Direito Internacional Humanitário
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Direito Internacional Humanitário
RESUMO
RESUMEN
INTRODUÇÃO
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*Karla Laryssa de Castro Pereira é estudante no curso de Direito na UCB- Universidade
Católica de Brasília é aluna da pós-graduação em Docência em Educação Superior na Faculdade União
Araruama de Ensino - UNILAGOS.
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de litígios. Uma vez que o Direito de Haia estabeleceu regras de direito sobre o conflito
armado, é o direito que regulamenta a atuação das operações dos combatentes, direitos e
deveres dos militares envolvidos na conduta de execuções militares e determina os
meios de ferir o adversário (BIERRENBACH, 2011).
O Direito de Haia consta suas regras estabelecidas em suas Convenções de 1899,
mas de natureza igual em algumas normas do Protocolo I adicional às Convenções de
Genebra de agosto de 1949. É o direito baseado essencialmente na Convenção sobre as
leis e os costumes da guerra. Os textos da Convenção de Haia foram emendados na II
Conferência de Paz de Haia, totalizando 13 Convenções referente a leis e costumes dos
conflitos armados (BIERRENBACH, 2011).
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CICV, o qual surgiu em 1862, a partir de Henry Dunant que, com sua solidariedade,
sacrifício e a entrega a atividade humanitarista, priorizou o cuidado para com as vítimas
das guerras; com o apoio do governo helvético (BIERRENBACH, 2011). Segundo
Monica Teresa,
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Esses direitos essenciais, são aqueles em que todo ser humano é assegurado a
dignidade humana, por intermédio da construção histórica. Para Kant, o “homem, e
duma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo”, pois todos os
seres humanos possuem a mesma essência, sendo todos iguais independente de sua
nacionalidade e sua origem cultural.
Amparar os refugiados não se caracteriza apenas como um ato de caridade, mas
uma virtude construída há décadas através de um conceito humanitário. Logo, existem
especificidades pertencente aos direitos do refugiado, sendo somente caracterizada
quando houver violação dos direitos humanos, guerras ou conflitos armados e em um
cenário gerador de refugiados, como ocorre nos Estados que não possuem grande
expressão no âmbito internacional. Assim é dada a concessão de asilo para os
refugiados (JUBILUT, 2007). Consoante Carlos Augusto Fernandes,
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Tradução Livre: O uso da força militar por um estado ou grupo de estados na jurisdição de
outro estado, sem a sua permissão, com o objetivo primário de parar ou evitar abusos flagrantes de
pessoas dentro desse estado que estão sendo perpetrados ou facilitados pelas autoridades de fato de esse
estado.
3
Tradução Livre: No contexto da intervenção humanitária, a necessidade societária relevante é
moralmente definida, mas deve ser acompanhada de um senso de obrigação legal se estados e atores
internacionais se comportarem com razoável previsibilidade ao contemplar o uso da força para fins
humanitários.
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Desta feita, logo após a realização das eleições em 2006, a prioridade sopesada
passou a ser a questão da segurança, o que logrou na contenção da violência
generalizada e garantia da manutenção da segurança alcançada. As operações foram
guiadas por Edmond Mulet – segundo Representante Especial do Secretário-Geral das
Nações Unidas no Haiti- que assumiu esse posto desde maio de 2006 a agosto 2007, e
atuou com vistas à criação e fortalecimento das institution building e da ordem jurídica
(CORBELLINI, 2009).
Destarte, a composição inicial do denominado Core Group, grupo de países
criado quando estabelecido a Força Interina Multinacional, operaram na Missão de
Estabilização das Nações Unidas do Haiti atuando fundamentalmente no sentido da
“manutenção de um ambiente seguro e estável no Haiti, além de realizar trabalhos no
sentido de melhorar as condições de comunicação e infraestrutura, saúde pública e
construção civil do país, tudo por meio de seus contingentes militares”. Depois, com a
autorização da MINUSTAH, o Brasil e a Argentina juntaram-se ao grupo de países que
lideraram a missão (CORBELLINI, 2009, p.122).
É evidente que a participação Brasileira já nos trabalhos preparatórios da
declaração universal dos direitos humanos, mostrava-se em defesa à adoção de garantias
eficazes quanto ao direito tutelado. Deste modo, o país procurou, na organização das
Nações Unidas, exercer coletivamente a sua política externa, o que levou o país a
contribuir com as missões de paz (ARTIAGA, 2012).
Logo no início da Resolução 1529 de 2004, que institui a Força Multinacional
provisória, houve apoio brasileiro em prol da intervenção humanitária, contudo o país
não aceitou participar efetivamente da operação alegando que o Capitulo VII Carta das
Nações Unidas, o qual fundamentava a missão, contraria a tradição da política externa
brasileira, uma vez que existe a imposição da paz e o governo brasileiro declarava-se
contra ao uso da força militar na operação humanitária.
Entretanto, em detrimento da validade da Resolução 1542 - que faz referência ao
Capitulo VII da Carta das Nações Unidas somente no parágrafo 7º, o que indicaria que
apenas esse parágrafo é baseado neste Capitulo, e não toda a Resolução -, o Ministério
das Relações Exteriores em 2004 manifestou sobre a participação brasileira que
ocorreria em decorrência do entendimento da manutenção e estabilização da paz, como
podemos observar:
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prestando zelar pela paz e segurança internacionais e também servir como ferramenta
para a proteção dos direitos humanos (FAGANELLO, 2013).
Neste ponto, a comunidade internacional, Security Council (2004) fundamenta e
analisa a inserção dos direitos humanos como parte integrante das peacekeeping
operations da ONU:
that peace and security, development and human rights are the pillars of the
United Nations system and the foundations for collective security and well-
being. We recognize that development, peace and security and human rights
are interlinked and mutually reinforcing.4
Nesse sentido, impende destacar que os direitos humanos integram, hoje, o core
business das operações de manutenção da paz multidimensionais, tendo sua previsão
expressa nos mandatos do Security Council Resolução 1542, atestando a implementação
no decorrer da MINUSTAH sobre: a proteção de civis; a promoção e proteção dos
direitos humanos, em especial de mulheres e crianças; o monitoramento da situação dos
direitos humanos no país; bem como a investigação de violações desses direitos, entre
outras (FAGANELLO, 2013).
O papel da MINUSTAH em conduzir bons ofícios, em apoio ao Governo
Transitório, designou, naquele momento, uma comissão de 12 membros de diversos
setores da sociedade e de grupos políticos, a fim de promover o diálogo nacional e a
reconciliação, além de a curto prazo a realização de eleições livres e justas, com a
criação do Código de Conduta Ética, que apesar de não ser vinculante, apontava para o
comprometimento de seus signatários (CORBELLINI, 2009).
Assim, logo que eleito em 2006 o presidente René Préval convocou a sociedade
haitiana para participar de debates sobre a realidade do país, de forma a traçar
estratégias para o crescimento do Haiti e para a redução dos níveis de pobreza. De modo
geral, a cena politica se manteve estável desde as eleições presidenciais.
(CORBELLINI, 2009).
Com o restabelecimento de um ambiente seguro, a MINUSTAH programou
projetos de reconstrução do setor de segurança intensificando o papel de prevenção de
crimes praticados por grupos armados.
Aprovada a Resolução 1702 de 2006 pelo Conselho de Segurança, requisitou-se
aos Estados-membros o fornecimento de policiais civis para o treinamento da Policia
4
que a paz e a segurança, o desenvolvimento e os direitos humanos são os pilares
do sistema das Nações Unidas e os alicerces da segurança colectiva e bem-estar. Nós
reconhecemos que o desenvolvimento, a paz e a segurança e os direitos humanos estão
interligados e se reforçam mutuamente
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Hoje, a operação iniciada há 12 anos está em reta final, uma vez que a
MINUSTAH será concluída em outubro de 2016. Desta forma, o Conselho de
Segurança em atenção à manutenção da paz não pulseou a total retirada do efetivo
militar, mas a sua redução até o seu último dia. Porquanto, a capacitação das instituições
haitianas foram fundamentais para que a redução e a eventual retirada da missão
ocorresse sem maiores sobressaltos e perda dos esforços conquistados, além do Brasil
propor manter-se firme no compromisso com a estabilidade, com a segurança e com o
desenvolvimento do Haiti.
A ONU já elaborou já algumas opções para o que deverá ocorrer depois de 2016.
Uma delas poderá envolver o fim do mandato de manutenção da paz e a designação de
um Enviado Especial da ONU. Já em segundo plano, com o término do mandato de
manutenção da paz, a ONU pretende criar uma missão política para apoiar
especificamente a PNH, que agora já tem capacidade de lidar com as necessidades
nacionais de segurança (HAMANN, 2015).
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que desmobilizou ainda mais o povo. Assim, o país que politicamente encontrava-se
instável, ensejava uma possibilidade de guerra civil. Os países vizinhos, preocupados
com a preterição dos direitos sociais e sobre uma possível guerra, buscaram junto à
Comunidade do Caribe - CARICOM um meio de diálogo entre o governo e a oposição.
(CORBELLINI, 2009).
Neste ponto, o ápice da crise política em 2004 sucedeu no ressurgimento de
bandos armados que buscavam derrubar o governo local, o que devido a opressão
acabou acontecendo, Aristide renunciou em fevereiro de 2004. Dessa forma a
intervenção humanitária autorizada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas -
CSNU se fez necessária à medida que a fraqueza estatal e seus resultados mais
pungentes eram catastróficos.
Consequentemente a Organização das Nações Unidas criou, por meio da
resolução 1542 de 2004, a Missão de estabilização das Nações Unidas no Haiti -
MINUSTAH, com fundamento no Capitulo VII da Carta das Nações Unidas, a situação
representava uma ameaça à paz e à segurança internacional.
Noting the existence of challenges to the political, social and economic
stability of Haiti and determining that the situation in Haiti continues to
constitute a threat to international peace and security in the region,
1.Decides to establish the United Nations Stabilization Mission in Haiti
(MINUSTAH), the stabilization force called for in resolution 1529 (2004),
for an initial period of six months, with the intention to renew for further
periods; and requests that authority be transferred from the MIF to
MINUSTAH on 1 June 2004; (SECURITY COUNCIL, 2004).5
5
Notando a existência dos desafios para a estabilidade política, social e econômica
do Haiti e determinar que a situação no Haiti continua a constituir uma ameaça à paz e
segurança internacionais na região,
1.Decide estabelecer a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH),
a força de estabilização exige a Resolução 1529 (2004), por um período inicial de seis meses,
com a intenção de renovar por mais períodos; e solicita que a autoridade ser transferidos a
partir da MIF para a MINUSTAH em 1 de Junho de 2004; (CONSELHO DE SEGURANÇA,
2004).
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A carta das Nações Unidas, conhecida também como carta de São Francisco,
augura evitar que as gerações futuras presenciem a guerra. Nesse sentindo, Corbellini
(2009), corrobora com a percepção de que “a manutenção da paz e da segurança
internacional constituem o primado da ONU, estando suas formas de perpetuação
descritas na Carta, através do que se entende por um sistema de segurança coletiva”.
Trata-se dos artigos 39, segundo o qual cabe ao Conselho de Segurança
determinar a existência de ameaças à paz ou rupturas da paz, ou de atos de
agressão, bem como as medidas que devem ser tomadas frente a essas
situações; 43, que determina que todos os membros da ONU coloquem à
disposição do Conselho de Segurança forças armadas, assistência e recursos
necessários para a manutenção da paz e da segurança internacionais; e 45 que
obriga os Estados-membros da Organização a colocarem seus contingentes
nacionais da força aérea à disposição para ações internacionais onde o uso da
força se faz necessário. (CORBELLINI, 2009, p.61).
Por fim, o autor faz referência aos artigos 23 e 24 da carta, onde consta a
implementação do Conselho de Segurança - que é composto por quinze Estados-
membros da ONU- e a responsabilização deste pela manutenção da paz e a segurança
internacional.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Direito Internacional Humanitário, consiste no fato de proteger os não-
combatentes dos conflitos armados assim como os civis em tempos de guerra, para
reduzir o sofrimento provocado pelo conflito armado. As intervenções humanitárias são
cruciais para evidenciar a proteção do ser humano.
É de extrema importância mencionar no surgimento do DIH, o cidadão suíço que
através de sua indignação e seus registros de uma jornada, o qual se prontificou a ajudar
os envolvidos no conflito armado, devido à ausência da aplicação dos direitos humanos
durante as hostilidades.
Destarte, que a evolução de Direito Internacional Humanitário se dá a evolução
de seu principal órgão patrono o Comitê Internacional da Cruz vermelha. Sua atividade
em benefício das partes que estão envolvidas em guerra, e a referencias de suas
incumbências legais estão previstas nos tratados, assim como nas Convenções de
Genebras, nos Protocolos adicionais e na Convenção de Haia.
É indispensável tratar de DIH faz menção ao Direito dos Refugiados, de modo
que a problemática dos refugiados é um dos temas com um vasto interesse no cenário
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REFERÊNCIAS
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