotidianas, administradores, bibliotecários, professores
e alunos deixaram outras marcas - as suas marcas – que se evidenciam, na
medida em que estampam a cultura material escolar. Desta forma, o rastro, a
distância, a mediação favorecem e possibilitam o contato com a história.
O acervo, em seu local de origem, guarda a sua história - a historia que
pode contar -, ganha vida e organicidade junto a uma instituição determinada.
Não são apenas documentos, livros, mobiliário e material didático da escola de
outros tempos, mas, sim, de um tempo e local determinados, de uma instituição
determinada, com uma comunidade própria, na qual adquiriram sentido. É isso
o que confirma a importância de fichas articuladas para a descrição dos vários
itens da cultura material em uma mesma instituição: documentos manuscritos,
iconográficos, museológicos, manuais escolares, acervos que compõem o
mesmo arquivo.
191
número de consulentes, de consultas por área de conhecimento, o movimento
das classes quanto a essas consultas, o aumento no número de obras e a
proporção das mesmas quanto às áreas. É POSSÍVEL estender a organização e
a descrição para outros tipos de materiais do acervo histórico, tais como os
manuais e o material museológico, em especial, o mobiliário e materiais de
ensino.
O inventário indica a importância de também organizar instrumentos de
busca mais precisos ou seguros aos futuros consulentes do acervo. Foram as
informações advindas da descrição das fontes documentais que permitiram
abrir e perseguir outras importantes e necessárias veredas. Dentre as prioridades
que se explicitaram, em meio às possibilidades de trabalho, mostrou-se a
urgência do trabalho de reconhecimento, organização e recuperação dos itens
do acervo bibliográfico e também museológico. Tal, embora possível, se
mostrou complexo diante do emaranhado de dados que sempre brotam da
leitura dos documentos descritos no inventário.
No caso da antiga Escola Normal de Campinas, o inventário possibilitou
que se percebesse o movimento de/em uma instituição que, ao longo dos anos,
se expandiu e deu ensejo ao surgimento de outras instituições. O movimento de
expansão e adensamento da instituição – que se mostra nessa proliferação de
cursos, disciplinas, períodos de funcionamento, multiplicidade de profissionais
habilitados, etc. - também se reflete no movimento e na organização de sua
biblioteca e do acervo por ela acumulado, nos vários anos de funcionamento. E
isso faz, também, dessa única biblioteca, várias bibliotecas.
A guarda, a organização e a manutenção do acervo estão fortemente
articuladas aos propósitos educacionais de um período e dos profissionais que
então compunham o quadro funcional da instituição.
192
3 - Mapear documentos
193
4 - Bases disponíveis
194
d) construir e manter, automaticamente, estruturas que permitam o
acesso rápido às bases de dados;
e) recuperar registros na sequência desejada, através de uma sofisticada
linguagem de busca;
f) mostrar, em tela, registros (inteiros ou parte) de acordo com um
formato desejado;
g) gerar produtos impressos tais como índices e catálogos, de boa
qualidade técnica;
h) desenvolver aplicações especializadas, usando as facilidades de
programação do CDS/ISIS. Através dessas facilidades, o usuário
pode adaptar o sistema às necessidades de cada instalação;
i) intercambiar (exportar/importar) dados entre as bases de dados do
CDS/ISIS e/ou entre outros sistemas por meio da norma ISO 2709.
(Magnere, 2009)
196
- informações catalográficas (locais em que diferentes edições de um
livro podem ser consultadas).
lista de seleção;
197
- Edição, registro da edição do livro, se não for a primeira, incluindo
revisões e ampliações;
- Local onde a obra foi impressa;
- Editora que publicou a obra;
- Data e ano de publicação da obra;
- Volume, para obra dividida em mais de um volume se indica a que
volume se refere;
- Número total de páginas contidas na obra, incluindo anexos;
- Coleção para obra pertencente a uma coleção ou série;
- Numero da coleção ou volume da obra no conjunto total da coleção.
- ISBN registrado como no livro;
- Dimensão com altura e comprimento, em centímetros;
- Material Adicional, quando a obra estiver acompanhada de algum
material adicional;
- Assuntos, com a Indicação do que é tratado na obra;
- Resumo indicativo da obra com os principais tópicos abordados;
- Observações para o registro de notas específicas como a ocorrência de
vocabulários, ilustrações coloridas ou não, gravuras e outras
informações importantes.
Na década de 1990, o Projeto MANES (Manuales Escolares),
UNED/Espanha, se inicia em articulação ao ENMANUELLE, mas irá se
expandir, inclusive, para América Latina. Tal como relatado neste livro no
artigo de Kira Mahamud e Miguel Somoza (2016, p. 257-303).
198
5 - Descrever documentos de diferentes modalidades
Dimensão: 01 livro de 500 folhas de seda, utilizado até a folha 393, medindo
23,5 x 30 x 2,5 cm; em estado físico regular (cópias borradas ou
parcialmente apagadas).
200
Ficha descritiva de item bibliográfico da biblioteca histórica da Escola Normal de
Campinas. (Projeto CIVILIS/FE/UNICAMP)
201
A ampliação das interlocuções, que abarcam também o material
museológico, traz formas de inclui-los na base apresentada, considerando as
especificidades, tal como se pode observar no modelo apresentado abaixo de
um instrumento científico do acervo da EE “Culto à Ciência”. As
interlocuções, com pesquisadores do Museu Laboratório de História da
Educação da Universidade Complutense de Madrid, Espanha, do Museu de las
Escuelas, em Buenos Aires, Argentina, do Museu de Astronomia do Rio de
Janeiro, continuam a instigar o trabalho de descrição dos acervos museológicos,
em especial, de materiais de ensino que compõem os arquivos históricos das
instituições.
Na ficha apresentada, o código de referência se mantem em relação aos
itens dos demais acervos da instituição, documentos e livros. Entretanto a cota
GC/IC/F (Ginásio de Campinas, Instrumento Científico, Física,) traz
elementos de identificação do acervo que comporta os instrumentos científicos
da instituição, neste caso, de Física. Na ficha também se observa a inserção do
vínculo com documentos de outros acervos do arquivo histórico da Instituição:
o Livro de “Relação dos Apparelhos e Productos Chimicos Existentes no
Laboratório”; e o manual “Curso de Physica” escrito pelo Professor Anibal de
Freitas que foi Lente Catedrático do Ginásio de Campinas.
Os vínculos, ainda timidamente ensaiados, direcionam para uma
organização espacial e descritiva do arquivo histórico das instituições que busca
o diálogo entre os diferentes acervos.
202
FUNDO: EE “Culto à Ciência” – Campinas/SP/BR
GRUPO: Gymnásio de Campinas -
SUBGRUPO: Instrumentos Científicos
Descrição: O objeto é composto por um prisma de vidro com base triangular que está inserido em um suporte de
tripé.
Função/Funcionamento: Observar a composição ou derivação da luz branca através de um prisma. Para que se
possa verificar tais condições da luz, o prisma deve ser colocado em um ambiente escuro e ser submetido a um
feixe de luz branca. O instrumento deve ser colocado no trajeto dos raios, fazendo com que o feixe de luz seja
derivado. Desta maneira conseguimos observar o que Newton denominou de espectro de cores. O processo reverso
deste experimento, a composição, necessita de dois ou mais prismas. Um segundo prisma é posicionado a partir da
derivação de luz do primeiro instrumento e assim sua refração compõe novamente a luz branca.
Ano de Entrada na Instituição: No livro manuscrito " Estado de Conservação: O instrumento encontra-se
Gymnasio de Campinas relação dos aparelhos e productos em bom estado de conservação, o vidro do prisma
chimicos existentes "no laboratorio" presente no arquivo, continua límpido e intacto. Apenas a parte articulada da
consta um exemplar do prisma de Newton no primeiro base perdeu o movimento
inventário de instrumentos da instituição em 1899.
203
6 - Considerações finais
Referências Bibliográficas
205
206
EL MUVHE Y EL CEME COMO PRE-TEXTO:
REFLEXIONES SOBRE LA PROTECCIÓN,
CONSERVACIÓN, ESTUDIO Y DIFUSIÓN DEL
PATRIMONIO HISTÓRICO-EDUCATIVO1
Antonio Viñao
Universidad de Murcia - España
1 Este texto constituye una versión revisada y puesta al día del presentado, con el mismo
título, en el III Foro de Museísmo Pedagógico y V Jornadas Científicas de la Sociedad
Española para el Estudio del Patrimonio Histórico-Educativo que tuvieron lugar en
Murcia del 21 al 23 de noviembre de 2012. Por otra parte, esta acción está financiada
por la Fundación Séneca-Agencia de Ciencia y Tecnología de la Región de Murcia en
el marco del II PCTRM 2007-2010, dentro del proyecto de investigación nº
11903/PHCS/09, sobre «El patrimonio histórico-educativo de la Región de Murcia. La
memoria de los docentes».
209
Sin embargo, la gestación del primero, iniciada en el 2005, precedió en unos tres
años a la del segundo. Digamos que fue más laboriosa y dilatada. En este texto
se informa, primero, sobre algunos aspectos relacionados con sus orígenes,
estructura y funcionamiento. Seguidamente se exponen algunos de los rasgos de
índole general que comparten con otros establecimientos creados con objetivos
similares, así como aquellos rasgos que les son propios o les confieren una
identidad particular. Tomando como pretexto la experiencia de estas dos
instituciones se ofrecen, por último, una serie de reflexiones prácticas,
metodológicas y teóricas sobre la protección, conservación, estudio y difusión
del patrimonio histórico-educativo.
210
porque carecíamos de un espacio físico para crear un museo tradicional. En otras
palabras, si hubiéramos dispuesto del local que varios años más tarde nos cedió
la Facultad de Educación para instalar el CEME, el MUVHE hubiera nacido, en
todo caso, como un apéndice del mismo. Su estructura y características serían
diferentes. No fue así, y hoy pienso que es bueno que, con independencia de la
conexión y complementariedad que exista entre ellas, cada una de dichas
instituciones mantuviera y mantenga su autonomía y rasgos propios.
Contemplado desde el presente, el MUVHE es también un claro ejemplo
de que se hace camino al andar. Su gestación, como se ha dicho, fue muy dilatada:
desde que dimos los primeros pasos hasta que se abrió al público transcurrieron
unos cinco años. Ello fue así:
211
Se hace camino al andar y se hace con los pertrechos que se tienen y con
el grupo o personas dispuestas, si uno no va solo, a compartir el viaje. Quiero
decir con ello que el MUVHE, como todo o casi todo en la vida, es el producto
que corresponde a los campos de investigación y docencia e intereses y
disponibilidad de quienes nos decidimos a darle forma y crearlo. Eso explica que
las salas, con sus “itinerarios”, sean las que son ―«Espacios y Edificios
Escolares», «Mobiliario y Enseres», «Material Científico y Pedagógico», y
«Biblioteca» (catálogos y libros de texto)2―, y que las exposiciones sean, también
por el momento, las que son ―«Los ábacos escolares» y «Félix Martí Alpera
(1875-1946)»―. Conociendo los intereses profesionales e investigadores de cada
uno de los colaboradores del MUVHE, no es difícil saber quién o quiénes están
detrás de cada una de dichas salas o exposiciones. No podía ser de otro modo.
De ahí que las incorporaciones posteriores al mismo, como seguirá sucediendo
en el futuro, hayan abierto o planteado nuevas posibilidades y configuraciones en
su estructura y funcionamiento.
La «filosofía» que subyace tras dicha estructura y funcionamiento ha ido
variando conforme se gestaba el proyecto y, sobre todo, una vez que el MUVHE
quedó abierto y accesible. Un apreciado colega, buen conocedor de estos temas,
me dijo en un aparte, tras la presentación provisional del MUVHE que hicimos
en el coloquio de la Sociedad Española de Historia de la Educación que tuvo
lugar en el 2007 en Guadalupe (Cáceres), que el MUVHE correspondía o debía
más a la cultura gutenbergiana y escrita que a la visual-electrónica. En aquel
momento solo habíamos elaborado un cierto número de fichas de catalogación.
No habíamos ido más allá. Sólo disponíamos de un incipiente banco de datos.
2 El fondo de catálogos ―unos 135― cubre desde 1866 hasta fechas actuales. El
MUVHE-CEME cuenta, además con unos 850 cuadernos escolares fechados entre
1877 y 2011 y unos 500 libros de texto.
212
Además, era cierto que en dichas fichas el elemento escrito predominaba sobre
el visual y que, con independencia de la más o menos valiosa labor científica y de
catalogación realizada, no nos habíamos planteado todavía, quizás por falta de
tiempo y de experiencia, otras opciones. La situación varió sensiblemente ―al
menos eso me parece― cuando se creó una nueva sala de exposiciones y, sobre
todo, cuando, tras la apertura del MUVHE, se crearon lo que denominamos
«itinerarios».3 Los itinerarios, en efecto, daban unidad y coherencia, textual y
visual, a las fichas de una determinada sala. Creaban un orden y un sentido allí
donde antes reinaba la simple acumulación de imágenes y textos. Y las
exposiciones permitían el predominio de lo visual sobre lo textual dentro,
asimismo, de una estructura lineal y narrativa. En ambos casos, el uso didáctico,
en las clases, nos ha convencido de la utilidad del MUVHE más allá del valor
científico y museístico que pueda tener. La tarea de elaborar fichas de
catalogación siguió realizándose, pero con vistas a su inserción en itinerarios que
implicaran una-historia-que-contar. Asimismo, las creaciones futuras de nuevas
salas ―por ejemplo, sobre cuadernos escolares o el material froebeliano― llevará
consigo la de sus correspondientes itinerarios. Por otra parte, las exposiciones
3 Los doce itinerarios existentes actualmente se refieren a «La enseñanza mutua (finales
del siglo XVIII-1ª mitad del siglo XIX)» y «Orígenes de la educación infantil» en la
Sala de Espacios y Edificios Escolares, «El pupitre escolar (1881-1958)» y «Mobiliario
del profesorado (1881-1958)» en la de Mobiliario y Enseres, «El material científico de
Física y Química en los institutos durante el siglo XIX», «El material científico para la
enseñanza de las ciencias naturales en los institutos», «La enseñanza de las ciencias en
los institutos; las experiencias de cátedra» y «El material científico construido por
profesores y alumnos en las clases» en la sala de Material Científico y Pedagógico, y
«Los catálogos de material de enseñanza», «La colección de libros de la naturaleza»,
«Lecturas científicas escolares: algunas valoraciones sobre los libros de la naturaleza»
y «Los autores de los libros de la naturaleza» en la sala de Biblioteca.
213
materiales que en el futuro se hagan, tienen que constar de una versión virtual
que pueda incorporarse al MUVHE.
El MUVHE, por otra parte, tiene una difusión nacional e internacional
con un número de visitas mensual que, desde junio de 2010, oscila entre las 3.100
y las 5.300 visitas (35.050 de febrero de 2010 a febrero de 2011 y 47.925 de marzo
de 2011 a febrero de 2012). Las 418 personas registradas, en mayo de 2012,
pertenecen a 17 países: Alemania, Argentina, Bélgica, Brasil, Canadá, China,
Chile, Costa Rica, Ecuador, España, Estados Unidos, Francia, Italia, México,
Portugal, Reino Unido y Rusia.
214
claramente interdepartamental, y así se quiso que fuera. Su existencia fue
resultado de la confluencia en el tiempo de las necesidades de la facultad con las
de un grupo de profesores de la misma. Para la facultad, una institución de este
tipo podía servir para revitalizar, revalorizándolo y dándole utilidad, el fondo
antiguo de material científico y didáctico que poseía. Para dichos profesores
―que ya contaban tras ellos con una no desdeñable trayectoria profesional con
tesis doctorales, proyectos de investigación y publicaciones en el ámbito de la
historia de las disciplinas y de la cultura material e inmaterial de las instituciones
educativas―, el CEME abría nuevos campos de trabajo en relación con dichos
temas, tanto desde la investigación como desde la docencia. Asimismo, les
permitía disponer de un espacio físico donde materializar las tareas de
catalogación, conservación, estudio y difusión del patrimonio histórico-
educativo, y desde el que ponerse en contacto institucionalmente con otros
centros docentes y museos pedagógicos o centros de memoria escolar.
Constituía, en definitiva, una nueva plataforma en la que apoyar y asentar sus
futuros trabajos. Una plataforma a la que había que dar cuerpo y consolidar, pues
nacía en un contexto caracterizado, entre otras cosas, por un cierto recelo o
desconfianza ocasionados por el desconocimiento que existía, entre algunos
profesores o autoridades académicas, de lo que podía aportar un establecimiento
de este tipo. Es posible que en la creación del CEME tuviera más repercusión y
relevancia el trabajo que veníamos haciendo un grupo de profesores, en los que
sí podía confiarse, que la idea en sí misma.
Tres años más tarde, y pese a todos los problemas financieros,
burocráticos y de personal, típicos de esta clase de organismos, puede decirse que
el CEME ha sido aceptado e integrado en la vida académica de la facultad, aunque
en este aspecto queden todavía muchas cosas por hacer. Más complicada y difícil
ha sido la apertura del CEME a los centros docentes y al alumnado y profesorado
215
de otros niveles educativos. Las relaciones establecidas con algunos centros ―por
ejemplo, con la antigua Escuela Aneja que ha donado al CEME su fondo antiguo
de material didáctico y libros de texto― y profesores ―por ejemplo, con los que
protagonizaron los movimientos de renovación pedagógica en la región de
Murcia en los años 60, 70 y 80― no son sino una mínima parte de lo que podría
hacerse en este ámbito si se dispusiera de colaboradores que pudieran
responsabilizarse de la organización de visitas de alumnos y profesores.
Algunos rasgos del MUVHE y del CEME comunes con otros establecimientos
similares
Rasgos peculiares
Quizás el rasgo más característico, tanto del MUVHE como del CEME,
dentro de la categoría de los museos-laboratorio universitarios de historia de la
educación, sea el hecho de que estén integrados por profesores de diversos
departamentos y áreas. En este punto, hay que destacar la colaboración, sobre
todo, entre el área de Teoría e Historia de la Educación y las áreas de varias
didácticas específicas: Ciencias Experimentales, Matemáticas y Ciencias Sociales.
Dicha colaboración no surgió, como es lógico, de improviso, sino que fue el
resultado de la realización de diversas tesis e investigaciones en el campo de la
218
historia de las disciplinas escolares en la España de los siglos XIX y XX. Como
decía en otro trabajo anterior,6 desde 1992 hasta el presente se han realizado en
la facultad de Educación de la Universidad de Murcia tesis e investigaciones sobre
la historia de la enseñanza de la geografía, la aritmética, las ciencias naturales, la
física, la química, el dibujo y la historia, así como sobre los libros de lectura en la
enseñanza de adultos. Actualmente se llevan a cabo, asimismo, tesis doctorales
sobre la historia de la enseñanza de la botánica, el dibujo técnico y la física, así
como sobre la producción, comercialización y usos del material froebeliano. Los
niveles o modalidades de enseñanza estudiados son, sobre todo, la educación
primaria y la secundaria, junto con la formación del magisterio primario y la
educación de personas adultas, aunque recientemente los intereses abarcan
también la educación infantil, la formación profesional y la enseñanza
universitaria.
La historia de las disciplinas escolares ha generado, por sí misma, una serie
de estudios sobre profesores concretos (Félix Martí Alpera, Margarita Comas,
José Loustau, Aurelio Rodríguez Charentón y José Mª Eyaralar, entre otros), así
como sobre los libros de texto y el material didáctico utilizado y, en relación con
ello, las metodologías de enseñanza empleadas. Si a todo ello se unen los estudios
llevados a cabo en las dos últimas décadas por miembros del MUVHE o el
CEME sobre la cultura material e inmaterial de las instituciones educativas ―en
especial sobre el espacio, el mobiliario y el menaje escolares, el material
froebeliano, las historias de vida, los relatos autobiográficos y el material
científico― queda clara la naturaleza universitaria de ambos organismos y, como
consecuencia de ello, que las actividades relacionadas con la investigación y el
estudio del patrimonio histórico-educativo y la cultura material e inmaterial de
6 VIÑAO, A.: «Historia de las disciplinas escolares», Historia de la Educación, 25, 2006, pp.
243-269 (referencia en pp. 260-263).
219
las instituciones educativas resaltan más que las orientadas hacia el museísmo
pedagógico o la conservación de dicho patrimonio, aunque se trate de aspectos
inseparables, y unas actividades conlleven y exijan la realización de otras.
Sobre las peculiaridades relativas a la gestación y puesta en marcha del
MUVHE y del CEME algunas cosas han sido ya dichas. Queda solo añadir unas
palabras sobre la complementariedad y conexión entre ambas instituciones.
Como se dijo, la separación institucional entre el MUVHE y el CEME ―todos
los miembros del MUVHE lo son del CEME pero no a la inversa― permite una
mayor flexibilidad en su funcionamiento. Se trata de organismos diferenciados y,
según las actividades, las circunstancias y el momento, se puede recurrir a uno u
otro, o a ambos distribuyendo tareas y compromisos. Por otra parte, la naturaleza
virtual del MUVHE supone unos límites de los que carece el CEME como
espacio de encuentro, de conservación física de objetos y de realización de
actividades tales como prácticas de alumnos, grabaciones individuales o en grupo
de historias de vida profesional, visitas o exposiciones, por poner algunos
ejemplos.
La estabilidad relativa alcanzada por la MUVHE y el CEME, su
asentamiento e integración en la vida universitaria ―en especial en la de la
facultad de Educación―, dependerán en el futuro de su financiación, de su
capacidad de apertura a los centros docentes ―alumnos y profesores― de todos
los niveles y modalidades de enseñanza y, sobre todo, de las personas
comprometidas en su funcionamiento. Recientes disposiciones relativas a la
financiación de las universidades y la docencia del profesorado, no auguran un
futuro prometedor. Más bien al contrario. Posiblemente haya que seguir
haciendo de la necesidad virtud. Es decir, utilizar la imaginación para solventar
las dificultades previsibles y ―algo esencial― no marcarse objetivos irrealizables,
ir paso a paso, gradualmente, aprovechar los resquicios y posibilidades que surjan,
220
y no frustrarse porque haya una mayor o menor distancia entre la realidad y el
ideal que se tiene en la mente. Poco o mucho, siempre es posible hacer algo.
221
y conservación allí donde se encuentre. Lo que, dicho sea de paso, plantea la
necesidad de entrar en contacto con los establecimientos docentes, hacerles
tomar conciencia del valor histórico-cultural de su patrimonio institucional,
ponernos a su servicio para asesorar y colaborar en esta materia ―dentro de
nuestras posibilidades y en el marco de un plan general de conservación de dicho
patrimonio―, y promover experiencias de utilización por dichos establecimientos
del patrimonio propio como recurso pedagógico. Un aspecto, este último, en el
que remito a lo dicho por Raimundo Cuesta en relación con el centro educativo
como lugar de memoria, espacio público, «tesoro» patrimonial, contenedor físico
y espacial, archivo, museo, lugar de innovación pedagógica e institución de
producción de conocimiento histórico. 7 Y en el que me limito a señalar que el
tema de las relaciones de los museos pedagógicos y centros de memoria educativa
con los establecimientos docentes, en la línea indicada, constituye una de nuestras
asignaturas pendientes, no por falta de ideas, sin duda, sino de tiempo y recursos.
Somos historiadores y, como tales, nuestra tarea fundamental en relación
con el patrimonio educativo ―aquella tarea en función de la cual tenemos algo
de coleccionistas, archiveros y museólogos― es la de su estudio. Como
recientemente ha observado Raimundo Cuesta, los «historiadores del
patrimonio» constituimos «un naciente subespecialización dentro de la historia
de la educación».8 Pero dicho estudio requiere como tareas previas, entre otras
http://www.nebraskaria.es/nebraskaria/Trabajos_y_publicaciones_files/Memo.%2
0cultura.%20museizacio%CC%81n.pdf (consulta efectuada el 24 de mayo de 2012).
223
de vista académico-científico, si se tienen en cuenta el tiempo y la dedicación que
supone y lo que aporta, desde una perspectiva cultural, a la valoración social del
patrimonio histórico-educativo. Me refiero a las exposiciones. Creo que no
hemos reflexionado lo suficiente ―al menos ese es mi caso― sobre el papel y
función de las mismas. Una exposición que merezca tal nombre, como bien saben
quienes han sido comisarios responsables de alguna de ellas, exige una reflexión
previa sobre lo que se quiere mostrar, sobre el enfoque o mirada que quiere
ofrecerse y, desde luego, una labor de indagación y reconstrucción histórica que
va mucho más allá de la mera exhibición de unos determinados objetos,
documentos o ilustraciones y de los aspectos técnico-materiales de la exposición.
En otras palabras, tras una exposición hay un relato y un meta-relato. Algo que
contar y un modo de contarlo. Exactamente igual, solo que mediante otros
medios, que en la reflexión y producción histórico-científica.
Aclarado lo anterior, es cuando se está en condiciones de afirmar que,
frente a los peligros del fetichismo, el anticuariado, el sentimiento nostálgico y el
coleccionismo que suponen la mera acumulación de objetos y restos de la cultura
material e inmaterial en el ámbito educativo ―o en cualquier otro―, frente a la
utopía irrealizable de la totalidad, a la que podemos vernos empujados ―y por la
que quizás hayamos sido arrastrados en alguna ocasión―, la mejor cura, el mejor
remedio, es la inserción de dichos restos en estructuras narrativas, relatos y
contextos interpretativos acerca o en relación con el mundo escolar. Es decir,
contextualizar, interpretar, narrar macro, medio o micro historias con sentido
porque poseen un comienzo, un desarrollo o trama y un final, o varios
comienzos, desarrollos y finales. El que ello requiera una labor taxonómica,
clasificadora y tipológica no debe en sí mismo preocuparnos. Como dejaron claro
Georges Perec y Jack Goody, en dos libros sólo aparentemente distantes,
clasificar, ordenar o catalogar son labores que no pueden llevarse a cabo sin
224
reflexionar, sin crear categorías, sin comparar, sin buscar semejanzas o
diferencias; en definitiva, sin observar, analizar y pensar.9
La segunda reflexión se refiere a un campo que, en general, no ha sido
objeto de la atención que merece en los estudios sobre la historia del patrimonio
educativo. Por supuesto, una parte de dicho patrimonio se genera y produce en
el interior de las instituciones educativas ―por ejemplo, las fotografías escolares
o muchos trabajos manuales―. En la mayor parte de los casos, sin embargo, lo
que se produce en el ámbito escolar viene a añadirse a objetos que proceden del
exterior. Tal sería el caso, por poner dos ejemplos, de los cuadernos o del
mobiliario escolar. Así como en el desarrollo de la manualística escolar se han ido
generando, de modo progresivo, estudios sobre las editoriales y la
comercialización de los libros de texto ―producción, comercialización,
adquisición― y, en menor medida, su uso o usos posteriores en el aula o fuera
del ámbito escolar, asimismo, en el campo de la cultura material de las
instituciones educativas se está poniendo cada vez más la atención en el diseño,
producción, comercialización y adquisición de los distintos objetos, así como en
sus usos posteriores.10 Esto nos acerca, como ha señalado Juri Meda, a los
historiadores de la economía y del patrimonio industrial, a sus fuentes, enfoques
y métodos.11 Asimismo, revaloriza, como fuentes primarias los catálogos de
9 PEREC, G.: Pensar/clasificar, Barcelona, Gedisa, 1986; GOODY, J.: La domesticación del
pensamiento salvaje, Madrid, Akal, 1977.
10 HAMILTON, D.: «Patents: a Neglected Source in the History of Education». History of
Education, 38 (2), 2009, pp. 303-310; HERMAN, F.; VAN GORP, A.; SIMON, F.;
DEPAEPE, M.: «The School Desk: from Concept to Object», History of Education, 40
(1), 2011, pp. 97-117; MEDA, J.: «‘Mezzi di educazione di massa’. Nouve fonti e nouve
prospettive di recerca per una ‘storia materiale della scuola’ tra XIX e XX secolo»,
History of Education & Children Literature, VI (1), 2011, pp. 253-279.
11 MEDA, J. «‘Mezzi di educazione di massa’. Nuove fonti e nuove prospettive di ricerca
per una ‘storia materiale delle scuola’ tra XIX e XX secolo», op. cit., p. 260.
225
material escolar, los anuncios publicitarios, los contratos y concursos de
adquisición de material, los registros de patentes, los archivos empresariales y
todo aquello que nos acerque a los procesos de diseño, producción,
comercialización y adquisición de los objetos que consideramos parte del
patrimonio histórico-educativo.
La tercera y última reflexión, de entre las que venimos haciéndonos desde
que, hace ya unos diez años, comenzamos a interesarnos por el estudio de dicho
patrimonio,12 versa sobre la naturaleza o carácter de los museos o centros de
memoria educativa que se han ido creando en España en los últimos años en
unos casos por iniciativa o con el apoyo de los poderes públicos regionales o
locales; en otros, por iniciativas privadas ligadas, por lo general, a locales escolares
abandonados, centros docentes o instituciones de formación del profesorado; o
en otros, por último, a instituciones universitarias. Esta reflexión, aunque ha
venido aflorando de modo más o menos periódico a lo largo de los últimos años,
está motivada por la reciente lectura del Modesto manifiesto por los museos del
novelista y premio Nobel turco Orhan Pamuk.
En este «manifiesto» Pamuk, sin menospreciar los «turistizados» museos
monumentales, por lo general de índole estatal o nacional, reivindica los museos
«modestos», «pequeños» y «baratos», a escala humana. Aquellos que nos hablan
de «las historias cotidianas y ordinarias de los individuos […] más ricas, más
humanas, y mucho más gozosas que las historias de culturas colosales». Aquellos
que nos cuentan «historias a escala humana», que recrean «el pasado de seres
humanos singulares», en los que «los objetos no son arrancados de raíz de sus
12 Otras cuestiones sobre las que reflexionar serían, por ejemplo, la de las relaciones entre
memoria, historia y patrimonio y, desde una perspectiva diferente, la de la
profesionalización de quienes trabajan o colaboran en los museos pedagógicos y
centros de memoria educativa.
226
entornos y de sus calles, sino situados con cuidado e ingenio en su propio hogar
natural». Museos, en definitiva, «que conviertan los barrios y las calles, y las casas
y las tiendas de alrededor, en elementos que formen parte de la exposición».13
¿Qué podemos tomar o aprender de esta concepción museística a escala
humana?
13 PAMUK, O.: «Modesto manifiesto por los museos», El País, 28 de abril de 2012, pp.
44-45.
227
Tercero, que entre nuestras tareas no está la de acumular en un lugar
determinado el mayor número de objetos o grabaciones posible
―aunque en ocasiones la protección, estudio y salvaguarda del
patrimonio lo exijan―, sino hacer que se conserven y produzcan «in
situ», allí donde tienen su sentido propio. Es decir, promover en los
centros e instituciones docentes una mentalidad «patrimonial» que
considere su patrimonio como un recurso pedagógico y un modo de
abrirse, con fines formativos, al entorno.
228
EL LABORATORIO / MUSEO DE HISTORIA DE LA
EDUCACIÓN “MANUEL BARTOLOMÉ COSSÍO” DE
LA FACULTAD DE EDUCACIÓN DE LA
UNIVERSIDAD COMPLUTENSE DE MADRID.
ESTADO DE LAS COLECCIONES Y LÍNEAS DE
ACTUACIÓN.
229
recuperación y preservación de la cultura material e inmaterial de la escuela1.
Esta iniciativa debe ser ubicada en un contexto clave en el que las reformas
educativas, especialmente la concentración escolar iniciada con la Ley General
de Educación de 1970 y la renovación de materiales por el aumento de las
disponibilidades presupuestarias, pusieron en peligro mucho del patrimonio
educativo de la provincia y del conjunto del país.
Sus primeras acciones se encaminaron a preservar y salvaguardar un
fondo documental y material procedente de un colegio público de Madrid. La
remodelación del Colegio La Paloma provocó el desmantelamiento del archivo
y fondo bibliográfico. Gracias a la preocupación de los profesores D. Anastasio
Martínez Navarro y D. Julio Ruiz Berrio por la conservación de este
patrimonio, se logró establecer un convenio de colaboración con el
Ayuntamiento de Madrid en 1990, autorizando a la Facultad de Educación la
custodia y salvaguarda del archivo procedente de una institución escolar2.
232
Albacete, el Museo escolar de Galicia (MUPEGA) o el Centro Internacional de
Cultura Escolar (CEINCE).
Por otra parte, las actividades museográficas del Museo se desarrollan en los
aledaños del Museo, en la planta baja de la Facultad, en la que encuentra una
serie de vitrinas y expositores ubicados en un espacio amplio donde el Museo
adquiere un mayor protagonismo, y sus actividades una mayor proyección y
difusión entre el alumnado de la Universidad. En palabras de su anterior
director, Julio Ruiz Berrio, “el Museo y sus exposiciones no se quedan
arrinconados en un almacén sino que salen al encuentro de su posible
clientela”.
233
Sala de exposiciones
El número de ejemplares con que cuenta el Museo supera los cinco mil
volúmenes correspondientes a los distintos niveles de enseñanza en los que
fueron utilizados: escuela primaria, preescolar y bachillerato. La procedencia de
estos libros es múltiple, predominando las donaciones institucionales y de
particulares. No obstante, se han adquirido algunos de ellos por compra directa
en librerías de anticuario. La mayoría de este fondo ha sido editado en el siglo
XX, aunque también se conservan algunos ejemplares del siglo XIX. Esta
colección de manuales supone una riqueza patrimonial muy interesante para el
investigador y el alumnado de Historia de la Educación porque de algún modo,
los textos nos dejan entrever algunos aspectos del jardín oculto del currículo de
la escuela: programas, contenidos, metodología, imágenes, ideología,
actividades, etc. El giro historiográfico hacia la microhistoria nos permite
desvelar los silencios de la Historia de la Educación que señaló Harold Silver
234
hace ya más de dos décadas3. El análisis de los manuales como los cuadernos o
las imágenes nos acercan a la caja negra de la escuela, nos muestran la escuela
por dentro, los métodos que se emplearon en la enseñanza, qué modelos de
examen y disciplina se aplicaban, así como otros aspectos que permitan conocer
la realidad educativa. Además de los 5.000 manuales escolares y libros de lectura
(S. XIX y XX), el Museo conserva en torno a unas 1.525 monografías
pedagógicas (S.XX); 313 libros de historia general (S.XX); 582 objetos
escolares (linternas mágicas, proyectores, ábacos, etc); 641 instrumentos
científicos completos; 890 memorias de distintas instituciones educativas y su
entorno de los años 50 y 60; Colección de revistas (24 m lineales); Documentos
educativos (30 m lineales); 60 mapas, entre los que se incluyen ejemplares de
Paul Vidal de LaBlache -que podrían ser un legado de D. Ricardo Beltrán y
Rózpide, primer catedrático de Geografía en la Escuela Superior de magisterio
y en la Sección de Pedagogía de la Universidad de Madrid, y discípulo de
aquel4-, 893 películas y 400 casetes con entrevistas.
Durante todos estos años, el Museo como organismo vivo, ha
incorporado nuevos fondos procedentes de donaciones particulares e
institucionales, entre los que podemos destacar el Fondo Zacarias,
perteneciente a la donación realizada por D. Zacarías Ramo Traver, Inspector
de Enseñanza, o el Fondo SIGE, procedente del Seminario Interdisciplinar
Género y Educación, compuesto por profesoras de la Facultad que desde
distintas áreas de conocimiento investigan sobre educación y género. Asimismo
el alumnado realiza donaciones particulares de manera continuada.
236
Mapario
237
En relación con la evolución de la enseñanza de la escritura, el Museo
dispone también de algunos instrumentos interesantes, que podemos recordar
por orden cronológico: 1 pluma de ave como testigo de finales del siglo XVIII,
1 plumín metálico montado sobre el palillero (mediados s. XIX y 1ª mitad del s.
XX), el pizarrín y la pizarra. Por último, señalar la introducción del bolígrafo en
la escuela, a partir de los años 60.
Materiales de escritura
238
Imprenta
Dones 1 Y 2 de Fröbel
239
La representación de juguetes es muy reducida, pero está iniciada la
colección correspondiente. Le damos mucha importancia y se espera que se
incremente en fechas próximas. Existen también algunos recursos didácticos
para la enseñanza de diversas materias, Lenguaje, Aritmética, Ciencias, etc.
Como por ejemplo, los puzzles o juegos didácticos para hacer más atractiva la
enseñanza fabricados en los años 30 y 40.
240
patrióticos: retratos de Francisco Franco, José Antonio Primo de Rivera, Virgen
de la Paloma, banderas nacionales, unas huchas de petición por las Misiones o
bien algunos aparatos de reeducación de sordomudos, etc.
Otros materiales con los que cuenta el Museo son las cajas de sólidos
geométricos, ábacos o instrumentos para medidas de peso o capacidad.
241
Por último, quisiéramos mencionar otra de las colecciones de índole
diversa en la temática, pero de gran valor pedagógico y del patrimonio histórico
educativo, como es el Fondo “Romero Marín”, compuesto por un conjunto de
Memorias o trabajos de fin de curso de las prácticas de Pedagogía, que realizaron los
alumnos durante las décadas de los años 50, 60 y principios de los 70. Cuenta
con casi unos 900 trabajos monográficos de pedagogía general o memorias de
fin de curso, que realizaron los estudiantes de la Facultad de Filosofía y Letras,
pertenecientes a la Sección de Pedagogía entre 1950 y 1975, a petición del
profesor Catedrático de “Pedagogía General y Racional” de dicha Sección D.
Anselmo Romero Marín –nombrado como Catedrático el 22 de marzo de 1949,
BOE 8 de abril5–. Los estudiantes procedían de distintos lugares de la geografía
española, y se les pedía realizar un trabajo sobre una realidad educativa, en
algunos casos vinculada a su actividad laboral, dado que una parte del alumnado
ya ejercía profesionalmente en el ámbito educativo6. En tal sentido, las
memorias ofrecen estudios sobre distintos ámbitos de la enseñanza y diversos
niveles educativos, así como de distintas zonas geográficas, tipos de población
estudiantil, y de temáticas complejas como el analfabetismo, la pobreza, la
educación especial, la educación de las mujeres, la enseñanza privada, la
enseñanza pública, las escuelas rurales, las escuelas urbanas, la formación
profesional, etc. Este patrimonio histórico-educativo se amplía con una variada
y rica documentación educativa que va desde estadísticas, datos geográficos,
7 A partir de ahora, haremos referencia al grupo con las siglas CEGI y en su página web
se puede encontrar más información:
www.pixelcpg.com/clientes/grupo_invest/cultura_escolar.html.
8 COLMENAR ORZAES, C. El Fondo Romero Marín del Museo de Historia de la
Educación “Manuel Bartolomé Cossío”. Memorias sobre las prácticas escolares: la
educación infantil. En MORENO MARTÍNEZ, P.L. y SEBASTIÁN VICENTE,
A. (eds.). Patrimonio y Etnografía de la escuela en España y Portugal durante el siglo XX.
Murcia: CEME, SEPHE, 2012, pp. 197-210; PERICACHO GÓMEZ, J. El Fondo
Romero Marín del Museo “Manuel B. Cossío”. Documentos sobre las prácticas
escolares: la labor pedagógica de la ciudad de los Muchachos de Vallecas. En
MORENO MARTÍNEZ, P.L. y SEBASTIÁN VICENTE, A. (eds.). Patrimonio y
Etnografía de la escuela en España y Portugal durante el siglo XX. Murcia: CEME, SEPHE,
2012, pp.311-322; RABAZAS ROMERO, T. y POVEDA, M. El Fondo Romero
Marín del Museo “Manuel Bartolomé Cossío”. Análisis de las memorias de las
prácticas de Pedagogía. En MORENO MARTÍNEZ, P.L. y SEBASTIÁN
VICENTE, A. (eds.). Patrimonio y Etnografía de la escuela en España y Portugal durante el
siglo XX. Murcia: CEME, SEPHE, 2012, pp. 323-336; RAMOS ZAMORA, S. Labor
pedagógica de los Hogares de Auxilio Social a través de las memorias del Fondo
“Romero Marín” del Museo de Historia de la Educación “Manuel Bartolomé
Cossío”. En MORENO MARTÍNEZ, P.L. y SEBASTIÁN VICENTE, A. (eds.).
Patrimonio y Etnografía de la escuela en España y Portugal durante el siglo XX. Murcia:
CEME, SEPHE, pp. 337-354. También cabe destacar el trabajo realizado por las
profesoras DEL POZO ANDRÉS, Mª M. y RABAZAS ROMERO, T. Imatges
243
Memoria Fondo “Romero Marín”
248
Por otro lado, el Seminario Interdisciplinar Género y Educación”
(SIGE), que organiza anualmente unas jornadas formativas y de sensibilización
para conmemorar el Día de la Mujer, en el año 2009 celebró las III Jornadas
dedicadas a La perspectiva de género en la Formación del Profesorado al objeto de
consolidar la política de organización de una Jornada de trabajo y difusión de la
perspectiva de género en el ámbito de la Formación del Profesorado;
concienciar al alumnado universitario sobre el impacto de la variable
sexo/género en la educación; visibilizar el papel de los proyectos docentes, las
metodologías y los materiales educativos en la conformación de identidades de
género; explicar, desde la perspectiva de género, aspectos de la mentalidad del
presente en los discursos heredados del pasado y fomentar el intercambio de
ideas y las redes de estudios de mujeres a través de la colaboración con
249
profesorado de otras Universidades. Estas jornadas se acompañaron de la
exposición “Educar a las mujeres. España: 1875-1975”. Dicha exposición fue
organizada por el SIGE y coordinada por las profesoras Sara Ramos y Juana
Anadón, desde el Museo y con la colaboración del Instituto de Investigaciones
Feministas de la UCM, la Facultad de Educación, la Asociación de Amigos de la
Cultura Científica –representada por el profesor Francisco González-, el grupo
de investigación “Historia y presente de la cultura escolar. Género e
identidades” (CEGI) y sus alumnas colaboradoras en el proyecto de
investigación “Género y museología de la educación”, así como de un grupo de
alumnas y alumnos de Historia de la Educación de 2º de Pedagogía.
Cartel
250
Cartel exposición
251
cultura de las mujeres, contribuyó, sin duda alguna, a dotarles de un mayor
valor patrimonial desde el punto de vista personal y familiar. Junto a la cultura
escolar se destacaron otros aspectos muy significativos: la formación de
maestras en la Escuela Normal de Maestras de Madrid -planes de estudios,
expedientes académicos y materiales escolares-, la relación de las mujeres con la
ciencia (1910-1936) y el papel de las Cátedras ambulantes y de las Instructoras
rurales de la Sección Femenina en la formación de las mujeres en el ámbito
rural.
Vitrina II República
252
un viaje simulado desde el presente con retorno al pasado y con miras de
futuro14.
Las consecuencias pedagógicas de estas iniciativas museográficas nos
permiten afirmar que la implicación activa del alumnado de historia de la
educación en la búsqueda, localización, e interpretación de fuentes de su propio
patrimonio histórico-educativo constituye un excelente recurso didáctico para
acercar la docencia a la investigación y sobre todo favorecer una mayor
motivación e implicación del alumnado por querer saber de su pasado
educativo con el que además se sienten identificados. Además, de esta manera
el alumnado de historia de la educación vive en primera persona el proceso de
investigación histórico-educativa.
Esta labor tiene cierta continuidad a través de las actividades enmarcadas
dentro de los Proyectos de Innovación y Mejora de la Calidad Docente15
desarrollados por el grupo de investigación CEGI, al utilizar el Museo como
herramienta y recurso clave de la docencia impartida en las nuevas titulaciones
de Grado, en Pedagogía, Educación Social, Maestro en infantil y Primaria. Más
concretamente a través de los fondos del mismo, el alumnado ha podido
profundizar en las diferentes corrientes internacionales de la educación y ha
Perspectivas de futuro
254
debates, intercambio de impresiones y se expongan resultados de encuentros,
jornadas, seminarios monográficos vinculados al grupo de investigación
consolidado CEGI mencionado anteriormente. Asimismo tiene como objetivo
prioritario difundir el patrimonio histórico-educativo que alberga a través de la
organización de exposiciones relacionadas con líneas de investigación,
proyectos de innovación docente, proyectos de investigación competitivos, etc.
y organizar viajes y estudios de campo –tomando el testigo del profesor D. Julio
Ruiz Berrio-, obteniendo información actualizada sobre la red de museos de
educación y de historia de la educación en el territorio español y en el contexto
internacional.
También es una línea prioritaria la colaboración e intercambio con otras
instituciones y redes, especialmente museos de educación nacionales e
internacionales y otros grupos de investigación. En estos momentos, hemos
iniciado trabajos con el Grupo de investigación de Arquitectura Kri
https://sede.educacion.gob.es/tramite/solicitud/accion.jjsptica (ARKRIT) de
la Escuela Técnica Superior de Arquitectura de la Universidad Politécnica de
Madrid, en un proyecto de I+D sobre arquitectura escolar, lo que permitirá a
los usuarios del Museo consultar las bases de datos del mencionado grupo, que
tiene como núcleo detallados planos de numerosos centros escolares españoles
e internacionales. El Grupo de investigación está estudiando la posibilidad de
realizar una exposición sobre arquitectura escolar usando también estos
materiales y participar en una iniciativa de los movimientos de renovación
pedagógica sobre el estudio de la relación de los espacios y los procesos
educativos en la Escuela Nueva y las nuevas propuestas educativas.
El énfasis manifestado en la oralidad y en la materialidad de la nueva
museología y de la Nueva Historia Social de la Educación ha favorecido que el
Museo se haya interesado en colaborar con la Universidad de Mayores en las
255
tareas de recuperación de la memoria histórica a través de la memoria oral de
sus alumnos y alumnas así como la recuperación del material docente del
profesorado universitario de la Facultad de Educación a través de sus apuntes
de clase, de preparación de lecciones etc. para contribuir a un mayor
conocimiento e historización de la propia Facultad. Asimismo pretende abrirse
a los especialistas de las didácticas de las ciencias para que pongan en valor la
impresionante colección de instrumentos científicos.
También cabe destacar la intención de seguir manteniendo contacto
activo con redes académicas como la SEPHE, siendo desde su creación, sede
oficial de la misma, la RIDHPE o la Red de los Institutos históricos, entre otros
y otras. Por último, señalar que la digitalización de las actuales colecciones así
como del material cinematográfico didáctico, del archivo etnográfico
fotográfico procedente del Fondo Romero Marín, se ha convertido en una
actividad clave para lograr la difusión y uso del patrimonio material e inmaterial
de manuales, instrumentos científicos, cuadernos, objetos escolares, fuentes
orales, etc.
Los museos son espacios de memoria colectiva y como tal deben
contribuir con una pedagogía que permite a través del patrimonio histórico-
educativo, ya sea material o intangible, analizar críticamente la realidad
educativa confrontando la modernidad con el tiempo histórico en el fueron
creados y utilizados. El Laboratorio/Museo quiere contribuir a esta
trascendental tarea.
256
EVOLUCIÓN Y NUEVOS RETOS DE LA
INVESTIGACIÓN SOBRE MANUALES ESCOLARES
TRAS DOS DÉCADAS DE TRAYECTORIA DEL
CENTRO DE INVESTIGACION MANES (1992-2012)
Resumen
257
tradición académica española que un grupo interuniversitario e internacional de
investigación en ciencias sociales y humanas alcance un periodo tan extenso de
existencia y crecimiento, inserto, además, en un contexto cultural, tecnológico y
científico de cambio de corrientes y paradigmas dominantes. Se exponeny
analizan los problemas instrumentales y conceptuales a los que hubo que hacer
frente y se examinan las respuestas y la producción científica resultante con el
doble propósito de dar a conocer la problemática específica del campo de
estudio y, al mismo tiempo, reflexionar sobre las vías elegidas para abordarla. Se
pone en evidencia el propósito de continuar una reflexión sistemática sobre el
campo de la educación escolar desde una perspectiva histórica pero también
interdisciplinar, asumiendo la necesidad de la mirada “micro” dirigida al interior
del aula y de la escuela para escudriñar prácticas, tradiciones profesionales,
objetos, recursos, relaciones entre agentes, tiempos y espacios (la “cultura
escolar”), junto con la mirada “macro”, en tanto las instituciones escolares están
sujetas a condicionantes sociales y políticos generales inscritos, a su vez, en el
juego de interdependencias e influencias culturales nacionales e internacionales.
1. Antecedentes y orígenes
258
MANES fue creado en 1992 como proyecto de investigación. Hasta
principios de la década de los noventa, los estudios educativos en España se
centraban en política educativa, escolarización y movimientos de renovación
social o pedagógica (por citar algunas líneas).Pero esta clase de trabajos, que
marcaban nuevos rumbos y progresos en cuanto a los estudios sobre las ideas
pedagógicas de los años setenta, y que fueron también cruciales para el
conocimiento de las bases del sistema educativo español, comenzaron a dar
paso y conceder espacio a otros temas (Ossenbach, 2009, 41-51). El historiador
de la educación comenzó a interesarse por el interior de la escuela y del aula,
por sus objetos y recursos, a lo que Dawn y Grosvenor (2005) se refieren como
“materiality of schooling”, descubriendo lo que hoy se conoce como cultura
escolar según fue definida por Dominique Julià(1995, 354) en la Conferencia de
la International Standing Conference for the History of Education (ISCHE), que tuvo
lugar en Lisboa en el año 1993: “Pour faire bref, on pourrait ici décrire la culture scolaire
comme un ensemble de normes qui définissent des savoirs à enseigner et des conduites à
inculquer et un ensemble de pratiques qui permettent la transmission de ces savoirs et
l’incorporation de ces comportements, normes et pratiques étant ordonnées àdes finalités qui
peuvent varier suivant les époques (finalités religieuses, sociopolitiques ou tout simplement de
socialisation).1
Así es como va surgiendo una nueva mirada y se va incrementando el
interés por los museos pedagógicos, las colecciones y los estudios sobre
manuales escolares (Johnsen, 1993). Los estudios sociales dieron paso a los
estudios culturales como nueva tendencia historiográfica predominante.
1 La versión en castellano, titulada “La cultura escolar como objeto histórico”, puede
leerse en Menegus, M.y González, E. (1995). Historia de las universidades modernas en
Hispanoamérica. Métodos y fuentes. México: Universidad Nacional Autónoma de México,
p. 131.
259
El Proyecto MANES surge en este momento de cambio de paradigma
historiográfico dominante como una tarea cooperativa e interuniversitaria
llevada a cabo por un gran número de historiadores de la educación en España
y otros países. Nació por iniciativa del profesor Federico Gómez Rodríguez de
Castro siguiendo el modelo establecido por el profesor Alain Choppin (1992,
345-356) en Francia, con su proyecto EMMANUELLE, fundado en 1980. En
el año 1992 se firmó el Convenio de colaboración entre la Universidad
Nacional de Educación a Distancia (UNED) y el Institut National de Recherche
Pédagogique (INRP) y ese año constituye, por lo tanto, la fecha oficial de
nacimiento de MANES.
Es importante destacar la naturaleza interuniversitaria e internacional del
proyecto MANES desde su fundación porque constituye un sello que ha
influido en su actividad y variada investigación, hecho que es posible percibir
ahora, con veinte años de perspectiva. Aunque fue creado por profesores e
investigadores del Departamento de Historia de la Educación y Educación
Comparada de la UNED, contó prácticamente desde su origen con el apoyo y
la participación de destacados profesores e investigadores de otras
universidades españolas como Agustín Escolano Benito (Valladolid), Antonio
Viñao Frago (Murcia), Julio Ruiz Berrio (Complutense), José María Hernández
Díaz (Salamanca), Nieves Gómez García (Sevilla) y, poco después, también con
equipos europeos, como el dirigido por Jean Louis Guereña, de la Universidad
de Tours y de América Latina, como los dirigidos por Rubén Cucuzza, en
Argentina; Olga Zuluaga, en Colombia; Luz Elena Galván, en México y
Kazumi Munakata y Maria Rita de Almeida Toledo, en Brasil. La adhesión de
numerosas universidades y grupos de investigación latinoamericanos en 1996
dio lugar a la creación del grupo interamericano llamado MANES-América
260
Latina, que consta actualmente de 19 universidades y otras instituciones e
investigadores asociados.2
Pero, ¿qué se pretendía llevar a cabo en el Proyecto MANES? ¿Cuáles
fueron las líneas de acción y los objetivos?
2. Objetivos
Las dos premisas iniciales con las que nació el proyecto eran, por un
lado, la convicción de la importancia de la cultura escolar y de los libros de
texto en particular como elementos configuradores de las mentalidades sociales,
y, por otro, la toma de conciencia de la laguna que suponía no disponer de los
datos empíricos e instrumentales mínimos para ese tipo de investigaciones,
comenzando por la ausencia de un simple censo de textos utilizados en el
sistema educativo español durante los siglos XIX y XX.
Por lo tanto, los objetivos iniciales del proyecto MANES se clasificaron
en dos grandes grupos: instrumentales y de investigación. Entre los primeros, se
precisó la:
261
Recopilación de todos los textos legales relativos a los manuales
escolares, los planes de estudio, los programas y los cuestionarios de la
primera y segunda enseñanza a partir de 1812.
262
que destacar la relevancia de la creación en el curso 1994-1995, del
subprograma de Doctorado: Historia del currículo: el libro escolar, reflejo de
influencias pedagógicas e intenciones políticas (Siglos XIX y XX),3coordinado
en sus orígenes por el fundador de MANES, el profesor Federico Gómez. Este
breve recorrido por los orígenes, constitución y objetivos del Proyecto MANES
nos permite adentrarnos en la valoracion crítica de su actividad durante veinte
años de recorrido.
263
se estableció el año 1990 como el último para la recogida de información
instrumental y como límite superior temporal de las investigaciones, por ser al
año en que se promulgó la Ley de Ordenación General del Sistema Educativo
(LOGSE), ley que promovía una profunda reforma educativa que afectaba no
sólo a la estructura del sistema sino también a los contenidos curriculares.
Respondiendo a otro de los objetivos iniciales del proyecto, se comenzó
a reunir un fondo documental de manuales escolares españoles de los siglos
XIX y XX correspondientes a los niveles primario y secundario. Por medio de
donaciones y compras dicho fondo posee en la actualidad alrededor de 7.000
obras y está físicamente alojado e integrado en las colecciones especiales de la
Biblioteca Central de la UNED.4
Para organizar el censo de manuales escolares se optó por el software
CD-ISIS (que ya utilizaba el proyecto pionero francés EMMANUELLE), de la
UNESCO, por ser de dominio público, lo que facilitaba la transmisión, difusión
e intercambio de información. Se elaboró un modelo de ficha bibliográfica
específica para libros escolares, en la que se recogían gran cantidad de datos que
no estaban contemplados en la ficha bibliográfica estandarizada utilizada en la
catalogación de libros en el sistema bibliotecario internacional.
Al principio dicho software funcionaba bajo el Disk Operating System
(D.O.S.) y los datos se distribuían entre los equipos investigadores adheridos
por medio de CD-ROM. El año 2002 marcó el primer hito y punto de inflexión
en la vida del proyecto, creándose su primer sitio web, su primer portal al
público. Al crearse el sitio web de MANES a finales de 2002 la consulta de la
base de datos se libró al dominio público, lo cual facilitó en gran medida el
4 Disponible en:
http://portal.uned.es/portal/page?_pageid=93,26764106&_dad=portal&_schema=P
ORTAL#Manes [consulta 2013, 22 de mayo].
264
acceso y la difusión de información especializada, tanto para estudiosos e
investigadores como para estudiantes (sobre todo de pedagogía y magisterio) y
para el público en general.
Aproximadamente en diez años (desde 1992 hasta 2002, en que se colgó
en Internet la base datos) se llevaban registrados alrededor de 12.000 títulos, lo
que no es poco, pero resultaba ligeramente insatisfactorio en relación a los
40.000 títulos escolares que se presumía habían sido editados en los últimos dos
siglos.
Desde el momento presente podemos conjeturar que la relativa lentitud
del proceso de búsqueda y catalogación respondió a dos factores principales: la
laboriosidad del trabajo en sí mismo y la extensión y complejidad de la ficha de
recopilación de datos, que recogía, quizás con excesiva minuciosidad, no sólo
datos que proporcionaba el libro escolar directamente sino también otros que
demandaban una cierta interpretación y conocimientos especializados en la
historia del sistema educativo español. Por ejemplo y especialmente
mencionamos las categorías de “género textual” y “materia” porque señalan
categorías que están sujetas a variaciones internas según el periodo histórico del
que se trata.5
La funcionalidad y adecuación del diseño de la ficha de recopilación de
datos se vieron sometidas a nuevas tensiones cuando se incorporaron al
proyecto universidades e instituciones de América Latina, a partir,
265
aproximadamente, del año 1996. Si bien la información bibliográfica básica era
idéntica (según la estandarización internacional) había aspectos problemáticos,
otra vez y especialmente, las denominaciones históricas de las disciplinas o
asignaturas, el género textual y el nivel educativo y/o modalidad al que
pertenecían, lo que no sólo afectaba al registro de la información sino, y es lo
más importante, a la fiabilidad y precisión de la misma para ser utilizada
posteriormente en investigaciones comparativas. En ese momento no se pudo
dar una solución global a las dificultades y las mismas se fueron resolviendo de
manera casuística. En el momento en que la base de datos se instaló en Internet
contaba ya con algunos miles de registros de libros de texto latinoamericanos
(Tiana, 1999), (Ossenbach, 2000).
Como se dijo, la apertura del sitio Web en el año 2002, otorgó al
proyecto un conjunto de posibilidades nuevas: proporcionó una visibilidad
pública y una presencia constante; facilitó la tarea interna de catalogación y la
externa de comunicar los resultados de la investigación; facilitó el acceso a
información especializada y puso a disposición de la comunidad académica, de
instituciones de formación de docentes y de interesados en general, un material
instrumental valioso para el desarrollo de las investigaciones en el campo de los
libros de texto, de la historia del currículum y de la formación de la matriz
disciplinar del saber escolar. Desde entonces, MANES ofrece un portal Web,
dirigido a la comunidad educativa en general, que facilita la investigación
histórico-educativa (Somoza, 2006).
266
concesión por parte de la Comisión Europea de un proyecto titulado
“MANES: Base de datos y biblioteca virtual de manuales escolares europeos y
latinoamericanos”, para el período 2005-2007, dentro del programa ALFA de
cooperación académica entre universidades de Europa y América Latina, sobre
el que regresaremos más adelante, volvió a presentarse con fuerza el problema
de la compatibilización de criterios, denominaciones, niveles y formatos, de
modo que fuera posible realizar una base de datos internacional que, al mismo
tiempo que sirviera de recurso instrumental, facilitara la labor de investigación
histórico-educativa orientada a la comparación internacional en el campo de la
manualística y del currículum.
En dos encuentros de trabajo los equipos que componían la red de
instituciones asociadas al proyecto (Red PATRE-MANES: Patrimonio Escolar-
Manuales Escolares) debatieron esas cuestiones y propusieron cambios en el
formato de la ficha de registro de datos, en el sentido de suprimir y/o aliviar la
carga de información para dinamizar el trabajo de catalogación y evitar, en la
medida de lo posible, las diferencias entre países en las denominaciones
históricas de las disciplinas, en la estructura de niveles, en la clasificación en
“géneros didácticos”, y aspectos similares. Junto con estas cuestiones, más bien
técnicas, se desarrolló otro debate de tipo más conceptual, acerca de la medida
en que el formato de ficha de recolección de datos utilizado hasta el momento
(y que era heredera del formato francés del proyecto EMMANUELLE) podía
ser un elemento condicionante de las investigaciones, en el sentido de que el
proceso escolarizador que en los últimos doscientos años fue separando,
clasificando, estableciendo cánones, jerarquizando y discriminando,
organizando tiempos, espacios y saberes, proceso social y políticamente
dirigido, pero naturalizado en la percepción de los sujetos escolarizados, tenía
también, como una de sus manifestaciones naturalizadas y naturalizantes, la
267
recolección de datos de manuales escolares efectuada según los mismos
criterios del proceso escolarizador: parcelando el saber en “disciplinas”,
separando complejos fenómenos sociales en “materias”, estableciendo
jerarquías de conocimientos científicos que, muchas veces, esconden jerarquías
sociales. Es decir, de alguna manera, la ficha de recolección de datos de
MANES, más que un instrumento neutro de recolección de información, podía
ser producto de ese mismo proceso escolarizador que oculta en sí mismo, como
procedimiento científico, la estructura social y cultural que lo originó. Dicho de
manera resumida: algunos miembros de la Red manifestaron reparos acerca del
formato y la estructura de campos de la ficha bibliográfica MANES por estar
inscrita en los marcos conceptuales de la escolarización (Somoza, 2006).6
Una de las consecuencias principales de ese debate fue el acuerdo
adoptado de simplificar la estructura de campos de la ficha bibligráfica. Junto
con ello, se decidió renovar el diseño de la base de datos para hacer que las
búsquedas fueran más intuitivas y con mayores posibilidadedes de búsquedas
cruzadas (atendiendo a varias palabras clave al mismo tiempo). La
incorporación de las bases de Bélgica y Portugal (Depaepe y Simon, 2005;
Magalhães, 2006), al estar en idiomas diferentes al castellano, obligó a presentar
la base de datos también en esos idiomas, incluyendo la posibilidad de buscar
registros (por disciplina, por ejemplo) en todos los idiomas y en todas las bases
nacionales al mismo tiempo. El nuevo diseño de la base de datos resultó ser, de
este modo, más complejo en su estructura interna pero más sencillo para los
usuarios, tanto para quienes catalogaban como para quienes buscaban
268
información específica sobre libros de texto, autores, editoriales y fondos
documentales.
El año 2012 significó otro gran salto cualitativo para el proyecto, por la
renovacion de su portal.7 El portal alberga, aparte de las bases de datos y de los
proyectos de investigación, seis bloques de contenidos, compuestos por, entre
otros apartados: una galería multimedia; varias bibliotecas virtuales de manuales
digitalizados de España y otros países; un sección de exposiones temáticas y
otra de documentos históricos; las publicaciones y las bibliografías por países.
Nos detendremos en algunas de ellas.
269
conservaban los derechos de autoría intelectual. En estos momentos la
biblioteca virtual cuenta con aproximadamente 150 obras digitalizadas.
Uno de los objetivos del proyecto de investigación ya mencionado
“MANES: Base de datos y biblioteca virtual de manuales escolares europeos y
latinoamericanos”, fue la creación de bibliotecas digitales de manuales escolares
europeos y latinoamericanos con finalidad comparativa, lo que representaba un
reto intelectual en el que estamos aún embarcados. El objeto de nuestras
preocupaciones puede ser expresado de la siguiente manera: ¿cómo diseñar una
biblioteca virtual de manuales escolares europeos y latinoamericanos que
sirviera como instrumento para la comparación entre diferentes realidades
nacionales?
Esta biblioteca virtual contiene un conjunto significativo de textos
escolares europeos y latinoamericanos editados entre 1875 y 1930, que nos
permiten observar cómo se expresaron en el material didáctico las identidades
nacionales de estos países, y cómo la escuela fue un vehículo importante de
transmisión de imaginarios colectivos con el fin de contribuir a la cohesión
nacional. La organización de esta biblioteca virtual responde a un estudio de
tipo comparativo que permite al lector combinar diferentes itinerarios, ya sea
por países (Argentina, Bélgica, Colombia, España, México y Portugal) o a través
de diversos temas vinculados al problema de la identidad nacional
(homogeneidad/heterogeneidad en la construcción de la nación; representación
del espacio; representación del tiempo; símbolos nacionales; religión y
patriotismo).
270
3.4. Las exposiciones temáticas virtuales
Otra sección dentro del sitio Web del centro de investigación, también
vinculada a los propósitos de preservar y dar a conocer un patrimonio cultural
valioso, es la que se denomina “Documentos históricos”, en la que se
8 Disponible en:
http://servidormanes.uned.es/manesnuevo/index.php?option=com_content&view=ar
ticle&id=14&Itemid=12 [consulta 2013, 22 de mayo].
9 Entre otras exposiciones, “Los manuales de ‘Lecciones de Cosas’”, “El Quijote en la
escuela”, “Los manuales de Francés en España entre 1938 y 1970”, “El primer
manual de Historia Natural en lengua castellana”, “Nuestras primeras letras.
Exposición de manuales escolares”, “El libro de lectura como manual de
instrucciones para el sentimiento infantil durante el primer franquismo”, “El
darwinismo en los manuales escolares de Ciencias Naturales del último tercio del
siglo XIX en España” y “Un manual para la enseñanza de la Historia de América en
España”.
271
reproducen testimonios históricos relacionados con la educación. En la sección
se pueden encontrar, por ejemplo, textos de Platón y de Santo Tomás acerca de
la relación entre la oralidad y la escritura y, especialmente, tanto por su
importancia para la historia de los libros escolares como por su relativa
dificultad de acceder al libro, una reproducción completa del Orbis Sensualium
Pictus (en su edición inglesa de 1659). La obra de Comenius se considera
fundadora del concepto moderno de manual escolar, dado que empleando de
forma sistemática textos acompañados de imágenes de objetos, instituciones y
seres aludidos en ellos, se daba a conocer a los niños las propiedades del mundo
físico, cultural y espiritual, al mismo tiempo que, partiendo de la lengua
materna, se les iniciaba en el aprendizaje de la lengua culta de la época, el latín.
10 Disponibles en:
http://servidormanes.uned.es/manesnuevo/index.php?option=com_content&view=ar
ticle&id=7&Itemid=9 [consulta 2013, 22 de mayo].
272
prohibidos. La serie editorial también saca a la luz resultados, ponencias y
comunicaciones de coloquios y congresos relacionados con la temática.
273
4. Evolucion de la investigación: temáticas, fuentes y metodología
13 La publicación de la obra Historia ilustrada del libro escolar en España, dirigida por el
profesor Agustín Escolano, en dos volúmenes, I: Del Antiguo Régimen a la Segunda
República; y II: De la posguerra a la reforma educativa, Madrid, Fundación Germán
Sánchez Ruipérez, en 1997 y 1998 respectivamente, surgía como constatación clave y
decisiva, junto a las actividades citadas, de la consolidación del campo de estudio y
del nacimiento de la “manualística”.
14 Producto del coloquio fue: El currículum. Historia de una mediación social y cultural. Actas
del IX Coloquio de Historia de la Educación. Granada, 23-26 de septiembre de
1996. Universidad de Granada, Instituto de Ciencias de la Educación, 1996.
274
de Henares, España), en el año 2000; organizada, precisamente, bajo
el título “Books and Education”.15
3ª El V Congreso Iberoamericano de Historia de la Educación
Latinoamericana (San José, Costa Rica), en el año 2001.16
275
3º El II Simposio MANES (Sevilla, España), en el año 1997,con el título
“Los manuales escolares en la enseñanza secundaria”.19
4º El II Seminario Internacional, también de carácter latinoamericano, en
la Universidad de Quilmes (Quilmes, Argentina), en el año 1997, con
el tema “Textos escolares en Iberoamérica. Avatares del pasado y
tendencias actuales”.
5º El III Simposio MANES (Navacerrada, Madrid, España), en octubre
de 2001.
276
surgimiento del constitucionalismo y del Estado liberal en España con las
Cortes de Cádiz (1812), por una parte, y la promulgación de la LOGSE en
1990, por otra. Se consideró que ambos acontecimientos gravitaron
decisivamente en las políticas educativas y en el desenvolvimiento de las
instituciones, el currículo, la organización escolar, las prácticas pedagógicas y,
en definitiva, en el conjunto de acciones y procesos, materiales e inmateriales,
que se conoce actualmente como cultura escolar. La ampliación temporal que se
planteaba al final de la primera década significó extender el periodo estudiado
hasta el presente de los manuales escolares o libros didácticos en general. Tal
decisión afectó al proyecto más de lo que se podría pensar en una primera
formulación, porque, hasta entonces, la investigación tenía una orientación
predominantemente histórica pero, la ampliación temporal obligó a emplear
una metodología más diversa, incorporando a los instrumentos propios de la
historiografía otros procedimientos empleados en los campos sociológico,
antropológico y filosófico. La segunda década comenzó, por tanto, con nuevos
retos metodológicos y conceptuales a los que nos referiremos más adelante.
En segundo lugar, se planteó una ampliación del mismo objeto de
estudio. La investigación sobre el manual escolar como objeto de estudio se
centraba casi exclusivamente sobre un conjunto de aspectos que priorizaban el
momento de producción y emisión del mensaje o la comunicación (análisis de
contenido ideológico, político, científico, didáctico; de las políticas educativas y
de las prácticas comerciales de las editoriales). El momento de la recepción del
mensaje, las condiciones de la recepción (la situación política, cultural, la
aproximación o distanciamiento con los movimientos generales de opinión de
la sociedad), el tipo de influencia que ejerce en los receptores (intensa, lábil,
persistente u ocasional), las acciones que los receptores desarrollan frente al
mensaje escolar e institucional (cuyos extremos serían la aceptación devota y el
277
rechazo frontal) quedaban relegados a un segundo plano, analizado
superficialmente u olvidado. En definitiva, el papel que los libros escolares y el
currículum desempeñaron y desempeñan en el proceso de socialización de las
generaciones, atendiendo a sus variaciones según las épocas históricas, el
desarrollo de las tecnologías (en particular las de la comunicación) y las
tendencias generales del ecosistema social son procesos muy complejos que
requieren una aproximacion a los contextos y mecanismos de recepcion. La
respuesta de los investigadores a estas problemáticas y a nuevas perspectivas de
estudio se tratará en el apartado siguiente porque en este espacio es necesario
hacer una revision crítica de la evolución de la investigación tradicional con
manuales escolares para poder comprender cómo y por qué se llegó a tales
cuestiones, así como situar en su justo lugar a las primeras investigaciones.
Los primeros estudios trataban de comprender qué era el manual escolar,
quién lo producía, quién lo autorizaba o prohibía, qué contenía, cómo estaba
organizado. Los historiadores revisaron la legislación sobre manuales,
indagaron sobre la historia de algunas editoriales populares y prestigiosas y
examinaron sus características materiales. Los estudios sobre contenidos, sobre
el cuerpo de conocimientos que el manual trataba de transmitir, enfocaron
inicialmente los conocimientos científicos y sociales que se convertían en
conocimientos escolares, en asignaturas y en disiciplinas. Conducían al
historiador hacia el estudio de las disciplinas escolares, hacia los géneros
textuales y hacia el estudio de la fragmentación y organización del
conocimiento. El estudio de estas cuestiones permitía también percibir la
influencia de ideas y teorías pedagógicas particulares.
Una mirada centrada en estos contenidos y mensajes buscó identificar
elementos e influencias ideológicas y políticas, en especial durante el periodo
histórico del franquismo. Se trató de una reacción natural del investigador ante
278
la posibilidad de analizar un documento hasta entonces desconocido como
fuente política, histórica y educativa. Los estudios sobre la representación de la
mujer y su papel en la sociedad y los estudios sobre minorías se sitúan también
entre los primeros. Puede considerarse con certeza que todos ellos se sitúan
dentro de la denominada critical tradition de la revisión sobre manuales
escolares. A juicio de Foster (2011, 5-20) existe también otra línea de
investigación, la conciliatory tradition, que comienza inmediatamente después
del final de la Segunda Guerra Mundial, con la revisión y descontaminación de
los manuales alemanes. Por otra parte, tiene sentido también que la tradición
crítica en España se centre con fuerza en el periodo histórico del franquismo.
Las publicaciones de esta primera década reflejan con claridad las temáticas
comentadas.20
279
4.2. La segunda década (2002-2012): exposiciones, proyectos de investigación,
variaciones temáticas, ampliacion de fuentes y renovacion metodológica
21 Producto de este encuentro fue la obra de Peña Saavedra, V. (dir.) (2006). I Jornadas
Científicas de la Sociedad Española para el Estudio del Patrimonio Histórico-Educativo. El
museísmo pedagógico en España: actualidad y perspectivas, luces y sombras. Santiago de
Compostela: Xunta de Galicia.
22 Las exposiciones se pueden ver en la Galería Multimedia del portal:
http://servidormanes.uned.es/manesnuevo/index.php?option=com_content&view
=article&id=14&Itemid=12 [Consulta 2013, 22 de mayo]
280
digitalizados y exhibidos en la biblioteca virtual,23 en 2004. El Centro
de Investigación MANES colaboró en la exposición.
3º “El Quijote en la escuela”. La primera exposición se llevó a cabo en
la Biblioteca Central de la UNED en junio de 2005 y la segunda,
mucho más amplia, en la Fundación Francisco Giner de los Ríos, en
octubre y noviembre de 2005.
4º “El darwinismo en los manuales escolares”, en la Biblioteca Central de
la UNED, en noviembre de 2006.
5º “Lecturas escolares para niñas”, en la Biblioteca Central de la UNED,
en marzo y abril de 2007.
6º "Aprender a pensar en español. Manuales de Enseñanza Secundaria,
1845-1939", en el Centro Asociado de Madrid "Escuelas Pías", en
octubre de 2007.
7º "Infancia, literatura y exilio del 39.Libros de la colección de Ana
Pelegrín", en la
Biblioteca Central de la UNED, en abril y de junio de 2009.
8º "Manuales escolares latinoamericanos", Semana de la Ciencia de la
Comunidad de Madrid, en la Biblioteca Central de la UNED, en
noviembre de 2008.
281
1º El VI Congreso Iberoamericano de Historia de la Educación
Latinoamericana, en El Colegio de México(San Luis Potosí, México),
en mayo de 2003, con el panel: "Cultura política, libros, manuales y
textos escolares".
2º El VII Congreso Iberoamericano de Historia de la Educación
Latinoamericana, en la Universidad Andina Simón Bolívar (Quito,
Ecuador), en septiembre 2005, con el panel "Manuales escolares: la
organización de los datos y las nuevas líneas de investigación".
3º Coloquio Internacional "Le manuel scolaire. D'ici et d'ailleurs, d'hier à
demain", en la Biblioteca de la Universidad de Quebec (Montreal,
Canadá), en abril de 2006.24
282
2º Seminario de Coordinación Documental en el Centro Internacional de
la Cultura Escolar (CEINCE) (Berlanga de Duero, Soria, España), en
junio de 2006.
3º II Seminario de la Red PATRE-MANES, también en el CEINCE
(Berlanga de Duero, Soria, España), en octubre de 2006.
4º I Workshop italo-español, bajo el título “Historia de la cultura
escolar”, llevado a cabo en el mismo centro de
investigación(CEINCE), en noviembre de 2010.25
25 Las actas han sido recogidas en la obra de Meda, J. y Badanelli, A. Mª (Eds.). (2013
en prensa). La ricerca stórico-educativa in Italia e Spagna: bilanci e prospettive. Atti del I
workshop italo-spagnolo di storia dell’educazione (Berlanga de Duero, 14-16 novembre
2011).Macerata: Ediciones de la Universidad de Macerata (EUM).
283
latinoamericanos”,26 obtuvo financiamiento para la formación de gestores
académicos y realización de bases de datos internacionales y una biblioteca
virtual de libros escolares. En él participaron cuatro universidades europeas y
otras cuatro latinoamericanas, que formaron la Red Patre-MANES.27
El segundo, de ámbito nacional, llevó por título “El Museo de Historia
Natural del Instituto Cardenal Cisneros de Madrid. Materiales para el estudio de
las Ciencias Naturales en la Educación Secundaria (1845-2004)”.28 También
comenzó en el año 2005 y fue financiado por la Comunidad Autónoma de
Madrid. Sus objetivos fueron varios: catalogar, preservar y recuperar los
elementos del laboratorio de uno de los institutos de enseñanza secundaria más
antiguos de España, que albergaba un valioso conjunto de instrumentos y
ejemplares de entomología, zoología, mineralogía y botánica. La colección que
dicha institución guardaba en su biblioteca constituye un exponente destacado
284
del patrimonio científico escolar que incluye libros de ciencias naturales (sobre
todo del siglo XIX).29
El tercero, “History on line”,30 financiado por la Unión Europea,
buscaba nuevas formas de hacer y escribir historia on line a través del acceso a
las fuentes primarias, así como la creación de escrituras hipertextuales,
construcción de bibliotecas virtuales de clásicos de la educación y fuentes
históricas variadas. Participaron en él once universidades e institutos de
investigación de nueve países europeos.
El cuarto, nacional, denominado “Ciudadanía, identidades complejas y
cultura política en los manuales escolares españoles (1978-2006)”,31 tuvo como
objetivo general una investigación comparativa sobre el tratamiento que los
manuales escolares españoles desde la Transición hasta la Democracia habían
dado al tema de la ciudadanía en un triple sentido: como soporte de las
identidades que integran el concepto contemporáneo de España, como
generador de una cultura política que fomenta la participación y el compromiso
con los valores cívicos y democráticos y, finalmente, como estatus civil que
hace posible el ejercicio de derechos y obligaciones.
El quinto proyecto, también nacional, “Ciencia y educación en los
Institutos madrileños de Enseñanza Secundaria a través de su patrimonio
cultural (1837-1936)”,32 (CEIMES) tenía como objetivo principal un plan de
CEIMES project: recovering tha scientific heritage of the historic secondary schools
of Madrid. History of Education & Children’s Literature, VII, pp. 341-355.
33 Catálogo disponible en:
http://servidormanes.uned.es/manesnuevo/index.php?option=com_content&view=ar
ticle&id=171&Itemid=157
286
iconográficos con carga afectiva dirigidos a construir lealtades y voluntades
políticas.
En cuanto a las cuestiones temáticas y metodológicas, naturalmente, el
recorrido por la investigación sobre manuales escolares no ha sido lineal. Si
bien algunas de las temáticas continúan vigentes, es cierto que llegó un
momento en que los investigadores comenzaron a hacerse otro tipo de
preguntas sobre el manual escolar: ¿qué otra información aporta el libro de
texto? Si se trata de soportes donde se ha vertido el conocimiento social y
científico, ciertamente proporcionan otras nociones del saber que merece la
pena examinar. De ahí no solo se diversificó el análisis de contenido del manual
sino también el análisis de otros géneros textuales de materias que
tradicionalmente habían sido menos tratados, ampliándose también el estudio a
otras épocas históricas.34 Algunos de los temas de estudio de los últimos años y
en el momento presente son: la enseñanza de la música y las matemáticas, la
incorporación del darwinismo en los manuales de ciencias naturales en el siglo
XIX, la representación de la energía nuclear en los manuales de la segunda
mitad del siglo XX, la presencia de contenido emocional en los libros de
lectura, manuales de formación socio-política y de historia en el franquismo, y
el análisis de la convivencia y el conflicto social en los manuales de la
Transición democrática en España. Algunas de las publicaciones de esta década
287
permiten ver tanto la diversidad y novedad, como también la continuidad de las
temáticas.35
Si bien es importante dejar claro que toda la investigacion anterior resulta
destacable y que fue crucial para la consolidación del campo de estudio,
también lo es añadir que ha tenido lugar un despertar de la comunidad
investigadora, percatándose del hecho de que los manuales escolares
constituyen documentos más ricos y complejos de lo inicialmente pensado y
que hablan sobre la sociedad en la que son creados, producidos, consumidos y
usados, desde temáticas que en los comienzos de la investigación no constituían
una prioridad, no fueron percibidas, fueron dadas por hecho o no fueron
consideradas como posibles categorías de análisis.
288
Por otro lado, resulta necesario explicar cómo se han ido subsanando los
dos puntos débiles de la investigación con manuales escolares, de los que
siempre hemos sido muy conscientes, y que nos han permitido buscar nuevas
vías de abordaje. Nuestra preocupación por las cuestiones del uso real del
manual en las aulas y el de la recepción de los mensajes trasmitidos, nos ha
conducido hacia la incorporación de otras fuentes complementarias, hacia
enfoques interdisciplinares de estudio y hacia nuevos planteamientos
metodológicos.
Las fuentes primarias y secundarias provienen de diversos contextos y en
el proceso de incrementar el rigor de la investigación, fuimos siendo
conscientes de la necesidad de multi-contextualizar los libros de texto objeto de
estudio. Los manuales pertenecen a varias áreas contextuales, enmarcadas
dentro de los macro contextos de producción y de recepción. La primera
característica y avance que surge de este nuevo cuadro de contextos es que los
manuales ya no se pueden analizar de manera aislada de otras fuentes, aunque la
legislación, el curriculum y los manuales de formación de maestros
constituyeron otras de las fuentes complementarias a los manuales desde los
primeros estudios.
Periódicos, revistas y novelas están siendo introducidos en los estudios
de manuales para obtener una visión más amplia de la situación social, política y
económica de la sociedad, proporcionada por diferentes colectivos e individuos,
y no sólo por agentes políticos o escolares. La prensa pedagógica profesional y
los diarios son otros de los documentos incorporados a los análisis de
manuales, porque constituyen la voz de la comunidad educativa. Una
característica común a toda esta ampliación de fuentes es el distanciamiento de
documentos prescriptivos y el acercamiento a documentos producidos por
otros agentes de la sociedad. Para ser más exactos, la nueva tendencia es
289
acercarse a la información, impresión e interpretaciones de otras personas
directa o indirectamente involucradas o influidas por los programas educativos,
aunque no directamente en su producción. El valor de estas informaciones
como fuentes para la investigación histórico-educativa ha sido puesto en
evidencia por Viñao (1999, 2007) en varios escritos. Este giro, que a nuestro
juicio forma parte de los estudios sobre otras formas de hacer historia (Sharpe y
Levi, 1993), coincide también con otros cuatro pasos cualitativos, importantes y
convergentes, en el campo de la investigación con manuales: el giro biográfico,
el giro afectivo, la incorporación de fuentes de los contextos de recepción y el
salto a las fuentes orales. El rigor de la investigación aumenta desde el
momento en que se trabaja con la fuente dentro de sus coordenadas
contextuales porque es posible descubrir si existe asociación o disociación entre
el texto y el contexto, en el que los libros escolares adquieren su verdadero
sentido, ya sea reforzándolo o negándolo.
Una especial atención se está prestando en estos momentos a las vidas de
maestros e inspectores. El profesor Antonio Viñao (2009) publicó un
meticuloso artículo sobre la temática, la obra de Osandón (2007) es un ejemplo
claro de esta tendencia y varios colegas dedican sus investigaciones a este tipo
de estudios de reconstrucción de vidas personales y profesionales de personajes
histórico-educativos.36 Coincide este interés por las vidas de personas
involucradas en la educación con el resurgimiento del interés por las emociones
y los sentimientos en la comunidad educativa. Nos percatamos de que se trata
de un giro hacia el interior del individuo, hacia el “yo”, la persona, pero no el
yo-político o el yo-económico, sino el yo-social y el yo-emocional, hacia los
290
sentimientos y los sentidos, dimensiones del ser humano que tienen grandes
implicaciones políticas y sociales. Esta tendencia comienza a percibirse también
en los trabajos sobre manuales escolares. Una investigación reciente trata de la
cuestion acústica en los manuales escolares alemanes, de cómo “‘silent’
textbooks evoke the ‘sounds’ of history” (Maier, 2011, 193-202). Otro estudio
examina lo que la autora (Dussel, 2012, 222-227) denomina el giro visual en
historia educativa, defendiendo el poder de las imágenes para despertar afectos
e identificaciones, sacando a la luz las relaciones problemáticas entre las
imágenes y las palabras. Nuevas preguntas exploran campos tan complejos y
aparentemente etéreos dentro de la historia de la educación como son los
sentimientos y los sentidos.
Los giros biográfico y afectivo son dos tendencias de la investigación con
muchos denominadores comunes. Apuntan hacia el examen de los contextos
de recepción y pueden, por tanto, compartir fuentes documentales. Este es
precisamente el punto en que se encuentra el Centro de Investigación MANES
mientras amplía las temáticas de interés y los objetos de estudio. ¿Cuáles son
estas nuevas fuentes documentales y cómo se abordan metodológicamente?
Desde el año 2005 algunos miembros del equipo MANES han estado
trabajando con un archivo familiar proveniente de dos generaciones de
maestros a lo largo del siglo XX en España y con diversas colecciones de
cuadernos escolares.37 El archivo contiene una amplia variedad de
documentación manuscrita e impresa: cartas, certificados, programas de clases,
291
notas, dibujos, postales, recortes de periódicos, colecciones de suplementos
educativos, manuales de maestros, manuales escolares y cuadernos escolares. Se
presentó desde un primer momento como el conjunto ideal de
contextualizacion de los libros de texto, ayudando a responder a cuestiones
como quién los tenía, si fueron usados y cómo trabajaban los alumnos sus
contenidos.
Los primeros trabajos (Badanelli y Mahamud, 2007 y 2008) versaron
efectivamente sobre estos asuntos que trataban de solventar la debilidad y la
inquietud que provocaba la incertidumbre sobre el uso real de los manuales. Las
investigaciones sobre los cuadernos de clase en general y, siempre que las
fuentes primarias lo permitan o estén disponibles, haciendo el cotejo parelelo
entre manuales escolares y los reflejos o manifestaciones expresas que de ellos
aparecen en tales cuadernos, permite un mayor y más profundo acercamiento a
dos cuestiones vitales en la historia de la educación. Primero, permite el análisis
del traspaso de las políticas educativas generales a las prácticas efectivas de clase
o de aula o, en otras palabras, de las prácticas de producción a las prácticas de
recepción del mensaje escolar, pasando por las acciones, los soportes y los
agentes que mediatizan e impregnan la comunicación. Segundo, posibilita el
estudio de la intermediacion del maestro, de su práctica docente con el manual
como recurso: ¿es fiel a la secuencia de datos? ¿Recurre a las actividades
propuestas por los autores? ¿Adapta y amplía los contenidos del libro de texto
con otros libros o recursos?
La utilización de los cuadernos de clase como fuente para la
investigación histórico-educativa y su relación recursiva con los manuales
escolares esta en vías de exploración y exige desarrollar una metodología que
permita analizar de forma fehaciente un fenómeno tan complejo como es la
relacion pedagógica, en la que, como se sabe, la instrucción o transmisión de
292
conocimientos, saberes y habilidades es sólo una parte de procesos confusos y
problemáticos constituidos por el entrecuzamiento de fines expresos y
mandatos furtivos, relaciones de poder, regulación y control de sentimientos y
emociones, formación de identidades e, incluso, configuración de los patrones
primarios que regulan el psiquismo de los sujetos, entre los que se cuenta, en
primer lugar, la definición y codificación de los roles de género.
Las nuevas fuentes nos condujeron hacia sus protagonistas: los
estudiantes y el maestro. Contactamos con algunos de los niños (ahora
personas mayores) que firmaban los trabajos contenidos en los cuadernos
escolares y procedimos a realizar una serie de entrevistas38 para recuperar su
memoria escolar, pasando de la fuente escrita a la oral. Los testimonios no solo
sirvieron para solventar algunas de las lagunas sobre el uso de los manuales
293
escolares, sino que nos condujeron a su vez hacia el centro escolar y la práctica
docente del maestro. Es decir, la investigación nos llevó a estudiar la vida y
características de la institución y de la persona que influyó en la educación
escolar del alumno y en las que tiene su razón de ser el manual escolar del que
partimos.
Es necesario destacar dos últimas cuestiones relacionadas con la
renovación metodológica que se trabaja en estos momentos. Se ha tratado de
modificar la conceptualizacion del manual como objeto de estudio,
distanciándonos de la tradicional percepción del mismo como un todo
homogéneo, hacia una idea del libro de texto, como un libro de textos o como
un macro-texto con diversos micro-textos o unidades textuales. Este enfoque
conlleva una conceptualización del manual “as a small –scale didactic project
with an internal design and a harmonious combination and composition of
elements” (Mahamud, 2011, 121) que permite diferenciar unidades textuales y
acercarse al trabajo escolar, a la producción de los alumnos, en función de lo
que cada unidad textual demanda. También se considera que el manual está
dirigido a más de una audiencia. No es un producto elaborado exclusivamente
para los niños, y aún en los casos en que así fuera, los grupos receptores son
inevitablemente variados. La teoría de la existencia de micro-textos se adapta a
este hecho, porque se comprueba que en el manual pueden existir textos
dirigidos a diferentes públicos o lectores: maestros, madres, padres, inspectores,
otros familiares, investigadores, expertos, políticos, pedagogos.
Como evidencia llamativa de este hecho podemos mencionar el revuelo
causado por unos padres en los años ochenta en Texas, criticando los
contenidos de la educación progresista de los libros de texto de sus hijos. El
matrimonio Gabler, con ayuda de Hefley (1985) publicaron un libro que incluía
capítulos como “America is no longer beautiful in our textbooks”. Aun
294
coincidiendo en que la actitud más extendida de los padres hacia los libros de
texto es de aceptación, en este caso se constata que éstos también constituyen
un grupo particular de lectores. De manera similar, en España, la enseñanza de
la asignatura llamada Educación para la Ciudadanía y los Derechos Humanos
(EpC), implementada por el gobierno socialista en 2006 levantó también mucha
polémica y provocó una notable reacción en una parte de la población
española, a pesar de tratarse de la respuesta a la recomendación del Consejo de
Europa, en el año 2002.39
La conceptualización del manual como un macro-texto con una
composición interna de micro-textos coincide con la visión del manual escolar
del siglo XXI como una composición hipertextual e hipericonográfica similar a
los textos de la prensa y a la información proporcionada a través de Internet. Si
se analizan los contenidos del manual teniendo en cuenta estas unidades
textuales logramos detectar si existe o no coherencia intra-textual (conexión
entre actividades y cuerpo instructivo) y coherencia inter-textual (conexión
entre manuales).
Este tipo de metodología permite también un acercamiento más
sistemático y exhaustivo a los estilos narrativos y al lenguaje empleados en la
redacción de los manuales. Si en un principio nos interesó lo que decían los
manuales, luego nos percatamos de la importancia de los silencios y omisiones,
lo que no decían. Ahora nos interesa mirar a fondo cómo expresan lo que
dicen, y qué hacen realmente cuando dicen algo. Este interés nos remite, una
vez más, al individuo, porque el manual escolar no se escribe solo, tiene un
autor, una voz, o varias (autores mujeres, hombres, equipos; autores
295
institucionales o editoriales), y son esas voces que se pronuncian y esas plumas
que narran y redactan, las que se analizan. De este modo, así como hemos
tratado de estar atentos a la conexión entre el texto y el contexto, entre textos
de un mismo manual y entre manuales, también proponemos que los estudios
no desconecten los contenidos, las temáticas y las categorías de análisis, del
lenguaje en que son transmitidos. Es necesario mantener un mínimo de
equilibrio entre el estudio del conocimiento enseñado y los canales para su
transmisión.
Una última cuestión a la que se ha prestado también atención es la
influencia que los medios gráficos y digitales están teniendo sobre el diseño y
presentación de contenidos de los manuales escolares. Las décadas finales del
siglo XX y los primeros años del siglo XXI fueron profundamente innovadores
en todos los ámbitos culturales y, en el campo de los manuales escolares,
consolidaron códigos de comunicación, de edición, de producción y de diseño
de las obras que pueden ser interpretados como la culminación de las
transformaciones iniciadas por la industria editorial en los años sesenta, o bien,
debido a la magnitud de los cambios, como el inicio de una fase nueva
(asociada a la llamada cultura de masas, a la televisión, a la informática y a lo
digital) en la producción de libros de texto. El esquema visual de estos nuevos
manuales se transformó notablemente respecto del anterior, definido por la
centralidad del texto escrito y la función secundaria o subsidiaria de las
ilustraciones. En los libros escolares más recientes las imágenes son de gran
calidad, ocupan cada más espacio e invaden el espacio de los textos, que tienden
a reducirse y fragmentarse en cuadros de texto complementarios o paralelos al
texto principal. El cambio de diseño y de patrones gráficos y textuales ha
afectado a los procesos de percepción y de descriframiento de la información,
asimilándolos al diseño y a las carecterísticas del lenguaje hiper-textual:
296
fragmentación, no-secuencialidad e iconicidad. Actualmente los manuales
escolares tradicionales (en soporte de papel) están acompañados por materiales
audiovisuales accesibles en Internet o, directamente, son manuales on line para
ser leídos en pantallas. Estas transformaciones del manual escolar, abordadas
por Somoza (2006b), acompañan las transformaciones culturales y tecnológicas
contemporáneas, actuando sobre la atención y la memoria de los escolares sin
que sepamos aún las consecuencias sobre los procesos sociales de aprendizaje,
de lectura y de comprensión.40
297
investigación, documentación y promoción de referencia de los estudios sobre
manuales escolares.
Conviene destacar y hacer una mención especial a la actividad del centro
en relación con América Latina y Europa. Se han establecido múltiples
convenios de colaboración con universidades y otras instituciones; se han
registrado e incorporado a la base de datos varios miles de fichas de obras
escolares utilizadas en distintos países latinoamericanos y europeos; se han
establecido redes de investigación y cooperación para la gestión del
conocimiento académico; se ha posibilitado el intercambio de profesionales y
estudiantes a través de conferencias, seminarios y estancias de estudio y de
docencia; se han formado investigadores y doctores; generando una notable
transferencia recíproca de conocimientos históricos, metodológicos y
conceptuales. Este hecho es más significativo de lo que aparenta ser, puesto
que desmarca la investigación de toda la red que se ha constituido en torno a
MANES de posibles enfoques exclusivamente nacionales, evitando un enfoque
exclusivamente europeo y asegurando siempre un mínimo de influencia inter o
trasnacional, lo que, naturalmente, ha redundado en beneficios mutuos.
La integración de la Red PATRE-MANES y la participación de
instituciones latinoamericanas y europeas en el Programa ALFA anteriormente
mencionado y en el Proyecto History on line, llevados a cabo en la segunda
década, tiene un valor de largo alcance. Constituyen en sí mismos una apertura
no sólo a países y regiones con diferentes tradiciones históricas que comparten
un tronco cultural amplio, sino también un cambio y una adaptación a otros
enfoques y métodos de trabajo que, necesariamente, se dirigen a lo comparativo
en el trabajo conceptual historiográfico, y a la organización y coordinación de
redes y grupos de investigadores que deben afrontar una serie de dificultades
humanas y técnicas: grupos relativamente numerosos, con diferentes grados de
298
formación y categorías profesionales, alejados en el espacio físico, y que hablan
lenguas diferentes.
Entre los objetivos frustrados o incompletos se debe mencionar la falta
de recopilación y análisis de los planes de estudio españoles de los siglos XIX y
XX; las carencias en la base de datos, en la biblioteca virtual y en las
exposiciones temáticas; la necesidad de mayores investigaciones sobre áreas y
géneros textuales de ciencias naturales, físicas y matemáticas, así como la
necesidad de seguir indagando acerca de la combinación de diversas fuentes
primarias escritas y orales, y perfeccionado los estudios sobre el lenguaje en los
textos educativos.
La ampliación de las preguntas que nos hacemos sobre nuestro objeto de
estudio, los manuales escolares, así como la extensión a los cuadernos de clase y
a otros recursos didácticos confirman que la investigación no está agotada. Se
vincula además con el creciente interés por la relación existente entre las
prácticas escolares, el trabajo escolar, y los recursos u objetos físicos del aula,
que han dejado de ser “invisibles” constituyéndose en objetos simbólicos y
pragmáticos de análisis, como por ejemplo “the blackboard as a symbol as well
as a familiar classroom fixture and adaptable educational tool” (Wylie, 2012,
272) y el pupitre (Herman, Van Gorp, Simon, Depaepe, 2011). El interés en la
materialidad del aula y de la escuela como objeto de estudio avanza en paralelo
al creciente número de fuentes documentales provenientes de otras áreas
contextuales (cultura, política, literatura, prensa) confirmando la tendencia
investigadora histórico-educativa de Mc Culloch (2011, 79), cuando afirma que
las lagunas en la historia de la educación están tratando de ser cubiertas a través
del empleo “of a broader range of documentary evidence, as well as asking different
questions of the more familiar sources”, así como también a través del empleo de “oral
history, visual history, sensory history and materiality in history”. La incorporación de
299
estas nuevas fuentes a nuestro campo de estudio nos permite adentrarnos en
terrenos interdisciplinares que van desde la historia del currículum, la historia
del libro, la cultura escrita, la etnografía y la antropología, las formas culturales y
las formas escolarizadas de la cultura, a la conservación y puesta en valor social
del patrimonio histórico-educativo y de las historias de vida, entre otros
horizontes intelectuales. Por último, los nuevos planteamientos metodológicos
también nos permite incorporarnos al cabio de “focus of research from the
textbook as a product to its uses and perceptions” (Repoussi y Tutiaux-Guillon,
2010, 155). De este modo se proyectan retos y entusiamos que deseamos se
puedan materializar en el futuro en mayores conocimientos, en una mejor
formación de educadores e investigadores, en aportes a la formación de
ciudadanos inmersos en una cultura de la convivencia, del respeto mutuo de las
civilizaciones, de la libertad y del bienestar, tanto colectivos como individuales.
La continuidad y el desarrollo de los estudios sobre los libros de texto y otros
aspectos relacionados de la cultura escolar demandarán tanto rigor intelectual
como creatividad e innovación teórica y metodológica.
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303
304
APROXIMACIÓN A LAS FUNCIONES DEL MUSEO
POSMODERNO DE PEDAGOGÍA, ENSEÑANZA Y
EDUCACIÓN
A modo de introducción
306
desarrollo de la actual democracia cultural (Álvarez Domínguez, 2010: 139).
Justamente, tal devenir histórico, ligado a la educabilidad de toda persona
humana, se sustenta en este caso en posmodernos museos pedagógicos, a los
cuales, históricamente, se les han venido dotando de distintos significados o,
simplemente, se les han ido atribuyendo nuevas acepciones a sus clásicas
finalidades. Los Museos de Pedagogía, Enseñanza y Educación, como toda
institución o proceso, han ido evolucionando de forma progresiva, al igual que
también lo ha hecho también la propia historia de la humanidad.
La filosofía ilustrada que alentó a los fundadores de los primigenios
museos, entendidos como centros de exposición, conservación y estudio de
piezas, poco tiene que ver con los cometidos reales que hoy se exigen a la
institución museal, en general, y al Museo de Pedagogía, Enseñanza y
Educación, en particular. Si bien es cierto que estas tres funciones siguen
teniendo plena vigencia en la configuración posmoderna del propio museo, a
éste le corresponde adaptarse a los imperativos y exigencias de una sociedad
compleja que sigue intentando crecer aceleradamente a un ritmo vertiginoso, en
aras de propiciar la perfecta acomodación y supervivencia del sujeto en el
idiosincrático entorno sociocultural que nos envuelve.
El patrimonio histórico educativo tiene un valor histórico como fuente
para el conocimiento del pasado y, tanto por esta condición, como por su
capacidad para estimular el recuerdo y perpetuar la memoria de la educación,
requiere y merece ser estudiado, preservado, difundido y puesto al servicio de la
comunidad. Es desde este planteamiento, desde el que justificamos la necesidad
de redefinir y repensar, tanto el concepto (Álvarez Domínguez, 2012: 139-167),
como las funciones del Museo Posmoderno de Pedagogía, Enseñanza y
Educación. En este trabajo, precisamente, nos encargamos de establecer
307
algunas ideas, apuntes y reflexiones relacionadas con el desarrollo de tales
funciones.
309
f) - Profundizar en la adquisición de destrezas y capacidades espacio-
temporales a través del museo y su actividad didáctica y difusora.
1.1. Coleccionar
310
En relación con esta función y en teoría, hemos de ser conscientes de
que en principio, sólo se deben coleccionar aquellos materiales y/o bienes
histórico educativos que resulten insustituibles o irreemplazables. Si un objeto
pedagógico puede ser fácilmente duplicado o resulta individualmente
insignificante, entonces no es imprescindible hacerlo, pues el verdadero sentido
de coleccionar se adquiere en la medida en que seamos capaces de hacernos con
viejas piezas de alto valor histórico pedagógico, difíciles de sustituir en nuestros
días e irreemplazables en el mañana. Conviene saber que lo ideal es que quienes
se dediquen a conformar la colección de un Museo de Pedagogía, Enseñanza y
Educación, más allá de una cándida voluntad y motivación para con el tema -
que también es algo no menos importante-, tienen que ser probados expertos
en la materia de sus fondos y ser capaces de descubrir el valor intrínseco de los
objetos, que depende esencialmente de dos notas conjuntas: cómo han sido
concebidos y cómo han sido realizados. Porque como señala Alonso
Fernández, (2001: 192), “nunca puede aceptarse como objeto museable aquél mal concebido
y pobremente ejecutado, aunque su autenticidad esté fuera de duda y su cotización sea alta”.
Aunque la finalidad de la colección de un Museo de Pedagogía,
Enseñanza y Educación debe ser la adquisición de objetos uniformemente de
alta calidad, hay algunos museos que en lugar de coleccionar relevantes
ejemplos de todos los tipos de bienes patrimoniales histórico educativos, se
especializan en la colección de piezas que responden a particulares intereses de
trabajadores de la institución respectiva. Así pues, ante ello, un museo no debe
permitirse ser atraído por los objetos basados en una información irrelevante.
Las cuatro formas más habituales de ingresar los objetos en el museo y
constituir sus colecciones (recolección, compra, donación y depósito) exigen,
además de un dificultoso proceso administrativo, una serie de actuaciones
previas de carácter científico, que no sólo garanticen el valor representativo y
311
significativo de las piezas, sino que aseguren su adecuada integración en el
conjunto de los fondos del museo. Aspectos éstos que no debemos pasar por
alto si queremos convertir a los Museos de Pedagogía, Enseñanza y Educación
en referentes museológicos y museográficos de los Museos de Ciencias Sociales.
Conviene recordar que es el ICOM el que integra a los Museos de Pedagogía,
Enseñanza y Educación, dentro de los Museos de Ciencias Sociales y Servicios
Sociales (Alonso Fernández, 2001; ICOM. Programme 1975-1977 : 67).
Normalmente, un museo se inicia con una colección y, precisamente,
ésta suele mantenerse como primera y primordial función. Un museo puede
coleccionar cualquier cosa, pero hemos de ser conscientes de que no puede
coleccionar todas las cosas, pues resultaría prácticamente imposible y no
conveniente, de ahí que resulte oportuno y conveniente que los Museos de
Pedagogía, Enseñanza y Educación se centren o especialicen en áreas histórico
educativas específicas coleccionables. Un museo, o colecciona continuamente,
o se convierte él mismo en un objeto para ser coleccionado por algún otro. La
excepción la confirma el museo poderosamente dotado que puede tener
recursos para hacer lo que le plazca sea o no coincidente el beneficio con el
valor del precio. Así pues, el éxito de una colección depende fundamentalmente
de su adecuada planificación, que ha de estar muy por encima de vicisitudes y
circunstancias determinadas, como pueden ser el gusto personal o la sucesión
de un conservador por otro.
Resulta obvio que los objetos u obras que no hayan sido seleccionados
bajo la consideración de su relevancia, no deben entrar en el museo. Sería un
error de base, coleccionar y exhibir objetos histórico educativos por cuanto
resulta en especial un ejemplo típicamente representativo. Lo típico o
históricamente importante debe someterse a lo que es auténtico, de valor y
sobresaliente. Un museo no debe contener aquellas piezas de cuya importancia
312
haya que convencer al visitante. Éstas valen, evidentemente, para otro tipo de
instituciones o para el coleccionismo privado; los museos públicos deben
aspirar a la máxima y evidente excelencia de los objetos u obras, como señala
Alonso Fernández (2001: 194-195). Quede patente que el objetivo de un Museo
de Pedagogía, Enseñanza y Educación no puede estar solamente en coleccionar
lo que es bello, atractivo o resulta placentero para la vista.
1.2. Identificar
313
ningún coleccionista, director o conservador de museo que admitiera el riesgo
de una desvirtuación en su colección o en las del museo. La segunda función
que debe realizar un Museo de Pedagogía, Enseñanza y Educación, es la
identificación precisa de cada uno de los ejemplares previamente adquiridos.
No podemos olvidar que una característica básica de cualquier museo ha de ser
una completa honestidad y fiabilidad. En cualquier caso, la identificación,
datación y autenticación de los objetos pedagógicos u obras en el mismo, son
una tarea laboriosa y delicada, que supone esfuerzo y paciencia. El problema de
la identificación, datación y autenticación de las piezas es un asunto complejo,
no sólo cuando se analizan las pertenecientes al pasado histórico educativo,
sino en el caso concreto de las producidas en nuestro tiempo por relativas
falsificaciones.
Cuando un Museo de Pedagogía, Enseñanza y Educación tiene que
realizar funciones de asesoramiento o resolver la compra de una pieza concreta,
debe tener presente siempre el problema de las posibles falsificaciones. Hemos
de conocer que diversas son las técnicas y los métodos utilizados en los museos
para descubrir las falsificaciones de las distintas piezas y obras existentes. Todos
ellos están comprendidos en tres tipos de análisis o estudios: el relativo a la
investigación crítica y estética; el basado en la aplicación de procedimientos
ópticos, físicos y químicos; y el proporcionado por la alta tecnología actual,
especialmente la electrónica y la informática. Al Museo de Pedagogía,
Enseñanza y Educación ha de convertirse en un auténtico centro de
identificación de cuantos elementos conforman la cultura material de la
educación, en general, y de la escuela, en particular.
314
Imagen 3: Árbol de fotografías escolares del Museo Pedagógico de la Facultad de
CCEE de la Universidad de Sevilla.
1.3. Documentar
315
El registro es un índice, vista o libro para cosas, hechos y personas. En
nuestro caso se trataría del control de entrada y salida de los objetos del museo,
a los que se les debe asignar un número de orden. Salvo excepciones de carácter
mixto, las formas de entrada de objetos en un museo son de dos clases: 1)
Entrada en régimen de propiedad, con tres variantes: a) por adquisición o
compra; b) por donación; c) por recolección o hallazgo; y 2) En régimen de
custodia: d) en depósito (temporal o indefinido) y e) como préstamo, una forma
de entrada (siempre temporal y definida) que es un tipo de depósito habitual
para exposiciones temporales e itinerantes. Sobre estas premisas debe
estructurarse cualquier sistema de documentación en un museo (registro,
inventario y catalogación). Todas estas acciones requieren la aplicación de un
método adecuado que incluye al menos la diferenciación entre lo que son los
datos de las piezas a documentar y los instrumentos o soportes donde deberán
asentarse, y como las características particulares y específicas de las piezas
(Gutiérrez Usillos, 2000). En el libro de registro de obras u objetos en
propiedad pueden aparecer las siguientes casillas en las que se asienten los datos
correspondientes a estos conceptos: 1) Número de entrada (número de orden)
del objeto en propiedad; 2) Fecha de ingreso; 3) Número de inventario general;
4) Autor o procedencia del objeto; 5) Descripción, naturaleza y título del
objeto; 6) Dimensiones; 7) Forma de ingreso en el museo; 8) Número de
expediente; 9) Observaciones. Y en el registro de depósitos, deberían
referenciarse, al menos: 1) Número de orden; 2) Fecha de depósito; 3) Autor o
procedencia del depósito; 4) Título o naturaleza del depósito, 5) Dimensiones;
6) Entidad depositaria y lugar del depósito; 7) Contrato, acta u otra
documentación sobre la recepción del depósito; 8) Propietario del depósito; 9)
Plazo o clase de depósito; 10) Seguros; 11) Cancelación del depósito; 12) Acta y
316
otra documentación; 13) Retorno; 14) Otros datos. (Alonso Fernández, 1993:
204-205).
El inventario es un listado más o menos completo de la totalidad o de
una parte de los fondos de un museo. A efectos de inventario, entrarían en este
listado los fondos propios del museo y los depósitos, no así los préstamos para
exposiciones temporales, que tampoco han de inscribirse en los libros de
registro. Los préstamos deben ser controlados administrativamente tanto en su
recepción, como en su salida del museo. La finalidad del inventario general
consiste en identificar un objeto cualquiera del museo o conocer los fondos del
establecimiento con independencia de su significación científica o pedagógica
dentro de las colecciones. La utilización de los ordenadores en un museo o de
una red informatizada interinstitucional son aspectos que poco a poco han
acabado por imponerse, especialmente en los centros importantes, dotados
generalmente de mayores medios económicos y de más amplios compromisos
con el público y la investigación (Carretero Pérez, 1996). Los servicios
administrativos internos y los socioculturales, han adquirido así en los museos,
una configuración radicalmente distinta a la que anteriormente se ofrecía. En el
periodo de tan sólo unos veinte años aproximadamente, el ordenador se ha
instalado como un instrumento imprescindible en una institución como el
museo, en general, y el Museo de Pedagogía, Enseñanza y Educación, en
particular, que también ha llegado a entenderse como un banco de datos para la
sociedad actual. Normalmente, el área de documentación de los Museos de
Pedagogía, Enseñanza y Educación, junto a la de investigación, se encarga de
reunir y clasificar materiales y documentos escolares, que por su antigüedad o
especial significación, pueden ser objeto de estudio en la realización de trabajos
sobre el pasado histórico-educativo.
317
1.4. Investigar
318
científico y personal. Debemos tener presente que la catalogación, al igual que
el registro y el inventario de las piezas de un museo, pertenece a esa actividad
más amplia que es la documentación. Pero tanto la catalogación, como sobre
todo la documentación en sentido integral, no pueden ser sin el resultado de
una cuidadosa investigación, tal y como lo deja patente Alonso Fernández
(1993: 210).
La catalogación de los objetos coleccionados en un Museo de Pedagogía,
Enseñanza y Educación, es labor irrenunciable de los conservadores. Según los
criterios que se establezcan y la naturaleza y perfil de las colecciones del museo,
así han de completarse los distintos tipos de catálogos. Existen cuatro
modalidades de catálogos: a) Catálogo topográfico, que atiende y especifica con
todo detalle la ubicación de las obras en un museo; b) Catálogo sistemático, que
tiene como fin dar a conocer los objetos del museo en relación con el cuadro
artístico, arqueológico o histórico del territorio o comarca a que alcanza su área
de acción, y que convenga a las necesidades docentes y científicas del mismo; c)
Catálogo monográfico, en el que se reúnen y agrupan todos los antecedentes,
noticias, trabajos, estudios y observaciones a que hayan dado lugar cada uno de
los objetos del museo, siendo un repertorio abierto constantemente a la entrada
de nuevos datos; y; d) Catálogo razonado o crítico, que no sólo clasifica
científicamente las obras de un museo, sino que también las describe, discute,
desentraña su historia, las valora e interpreta con la mayor objetividad.
Algunos autores como Hooper-Greenhill (1998), al hablar de
investigación, establecen ciertas coordenadas en relación con la evaluación. Y
así, argumenta éste que desde antaño, ni la investigación ni la evaluación han
sido acogidas con mucho entusiasmo por parte de los museos. Muchos
empleados de los mismos no han sabido ver la importancia que estas dos
actividades pueden tener para sus centros, y han contemplado estas ideas con
319
desconfianza, como algo que en el mejor de los casos es una pérdida de tiempo,
y, en el peor, el reflejo de una acusada falta de profesionalismo y competencia.
Señala Griggs (1992), que la evaluación puede tener lugar en tres grandes
etapas del proceso de montaje de una exposición, aunque, por supuesto,
pueden coincidir temporalmente. El análisis preliminar se lleva a cabo al
principio, mientras se recopilan ideas para la exposición; el formativo somete a
prueba estas ideas y a los objetos que se van a exponer durante el proceso de
producción; por último, el final examina los logros conseguidos una vez
concluido el proceso. Sin duda pues, podemos apuntar que la evaluación ha
comenzado a atraer el interés de los trabajadores de los museos, empezando a
constituir un aspecto cada vez más relevante para los encargados del área
educativa. El actual énfasis en la responsabilidad y en la reorganización de los
museos ha dado lugar a la necesidad de encontrar modos de evaluar los
resultados de las actividades pedagógicas, y no sólo de la experiencia subjetiva
extraída de las exposiciones. Algunos conservadores también se están
preocupando de investigar la opinión del público acerca de los museos, la
actitud con que llegan al centro, así como el significado y el valor que atribuyen
a los objetos histórico-educativos expuestos y a las actividades que realizan
cuando están dentro.
320
importancia en el entramado de los medios que nuestra sociedad ha dispuesto
para salvaguardar el patrimonio histórico educativo y poder transmitirlo de esta
forma, a las generaciones que aún están por venir. Philip R. Ward (1986),
defendió que los museos cumplen cuatro funciones básicas: coleccionar,
conservar, investigar y presentar e interpretar sus colecciones. De ahí resalta
que la conservación es la principal de estas responsabilidades, ya que sin ella, la
investigación y la presentación son imposibles, y la colección pierde sentido. De
esta forma, la conservación se convierte en una técnica al servicio de la
preservación. No obstante, los cometidos de cualquier museo, entendido como
institución pública al servicio de la sociedad y de su desarrollo, son los de
conservar toda manifestación de especial interés de la actividad humana,
investigar ese patrimonio cultural, educar apoyándonos en el mismo a la
humanidad y además entretener su ocio.
La conservación de los bienes culturales histórico educativos comprende
tres áreas o estadios: la preservación y la conservación, por un lado, y la
restauración, por otro. Tres fases de un solo proceso, el museológico y
patrimonial, cuya significación puede resultar ambigua o confusa, no por su
naturaleza o contenido en sí, sino por la utilización de aplicación en cierto
modo arbitrarias que profesionales de los campos de la museología, de la
conservación y de la restauración hacen a menudo, tanto de los términos como
de su concepto.
1.6. Exhibir
321
hasta las diversas categorías que aparecen a finales del siglo XIX, coincidiendo
con la configuración de lo que entendemos por museo moderno. A pesar del
origen y la pertenencia de las colecciones a las clases ilustradas, al final la
muestra o exposición de los fondos de un museo no ha tenido otra justificación
o destino que el público, para cuya función han sido clasificados aquellos de
acuerdo con algún sistema científico que cada época ha venido determinando.
Planificada una exposición histórico educativa y pedagógica y, diseñadas
y construidas las instalaciones necesarias, el montaje e instalación de los objetos
contenidos debe atenerse con rigor al guión o programa que se haya establecido
con anterioridad. Pero en concreto, integrará en su presentación la adecuada
ubicación en el espacio y medios físicos (paneles, soportes, vitrinas, etc.), el
orden o secuencia para su mejor contemplación y lectura (concepto y mensaje a
transmitir) y el ambiente más propicio (protección y seguridad, climatización e
iluminación). Se ha de ser consciente de que cada tipología de exposición y cada
naturaleza de objeto a exponer presentan particulares problemas. El montaje o
instalación de los objetos pedagógicos debe atenerse, entre otras, a las reglas
que la Proxémica aplicadas a las actividades expositivas que un museo demanda.
La Proxémica (Hall, 1994), la entendemos como la disciplina que se encarga de
estudiar la perfección y uso del espacio humano como elaboración especializada
de la cultura. Trata de la noción de distancia fuera del campo de la conciencia.
La manera que tiene el ser humano de estructurar el tiempo y el espacio
constituye una forma de comunicación común a todos los miembros de una
cultura de un modo tácito e implícito. La teoría de la imagen y los aspectos de la
percepción visual son aspectos insoslayables a la hora de planificar la muestra e
instalar las piezas. La colocación de los objetos pedagógicos, estará
condicionada tanto por la tipología de la sala como por las posibilidades que le
ofrece al visitante el circuito de la muestra permanente o temporal.
322
En definitiva, sabemos que los Museos de Pedagogía, Enseñanza y
Educación, conservan, investigan, comunican y exhiben elementos relacionados
con la cultura patrimonial histórico educativa, en sentido amplio. Conservar e
investigar son actividades minoritarias que muy pocos realizan. No obstante,
comunicar y exhibir, funciones que nos ocupa, nos exigen pensar en un público
muy mayoritario y diverso. Debe resultar obvio el hecho de que para hacer más
atractivos los museos debemos comunicar y exhibir cada día mejor nuestra
actividad. Y esto lo debemos hacer comunicando y exhibiendo, no tanto “desde
arriba hacia abajo” como “de igual a igual”. Hay que intentar por todos los
medios ponerse a la altura de los visitantes a la hora, tanto de comunicar, como
de exhibir, aunque seamos conscientes de que en la mayor parte de nuestros
museos se encuentran personas que saben mucho más que los visitantes
(Toharia, 2005: 91).
1.7. Educar
323
europea la preocupación pedagógica y la acción cultural en algunos países,
como por ejemplo en Estados Unidos, constituyeron en cierto sentido la punta
de lanza de la ruptura formal que se produjo en estas instituciones e impulsaron
hacia un futuro alentador, un nuevo diseño de participación del público. Éste,
que ha terminado por asumir en los últimos años un protagonismo innegable
en las instituciones museísticas, plantea serios problemas, tanto a nivel de
relación con el objeto, como en el plano de una estructura adecuada y válida
para todo tipo de visitantes. Lo cierto es que el Museo de Pedagogía,
Enseñanza y Educación debe siempre ejercer su misión propiamente
pedagógica y cultural teniendo en cuenta dos grupos o tipologías de público que
acude a sus servicios, diferenciado por Alonso Fernández (1993: 258): el
espectador (visitante pasivo) y el público actor (visitante activo). Además se
deberá tener en cuenta un tercer grupo: el “público no visitante” del museo.
Para que se desarrolle con efectividad la función educativa del museo,
podemos establecer una serie de condiciones, que se sintetizan en tres aspectos
fundamentales de acuerdo con el mencionado autor: a) Respeto absoluto a los
modos y formas culturales de cualquier comunidad; b) Sensibilización previa del
público a quien va dirigida la experiencia del museo; y c) Posibilitar que sea el
público (más que los técnicos y los especialistas) quien decida la forma en que el
museo ha de hacer acto de presencia en su comunidad. Los museos deben
percatarse de la necesidad de atraer la atención de la Administración central y
local hacia su potencial educativo, y elaborar y revisar con regularidad una
auténtica política educativa. Compartimos con Pittman (1991: 43), la
apreciación que establece, referente a que “la educación en el museo es un elemento
demasiado importante como para dejarlo sólo en manos de los responsables del área educativa.
Tiene que impregnar a todos los que trabajan allí (...) la política del museo debe ser una
política educativa (...) la educación es el componente clave en la -raison d’être- de los museos”.
324
En este caso, el binomio museos-educación se hace inseparable, de tal forma
que conlleva una estrecha relación que actualmente se hace patente en nuestra
sociedad cultural del conocimiento y que contribuye al fortalecimiento de la
dimensión pedagógica del museo, junto con su acción cultural. Todas estas
cuestiones se estudiaron en profundidad en el “Coloquio sobre el papel
educativo y cultural de los museos”, celebrado en Leningrado, Moscú, del 11 al
21 de mayo de 1968. Algunas de las conclusiones que se establecieron en el
mismo, conviene traerlas a colación, ya que a nuestro entender, siguen gozando
de suficiente actualidad:
a) - Una de las misiones esenciales de los museos es llevar a cabo la
acción cultural y educativa en unión con otras instituciones
educativas y culturales.
b) - El museo ha de seguir evolucionando de acuerdo con los cambios de
la sociedad y del progreso.
c) - Partiendo de la base de que el museo es un factor clave para el
desarrollo de la sociedad, tanto él como su acción educativa y sus
métodos, han de adaptarse a sus cambios y transformarse a sí
mismos.
d) - Se hace patente la responsabilidad de las autoridades a introducir la
integración progresiva de los museos en las estructuras nacionales y
locales, y, conceder a ellos los medios para desarrollar su acción
educativa.
326
recursos que están provocando una revolución en el concepto de museo
(multimedia, talleres, juegos…). Justamente la presencia y exposición de objetos
u obras seleccionadas por su valor histórico, educativo, artístico, simbólico, etc.,
es el rasgo que diferencia la institución museística de otros contextos e
instituciones y lo que le proporciona su mayor capital educativo.
Un Museo de Pedagogía, Enseñanza y Educación como tal debe enseñar,
educar y forzar a razonar (Álvarez Domínguez, 2010). Por ello, no es difícil
llegar a la conclusión de que uno de los papeles primordiales del mismo es la
educación de la gente, dirigiendo su pensamiento y su curiosidad a través de los
objetos pedagógicos expuestos hacia otras consideraciones y estudios más
sistemáticos. El desarrollo de la educación consiste, por tanto, en animar al
individuo a servirse de sus facultades intelectuales, enseñándole los medios para
desarrollar su saber y para habituarse a razonar, entre otras cosas. Para quienes
comparten esta idea, los Museos de Pedagogía, Enseñanza y Educación serían
unos instrumentos de reconocida utilidad histórico educativa, puesto que no se
reducen exclusivamente a mostrar una serie de objetos inertes, sino que pueden
indicar los mensajes y relaciones que existen entre los mismos, bastante mejor
que puedan hacerlo los libros, por ejemplo. Las exposiciones de los museos
estimulan fácilmente la reflexión, incitan a la observación precisa y, finalmente,
favorecen una deducción lógica (Herrera Escudero, 1971). Consecuentemente,
el museo ha de procurar siempre, mediante sus exposiciones, el desarrollo del
pensamiento humano.
Estimamos oportuno resaltar, en estrecha vinculación con la misión
educativa de la institución museística pedagógica, la figura del educador de
museo (Herrera Escudero, 1971: 148). Resulta un reto emergente el hecho de
que los museos que nos rodean en nuestra sociedad consideren a los
destinatarios del mismo como eje central de sus proyectos y expectativas, de tal
327
forma que estén siempre abiertos a la ayuda y al consejo de profesionales
expertos en el tema. Todo ello con la finalidad de que la educación museística
deje de ser lo que menos importancia tenga en el museo, para empezar a
disfrutar del reconocimiento que merece, atendiendo a las necesidades
educativas de quien personalmente pase por las diferentes instalaciones del
propio museo. Sabemos que desde antaño, han sido los grupos escolares los
destinatarios principales de cuantas actividades o programas educativos se
vinieron desarrollando; de tal forma que hacia ellos, se han dirigido todos los
esfuerzos de los responsables de los Departamentos de Educación y Acción
Cultural, popularmente conocidos como educadores de museos. Aunque esto,
lenta y progresivamente intenta cambiar, lo cierto es que son necesarios una
serie de planes y proyectos nuevos que den respuesta a la necesidad de adoptar
una serie de planteamientos museográficos y didácticos y crear una serie de
programas educativos que atiendan a los diferentes y posibles destinatarios de
un museo. Nos referimos a escolares, desde la educación infantil hasta la
educación universitaria, docentes de todos los niveles educativos y educadores
en general; diferentes tipos de familias; grupos de niños o jóvenes
pertenecientes a grupos o asociaciones de tiempo libre; adultos, bien sea de
forma individual o en pequeño grupo, bien sean en grupos organizados por
alguna institución o asociación; personas con alguna discapacidad física o
psíquica; personas con problemáticas sociales especiales, como marginación,
toxicomanías, delincuencia, etc.; enfermos crónicos (mentales por ejemplo);
investigadores o expertos, etc.
Los Museos de Pedagogía, Enseñanza y Educación -a través de sus áreas
de difusión y dinamización-, se encargan de llevar a cabo una serie de acciones
encaminadas a la presentación de materiales a otras instituciones y entidades
educativas, con el fin de dar a conocer y difundir los recursos y métodos
328
didácticos que se han utilizado históricamente en la escuela. A través de estas
áreas de trabajo, estos museos proporcionan actividades dirigidas a incentivar
entre escolares, profesorado, familiares y demás miembros de la comunidad
educativa, el respeto y valoración hacia aquellos elementos que conforman
nuestro patrimonio histórico educativo y hacia una escuela construida digna de
perpetuar en nuestra memoria histórica (Álvarez Domínguez, 2009).
330
los mismos; sino también para ayudar a las personas a descubrir nuevos
significantes y a repensar otros significados, que vayan más allá de su mera
materialidad. Si el Museo de Pedagogía, Enseñanza y Educación se concibe
como una realidad no estática, sino dinámica, y en continuo proceso de
reconstrucción, éste debe permanecer siempre vivo un carácter aperturista y ser
capaz de representar todos los aspectos históricos y educativos que constituyen
la base de la memoria y patrimonio de la educación.
Las funciones de un Museo de Pedagogía, Enseñanza y Educación ni
están estrictamente cerradas, ni son eternamente inmutables. Tal vez las
fronteras entre estas funciones sean algo permeables e imprecisas. Pero lo
realmente necesario e importante es no confundir el desarrollo de las
actividades del museo, con la necesidad de implementar o ejecutar cuantas
funciones se encuentran estrechamente ligadas a la actuación museística. En
cualquier caso, lo fundamental ha de ser siempre que las actividades del Museo
de Pedagogía, Enseñanza y Educación, estén en todo momento impregnadas
del espíritu de sus principales funciones.
El Museo de Pedagogía, Enseñanza y Educación, quizás sea uno de los
lugares que en el presente mejor nos puede mostrar y proporcionar la más alta
idea de un ser humano educable, que pasa gran parte de su vida dentro de una
institución escolar, rodeado de pupitres y murales, libros y cuadernos, dictados
y cuentas, camaradas y enemigos, sonrisas y lágrimas, etc. Un auténtico Museo
de Pedagogía, Enseñanza y Educación ha de ser un sitio en el que el tiempo
educativo se transforme en espacio de diálogo pedagógico intergeneracional. Y,
justamente, desde el presente, mirar al pasado y reconocer lo que fue este tipo
de museos -de una manera crítica, reflexiva, constructiva, socializadora e
inclusiva- (Álvarez Domínguez, 2011), nos permitirá seguir proyectando y
331
redefiniendo las funciones que le corresponde desarrollar al Museo
Posmoderno de Pedagogía, Enseñanza y Educación.
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334
EXIBIÇÕES INTERNACIONAIS E MUSEUS
PEDAGÓGICOS. LIÇÕES DO PAVILHÃO
MEXICANO NA EXPOSIÇÃO IBERO-AMERICANA
DE SEVILHA 1929.
1 Eckhardt Fuchs. “All the World into the school: World’s Fairs e the emergence of the
school museum in the nineteenth century”, in Martin Lawn (ed.), Modelling the
Future exhibitions e the materiality of education, Londres: Symposium, 2009, 51-
72. Eugenio Otero Urtaza “Manuel B. Cossío's 1882 tour of European education
museums”. Paedagogica Historica, Vol. 48, Nº. 2, 2012,
335
conhecemos com o mesmo termo. Aqueles nasceram em boa parte das
exibições internacionais para servir de repositórios e instrumentos de
disseminação das novidades pedagógicas e seminários pedagógicos. Assim, a
Exposição universal de 1851 deu lugar a seção de educação no South Kensington
Museum (Victoria and Albert), a vienense de 1873 foi germe dos museus de
Roma, Viena e Budapeste e a de Paris de 1878 formou o museu parisiense. Por
contra, os museus atuais nasceram como produto da ameaça da perda dos
acervos materiais escolares com a rápida urbanização e modernização da escola
que tem lugar em tempos diversos em distintas regiões a partir dos anos 60 e
assentaram-se por certa sentimentalização da escola e pelo interesse nas fontes
espaciais, iconográficas, léxicas e documentais das novas correntes ou giros
historiográficos. Os atuais museus pedagógicos fundam-se então numa
racionalidade diversa daquela dos seus supostos precedentes ao serem,
sobretudo, instrumentos de preservação da memória educativa e ao se
constituir como repositórios dos acervos escolares em settings mais os menos
originais.
Entre ambos mediam as lógicas antitéticas da pedagogia como prática
das aulas e a pedagogia das práticas culturais e educativas. Se incluíssem
bastantes conteúdos psicopedagógicos, os atuais museus de ciência estariam
mais perto dos museus pedagógicos do século XIX do que muitos de nossos
museus pedagógicos.
Contudo, uma genealogia dos museus pré-bélicos pode ser um bom
instrumento de análise e prospecção dos problemas e desafios dos museus
atuais no futuro. O artigo trata de alguns problemas museológicos intemporais
através da historicização, da análise, da planificação e participação do México na
Exibição Iberoamericana de Sevilha de 1929. O artigo analisa os conteúdos e o
programa educativo e de extensão do pavilhão mexicano na Exibição Ibero-
336
Americana de Sevilha de 1929. A exibição de Sevilha não originou um museu
pedagógico mexicano, que surgiria breve só nos 40 anos do século passado com
o objetivo de coletar as fontes para a redação da história da educação
mexicana.2 As razões podem ser múltiplas e prová-las exigiria uma probatio
diabólica, mas algumas podem ser plausíveis. Um dos motivos seria, sem dúvida,
o foco dos materiais mostrados na obra educativa do Presidente Calles. Outra
poderia ser o caráter informal de boa parte das políticas educativas dos
governos pós-revolucionários. Uma terceira razão poderia ser que os governos
revolucionários não encontraram no México a oposição e as pressões das
instituições estabelecidas, em particular a resistência à mudança das escolas
normais, pois a devastação da guerra permitiu aos governos (sempre com as
limitações de recursos) reconformar com mais liberdade do que na Europa o
conjunto do sistema educativo.3
Mais contendemos que os processos, problemas tratados e as soluções
ofertas pela organização mexicana podem ser interessantes para mostrar as
dificuldades da musealização das práticas educativas.
337
A Exibição Ibero-americana de Sevilha
338
servir também para colocar à vista dos espanhóis seu glorioso passado como
exemplo ou guia para o futuro6.
O minúsculo intercâmbio comercial entre a antiga metrópole e as
colônias e o acento na “Hispanidade” conformaram um programa de caráter
fundamentalmente cultural. E educação, sociologia, medicina e higiene que
encontravam-se ao inicio da planificação no programa foram excluídas no
programa final de 1927, o que plausivelmente tinha relação com o fato de que
os oponentes à Ditadura de Primo de Rivera tinham uma forte presença nestas
7
áreas de conhecimento.
México em Sevilha
339
comitê organizador dirigido por Francisco A. Sáenz, da secretaria de comércio
no anho seguinte.8
Mesmo aceitando a ideia do “Hispanismo”, o México queria, em
primeiro lugar se mostrar como o mais avançado dos países americanos e por
tanto cabeça da América. Esta reivindicação tinha também como base a ideia,
em si contrastante com a anterior, de que as raízes de México eram as culturas
pré-colombianas e que México, como estado, antecedia o descobrimento. Como
veremos esta ideia teve uma clara expressão no pavilhão.
O terceiro fim da representação mexicana em Sevilha foi o intento de
transformar a imagem de México como país violento que criou a propaganda
conservadora no tempo da revolução para a qual aquele foi “um movimento
anárquico, falto de elevação e nobreza e dirigido por homens sem
responsabilidade moral nem balanço mental”.9 Com este fim, conferiu uma
relevância crescida na sua exibição e atividades às políticas sociais e educativas
como reivindicações centrais e elementos imprescindíveis do progresso do país.
Mostrando-as como um modelo para os países irmãos evitarem a violência
revolucionária e iniciar o desenvolvimento socioeconômico.
Mais este objetivo era problemático para os organizadores espanhóis da
exibição, pois o ditatorial governo espanhol era desafiado pelos movimentos
republicanos que tinham bons contatos com intelectuais mexicanos e que
340
consideraram os programas mexicanos de reforma social um modelo para
Espanha.10
O comitê organizador na Secretaria de Fazenda preparou um esboço da
exibição e o enviou aos delegados das outras secretarias (ministérios) pedindo
sugestões de melhora. Apesar de que a organização do certame fixou que os
núcleos da exibição eram a história, arte antiga e moderna, indústria, agricultura
e criação do gado, as representações dos países participantes podiam
11
determinar os conteúdos dos seus pavilhões.
O esboço preparado pelos ministérios mexicanos dividia-se em dez
seções que ultrapassaram os âmbitos determinados pelos organizadores
espanhóis: história, agricultura, mineração, indústria de processamento de
matérias primas e petróleo, indústria pesada, indústria militar, papel e artes
gráficas, pequenas indústrias e artesanato, comunicação, obras públicas e
turismo, saúde pública, sociologia e educação.12 As correções e sugestões ao
esboço foram reelaboradas pelo comitê organizador num projeto final, ao qual
foi agregada ainda a seção de estatísticas nacionais. Neste projeto revisado a
maior modificação foi o notório incremento de peso da educação. Novos
espaços sobre a escola primária e ensino dos mestres, com muita atenção aos
novos métodos de ensino; editoriais e publicações, bibliotecas e a rádio
educativa foram adicionados. Assim, os departamentos todos da Secretaria de
341
Educação Pública (SEP) estavam representados na Exibição – Belas Artes e
Museu Nacional, Cinema, Psicopedagogia e Higiene, Educação Técnica,
Arqueologia, Educação Primária e Escolas Normais, Poupança e Cooperativas
Escolares, Missões Culturais, Estadística, Escolas Rurais e Incorporação
Indígena, Inspeção de Edifícios, Bibliotecas, Universidade Nacional e
Publicações. Esta presença massiva manifestou-se na distribuição final dos
espaços expositivos, pois a educação recebeu aproximadamente 1/8 do total da
13
superfície expositiva. Em particular as escolas rurais e a educação indígena
receberam uma atenção preeminente e, dentro delas, as Missões Culturais uma
singular, pois, era a área onde a SEP podia expor as suas maiores inovações e a
maior relevância sociopolítica. Significativamente, então, o delegado nomeado
pela SEP para representá-la na comissão da organização da Exibição foi o chefe
do “Departamento de escolas rurais e incorporação indígena”, José Guadalupe
Nájera.
A ênfase na educação, contrastante com o abandono espanhol, era novo
nas participações de México nas feiras internacionais e provava a importância
que aquela tinha para os governos revolucionários como fonte de
legitimidade.14 A SEP tinha como missão apresentar a educação como o
instrumento central que devia melhorar a percepção da revolução como um
passo necessário para o progresso e a modernização do país, mas, esse objetivo
fica afetado por demandas externas e internas. Promover a educação era a
realização das aspirações e promessas revolucionárias de justiça e equidade, o
13 Num edifício de 2600 m2, o espaço dedicado à educação ocupava 204 m2.
14 Para exemplo, apesar de que a classificação oficial da exibição de Paris de 1888
incluía a educação como uma das primeiras matérias a mostrar, no catálogo
Mexicano dessa exibição não há referência a essa matéria. Boletín de la Exposición
Mexicana en la Universal de Paris. México, Ofic. Tip. de la Secretaría de Fomento, 1888.
342
caminho para rebaixar as diferenças políticas e sociais que deram nascimento à
revolução, e a maneira de desmobilizar as massas revolucionárias num projeto
patriótico. A educação era, também, o epítome da revolução, um ato
revolucionário em si.15 Mais ainda a educação era uma necessidade superior
para a sobrevivência do país que não podia ser discutida pelos reacionários
inimigos dos governos revolucionários.
Os temas indígenas eram especialmente relevantes para a exibição
mexicana em Sevilha. México havia jogado a carta do exotismo indígena ao
largo da história de suas participações nas exibições internacionais ao enviar
reproduções de objetos das culturas mesoamericanas assim como objetos de
artesanato indígena.16 Em Sevilha isso continua invariante, e as seções
dedicadas à arte pré-colombiana e colonial eram equiparáveis. Ainda mais, os
organizadores acentuaram a mistura ou a sobrevivência das culturas índias na
colônia enviando uma série de objetos coloniais que deviam mostrar “a
aplicação da nossa arte indígena à arquitetura, às artes decorativas e heráldicas
espanholas”, e mesmo os artesanatos contemporâneos “dominados pelos
17
povos indígenas, pois começaram no período colonial”. A ênfase nas coisas
indígenas coincidiu com um esforço por criar uma cultura nacional
revolucionária, na qual os indígenas e os sectores populares deviam ser partes
fundamentais – o que não significava necessariamente uma reivindicação da
cultura campeira ou indígena. Muito além disso, no projeto de modernização
15 José Manuel Puig Cassauranc. El sistema de Escuelas Rurales. Mexico: SEP, 1928.
16 Mauricio Tenorio-Trillo, Mexico at the World’s Fairs: Crafting a Modern Nation. Berkeley,
University of California Press, 1996.
17 Carta de Luis Castillo Ledón, diretor do Museu Nacional de Arqueologia, Historia e
Etnografia ao Chefe do Departamento de Bellas Artes (16 Junio 1927). AHSEP,
Dirección de Misiones Culturales, caixa 46, pasta 7, doc 2).
343
imposto top-down o termo que designava a política para articular as relações
entre, por um lado, indígenas e povoações rurais e povoação branca urbana, por
outro, era, como disse o nome da mesma secção da SEP, integração. Isso é, a
aculturação das povoações marginalizadas seguindo as normas da sociedade
urbana branca. Em suma, uma das ideias que o pavilhão queria transmitir era a
“incorporação dos indígenas à civilização”, que segundo o governo
revolucionário havia sido posposta ou esquecida por todos os governos desde a
independência. Assim, as soluções, mostradas na exibição, incluíram materiais
sobre as instituições mais relevantes na implementação dessas políticas, as
Missões culturais, as escolas de pintura ao ar livre, e o “experimento” da Casa
do Estudante Indígena (Casa del Estudiante Indígena), um internato em Cidade de
México no qual, índios “puros” eram educados e transformados em gentlemen
castelhano-falantes que (seguindo a ideia do colégio colonial de Santiago de
Tlatelolco) deviam voltar aos seus lugarejos para civilizar aos seus vizinhos. 18
Enquanto que as retóricas políticas do momento tinham uma forte carga
modernizadora e civilizadora do índio, a representação mexicana não conseguiu
superar a tradição do envio de artesanato indígena, roupas, sandálias, ou
imagens da piedade popular. Esta contradição foi percebida pelo cônsul
mexicano em Berlim, F. R. Serrano, que numa carta de 1925 ao secretário de
relações exteriores Aarón Sáenz, sobre os conteúdos que deviam representar a
México escreveu: “Eu acho contraditório que, de um lado, pretendamos
344
expurgar as roupas brancas e as sandálias dos índios da nossa nação, enquanto
doutro fazemos o esforço de mostrar esses artigos nos países estrangeiros.”19
Esta contradição em definitiva era mesmo constitutiva das políticas indigenistas
do México e da SEP dos anos 1920: o desejo de avaliar a cultura indígena como
parte da cultura nacional mais ao mesmo tempo a integração na sociedade
mestiça com a negação da maior parte de seus constituintes, como a língua,
20
para a “civilização”. A historiografia mexicana ainda tem que avaliar se as
políticas do momento são modernizadoras e integradoras ou bem neocoloniais
e segregantes.21
Exibindo a Educação
345
propaganda dos sucessos da presidência de Calles. Todos os departamentos da
SEP trabalham desde 1927 até 1928 na recapitulação dos trabalhos acometidos
baixo Calles, e produzem luxuosos relatórios para render contas ao parlamento
ao término do governo. Muitos destes relatórios foram usados também para
Sevilha ou vice-versa. Ambos, a Exibição de Sevilha e a SEP, propõem
recompensas aos melhores trabalhos e práticas educativas e as obras das
instituições educativas participantes. De maneira que, no tempo da redação dos
reportes, os departamentos da SEP encontraram-se baixo às demandas
simultâneas de produzir relatórios dos resultados das políticas educativas e
doutro de mostrar aspectos de progresso e civilização. Ambas não eram
necessariamente coincidentes, pois, apresentar os logros dos governos de Calles
implicava depreciar a situação prévia, enquanto mostrar o estado da civilização
não permitia degradar muito os precedentes. Mas as duas demandas influíram
uma na outra, contribuindo ao processo de auto-reflexão da SEP no fim da
primeira década de governo revolucionário, o que levaria a grandes mudanças
na década seguinte.22
A SEP enviou a Sevilha 33 caixas com reproduções arqueológicas e de
peças de arte colonial, objetos feitos por estudantes (sobre tudo das escolas
industriais), fotografias de escolas rurais e urbanas e das atividades das Missões
culturais, livros e panfletos escolares e de leitura, e uma coleção de relatórios
propagandísticos dos sucessos dos departamentos da SEP.23 Só uma parte
346
destes materiais foi produzida para Sevilha – as reproduções de obras de arte,
algumas pinturas e esculturas da escola de Belas Artes e algumas fotografias e
mapas e um livro sobre a rádio educativa.2425 O exame do processo de seleção
e recolha dos materiais sugere que este foi contestado e dá uma ideia das
tensões e mutuas influências das demandas externas e internas.
Os livros foram os meios mais usados para articular ambas, mostrar os
resultados das políticas governamentais e o avance civilizatório.26 Sua
materialidade permitia mostrar as melhoras técnicas na impressão; na produção
de papel, cobertas e cosidos; na qualidade das reproduções fotográficas. Mas
eram também um meio idôneo para exprimir narrativas exitosas muito
coloreadas, qualidades todas que os faziam objetos ideais para a exibição e
regalo.
347
O epítome da representação de México em Sevilha foi o livro México,
um volume luxuoso que mostrava o estado da cultura e a civilização no país.
Estava dividido em capítulos sobre o sistema político, geografia e história, as
relações internacionais, educação, finanças, comunicação e obras públicas,
agricultura, criação do gado e pescarias, indústrias e trabalho. O livro, editado
por Luis A. Herrera, era uma compilação das autodescrições das diferentes
secretarias. Todos os departamentos da SEP foram requeridos para contribuir
aos relatórios do governo com uma descrição que contivera: o significado do
departamento na Secretaria, sua utilidade social, formas de trabalho, história e
“seus sucessos no período do Sr. Calles”.27 Aparte das correções editoriais
textuais e da organização da informação, a mudança mais significativo entre as
versões dos relatórios e as finalmente editadas no livro México foi a eliminação
da informação referida explicitamente a Calles, o que distanciava o livro das
políticas internas (quando a exibição ocorreu Calles já não era mais presidente).
28
Junto aos livros sobre as Missões culturais, as Escolas de pintura ao ar
livre, a Casa do estudante indígena, o México enviou também o Anuário
estatístico de educação, uma compilação do estado educativo do país,
348
elegantemente apresentada e sobretudo com uma aparência muito científica, de
acordo a imagem que o México desejava projetar em Sevilha.29
Se a exibição forçou aos departamentos de Escolas Rurais e de
Estatística acelerar a publicação dalguns dos livros, não e possível afirmar que
estes foram feitos de acordo aos requerimentos da exibição. Mas, por exemplo,
no O esforço educativo de México na Administração de Plutarco Elías Calles
(1928) produzido como uma edição especial dos relatórios anuais da SEP para
o Congresso30 encontramos descrições de todos os departamentos do
ministério muito similares àquelas publicadas no livro México. As evidências
sugerem que alguns dos departamentos como Escolas rurais - usaram as
autodescrições preparadas para Sevilha no relatório oficial de Calles com
algumas modificações.31
Sevilha foi a ocasião que forçou a publicação doutros livros que
estiveram em preparação porém, que careciam de financiamento, como una
bibliografia da Revolução mexicana e uma luxuosa reedição da Bibliografía
Mexicana del siglo XVI de Joaquín García Icazbalceta, um historiador favorável
29 Notícia estatística sobre la educación pública de México correspondiente al año de 1925. México:
Talleres Gráficos de la Nación, 1926.
30 El esfuerzo educativo de México: la obra del Gobierno Federal en el ramo de educación pública
durante la administración del presidente Plutarco Elías Calles (1924-1928). Memoria analítico-
crítica de la organización actual de la Secretaría de Educación Pública: sus éxitos, sus fracasos; los
derroteros que la experiencia señala. Presentada al H. Congreso de la Unión por el Dr. J. M.
Puig Cassauranc, secretario del ramo, en obediencia al artículo constitucional, 2 vol. México,
Publicaciones de la Secretaría de Educación Pública, 1928.
31 A comparação entre o manuscrito da autodescripção do Departmento de Escolas
Rurais e suas publicações nos livros México (enviado à exibição) e El esfuerzo educativo
de México (enviado ao Congresso da Nação), sugerem que foi preparado para a
exibição e corrigido depois para o Congresso. AHSEP. Dirección General de
Educación Rural e Incoorporación Indígena, caixa 14, pasta 27, docs. 113-125.; El
esfuerzo educativo, vol. 1, pp. 1-23.
349
ao “Hispanismo” e que, portanto, era uma boa escolha para a competição
organizada pela exibição sobre o tema “O livro em Hispanoamerica”.32
Os livros não só deviam estar nas estantes, acompanhando-os viriam as
instruções para lhês mostrar. Assim, do livro Las misiones culturales, “várias
copias deviam ser expostas em lugares apropriados e abertas em páginas ao
azar, para que qualquer visitante leia e examine facilmente”.
Bons como eram os livros como instrumentos de propaganda e meios
fundamentais de transmissão de informação, a focalização nos livros era
contrária aos fins dos organizadores, pois não eram suficientemente acessíveis
para todos os visitantes. Os livros tinham também o problema de serem muito
inespecíficos, pois ao serem coletâneas de diferentes políticas não eram fáceis
de situar numa secção ou outra da exposição. Tudo isto fazia necessário
primeiro ter muitos exemplares para ler nas salas e muitos para regalar.
Contrastando com a ductilidade dos livros como testemunha dos
avanços da civilização e mostra dos resultados concretos das políticas
educativas do gabinete Calles, os objetos enviados pelas escolas não eram tão
apropriados para ambas demandas. A SEP pediu a todas as escolas dependentes
dela que enviaram materiais e realizações dos seus estudantes para a exibição.
Mas como o prazo de envio fora muito curto e o requerimento foi enviado ao
começo das férias, as escolas não foram capazes de preparar nada específico
para Sevilha, tiveram que selecionar entre os materiais reunidos no curso.33 Se
350
bem que as escolas secundárias e tecnológicas responderam positivamente e
enviaram uma boa coleção de produtos dos seus estudantes – têxteis, objetos
mecânicos, ferramentas, esculturas e pinturas– as escolas rurais não forma
entusiastas do pedido. Diversos funcionários de educação mostraram suas
dúvidas e relutâncias ao envio de objetos preparados pelos estudantes da região
– debuxos, artesanatos, brinquedos – pois pensaram não serem apropriados
para uma exibição internacional, mesmo que fossem sistematicamente exibidos
nas mostras escolares locais e regionais. Por exemplo, o Diretor Federal de
Educação do estado de Sonora ajuntou o envio dos objetos de seu estado com
um aviso para à SEP de que as obras enviadas somente eram “importantes
desde um ponto de vista educativo, e servem para mostrar que nas nossas
escolas não tem negligenciado um dos mais importantes propósitos da
educação rural, mas não podem ser mostrados numa exibição fora, porque
essas primeiras obras poderiam não ser devidamente apreciadas tendo em conta
as circunstâncias nas quais foram feitas”.34 Num tom similar, o diretor de
educação rural do estado de Tabasco desculpou-se pelo feito de que os objetos
enviados foram “poucos e de pequeno mérito” dado que o estado era,
maiormente agrícola e os mestres rurais tinham pouca preparação em pequenas
indústrias. E adicionava que o material enviado era “valioso somente nos
termos do esforço feito pelos mestres e estudantes”.35 Esta relutância contrasta
com o uso reiterado de muitos desses produtos em exibições locais.
351
Estes exemplos apresentam claramente um dos problemas centrais dos
museus escolares, a representatividade dos fundos duma instituição que se
constitui para a seleção e melhoramento dos seus próprios produtos. A maioria
das produções escolares que nos chegaram sofreu um complexo processo de
seleção que os singularizam e diminuem a representatividade. Os problemas dos
critérios de seleção ilustram a dificuldade de mostrar a educação e as tensões
entre a demanda de mostrar os processos e as atividades e a exibição de
produtos exemplares.
A análise e mesmo a exibição do conjunto das produções escolares teria
grande importância para a história da conformação do nacionalismo pós-
revolucionário. Ao fazer a seleção para Sevilha, mestres, diretores de escola e
diretores de educação rural de todas as regiões enviaram quase os mesmos
arttigos, como bonecas representando tipos populares– china poblana, tehuana,
mestiza, charro e índias de distintos grupos étnicos; têxteis com as mesmas
roupas dos tipos populares; artesanatos de fibras naturais; e joguetes de
madeira.36 O processo de produção, recolha e seleção dos objetos de produção
escolar contribuiu para conformação dalguns motivos regionais como símbolos
de uma tradição nacional inventada, um processo que começou já antes da
revolução (com a criação dos tipos charro e china poblana), e que continuou na
estandardização e a elevação à categoria de símbolos da tehuana, das munhecas
indígenas, dos objetos de ixtle e de algumas danças regionais. Este processo de
invenção duma tradição comum (o México era no momento um mosaico
desconexo de territórios, culturas, léguas e poderes contrapostos), foi talvez a
mais importante das políticas da SEP, e através dela, esta conseguiu uma
relevância e força política enorme. Mas, ainda é na formação destes estereótipos
352
e símbolos nacionais como processo performativo, repetido também na
exibição internacional, que se mostra mais claramente a contradição das
políticas culturais do período com a tensão entre o “exótico” e a modernidade.
Muitos destes símbolos eram parte das culturas indígenas, cujos indivíduos
deviam se incorporar no corpo da nação. A pergunta que surge é se estas
políticas de criação duma identidade índia pós-revolucionária não segregaram
ainda mais aos índios ao encerrá-los num estereotipo atemporal.
O pavilhão, cujo caráter educativo vinha ressaltado pelo lema que
Vasconcelos havia dado à Universidade Nacional “Por mi raza hablará el
espíritu” inscrito na arquitrave da entrada, tinha planta de cruz grega girada 45
graus com espaços trapezoidais entre as alas e articulados entorno a um
octaedro central coberto com uma abóbada de nervos com implementos de
vidro que permitia a iluminação do oitavado central. Na planificação da
Exibição as raízes espanholas de Ibero América deviam manifestar-se já na
arquitetura dos pavilhões no estilo colonial. Contrariamente à maior parte dos
outros pavilhões o governo mexicano optou já desde o concurso por uma
arquitetura nacional, não colonial. O projeto ganhador era uma estrutura art
noveau com um pastiche de motivos ornamentais maias o que sugeria que
México existia já antes da conquista. O arquiteto do pavilhão, Manuel Amábilis,
sublinhou não só o “nacionalismo” do edifício, mas ainda, a capacidade dos
elementos construtivos das culturas pré-colombianas para “solucionar os
modernos problemas de edificação sem perda das suas características”.37
37 “Este sentimiento nacionalista abriga hoy bajo sus inmensas alas el pabellón de
México en Sevilla... El proyecto del Pabellón de México responde al propósito de
demostrar que nuestro Arte Arcaico Nacional puede solucionar los modernos
problemas de edificación sin perder ninguna de sus características”. Manuel
Amábilis, El pabellón de México en la Exposición Iberoamericana de Sevilla (México,
Talleres Gráficos de la Nación, 1929) pp. 24- 25.
353
Assim descreveu a coberta do oitavado central como uma “abóbada tolteca”
formada por “arcos toltecas”.38 Mas os toltecas não utilizavam nem os arcos
nem as cúpulas e a estrutura assemelha muito mais à cúpula califal de nervos,
uma estrutura comum na Espanha desde o califado e usada para cobrir
octaedro também de maneira similar com implementos de vidro. 39 Uma
contradição que apresenta bem as complexas relações e ambiguidades entre
metrópole e ex-colônia.40
Na documentação da SEP revisada, não há indicações precisas das
formas de apresentação ou exibição dos conteúdos e as fotografias do pavilhão
não permitem estabelecer uma estrutura museográfica clara na ordenação dos
conteúdos. As fotografias mostram uma diversidade de fórmulas expositivas da
profusão das salas do porão, dedicadas aos produtos industriais próprios da
museologia do século 19 e à relativa moderna apresentação das peças de arte
enviadas pela SEP. A experiência (e o valor dado) às peças artísticas mostra-se
na ordenada exposição destas com maiores espaços de transição entre elas.41
Só até os anos 40 do século, e mais concretamente até as inovações
formais de Fernando Gamboa, o criador da nova museologia mexicana e um
38 Ibid., p. 45. José María Morales Hevia y José María Cabeza Méndez, “El pabellón de
Méjico”, Revista de Aparejadores, núm. 19, Agosto 1986. Alberto Villar Movellan,
“Historicismo y vanguardia en la arquitectura de la Exposición Iberoamericana”,
Bibiabo Torres Ramírez (coord.) Andalucia y America em el siglo XX. Huelva:
Universidad de la Rapida, 1986. Vol. 1, pp. 183-202
39 A cúpula de nervos estrelada encontra-se na Mesquita de Cordoba, a Bib al Mardum
em Toledo, e com implementos de vidro na Alhambra ou no ochavo da Capela do
Condestable de Burgos.
40 Recuerdos de la Exposición Iberoamericana 1929-30. Sevilla: Excmo. Ayuntamiento de
Sevilla, 1992.
41 O pavilhão contou com ao redor de seiscentos expositores particulares que
mostraram produtos diversos.
354
dos mestres indiscutíveis da disciplina, não se introduzem as novas formas de
apresentação com a claridade argumentativa e a necessária redução das obras
expostas, os efeitos cênicos e a conformação dos espaços e os recorridos
expositivos. As técnicas expositivas não estavam bem desenvolvidas e, por
exemplo, não há painéis ou gráficos explicativos da evolução da construção das
escolas. Uma sala foi dedicada à projeção cinematográfica de uma coletânea de
pequenos documentários, que se mostraram também na “Noite Mexicana”. Na
sala dedicada à educação ressaltam os púlpitos e as mesas onde estavam os
livros e as livrarias. Alguns painéis com as fotos das Missões culturais e das
escolas rurais (somente aquelas feitas de materiais mais nobres e alguma palapa
também).
Em todo caso, as verdadeiras políticas educativas mexicanas pelo seu
caráter de educação social não formal deixavam-se mal relatar nos livros, nos
objetos ou mesmo pelo edifício do pavilhão.
355
Uma estratégia dirigida a engajarem o público todo foi encher de
conteúdo a “Semana do México” que aconteceu na última semana da
exibição.42 Contrastando com as outras semanas nacionais, a Mexicana tinha
um claro caráter ideológico e didático. Como o Comissário real afirmou na
apresentação do programa à prensa o “governo mexicano quer fazer desta
semana algo educativo, pedagógico que (...) estabeleça uma relação durável com
os intelectuais espanhóis”. Também para chegar à gente de Sevilha, a
representação mexicana programou uma série de festas, que “haviam de ter
43
uma ampla e generosa significação”.
O método usado para engajar o público durante a semana Mexicana
reproduziu os mecanismos desenvolvidos pela SEP para o treinamento dos
missionários culturais, mestres rurais, estudantes e povoação em geral. Em
Sevilha a SEP pôs em prática a sua versão da Escola Nova, supostamente
baseada na obra de John Dewey, a “escola da ação”, que constituiu o modelo
intelectual sobre o qual se produziu a expansão da escola rural no México pós-
revolucionário.44 De acordo com os princípios desta escola, a “experiência
pessoal” era considerada “a fonte de todo conhecimento” e o “meio
356
fundamental” de “aquisição de conhecimento, hábitos, atitudes e ideais”. A
“escola da ação” tentou “fazer uso das atividades dos estudantes no meio
ambiente no qual estão inseridos... em condições agradáveis que fizeram [a
atividade] espontânea, entusiasta e persistente”, para que os “estímulos ao
45
trabalho não sejam externos mas internos”.
Além dessas, outras atividades da “semana Mexicana” ecoavam as
“semanas educativas” instituídas pelo governo Calles, nas quais as escolas
organizavam uma série de atividades festivas para atrair a participação das
46
vizinhanças. As festas foram as atividades de mais sucesso para atrair aos
sectores populares de Sevilha. A festa mexicana celebrada nos jardins do pavilhão
numa noite da semana esteve aberta a todos os estudantes e trabalhadores de
Sevilha. O programa incluíra projeções cinematográficas sobre a extração
petrolífera no México, as mais importantes jazidas arqueológicas pré-hispânicas
e danças “tradicionais” com as inevitáveis chinas poblanas, charros e tehuanas. Esta
festa replicava as que a SEP organizava por toda a república para fomentar os
sentimentos e a cultura nacionalista. Nela já se encontra o repertório de temas
que se conformou como canônico nas participações do México nas seguintes
exibições: matérias primas que deviam assegurar o futuro do país, com a
recordação das grandes realizações do passado que o diferenciavam da antiga
metrópole, e com una representação das tradições locais dos diferentes estados
da república que haviam de se tornar componentes standard da cultura de todo
mexicano. 47
358
pago, a 100 intelectuais, escritores, arqueólogos, acadêmicos, professores
universitários e mestres de escola da península toda. Assim, pretendia “fazer um
ato de união espiritual entre Espanha e as gentes de AmericaAmérica, levando
este grupo de indivíduos bem preparados à exibição [,] para quando eles
retornarem aos seus lugares contribuírem para ensinar e disseminar o que viram
aqui”.50 Um marco definidor destas atuações foi a importância dada aos
mestres de escola pela organização mexicana, o que é revelador da relevância
concedida à educação primária popular como um objetivo, logro e justificação
da revolução. Mais da metade dos hóspedes eram mestres de escola enquanto
somente seis professores da universidade e 12 catedráticos de instituto foram
convidados.51 A inclusão dos mestres na categoria dos intelectuais contrastava
com a situação da Espanha, onde a criação de uma educação primária universal
fora sistematicamente impedida pelos conservadores e a igreja católica, e onde a
profissão de mestre de escola estava considerada ao mais baixo da escala
laboral. Ainda mais, no elitista sistema educativo espanhol, a educação
secundária e terciária tinha um prestigio infinitamente superior àquela.52 A
concepção do mestre como intelectual foi sublinhada pelo protocolo das
celebrações da semana mexicana, de maneira que lhes concederam a palavra por
acima dos professores universitários. Um diretor de escola, também jornalista,
elogiou as atividades do pavilhão mexicano como réplica das políticas culturais
mexicanas e agradeceu o México por mostrar aos espanhóis que era possível
50 “Visita oficial del comisario regio a los pabellones de Panamá, Colombia y México”.
El noticiero sevillano, 10 Junio 1930.
51 “Presentación de los coros montañeses“. El noticiero sevillano, 13 Junio 1930.
52 A importância dada à educação superior pelo governo da ditadura mostra-se no
concurso cultural da exibição, uma redação sob o menino ibero americano e outro
uma composição sobre a história das universidades espanholas na America.
359
esfumar as distinções entre acadêmicos e outros intelectuais como “jornalistas
ou especialistas, que tem a sua cátedra nos livros e nos jornais” formando uma
nova aliança entre distintos tipos de intelectuais. E finalizou sua alocução
pedindo a expansão da cultura às ruas.53
Na visita ao pavilhão este grupo de intelectuais recebeu como regalo
livros de propaganda do governo de Calles. Assim, do livro Las misiones
culturales, “275 cópias levam uma dedicação pelo que hão de ser distribuídas
entre indivíduos proeminentes, entusiastas dos temas educativos, e aqueles que
mostrem interesse na obra a se realizar neste momento no México”, isso é
“ministros, diplomatas, reitores, diretores de museus pedagógicos, diretores de
educação pública e de escolas normais, e das maiores bibliotecas assim como
jornalistas dos maiores jornais e revistas”.54 Os mesmos que foram convidados
para assistir à “Semana mexicana”.55
360
A estratégia da legitimação passava pela adoção de vocais espanhóis para
explicar e defender as posições mexicanas. Alguns dos mais relevantes
professores e intelectuais de círculos opositores (socialistas) ao Ditador deram
discursos apresentando o México como modelo a seguir ou aclarando os livros
e materiais enviados. A conferência do pedagogo Juan Rubio Carretero titulada
“A escola no México“, que os jornalistas julgaram uma “dissertação dedicada
particularmente aos mestres de Sevilha” e que foi na prática o ato final da
Feria56 analisou as orientações dominantes na educação no México,
sublinhando os elementos que ele considerou mais modernos. Para isso
explicou os gráficos e modelos educativos oferecidas pelo comissionado
mexicano Orozco Muñoz aos mestres e intelectuais na sua visita ao pavilhão e
que estavam recolhidos no Anuario Estatístico.57
Tanto Fernando de los Ríos, diretor da Institución Libre de Enseñanza e
professor universitário que renunciou à sua cátedra no advento da ditadura
como Luis Araquistain, futuro embaixador da República espanhola na França e
organizador da representação espanhola na Feira de Paris de 1936 visitaram
México e escreveram peças elogiosas sobre a educação e políticas sociais
mexicanas, em particular sobre a promoção da educação rural primária e as
Misiones culturales para à melhora dos mestres rurais. Em particular Araquistain
criticou a propaganda reacionária e o papel da educação como expressão e
necessidade revolucionária. Mesmo desde suas posturas socialistas, Fernando de
los Rios abundou nas concepções orientalistas frente aos índios ao afirmar que
361
o trabalho das ordens mendicantes da conquista servia de inspiração para as
novas políticas educativas.58 Assim, o México julgou contra as políticas e
objetivos semicoloniais dos organizadores da exibição.
Os jornais relataram respostas entusiastas às ideias e à exibição mexicana,
especialmente a “semana mexicana”, um tenor mantido nas alocuções dos
mestres e intelectuais espanhóis e que concordava com as posições e objetivos
59
mexicanos.
Mas, ainda se consideramos as políticas educativas e sociais do governo
Calles vemos que no conjunto de exibições e atividades da delegação mexicana
em Sevilha há uma falta muito relevante, a ausência total de informação sobre
as políticas anticlericais e de secularização que foi sem dúvida uma das maiores
características do governo.60 Essas políticas, que foram muito radicais e
chegaram a produzir o levantamento conhecido como a Cristiada, podiam ter
incomodado demasiado ao hoste espanhol e podiam colocar em perigo a
imagem que México queria vender.
362
Conclusão
364
da educação como prática, mais que como conjunto de conhecimentos ou
instituições. Se bem os organizadores mexicanos utilizaram um filme que
mostrava alguns aspectos da história do México, os monumentos pré-
colombianos ou a extração petrolífera, não consideraram as distintas práticas
educativas ou os mesmos atos educativos suficientemente relevantes para
merecer um filme. Perante este problema, o pavilhão mexicano optou por
preparar uma série de atividades de extensão que, adaptadas ao contexto
espanhol, reproduziam as feitas no México, desde o desjejum escolar até à
integração e mobilização dos intelectuais para o apoio à educação popular. Os
organizadores mexicanos pensaram que as práticas educativas, mais que
exibidas deviam ser reproduzidas ou, melhor, performadas. Era preciso, pois,
permitir ao público fazer coisas que não somente gerassem interesse na
narração, se não experiências. Esta oferta performativa vai unida à capacidade
do público de ressignificar as apresentações.
Outro problema surgiu com a apresentação das políticas de secularização
que, apesar de parte central do projeto dos governos do maximato, podiam
levantar as críticas dos outros países. Este é um exemplo dos silêncios tão
recorrentes nos discursos oficiais. Os Museus de história da educação críticos
prestarão particular atenção aos silêncios da historiografia oficial, e aos
silenciados.
Como mostram os processos estudados, na configuração da exposição
mexicana em Sevilha, toda coleção vem conformada por diversas demandas que
marcam tanto as presenças (peças), como as ausências ou faltas. Parece então
necessária uma historicização das próprias coleções que considere os fatores
que determinaram sua criação e manutenção e que permitam explicitar, nas
linhas argumentais da exposição, os discursos de poder (as demandas) ou as
suas sub-rogadas, as narrativas educativo-pedagógicas constituintes da coleção.
365
Não somente como requisito expositivo, mas como requerimento
historiográfico para desentranhar as ausências, os silêncios e os enganos nos
discursos educativos do passado e mesmo para nos situar no espaço discursivo
presente, precisamos desenvolver narrativas claras daquilo que queremos contar
e narrativas diversas, incluindo contrastes, para organizar e entender a recolha e
a exibição. Narrativas abertas e não excludentes que conectem com outras
instituições, a sociedade e as pessoas. Só assim o museu ou a exibição deixaria
de ser um singelo instrumento de legitimação.
Voltando à Sevilha, a recolha e revisão, pelos quadros da Secretaria, dos
sucessos e dificuldades do novo sistema educativo mexicano, além da mudança
de governo, coadjuvou, num processo que poderíamos considerar como
autorreflexivo, à transformação das políticas educativas dos governos
subsequentes em direção à Educação Socialista. Não queremos pensar numa
tarefa similar para os nossos museus, mas servir a reconsideração pelos
visitantes das práticas pedagógicas e sociais dos centros escolares não é um
trabalho menor.
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“Visita oficial del comisario regio a los pabellones de Panamá, Colombia y
México”. El noticiero sevillano, 10 Junio 1930.
“Presentación de los coros montañeses“. El noticiero sevillano, 13 Junio 1930.
“El Príncipe de Asturias declara clausurada la Exposición Ibero-Americana“.
ABC. 22 Junio 1930.
RAMÍREZ, Rafael, “Instrucciones para la exhibición y distribución de los
libros Las misiones culturales en 1927”, 31 Outubro 1928.
AHSEP, Dirección de Misiones Culturales, caixa 46, pasta 20, doc. 37.
“Hoy se clausura oficialmente el certamen”. La unión e “La semana de Méjico”.
El noticiero sevillano 20 de Junio de 1930
KNIGHT, Alan "Popular culture e the revolutionary State in Mexico, 1910-
1940", Hispanic American Historical Review, 74/3, 1994, p. 395-444.
Lorenzo Meyer, La Cristiada+++
370
REPERTÓRIO DE FONTES PARA A HISTÓRIA
COMPARADA DA ESCOLA PRIMÁRIA NO BRASIL
A trajetória da pesquisa
O primeiro projeto intitulado Por uma teoria e uma história da escola primária
no Brasil: investigações comparadas sobre a escola graduada (1870 – 1950) incidiu sobre a
história comparada da escola primária graduada, denominada grupos escolares
no Brasil, em 15 estados brasileiros: Acre, Maranhão, Piauí, Rio Grande do
Norte, Paraíba, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Mato
Grosso, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Integrou a equipe
27 pesquisadores doutores, pertencentes a 17 Programas de Pós-Graduação em
Educação de várias instituições universitárias,2 além de doutorandos, mestrandos
e bolsistas de iniciação científica e de apoio técnico em informática.
Essa pesquisa objetivou a) perceber a constituição da escola graduada no
âmbito da circulação dos modelos educacionais; b) verificar a organização e o
378
escola pública no país é tributária, em grande medida, das políticas estaduais para
a educação. Portanto, a dispersão das fontes documentais pelos estados é
constitutiva dessa configuração regional / estadual da educação no país. Cada
estado brasileiro possui um acervo significativo de informações sobre a educação
pública sob a guarda de distintas instituições. O volume, organização e facilidades
de acesso a essas fontes são diferenciados e têm a ver com a história da
constituição dos arquivos públicos no Brasil e com as políticas estaduais de
investimento na preservação do patrimônio histórico e de acessibilidade à
informação. Por isso, no estudo comparado proposto nos projetos de pesquisa
mencionados, a consulta às fontes dos diferentes estados envolvidos na
investigação tornou-se imprescindível. A decisão pela consulta às fontes
documentais foi decorrente de uma opção teórico-metodológica. Sem
desconsiderar a bibliografia já produzida em cada estado sobre a história do
ensino primário, os pesquisadores tomaram a empiria como estratégia
investigativa para o aprofundamento da análise comparada. Assim, para facilitar
a realização das investigações, pesquisadores de cada estado se responsabilizaram
juntamente com suas respectivas equipes de bolsistas de iniciação científica pela
identificação, reprodução (fotográfica ou por digitalização) e reunião de fontes.
Em cada estado, os documentos estabelecidos para a pesquisa – legislação
educacional, mensagens dos governadores, relatórios dos diretores do ensino,
dados estatísticos, programas do ensino e mensagens dos presidentes da
República -, encontraram –se nos arquivos em diferentes suportes: livros, jornais
e manuscritos. A reprodução dos documentos foi feita por digitalização,
fotografias e cópia digitada dos originais.
A propósito da reprodução de documentos por máquinas fotográficas,
apesar da facilidade de manuseio e de captação de imagens, a qualidade das
imagens digitais emerge como um problema a ser considerado, especialmente,
379
quando a coleta, extrapolando o uso individual, se presta à disponibilização para
outros pesquisadores. Em realidade, o uso dessa tecnologia não prescinde de
conhecimentos sobre a linguagem fotográfica (enquadramento, luz, resolução,
foco) de modo a potencializar o uso da fotografia como recurso metodológico
na pesquisa histórica. O uso desse recurso demanda por sua vez conhecimentos
básicos sobre tratamento digital de imagens de várias extensões em softers
específicos, e armazenamento eletrônico de documentos históricos em diretórios
e/ou outros dispositivos, inclusive na forma de backup.
Depois de coletadas e armazenadas em CD-ROM (objeto físico digital) as
fontes foram encaminhadas para a coordenadora do projeto que, juntamente
com o bolsista de apoio técnico, se encarregaram da organização do acervo
mediante o tratamento das imagens, reunião das imagens digitais em formato
PDF e armazenamento dos dados. Para a disponibilização desse repertório de
fontes foram adotadas duas estratégias: a elaboração de um banco de dados
acessado por meio de um site do projeto na Web e a produção de um DVD
contendo o conjunto das fontes reunidas pelos pesquisadores.
O Banco de Dados do “Projeto História da Escola Primária no Brasil” foi
concebido com o objetivo de subsidiar o trabalho da equipe de pesquisadores no
estudo comparado e de disponibilizar para a comunidade dos historiadores da
educação e dos pesquisadores em geral o registro, organização, busca e seleção
de dados provenientes das fontes documentais reunidas pela equipe do projeto.6
Este Banco de Dados foi estruturado com um sistema de busca de documentos,
links para downloads e ficha cadastral de cada documento contendo os seguintes
campos: número do documento (ID), tipo, tipologia, autoria, número de páginas,
ano de início, ano de término, estado da federação, origem, responsável, link (para
8 Este DVD organizado por Rosa Fátima de Souza é intitulado Fontes para o estudo da
história da escola primária no Brasil (1930 – 1961).
382
em informação especializada sobre fontes para o estudo histórico da escola
primária no Brasil.9
384
escolar como componente das políticas do Estado. São formas, também,
de buscar prever e controlar a escolarização a parte dos saberes dominados
pelos gestores dos bens ‘públicos’. (FARIA FILHO, 1998, p. 82)
386
A guisa de considerações finais: o diálogo necessário com a preservação digital
387
Informação, do Patrimônio e da História interessada que é, nas políticas para a
memória e para a preservação da cultura material.
Se pela prática da pesquisa histórica em educação fomos levados à
necessidade de constituição de acervos de fontes, a preservação se insere nesse
movimento de redefinição da prática da pesquisa, um horizonte de desafios
inadiáveis.
Em síntese, o trabalho de reunião e disponibilização de fontes realizado
pela equipe do “Projeto História da Escola Primária no Brasil” pode ser visto
como um legado de um esforço investigativo sui generis na área da História da
Educação no Brasil. De fato, ao agregar um grande número de investigadores de
diferentes regiões do país, os dois projetos possibilitaram um trabalho coletivo
que assumindo o desafio da comparação pôs em evidencia a diversidade de
escolas primárias, a desigualdade no oferecimento e no acesso à educação
pública, a circulação de ideias, objetos e pessoas (educadores e intelectuais),
aproximações e distanciamentos nos processos regionais de escolarização da
infância. Visto dessa maneira, o repertório de fontes compreende um resultado
importante dessa trajetória de pesquisa, pois, socializa certo inventário da
documentação específica de vários estados. No cotejamento dessa
particularidade está inscrita a possibilidade de avanço do conhecimento histórico
sobre a educação brasileira.
Referências Bibliográficas
389
(Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
São Paulo, 2004.
SOUZA, Rosa Fátima; SILVA, Vera Lucia Gaspar; SÁ, Elizabeth Figueiredo. Por
uma teoria e uma história da escola primária no Brasil. Investigações comparadas
sobre a escola graduada (1870 – 1930). Cuiabá: EdUFMT, 2013.
SOUZA, Rosa Fátima. Acervos digitais e preservação de fontes para a história
da educação rural no Brasil. In: X Congreso Iberoamericano de Historia
de la Educación Latinoamericana. – Sujetos, poder y disputas por la
educación. Toluca, México, 2014, p. 1-10.
390
LA MODERNIZACIÓN DE LA CULTURA MATERIAL
DE LA ESCUELA PÚBLICA EN ESPAÑA, 1882-19361
Introducción
1 Este texto fue presentado como ponencia invitada en las II Jornadas Científicas de la
Sociedad Española para el Estudio del Patrimonio Histórico-Educativo (SEPHE),
celebradas en el Centro Internacional de la Cultura Escolar, en Berlanga de Duero,
Soria, del 8 al 10 de mayo de 2007 (MORENO MARTÍNEZ, P.L. La modernización
de la cultura material de la escuela pública en España, 1882-1936. En: ESCOLANO
BENITO, A. (ed.). La cultura material de la escuela: En el centenario de la Junta para la
Ampliación de Estudios, 1907-2007. Berlanga de Duero: CEINCE, 2007. pp. 45-74).
Una ponencia llevada a cabo gracias a la ayuda concedida por el Ministerio de
Educación y Ciencia al proyecto de investigación SEJ2004-07268/EDUC.
393
metodológicas surgidas en el ámbito de la historia general, propició la
emergencia de la llamada “nueva historia de la educación”2. La década de los
ochenta constituiría un punto de inflexión para la historia de la educación en
España que, progresivamente, iría superando los modos tradicionales de hacer
historia, característicos de los paradigmas positivistas y de las corrientes
historicistas, experimentando un considerable desarrollo y transformación3.
Más recientemente, en la década de los noventa, tendencias historiográficas
emergentes han venido a enriquecer y diversificar aún más las miradas desde las
que los investigadores han venido acometiendo el estudio del pasado de los
fenómenos educativos. Una de las aportaciones, que ha contado con una amplia
aceptación y un fecundo desarrollo, se debe a la propuesta efectuada por el
historiador Dominique Julia, en 1995, de considerar la cultura escolar como
objeto histórico. Una “cultura escolar” que Julia delimitaba, inicialmente, como
“un conjunto de normas que definen los saberes a enseñar y los
comportamientos a inculcar, y un conjunto de prácticas que permiten la
transmisión y la asimilación de dichos saberes y la incorporación de estos
comportamientos”4. Marc Depaepe y Frank Simon no tardaron en subrayar las
potencialidades que este enfoque historiográfico ofrecía para ayudar a descifrar
394
las claves de esa “caja negra” que constituía la realidad cotidiana de los centros
docentes5.
Las potencialidades holísticas que la expresión cultura escolar ofrece para
la comprensión de la realidad pasada de la educación también han sido objeto
de atención por parte de historiadores españoles. Para Viñao la cultura escolar
“estaría constituida por un conjunto de teorías, ideas, principios, normas,
pautas, rituales, inercias, hábitos y prácticas (formas de hacer y de pensar,
mentalidades y comportamientos) sedimentadas a lo largo del tiempo en forma
de tradiciones, regularidades y reglas de juego no puestas en entredicho, y
compartidas por sus actores, en el seno de las instituciones educativas”6. Una
cultura escolar cuyos elementos conformadores más visibles están constituidos,
según el profesor Viñao, por los actores (los profesores, los padres, los
alumnos, y el personal de administración de servicios); los discursos (lenguajes,
conceptos y modos de comunicación utilizados en el mundo académico y
escolar); los aspectos organizativos e institucionales (las prácticas y rituales de la
acción educativa, la marcha de la clase y los modos organizativos formales); y la
cultura material de la escuela. Pero, en realidad, más que hablar de una única
cultura escolar monolítica hay que considerar la existencia de diferentes culturas
escolares e incluso de subculturas, que coexisten e interactúan entre sí en el
seno de cada institución educativa o en el conjunto del sistema educativo,
derivadas, entre otras, de la diversidad de grupos y subgrupos de actores, las
particulares diferencias de cada nivel educativo, la pluralidad de campos
5 DEPAEPE, M., SIMON, F. Is There any Place for the History of ‘Education’ in the
‘History of Education’? A Plea for the History of Everyday Educational Reality in-and
Outside Schools”. Paedagogica Historica, Gante, XXX-I, pp. 9-16, 1995, referencia en p.
11.
6 VIÑAO, A. Sistemas educativos, culturas escolares y reformas. Madrid: Morata, 2002,
p. 73.
395
curriculares, etc. Para Agustín Escolano las dimensiones principales que
englobaría la cultura escolar son, al menos, tres: la empírica-práctica, construida
por los enseñantes en el seno de la institución escolar; los saberes derivados de
la especulación y la investigación, el denominado el conocimiento experto
generado en las instituciones de educación superior; y, por último, el discurso y
las prácticas de orden político-institucional asociados a entornos
administrativos y burocráticos. Dimensiones entre las que se establece un
complejo entramado de relaciones de autonomía, interdependencia y
convergencia7.
396
ser, por ejemplo, los niveles educativos que en cada momento conforman la
enseñanza formal, pues cada uno de ellos cuenta con estructuras académicas y
curriculares específicas con las consiguientes repercusiones en la consolidación
de sus condiciones materiales. Partiendo de dicho criterio podríamos distinguir
diferentes tipos de cultura material asociadas a la educación infantil, la
enseñanza primaria, la enseñanza secundaria, las enseñanzas profesionales, la
enseñanza superior, las diferentes enseñanzas especiales o, aquellas que, a lo
largo del tiempo, se hayan establecido en una sociedad dada. También cabría
aplicar dicha categoría a las instituciones educativas de carácter no formal, lo
que comportaría el estudio concreto de la cultura material de determinadas
iniciativas de educación de personas adultas, como, entre otras, la extensión
universitaria o las universidades populares; o de atención a menores, como, por
ejemplo, los centros de reforma, las asociaciones juveniles o las colonias
escolares de vacaciones. Sin duda, también cabría sugerir otras potenciales
categorías de clasificación o de subclasificación como la titularidad pública o
privada de la enseñanza, el sexo de los destinatarios de la oferta educativa
(varones, mujeres o ambos sexos), la ubicación urbana o rural de los centros,
etc.
Pero ¿cuál es el objeto de estudio de la cultura material de las
instituciones educativas? Según Viñao la “cultura material de la escuela”
aglutinaría “su entorno físico y material y objetos (espacios edificados y no
edificados, mobiliario, material didáctico y escolar, etc.)”8. Tal definición
delimita suficientemente tanto lo que denominamos, genéricamente, cultura
material de las instituciones educativas, como las diferentes culturas o
subculturas en las que aquella puede clasificarse o subclasificarse. A tenor de
8 Ibídem, p. 75.
397
dicha definición son tres los componentes fundamentales, que no únicos, a
tomar en consideración al abordar el estudio de las culturas materiales de las
instituciones educativas. El primero de ellos viene dado por el entorno físico en
el que se desarrollan las actividades educativas, que abarcaría tanto los espacios
edificados como no edificados. El segundo de ellos incluiría el mobiliario, y el
tercero englobaría, según la denominación dada por Viñao, el material didáctico
y escolar. Para otros autores, como Ramón López, uno de los tres elementos
conformadores de la cultura escolar, junto con los personales y los funcionales,
es el conjunto de elementos materiales que, a su vez, contendría, “las
condiciones espacio-temporales que enmarcan y posibilitan la actividad
educativa, el mobiliario que viste nuestras escuelas y los materiales o recursos
didácticos utilizados en la enseñanza”9. Si obviamos la variable temporal, que
por las consideraciones efectuadas por el propio López en su trabajo (sin
menoscabo de su importancia central para la cultura de la escuela) presenta un
interés menor en cuanto al papel que la misma desempeña en la configuración
de la cultura material, podemos mantener que el entono físico, el mobiliario y el
material didáctico y escolar constituyen los tres componentes principales que
conforman la cultura material de las instituciones educativas.
Los espacios donde se desarrollan las actividades educativas, las aulas, los
patios, el mobiliario escolar, o los objetos cotidianos existentes en las escuelas
son elementos cuya presencia está indisociablemente unida a la historia misma
de la escuela, a la historia del curriculum, a la de la cultura material. Son medios
y objetos cargados de significados, que nos informan de la intrahistoria de los
procesos educativos, las prácticas, las metodologías de enseñanza, la
organización de las escuelas, las relaciones entre los alumnos, los docentes, las
399
escolar no constituye una excepción a dicha regla. Es más, las aproximaciones
realizadas al estudio de la evolución del mobiliario escolar, se han circunscrito,
primordialmente, a las diversas modalidades de pupitre escolar13. No obstante,
una tarea previa debería consistir en precisar que se entiende por mobiliario
escolar y qué tipología o clasificación cabría hacer del mismo. En otro trabajo
anterior tuvimos la oportunidad de efectuar una aproximación terminológica en
la que observamos que la acepción “mobiliario escolar”, era relativamente
reciente14. Así, por ejemplo, Mariano Carderera en su Diccionario de Educación y
Métodos de Enseñanza se refería al mismo, en la segunda y tercera edición de su
obra, aludiendo a los “muebles” en la voz “enseres de las escuelas primarias”,
bajo la nomenclatura genérica de “enseres”15. Ruiz Amado, en su Enciclopedia
402
sirve el maestro para su misión, independientemente de los auxiliares gráficos,
es decir, aquellos que tienen carácter ilustrativo, los técnicos, instrumentos,
utensilios, etc., y al mismo tiempo los que podríamos llamar «medios de
instrucción», o sea aquellos que, hecha también abstracción de los libros, asisten
al alumno en la prosecución del proceso instructivo, contando entre ellos los
instrumentos que sirven para los ejercicios técnicos de toda suerte”22. Según el
concepto esgrimido por este Diccionario, el material escolar engloba dos grandes
grupos de material en función del usuario del mismo. El primero de ellos
abarcaría el material empleado por el maestro en la enseñanza, con la
particularidad de incluir en el mismo los objetos relacionados con la imagen
(grabados, proyecciones luminosas –fijas y móviles-, etc.) y los aparatos
correspondientes a los que les dará el tratamiento de material “auxiliar” por
estimar que la idea de «escuela activa» o «escuela del trabajo» requería la
transformación de los «medios intuitivos», en «medios de trabajo»23. El segundo
incluiría el material empleado por el alumnado, al que denomina,
concretamente, «medios de instrucción», proponiendo una consideración
particular para los manuales escolares.
La segunda denominación, la más utilizada, como lo hiciera el propio
Cossío, fue la de “material de enseñanza”. No obstante, el grado de
delimitación conceptual o clasificación del mismo no es superior al observado
para el de material escolar. Es más, la delimitación que se hace del material de
enseñanza vendría a coincidir, en líneas generales, con el efectuado por el
Diccionario de la editorial Labor al acotar el término material escolar. Así,
Ezequiel Solana define el material de enseñanza como la “multitud de objetos
404
El objeto de esta ponencia es estudiar aquellos elementos de la cultura
material de la escuela primaria pública en España menos conocidos, o sea, el
mobiliario y el material de enseñanza. El período elegido se sitúa entre 1882 y
1936, es decir desde la creación del inicialmente denominado Museo de
Instrucción Primaria, con posterioridad Museo Pedagógico Nacional, llamado a
desempeñar un papel destacado en el proceso de modernización de la
educación española, del que no estuvieron ausentes los aspectos materiales, y
los inicios del fin de la segunda República marcados por el comienzo de la
guerra civil que supondría, para las dinámicas de reforma educativa generadas
desde la fundación de la Institución Libre de Enseñanza en 1876, la quiebra,
entre otras esferas, del recorrido surcado por la renovación educativa.
405
Los discursos sobre el mobiliario escolar
408
Esteban, cabe afirmar “que en el mobiliario escolar hay un antes y un después
tras la exposición del Congreso pedagógico de 1882”32. Es más, los Museos
creados en diversos países llevarían a cabo, entre otras funciones, una
409
importante labor de recepción e introducción de novedades y mejoras de todo
tipo que también alcanzarían al mobiliario y al material escolar33.
El Museo Pedagógico Nacional prestó, desde su gestación, una atención
destacada al mobiliario escolar −en concreto a la mesa-banco− convirtiéndose,
por sus logros y competencia técnica, en el principal referente en este campo en
España. La actuación del Museo se desarrolló principalmente en tres parcelas.
En primer lugar, contó con una exposición permanente de mobiliario escolar.
En segundo lugar, el Museo contribuyó a la introducción de las innovaciones
higiénicas y pedagógicas internacionales en España, diseñando un modelo de
mesa-banco que por sus condiciones y bajo coste pudiera ser incorporado a las
escuelas españolas. El modelo propuesto por el Museo evolucionaría a partir,
en 1886, de una adaptación del diseñado por Cardot para las escuelas de París 34
al adoptado a comienzos de la segunda década del siglo XX. Los ensayos de
reforma del mobiliario escolar extranjero y el diseño de nuevos muebles no se
limitarían a la mesa-banco. Bajo la dirección del Museo se construyeron mesas,
sillas y atriles para bibliotecas, o muebles destinados a exponer colecciones y
objetos, que serían utilizados en las instalaciones del propio Museo con la
pretensión de que sirvieran de modelo a otras instituciones. El diseño y
construcción de mobiliario, en colaboración con industriales como Eusebio
410
Moreno o Juan Martín, convirtió al Museo en un auténtico centro de
experimentación de mobiliario escolar35. La tercera parcela de actuación del
Museo tuvo lugar como consecuencia de su condición como organismo
consultor técnico, desempeñando una labor de asesoramiento a diferentes
instancias ministeriales siendo en algunos casos sus propuestas asumidas por el
Ministerio de Instrucción Pública y publicadas en la Gaceta, con las
consecuencias político-administrativas consiguientes.
Desde las últimas décadas del siglo XIX y las primeras del siglo XX
tratadistas de los campos de la arquitectura escolar y sobre todo de la pedagogía
y la higiene escolar se incorporaron al estudio y difusión del mobiliario
moderno. En España cabe citar, excepcionalmente, a arquitectos como Enrique
María Repullés, y, en especial, a pedagogos como Giner de los Ríos, Alcántara
García, Díaz Muñoz, Carbonell, Blanco y Sánchez, Solana o Gil Muñiz y
Pertusa Périz, y médicos como Tolosa Latour, Montaldo y Mariscal, Rosado
Fernández, Masip, Rodríguez López, Sanz Blanco, Sáinz de los Terreros,
Sánchez Freijo, Salvat Navarro u Hoyos Sáinz36. Pedagogos e higienistas
35 Memoria sobre los trabajos del Museo. En: Anuario de Primera Enseñanza
correspondiente a 1886. Madrid: Imprenta del Colegio Nacional de sordomudos y de
ciegos, 1887, pp. 247-266, referencia en pp. 252 y 259-260.
36 REPULLÉS Y VARGAS, E.Mª. Disposición, construcción y mueblaje de las
escuelas públicas de instrucción primaria. Madrid: Imprenta de Fortanet, 1878, pp.
51-65 y láminas 2, 3 y 4 s.p.; GINER DE LOS RÍOS, F. Local y mobiliario escolar.
Boletín de la Institución Libre de Enseñanza, Madrid, nº 128, pp. 134-135, 1882;
GARCÍA, P. de A. Teoría y Práctica de la Educación. Curso completo y
enciclopédico de Pedagogía. Tomo V. De la Educación Física. Madrid: Gras y
Compañía, Editores, 1882, pp. 386-412; GARCÍA, P. de A. Tratado de higiene
escolar, op. cit., pp. 181-232; DÍAZ MUÑOZ, P. Compendio de Antropología y
Pedagogía, op. cit., pp. 289-293; CARBONELL Y SÁNCHEZ, Mª. Temas de
Pedagogía, op. cit., pp. 267-269; BLANCO Y SÁNCHEZ, R. Pedagogía
fundamental. Organización escolar, op. cit, pp. 68-71; GIL MUÑIZ, A., PERTUSA
411
incidieron especialmente, como referimos en un trabajo anterior37, en el pupitre
escolar cuyo prototipo ideal lo constituía la mesa-banco individual o bipersonal,
en la necesidad de garantizar una posición adecuada en el desarrollo de los
ejercicios de escritura y lectura, y en los principios que debían presidir la
construcción de las mesas y asientos escolares para que los alumnos guardaran
una posición higiénica, alcanzaran el mayor grado de aprovechamiento posible
de las clases y se asegurara la disciplina en el aula. Estudiaron los diversos
elementos que componían este mobiliario y sus relaciones entre ellos, así como
los diferentes sistemas, tipologías, las dimensiones, el número de plazas, las
formas y tamaños, los materiales, el costo y las diferencias del mobiliario en
cuanto el sexo de los alumnos. Asimismo, trataron la disposición del mobiliario
en el aula entre sí y respecto a la luz, la distancia entre los pupitres y respecto a
las ventanas o los pasillos. También analizaron algunas de las cualidades con las
414
hace a la escuela primaria, fabricado en ella, como obra del trabajo común de
maestro y discípulo”40. El primer material de enseñanza debía ser la realidad
misma. Un material gratuito que requería el esfuerzo de interpretar y de utilizar
metódicamente dicha realidad. El material consistente en aparatos o
representaciones gráficas debía ser vivificado, construido en la propia clase;
sólo de esa forma el alumno sería capaz de penetrar en las leyes naturales que
los objetos representaban. Cossío propugnaba una escuela activa que en la que
se aprendiera haciendo, a cuyo principio debía responder y supeditarse el
material de enseñanza; “no es lo primero el material, decía, sino el espíritu del
maestro que ha de vivificarlo”41. Anteponía a todo que los maestros contaran
con las condiciones apropiadas, desde las económicas hasta las pedagógicas, y
que dispusieran de la formación necesaria que les permitiera la utilización
adecuada del material de enseñanza.
Los principios establecidos por Cossío serían secundados, reiterados y
glosados durante las primeras décadas del siglo XX, por autores como, entre
otros, Rufino Blanco, Ezequiel Solana −quien a partir de tales principios
distinguiría entre “material adquirido” y “material formado”−, Pertusa y Périz y
Gil Muñiz e, incluso en los inicios del franquismo, por Onieva42. No obstante,
el paso del tiempo llevó a opiniones más eclécticas que, sin menoscabo de
415
mantener las ideas formuladas por Cossío, incluso priorizándolas, admitirían el
valor que un buen material, producido en las fábricas, podía tener para la
enseñanza43. Autores habrá como Vicente Valls, imbuido de los principios
pedagógicos sostenidos por Cossío, que dedicarán una obra a dar pautas
generales sobre la construcción del material para la enseñanza, mostrando y
difundiendo entre el profesorado los modos de llevar a cabo experimentos
sencillos relacionados con el estudio de la naturaleza y la construcción de sus
propios materiales de un modo fácil recurriendo a recursos elementales al
alcance de todos44.
Los congresos y, en especial, las exposiciones, serían un medio
apropiado, más que de reflexión y generación de un discurso teórico, para dar a
conocer al profesorado y al público en general, presentar y difundir, los
materiales de enseñanza, desde aquellos más comunes a aquellos otros más o
menos novedosos. En ellas se contemplaría una extensa panoplia de objetos
procedentes de instituciones educativas públicas y privadas, industriales,
editoriales, casas comerciales nacionales y extranjeras, así como invenciones de
particulares45. Las casas comerciales también hallarían otros medios de difundir
417
demás países” 47. Para Cossío las condiciones materiales de la escuela en todos
los órdenes y también en lo que al material de enseñanza se refería, no era una
cuestión del arquitecto, el médico, el ingeniero o el industrial, sino
exclusivamente del pedagogo. La reforma pedagógica, la mejora de la escuela,
pasaba por la formación de los maestros, unos maestros a los que se les debía
estimular a que produjeran por sí mismos el material de enseñanza. La acción
del Museo se desarrolló, en este caso, por unas vías semejantes a las
mencionadas para el mobiliario escolar. La exposición permanente del Museo,
aludida con anterioridad, contó desde un primer momento con material de
enseñanza en el que predominó, al menos en sus inicios, el material de ciencias
naturales y geografía con publicaciones, entre otras, de las casas Fischer, Reimer
y Chun de Berlín, Meinhood de Desde o Suzanne y Delgrave de París y, en
menor medida, de historia de la civilización, trabajos caligráficos o colecciones
de labores de aguja. En segundo lugar, se pretendía analizar la utilidad
pedagógica del material de enseñanza e influir en los industriales para mejorar
los procesos de producción de los objetos. Así, en los primeros momentos de
existencia del Museo, en relación con los industriales Moreno y Martín, se
fabricaron útiles como tinteros o cajas de sólidos geométricos a partir de
modelos franceses e ingleses. El Museo pretendía ser un centro de
experimentación de material de enseñanza48. Asimismo, como detallaremos, el
Museo también actuó como organismo consultor técnico de instancias
ministeriales con ciertas consecuencias normativas.
420
mesa y el anterior del banco que debía ser negativa. La Instrucción también
establecía, entre otras consideraciones, que las mesas y los bancos tenían que
estar unidos entre sí formando un único mueble, así como una tipología
compuesta por cuatro modelos en función de la talla de los niños incluyendo,
para cada uno de ellos, las medidas de sus elementos, además de un quinto
modelo para párvulos. Asimismo, consideraba la mesa-banco individual como
la más adecuada desde el punto de vista higiénico y pedagógico, la cual debía
adoptarse cuando fuera posible, recomendando, a un tiempo, las de dos plazas
por razones de economía y disponibilidad de espacio51. La legislación
promulgada en 1905 no innovó, pero si vino a sancionar los avances
experimentados en este campo en España desde las dos últimas décadas del
siglo XIX.
El Estado comenzaría a tomar parte activa en la dotación de mobiliario y
material de enseñanza de las escuelas primarias. Por Real Decreto de 22 de julio
de 1912 (Gaceta del 30 de julio) el Ministerio de Instrucción Pública y Bellas
Artes disponía que en el presupuesto general del mismo se consignara
anualmente un crédito para proveer de mobiliario y material de enseñanza a las
escuelas públicas. En la exposición de motivos se reconocía, abiertamente, que
el material constituía una de las grandes necesidades de las escuelas primarias,
afirmando que “causa honda tristeza ver el arcaico y antihigiénico mobiliario,
que en la mayoría de ellas sirve de asiento y de mesa escritorio a los alumnos,
con grave daño de su salud y perjuicio de la enseñanza, e igual impresión deja
en los más de los casos la carencia, parquedad o vetustez de los objetos que se
421
usan o deben usarse para mayor realismo de las lecciones”52. El Estado, sin
eximir a los ayuntamientos de su obligación de dotar de tales recursos a las
escuelas públicas, pretendía coadyuvar con los mismos en el equipamiento de
éstas. Las pautas a las que se deberían atener, tanto el mobiliario como el
material de enseñanza, se establecerían en sendos dictámenes elaborados por el
Museo Pedagógico Nacional.
El dictamen solicitado por la Dirección General de Primera Enseñanza al
Museo Pedagógico Nacional sobre mobiliario escolar, probablemente con el
propósito de disponer de unas orientaciones técnicas que sirvieran de referencia
a la administración para el desarrollo operativo del Real Decreto de 22 de julio
de 1912, llegaría a ser un referente normativo básico. El Informe técnico sobre
moblaje y decoración escolares, de 23 de abril de 1913, para las escuelas primarias y
de párvulos indicaba las condiciones indispensables a las que debía ajustarse
dicho mobiliario. El Informe contemplaba las exigencias higiénicas que debían
reunir la mesa-banco, sus características y sus dimensiones en función del
tamaño y proporciones de la anatomía infantil en cada edad escolar, al tiempo
que hacía recomendaciones diversas sobre el mismo. Asimismo recomendaba
tres modelos de mesas-bancos: el modelo francés de la ciudad de París,
concebido por Cardot, el modelo alemán Rettig y el modelo del Museo
Pedagógico Nacional. También incluía un cuadro con las medidas para la
construcción del moblaje escolar, fotografías de los modelos de la ciudad de
422
París y el del Museo, así como dibujos de la planta y sección de este último53. El
dictamen, promulgado por el Ministerio de Instrucción Pública por Real Orden
30 de junio de 1913 (Gaceta del 11 de julio), convertía la mesa-banco del Museo
Pedagógico, de hecho, en el modelo oficial para las escuelas españolas.
La Dirección General de Primera enseñanza también promulgaría, por
Real Orden de 30 de junio de 1913, el dictamen técnico e instrucciones
redactadas por el Museo Pedagógico Nacional sobre material escolar, el cual debió
ser solicitado con idéntico fin que el anterior. En este dictamen se aludía al
interés pedagógico de los museos escolares dando pautas para su organización y
formación con la colaboración de maestros y alumnos, aprovechando los
paseos y excursiones escolares y solicitando aportaciones a las familias e
industriales de la zona. También se refería al material más recomendable para la
enseñanza de las diferentes asignaturas y a la necesidad de facilitar al maestro
orientaciones para su utilización. En concreto, se sugerían determinados libros
y material para la enseñanza de la lectura y escritura, aritmética, geografía,
historia, historia sagrada, nociones de física y química, geometría y dibujo,
ciencias naturales o música. El Museo prefería indicar los libros y las
orientaciones que guiaran al maestro para la confección del material, que
proporcionar el dato concreto del objeto con el precio y el punto de venta. No
obstante, en algunos casos, si se llega a recomendar algunas casas comerciales;
por ejemplo, la casa Dayrolle de París, para la adquisición de ciertos tipos de
gabinetes de historia natural, con un precio entre 85 y 725 francos, o la casa L.
Soler Pujol de Barcelona para conseguir la colección Los tres reinos de la naturaleza
y sus aplicaciones a la vida de la industria, por 175 pesetas. Cossío daría especial
423
importancia al aparato de proyección, refiriendo modelos, casas comerciales y
precios54. Cossío que, como Director del Museo, rubricaba el dictamen, volvía a
ratificar su concepción, ya conocida, acerca de la importancia que el principio
de actividad adquiría para despertar el interés del niño y, por consiguiente,
afirmaba que “no hay material de enseñanza superior para la obra educadora,
que el que gradualmente se va construyendo en la escuela mediante la
colaboración del maestro y los alumnos”55. No obstante, a lo largo del
documento, Cossío mostraba una posición de mayor tolerancia y aceptación
hacia aquel material construido que, en su caso, estimaba como adecuado para
la renovación de los métodos de enseñanza.
En base a los dictámenes elaborados por el Museo Pedagógico Nacional,
el Ministerio de Instrucción Pública y Bellas Artes convocaría concursos para la
adquisición de mobiliario y material de enseñanza con destino a las escuelas
públicas. Con tal fin el Ministerio constituyó, por Real Orden de 28 de
diciembre de 1915 (Gaceta de 8 de enero de 1916), una Comisión Asesora de
material y moblaje pedagógicos de la Dirección General de Primera Enseñanza
para la selección de tales materiales56. No obstante, el primero de los concursos,
Unos centros que no parecían incluir a las escuelas primarias, sino, primordialmente,
a institutos y universidades (Real Decreto de 17 de marzo de 1911. En:
MINISTERIO DE INSTRUCCIÓN PÚBLICA Y BELLAS ARTES. Colección
legislativa de Instrucción Pública. Años 1911. Madrid: Imprenta de la Dirección General
del Instituto Geográfico y Estadístico, 1911. pp. 120-124, cita en p. 121). Véase
LÓPEZ MARTÍNEZ, J.D., DELGADO MARTÍNEZ, Mª.Á. El material científico
de los institutos como indicador de intenciones pedagógicas y estilos de enseñanza
en ciencias experimentales. En: XII COLOQUIO NACIONAL DE HISTORIA
DE LA EDUCACIÓN. 2003. Burgos. Etnohistoria de la escuela. Burgos: Servicio de
Publicaciones de la Universidad de Burgos, 2003. pp. 181-192, en concreto, p. 185.
425
se pretendía subsanar fijando una serie de prioridades −en parte ya
contempladas por el Real Decreto de 22 de julio de 1912−, prevaleciendo las
escuelas con el material en estado ruinoso, seguidas de aquellas que, con la
propuesta, quedaban totalmente dotadas de material y, por último, las que
carecieran de algún elemento que pudiera ser objeto de distribución. ¿Qué
repercusiones reales tuvieron estas iniciativas ministeriales en la mejora del
equipamiento de las escuelas públicas?
Desconocemos el verdadero alcance de tales medidas. Podemos deducir
que la iniciativa ministerial originaría, entre otros efectos positivos, la progresiva
dotación de material de enseñanza, o el reconocimiento de la necesaria
superación de los trasnochados cuerpos de carpintería, afrontando lentamente la
mejora del mobiliario escolar, pero también llegaría a tener, en el segundo caso,
consecuencias perversas. La administración educativa cayó en la rutina de
convertir el modelo del Museo, a través de las subastas de adjudicación de
mobiliario, al menos a través de este sistema de provisión, en el modelo elegido
para dotar de este equipamiento a las escuelas públicas de primera enseñanza.
Una situación que propició que este tipo de mobiliario perviviera, en gran
medida, con leves variaciones hasta, incluso, las décadas de los 50 y los 6057.
Estas prácticas constituyeron un freno al avance del proceso de renovación de
estos enseres y, por ende, de la misma innovación pedagógica.
Un análisis etnográfico debería permitirnos poder establecer la historia
de cada objeto material de la escuela, su gestación, sus transformaciones, su
declive, su proceso de incorporación, así como su grado de aceptación tanto
por los expertos y las instancias políticas como por los maestros, el papel
desempeñado por estos últimos en su difusión o las resistencias dadas a su
427
Cuadro nº 1
Menaje de las escuelas públicas españolas (1850-1917)58
429
La cultura empírico-práctica de la escuela
La escuela pública de las últimas décadas del siglo XIX era una escuela
pobre en lo material y en sus espacios, instalaciones y recursos, con un
profesorado escasamente retribuido y manifiestamente falto de formación, con
unas tasas de escolarización que no alcanzaban al 50% de la población entre 6 y
12 años de edad, con desequilibrios notables en la matrícula entre ambos sexos,
un absentismo escolar reseñable, unas ratios de alumnos por profesor elevadas
y una enseñanza, desde una perspectiva cualitativa, no más halagüeña, con
métodos rutinarios y programas limitados, prácticamente, a la enseñanza de la
lectura, la escritura, el cálculo y la doctrina. La llegada del siglo XX irá
acompañada de transformaciones, cuyas raíces se hundían en las últimas
décadas del siglo XIX, en las que ciertas elites vinculadas a las corrientes kauso-
institucionistas, reformistas y regeneracionistas denunciarán la situación de la
escuela española y comenzarán a promover e introducir iniciativas y a constituir
corporaciones como la Institución Libre de Enseñanza, fundada en 1876, o el
Museo de Instrucción Primaria, creado en 1882, que contribuirán a propiciar,
junto con otras iniciativas, la modernización y europeización de la educación
española59. Como hemos podido constatar, la creación del Ministerio de
Instrucción Publica y Bellas Artes en 1900, constituyó un instrumento
fundamental para potenciar el proceso de modernización de la escuela española.
Pero, como señala Agustín Escolano, “la cultura empírico-práctica de la escuela,
en el ciclo regeneracionista, al igual que en otros períodos anteriores y
430
posteriores, estuvo sobre todo ligada al desarrollo de la profesión docente”60.
Una cultura que, como indica este mismo autor, no se sustentó en
conocimientos académicos, ni respondió a patrones organizativos marcados por
la administración educativa, sino que se originó en la misma experiencia y se
comunicó a través de mediaciones internas dentro del propio grupo profesional
docente. No obstante, innovaciones tales como la introducción de la escuela
graduada, la ampliación del curriculum, o cierta sustitución progresiva de los
métodos memorísticos por otros de carácter intuitivo, así como la recepción,
con sus peculiaridades, del movimiento de la Escuela Nueva, contribuirían a
favorecer los procesos de renovación pedagógica61.
La conciencia del atraso español y la actitud regeneracionista
constituyeron dos factores detonantes que llevaron a una minoría inquieta de
maestros a pretender conocer las experiencias de los países europeos con el
propósito de impulsar reformas educativas en España. Los viajes pedagógicos
de maestros españoles, efectuados por iniciativa propia, casi inexistentes a
finales del siglo XIX62, se verían potenciados a partir de los inicios del siglo XX
bajo los auspicios de ayuntamientos, diputaciones, y, en especial, por la Junta
para Ampliación de Estudios e Investigaciones Científicas (JAE). Del conjunto
de 280 personas pensionadas por la JAE, entre 1907 y 1936, relacionados con el
mundo de la educación, el grupo más numeroso estuvo formado por 85
431
maestros de primera enseñanza y 14 directores de Grupos escolares63. De tales
maestros pueden mencionarse, entre otros, a Ezequiel Solana, Félix Martí
Alpera, Ángel Llorca o Rosa Sensat, personalidades del magisterio que
ejercieron una función esencial de mediación entre las propuestas de teóricos y
reformadores, su enunciación legislativa y su concreción en la práctica escolar.
La difusión de las observaciones efectuadas en sus viajes a través de revistas
pedagógicas y libros, así como la gestión realizada al frente de los grupos
escolares que dirigían, contribuyó a dar a conocer, de una forma crítica, la
realidad educativa de países como Alemania, Bélgica, Dinamarca, Francia,
Holanda, Italia, Noruega o Suiza, y las condiciones materiales en las que se
llevaba a cabo la enseñanza, sus edificios, mobiliario y material de enseñanza64.
433
dudas66. Siguiendo los dictados de la Instrucción técnico-higiénica de 28 de abril de
1905, y del Museo Pedagógico, los maestros más informados eran conscientes
de las condiciones higiénicas y pedagógicas que el mobiliario escolar debía
reunir y de sus repercusiones en la salud de los escolares y en las prácticas
cotidianas de la escuela. La mesa-banco individual diseñada por el Museo
Pedagógico era, para la mayor parte de los maestros que se pronunciaban al
respecto, el modelo más adecuado. No obstante, reconocían que por la
exigüidad de las aulas y la escasez de recursos económicos, debía recurrirse a la
mesa-banco bipersonal. Pero la teoría contrastaba con la realidad. El mobiliario
existente en las escuelas españolas a comienzos del siglo XX, según
denunciaban los propios docentes, distaba mucho de ser el prescrito por las
normas o el concebido por el Museo Pedagógico, y consistía en los antiguos
cuerpos de carpintería, sin respaldo, de cuatro, cinco o seis plazas. Así, por
ejemplo, resulta muy gráfica la descripción que la maestra Elisa Domench
Mengual hacía en 1909 del mobiliario de las escuelas de la población de Alfara
del Patriarca al decir: “Desgraciadamente las mesas de escritura que en la
actualidad existen en esta localidad consisten en una larga tabla ligeramente
inclinada capaz para cuatro niñas, con asientos fijos sin respaldo que ofrecen
graves inconvenientes. Las mesas y bancos son de las mismas dimensiones
435
higiénico educativo”69. Las mesas con asientos independientes no sólo fueron
llegando a las escuelas de párvulos, sino que comenzaron a introducirse en
determinadas escuelas públicas de primera enseñanza de ciudades importantes.
Como afirmaba el Diccionario de Pedagogía, publicado por la editorial Labor en
1936, en los últimos diez años éste era el mobiliario con el que se estaban
equipando los nuevos grandes grupos escolares70.
Respecto al material de enseñanza, más allá del importante desarrollo
experimentado por los manuales escolares a lo largo del período considerado,
que merece una consideración aparte71, en la cultura empírico-práctica de la
escuela prevaleció la tradición inventada por los propios maestros, quizá
motivada no tanto por las corrientes renovadoras que irían teniendo una
repercusión progresiva en los años veinte y, en especial, durante la Segunda
República, que promovían el valor de la intuición y la actividad en la actividad
educativa, cuanto por la necesidad misma de dar un respuesta práctica
inmediata y económica a los problemas derivados de la enseñanza, desde la
cultura de oficio. Más que un artesano el maestro fue, utilizando el concepto
sugerido por Lévi-Strauss, un bricoleur, es decir, tuvo que desarrollar la capacidad
de crear y adaptar a sus necesidades los materiales ideados o utilizados para
otros fines72. Otras expresiones reflejaban y acentuaban, igualmente, esta
436
condición requerida por la razón práctica del desempeño del oficio de maestro,
como la del “maestro ingenioso” sugerida por Onieva73.
El material de enseñanza y los aparatos adquiridos a través de concursos
públicos por el Ministerio beneficiarían a algunos grupos escolares públicos de
las zonas urbanas, pero frente a los productos fabricados, a los recursos
producidos por la industria y adquiridos a través de catálogo a las grandes casas
comerciales, la escuela siguió creando sus propias respuestas ante las
necesidades inveteradas, resueltas con frecuencia más desde la tradición
heredada del saber práctico característico del ejercicio de su oficio que derivada
de los influjos renovadores. El material construido por los propios maestros,
con el concurso o no del alumnado, por motivaciones diversas −las llamadas
“tecnologías vernáculas”74−, formarían parte del utillaje habitual de las escuelas
públicas del primer tercio del siglo XX.
La renovación pedagógica de la cultura material de la escuela entre 1882
y 1936 se vería favorecida en el período comprendido entre 1925 y 1936, en una
etapa en la que el movimiento de la escuela nueva experimentaría una influencia
reseñable en nuestro país. Es más, como muestra María Mar del Pozo, los
ensayos efectuados de los que tenemos noticias, que superan el centenar, se
desarrollaron preponderantemente en escuelas de poblaciones pequeñas, de
zonas rurales, extendidas en una gran parte de las provincias españolas75. Así
438
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA: UM
TRAJECTO DE ENSINO E DE MUSEOLOGIA
EDUCATIVA
1. Introdução
439
Este sistema educativo tinha uma forte componente prática, comprovada pela
criação de inúmeros gabinetes e laboratórios para actividades experimentais.
Anualmente eram adquiridos novos equipamentos e instrumentos científicos,
com a finalidade de equipar estes estabelecimentos auxiliares de ensino.
As colecções didácticas, actualmente em exposição no Museu do
Instituto Superior de Engenharia do Porto, foram adquiridas a fabricantes
europeus de referência internacional, a sua maioria ingleses, franceses e alemães,
produtores especializados em material didáctico. A presença destes objectos no
actual acervo permite-nos concluir que existia uma rede de circulação de
conhecimentos científicos transversal a vários países da Europa da qual
Portugal acabou por fazer parte. Através desta coleção permanente o público
pode obter uma perceção do desenvolvimento das ciências relacionadas com as
indústrias, do espírito da educação industrial e da identidade da Escola de
Engenharia assim como o seu impacto no Norte de Portugal, mantendo até
hoje uma das suas funções principais – a educação.
441
para justificar a atracção deste tipo de ensino, podendo posteriormente o
Estado alargar e justificar um maior investimento.
No Porto, a população escolar respondeu a este desafio educativo e
cerca de 130 alunos efectuaram 224 matrículas em várias cadeiras. Dificuldades
de organização, de professores habilitados e de instalações permitiram apenas a
realização de um curso livre (propedêutico e que serviu de habilitação de base
no ano seguinte) que funcionou entre Maio e Julho de 1854 em salas cedidas
pela Associação Industrial Portuense.
Os números disponíveis para analisarmos a frequência da Escola
Industrial do Porto (que mantém esta designação até 1864, passando a Instituto
Industrial do Porto até 1887, desigando-se por I.I. e Comercial do Porto entre
1887 e 1919, voltando a I.I.P. entre 1919 e 1924, a I.I.C.P. entre 1924 e 1933 e a
I.I.P. entre essa data e 1974) evidenciam que não se tratou de um entusiasmo
inicial pois é constatável uma adesão muito significativa até 1910.
442
Realce para os mais de 18 000 alunos que passaram pela Escola, Instituto
desde 1864, do Porto até à 1ª República.
A vida da Escola Industrial do Porto ficou desde o início ligada à figura
de José de Parada e Silva Leitão (primeiro diretor interino da escola), bacharel
formado em Matemática e lente de Física e Mecânica industrial da Academia
Politécnica. Este arranque ficou ainda marcado por alguns aspectos que
marcarão a sua vida até à implantação da República:
- alguma interferência ou interligação excessiva entre a Academia
Politécnica e a Escola/Instituto;
- a ausência de instalações adequadas que vão provocar frequentes
conflitos entre os diferentes ocupantes do “Paço dos Estudos no
Porto”(futuras instalações da Academia Politécnica e, actualmente,
da Faculdade de Ciências);
- a impossibilidade de cumprir integralmente as suas funções
educativas, nomeadamente as que exigiam espaços mais técnicos
(laboratórios, oficinas…) provocando uma predominância do ensino
teórico que, em dada altura, se confunde com o ensino académico e
daí a fusão que chega a ser solicitada para a criação de um Instituto
Politécnico (finais de 1881 e inícios de 1882).
447
3. 1ª República: instabilidade política com repercussões educativas
448
ensino técnico, insuficiência que ontem era um mal e hoje é um perigo dada a
luta de competência que é preciso suportar na concorrência aos mercados de
todo o mundo”) e defendem algumas alterações que consideravam
imprescindíveis a um desenvolvimento adequado do País e como resposta às
expectativas educativas de muitos alunos.
Defendia-se, na sequência do que vinha sendo afirmado ao longo do
século XIX, uma maior interação entre as escolas do ensino técnico elementar e
o meio local, uma maior confiança dos empresários na formação veiculada
pelas escolas, empregando os seus alunos, a necessidade de se passar os serviços
do ensino técnico para a alçada do Ministério da Instrução Pública (estavam
adstritos ao Ministério do Fomento), um maior investimento em instalações e
equipamento (nomeadamente nas Oficinas), a necessidade de se desenvolver o
ensino nocturno (embora adequando o seu curriculo) e, sobretudo,
intervenções legislativas que procurassem adequar o ensino técnico às suas
funções sociais e económicas.
Os fins da educação técnica, obrigarão necessariamente a reformular o
topo tornando-se necessário equacionar o papel que os Institutos deveriam
desempenhar, numa perspectiva simultaneamente articulada com o ensino
secundário e com o ensino superior. A 23 de Maio de 1911 uma medida
ajudará a clarificar o novo papel que a República pretendia atribuir aos
Institutos. O Instituto Industrial e Comercial de Lisboa dava origem ao I.
Superior Técnico e ao I. Superior de Comércio, mas mais do que o simples
desmembramento, importa referir não só a sua “vertente” superior, como as
justificações que são aduzidas para este acto legislativo. Tinha-se ultrapassado a
fase de algum sincretismo profissional e as escolas técnicas secundárias,
implementadas a partir de 1884, começavam a fornecer alunos com alguma
ambição educativa. Criar um ensino técnico médio constituía uma necessidade,
449
não só sob o ponto de vista de aspiração social, como sobretudo económica. É
neste âmbito que devem ser entendidas um conjunto de outras medidas –
aprovação das bases do Instituto Superior de Comércio de Lisboa (1913),
criação da Escola de Construções, Indústria e Comércio (1914), criação da
Faculdade Técnica do Porto (1915), por exemplo – que de alguma forma
preparam e ajudam a entender as reformas de 1918 e 1919, estas já com
incidência nas novas funções destinadas ao Instituto Industrial do Porto.
A regulamentação do Instituto Industrial do Porto (decreto 6 099 de 15
de setembro de 1919), explicita e adapta um conjunto de aspectos. O ensino
devia ser “teórico”, constituído sobretudo por prelecções dos professores,
“prático”, em gabinetes, laboratórios ou através de visitas, missões de estudo
(Fig.3), trabalhos de campo, ou outras actividades entendidas como
convenientes, e “profissional” contando para isso com as oficinas anexas ao
Instituto (de carpintaria geral e moldes, de serralharia mecânica e de fundição e
forja).
450
Fig. 3 – Fotografia da viagem de estudo ao Lindoso dos alunos do Instituto, Junho de
1929, tirada no Jardim dos Poetas, em Ponte da Barca. (fotografia pertencente ao
acervo do Museu do ISEP, nº inv.6242)
451
Um dos aspectos a que os vários regulamentos deram sempre uma
grande importância foi o espaço que neles aparece consagrado aos
“estabelecimentos anexos”. Por um lado, é a corporização de uma pedagogia e
de uma didáctica muito próprias. Por outro, significa o espaço privilegiado que
eles ocuparam no âmbito do Instituto, com os inerentes investimentos em
novos recursos, objectos ou materiais. Por outro ainda, e neste regulamento
com particular enfase, porque “os laboratórios e oficinas do Instituto, além da
sua missão pedagógica, poderão executar também análises, ensaios e trabalhos
que forem solicitados por entidades oficiais ou particulares”. Se associarmos a
estes laboratórios, gabinetes e oficinas, a biblioteca e a incorporação no
Instituto dos objectos do extinto Museu Industrial e Comercial do Porto,
entendemos o riquíssimo património que ficou ao serviço dos estudantes, do
tecido empresarial e da população em geral.
As dificuldades de instalações, a exiguidade dos recursos financeiros, a
ausência de moderação nas negociações que se seguiram à reforma, a
intromissão dos governos na nomeação de alguns directores sem receptividade
junto do corpo docente e, até, algumas tomadas de posição políticas, no
contexto da instabilidade da primeira república, tornaram particularmente difícil
a vida do(s) Instituto(s) durante este período.
É notório, através da leitura de diversa documentação existente no
arquivo histórico do ISEP, que as aquisições de material didáctico diminuíram
consideravelmente durante este período, apesar de serem inúmeros os
estabelecimentos anexos, deixando ainda aberta a possibilidade de serem
criados outros por proposta do Conselho Escolar e autorização do Governo, a
direcção da escola há muito que se debatia com a falta de espaço para a
instalação de alguns destes estabelecimentos, tão importantes para a progressão
do ensino.
452
Apesar destes factores, podemos destacar algumas adquisições de
material de ensino prático já no final deste período.
Um dos exemplos é a compra de material na área de mineralogia (fig.4),
em virtude do docente, Artur Mendes da Costa, considerar que as matérias
deveriam ser leccionadas na presença de modelos de minas e de espécimes que
reproduzissem os principais depósitos existentes.
453
com um curriculo mais exigente e conteúdos mais consistentes ao nível das
escolas, permitiu ultrapassar definitivamente o “sincretismo de formação
técnica” que se vinha vivendo – mas, por outro, aumentou a sua
responsabilidade – porque teoricamente receberia alunos melhor formados e
preparados para encetarem alguma especialização intermédia. Acresce a esta
nova “funcionalidade” a preocupação de distanciamento por parte do ensino
superior, nomeadamente da Faculdade Técnica, de Engenharia a partir de
Dezembro de 1926, que parecia querer diminuir o papel dos Institutos e
descredibilizar os seus diplomados, intenção esta que beneficiou, em certos
momentos, da complacência e até da concordância dos poderes públicos e até
dos poderes profissionais instituídos (por exemplo a Ordem dos Engenheiros).
Este problema de fronteiras educativas, e de formação, associou-se a
uma ausência de rumo nas linhas do desenvolvimento do país, à falta de um
espaço profissional digno para os diplomados dos Institutos (de Comércio, de
Agricultura ou Industriais) e, sobretudo, a uma constante indefinição das
instalações a ocupar pelo I.I.P., que era o culminar da falta de vontade política
para investir seriamente na Educação.
A partir de 29 de Julho de 1926, a vida desses diplomados passou a ter
de conviver com o título de “Agentes Técnicos de Engenharia”, mas sobretudo
com uma clara desvalorização social dessa certificação. Coexiste com
acontecimentos que ajudam a acentuá-la, vindas tanto das tomadas de posição
políticas, como profissionais (Congresso Nacional de Engenharia em Junho de
1931). Convive também com opções de natureza económica que não facilitam a
abertura de um mercado de trabalho mais qualificado ou mais abundante – seja
devido ao condicionamento industrial (1931), seja ao novo Estatuto do
Trabalho Nacional (1933) ou, ainda, à indefinição dos espaços e papéis
454
reservados aos Institutos (extinção do Instituto Superior de Comércio do Porto
em Outubro de 1933).
Com o objectivo de responder a este quadro, não será possível evitar, no
contexto das alterações que se vão concebendo para o ensino técnico
secundário, uma nova organização do ensino técnico médio comercial e
industrial, em concordância com algumas mudanças e sugestões que vão
surgindo em diversos sectores: estas no âmbito do Conselho de Economia
Nacional criado em 1931, e aquelas ao nível das Estradas (criação da Junta
Autónoma em 1927), dos Portos (em 1929) ou das Minas (em 1930).
Curiosamente são sectores e áreas contempladas nos cursos que se professavam
nos Institutos.
Reproduzindo toda esta indefinição surge a Reforma de 1931 que se
assume como pretendendo “esclarecer a finalidade dos institutos médios
industriais e comerciais, por forma que a ninguém ofereça dúvidas a sua
indiscutível utilidade”. Procura-se rentabilizar a complementaridade com as
escolas técnicas, acabando nos institutos com cursos que possam aí ser
professados “com economia para o tesouro”, como é o caso dos “cursos
elementares de construções civis, de auxiliares de obras públicas e de
montadores industriais”. Regressa-se ao ultrapassado título de “condutor de
…” (máquinas e electrotecnia, de obras públicas e minas e de quimicotecnia),
com justificações discutíveis e inadequadas.
No ensino médio industrial restringiu os cursos a “máquinas e
electrotecnia; construções, obras públicas e minas; quimicotecnia e química
laboratorial”, criando expectativas que nunca poderão ser satisfeitas – “Os
laboratórios e oficinas de cada instituto industrial, além da sua missão
pedagógica, executarão as análises, ensaios e trabalhos que forem necessários
para os diferentes serviços, por ordem do director do instituto, e poderão ainda
455
executar os que forem solicitados por entidades oficiais ou particulares” – por
inexistência de condições apropriadas.
456
dos directores, alunos dos últimos anos, do que às manifestações líricas do
poder político que, no final do relatório da reforma, esperava que a diminuição
do significado dos titulares dos diplomas não afectasse o “sentido patriótico da
educação” – “(…) será próspero, será feliz e será dominante o povo que
consiga dos seus dirigentes espirituais uma adaptação mental justa e criteriosa às
suas mais instantes e vitais necessidades.”.
O impacto do ensino na sociedade poderá também ser observado nas
notícias acerca das exposições de trabalhos escolares que se realizavam todos os
anos. Em 1930 o Instituto é descrito como uma instituição possuidora de “com
um escrúpulo e inteligente orientação pedagógica”, constituindo estas iniciativas
uma valiosa afirmação da vida e das actividades da escola, onde saíram várias
gerações de profissionais que em muito contribuíram naquela altura para o
desenvolvimento económico do país e em especial do norte6.
Os acontecimentos económicos estavam a ultrapassar a cinzentez
política e os quadros médios competentes começavam a ter um espaço de
inserção imediata no mercado de trabalho, não saindo marginalizados de uma
concorrência com os engenheiros. Apesar do “ruralismo salazarento”, os
engenheiros começavam a chegar a postos de decisão política e, uma vez aí,
incutiam uma dinâmica que sugava todos os competentes para o espaço da
transformação económica, e, nesse contexto, os quadros médios dos institutos
davam provas de que mereciam crédito.
Era, no entanto, urgente que se repensasse a função do ensino técnico,
secundário, médio e superior, e daí o aparecimento, nos inícios da década de 40,
de comissões de reforma destinadas a estudar o problema e a proporem as
alterações. O fim da 2ª Guerra Mundial e os benefícios económicos e
459
Fig. 5 - Interior da oficina de carpintaria, nas instalações do Instituto na Rua de São
Tomé, mostrando alunos a trabalhar (1971?) (fotografia pertencente ao acervo do
Museu do ISEP, nº inv. 6082)
Esta reforma, assinada por Pires de Lima, fechava o arco das grandes
mudanças educativas de meados do século passado e respondia à crescente
necessidade de técnicos, sobretudo para os sectores que o Estado apostava
agora em desenvolver, permitindo aos alunos dos Institutos uma inserção
laboral fácil e extremamente requisitada pelas empresas mais diversificadas
(barragens, caminhos de ferro, hidroeléctricas, siderurgia…).
Os anos de 1960 foram responsáveis por um incremento notável das
necessidades destes profissionais, não só nos sectores que beneficiaram de um
incremento e de uma planificação fomentadora a partir de finais da década de
50, mas também de um mercado de emprego colonial, ou melhor, ultramarino,
que, repentinamente, passou a merecer um outro olhar dos poderes políticos. É
nesta fase de desenvolvimento, metropolitano e colonial, que o “(…) número
de engenheiros cresce regularmente e se diversifica a sua actividade profissional:
460
em 1972 estimava-se a existência de cerca de 11 200 diplomados pelo ensino
universitário (engenheiros) e de 4 300 diplomados pelo ensino médio (agentes
técnicos); nas Colónias estavam recenseados cerca de 726 engenheiros e 639
agentes técnicos de engenharia; a especialidade dominante é a engenharia civil
no caso dos engenheiros, mas, no caso dos agentes técnicos, é a electrotecnia e
máquinas, o que desde logo é revelador de uma maior orientação para
actividade nas empresas industriais privadas (…).”7
É neste contexto que, finalmente, o Instituto Industrial do Porto no ano
de 1968 passa a funcionar em novas instalações (figs. 6 e 7), na rua de S. Tomé,
onde se encontra até hoje. Este novo espaço tinha capacidade para cerca de
2000 alunos, sendo ministrados os cursos de Construções Civis e Minas,
Electrotecnia e Máquinas e Química Laboral e Industrial.
7 BRITO, José Maria Brandão de; HEITOR, Manuel; ROLLO, Maria Fernanda
(coord.): Engenho e Obra – Uma abordagem à história da Engenharia em Portugal no século
XX, Lisboa, Dom Quixote, 2002.
461
Figs. 6 e 7 – Anfiteatro com 620 lugares e laboratório de Química Analítica das
instalações do Instituto Industrial, na Rua de S. Tomé, inauguradas em Junho de 18688.
8 Imagens retiradas do folheto do Ministério das Obras Publicas, Junta das Construções
param o ensino técnico e secundário, Novas instalações do Instituto Industrial do
Porto e da Escola Industrial e Comercial de Espinho, Inauguradas em 19-06-1968.
462
nomeadamente as que se desenvolvem no âmbito da família e das demais
sociedades primárias e outros grupos sociais ou profissionais.
463
Universidade, era ministrado um ensino intencionalmente destinado a
manter os seus diplomados durante a vida profissional numa situação de
desvantagem ou subalternidade relativamente aos diplomados pelas
escolas superiores. (…) Assim com o propósito de pôr fim a esta
situação, julgou-se conveniente a reconversão dos institutos industriais
em escolas superiores, que passam a ser designadas por institutos
superiores de engenharia (…).” (Decreto Lei nº 830/74 de 31 de Dezº)
464
As modificações ao nível do ensino, faziam antever estas mudanças, e
por certo também, a percepção da possibilidade de algumas reticências:
- a grande frequência dos Institutos, nomeadamente industriais, que
levou as suas direcções a criarem o ensino nocturno;
- a maior especialização no ensino secundário com uma reforma em
1973 que multiplica as áreas técnicas e profissionais, respondendo a
uma maior procura e à necessidade de uma outra preparação para
poderem aceder aos Institutos;
- a lei 5/73 que previa a possibilidade de os Institutos Politécnicos
conferirem o grau de bacharel;
- a criação de novas universidades e de Institutos Politécnicos em Lisboa,
Porto, Coimbra; Santarém e Vila Real com claros objectivos de
promoverem o “desenvolvimento económico e social do País”.
465
mas com raízes muito solidas proporcionadas pelo trajecto percorrido desde
1852.
O museu do ISEP e o seu acervo, com origem nas colecções didácticas
dos laboratórios e gabinetes e utilizadas no passado pelos numerosos alunos e
professores da casa em demonstrações e experiências nas mais diversas áreas,
são a prova de um elevado conhecimento científico e uma circulação de
novas ideias e técnicas. Ao longo dos tempos o ISEP manteve a sua principal
missão, a formação de engenheiros, no espírito dos modernos paradigmas do
ensino politécnico, norteados por um saber-fazer de alta exigência científica,
técnica e experimental.
6. Fontes e Bibliografia
Fontes:
- Colecção Official da Legistação Portuguesa - Decreto de 20 de Dezembro de
1884.
- Diário do Governo de 15 de Setembro de 1919 - Capitulo I, Secção VII,
Artº 45º, nº2.
- Instituto Industrial e Comercial - Notícias e Impressos, Outubro de 1930.
Referências Bibliográficas
466
BASTO, Artur Magalhães: Memória Histórica da Academia Politécnica do Porto,
Porto, Universidade do Porto, 1987 (reimpressão).
BRITO, José Maria Brandão de; HEITOR, Manuel; ROLLO, Maria Fernanda
(coord.): Engenho e Obra – Uma abordagem à história da Engenharia em
Portugal no século XX, Lisboa, Dom Quixote, 2002.
GOMES, Joaquim Ferreira: Estudos Para a História da Educação em Portugal,
Coimbra, Almedina, 1980.
GRÁCIO, Sérgio: Ensinos Técnicos e Política em Portugal 1910/1990, Lisboa,
Instituto Piaget, 1998.
HORTA, José Maria da Ponte: Estado e Crítica do Nosso Ensino Official, Lisboa,
(s.n.), 1881.
SOUSA, Fernando de e ALVES, Jorge Fernandes: A Associação Industrial
Portuense. Para a História do Associativismo Empresarial, Porto, A.I.P., 1996.
STER, Stephen R. – “A reforma de Veiga Simão no ensino: projecto de desenvolvimento
social ou “disfarce humanistas” in Análise Social, Vol. XIX (77-78-79). Lisboa:
ICS, 1983.
467
468
EL PATRIMONIO ESCOLAR EN LAS
REPRESENTACIONES DEL PASADO
PREHISPÁNICO EN ALGUNOS LIBROS DE TEXTO.
Introducción:
469
Sobre los expedientes personales que se están empezando a analizar se
encuentran algunas historias de vida de maestras y maestros que vivieron
durante el siglo XIX y principios del XX. Al respecto se pueden consultar
algunos artículos y ponencias presentadas en Congresos Internacionales.1
En cuanto a los documentos relacionados con la vida escolar, existe una
amplia bibliografía que forma parte de la historiografía de la educación en
México hoy día.2
En lo que se refiere a los libros escolares y de texto, en el Centro de
Investigaciones y Estudios Superiores en Antropología Social se ha desarrollado
un Seminario relacionado con esta temática. De aquí que se tengan ya dos libros
publicados al respecto: el de Lecturas y lectores en la historia de México, y el de Las
disciplinas escolares y sus libros.3, además de artículos y ponencias presentadas por
Autónoma del Estado de México, 2004, 372 pp; L.E. Galván y L. Martínez Coord(s),
Las disciplinas escolares y sus libros, México, Centro de Investigaciones y Estudios
Superiores en Antropología Social, Universidad Autónoma del Estado de México y
Juan Pablos Editor, 2010, 421pp.
4 Secretaría de Educación Pública, Primer Congreso Nacional de Instrucción Pública,
en Galván L.E. “Memorias en papel. La historia como disciplina en el currículo de la
escuela primaria1867-1940”, en Galván y Martínez (coords), Las disciplinas escolares y
sus libros. México, Juan Pablos Ed., UAEM, CIESAS, 2010, pp.109 a 136-
471
El objetivo de este artículo es comparar entre algunos libros de texto de
historia que fueron editados en las primeras décadas del siglo XX, hasta llegar al
de 1994 que fue el que estuvo en circulación hasta el 2009. Asimismo se darán
recomendaciones para mejorar su enseñanza en los libros de cuarto grado que
aún no han sido editados, ya que actualmente se cuenta con los de 1º y 6º
grados, en donde no aparece este tema.
La principal fuente utilizada en esta investigación han sido los libros de
texto, los cuales “constituyen hoy una fuente de primera línea en la
configuración de la nueva historiografía de la educación”, afirmación de
Agustín Escolano, con la cual estamos totalmente de acuerdo. (2001).5
Análisis de diversos libros de texto de Historia de México; 1897-2009.
El primer libro que se analizará es el del profesor egresado de la Escuela
Normal de Xalapa, y abogado Rafael Aguirre Cinta, Lecciones de Historia General
de México, el cual se editó por primera vez en 1897, sin embargo el que se analiza
es el que corresponde a la edición de 1912. Varios de los libros de texto de
autores mexicanos fueron editados por la Casa Bouret, la cual siempre los
apoyó para que estos materiales entraran a la escuela primaria, y los alumnos no
sólo aprendieran en libros extranjeros. Otra característica de los libros editados
a finales del siglo XIX y principios del XX, es que la mayoría fueron escritos
por profesores que habían estudiado en diversas Escuelas Normales.
Algo interesante en estos primeros libros es que se van a centrar en las
civilizaciones que surgieron en el altiplano central, debido al poco conocimiento
que se tenía de olmecas, zapotecos y mayas-quichés, entre otros. El autor
menciona a todos estos grupos, sin embargo dice que “como de ellos nada nos
475
enterarse el padre se enfureció y el rey Tecpalcantzin le prometió que su hija
sería reina y el niño su sucesor al trono lo cual cumplió, pero tuvo problemas
con sus familiares por ser el hijo de una concubina. Este niño, Topiltzin fue un
mal monarca y acabó por huir, con lo que el imperio Tolteca quedó destruido.
Otra leyenda, que sólo he encontrado en este libro, es la que relata
cuando Netzahualcoyotl presencia, desde un árbol la muerte de su padre
Ixtlixochitl quien, “después de luchar valientemente” contra su enemigo
Tezozomoc, cayó “acribillado” (p.28), ¿por balas? Es interesante comentar que
este relato lo había memorizado mi padre durante su infancia y cuando nos
tomaba la lección de historia, siempre nos lo relataba, incluso decía que se
trataba de un “árbol de capulín”.
Una “leyenda histórica” a decir del autor es la que relata la fundación de
México-Tenochtitlan Explica que dos mexicanos se encontraron con que “en
medio de un charco de agua verde” un águila parada sobre un nopal devoraba
una serpiente” y, de pronto uno de ellos se hundió y el otro corrió para
comentar lo sucedido. De pronto apareció el que se había hundido afirmando
que en el fondo del agua escuchó una voz que le dijo: “Este es el lugar en
donde los mexicanos han de poblar y hacer la cabeza de su señorío”. Nos
encontramos aquí con un relato fabuloso en donde el águila se convierte en
parte del mito fundacional de la nación mexicana, lo cual es parte muy
importante de nuestro patrimonio educativo.
En este libro se encuentran algunas imágenes que se obtuvieron de
diversos jeroglíficos, como la de Acamapichtli. Su significado, de acuerdo con
Sahagún, es “Puñado de Carrizos”.
En este libro también nos encontramos con una representación de
Moctezuma II, hijo de Axayacatl, quien sucedió en el trono a su tío el
emperador Ahuizotl cuando murió en 1502. Tenía 34 años y se le eligió por
476
considerarlo como un hombre “bueno y humilde”. Sin embargo al ser
nombrado emperador modificó su conducta, comportándose como un
monarca “orgulloso y cruel”. Era muy supersticioso, por lo que creía en la
profecía de Quetzalcoatl. El autor termina por decir que en su juventud fue un
“valiente capitán” que posteriormente dio pruebas de “cobardía, no sabiendo
defender contra los blancos ni su trono, ni su pueblo, ni sus dioses”. Al
describirlo se lee: “Era de buena estatura y bien proporcionado. Usaba los
cabellos no muy largos. Sus barbas eran pocas y ralas. Su rostro era algo largo.
Era muy pulido y limpio, pues bañábase diariamente por las tardes”.8
El libro del historiador Luis Chávez Orozco de 1935, nos muestra en su
portada a un hombre maya. Este libro se inscribe en la educación socialista y
por lo tanto en la reivindicación del mundo prehispánico.
Este autor comenta que los principales dioses toltecas eran Quetzalcoatl
y Tezcatlipoca. El primero, era el planeta Venus, y el segundo, era la Luna.
Según la mitología tolteca ambos lucharon y al ganar Tezcatlipoca, Quetzalcoatl
huyó al sureste, desapareciendo en el mar. Por ello, los toltecas decían que iba a
regresar. Tanto a Quetzalcoatl en el centro de la República Mexicana, como a
Kukulcan entre los mayas, se le representa por una serpiente emplumada.
Este autor introduce algo diferente, que es el que no sólo se queda en el
pasado sino que transita hacia el presente. Lo logra utilizando algún pretexto, en
este caso se refiere al uso de la rueda, la cual no utilizaban los toltecas, pero sí
utilizan nuestros alfareros en Cuernavaca, Morelos. De este modo no sólo
presenta al indio muerto, sino también al indio vivo, lo cual dará como
resultado la creación del Instituto Nacional Indigenista en la década de 1940.
479
muestran en el códice.9 Estos tributos eran muy variados ya que solicitaban
desde armaduras, escudos, penachos, collares de oro, plumas del pájaro Quetzal
y cacao, principalmente. Es interesante mencionar que estos dos productos se
utilizaban como moneda para intercambiar productos en el mercado.
Un cambio importante lo marca el año de 1960 con la creación de la
Comisión Nacional de Libros de Texto Gratuito, conocida por sus siglas
(CONALITEG). A partir de ese momento ya no hay un solo autor, sino que
ahora se trata de un “grupo de especialistas”, según la afirmación de la
Secretaría de Educación Pública. A partir de ese momento, nos encontramos
con cambios en la formación del nacionalismo y de la conciencia histórica. De
este modo, aparecen los héroes en las portadas, las cuales van cambiando. Así,
en el libro de historia de cuarto año de primaria editado en 1994 y que estuvo
vigente hasta el 2009, se observa una representación de Miguel Hidalgo y
Costilla, iniciador del movimiento de Independencia en México en 1810. Esta
representación a la cual el pintor de historia le imprimió mucha fuerza, fue
realizada por José Clemente Orozco, uno de los muralistas mexicanos
El hecho de que el libro editado en 1994 haya permanecido en
circulación en todas las escuelas mexicanas durante 16 años, fue lo que hizo que
lo escogiera como representante de esta nueva generación de textos escolares.
En este libro hay que resaltar la utilización de mapas para mostrar las
principales culturas de Mesoamérica. Esto es algo novedoso ya que marca un
cambio en la forma de mirar y representar nuestro patrimonio cultural.
Algo importante en este libro, es la aparición de una de las primeras
civilizaciones que se encuentran en nuestro país, la de los Olmecas, la cual había
sido olvidada en otros libros de texto. Al respecto de este grupo se afirma que
481
que, “la población vivía en los alrededores”.10 Estos pequeños detalles son
importantes ya que de esa forma se aclara cómo en estas ciudades prehispánicas
los centros ceremoniales eran sólo para la alabanza de sus dioses, y los diversos
grupos sociales vivían alrededor del mismo.
En este libro también se utilizan códices, como se utilizaban en el de
Alfonso Toro que ya se mencionó. Así, en el Códice Mendocino se muestra la
fundación de la ciudad de Tenochtitlan, Se explica la leyenda de su fundación, al
relatar como los mexicas fueron arrojados a un lago en donde había serpientes
que ellos se comieron, y que fue en ese islote en donde encontraron a la
serpiente sobre un nopal devorando una serpiente; por lo que ahí construyeron
su ciudad.
Comentan que entre el legado que nos dejó la cultura prehispánica está la
medición del tiempo. Para explicarla, utilizan una bella composición fotográfica
de las maravillas de ese mundo mesoamericano en donde se puede admirar el
calendario azteca, el observatorio en Chichen Itza y el atado de años en piedra
que representaba el ciclo de 52 años
Una última reflexión
Como ya mencionaba al inicio de este artículo, parte importante de
nuestro patrimonio escolar han sido tanto nuestro rico pasado prehispánico
como su enseñanza a través de los libros de texto. De hecho, este pasado no
siempre se ha enseñado de la misma forma. En el primer libro analizado
correspondiente a Rafael Aguirre Cinta cuya primera edición fue de 1897, se
nota un gran desconocimiento de la mayor parte de nuestras culturas
precolombinas, por lo que los alumnos de esa época tuvieron un conocimiento
muy pobre de nuestro patrimonio escolar y cultural.
483
References
484
______ “Memorias en papel. La historia como disciplina en el currículo de la
escuela primaria: 1867-1940”, en Galván L.E. y Martínez L. Coord(s),
Las disciplinas escolares y sus libros, México, Centro de Investigaciones y
Estudios Superiores en Antropología Social, Universidad Autónoma del
Estado de México y Juan Pablos Editor, 2010, pp.89 a 109.
______ Soledad compartida. Una historia de maestros, 1908-1910, 2ª. Edición,
México, CIESAS, 2010, 214 pp.
______ “Una lectura de imágenes de héroes de la Independencia en libros de
texto de ayer y hoy”, en Barriga R. Ed. Entre paradojas: A 50 años de los
libros de texto gratuitos, México, El Colegio de México, Comisión Nacional
de Libros de texto Gratuitos, 2011, pp.403-433.
______ “Brilliant minds in sick bodies. Stories of the nineteenth Century
mexican women teachers” in CD, International Standing Conference for the
History of Education 33, San Luis Potosí,, Centro de Investigaciones y
Estudios Superiores en Antropología Social y El Colegio de San Luis,
2011
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Educación Pública, 1994, 125pp.
SHERWELL, G. Primer curso de Historia Patria, México, Editorial Patria, 1944,
109 pp. (1ª ed, 1925, Ed, SELFA).
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TORRES QUINTERO, G. La Patria Mexicana. Elementos de Historia Nacional,
México, Herrero Hermanos, 1935, 98 pp. (1ª ed, 1903, y 4ª ed, 1908)
485
486
LER, ANOTAR, GUARDAR.
A PRESENÇA DE LEITORES NO ACERVO DE
LIVROS ESCOLARES NO MUSEU DA ESCOLA
CATARINENSE (DÉCADAS DE 20 A 60/SÉCULO XX)
Introdução
487
leitores podem estar visíveis tanto nas bibliotecas efetivas, como nos trajetos
feitos e nas marcas deixadas nas bibliotecas anotadas1. Convencionou-se chamar
bibliotecas anotadas os livros portadores de marcas deixadas pelos leitores,
livros que trazem em suas páginas fragmentos da presença leitora como o nome
do dono, carimbos de compra, anotações à margem, dedicatórias e mesmo
objetos pessoais (santinhos, flores secas, bilhetes, etc), vestígios que indicam
caminhos percorridos durante o ato da leitura.
Perseguir tais anotações depositadas nas margens e nas entranhas dos
livros que compõem o acervo do Museu da Escola Catarinense2 e extrair
alguma significação desse material foi tarefa possível a partir de diálogos
teóricos com uma história cultural de cunho etnográfico (DARNTON, 1986),
alimentada pela análise de práticas e objetos culturais de sujeitos que ajudam a
construir uma história do livro e da leitura relativas tanto à materialidade dos
impressos como às marcas de leitura (CHARTIER, 1994).
1. Ver: CUNHA, Maria Teresa Santos. Uma biblioteca anotada. Caminhos do leitor no
acervo de livros escolares no Museu d Escola Catarinense (Décadas de 20 a
60/século 20). Florianópolis: Editora da UDESC: Imprensa Oficial do Estado de
Santa Catarina. 2009.
2 O Museu da Escola Catarinense (UDESC/1992) situa-se à Rua Saldanha Marinho,
196/ Centro (Florianópolis), no prédio originalmente construído para Escola
Normal na década de 1920 e que abrigou, até 2007, a Faculdade de Educação/
FAED/ UDESC.
488
Museu da Escola Catarinense/ Rua Saldanha Marinho, 196/ Centro (Florianópolis)
489
contam um pouco da história da escola e da cultura escolar em Santa Catarina e
no Brasil desde os finais do século XIX até a década de 1980 do século XX,
constituem o acervo do Museu da Escola Catarinense.
Os livros, aqui estudados, foram oriundos de doações feitas por ex-
professores, ex-alunos e pessoas comuns que se sensibilizaram com a criação
do Museu e, ao que tudo indica, eram livros utilizados por estas pessoas no
exercício do magistério e, em menor número integravam suas bibliotecas
privadas. A investigação, inicialmente empreendida, permitiu descortinar um
repertório de obras em circulação, entre as décadas de 1920 a 1960,
principalmente nos ambientes escolares em Santa Catarina e já resultou na
montagem de um catálogo digital e, recentemente, de um álbum expositivo
sobre o acervo.
Mapeados 277 volumes encontrou-se em 90 exemplares a presença
efetiva de leitores, dada a ver através de diferentes marcas em suas páginas. Os
caminhos dos leitores pelos livros foram expressos por assinaturas manuscritas
ou por carimbos dos proprietários e /ou dos locais de compra, anotações em
suas margens (conhecidas como marginálias); dedicatórias e, ainda, pelos objetos
esquecidos dentre suas páginas, tais como flores secas, fotografias, santinhos
religiosos, bilhetes, considerados como objetos-relíquia e que estão sendo
analisados como dotados do poder de lembrar os amores e as amizades; registros de
anotações íntimas e particulares, muitas vezes conservados pela escrita. (RANUM, 1991,
p.215)
490
BHROCA DORDAL, Ramon.Arithmética Escolar. RJ-SP: Livraria Francisco Alves,
1915 . Acervo Museu da Escola Catarinense. 128 A1
491
Estas indagações permitem produzir conhecimentos, contribuir
criticamente com questões singulares ligadas à história da leitura e se configura
como um modo privilegiado de acesso a vestígios de sensibilidades, de
encenação de atos rituais, de reconhecimento de sociabilidades geracionais
ligadas aos livros e às práticas de leitura. Trilhar estes caminhos predispõe à
aventura da pesquisa, da descoberta (...) e faz do historiador um construtor do passado nas
andanças do presente.(ALBUQUERQUE, 2007, p.250- 254).
492
interessados na educação de crianças e jovens e para esta empreitada o objeto
livro figura com excelência.
A partir desse acervo procurar-se-á mostrar uma catalogação dos livros
por período (TABELA I) e empreender interpretações sobre os caminhos que
os leitores faziam com os livros nas mãos, colhendo nestas pistas, maneiras de
ler e formas de como pessoas habitavam o mundo dos livros.
493
O levantamento do acervo identificou 277 exemplares até a finalização
da etapa de coleta de dados, finalizada em 2006 e para efeitos dessa pesquisa,
foram classificados segundo a época de sua edição, onde se verificou que entre
as décadas de 1930 a 1950 há maior número de exemplares disponíveis. Tal
dado nos permite inferir que este período coincide com a consolidação da
leitura e do livro escolares tanto pela ampliação do parque gráfico nacional (que
barateou o preço dos livros) como pelo incentivo à formação de leitores pela
Escola, que incentivava, em suas práticas, a leitura, consolidando-a como um
saber escolar. A periodização corresponde a um momento relativamente estável
de construção, consolidação e transformação do livro escolar em Santa
Catarina, marcado por sua nacionalização, pelo investimento em políticas
governamentais para sua disseminação e pelo fortalecimento feito pela
educação escolarizada nas práticas de leitura para formar o cidadão.
As doações foram feitas na década de 1990 e pode-se pensar que seus
doadores - ex-professores, ex-alunos e suas famílias - quisessem garantir espaço
para conservação e salvaguarda desses materiais, que custou vidas e teve preço e
foram muitas vezes considerados como ordinários, sem valor de troca. Ademais,
sua presença em um Museu conferiria significado, ilusão de perenidade e
permitiria um nexo entre o presente e o pretérito e até um esforço desesperado
para escapar do desaparecimento, da trituração do tempo. Geralmente,
sobreviventes salvos do fogo ou do lixo, os livros doados são, quase todos
pequenos santuários de diferentes passados, fugas do presente (BLOM, 2003, 188). O
número relativamente elevado (32 de exemplares) de livros doados cujas
edições datam da década de 1990, ao que as pesquisas mostram, está associado
à presença de séries didáticas, muitas das quais distribuídas gratuitamente pelo
governo.
494
Dando prosseguimento ao estudo, uma segunda tabela mostra a área de
conhecimento dos livros e o número de exemplares (Tabela II).
Romance 28 10%
Português, Literatura 28 10%
Economia, Política, Sociologia 20 7%
Matemática 13 5%
Enciclopédias (volumes) 14 5%
Ensino/línguas estrangeiras 12 4%
Edições/línguas estrangeiras 12 4%
Latim 12 4%
Anuários, boletins 9 3%
Acervos, Museus 8 3%
Dicionários 6 2%
Geografia 6 2%
Desenho 4 1,5%
Música 4 1,5%
Ciências 4 1,5%
495
Municípios 3 1%
Religiões 2 0,7%
Oratória 2 0,7%
Total de exemplares 277 100
496
TABELA III – Classificação do Acervo que indica a presença de leitores/ as
497
contribui para evocar vestígios e símbolos de objetos e práticas culturais
envolvidas no ato de ler.
O cruzamento destas tabelas permitiu verificar a incidência de assuntos
em alguns períodos, evidenciando a predominância dos livros de educação,
envolvendo livros escolares, cartilhas e séries de leitura graduada muitas das
quais de uso obrigatório na escola primária catarinense. Este dado é relevante
por abranger um período da nacionalização do ensino no sul do Brasil e
sinalizar para o investimento do Estado na formação de um cidadão civilizado e
patriota que tinha na leitura uma prática escolar civilizadora.
Os dados sobre os livros escolares desse acervo, ainda que modestos,
indicam uma escola que se institucionalizava, com espaços, tempos, métodos e
saberes melhores definidos e onde os livros também se especializavam,
constituindo-se como sistematizadores dos saberes para os diferentes campos
de conhecimento. Nos textos dos livros os conteúdos não se ofereciam
somente à memorização: traziam propostas de ampliação das competências
para além de decorar, através de ilustrações, leituras amenas e edificantes e de
novos saberes, como leituras de higiene, civilidades, etc. Com este expediente,
outras formas para sua representação eram instituídas, de simples depositário de
cultura universal passava a ser fonte de lazer (através das ilustrações) e
manancial para aprendizagem de outras experiências. A maior incidência de
livros relacionados ao campo educacional pode ser entendida na clave dos seus
doadores, afinal, tudo indica que estes eram seus livros e leituras de trabalho.
Este trabalho ao destacar marcas de leitura, procurar caminhos feitos
pelos leitores pretende traçar certo itinerário de leitura perceptível nos
interiores dos livros e materialmente presente por indicações de seus usos,
formas de apresentação, marcas de seus leitores ao longo do tempo. È, também
uma maneira indiciária de intuir sobre a presença de livros, leituras e leitores na
498
educação escolarizada (ou não) do período e contornos da leitura circulante,
desejada, recomendada pela escola e fora dela. Procurar estas marcas significa
considerar que o tempo não danificou totalmente a presença do leitor, pelo
contrário, é ele que permite sua fixação imperecível sob a forma de uma
memória. Associados à história da leitura, começam a vislumbrar-se não como um tema
típico de uma disciplina em particular, mas como um espaço de encontro de diversas
abordagens, capaz de superar reduções prévias. (CUCUZZA, 2002, p.14/ tradução
livre da autora).
499
.
500
Assinaturas e anotações nas margens/ Marginálias
Desenho encontrado
no interior de Português moderno - 4 º série GIACOMOZZI, Gilio
São Paulo: FTD, 1954. Acervo do Museu da Escola Catarinense: 107 A1.
503
rememorar recomendações feitas por Richard de Bury (1287-1345), em obra
republicada em 2004, para quem apenas uma pessoa asseada deve exercer o ministério
dos livros (...) convém lavar as mãos quantos vezes saiam do refeitório para que dedos
gordurosos não sujem a capa dos livros. (p.147-148).
BAHLIN, Jorge História da Civilização. Vol. 1. Porto Alegre: Editora Carlos Muller,
1929. Acervo do Museu da Escola Catarinense: 178 A 2 (Com dedicatória à Professora
Antonieta de Barros)
505
A dedicatória de uma obra destaca sempre a demonstração, a ostentação,
a exibição: exibe uma relação intelectual, distintiva, real ou simbólica e
esta exibição está sempre a serviço da obra como argumento de
valorização ou tema de comentário (p.116).
506
Dedicatória datada em 1955, encontrada neste exemplar de O Robison Suiço. São Paulo:
Editora do Brasil, 1955. Acervo do Museu da Escola Catarinense: 40 A1
Ao Nelson, com votos para que aproveites os bons exemplos deste livro
e faças o firme propósito de um bom aproveitamento no próximo
período escolar.
Carlinda/Natal de 1955.
507
Nesta dedicatória a relação é dada pelo tom exortativo, para a leitura
exemplar considerada como índice e orientação de pensamento e permite
pensar em uma leitura autorizada, pela adesão/ concordância a uma convicção.
O desejo sublinhado pelo doador em uma escrita do presente é um ato mágico
e solidário no qual se quer materializar um desejo, uma projeção para o leitor
do futuro. Ou seria uma ordem? Tais práticas, mais uma vez, soam como
seguros indícios da passagem do leitor pelo livro, aqui conservada pela memória
da escrita.
À maneira de um epílogo...
508
Hospedando-se nas estantes (ou em caixas) como inquilinos de vida, os
livros desse acervo, com suas marcas de uso, suas dedicatórias, seus objetos-
relíquia marcam um tempo: as pessoas que se saudaram reconhecem-se como
parceiros de uma aventura de leitura e de instantes que foram eternizados pela
magia e perenidade da escrita. Todas estas inscrições não são somente uma
operação abstrata do intelecto; elas são engajamento do corpo, inscrição num espaço, relação
consigo e com os outros” (CHARTIER, 1994, p.17). São registros de afetos que
permanecem como resíduos que, materializados em tinta, papel, figuras,
desenhos, flores secas, enfrentam a velocidade e a fugacidade do tempo,
eternizam momentos e emergem como lembranças. Estas ilustrações e
inscrições nos livros escolares podem constituir um acervo relevante para
futuras pesquisas sobre a leitura escolar e para história das instituições escolares
e seus acervos de livros, além de permitir ao historiador entender esta produção
silenciosa que é a atividade leitora.
Incorporando esquemas escriturísticos ritualizados (como a inscrição do
nome próprio, uma dedicatória emocionada ou uma correção ortográfica) as
muitas marcas deixadas nos livros continuam preservadas e pode-se considerar,
através delas, uma relação delicada entre leitura e escrita. Trabalhar com este
material, em acervos como os do Museu da Escola Catarinense, cria
possibilidades para pensar, igualmente, em uma perspectiva ampliada de
patrimônio cultural e educativo capaz de sensibilizar variadas instituições para a
gestão e promoção desses materiais na perspectiva apontada por Maria Cristina
MENEZES (2004) para quem:
509
patamar (...) Mas era preciso revisitar velhos objetos da história da
educação e proceder novas leituras. (p.7 e11)
510
Referências Bibliográficas
512
MANUAIS PEDAGÓGICOS DO EDUCADOR
PAULISTA JOÃO TOLEDO NA BIBLIOTECA DA
ESCOLA NORMAL DE CAMPINAS
Introdução
514
Figura 1: João Toledo (final da década de 30).
515
um ano em uma escola modelo, anexa a uma escola normal, local em que lhe
seria possibilitado o contato com práticas dadas a ver.
É possível que João Toledo visse a si mesmo como um herdeiro desse
período, retratado em alguns escritos como um momento áureo da educação,
em especial a paulista, devido às reformas republicanas instauradas a partir da
década de 1890. Sendo herdeiro, ele veio a atuar, posteriormente, como um
continuador de tais propostas, tidas como inovadoras, que vinham romper com
uma prática de ensino tradicional.
Entretanto, a partir da propagação internacional das concepções
educacionais de Dewey, Montessori e Decroly (dentre outros), os modos de
conceber a finalidade do trabalho escolar e de natureza da atividade infantil no
Brasil foram reconfigurados, o que refletiu numa transformação das
representações das práticas escolares vigentes até então e deu início a um amplo
debate sobre a escola nova.
Embora muitas das mudanças apresentadas como novidade pelos
escolanovistas brasileiros na década de 1920, como a centralidade da criança na
aprendizagem e a importância do ato de observar e intuir para a construção do
conhecimento do aluno, fossem discutidas já há um bom tempo por
profissionais ligados ao ensino, essas mesmas preocupações voltavam
formuladas como novas, sobretudo nos seus significados. Em função disso,
aprofundou-se a discussão que teve início com a introdução do ensino intuitivo
no Brasil, no sentido de que a escola não deveria apenas oferecer situações em
que o educando observasse, mas que também agisse, dando-lhe condições de
elaborar o seu próprio conhecimento.
Debates desencadeados por determinadas medidas introduzidas por
Sampaio Dória na reforma paulista de 1920, levaram a um questionamento da
516
institucionalização do método intuitivo, que vinha fundamentando propostas
de ensino no Estado de São Paulo desde as décadas finais da monarquia,
adentrando no período republicano. Uma das medidas foi o princípio da
autonomia didática, que Carvalho (2000) destaca como um dos fatores que
levaram à substituição dos discursos pedagógicos (até então apontados como
portadores de uma escola nova) por discursos escolanovistas, levando a rupturas
nos saberes e nas práticas escolares. Nesse embate educacional, os periódicos e
manuais divulgaram escritos, ora sobre os fundamentos da prática pedagógica,
ora sobre os métodos e processos de ensino, e foi neste cenário que João
Toledo destacou-se como uma figura de prestígio, especialmente no meio
educacional paulista.
520
O método para o ensino sugerido por Toledo era o analítico-sintético,
pois o seu uso auxiliava na aquisição de princípios gerais de física, química e
história natural; nas outras disciplinas, porém, o seu uso nem sempre era
recomendado. Em linguagem e cálculo auxiliaria melhor a prática do método
dedutivo somente, porque partia de uma ideia geral para um conhecimento
particular. No aprendizado de história e geografia, por sua vez, o ensino deveria
ser narrativo e descritivo, visando à intuição e raramente o raciocínio. O autor
destacava a história e a geografia no programa de ensino; segundo ele, nenhuma
outra tinha tanto poder modelador de almas na formação cívica e moral do
povo quanto aquelas.
A segunda parte do livro trazia a didática especial, iniciada a partir dos
pontos utilizados como noções comuns. Partindo da orientação de Decroly para
determinar que os centros de maior interesse à criança, nesse momento, seriam
referentes à alimentação, ao vestuário, à habitação e sua relação com a natureza,
Toledo argumentava que a educação com base apenas nestes centros falharia
em seus intuitos mais elevados, sendo necessário acrescentar a relação do aluno
com a sociedade e com o mundo do trabalho. Com uma exposição de cada
disciplina constante do programa do ensino primário, os respectivos conteúdos
pelos quatro anos de curso, as particularidades de cada uma, suas finalidades e
aspectos educativos, o melhor processo de ensino e a ordem dos estudos, o
autor assinalava como se faria o seu vínculo com as noções comuns e sugeria
planos de lição.
João Toledo organizou Didática dentro dos padrões pedagógicos que
vinham fundamentando as prescrições para uso do ensino intuitivo, sobretudo
no que se referia aos modelos de lição, que ensinavam o mestre a ensinar.
Assim, num momento em que se reforçava a opinião de muitos profissionais
ligados à educação de que São Paulo ia perdendo a liderança nesse campo,
521
especialmente após as reformas paulistas de 1925, considerada um retrocesso, e
a de 1927, que não teve destaque no cenário educacional do país, e tendo em
vista as demais reformas realizadas em outros estados, com a introdução de
ideias e princípios renovadores, o livro foi tomado como defesa do modelo
escolar paulista, fato que foi aplaudido por uns e questionado por outros.
Em relação aos que possivelmente criticaram o novo livro, não foi
localizado nenhum artigo específico em jornal ou revista questionando o autor
por não se posicionar em favor das novas ideias. Dentre os que se
manifestaram a favor, destaca-se Sud Mennucci, um defensor do uso do
método analítico e da escola paulista. Num artigo publicado na revista Educação
da Diretoria Geral da Instrução Pública de São Paulo (julho de 1930), na seção
Através de livros, Mennucci dizia que o remate de O crescimento mental e Escola
brasileira só poderia se dar com o lançamento de Didática. Ao chegar aos
modelos de lição propostos por Toledo, Mennucci justificava que isso era
lógico e ressaltava que eles nada mais eram que sugestões, podendo ser
cortados ou ampliados para atender circunstâncias que somente o professor
poderia discernir. Além disso, o livro de João Toledo vinha inaugurar uma fase
de autonomia para a pedagogia paulista, exausta, segundo Mennucci, de cópias e
traduções estrangeiras.
Na seção Através de livros da revista Educação, as obras de autores
nacionais ou estrangeiros eram resenhadas ou comentadas, como tentativas de
manter os leitores atualizados pela divulgação das principais novidades do
campo educacional e, além do artigo de Mennucci, dois outros textos de elogios
à Didática foram também divulgados pelo periódico. O primeiro, de abril de
1930, era de autoria de Firmino Costa, que destacava a falta de compêndios
pedagógicos para o ensino normal, cuja necessidade justificava-se para que o
ensino não se tornasse mecânico, como o ditado pelo professor e a cópia pelos
522
alunos, ou ainda uma sobrecarregada leitura de trechos de diversos autores,
tornando o esforço excessivo e sem resultados compensadores.
Costa assinalava que João Toledo havia elaborado o livro com método e
clareza admiráveis e ilustrara as dissertações com excelentes planos de lição,
bastante sugestivos para orientar o professor no preparo das aulas. Observava
Costa que as escolas normais fariam bem em adotar o conjunto dos livros
pedagógicos do educador; assim teriam o essencial para o ensino da psicologia e
da metodologia e os normalistas alcançariam cultura suficiente para
prosseguirem por si mesmos em seus estudos.
O segundo texto, apresentado por Romão de Campos, saiu em junho de
1930. Campos apontava Didática como uma das obras que traziam o que havia
de mais relevante nos meios pedagógicos sobre as diversas disciplinas do
currículo escolar. Ao lado de Como se ensina geografia, de Antonio Firmino de
Proença, A escola ativa e os trabalhos manuais, de Coryntho da Fonseca, Educação
moral e educação econômica, de Sampaio Dória, e Cálculo dos principiantes, de José
Ferraz de Campos, o livro de João Toledo vinha traduzir a ânsia de renovação
que se agitava nos educadores modernos.
Reconhecendo que a renovação desejada no ensino não seria alcançada
num abrir e fechar de olhos, devido a dificuldades como tempo e preparo
profissional do mestre, além da falta de um guia, de um orientador, Campos
apresentava Didática como um salva-vidas, que vinha mostrar aos professores os
meios inteligentes e racionais de atingirem a almejada finalidade educativa. Para
Campos, os planos de lição eram a excelência da obra, sobretudo por
representarem um auxílio ao trabalho do professor novato, pois nem todos
eram artistas, capazes de preparar, sozinhos, suas lições.
523
O artigo de Romão de Campos colocava Didática (figura 2) ao lado de
livros aprovados pelos escolanovistas que, ao criticarem a orientação do
professorado por meio de lições e roteiros de aulas prontos, propunham uma
cultura pedagógica como subsídio e fundamento para a prática docente,
mudando os modos de agir e pensar dos professores. Assim, juntamente com a
obra de João Toledo, entre os livros citados por Campos destacam-se os de
Antonio Firmino de Proença, Coryntho da Fonseca e Sampaio Dória, que
faziam parte da coleção Biblioteca da Educação, organizada por Lourenço Filho
desde 1927.
524
Por essa mesma coleção, alguns meses depois do lançamento do livro de
Toledo, Lourenço Filho publicou Introdução ao estudo da Escola Nova (maio de
1930), justificando sua iniciativa pelo fato de que não havia, na escassa literatura
didática nacional disponível até então, obras que permitissem uma visão geral e
completa do problema da educação renovada.
De acordo com Lourenço Filho, embora livros muito bons estivessem
sendo escritos sobre assuntos como a função social da escola, a concepção
funcional da educação, os recursos científicos de organização e controle do
trabalho docente, os mesmos traziam, por outro lado, impressões muito
fragmentárias e podiam tornar-se o princípio de confusões perigosas, porque
havia neles uma falta de clareza sobre o que era a escola nova. Nesse sentido,
para realizar a renovação do ensino era necessário superar a visão fragmentária,
o que demandava um longo processo de formação dos professores, pois, sem o
preparo técnico necessário, a nova escola não se realizaria. Para Lourenço
Filho, a escola ativa não podia preparar mestres por simples receitas empíricas,
ou por planos de lição, mas por um conhecimento psicológico maior sobre a
infância, por espíritos criadores e por uma cultura pedagógica mais rica e mais
sólida do que a cultura comum que havia entre o professorado.
526
práticas sobressai nos seus textos, de forma que a defesa que fazia a respeito da
seriação das matérias no currículo, da ordem dos estudos e dos planos de lição
era criticada pelos defensores da escola renovada, que viam nessas suas
inquietações um atrelamento aos moldes do ensino tradicional, bem como uma
visão fragmentária sobre o escolanovismo.
Antônio D’Ávila, que conviveu com o educador por um espaço de
tempo no Instituto de Educação, quando foram assistentes da seção de Prática
de Ensino, apontava que Toledo nunca compreendeu o repúdio declarado à
tradição da escola paulista no movimento revolucionário pedagógico. Para
D’Ávila (1934), Planos de lição era um livro que não cristalizava roteiros de aulas,
nem era um traçado de modelos para serem vazados no espírito do aluno, mas
que abria perspectivas ao professor, alargando o círculo do seu ensino, abrindo
espaços para os reais problemas brasileiros.
A publicação de Planos de lição (figura 3) trouxe a João Toledo o apoio de
companheiros de longa data. Carlos da Silveira lhe enviou uma carta em
dezembro de 1935, na qual criticava a panacéia universal com que vinha sendo
divulgada a escola nova. Antonio Firmino de Proença também lhe endereçou
uma carta em janeiro de 1936, e destacava Planos de lição como uma pequena
enciclopédia de noções comuns e orientador didático. Também Julio Penna
escreveu uma carta ao autor em novembro de 1935; para ele, o livro era obra de
mestre autêntico, cujo nome bastava para recomendá-lo, e isto poderia ser visto
pela acolhida animadora que suas publicações encontraram fora de São Paulo.
527
Figura 3: Folha de rosto da 1ª edição do livro Planos de lição.
Considerações Finais
2 A metáfora das luzes e sombras foi utilizada por Catani (1989) para referir-se a um
período da educação paulista que, até então, aparecia nas pesquisas como sendo de
meia-luz, de penumbra, quando analisado frente às reformas educacionais
implantadas nos anos subseqüentes ao advento da República.
529
Assim, embora Toledo fosse um educador de grande prestígio no
cenário educacional da época, sendo autor de livros que tiveram grande
divulgação, seu apoio à tradição do ensino paulista e sua defesa a uma proposta
de educação pautada nos modelos de lições, fizeram com que fosse tido por
alguns contemporâneos como o “representative-man” da escola tradicional. Além
disso, nos embates educacionais que tiveram lugar nas décadas e vinte e trinta,
os escolanovistas se viram como renovadores e foram bem-sucedidos em
obscurecer a presença de quem defendia outras propostas que não a da escola
nova.
Os livros que João Toledo publicou, voltados para o uso das escolas
normais e dos professores primários, traziam a intenção de orientar professores
e normalistas sobre como ensinar determinados conteúdos escolares aos seus
alunos, além de veicular qual o melhor método e o melhor processo de ensino.
Entretanto, o ponto mais criticado nos livros de sua autoria era a defesa que
fazia dos modelos de lição, pois enquanto uns consideravam-nos como
perspectivas para a prática docente, como sugestões que o professor poderia
modificar ou ampliar quando fosse utilizá-los, ou até mesmo como apoio ao
professores recém-formados, outros argumentavam que o preparo necessário
para a realização da renovação do ensino não poderia ser dar por meio de
receitas empíricas, nem por planos ou modelos de aula.
Contudo, apesar das críticas recebidas, manuais como os de João Toledo,
divulgaram parte dos conhecimentos pedagógicos que circulavam no meio
educacional naquele momento, e podem ser considerados como representativos
de uma produção, circulação, apropriação e representação de modelos culturais
pelos professores e normalistas de então, fato que explica a presença de tais
manuais nas bibliotecas das antigas escolas normais.
530
Referências Bibliográficas
532
OS GINÁSIOS VOCACIONAIS DO ESTADO DE SÃO
PAULO: RECONSTRUINDO A HISTÓRIA POR MEIO
DE FONTES PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS QUE SE
COMPLEMENTAM
Introdução
533
de gestores públicos e educadores procuraram adequar o ensino secundário ao
que consideravam como exigências de uma sociedade em transformação.
No ano de 1961, por meio da Lei 6.052, foram aprovadas as reformas do
ensino industrial no Estado de São Paulo, que se anteciparam à promulgação da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 20 de dezembro do mesmo
ano. A partir de uma brecha nesta lei estadual, educadores que questionavam a
dualidade do ensino, conseguiram criar o Serviço de Ensino Vocacional - SEV
e viabilizar uma nova concepção de educação. A partir da promulgação da Lei
nº 4.024/61, a LDB de então, os ginásios vocacionais passaram a se respaldar
na lei federal.
534
públicas diferenciadas, caracterizadas por nova concepção formativa, tanto no
que dizia respeito à renovação metodológica, quanto aos fundamentos que
norteavam a construção da prática pedagógica. Com visão arrojada e projeto
pedagógico consistente, a educadora Maria Nilde, coordenadora do SEV e
idealizadora da pedagogia vocacional, juntamente com a sua equipe, iniciou a
concretização do projeto escolhendo diferentes locais para a instalação das
escolas. Um planejamento minucioso foi efetuado a partir de estudo sobre a
comunidade onde cada unidade se implantaria: havia interesse em diversificar a
experiência educacional em comunidades diferentes, uma com característica
mais cosmopolita, outra situada em região agrícola, outra em área industrial, e
assim por diante, visando adequar a proposta de trabalho dos ginásios à
realidade local. Com essas orientações, o Ensino Vocacional passou, ao longo
do tempo, a implementar programas de formação de professores para difundir
a metodologia das escolas entre os licenciandos das universidades públicas, e a
oferecer estágios aos universitários visando alcançar efeito multiplicador via
propagação das experiências vivenciadas. Pretendia-se, assim, expandir
paulatinamente estas escolas em toda a rede pública paulista, ministrando
sempre formação teórica articulada à prática por meio de um programa
desenvolvido em tempo integral, de quatro anos, que contemplasse as múltiplas
dimensões da experiência humana.
Os Ginásios Vocacionais, entre 1962 e 1969, destacaram-se como
exemplo de escola de qualidade na esfera pública de São Paulo: vários órgãos da
imprensa da época noticiaram esta iniciativa de renovação educacional.
Enfatizavam, sobretudo, a sua concepção de formação geral integrada à
formação para o trabalho, em oposição à estrutura dual do ensino médio,
fundamentada em proposta pedagógica que não cindia educação e cultura e não
535
descuidava da formação para a ética, da difusão de valores e do compromisso
com a realidade de nosso país.
No entanto, em 1964, ocorre o golpe militar e tem início um governo
que suprimiu as liberdades democráticas. Em 1968, com o ato institucional nº
5, houve o recrudescimento do regime e várias ações discricionárias, como
perseguições políticas, cassações de mandato e de direitos políticos, prisões,
inquéritos policiais militares, proibições de reuniões e de associações. Toda
sorte de restrições foram aplicadas a todos os que se contrapusessem ao
governo ditatorial. No campo da educação, as perseguições se voltaram, de
início, aos que se dedicavam à educação popular e ao trabalho com jovens e
adultos, estendendo-se em seguida aos professores universitários – muitos
perderam o direito à cátedra e foram aposentados compulsoriamente – e aos
docentes da educação básica, considerados subversivos pelo regime vigente.
Nos anos de chumbo, em um contexto de grande repressão e violência, mais
precisamente no dia 12 de dezembro de 1969, as seis escolas e a sede do SEV
foram invadidas por agentes da polícia federal e por militares e seus
professores, funcionários e alunos detidos por, no mínimo, oito horas.
Professores e funcionários, sobretudo os vinculados à assessoria da
coordenadora, professora Maria Nilde, foram submetidos a interrogatórios.
Todos os setores das escolas e do SEV foram vasculhados e livros, textos de
estudo, relatórios e material pedagógico, levados por agentes policiais. Dentre
as muitas violências e ações truculentas do governo militar, a professora Maria
Nilde Mascellani foi cassada e aposentada com base no AI-5. A experiência
vocacional, que já vinha sofrendo perseguições há algum tempo,
descaracterizou-se após as invasões, vindo a ser oficialmente extinta pelo
Decreto nº 52.460, de 05 de junho de 1970, quando os Ginásios Vocacionais
passaram a integrar a rede oficial de ensino.
536
A pesquisa e suas fontes documentais
537
sustentam e, a partir destes referenciais, repensar o ensino público na
atualidade.
De acordo com os objetivos propostos e conscientes das dificuldades de
exercer a tarefa de construir a historiografia do presente ou de um passado
muito recente, tarefa metodológica melhor aceita e incorporada a partir dos
anos de 1970, estamos trabalhando com documentos pertencentes a dois
acervos: o do Centro de Documentação e Informação Científica “Professor
Casimiro dos Reis Filho” - Cedic, da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, constituído nos anos 1990 por iniciativa de Maria Nilde Mascellani; e o
do Centro de Memória da Educação - CME, da Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo, organizado em 2009, a partir dos documentos
doados por Silvana Mascelani, irmã de Maria Nilde, após a morte da educadora.
O conjunto de documentos doados, que constitui o Arquivo Pessoal da
profa. Maria Nilde, corresponde à sua vida profissional nos períodos em que
atuou como orientadora pedagógica nas duas classes experimentais instaladas
no Instituto de Educação da cidade de Socorro; como educadora da Secretaria
de Educação do Estado de São Paulo, participando da comissão especial de
elaboração do anteprojeto de lei para a criação dos Ginásios Vocacionais do
Estado de São Paulo; como coordenadora geral do Serviço de Ensino
Vocacional (SEV) , que funcionou entre os anos de 1962 a 1969. Constam,
ainda, o processo de sua aposentadoria em 1969, por meio do Ato Institucional
n. 5 (AI5), e manuscritos pessoais, reflexões reunidas em um diário (na forma
de crônicas, cartas e poesias) que a própria autora nomeou de “Crônicas do
Cárcere”, escrito no período que esteve presa (no DOPS- Departamento de
Ordem Política e Social). Fazem, também, parte deste Arquivo documentação
relativa ao período em que prestou serviço para as Secretarias de Educação de
538
São Paulo, Diadema e Rio Claro, e contribuiu na concepção de projetos em
educação popular.
Neste momento em que fazemos a participação pública da pesquisa, toda
a documentação já recebeu o necessário tratamento de higienização e
acondicionamento, e passa agora pelo processo de análise para elaboração do
plano de classificação. O arquivo corresponde a 32 duas caixas com,
aproximadamente, 900 documentos entre livros, periódicos, cartões postais,
fitas k7 com entrevistas realizadas com ex-alunos e ex-professores dos
vocacionais, recortes de jornais, imagens, material didático produzido para
trabalhadores, cópias de documentos oficiais de diferentes unidades dos
Ginásios Vocacionais e do Serviço de Ensino Vocacional.
É importante ressaltar que foram também localizados aproximadamente
800 documentos relacionados ao ensino vocacional, cedido por ex-professoras
e diretoras das escolas, distribuídos em diferentes arquivos que constituem o
Acervo do Centro de Memória da Educação/FEUSP :1. coleção de
documentos da profa. Olga Bechara, período em que foi Orientadora
Pedagógica do Ginásio Vocacional de Americana, em 1962, e do Ginásio
Vocacional Oswaldo Aranha, entre 1963 e 1969; 2. Arquivo Pessoal do prof.
Luis Contier, período em que atuou como diretor do Ginásio Vocacional
Oswaldo Aranha (1961 a 1968) e foi diretor do Serviço de Orientação
Pedagógica do Departamento de Educação do estado, promovendo a vinda de
educadores franceses por meio da Missão Francesa, e participando da
elaboração do projeto das escolas experimentais; 3. Arquivo Pessoal da
professora e diretora Edneth Ferrite Sanches, no período em que atuou no
Ginásio Estadual Vocacional Chanceler Raul Fernandes, instalado em 1962, na
cidade de Rio Claro (1963-1969); 4. Arquivo Institucional do Centro Regional
de Pesquisas Educacionais prof. Queiroz Filho (CRPE/SP), dentro da Divisão
539
de Aperfeiçoamento do Magistério (1963-1969); 5. Arquivo Pessoal do prof.
Laerte Ramos de Carvalho: corresponde a um dossiê organizado pelo professor
sobre o ensino vocacional e entrevistas com ex-funcionários do Ginásio
Vocacional Oswaldo Aranha (1968); 6. Coleção de documentos doados pela
professara Dra. Angela Tamberline, proveniente de suas pesquisas sobre o
ensino vocacional no Estado de São Paulo, 1961-1969; 7. coleção de
documentos doados pela profa. Dra. Esméria Rovai, proveniente de suas
pesquisas e do período em que foi professora atuando no ginásio de Batatais e
de São Paulo, 1961-1969; 8. coleção doada pela Associação dos ex-alunos dos
Ginásios Vocacionais (GVvive) que corresponde a filmes, publicações,
exemplares dos projetos políticos e pedagógicos do Ginásio Vocacional
Oswaldo Aranha (1961-1969); 10. coleção Experimentações Pedagógicas,
documentos provenientes do antigo serviço de documentação da Biblioteca da
FEUSP (1966-1969); 11. coleção de Teses e Dissertações sobre o ensino
vocacional defendidas, na própria Faculdade de Educação da USP, na Unicamp
e PUC/SP (1986-2011).
Na vasta documentação dos acervos do Cedic/ PUC de São Paulo e do
CME – FEUSP encontram-se documentos pedagógicos, relatórios, legislação
estadual, federal e documentos internos do SEV, textos produzidos por
professores e diretores, prestação de contas ao governo, registros das reuniões
de planejamento, dos encontros de orientadores educacionais, impressos de
circulação interna, textos, programas e avaliações das mais diferentes
disciplinas, objetivos que as escolas almejavam alcançar na formação do
alunado, fichas de observação do aluno com registros do percurso escolar de
cada um e áreas do conhecimento em que as crianças e jovens se destacavam,
buscando descobrir a sua vocação, documentos do departamento de
publicações, textos de autoria dos professores apresentados nos encontros
540
nacionais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, atas das
Associações e da Federação de Pais e Amigos dos Ginásios Vocacionais, além
de teses e dissertações que versaram sobre estas escolas. Constam também,
nestes acervos, os livros dos autores utilizados como referência nas concepções
de homem que se pretendia formar nestas instituições, com destaque para as
obras do socialista cristão Emmanuel Mounier.
Os acervos ainda contêm várias pastas com recortes de jornais e revistas
da época, com os diferentes posicionamentos dos órgãos de imprensa sobre as
escolas e suas práticas inovadoras. Há também ricas fontes iconográficas, além
de inúmeras fotos presentes nos acervos das associações de ex-alunos das
diferentes escolas, hoje digitalizadas e com acesso facilitado na internet.
O exame de várias fontes documentais, recuperadas ao longo do tempo,
findo o regime militar, torna possível resgatar, compreender e interpretar a
construção e o sentido da pedagogia vocacional. Prisões, perseguições, exílios,
conduziram à dispersão de pessoas e documentos desta experiência pedagógica
que não teve tempo de ser estudada e avaliada pelos seus realizadores, pois foi
extinta abrupta e precocemente. Assim sendo, a pesquisa também recorre às
fontes orais, que possibilitam o preenchimento das lacunas aqui mencionadas.
Recuperar a memória é ouvir diferentes vozes e “comparar as múltiplas
verdades: a verdade política, a dos meios de comunicação, a jurídica, a histórica
(...)” (Vilanova, 1986, p.15).
O trabalho com fontes documentais escritas e iconográficas aliadas à
história oral, vista como fonte complementar, permite-nos preencher lacunas,
romper com a tentativa de apagamento deste período histórico e trabalhar na
perspectiva da totalidade da história, tal como concebida por Vilar (1992), à
medida que reconhecemos a importância de recorrer à pluralidade de fontes,
resgatando o sentido de nosso objeto de estudo, evitando uma visão
541
fragmentada, estanque da realidade social. É com esta perspectiva que estamos
procedendo à leitura e análise de nosso objeto de estudo. Investigar a história
de experiências significativas da educação pública no Brasil também nos
permite despertar na juventude o interesse pela historiografia da educação, já
que, como assinala Hobsbawm, “quase todos os jovens de hoje crescem numa
espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado
público da época em que vivem” (1995, p. 13).
542
Propondo-se a propiciar educação integral a seus alunos, construiu um
currículo nuclear e interdisciplinar, composto por disciplinas de formação
teórica e direcionadas para o trabalho, no qual a história e a geografia
constituíam os eixos integradores. Tinha por objetivo desenvolver uma
educação que formasse o jovem no entendimento da realidade socioeconômica,
política e cultural do país e ao mesmo tempo o tornasse capaz de intervir nessa
realidade. A essa finalidade geral, acrescentavam-se outros objetivos, específicos
a cada Ginásio em particular. O currículo integrado, além das áreas de língua
portuguesa, matemática, estudos sociais (historia, geografia e antropologia),
ciências físicas e biológicas, línguas estrangeiras (inglês e francês), era
constituído pela educação física, educação musical e artes plásticas, que
assumiam o papel de “práticas educativas” na relação com a sociedade local.
Outras áreas denominadas técnicas eram: artes industriais, práticas comerciais,
agrícolas e educação doméstica. A integração curricular era garantida pelas
“unidades pedagógicas”, consideradas ferramentas responsáveis pela definição
dos conceitos e da sequência de apresentação dos conteúdos ensinados
(Mascelani, 2010).
Atividades culturais e, em especial, as didático-pedagógicas reproduziam
vivências próprias do mundo do trabalho nas escolas. Incluíam-se nas práticas
curriculares, por exemplo, a administração da cantina do colégio, a
administração de um banco onde os alunos depositavam as suas pequenas
economias, além de várias outras atividades similares que cresciam em
complexidade de acordo com a faixa etária. Concebendo a formação geral
integrada à formação para o trabalho, estas escolas diferenciadas não
dissociavam educação e cultura, nem tão pouco educação e trabalho. De acordo
com o local em que a escola estava localizada, aulas das disciplinas de caráter
teórico eram ministradas articuladamente a conteúdos das áreas técnicas. A
543
elaboração do currículo de cada unidade era precedida da realização de uma
pesquisa de comunidade, cujo objetivo consistia em investigar as várias
características da localidade onde a escola estava inserida: economia local,
escolaridade da população, perfil dos moradores, nível cultural, nível de
aspiração em relação à formação das crianças, perfil do alunado, etc. A escola
mantinha forte interação com a comunidade e o planejamento pedagógico
escolar levava em conta as suas expectativas e demandas, como o propósito de
também melhorar o nível cultural da população local, tornando-se assim um
pólo irradiador de cultura.
Cabe destacar que nos finais de semana ocorriam muitas atividades
culturais como, por exemplo, a organização de uma galeria de arte no Ginásio
Estadual Vocacional Cândido Portinari, de Batatais. A família do pintor, cujo
nome foi utilizado para batizar a escola, emprestou algumas obras do artista
para a realização da mostra no colégio. Dessa maneira, por meio dessa atividade
de formação estética, alunos, pais e moradores da localidade tiveram a
oportunidade de apreciar os quadros e presenciar debates e interpretações sobre
a pintura de Portinari. O dramaturgo Jorge Andrade também ministrou aulas de
teatro para os alunos do Ginásio Vocacional Embaixador Macedo Soares, em
Barretos, onde professor e estudantes exibiam peças de teatro nos finais de
semana para a comunidade local.
No que se refere à metodologia, os vocacionais se valiam dos métodos
ativos, constitutivos do ensino renovado: tratava-se de proposta de cunho
transformador, que buscava capacitar o aluno para atuar na comunidade em que
vivia. Esta pedagogia era centrada no educando, considerando o professor
como uma espécie de orientador que deveria criar situações educativas que
favorecessem o desenvolvimento das crianças e adolescentes, propiciando-lhes
a formação da consciência crítica.
544
Para formar o aluno crítico, atuante, participativo e engajado, era de
capital importância a adoção de uma metodologia que contribuísse para o
desenvolvimento destas atitudes. O recurso ao estudo do meio era a principal
técnica pedagógica utilizada nos Vocacionais, ao lado do estudo dirigido, do
trabalho em grupo, dos métodos ativos ligados à coordenação das disciplinas e
do planejamento geral. A proximidade com a realidade da comunidade local e o
estudo de “atualidades” tinham o intuito de facilitar a compreensão inicial da
sociedade e do processo histórico, e despertar no aluno o compromisso social e
a perspectiva de uma participação cidadã.
A concepção de que a educação transcende os muros da escola, aliada ao
profundo enraizamento na vida da comunidade local, orientava a valorização
das vivências e experiências dos alunos, já que esta pedagogia concebia o ser
humano situado no tempo e no espaço, compreendendo que o aluno iria
elaborar o seu conhecimento a partir de suas vivências, para extrair de situações
concretas a construção de formas de agir, sentir e organizar conceitos.
Dava-se atenção especial às vivências fora da escola, no contato com a
realidade social mais ampla: os problemas observados nos estudos do meio
eram analisados e discutidos na sala de aula e acabavam por desencadear outras
Unidades Pedagógicas, conforme nos explicita a professora Cecília Guaraná:
545
classe, ao professor. Podia ser individual, ou em grupo. Ao final do bimestre,
reuniam-se as classes da série e faziam-se as conclusões coletivas. Tanto nas
plataformas, como nas sínteses coletivas, ao final das Unidades Pedagógicas eram
utilizados recursos audio-visuais, dramatização, comunicações verbais, etc. Os alunos
apresentavam os trabalhos e adquiriam experiência de participar em plenárias.
Aprendiam a pesquisar, analisar os dados, tirar conclusões e defender idéias: os temas
eram polêmicos e davam margem a grandes discussões. Em algumas dessas ocasiões os
pais eram convidados a acompanhar os trabalhos, já que considerávamos que eles
deveriam acompanhar o processo pedagógico da escola. No que se refere ao
planejamento pedagógico, nós nos preocupávamos com o conteúdo a ser estudado,
procurando estimular a vivência dos valores que eram desenvolvidos nas Unidades
Pedagógicas (Professora Cecília Vasconcellos de Lacerda Guaraná, apud Tamberlini,
2001, p.76-77).
546
aluno sujeito do processo de conhecimento e trabalhava na perspectiva da
interdisciplinaridade, concebendo e construindo o currículo integrado. As
escolas, ao se tornarem conhecidas, obteriam o reconhecimento de setores mais
progressistas da sociedade, alcançando destaque, em alguns momentos, nos
artigos de alguns jornalistas mais sensíveis às questões de educação. No texto
abaixo, por exemplo, divulga-se informações sobre os Vocacionais em um
período em que a experiência já está praticamente extinta, sob o sugestivo título
Vocacional: trajetória de uma heresia.
547
Musical: presença do folclore na música nacional, estudo dos hinos cívicos. Em
Práticas Comerciais: relações econômicas com base na unidade monetária brasileira,
papel da rede bancária estudo do processo nacional, o Banco Central. Em Artes
Industriais: de industrialização, destacando-se o preparo e a situação da mão-de-obra
industrial (como atividade prática, foi construído um motor para funcionamento a
baixa voltagem). Em Ciências: importância da pesquisa científica para o
desenvolvimento tecnológico, partindo de pesquisas realizadas na Universidade de
Minas Gerais, e estudo sobre minérios e sobre rochas de maneira geral. Em
Matemática: estudo sobre o seu papel e aplicação na pesquisa científica. Em
Educação Física: atualidades esportivas que revelaram a existência de ligas, federações
e confederações (Revista Visão, 1970).
549
No Ginásio Vocacional do Brooklin, onde funcionava também o
noturno, foram ainda criados cursos complementares, de duração variada,
destinados à população da comunidade, buscando atender as suas necessidades.
Estes cursos, ministrados por alunos e pais, envolviam assuntos diferenciados:
datilografia, marcenaria, corte e costura, além de cursos de alfabetização de
adultos, incluindo sempre uma base política e social, todos oferecidos a uma
população de baixa renda Por meio deste trabalho, alunos e pais se envolviam
na implementação da proposta de escola comunitária, atuante e comprometida,
tal como pode ser caracterizada cada uma das seis escolas das Sociedades de
Pais e Amigos dos Ginásios Vocacionais. Posteriormente, viria a ser constituída
uma Federação que congregava as Associações de Pais de todos os Ginásios
Vocacionais, as quais se propunham a difundir as concepções desta pedagogia,
conscientizar outros pais, e exercer atividades sociais e culturais que
promovessem o “enraizamento do ginásio na comunidade” (Oliveira, 1966,
p.3).
Considerações finais
550
vital do homem -, desenvolveram um tipo de formação humana e
emancipatória, destinada a trabalhadores jovens e adultos, vistos como seres
integrais que, por meio da educação e do trabalho, poderiam construir sua
autonomia - individual e coletiva - frente aos poderes econômicos e políticos. A
sua prática pedagógica, sustentada na reflexão sobre a relação entre trabalho e
educação e no trabalho como princípio educativo, praticamente única na
história da educação brasileira, constitui referência obrigatória para o desafio da
implementação da proposta de educação básica integrada à educação
profissional, da chamada educação integrada/ unitária/ politécnica, em seus
diferentes níveis e modalidades, em curso no país, hoje. É com esse olhar que
estamos a realizar tanto a organização, referenciação e integração da
documentação existente, como a desenvolver análises que possam contribuir
para a construção do conhecimento histórico e de políticas públicas na área.
Referências Bibliográficas
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos. O breve século XX – 1914-1991 (1995). São
Paulo: Cia. Das Letras.
MASCELLANI, Maria Nilde (2010) Uma pedagogia para o trabalhador. São Paulo:
IIEP/CME-FEUSP.
REVISTA VISÃO. Vocacional: Trajetória de uma heresia. São Paulo, 31/01/1970.
OLIVEIRA, Lólio Lourenço de (1966). Participação e integração dos pais de
alunos nos Ginásios Vocacionais do Estado de São Paulo, mimeo.
Acervo Cedic, PUC, São Paulo.
551
TAMBERLINI, A.M.B. (2001). Os Ginásios Vocacionais: a dimensão política
de um projeto pedagógico transformador. S. Paulo: Annablume/Fapesp,
2001.
VILANOVA, Mercedes (org.) (1986). El poder en la sociedad – Historia y fuente
oral. Barcelona: Antonio Bosh.
VILAR, P. (1992). Pensar la Historia. Cidade do México: Instituto Mora.
552
CONTRIBUIÇÃO DE DEBBLE SMAÍRA PASOTTI
PARA A PESQUISA HISTÓRICA NO CAMPO DA
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NO BRASIL
Introdução
553
publicadas em livros, revistas e matérias jornalísticas, no período de 1939 a
1961, quando aquele médico se aposenta.
Uma contribuição para a pesquisa histórica no campo da alimentação e
nutrição e que está permitindo desvendar o processo de implementação do
primeiro curso de “Auxiliares em Alimentação ou Dietistas” no Brasil, é o
acervo pessoal que Debble Smaíra Pasotti (1909 – 2008), uma das pioneiras na
equipe de Pompêo do Amaral. Esse acervo foi localizado com a família, e está
com a pesquisadora para ser inventariado. Essa farmacêutica ingressou como
docente no Instituto Profissional Feminino, da capital, em São Paulo, em 1941,
e deixou um acervo pessoal de 384 documentos.
Este trabalho tem por finalidade relatar os primeiros contatos com a
família para receber o acervo pessoal de Debble Smaíra Pasotti, a preparação
para o recebimento desse acervo pessoal, e mostrar o estágio atual de
classificação dos documentos, visando a discutir as diversas possibilidades de
inventariar um acervo pessoal.
É importante ressaltar que o emprego do princípio da proveniência
adotado para iniciar a classificação desse acervo tem permitido utilizá-lo em
estudos e pesquisas no campo da alimentação e nutrição, identificando a
trajetória profissional e social dessa farmacêutica, e contribuído para elucidar o
pensamento científico, social, político e intelectual de Francisco Pompêo do
Amaral. Esse acervo, também, possibilitou a montagem da exposição História da
Educação Profissional no campo da Nutrição no Centro Paula Souza (1939 – 2009),
composta de nove painéis, que aconteceu em 15 de maio de 2009, em São
Paulo, durante a comemoração dos 70 anos do curso de “Auxiliares em
Alimentação ou Dietistas” no país.
554
Pressupostos conceituais e metodológicos: fundos, arquivos e classificação de arquivos
555
Figura 1 – Debble Smaíra Pasotti (direita), Maria Lucia Mendes de Carvalho e Maria
Cecília Bella (esquerda), durante entrevista em sua residência, em São Paulo, em 2001.
Fonte: Arquivo próprio, 2012.
556
histórica no campo da alimentação e nutrição, juntamente com a carta de
cessão, que recebeu assinada posteriormente.
De posse do acervo, observou-se tratar de papeis pessoais e não de
família, contendo documentos do estado civil, documentos relativos à
escolaridade e formação, de carreira, como nomeações, atribuições; cadernos de
notas de aulas e de cursos; fotografias; livros de Francisco Pompêo do Amaral;
e papéis nas funções públicas e privadas exercidas. A seguir, era necessário
definir um procedimento para classificação dos documentos e decidiu-se
empregar o de Ducrot (1998):
557
qual foi uma das pioneiras no Brasil, e recentemente reconhecida por
Vasconcelos (2011), especialista no campo da alimentação e nutrição.
558
Assim decidiu-se numerar as pastas e dentro destas, os documentos. A
primeira pasta, a número um, contém 151 documentos pessoais e funcionais,
fotografias, atestados, entre outros. Na segunda pasta, que a professora Debble
Smaíra denominou “Discurso de formatura e outros”, encontraram-se 84
documentos. A terceira pasta, denominada por ela “Viagem aos EUA”, contém
93 documentos. A quarta pasta com diplomas, certificados, álbuns fotográficos
de 1932 e de 1948, contém 56 documentos.
Neste trabalho a trajetória profissional e social de Debble Smaíra Pasotti
é apresentada a partir do seu acervo pessoal composto de 384 documentos,
entre discursos, ofícios, livros, fotografias, recortes de jornais e fragmentos, que
estão com a pesquisadora para serem inventariados.
Informações sobre as práticas escolares e pedagógicas de Debble Smaíra
Pasotti foram obtidas nas entrevistas com alunas e professoras que participaram
da equipe de Francisco Pompêo do Amaral, no curso de Auxiliares em
Alimentação: Neide Gaudenci de Sá, Arcelina Ribeiro de Araújo e Dalila
Ramos.
As entrevistas foram transcritas e, posteriormente, transcriadas com as
entrevistadas, realizando acertos nos textos para transpor da oralidade para a
escrita, no período de dezembro de 2011 a abril de 2012. Para Meihy e Holanda
(2007, p. 35) é a história oral de vida que ampara a narrativa dependente da
memória: [...] dos ajeites, contornos, derivações, imprecisões e até das
contradições naturais da fala.
Em seguida, os termos de consentimento livre e esclarecido, e as cartas
de cessão, aprovados no Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências
Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Parecer CEP: 1247/2011,
CAAE: 1150.0.146.000-11, foram assinados e devolvidos à pesquisadora.
559
Os entrevistados participaram da passagem da oralidade para a escrita,
neste trabalho considerando o que diz Bosi (2004, p. 66): o depoimento deve
ser devolvido ao seu autor. Se o intelectual quando escreve, apaga, modifica,
volta atrás, memorialista tem o mesmo direito de ouvir e mudar o que narrou.
Mesmo a mais simples das pessoas tem esse direito, sem o qual a narrativa
parece roubada.
560
que recorda, da memória biográfica e a cultural, dos lugares de
memória,[...]
561
pesquisa disponibilizado aos pesquisadores, dizendo que: com a elaboração do
Inventário, disponibiliza-se aos pesquisadores mais do que caminhos e
possibilidades – mostra-se o mapa da mina. Ao inventariar esse arquivo
demonstra a decisão pessoal do arquivista na definição do plano de arranjo, ao
dizer:
564
Figura 5 – Debble Smaíra Pasotti, sentada, no centro, entre as colegas de curso que
foram aos Estados Unidos, em 1956.
Fonte: Arquivo pessoal Debble Smaíra Pasotti, 2012.
565
especializadas, tanto trabalha a Nutricionista como a Dietista, uma vez
que esteja capacitada para esse trabalho. De modo que, nesse roteiro, a
Nutricionista e a Dietista poderão exercer o mesmo tipo de trabalho
(Palmas Prolongadas), quer dizer, que entre o médico e cozinheira
deveria existir apenas Nutricionistas ou Dietistas, e não duas classes:
Nutricionistas e Dietistas.
566
grupo, na Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, em 1968.
No Centro de Memórias da Escola Técnica Estadual Carlos de Campos,
encontra-se no acervo organizado pela professora Neide Gaudenci de Sá,
durante a sua gestão como coordenadora do curso Técnico em Nutrição e
Dietética, a Portaria Nº 12-E, de 28 de setembro de 1964, do Departamento de
Ensino Profissional, atribuída por Walter Costa, diretor geral substituto, como
Regimento Interno Padrão de Escolas de Ensino Médio, de 1º ciclo e
subordinadas. Nessa Portaria, no artigo 62º, consta que é vedado ao professor:
servir-se das funções para pregar doutrinas contrárias aos interesses nacionais
ou para fomentar clara ou disfarçadamente atitudes de indisciplina, de agitação
ou atentatória a moral. Portanto, a participação de Debble Smaira Pasotti no “X
Ciclo de estudos sobre Segurança Nacional e Desenvolvimento”, pode ter
acontecido por iniciativa da professora ou por indicação da instituição devido
às políticas de educação nessa época.
Entre as décadas de 1960 a 1970 a Escola Técnica Carlos de Campos,
mudou de nome e de estrutura funcional para atender as políticas educacionais:
Colégio de Economia Doméstica e Artes Aplicadas Estadual “Carlos de
Campos”, Centro Estadual Interescolar “Carlos de Campos”. Talvez por esse
motivo em 1971, a professora Debble Smaíra Pasotti participou do 1º Curso de
Treinamento Intensivo para Professores de Economia Doméstica dos Colégios
Técnicos da Rede de Ensino Industrial, realizado em Águas de São Pedro,
promovido pelo Departamento de Ensino Técnico, professor Walter Toledo
Silva, diretor-substituto, e pelo Instituto Pedagógico do Ensino Industrial,
professor Douglas Escobar Bueno, de 14 a 16 de maio, cujo programa do curso
era:
567
Integração inter-escolar: Escola-Empresa e Escola – Comunidade;
Aspectos Formativo, Profissionalmente e Propedêutico do Curso
Técnico de Economia Doméstica; Aspectos Legal e Administrativo do
Curso Técnico de Economia Doméstica e Relações Humanas na Escola,
Alimentação e Nutrição, Saúde, Habitação, Vestuário e Têxteis no Curso
Técnico de Economia Doméstica; Metodologia da Economia Doméstica
ao nível de 2º Grau; e Desenvolvimento Sócio-Econômico e Economia
Doméstica.
568
17.10.72, para tratar dos estudos de mínimos de habilitações profissionais de 2º
grau em diferentes ramos da área de Saúde, na Fundação Universidade do
Trabalho de Minas Gerais, de 24 a 27 de setembro.
Debble Smaíra Pasotti, em 1974, como diretora da Escola Carlos de
Campos (Figuras 6 e 7), participou do Encontro de Diretores e Inspetores do
Ensino Técnico em Águas de São Pedro, conforme publicação no Diário
Oficial do Estado de São Paulo, de 12/06/1974, com o objetivo de implantar a
Lei 5692/71 e elaborar as normas para o Regimento Escolar e Estágios, em
atendimento à Deliberação CEE 33/72, promovido pela Comissão de Estudo e
Aprovação de Regimentos Escolares – CEARE – sob a presidência do Dr.
Avelino Novaes Teixeira Jr e coordenação do professor João Baptista Bonetti,
de 20 a 22 de junho. Ainda em 1974, participou do Grupo de Trabalho que
caracterizou o Técnico em Economia Doméstica, a pedido de Henrique da
Silva Cabrera, coordenador do Laboratório de Currículo, no Gabinete da
Coordenadoria do Ensino Técnico, a Av. Duque de Caxias, 80 – 2º - cj. 2ª, de
julho a novembro, conforme ofícios 457, 1315, 1433 e 1741/74 – LC – 05.
Outro documento importante encontrado nesse acervo mostra a professora
Debble Smaíra envolvida com atividades administrativas, em 1974, quando é
designada pela Inspetora Regional – 1ª IREP – para estudar o Regimento
Escolar convocada pelo coordenador da CEARE, professor João Baptista
Bonetti, a pedido do diretor substituto Antonio de Assis Nogueira do
Departamento de Ensino Profissional, em 15 de agosto (Circular nº 17 – 74).
Na educação profissional aposentou-se por tempo de serviço, em 12 de
março de 1974, conforme consta na sua carteira profissional. No entanto,
continuou participando dos congressos em sua área de atuação. Em 1974,
esteve presente no VII Congresso Brasileiro de Nutricionistas e IV Congresso
Brasileiro de Nutrição, promovido pela Associação Brasileira de Nutricionistas,
569
como participante efetivo, no Centro de Convenções do Hotel Glória no Rio
de Janeiro, de 25 a 31 de agosto. Também, continuou colaborando com a
educação profissional, ao participar do Grupo de Trabalho que caracterizou o
Técnico em Economia Doméstica, a pedido de Clóvis Roberto dos Santos,
coordenador do Laboratório de Currículo, na Associação Paulista de
Artesanato, em fevereiro de 1975, conforme documentos encontrados no seu
acervo – ofícios 376 e 524/75 – LC – 05.
570
Figura 7 – Debble Smaira Pasotti, segunda à direita, no II Encontro de Diretores, em
1974.
Fonte: Acervo pessoal Debble Smaíra Pasotti, em 2012.
O Pompêo do Amaral era ótimo professor, mas muito além dos nossos
conhecimentos como alunas. Mas ele tinha ótimas auxiliares, a Debble, a
Yonne e a Dalva. Elas resumiam tudo aquilo, que ele falava, em
linguagem mais acessível e para a nossa idade. A gente era menina. Ele
dava aula e a gente ficava até parada para assimilar tudo aquilo. Dava
muita política, porque ele era político. Dava a situação econômica do
país, tudo misturado. Ele falava muito, às vezes punha na lousa e a Dalva
572
falava: deixa que, eu vou escrever. [...] Eu dei aula no curso de nutrição,
porque eu fui substituir a Debble, que foi para assistente de direção. Eu
dava Bromatologia e Fisiologia da Nutrição. [...] Aquela apostila de 55,
era da professora Dalva. A dona Debble nunca entrou na cozinha aqui
para nós, ela trazia algumas receitas, quem experimentava a receita, e
quem fazia as receitas era a Dalva. Ela era nutricionista. A Dalva logo foi
fazer a faculdade e continuou na escola. Quando eu cheguei na escola ela
já era professora. [...] A professora Debble dava bioquímica e a
professora Celina foi minha professora. Acho que foi Administração
Hospitalar. Ela dava administração no fim. Mas a Debble era uma
inteligência. Ela dava Bioquímica e Bromatologia. Olha que para eu
substituí-la era difícil, eu ia atrás dela para saber como fazer. Daí eu
perguntava como foi?
573
reuniões à medida que, surgiam informes novos ou aprofundamento da
teoria. Eu comecei a trabalhar nessa equipe em 1952, já como
nutricionista, do curso que realizei na USP, inclusive muito com a Dra
Debble. Então havia assim um ambiente muito bom e de desejo de
aprender, de aprender mais. [...] A dona Debble a gente visitava de vez
em quando. Continuamos amigas. Ela era doce. Era firme, a aula dela
também não era brincadeira, mas a gente tinha respeito enorme e um
grande amor. Tudo o que precisássemos conseguíamos com ela.
M. Lucia: Uma coisa que eu não entendo: a professora Debble ela foi
para os USA, em 56.
Neide: Foi.
M. Lucia: E quando ela voltou, ela deu curso para a Nestlé. Ela não
questionava isso? Se fosse o Pompêo ia questionar?
574
M. Lucia: Nesse período da década de 50 e 60 a gente já começa a sentir
a influência dos americanos na alimentação, tinham acordos do Oswaldo
Aranha.
Neide: MEC/USAID.
M. Lucia: Isso a gente começa a ver o MEC/USAID entrando, e no
governo dos militares, eles interferiram na estrutura do currículo da
nossa instituição. Neide: E daí surgiu àquela campanha da soja. Mas o
Dr. Pompêo não era contra soja, não. Um feijão, mas feijão, um
excelente feijão, mas não é carne vegetal, leite vegetal, ovo vegetal, não.
M. Lucia: Principalmente para criança.
Neide: Isso. Como feijão não há, se bem que ele é difícil de cozinhar,
tem um princípio tóxico. Tudo aquilo ele sabia bem. Vivia gente lá, os
americanos levando preparações lá na Rua Rego Freitas para o Dr.
Pompêo experimentar. E ele dizia: “Eles são tão idiotas, que em vez de
chamar torta de soja, chamam de bagaço. Quem vai comer bagaço?
Bagaço é para porco”. (risos)
575
organizou a Jornada “DA ALIMENTAÇÃO À NUTRIÇÃO: 70 anos de
educação profissional (1939 – 2009)”, na cidade de São Paulo, na Escola
Técnica Estadual Parque da Juventude, envolvendo educadores e jovens
estudantes com o propósito de comemorar os setenta anos de educação
profissional no campo da nutrição (CARVALHO, 2009).
Nesse evento a intenção era, também, divulgar resultados de estudos e
pesquisas no campo da alimentação e nutrição, realizadas nos Centros de
Memórias da instituição, a partir de 1998, quando foram implantados com
recursos da Fundação de Apoio a Pesquisa no Estado de São Paulo e apoio do
Centro de Memória da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e
da Unidade de Ensino Médio e Técnico do Centro Paula Souza, e que
contribuíram para elaboração dos conteúdos dos painéis. O acervo fotográfico
da professora Debble Smaíra Pasotti que valorizaram esses paineis. A
identidade visual dos paineis foi criada e montada pela estudante Beatriz
Chiavini M.C. Kelman do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade de
Comunicação Social da Universidade de São Paulo.
Durante essa jornada homenageamos as memórias dos professores
Francisco Pompêo do Amaral e Debble Smaíra Pasotti, e a professora Neide
Gaudênci de Sá (Figuras 8 e 9), que atuaram no setor de Alimentação e Higiene
Escolar, realizando no subsetor Pesquisas e Ensino de Alimentação, da
Superintendência do Ensino Profissional, trabalhos e projetos de pesquisas que
foram publicados em livros, artigos técnicos e revistas científicas. As
homenagens aconteceram com a presença do médico Dr. Sérgio Henrique
Ferreira, filho do médico Francisco Pompêo do Amaral, do engenheiro Júlio
Cesar Smaíra da Silva, sobrinho de Debble Smaíra Pasotti, e na presença de
Neide Gaudenci de Sá.
576
A exposição “História da Educação Profissional no campo da Nutrição
no Centro Paula Souza (1939 – 2009)”, composta de nove painéis, que foram
criados empregando muitos documentos encontrados no acervo pessoal de
Debble Smaíra Pasotti, aconteceu após as homenagens dos três professores,
na Estação do Conhecimento José e Guita Mindlin, da Escola Técnica Estadual
Parque da Juventude, sendo aberta ao público pela professora Neide Gaudenci
de Sá (Figuras 10 a 13).
577
Figura 9 - Júlio Smaíra discursando na Jornada “Da alimentação à nutrição: 70 anos de
educação profissional (1939 – 2009)”, na Etec Parque da Juventude, em São Paulo,
após a homenagem a Debble Smaíra Pasotti (in memória), ao seu lado Neide Gaudenci
de Sá, em 2009.
Fonte: Arquivo próprio, em 2012.
578
Figuras 12 e 13 – Professores do Centro Paula Souza durante a abertura da exposição
“História da Educação Profissional no campo da Nutrição no Centro Paula Souza
(1939 – 2009)”, em 2009.
Fonte: Arquivo próprio, em 2012.
Minha tia já foi uma coisa um pouco diferente. Porque em 1930, quando
ela se formou, não era normal uma mulher estudar. A mulher estava mais
para fazer um curso leve e casar. Minha tia se formou, minha tia tem
duas faculdades, e minha tia foi fazer curso nos Estados Unidos. Então
minha tia, foi alguma coisa diferente para época, foi um pouco avançada
para a época. Era de uma integridade, nem se falava. Porque ela queria o
que era certo. O apelido dela, a gente chamava em casa de Brigadeiro. O
579
que ela exigia. Ela chegava e impunha respeito no ambiente. Uma pessoa
que apesar de bem austera e tudo, deixou uma saudade tremenda.
Porque o que ela se envolvia, isso eu estou falando em termos de família,
ajudou todo mundo. Olha ela era família ao extremo. E os cursos dela e
a “alimentação e nutrição”, isso era ela, isso era a vida dela. Tanto que
tudo o que ela fez na vida nesse campo, ela tinha guardado. Tudo, papel
por papel, que eu passei a diante. Tem coisa que eu não sabia. Depois
que eu comecei a pegar as coisas dela, depois que ela faleceu, eu não
sabia que ela tinha feito tudo isso. E fez, então é uma pessoa que
batalhou, batalhou muito. Eu falava para ela: o curso existe por sua
causa. Existe mesmo, por causa do Dr. Pompêo, da Dra. Neide, por elas.
Porque era a vida dela, e foi até o fim. Então isso é o que eu sei do curso,
do que ela fazia. Dentro de casa não se pode falar um aí da minha tia.
Porque olha, foi uma pessoa extraordinária. O que ela pode ajudar, ela
ajudou; quando em doença, em festa, em tudo. Ela que gostava de
organizar festas para todo mundo, para os aniversários de todos na
família. Sempre foi assim, isso era ela. Então, é isso que eu posso falar da
minha tia, uma pessoa que deixa saudade. É isso que eu sei dela. Então
minha tia era essa pessoa, como eu falei. Você olhava para ela, primeiro,
você tinha essa impressão, ela vinha e você baixava a cabeça. Mas depois,
conversava, era de uma inteligência a qualquer prova, ela falava de
qualquer assunto, de qualquer área, dava opiniões, era gostoso falar com
ela. É isso que eu posso falar dela.
Considerações finais
580
documentos desse acervo pessoal, empregando o princípio da proveniência
proposto pela pesquisadora para organização inicial, com o intuito de manter a
disposição dos documentos originais e futuramente escrever a biografia dessa
farmacêutica, e nutricionista, cuja vida profissional esteve entrelaçada com a do
médico, jornalista, cientista e professor Francisco Pompêo do Amaral.
A decisão de considerar o arquivo pessoal de Debble Smaíra Pasotti
como fundo para a classificação inicial do acervo, considerando que este está
emposse da pesquisadora por decisão da família, pode ser alterada no futuro.
Sabe-se que quando se propuser um plano de arranjos para elaborar o
inventário desse acervo pessoal, se ele será mantido como fundo ou não,
dependerá da organização do acervo da instituição de guarda.
O fato de Debble Smaira Pasotti arquivar durante toda a sua vida,
documentos importantes e originais, como rascunhos de correspondências,
relatórios, trabalhos e livros de Francisco Pompêo do Amaral, referentes às
pesquisas que desenvolveram na educação profissional, demonstra que aquela
professora sabia da importância do seu acervo para a pesquisa histórica no
campo da alimentação e nutrição.
Referências Bibliográficas
583
AUTORES:
- Maria Lucia Mendes de Carvalho – Centro Paula Souza – São Paulo – Brasil