Apstila de Economia e Sociologia Do Trabalho
Apstila de Economia e Sociologia Do Trabalho
Apstila de Economia e Sociologia Do Trabalho
Sumário
Sociologia do Trabalho
PONTUAÇÃO E EMPREGO 10
POPULAÇÃO OCUPADA 10
TRABALHO PROFISSIONAL E TRABALHO DOMÉSTICO 10
ORIENTAÇÃO, FORMAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 13
DESEMPREGO E SUBEMPREGO 17
A DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO 21
TESTES 59
GABARITO 62
Economia do Trabalho
O MERCADO DE TRABALHO 68
MERCADO DE TRABALHO NO PENSAMENTO ECONÔMICO CLÁSSICO: SMITH,
RICARDO, MARX 68
DEMANDA POR TRABALHO: O MODELO COMPETITIVO E MODELOS NÃO
COMPETITIVOS, AS DECISÕES DE EMPREGO DAS EMPRESAS,
CUSTOS NÃO SALARIAIS, ELASTICIDADES DA DEMANDA 72
OFERTA DE TRABALHO: A DECISÃO DE TRABALHAR E A OPÇÃO RENDA X LAZER,
A CURVA DE OFERTA DE TRABALHO,
ELASTICIDADES DA OFERTA 77
O EQUILÍBRIO NO MERCADO DE TRABALHO NEOCLÁSSICO 80
KEYNES E O PRINCÍPIO DA DEMANDA EFETIVA 81
OS DIFERENCIAIS DE SALÁRIO 83
II
DIFERENCIAÇÃO COMPENSATÍRIA 83
CAPITAL HUMANO: EDUCAÇÃO E TREINAMENTO 83
DISCRIMINAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO 84
SEGMENTAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO 86
DESEMPREGO 89
A TAXA NATURAL DE DESEMPREGO 89
TIPOS DE DESEMPREGO E SUAS CAUSAS 89
SALÁRIO EFICIÊNCIA E MODELOS DE PROCURA DE EMPREGO 90
INSTITUIÇÕES E MERCADO DE TRABALHO. A INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL:
91
POLÍTICA SALARIAL E POLÍTICAS DE EMPREGO 91
ASSISTÊNCIA AO DESEMPREGO 91
MODELOS TRADICIONAIS SOBRE O PAPEL DOS SINDICATOS E MODELO DE
PREFERÊNCIA SALARIAL 93
SINDICATO: MONOPÓLIO BILATERAL E MONOPSÔNIO 93
TESTES 101
GABARITO 102
Pág. 1
CONCEITO DE TRABALHO. O TRABALHO NO PENSAMENTO CLÁSSICO.
Pág. 2
Pág. 3
No sentido que lhe damos modernamente, o trabalho serve para designar uma
atividade assalariada, isto é, em troca de um salário, por conta de um terceiro, de
acordo com a disciplina, formas e horários fixados por aquele que paga o salário, e
visando aos fins que não são escolhidos por quem o exercita. Na sociedade capitalista
contemporânea, os termos "trabalho" e "emprego" passaram a ter o mesmo significado.
Como diz Gorz, fala-se em "procurar trabalho" e "arranjar trabalho" tanto quanto em
"procurar emprego" e "arranjar um emprego".
Pág. 4
Pág. 5
Pág. 6
Pág. 7
Para Freud, "Nenhuma outra técnica para a conduta da vida prende o indivíduo
tão firmemente à realidade quanto a ênfase concedida ao trabalho, pois este, pelo
menos, fornece-lhe um lugar seguro numa parte da realidade, na comunidade humana".
EXPLORAÇÃO E ALIENAÇÃO
Pág. 8
Pág. 9
Pág. 10
PONTUAÇÃO E EMPREGO
POPULAÇÃO OCUPADA
Pág. 11
Pág. 12
Pág. 13
Pág. 14
Pág. 15
Resulta desse rápido exame que as probabilidades para um indivíduo terminar sua
carreira num dado grupo social não independem do grupo social de seu pai: em outras
palavras, as probabilidades que tem o filho do lavrador ou do operário de pertencer
finalmente às classes dirigentes não são iguais às de uma criança nascida no seio
dessas classes. Na medida em que as famílias são responsáveis pela orientação dos
jovens e em que todo o futuro depende da orientação recebida desde a juventude,
percebe-se claramente que essa orientação sofre a influência de fatores alheios aos
próprios indivíduos.
A influência do meio familiar volta a encontrar-se na escola e é sensível até os 14
anos, que é a idade em que normalmente a criança deveria terminar o ensino
fundamental. No entanto, muitas vezes, vemos jovens acima dessa idade que ainda
cursam o ensino fundamental, o que indica certa passividade ou ausência de decisão
dos pais, que vedam, praticamente, aos filhos, o acesso ao ensino médio e, com muito
maior razão, ao ensino superior. Nesses casos, já quase não se encontram entre esses
jovens membros das classes superiores. Se de fato inexiste a impossibilidade teórica
de ingresso, mais tarde, nesses estabelecimentos de ensino, existe uma
impossibilidade de fato. O futuro é fixado demasiado cedo. A diferenciação social que
se esboça explica, em grande parte, a reduzida proporção de filhos de operários ou de
lavradores na universidade.
O início da vida de trabalho é tanto menos freqüente e a continuação dos
estudos ou o início da aprendizagem tanto mais freqüente quanto mais nos elevamos
na hierarquia social ou passamos dos meios rurais para os meios urbanos.
Por outro lado, já se observou, em inúmeras ocasiões, que as crianças de
diversos meios socioeconômicos não alcançam um êxito escolar equivalente, como
também não realizam os mesmos desempenhos num exame psicológico, Embora esse
fenômeno possa dar lugar a várias interpretações, é certo que, na maioria dos casos,
possuindo a mesma inteligência, as crianças das classes elevadas têm o benefício de
um ambiente material e psicológico mais favorável ao seu pleno desenvolvimento, em
contraste com as crianças dos meios menos favorecidos.
As profissões ou grupamentos profissionais, patronais ou estatais, atuam de
muitas maneiras sobre a orientação, já que elas se preocupam com o recrutamento.
Por isso mesmo criaram elas, com essa finalidade, para os diferentes níveis de
qualificação de que precisam, instituições diversas, capazes de assegurar a formação
profissional.
Os poderes públicos só intervêm nesse domínio para assegurar o respeito aos
regulamentos vigentes sobre a aprendizagem ou o trabalho dos jovens. Em todo o
caso, um número considerável de crianças é orientado, ou mesmo levado, para
profissões bem determinadas, sem estar, por isso, especialmente apto a exercê-las. A
pergunta que fica é: esse sistema de recrutamento não desenvolve, em muitos pais e
filhos, a não ser nos que manifestam dotes excepcionais, ou dão mostras de grande
força de caráter, uma certa passividade: por que buscar a melhor solução, quando se
oferece uma solução pronta?
Em muitos sentidos, a seleção é inseparável da orientação e da colocação. A
orientação perfeita comporta seleção, pela escolha do caminho a seguir e pelo
prognóstico formulado sobre as capacidades futuras em função das aptidões presentes.
A seleção intervém também, mais tarde, na vida dos indivíduos, quando se trata de
escolher entre os candidatos que seguiram o mesmo caminho, de emendar a
orientação inicial, e até de reorientar.
Os mecanismos que presidem à orientação e à colocação são, muitas vezes,
ainda empíricos, mesmo que os processos de seleção no momento da colocação
estejam, às vezes, mais adiantados que os da orientação inicial. A desigualdade social
é muito acentuada; apesar da gratuidade do ensino fundamental, as crianças oriundas
das diferentes classes não têm possibilidades iguais de ascender ao ensino médio ou
técnico e, com maior razão, ao ensino superior. Em conseqüência, não podem adquirir
a mesma qualificação. As aspirações dos pais, e até dos jovens adolescentes, não são
igualmente despertadas nas diversas categorias sociais, e hábitos culturais ou certa
ambiência psicológica pesam ainda, não raro, tanto quanto obstáculos materiais ou
pecuniários, que elas não se esforçam por afastar. Também não é certo, enfim, que os
próprios indivíduos aproveitem essa situação, muito embora, em grande parte, a
iniciativa lhes pertença.
Pág. 16
As coisas, no entanto, não são simples e é necessário precisar que, a cada falha,
corresponde uma dificuldade particular, que obsta e resiste a uma organização melhor.
Um dos principais obstáculos diz respeito ao caráter móvel da distribuição
profissional, que não pára de modificar-se, e o progresso técnico acarreta mudanças
incessantes de estrutura. A situação atual pode ser modificada amanhã, em parte, pelo
lançamento de novas fabricações, embora seja hoje necessário orientar as crianças ou
adolescentes para determinados estudos, determinada formação ou determinado ofício.
Por outro lado, as modificações na distribuição profissional, ainda que se realizem, em
certos setores, segundo uma tendência contínua, não ocorrem em ritmo constante.
Uma crise ou uma queda nas vendas, em um setor, acarreta, às vezes, uma redução da
produção e, portanto, da mão-de-obra nesse setor, fazendo com que os homens
formados em determinada atividade encontrem-se, de repente, sem emprego. A
orientação, assim, tem de enfrentar uma situação cujos dados se desconhecem, no
momento em que intervêm as decisões, e, além disso, deve ser suficientemente flexível
para que os indivíduos conservem ou adquiram uma espécie de aptidão para a
mudança.
A defasagem no tempo será ainda maior se pensarmos nos professores, muitas
vezes formados há quinze ou vinte anos atrás. Pela própria força das coisas, eles
tendem a manter as estruturas existentes ou até a encarar as questões de orientação
com os olhos mais voltados para o passado que para o futuro.
Adiciona-se a isso a resistência à mudança de lugar. Deslocar os homens é,
geralmente, mais difícil que deslocar as coisas, de tal maneira estão eles presos aos
seus hábitos e a sua paisagem familiar. Apesar de existirem vastas correntes de
mobilidade espontânea, as deslocações de mão-de-obra propendem, cada vez mais, a
ser organizadas e dirigidas. Elas esbarram, então, na inércia dos homens, e os planos
de reorganização do território se inclinam, de preferência, a implantar indústrias nos
locais em que existe mão-de-obra disponível. Em certas regiões, contudo, é grande a
dificuldade de orientar os jovens para atividades que lhes seriam convenientes, quando
as perspectivas locais são reduzidas.
Um dos mais temíveis obstáculos está ligado à estratificação social. Cada grupo,
cada meio, procura perpetuar-se, sobretudo quando ocupa uma posição vantajosa. A
escolha da orientação e do ofício ainda se acha sob a dependência do meio social.
Ainda que os princípios e instituições sejam igualitários, a situação dos pais, na
verdade, favorece uns, desfavorece outros e empurra alguns em direções bem
definidas, que permanecem inacessíveis aos demais.
Assim, a dificuldade da previsão das estruturas profissionais do futuro, a
viscosidade da mão-de-obra, a resistência à mudança, o conservantismo inerente às
classes favorecidas, constituem elementos do que se poderia denominar a inércia
social, contra a qual tropeça a organização de um sistema mais racional de orientação.
Existem diferentes tipos de definições da atividade de trabalho. Em primeiro
lugar, as definições legais ou oficiais; em seguida, as que se podem chamar de
correntes, tais e quais se empregam nos meios de larga extensão, as locais (quer no
plano da empresa ou do ramo industrial, quer de acordo com a localização geográfica).
Finalmente, temos definições sociológicas elaboradas.
Tradicionalmente, o ofício subentendia um conjunto de capacidades técnicas
individuais de trabalho, o que é ainda seu sentido fundamental. A divisão social do
trabalho respeitava a autonomia dos ofícios. Aos poucos, porém, a fragmentação das
tarefas tornou o trabalho de um cada vez mais solidário com o trabalho do outro,
complementando-o, de sorte que a tarefa profissional assumiu um cunho coletivo:
primeiro no plano da equipe e da oficina, em seguida no plano do estabelecimento.
Assim, as atividades coletivas, isto é, o conjunto das tarefas, profissões e ofícios
reunidos no mesmo estabelecimento, predominam cada vez mais sobre as atividades
individuais. Finalmente, a característica profissional do trabalhador está mais ligada à
natureza do estabelecimento do que as suas capacidades pessoais.
Por outro lado, a forma do emprego continua a ser condicionada pelas formas
técnicas do trabalho, tanto do ponto de vista das ferramentas e máquinas utilizadas
quanto do ponto de vista das condições locais de trabalho. Duas tendências,
aparentemente contraditórias, manifestam-se nesse sentido.
Pág. 17
DESEMPREGO E SUBEMPREGO
Pág. 18
Subemprego
O subemprego pode ser dividido em: a) subemprego visível, que ocorre quando
existem trabalhadores que poderiam e gostariam de trabalhar mais horas por dia, mas
que não conseguem encontrar quem os contrate para tal. Exemplo: pessoa em trabalho
de meio expediente, que gostaria de trabalhar o dia todo; b) subemprego encoberto.
Este tipo ocorre quando há trabalhadores ocupados em tempo integral, que poderiam
ser dispensados sem afetar a produção das empresas (caso estas organizassem
melhor sua produção). O subemprego é dito encoberto porque, às vezes, o próprio
trabalhador não se dá conta de que está sendo subutilizado; c) subemprego potencial.
Significa a quantidade de trabalhadores que poderia ser desnecessária, caso houvesse
mudanças na base tecnológica das atividades produtivas da economia (difere do
subemprego encoberto, em que uma organização mais eficiente do capital e do
trabalho poderia tornar desnecessária a presença do trabalhador), isto é, a introdução
de máquinas modernas etc.
Levi Bucalem Ferrari, em um artigo denominado Revolução tecnológica e
Estado, afirma:
Alguns documentos da ONU que circularam na Conferência Mundial de Direitos
Humanos (Viena, junho de 1993) registram um novo fenômeno na economia mundial:
apesar do crescimento acelerado de muitos países, a taxa de emprego está cada vez
menor, aumentando a perspectiva de tensão social e política. Este fenômeno batizado
de "crescimento sem emprego" tem provocado pânico nos países industrializados. A
Europa possui hoje 22 milhões de desempregados, sendo que mais da metade deles
não encontra emprego há mais de um ano. Entre 1960 e 1987, França, Alemanha e
Inglaterra duplicaram suas economias, mas reduziram as taxas de emprego. Ainda
segundo a ONU, nos países mais pobres este tipo de desemprego assume aspectos
devastadores. No mundo há cerca de 700 milhões de adultos desempregados ou
subempregados. E esse número está aumentando rapidamente, mesmo nos países
que retomam o crescimento.
O fato é que estas constatações derrubam a crença segundo a qual crescimento
é sinônimo de emprego, e este de bem-estar social. Deixando de lado a última
afirmação, a qual já se provou falsa, uma vez que em alguns países, entre os quais o
Brasil, não ocorreu a distribuição dos benefícios do crescimento, resta entender a
primeira. Esta exige explicações um pouco mais elaboradas.
Pág. 19
Pág. 20
Pág. 21
Pág. 22
Pág. 23
Todavia, trata-se sempre de tarefas manuais. Percebe-se aí o que a lógica das três
circunstâncias legou: habilidade degradada em rapidez de gestos elementares;
repetição cíclica de gestos estereotipados; manipulação e direção de máquinas cada
vez mais complexas, produtivas e possantes. O elemento mais simples do trabalho
assim subdividido tornou-se o posto. Ao final dessa evolução, o trabalho está reduzido a
parcelas, cada operário repetindo indefinidamente um número limitado de gestos tão
estreitamente codificados quanto possível.
A oficina, ou a equipe de trabalho na oficina, apresenta-se inicialmente como
grandeza aditiva, acumulação de postos diferentes, porém descontínuos, reunidos em
espaços cada vez mais vastos, em que se distribui o parque de máquinas-ferramentas
sem preocupação imediata das ligações funcionais. O trabalho na linha de montagem
só modifica essa estrutura do ponto de vista da mobilidade: o objeto desfila diante de
uma série de postos estáveis; pode-se efetuar aí, de maneira contínua, uma sucessão
de operações, mas cada operação continua sendo do tipo parcelar e repetitivo de
andamento rápido. Todavia, assim se introduz o princípio da seqüência num conjunto de
trabalhos. Associado ao crescente automatismo das operações efetuadas pelas
máquinas e ao custo crescente das próprias máquinas, esse princípio conduziria, aos
poucos, a uma nova forma de distribuição de tarefas, ligada à integração das máquinas
e das tarefas. O sistema de trabalho integrado, diz J. Diebold, "tem uma significação
revolucionária e implica uma mudança fundamental na maneira pela qual os homens
vêm trabalhando há dois séculos. Entra em conflito direto com o próprio conceito de
divisão do trabalho, chave da organização do trabalho desde a época da manufatura de
alfinetes de Adam Smith até a da linha de produção de um avião a jato".
Da equipe aditiva, passamos à equipe cumulativa e integrada. A divisão das
tarefas não passa, então, da fórmula de uma simples separação entre operações
diretas e manuais. Mais do que de uma divisão, trata-se de uma distribuição de funções
comandada pela estrutura em linha das máquinas automáticas. Integrada, essa
distribuição de funções supõe um novo tipo de cooperação. As funções integradas já
não se coadunam com a descontinuidade das tarefas, nem nas máquinas nem entre os
homens. O trabalho deixa de ser parcelar no sentido antigo da palavra. Melhor dizendo,
torna-se funcionalmente elementar. A solidariedade de todos os momentos do sistema
mecânico integrado dá origem à cooperação de novas funções elementares, que se
destacam das operações humanas de fabricação direta: elas se modelam doravante
pelas operações funcionais das maquinarias ou, mais precisamente, pelo seu controle.
Modificando as formas da divisão do trabalho, essa evolução outra coisa não fez
que valorizar ainda mais a função de comunicação, já assinalada no século XVIII. A
comunicação entre as diferentes parcelas descontínuas de um processo de trabalho
tornou-se comunicação ininterrupta entre todas as fases do trabalho. Além disso, essa
comunicação se desdobra: a que rege o sistema mecânico já não coincide com a que
integra os homens. Porém, são duas manifestações do mesmo processo.
A evolução técnica origina a integração e a unificação crescentes da empresa. A
organização do trabalho marca o momento essencial da evolução. Enquanto as
condições econômicas e técnicas da produção não nos permitirem prever a natureza
exata e a quantidade das fabricações, a organização se reduzirá à distribuição do
trabalho entre operários ou equipes, capazes de adaptar-se a tarefas variadas, capazes
sobretudo de organizarem o próprio trabalho, ou seja, de escolher as ferramentas, os
métodos, os gestos apropriados. Nessas condições, a empresa não tem unidade real,
não é mais que a coexistência de dois mundos: o da fabricação, em que o operário
qualificado possui ampla autonomia de decisão, e o da gestão, inteiramente reservado,
na quase totalidade dos casos, à iniciativa patronal. O empresário encontra-se, assim,
em posição economicamente dominante em relação aos trabalhadores manuais, que
ele emprega e de cujo trabalho retira seu lucro. Mas os operários, por sua vez, têm
larga autonomia profissional, que se traduz, ao menos para os mais qualificados, por
uma liberdade muito grande em relação à empresa, por possibilidades de mobilidade
geográfica que mostram que ele transporta consigo uma qualificação que não depende
dos caracteres particulares da empresa que o emprega.
Pág. 24
Pág. 25
Esse método visa o aumento de produtividade com economia de tempo, suprime gestos
desnecessários e comportamentos supérfluos no interior do processo produtivo. O
sistema implantado nos EUA logrou grande sucesso. Foi, logo, extrapolado para as
fábricas, atingindo outros tipos de empresa: os esportes, a medicina, a escola, e até a
atividade de dona de casa. Para Taylor o trabalhador é "indolente", gosta de fazer cera
e usa os movimentos de forma inadequada. São criados gerentes especializados em
treinar operários, usando cronômetro e vigiando-os no desempenho de suas funções,
Taylor tentava convencer os operários das vantagens de sua metodologia, que seria
para o seu próprio bem, pois que o aumento de produtividade reverteria em favor deles.
O Taylorismo substituiu as formas de coação direta visíveis, de violência direta,
pessoal, a exemplo de feitor de escravos. Valem de critérios subterfúgios que torna o
trabalhador dócil e submisso. Retira qualquer iniciativa do operário que cumpre ordem.
Cria a possibilidade de introdução da norma, cuja figura exemplar é o operário-padrão.
Segundo Proença, ainda muito jovem Taylor preocupou-se com o esbanjamento
de tempo, que significava para ele o tempo morto na produção. Assim sendo, ele iniciou
uma análise racional, do tipo cartesiana, por meio da cronometragem de cada fase do
trabalho, eliminado os movimentos muito longos e inúteis. Desta forma, conseguiu
dobrar a produção. Infelizmente, este método, bastante lógico do ponto de vista técnico,
ignorava os efeitos da fadiga e os aspectos humanos, psicológicos e fisiológicos, das
condições de trabalho.
A cronometragem definiu para cada operário um trabalho elementar,
desinteressante, uma vez que era parcelado, e que deveria ser realizado dentro de um
tempo previsto pelos engenheiros.
Taylor observava existir uma grande variedade de modos de operação e de
ferramentas para cada atividade, considerando que os trabalhadores eram incapazes
de determinar os melhores, por falta de instrução e/ou capacidade mental. Ao mesmo
tempo, acreditava que os mesmos tinham uma certa indolência, natural ou
premeditada, na execução de suas tarefas. Enfatizava, assim, ser de vital importância a
gerência exercer um controle real sobre o processo de trabalho, o que só poderia ser
feito na medida em que a mesma dominasse o seu conteúdo, o procedimento do
trabalhador no ato de produzir.
Fleury, a partir dos textos de Taylor, relaciona as hipóteses operativas para a
estruturação do trabalho dentro do esquema citado anteriormente como sendo:
- "Existe uma maneira ótima de realizar uma tarefa, para obtê-la deve-se
examinar a realidade de uma forma científica".
- "É necessário separar o planejamento da execução do trabalho".
- "Deve-se promover a seleção do melhor operário para cada tarefa,
promovendo-se o seu treinamento e o seu desenvolvimento, substituindo-se o hábito
corrente de deixá-lo escolher o seu próprio trabalho e de treinar da maneira que for
capaz".
- "Todo trabalhador procura maximizar seus ganhos monetários".
- "Deve-se evitar a formação de grupos de trabalho".
Enfim, Taylor reduziu o homem a gestos e movimentos, sem capacidade de
desenvolver atividades mentais, que depois de uma aprendizagem rápida, funcionava
como uma máquina. O homem, para Taylor, podia ser programado, sem possibilidades
de alterações, em função da experiência, das condicionantes ambientais, técnicas e
organizacionais (Noulin). A redução do trabalho mental também é enfatizada na medida
em que a superespecialização da tarefa levou a simplificação do trabalho a um nível
elevado, desprovendo o indivíduo de sua capacidade pensante (Dallagnelo).
Visando obter maior intensidade no processo de trabalho, Henry Ford retoma e
desenvolve o taylorismo através de dois princípios complementares. Os mesmos são
definidos pela integração, por meio de esteiras ou trilhos dos diversos segmentos do
processo de trabalho, assegurando o deslocamento das matérias primas em
transformação; e pela fixação dos trabalhadores em seus postos de trabalho.
Pág. 26
Deste modo, é garantida que a cadência de trabalho passa a ser regulada de maneira
mecânica e externa ao trabalhador, é a regulação do trabalho coletivo.
No Fordismo, a segmentação dos gestos do taylorismo torna-se a segmentação
das tarefas, o número dos postos de trabalho é multiplicado, cada um recobrindo o
menor número de atividades possíveis. Fala-se, então, de uma parcelização do trabalho
que se desenvolverá igualmente no setor administrativo.
O sistema taylorista-fordista percebe as organizações como máquinas e
administrá-las significa fixar metas e estabelecer formas de atingi-Ias; organizar tudo de
forma racional, clara e eficiente, detalhar todas as tarefas e principalmente, controlar,
controlar,... .
Pág. 27
Pág. 28
Pág. 29
Pág. 30
Uma sociedade do tempo livre pode existir potencialmente, mas não como fruto
automático do capital. Poder-se-ia dizer que a automação, sob o capital, abole
negativamente a forma antiga de produção, pois nega e conserva a exploração da força
de trabalho; elimina progressivamente o tempo social necessário à reprodução da força
de trabalho, mas simultaneamente aumenta a jornada de trabalho, elimina empregos e
impede o avanço das forças produtivas.
Sob o socialismo a abolição positiva da antiga forma de produção combinaria a
redistribuição eqüitativa do trabalho à redução da jornada. Do ponto de vista teórico, as
abolições positiva e a negativa se referem, respectivamente, a uma etapa de transição
ao comunismo e a uma etapa superior do capitalismo como resultado da abolição
(Aufhebung abolição e conservação). Dessa forma, Marx via que o sistema de crédito,
por exemplo, esboçava duas possibilidades:
1. as fábricas cooperativas de trabalhadores, onde esses eram os seus próprios
"capitalistas" (isso, mesmo com os defeitos anteriores, seria o gérmen do "modo de
produção associado");
2. as empresas capitalistas por ações, que também eram uma ruptura com a
forma antiga de produção e um índice da possibilidade de superação do capital, mas,
nesse caso, essa figura antitética (apropriação da riqueza social por poucos) é abolida
negativamente e engendra crises, enquanto naquele é abolida positivamente.
Essa é a análise de Marx aplicada ao papel do crédito na produção capitalista e
que fornece o método para avaliar as contradições do presente.
I. As contradições do processo
Pág. 31
Pág. 32
Pág. 33
Pág. 34
Pág. 35
Pág. 36
Pág. 37
Ellul declarou que "não pode haver autonomia humana em face da autonomia
tecnológica". Ele insistia que a autonomia tecnológica reduz a existência humana a
"uma lesma dentro de uma fenda". Críticos desta definição de autonomia tecnológica
argumentam que a tecnologia é moldada pela sociedade e é sujeita ao controle
humano.
Neil Postman relaciona a noção de autonomia tecnológica com algo próximo à
"um método para fazer alguma coisa passa a ser a razão para fazer algo". Referindo-se
ao comportamento humano padronizado e ao que ele chama de "tecnologia invisível"
da linguagem assim como das máquinas, Postman argumenta que "Técnica (máquina),
como qualquer outra tecnologia, tende a funcionar independentemente do sistema a
que serve. Ela se torna autônoma, da maneira como um robô que obedece seu mestre
não por muito tempo".
Da mesma forma, ele define "A Síndrome de Frankenstein: o homem cria uma
máquina para um propósito particular e limitado. Mas assim que a máquina é
construída, nós descobrimos, sempre para nossa surpresa, que ela tem idéias próprias;
que ela é capaz não só de mudar nossos hábitos mas... de mudar nossos hábitos
mentais". Embora Postman negue que "os efeitos da tecnologia" são sempre
inevitáveis, ele insiste que "eles são sempre imprevisíveis".
Na defesa do controle humano sobre a tecnologia, Seymour Melman observa
que, nos tempos modernos, "não há uma única opção tecnológica. Há várias opções".
Uma tecnologia não cria ou se transforma por si própria. "A tecnologia realmente não
pode determinar a si mesma". A socióloga Ruth Finnegan complementa dizendo que "o
meio por si mesmo não pode dar origem a conseqüências sociais - ela deve ser usada".
A mera existência de uma tecnologia não leva inevitavelmente ao seu uso.
Raymond Williams argumenta que o Determinismo é um processo social real,
mas nunca um controle supremo, uma previsão total de causas. Ao contrário, a
realidade do Determinismo é o estabelecimento de limites e de exposição de forças
pelas quais as práticas sociais são profundamente afetadas, mas não necessariamente
controladas.
Deve-se pensar no Determinismo não como uma força isolada, ou forças
abstratas, mas como um processo em que reais fatores determinantes - a distribuição
do poder ou do capital, herança social e física, relações entre grupos - estabelece
limites e expõe forças, mas nem controla ou prediz totalmente o surgimento de
atividades complexas com estes ou aqueles limites, e sob ou contra estas forças"
(Raymond Williams).
Alguns estudiosos argumentam que a dominação realmente existe no controle
humano da tecnologia, embora ela deva ser mais social que tecnológica, e as
conseqüências do uso da tecnologia não são sempre intencionais, mas que o homem
ainda deve ter considerável liberdade de escolha no uso e controle da tecnologia.
Estudos de contextos sociais particulares realizados por historiadores,
antropólogos e sociólogos sugerem que as transformações sociais são muito
complexas e sutis para ser explicadas somente sob o prisma das mudanças nos meios
de comunicação. Grandes teorias ignoram a importância dos contextos sociais e
históricos. Mudanças sociais envolvem interações entre forças culturais, econômicas e
sociais, bem como influências científicas e tecnológicas. Jonathan Benthall argumenta
que uma completa análise histórica de qualquer tecnologia deve estudar a ação
recíproca entre fatores técnicos e sociais. Como observaram MacKenzie e Wajcman, "A
caracterização de uma sociedade leva a maior parte na decisão de quais tecnologias
são adotadas".
Num forte contraste com o Determinismo de Marshall McLuhan, que afirma que
"o meio molda e controla o grau e forma das ações e associações humanas", o
sociólogo Stuart Hall afirma que "os meios reproduzem a estrutura de dominação e
subordinação que caracteriza o sistema social como um todo".
Para esta corrente de idéias, alguns estudiosos usam o termo
"superdeterminação", que significa que um fenômeno pode ser atribuído a vários fatores
determinantes.
Pág. 38
A Concentração Econômica
Pág. 39
O Controle da Indústria
Pág. 40
Gestão e Decisão
Pág. 41
Pág. 42
VALORES E ATITUDES
OS VALORES DO TRABALHO
Pág. 43
Pág. 44
Pág. 45
Diz-se que se o trabalho é mais físico do que o dos outros, é porque não são capazes
de outra coisa, tem inteligência menos desenvolvida. No plano social, portanto, é
natural que se mantenham a distância - eles não têm materialmente necessidade de
luxo; politicamente, também devem ser guiados.
Encontramos no fundo dessas idéias o desprezo das sociedades antigas pelo
trabalho. De fato, essa era a explicação que as camadas superiores davam para seus
privilégios, a fim de legitimá-los aos próprios olhos e aos olhos da massa. Platão deu a
versão mais perfeita dessa atitude. A forma das ideologias dominantes mudou, mas sua
essência permanece imutável. Platão explica o papel superior dos seres bem-nascidos,
feitos para se elevarem, pela força do espírito, à esfera das idéias, onde se encontram
as verdades que devem guiar o governo dos homens. Os outros indivíduos não têm
essa faculdade. A alguns, no entanto, couberam por sorte virtudes de caráter que os
tornam auxiliares designados da classe espiritual e governante. Trata-se dos
administradores, dos que promovem a execução, pela massa, do programa nascido da
inspiração dos chefes. Sendo grosseiras as tarefas de produção e troca, a razão
suprema criou para executá-las seres espessos e rudes. A justiça consiste em
conservá-los no seu papel, pois assim serão felizes ou, quando não, menos infelizes.
Como quer que seja, dessa maneira a sociedade toda, bem equilibrada, bem dirigida,
se aproxima da perfeição, fazendo que todos os seus membros, consciente ou
inconscientemente, participem da harmonia universal. Uma espécie de graça se
difunde, então, sobre eles, até o último. Em caso contrário, se os melhores se virem na
impossibilidade de agir como sentem que devem fazê-lo, sobrevém o caos, a derrocada
na bestialidade.
Se a explicação mudou de direção, a razão e que já não podemos, em nosso
tempo, falar sem precaução do caráter vil das atividades de tipo operário e das classes
operárias. Essa afirmação parece chocante, contrária ao espírito dos tempos presentes.
Ela esbarra, no homem moderno, em convicções muito vigorosamente arraigadas,
relativas à dignidade de todo trabalho honesto. Tais convicções são tanto mais fortes e
difundidas quanto mais avançada é a promoção humana e política das camadas
laboriosas. Mas se se reconhece, em princípio, que todo trabalho possui a mesma
dignidade, falta ainda muito para que a equivalência dos status tenha sido realizada.
Fizemos a divisão entre atividades manuais e não-manuais. Em cada esfera se
constatam, em seguida, diferenças na qualidade do trabalho: trabalho qualificado e não-
qualificado, tarefas subalternas de escritório e funções de comando, direção de
negócios, finalmente funções puramente intelectuais. Todas essas classificações voltam
a julgar o valor em si de cada forma de trabalho, pelo menos como voltam a analisar as
relações hierárquicas efetivas que se manifestam na vida profissional.
Em cada nível da hierarquia das condições sociais, fazem-se referências, na
prática, às diferenças na qualidade do trabalho para defender certos interesses. Os
operários qualificados entendem que o caráter da sua atividade legitima vantagens em
relação aos trabalhadores manuais. Os empregados não querem ser tratados como
operários: a sua atividade não-manual lhes dá direito a certa respeitabilidade, obriga-os
a certo modo de vida, Mas esses raciocínios permanecem como que localizados e já
não se desenvolvem numa explicação geral das desigualdades sociais com referência à
desigualdade do valor do trabalho e dos homens.
Na verdade, para chegarmos a uma explicação satisfatória, temos que renunciar
às teses que tendem a justificar a posse de certas vantagens com referência a uma
relação indemonstrável entre a essência de cada espécie de trabalho e o valor de cada
espécie de trabalhador, e encarar a sociedade em si mesma, como um todo com os
seus mecanismos próprios, em virtude dos quais os bens e o status são distribuídos, de
certo modo, pelo jogo das relações de força existentes entre os grupos. Em outras
palavras, é necessário passar das explicações morais - recorrendo à natureza dos
indivíduos e de suas atividades, assim como aos direitos que dela lhes advém - às
explicações sociológicas, Pelo menos enquanto se faz a análise dos mecanismos
sociais de fato: os problemas morais reaparecem quando se trata de saber que estado
poderia ser mais eqüitativo do que aquele que se conhece.
Pág. 46
Pág. 47
Pág. 48
PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO
Pág. 49
A abordagem de Dejours
Pág. 50
Pág. 51
Pág. 52
O MOVIMENTO OPERÁRIO
Pág. 53
Pág. 54
Greve e conflitos trabalhistas
Pág. 55
Pág. 56
Pág. 57
Pág. 58
Todos esses esforços não foram suficientes para produzir uma mudança
significativa na vida material do conjunto da classe trabalhadora no final dos anos 20. A
legislação aprovada quase nunca era aplicada. Isso ocorria, entre outras razões,
porque o movimento operário encontrava-se ainda limitado e restrito a alguns poucos
centros urbanos. Apesar disso, não se pode deixar de reconhecer que foi na década de
1920 que o movimento operário brasileiro ganhou maior legitimidade entre os próprios
trabalhadores e a sociedade mais ampla e começou a se transformar em um ator
político que iria atuar com maior desenvoltura nas décadas seguintes.
A década de 80 representou um momento particularmente ativo para o novo
sindicalismo brasileiro, emergido após décadas de repressão política institucionalizada.
Houve uma expansão do movimento grevista, aumento dos índices de sindicalização e
do número de sindicatos, inclusive no campo, e o nascimento das centrais sindicais.
No Brasil, as correntes de pensamento sindical historicamente mais importantes
podem ser identificadas através de suas principais centrais sindicais: a) a Central única
dos Trabalhadores (CUT), fundada em 1983, a partir de uma perspectiva mais crítica,
com traços anticapitalistas e socialistas; b) a Força Sindical, fundada em 1991, como
representante da onda liberal-conservadora que acompanha os ventos da
reestruturação produtiva; e c) a Confederação Geral dos Trabalhadores, composta por
remanescentes do tradicional sindicalismo da era Vargas.
Pág. 59 a 62
Pág. 63
Pág. 64
Desempregados
SITUAÇÃO DO INDIVÍDUO
Não trabalhou e procurou trabalho na semana
CLASSIFICAÇÃO PED
Desemprego Aberto
CLASSIFICAÇÃO PME
Desemprego Aberto
SITUAÇÃO DO INDIVÍDUO
Sem trabalho e procura na semana, mas com procura de trabalho nos últimos trinta
dias
CLASSIFICAÇÃO PED
Desemprego Aberto
CLASSIFICAÇÃO PME
Inativo
SITUAÇÃO DO INDIVÍDUO
Sem trabalho na semana e sem procura nos últimos trinta dias, mas com procura nos
últimos doze meses
CLASSIFICAÇÃO PED
Desemprego Oculto pelo Desalento
CLASSIFICAÇÃO PME
Inativo
SITUAÇÃO DO INDIVÍDUO
Com procura de trabalho combinada à realização de trabalho irregular nos últimos trinta
dias
CLASSIFICAÇÃO PED
Desemprego Oculto pelo Trabalho Precário
CLASSIFICAÇÃO PME
Ocupado, se trabalhou na semana, ou inativo, se não trabalhou na semana
SITUAÇÃO DO INDIVÍDUO
Sem procura de trabalho nos últimos trinta dias, com procura nos últimos doze meses e
realização simultânea de trabalho irregular, inclusive nos últimos trinta dias
CLASSIFICAÇÃO PED
Desemprego Oculto pelo Trabalho Precário
CLASSIFICAÇÃO PME
Ocupado, se trabalhou na semana, ou inativo, se não trabalhou na semana
SITUAÇÃO DO INDIVÍDUO
Com trabalho exercido em caráter excepcional nos últimos trinta dias e sem procura de
trabalho
CLASSIFICAÇÃO PED
Inativo com Trabalho Excepcional
CLASSIFICAÇÃO PME
Ocupado, se trabalhou na semana, ou inativo, se não trabalhou na semana
SITUAÇÃO DO INDIVÍDUO
Com trabalho não-remunerado de ajuda a negócios de parentes na semana e sem
procura de trabalho
CLASSIFICAÇÃO PED
Ocupado
CLASSIFICAÇÃO PME
Ocupado, se trabalhou quinze horas ou mais na semana, e inativo, se a jornada foi
inferior.
SITUAÇÃO DO INDIVÍDUO
Com trabalho não-remunerado em organizações beneficentes na semana e sem
procura de trabalho
CLASSIFICAÇÃO PED
Inativo
CLASSIFICAÇÃO PME
Ocupado
SITUAÇÃO DO INDIVÍDUO
Não trabalhou na semana porque está “encostado na caixa” há mais de quinze dias
CLASSIFICAÇÃO PED
Inativo
CLASSIFICAÇÃO PME
Ocupado
Pág. 65
Subempregados
ROTATIVIDADE DA MÃO-DE-OBRA
Na atual conjuntura econômica - com uma concorrência cada vez mais acirrada -
as organizações reservam uma atenção especial aos seus custos de produção, já que
precisam manter um poder competitivo para poder sobreviver. Um dos componentes
mais significativos dos custos de produção é, indubitavelmente, a mão-de-obra, onde
podem ser encontrados diversos fatores problemáticos, dentre os quais ressaltam-se o
absenteísmo e a rotatividade.
Chama-se de absenteísmo ou absentismo a falta de assiduidade ao trabalho,
enquanto que a rotatividade ou turnover caracteriza-se pelo número de saídas e
entradas de trabalhadores nas organizações. A rotatividade da mão-de-obra (labor
turnover) é medida pela diferença entre admissões e demissões ocorridas em um mês,
em relação ao estoque de empregados.
O absenteísmo e a rotatividade têm colaborado muito para reduzir, além da
produtividade, os níveis de qualidade de vida no trabalho em organizações
empresariais. Suas causas são diversas, mas as precárias condições dos postos de
trabalho e dos ambientes onde são realizadas as tarefas têm sido responsável por uma
parcela significativa destes índices,
Nas organizações de pequeno porte, este quadro se agrava já que, na maioria
dos casos, estas empresas têm orçamentos apertados e que não possibilitam
investimentos vultosos em melhorias, assim como os micro e pequenos empresários
não têm acesso a um conhecimento técnico que lhes chame a atenção para a
importância da manutenção de postos de trabalho saudáveis em suas organizações.
Numa pesquisa realizada para estudar a relação entre as más condições dos
ambientes físicos de trabalho e o problema da rotatividade em organizações de
pequeno porte, chegou-se à conclusão de que os níveis de absenteísmo e rotatividade
variam significativamente de acordo com a organização, com sua administração e com
o tipo de atividade desenvolvida. Com os avanços tecnológicos, o conteúdo das tarefas
vem sendo modificado. O momento macroeconômico que o país vive atualmente, com
os altos índices de desemprego e subemprego, faz com que os trabalhadores estejam
cada vez mais temerosos de perderem seus empregos, e apesar das más condições
nos ambientes físicos de muitas empresas, eles faltam pouco ao trabalho. Estes
trabalhadores sabem que têm muitos desempregados batendo à porta da empresa
querendo ocupar suas vagas, nas condições que forem. Nesta situação, muitos
trabalham doentes, e sua produtividade cai. A rotatividade aumenta, na medida que é
fácil encontrar substitutos no mercado, mas que precisam ser treinados e levam tempo
para se adaptar, o que traz custos à organização.
Pág. 66
Onde:
TR = taxa de rotatividade do mês t,
A(t) = total de admissões no mês t
D(t) = total de desligamentos no mês t
E(t) = total de empregos no 1.° dia do mês
- Taxa de Emprego - procura medir o percentual da PEA que está ocupada
(empregada):
Pág. 68
O MERCADO DE TRABALHO
Pág. 69
Pág. 70
A Renda
O Salário
O preço natural não é constante, varia de acordo com o caso específico dos
países, das épocas, ou seja, depende do ambiente em que se esteja inserido. Este
preço tende a elevar-se (tomemos em consideração por exemplo, o fato de o bem-estar
passar a incluir objetos que antes eram considerados de luxo e que, com o progresso
tecnológico e principalmente social, se tornam mais baratos e essenciais).
Duas situações podem ocorrer:
Se o preço de mercado for maior que o preço natural, existirá a tendência a viver
melhor, e com mais condições de vida, Este fato levará a uma tendência para uma
maior reprodução. Com a reprodução subirá a população. Essa subida da população
levará a um aumento do número de trabalhadores (um aumento da procura de trabalho)
e, conseqüentemente, os salários praticados acabarão por descer para o nível do preço
natural.
Pág. 71
Pág. 72
Para Marx existe uma apropriação do fruto do trabalho que, contudo, não pode
ser considerado um roubo pelo capitalista, porque, ao fim e ao cabo, o trabalhador está
sendo pago para fazer aquele trabalho.
O valor é formado tendo em conta o seu custo em termos de trabalho; desse
valor, o capitalista apropria-se da Mais Valia, através da utilização do seu capital.
Toda esta teoria da repartição do rendimento leva-nos para um conceito
fundamental em Marx que é precisamente o da Mais Valia.
Portanto Marx afirmava que a força de trabalho era transformada em mercadoria,
o valor de força de trabalho corresponde ao socialmente necessário. Tudo estaria bem,
contudo o valor deste socialmente necessário é um problema.
Na realidade o que o trabalhador recebe é o salário de subsistência, que é o
mínimo que assegura a manutenção e reprodução do trabalho. Mas, apesar de receber
um salário, o trabalhador acaba por criar um valor acrescentado durante o processo de
produção, ou seja, fornece mais do que aquilo que custa; É esta diferença que Marx
chama de Mais Valia.
A Mais Valia não pode ser considerada um roubo, pois é apenas fruto da
propriedade privada dos meios de produção. Mas os capitalistas e os proprietários
procuram aumentar os seus rendimentos diminuindo o rendimento dos trabalhadores e
é esta situação de exploração da força de trabalho pelo capital que Marx mais critica.
Marx critica a essência do capitalismo, que reside precisamente na exploração
da força de trabalho pelo produtor capitalista e que, segundo Marx, um dia haverá de
levar à revolução social. Ele defende que o trabalhador é origem do valor, entretanto há
uma tendência para o empobrecimento do trabalhador. A oferta do trabalho depende da
evolução demográfica, da procura do capital investido e também do progresso.
O progresso técnico é inerente ao capitalismo; logo, com o progresso técnico, a
procura de trabalho tende a descer. Marx diz também que a baixa na procura do
trabalho não leva a diminuições sucessivas do trabalho, pois os sindicatos não o
permitem; contudo, os operários são reduzidos à miséria, pois não podem trabalhar.
Pág. 73
Pág. 74
Se essa empresa for maximizadora de lucro, ela não está preocupada com o
número de trabalhadores que tem ou com o número de maçãs que vende. Ela se
interessa apenas pelo lucro, que é igual à receita total da venda de maçãs menos o
custo total de sua produção. Temos que a oferta de maçãs e a demanda por
trabalhadores são decorrência de seu objetivo principal de maximizar o lucro.
Para tomar sua decisão de contratar, a empresa tem que considerar como o
tamanho de sua força de trabalho afeta a quantidade produzida.
Os economistas utilizam o termo função de produção para descrever
a relação entre a quantidade de insumos utilizados na fabricação de um bem e a
quantidade produzida desse bem. No caso que estamos tratando, os colhedores de
maçã são o insumo e as maçãs são a produção. Mantemos os demais insumos (terra,
caminhões, tratores, as macieiras etc.) fixos. A função de produção da empresa mostra
que se a empresa contrata um trabalhador, ele colherá 100 caixas de maçãs por
semana; se ela contratar dois trabalhadores, os dois juntos colherão 180 caixas
semanais, e assim por diante.
Quantidade de maçãs
Gráfico
Pág. 75
Ele representa o valor do produto marginal. Esta curva se inclina para baixo
porque o produto marginal diminui à medida que aumenta a quantidade de
trabalhadores. Temos, no gráfico, uma linha horizontal representando o salário de
mercado. Para maximizar o lucro, a empresa
contrata trabalhadores até o ponto em que as duas curvas se cruzam.
Pág. 76
Abaixo deste nível de emprego, o valor do produto marginal é maior que o salário -
assim, a contratação de mais um trabalhador aumentaria o lucro. Acima dele, o valor do
produto marginal é inferior ao salário (o trabalhador adicional não é lucrativo).
Portanto, uma empresa competitiva maximizadora de lucro contrata
trabalhadores até o ponto em que o valor do produto marginal do trabalho é igual ao
salário. A curva de valor do produto marginal é a curva de demanda de mão-de-obra de
uma empresa competitiva maximizadora de lucro.
A curva de demanda por trabalho é reflexo do valor do produto marginal do
trabalho.
Mercados não-competitivos
Pág. 77
Pág. 78
A curva de oferta de trabalho se desloca sempre que as pessoas variam a
quantidade de trabalho que desejam oferecer a qualquer salário dado. Alguns dos fatos
que podem provocar tal deslocamento são: a evolução crescente da participação das
mulheres no mercado de trabalho, resultando um aumento na oferta de trabalho;
mudanças em oportunidades alternativas: a oferta de trabalho em qualquer mercado de
trabalho depende das oportunidades disponíveis em outros mercados de trabalho (se o
salário ganho por colhedores de laranja, por exemplo, aumenta subitamente, alguns
cortadores de cana podem preferir mudar de atividade; em conseqüência, diminui a
oferta de trabalho dos cortadores de cana); imigração: a movimentação de
trabalhadores entre regiões ou entre países são freqüentemente causas significativas
de deslocamentos na oferta de trabalho.
Gráfico
Pág. 79
Pág. 80
Pág. 81
Pág. 82
Pág. 83
OS DIFERENCIAIS DE SALÁRIO
DIFERENCIAÇÃO COMPENSATÓRIA
Pág. 84
Pág. 85
Pág. 86
Pág. 87
Pág. 88
Pág. 89
DESEMPREGO
A taxa natural (natural significa que esse desemprego não desaparece por si só
nem no longo prazo) de desemprego da economia refere-se ao nível de desemprego
que a economia registra normalmente. O desemprego cíclico refere-se às flutuações
que se verificam de ano para ano em torno da taxa natural e está estreitamente
relacionado com os altos e baixos da atividade econômica no curto prazo.
Algumas das teorias que determinam a taxa natural de desemprego são:
1. Pisos salariais: quando esses são acima do equilíbrio de mercado, inibem a
contratação de mão-de-obra;
2. Seguro-desemprego: reduzindo o ônus dos desempregados, induz a uma
redução no ritmo da procura por novo emprego;
3. Fatores demográficos: há diversos grupos demográficos, separados por idade,
raça, sexo, que nem sempre conseguem ter as mesmas oportunidades em relação ao
emprego disponível. Devemos ainda considerar que muitas vezes o emprego está
disponível em uma região e a mão-de-obra qualificada em outra;
4. Poder dos sindicatos: negociando condições mais favoráveis de salários e
benefícios, tendem a inibir novas contratações;
5. Realocação da mão-de-obra: depende do crescimento uniforme da economia,
nos diversos setores;
6. Nível de tributação sobre salários: encargos sociais elevados encarecem o
custo da mão-de-obra, forçando a contratação limitada e até a informalidade.
Esses motivos, entre tantos outros, forçam a existência da taxa de desemprego.
A taxa de desemprego não chegará a zero. Isso é perfeitamente comprovado
pela dinâmica do mercado: teremos sempre pessoas ingressando e saindo do mercado
de trabalho,
Pág. 90
Pág. 91
Pág. 92
Por sua vez, devido à rapidez nas inovações tecnológicas, o desempregado vai
perdendo sua "empregabilidade" à medida que permanece nessa situação. Desta
forma, a reciclagem deve ser contínua durante todo o tempo de desemprego.
Há uma grande variabilidade em termos recursos públicos destinados à
formação profissional. Em percentuais do PIB, os países que mais destinam recursos à
formação são a Suécia e a Dinamarca, enquanto os EUA, Luxemburgo e Espanha
apresentam os menores percentuais. Observe-se, no entanto, que baixos percentuais
de gastos públicos não significam necessariamente uma força de trabalho pouco
treinada ou formada, dado que essa formação pode-se obter na firma, como ocorre no
Japão, que possui recursos humanos muito polivalentes, embora os gastos públicos em
formação representem apenas 0,03% (1990/91) do PIB devido, justamente, à
importância dada pela firma ao treinamento.
A intermediação da mão-de-obra é outra política ativa implementada no âmbito
dos sistemas públicos de emprego. Dois fatores justificavam essa difusão da
informação disponível entre a oferta e a demanda de trabalho e o contato entre
empregadores e potenciais empregados. Um primeiro aspecto está associado ao
desemprego de longa duração, que cria um círculo vicioso, dado que a duração do
emprego é vista pelos empregadores como um "mau sinal" e, em vista disso, um
sistema público com qualidade e prestígio, tendo formado ou reciclado o trabalhador,
além de tê-lo apoiado financeiramente, pode servir de "garantia" em termos da
empregabilidade do desempregado. Um segundo aspecto diz respeito às mudanças
estruturais do mercado de trabalho: a heterogeneidade dos postos de trabalho
oferecidos, as novas habilidades demandadas, a dispersão de salários, etc. tendem a
alongar a procura de emprego. Um bom sistema de informações possibilitaria a redução
desse desemprego friccional.
Essas políticas de emprego, ativas e passivas, que tiveram seu auge durante os
anos 80, começam a enfrentar, no final da década, as políticas de austeridade
orçamentária, e são cobradas formas de avaliação. Nesse contexto, as políticas,
conservando os princípios analisados em parágrafos anteriores, iniciam a busca de
seletividade. Ou seja, como a taxa de desemprego e as possibilidades de ser
empregado variavam muito de região para região e entre grupos populacionais do
mesmo espaço geográfico (sendo as mulheres e os jovens os que, tradicionalmente,
encontraram as maiores dificuldades de entrar e permanecer no mercado), uma maior
eficácia e eficiência na utilização de recursos exige uma concentração dos esforços nas
populações e regiões mais vulneráveis.
Essa combinação de políticas ativas e passivas e o grau de focalização entre os
grupos mais vulneráveis variam de país para país. Os EUA, por exemplo, privilegiam as
políticas passivas são privilegiadas. Na Suécia, ao contrário, a importância das políticas
ativas é mais significativa (3,21% do PIB). Nos países da América Latina, a discussão
acerca dos crescentes desafios em matéria de emprego tem como pano de fundo um
mercado de trabalho com um enorme grau de informatização e um grande contingente
de mão-de-obra com baixa ou nenhuma qualificação. Embora a experiência com a
organização de serviços públicos de emprego seja, com algumas exceções,
relativamente recente, observa-se, na maioria dos países, um crescente interesse pela
questão, o que se reflete em um processo de criação de novos instrumentos, do
aperfeiçoamento daqueles já existentes, ou mesmo de reformas profundas do sistema.
Na América Latina, além do Brasil, somente o Uruguai oferece auxílio financeiro
ao desempregado, associado à oferta de capacitação profissional - embora esse
benefício atinja apenas uma pequena parcela dos desempregados. Os outros países da
região não oferecem programas de seguro-desemprego. Os serviços públicos de
intermediação e reciclagem da mão-de-obra, porém, estão presentes em todos os
países, ainda que com formas bem diferenciadas. Na Colômbia, por exemplo, essas
tarefas são desempenhadas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem (autônoma e
vinculada ao Ministério do Trabalho), financiada pelas contribuições dos empregadores
incidentes sobre a folha de salários. No Peru, o sistema nacional de capacitação integra
o sistema educacional e recebe contribuições da indústria. O Chile conta com um
sistema que envolve instituições privadas, organizações não-governamentais,
entidades religiosas e universidades,
Pág. 93
Pág. 94
Os que criticam argumentam que os sindicatos são apenas um tipo de cartel. Diz
Mankiw que, "quando os sindicatos elevam os salários acima do nível que vigoraria em
mercados competitivos, eles reduzem a demanda por mão-de-obra, levam alguns
trabalhadores ao desemprego e reduzem os salários no resto da economia. A alocação
da mão-de-obra resultante, dizem os críticos, seria tanto ineficiente quanto injusta.
Ineficiente porque os salários altos dos trabalhadores sindicalizados reduziriam o
emprego nas empresas sindicalizadas abaixo do nível eficiente e competitivo. Injusta,
porque alguns trabalhadores seriam beneficiados à custa de outros trabalhadores".
Aqueles economistas que fazem a defesa dos sindicatos afirmam que eles
funcionam como um antídoto ao poder de mercado das empresas na contratação de
trabalhadores. Continua Mankiw: "O caso extremo deste poder de mercado seria a
'cidade-empresa', onde uma única organização contrata a maioria dos trabalhadores
que residem em determinada área geográfica. Em uma situação deste tipo, se o
trabalhador não aceita o salário e as condições de trabalho oferecidas pela empresa,
tem poucas opções, ou fica desempregado ou se muda. Portanto, na falta de
sindicatos, a empresa usaria seu poder de mercado para oferecer salários mais baixos
e piores condições de trabalho do que se tivesse que concorrer com outras empresas
pelos mesmos trabalhadores. Neste caso, o sindicato se contraporia ao poder de
mercado da empresa e protegeria os trabalhadores de ficar à mercê dos
empregadores".
Os defensores dos sindicatos dizem também que eles são importantes em seu
papel de intermediação entre a empresa e os trabalhadores. Ao representar os
interesses dos trabalhadores quanto a questões como jornada de trabalho, horas
extras, férias, licenças médicas, segurança no emprego etc., além do salário, os
sindicatos conseguem que a empresa ofereça a melhor combinação de atributos para o
cargo. Assim, mesmo que o sindicato provoque desemprego ao elevar os salários
acima do nível de equilíbrio, eles ajudam a empresa a manter uma força de trabalho
satisfeita e produtiva.
Pág. 95
O artigo a seguir foi extraído do site do governo federal (www.planalto. gov. br):
As estatísticas da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
revelam que, em 1990, 56,7% das pessoas acima de 10 anos de idade (o que
corresponde a 64,5 milhões de brasileiros) estavam participando do mercado de
trabalho como ocupados ou procurando emprego. Em 1995, esse percentual subiu para
61,1 %, representando um contingente de 74,1 milhões de pessoas. A força de trabalho
cresceu 14,9% naquele período, o que significou um acréscimo médio de 1,9 milhão de
pessoas por ano. O número de pessoas ocupadas aumentou, entre 1990 e 1993, em
7,5 milhões (12,1%). Mais recentemente, os dados da Pesquisa Mensal de Emprego
(PME/IBGE) indicam que o nível de ocupação nas áreas metropolitanas cresceu 1,55%,
no período de janeiro - agosto de 1996.
Duas questões surgem: Qual o tipo de emprego que os brasileiros estão
encontrando no mercado de trabalho? E quantos não tem encontrado emprego?
A crescente participação dos assalariados com carteira no total de pessoas
ocupadas foi rompida, na década passada, por uma modificação significativa que vem
ocorrendo desde 1990 na forma de entrada no mercado de trabalho. Nas áreas
metropolitanas, a participação dos autônomos e dos empregados sem carteira no total
das pessoas ocupadas aumentou, segundo dados do IBGE, de 39,3%, em dezembro
de 1990, para 48,0%, em agosto de 1996 (gráfico seguinte). Isto significa que, apesar
dos direitos garantidos pela CLT, ocorre uma queda acentuada do grau de proteção dos
trabalhadores brasileiros, mediante contrato de trabalho. Essas mudanças ocorrem em
sentido inverso do que seria esperado de um padrão clássico de emprego gerado por
um mercado de trabalho moderno e capitalista.
Gráfico
Na horizontal
dez/85 dez/86 dez/87 dez/88 dez/89 dez/90 dez/91 dez/92 dez/93 dez/94 dez/95 dez/96
Pág. 96
Gráfico
Na vertical
Índice
125,00
120,00
125,00
110,00
105,00
100,00
95,00
Na horizontal
Dez/85 dez/86 dez/87 dez/88 dez/89 dez/90 dez/91 dez/92 dez/93 dez/94 dez/95 jul/96
Total das atividades Indústria de Transformação
Fonte: CAGED – Mtb
Pág. 97
Taxa (%)
Na vertical
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Na horizontal
Espanha Finlândia Argentina Polônia Alemanha França Itália Hungria Austrália Portugal
Brasil Chile EUA Japão Rep. da Corea
Taxa (%)
Na vertical
7,50
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
Na horizontal
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
Pág. 98
Gráfico
Taxa em (%)
Na vertical
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
Na horizontal
Jan/94 Mar Mai Jul Set Nov Jan/95 Mar Mai Jul Set Nov Jan/96 Mar Mai Jul
Fonte: PME/IBGE
Na vertical
140,00
130,00
120,00
110,00
100,00
Na horizontal
Média/1991 Média/1992 Média/1993 Média/1994 Média/1995
Trabalhador Hora Paga
Fonte: IBGE
Pág. 99
Gráfico
Na horizontal
Média/90 Média/91 Média/92 Média/93 Média/94 Média/95 Média/96
* Jan a jul
Fonte: IBGE
Pág. 100
Dados do IPEA mostram que a parte da renda apropriada pelos 50% mais
pobres (da população com rendimentos) aumentou 1,2 ponto percentual, enquanto a
parcela dos 20% mais ricos reduziu sua participação em 2,3 pontos percentuais. Isto
indica que os rendimentos mais baixos cresceram mais do que os rendimentos mais
altos, reduzindo-se a desigualdade. Por outro lado, cerca de 5 milhões de pessoas
romperam a linha de pobreza nas seis principais áreas metropolitanas no País.
A eliminação dos mecanismos que alimentavam a espiral preços-salários, no
contexto de um crescimento maior dos rendimentos reais do trabalho do que da
produtividade, aponta também para uma redistribuição da renda nacional em benefício
dos trabalhadores, embora não haja ainda uma medida do grau dessa redistribuição.
Dados do boletim Mercado de Trabalho: Conjuntura e Análise (ano 1, março de
1996), publicado conjuntamente pelo Ministério do Trabalho e IPEA, indicam que, em
1995, o aumento da produtividade do trabalho na indústria (3,9%) foi muito inferior ao
crescimento do rendimento médio real do trabalho (14,1%), nas áreas metropolitanas
cobertas pela PME/IBGE.
A economia brasileira, em resumo, está se mostrando capaz de gerar muitos
empregos, mas a maioria deles de baixa qualidade e sujeitos a uma alta rotatividade.
De um lado, há uma crescente informalização da força de trabalho, conjugada a um
processo pelo qual a maioria dos trabalhadores brasileiros já se encontra ocupada no
setor de serviços. De outro, o crescimento da produtividade no setor moderno é
substancial, amortecendo os efeitos da expansão econômica sobre o emprego formal.
O ajuste do mercado de trabalho à realidade econômica dos anos 90 está-se
manifestando mais pela informalização do que pelo desemprego.
Com o sucesso do Plano Real, os trabalhadores estão obtendo ganhos reais de
rendimento. Isto atenuou a desigualdade de renda e reduziu a pobreza, o que é um fato
auspicioso para um País que tem, nos desequilíbrios de renda, um dos seus maiores
desafios.