Manual Do Turismo Responsável PDF
Manual Do Turismo Responsável PDF
Manual Do Turismo Responsável PDF
RESPONSÁVEL
MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
Realização
Parceria
Apoio Técnico
CET / UnB
Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília
Apoio
MTur – Ministério do Turismo
MMA – Ministério do Meio Ambiente
CBTS – Conselho Brasileiro de Turismo Sustentável
Publicação do WWF-Brasil
Programa de Turismo e Meio Ambiente
FICHA TÉCNICA
Este documento foi elaborado tendo por base trabalho de consultoria do WWF-Brasil,
submetido à análise técnica, debate e recomendações em Workshop sobre políticas de turismo
com técnicos e especialistas das áreas públicas e privadas, em novembro de 2003 em Brasília.
O desenvolvimento do Workshop “Políticas Locais em Turismo Sustentável” e desta publicação foi possível
graças ao apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) por meio de Convênio de Cooperação
Técnica. As opiniões aqui expressas não necessariamente refletem a opinião do BID.
O desenvolvimento deste projeto contou com a parceria técnica da Universidade de Brasília,
por meio do Centro de Excelência em Turismo e da Editora UnB, nos termos de Convênio
de Cooperação Técnica. As opiniões expressas dos autores
não necessariamente refletem a opinião da UnB.
Apresentação
Denise Hamu
Secretária Geral
WWF-Brasil
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Apresentação
Waldemar Wirsig
Representante do BID no Brasil
Banco Interamericano de Desenvolvimento
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Agradecimentos
ara viabilizar esta publicação, não podemos deixar de agradecer, primeiramente, ao Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID), na pessoa de Eduardo Figueroa, que acreditou na
proposta do WWF-Brasil, vislumbrando esta publicação como um instrumento importante para
seus projetos de fomento e financiamento do turismo no Brasil. Sem este decisivo apoio, o projeto e
a publicação, não teriam alcançado visões diferenciadas sobre a gestão pública do turismo.
Este documento também não seria possível sem a participação das entidades e dos profissionais
que aceitaram o convite do WWF-Brasil em debater assuntos de complexidade e geralmente esque-
cidos nos planos e programas de desenvolvimento turístico. Estes profissionais e instituições estão lis-
tados no Anexo 8 desta publicação, com seus respectivos contatos. Dentre estes participantes, um
agradecimento especial vai para aqueles que dedicaram parte de seu tempo para apresentar artigos,
comentários ou exemplos de leis e decretos, distribuídos pelos capítulos desta publicação, os quais
estão ricamente ilustrando a diversidade de experiências em gestão pública do turismo no Brasil.
Cabe agradecer também à direção do Centro de Excelência em Turismo que aceitou o convite de
parceria técnica para a realização do workshop, e por oferecer suas dependências, instalações e
equipamentos, além de equipe de técnicos que cuidaram adequadamente da logística do workshop.
Os consultores André Lima (Advogado Ambientalista) e Fernando Kanni (Mestre em Turismo) tive-
ram participação decisiva, ao aceitarem o desafio do WWF-Brasil em empreender este projeto e nos
ajudaram a formular e enriquecer as idéias centrais desta publicação.
Por fim, reconhecemos que sem a participação e contribuição das equipes de Comunicação e de
Assistentes do Programa de Turismo e Meio Ambiente do WWF-Brasil, e as decisivas participações da
Secretaria Geral e das Superintendências Financeira e de Conservação, o projeto e a publicação não te-
riam se tornado realidade.
Que esta publicação seja útil a todos nós, viajantes neste destino chamado Brasil, e ajude a con-
servar o rico cardápio de paisagens, biodiversidade, cultura e história que compõe o cenário turístico
brasileiro.
8
SUMÁRIO
O PROJETO E O WORKSHOP
DE POLÍTICAS PÚBLICAS LOCAIS EM TURISMO RESPONSÁVEL .............................................. 12
PARTE 1 –
SUBSÍDIOS POLÍTICOS E LEGAIS AO DESENVOLVIMENTO
DO TURISMO RESPONSÁVEL
Capítulo I
AS POLÍTICAS DE TURISMO E AS RESPONSABILIDADES DO SETOR PÚBLICO ..................... 21
1.1 Políticas de turismo sustentável................................................................................. 21
1.2 Política nacional de turismo e suas interfaces ........................................................... 26
ESTRUTURA PÚBLICA FEDERAL DO TURISMO ............................................. 27
1.3 Políticas estaduais / regionais de turismo .................................................................. 29
1.4 Políticas municipais de turismo ................................................................................ 30
COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DOS MUNICÍPIOS
PARA A GESTÃO DE POLÍTICAS EM TURISMO E MEIO AMBIENTE .............. 32
1.5 O direito e o turismo ................................................................................................ 34
O DIREITO ADMINISTRATIVO DO TURISMO ................................................ 39
O DIREITO ECONÔMICO DO TURISMO ...................................................... 40
Capítulo II
O TURISMO E AS LEIS FEDERAIS DE ORDENAMENTO
DO TERRITÓRIO E DE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE E DA CULTURA .............................. 41
2.1 Legislação sobre política urbana e ordenamento territorial ....................................... 42
ESTATUTO DAS CIDADES ............................................................................... 42
ÁREAS ESPECIAIS E LOCAIS DE INTERESSE TURÍSTICO ................................. 45
USO DE TERRAS E ÁGUAS DA MARINHA ..................................................... 45
2.2 A legislação ambiental aplicada ao turismo .............................................................. 49
POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE ................................................... 49
CRIMES E INFRAÇÕES CONTRA O MEIO AMBIENTE .................................... 51
SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ............................ 52
CÓDIGO FLORESTAL ..................................................................................... 57
OUTRAS ÁREAS LEGALMENTE PROTEGIDAS ................................................ 58
SISTEMA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS ........................................... 59
POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ..................................... 60
2.3. A legislação sobre a proteção ao patrimônio histórico-cultural ................................ 62
PROTEÇÃO AOS BENS CULTURAIS MATERIAIS ............................................ 62
PROTEÇÃO AOS BENS CULTURAIS IMATERIAIS ........................................... 63
PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO .......................................... 68
9
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
PARTE 2 –
LEIS, ÓRGÃOS, INSTRUMENTOS E ESTRATÉGIAS DE GESTÃO
DA POLÍTICA DE TURISMO RESPONSÁVEL
Capítulo III
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL ................ 71
LEI DA POLÍTICA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE ......................................................... 72
DECRETO DO SISTEMA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE ............................................. 78
LEI DO COMDEMA ........................................................................................................... 83
DECRETO DO FUMDEMA ................................................................................................ 88
LEI DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL ........................................... 91
LEI DO COMTUR .............................................................................................................. 99
DECRETO DO FUMTUR ...................................................................................................103
Capítulo IV
OS ÓRGÃOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL .............. 107
4.1 Os órgãos locais de planejamento e execução das políticas de turismo ................... 107
4.2. Os Conselhos Municipais de Turismo ....................................................................... 115
4.3 Os Fundos Municipais de Turismo ............................................................................ 115
Capítulo V
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL
DE TURISMO RESPONSÁVEL ..................................................................................................... 119
5.1 Plano Diretor Municipal ...........................................................................................119
5.2 Plano de Desenvolvimento Turístico ......................................................................... 120
DIAGNÓSTICO TURÍSTICO ........................................................................... 120
PROGNÓSTICO TURÍSTICO ..........................................................................146
ZONEAMENTO TURÍSTICO ............................................................................ 147
PLANO DE AÇÕES .........................................................................................148
SISTEMA DE INFORMAÇÕES E MONITORAMENTO TURÍSTICO .................. 148
QUALIDADE AMBIENTAL E MECANISMOS DE PROTEÇÃO ..........................150
MECANISMOS FISCAIS E FINANCEIROS ........................................................166
5.3 Estratégias para Planos de Desenvolvimento Turístico ............................................... 169
Capítulo VI
AS ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL
DE TURISMO RESPONSÁVEL ..................................................................................................... 171
6.1 Leis, órgãos, instrumentos, planos ... Por onde começar? ......................................... 171
6.2 Observando a avaliando os desafios para o turismo responsável .............................. 174
6.3 Refletindo sobre a capacidade do poder público para implementar
e gerenciar o sistema de turismo e meio ambiente ................................................... 174
A CAPACITAÇÃO PARA GESTORES PÚBLICOS ............................................. 177
A CAPACITAÇÃO PARA PARCEIROS,
EMPRESÁRIOS E COMUNIDADES ........................................................ 177
6.4 Refletindo sobre a capacidade do poder público
para a articulação política, social e territorial ........................................................... 179
A ARTICULAÇÃO PÚBLICA-PRIVADA ............................................................179
A ARTICULAÇÃO PÚBLICA-SOCIAL .............................................................. 181
A INTEGRAÇÃO POLÍTICA E TERRITORIAL REGIONAL ................................ 184
A ARTICULAÇÃO POLÍTICA ESTADUAL E NACIONAL .................................. 185
6.5 Desenvolvendo indicadores para monitorar a gestão
do processo e a sustentabilidade do turismo local ................................................... 185
10
SUMÁRIO
11
O Projeto e o Workshop
de Políticas Públicas Locais
em Turismo Responsável
Relacionamento Institucional, Educação para Para tanto foram realizadas novas rodadas de
o Turismo (Executivo, Legislativo, Empreen- análise técnica entre os consultores e o WWF-
dedores, Comunidade, Visitantes). Brasil, sendo que esta entidade ficou responsável
pela edição técnica final da publicação.
Para facilitar as discussões, cada grupo de tra- Ficou claro aos participantes da oficina que não
balho contou com 1 moderador e 1 relator, e bastava ao documento conter as análises técnicas
seguiu-se uma metodologia pré-definida pelo das normas legais federais que afetam ou são afe-
consultor do workshop. Ao final do evento, tadas pela atividade turística, as competências do
ambos os grupos se reuniram em plenária para município em atuar com políticas de turismo, o
que unificassem suas agendas propositivas. conjunto modelo de códigos e leis em turismo e
Tendo em vista que o cenário no qual as dis- meio ambiente. Assim, foram incluídos além de
cussões foram feitas, ou seja, sem considerar o estudos de casos com exemplos de políticas locais
aumento de demanda do turismo doméstico, e artigos de especialistas sobre o planejamento e
nem mesmo o aumento de demanda do turismo gestão participativa de políticas de turismo, mas
receptivo internacional contemplados no Plano também dois novos capítulos, sendo um deles
Nacional de Turismo, tanto o evento quanto a sobre os instrumentos de gestão das políticas, com
publicação apresentam-se como marcantes con- destaque para os planos de desenvolvimento, e
tribuições para a formulação e o estabelecimento outro sobre as estratégias para uma gestão pública
de políticas de turismo responsáveis, pressuposto participativa e eficiente das próprias políticas de
fundamental a fim de que não se repitam erros de turismo.
forma cada vez mais capilarizada no território A distribuição do livro procurará priorizar as
nacional e atingindo ecossistemas e culturas regiões onde o turismo já é uma realidade, aque-
diferenciadas e de notável representatividade do les onde há potencial ou onde o mercado está
patrimônio brasileiro. dando sinais de seus primeiros investimentos e
A terceira fase do projeto, o desenvolvimento também aonde os parceiros deste projeto pos-
da publicação, procurou aliar as informações do suem programas de desenvolvimento turístico.
documento base com os resultados do workshop.
15
O Turismo Responsável
ara países como o Brasil, o turismo, em uma • A adoção de códigos de conduta e de ética
nova concepção estratégica, deve ser nos negócios;
entendido como um conjunto de bens e • A realização de campanhas de educação aos
serviços que promovam o desenvolvimento visitantes;
socialmente justo e economicamente equilibra- • O apoio a esquemas de certificação para se
do em nível local e regional, integrando o estabelecer ou ampliar a qualidade e a sus-
desenvolvimento urbano e rural e criando um tentabilidade no consumo e nos negócios.
processo de desenvolvimento econômico diver-
sificado. Manter, valorizar e proteger as paisa- O WWF-Brasil, maior entidade ambientalista
gens naturais e sua diversidade biológica, assim do Brasil, vem trabalhando com turismo onde há
como o patrimônio histórico-cultural, é a base ameaças à conservação da natureza e à justiça
essencial para o desenvolvimento responsável social. Na busca por soluções, o WWF-Brasil
do turismo, contribuindo para a sua manutenção coopera e trabalha em parceria com o mercado,
em longo prazo (SALVATI, 2002). governos em todos os níveis, comunidades
Desta forma, o turismo responsável, no con- locais, organizações multinacionais, organiza-
texto de uma estratégia para a sustentabilidade ções não-governamentais e com entidades da
ampla dos destinos turísticos, é aquele que man- sua própria rede para que o turismo no Brasil
tém e, onde possível, valoriza as características projete a sua sustentabilidade sob os enfoques
dos recursos naturais e culturais nos destinos, econômico, social e ambiental.
sustentando-as para as futuras gerações de No caso da certificação, o WWF-Brasil tem
comunidades, visitantes e empresários (WWF, dado subsídios técnicos ao Programa de Certi-
2001). ficação do Turismo Sustentável (PCTS), por meio
Uma variedade de instrumentos é requerida do CBTS - Conselho Brasileiro de Turismo Sus-
para o alcance do turismo responsável que, para tentável. Sabe-se que a certificação só terá efe-
serem efetivos, precisam ser integrados e combi- tividade se estiver apoiada por um sistema legal
nados em uma política. Isto inclui: de apoio ao desenvolvimento da atividade, que é
a base para o ordenamento territorial, planeja-
• O estabelecimento de políticas e regulamen- mento, fomento e controle do turismo, garantin-
tos em todos os níveis governamentais, regi- do que o espaço geográfico (ecológico, urbano e
dos por uma Política Nacional de Turismo rural) e seu patrimônio natural e cultural sejam
Sustentável; preservados ou minimamente impactados, sob a
• A adoção de uma visão de planejamento proteção da Lei.
integrado entre os diferentes agentes do turis- Os princípios do turismo responsável estabe-
mo, públicos ou privados; lecidos pelo WWF-Brasil são:
• A definição de linhas diferenciadas em
incentivos e financiamentos, voltados para o ❐ O turismo deve ser parte de um
pequeno e médio empreendedor; desenvolvimento sustentável amplo
16
O TURISMO RESPONSÁVEL
18
CAPÍTULO
I
AS POLÍTICAS DE TURISMO
E AS RESPONSABILIDADES
DO SETOR PÚBLICO 1
Brasil, detentor de uma vasta coleção de Mas deve-se atentar para o fato de que as
riquezas paisagísticas e de diversidade políticas relacionadas ao desenvolvimento do
biológica e cultural de alto interesse para turismo devem ser definidas de modo comparti-
o turismo doméstico e internacional, mais do lhado entre o setor público e a iniciativa privada,
que nunca necessita de instrumentos públicos as entidades de classe e comunitárias, ong’s
legais, tanto de incentivo para um turismo mais ambientalistas e sociais, universidades, órgãos
responsável como de controle para o ordena- de fomento e de capacitação como o Sebrae e o
mento e uso equilibrado dos espaços turísticos. Senac e com a comunidade receptora, os quais
A princípio, os papéis de fomento e controle possuem papéis específicos e serão agentes fun-
devem ser de responsabilidade do conjunto de damentais para colocar as políticas e seus instru-
agentes públicos e privados que atuam com o tu- mentos em funcionamento.
rismo. Porém, cabe ao setor público a prerroga- Para entender o papel do setor público e das
tiva de ditar políticas orientadoras para o plane- suas diferentes políticas cabe esclarecer os
jamento e gestão do turismo em todos os níveis aspectos relacionados às políticas de turismo.
de governo, assim como para o setor privado.
Dentre os instrumentos políticos disponíveis, 1.1 Políticas de turismo sustentável
uma legislação clara tem um papel de destaque
por ordenar não só o funcionamento do setor pri- Teoricamente é o Estado, por meio de
vado mas, sobretudo, deixar claro o papel dos agentes eleitos pela maioria da população, quem
governos no desenvolvimento do turismo. deve buscar o desenvolvimento turístico que
Fomentar o turismo significa dispor de um traga benefícios à coletividade. As estratégias
conjunto de regras claras que instrumentalize o para que esta meta, intrínseca do espírito públi-
poder público com regras facilitadoras para o co, seja alcançada passam necessariamente pela
financiamento dos negócios, estímulo aos inves- formulação de uma política nacional norteadora.
timentos, defesa da concorrência, apoio à capa- O setor público enxerga o turismo como
citação dos agentes do mercado, disponibiliza- fonte de divisas, tão importante para manter as
ção de dados sobre o setor, ações em promoção contas externas superavitárias. Enxerga também
turística, investimentos em infra-estrutura básica, como uma oportunidade de gerar empregos em
entre outras. regiões remotas, ou para movimentar economias
Controle significa criar condições para a legí- estagnadas por meio da distribuição de renda.
tima defesa do consumidor, de ações de proteção Esta visão, digamos, socioeconômica, é natural e
do patrimônio natural e cultural, do ordenamen- salutar dos agentes públicos. Por outro lado, para
to territorial, do controle da poluição, de incenti- assegurar que o turismo se mantenha neste papel
vo para a excelência na qualidade e sustentabili- de gerador de benefícios amplos, há de se asse-
dade de produtos e serviços, entre outras. gurar que os motivos geradores das viagens, o
1- Nota do Editor: o Ministério do Turismo vem trabalhando para organizar e propor um novo ordenamento jurídico para
o turismo, o qual deve ser utilizado para complementar os assuntos deste capítulo.
21
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
patrimônio ecológico, histórico e cultural, se cada órgão governamental local poderá disponi-
mantenham em condições de continuar gerando bilizar para estimular e controlar a atividade.
fluxos turísticos. Entre os papéis que o poder público deve
Na ausência do setor público e da política desempenhar na área do turismo2, visando o
por ele adotada, o desenvolvimento turístico se fomento e o controle, pode-se destacar:
dá à revelia dos interesses difusos, ou seja, per-
mite que iniciativas e interesses individuais pos- ❐ elaboração e implementação da política de
sam se sobressair, desencadeando inevitavel- turismo, com o intuito de direcionar o desen-
mente em desequilíbrios nos destinos turísticos. volvimento;
(CRUZ, 2001). ❐ estabelecimento de prioridades e estratégias
Embora essencial, o envolvimento do gover- no desenvolvimento do produto turístico;
no com o desenvolvimento turístico não é tarefa ❐ elaborar e aplicar legislação e regulamen-
simples. A primeira tarefa é definir o lugar do tu- tação do turismo, estipulando normas sob as
rismo do ponto de vista da administração públi- quais as atividades turísticas devem se desen-
ca. Como o turismo necessita de arranjos e ações volver;
interdisciplinares dentro do setor público (meio ❐ capacitação de recursos humanos;
ambiente, cultura, infra-estrutura, cidades, ❐ implementação e manutenção da infra-estru-
fazenda, planejamento, educação, entre outros) tura;
necessita de apoio e da intervenção dos diferen- ❐ estruturação e diversificação da oferta turísti-
tes setores do governo. Se não for estabelecido
ca;
com clareza o papel dos diferentes setores públi-
❐ promoção turística;
cos, preferencialmente por meio de uma política
❐ elaboração de dados estatísticos, a fim de
nacional, dificilmente haverá eficiência da
direcionar investimentos;
máquina administrativa na função maior de pro-
❐ proteção e conservação dos recursos natu-
motor do turismo sustentável. Isto não implica
necessariamente na criação de uma pasta rais, paisagísticos, históricos e culturais de
específica (ministério) para o setor, apesar de que uso turístico direto ou não;
isto crie uma idéia de força e prestígio que um ❐ promoção do bem estar das comunidades
governo pode demonstrar à atividade. que recebem o turista e do próprio turista;
❐ promoção da articulação e mobilização
entre os diversos atores envolvidos no
processo de desenvolvimento do turismo.
Sabe-se que a função do Estado sofre cons- Em alguns casos, pode o poder público ela-
tantemente com a escassez de recursos, prin- borar e se apoiar em políticas e planos que visem
cipalmente para planos e investimentos e, por atrair ou subsidiar os que pretendem investir no
isto, ações criativas em parceria com o mer- turismo. Por um lado o financiamento é um dos
cado privado, a academia, as comunidades maiores problemas de gestão administrativa dos
locais e o terceiro setor pode ser uma estraté- organismos nacionais de turismo e muitas vezes
gia eficiente. é a principal causa dos fracassos dos planos e
programas de fomento ao turismo (ACERENZA,
2002, p. 311). Por outro, o Brasil vem recebendo
Assim, a princípio, não existe um único mo- importantes financiamentos de organizações
delo de organização do turismo dentro do Estado. multilaterais, como o BID – Banco Intera-
No caso dos municípios, uma das recomen- mericano de Desenvolvimento, e de investimen-
dações é não se criar estruturas específicas se não tos privados significativos, principalmente em
houver investimentos em recursos humanos e complexos hoteleiros de bandeiras interna-
financeiros que evitem torná-las ineficientes. cionais, que tornam esta lacuna em políticas
Mais importante é definir os instrumentos que públicas ainda mais grave.
2 - Baseado num modelo proposto pela OMT - Organização Mundial do Turismo (WTO – World Tourism Organization), de
1994.
22
AS POLÍTICAS DE TURISMO E AS RESPONSABILIDADES DO SETOR PÚBLICO
Programa Nacional
de Municipalização do Turismo - PNMT 3
D esenvolvido e coordenado pela EMBRATUR na déccada de 90, foi criado com o objetivo de
implementar um modelo de gestão descentralizada da atividade turística. O Programa visava a
conscientização, sensibilização, estímulo e capacitação dos agentes de desenvolvimento que com -
põem a estrutura do turismo no município, tendo como fim a participação da comunidade nas
decisões, fazendo com que reconheçam a importância do turismo para o desenvolvimento local.
A partir do fortalecimento do poder público municipal por meio da descentralização propiciada
pela municipalização, o programa objetivava criar ferramentas para o desenvolvimento do turismo,
estimulando parcerias e mobilizando a comunidade à gestão da atividade turística.
Dentre seus objetivos gerais merecem destaque (EMBRATUR, 2001):
- a conscientização do cidadão para a importância do turismo;
- a descentralização;
- o poder normatizador, transferindo ao município a competência para equacionar e ordenar
soluções locais;
- a elaboração de instrumentos e métodos que ajudem os municípios a planejar adequadamente a
atividade;
- a formação de parcerias entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil organiza -
da na busca de caminhos e respostas; e
- a otimização na prestação de serviços turísticos de forma a não só operacionalizá-los com qua -
lidade e segurança, mas também divulgar e vender melhor o produto.
A lém das legislações diretamente relacionadas com a atividade turística, deve-se agir em con -
sonância com algumas políticas públicas, tais como a Política Nacional do Meio Ambiente. Esta
prevê os seguintes instrumentos de ação na área ambiental (MMA, 2000):
◆ Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
◆ Zoneamento ambiental;
◆ Avaliação de impactos ambientais;
◆ Licenciamento e revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras;
◆ Incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia
voltada para a melhoria da qualidade ambiental;
◆ Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo poder público federal,
estadual ou municipal;
◆ Sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
◆ Cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental;
◆ Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias
à preservação ou correção da degradação ambiental;
◆ Instituição do relatório de qualidade do meio ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Ibama;
◆ Garantia da prestação de informações relativas ao meio ambiente, obrigando-se o poder
público a produzi-las, quando inexistentes;
◆ Cadastro técnico federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras
dos recursos naturais.
5 - Por Valdemir Pires - Economista, professor e coordenador do Curso de Especialização em Gestão Pública Municipal da
Faculdade de Gestão e Negócios da Universidade Metodista de Piracicaba.
25
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
(Continuação)
…de situações para qualquer tipo de atividade econômica) e em parte pelo fato de as tentativas de
desenvolver atividades turísticas economicamente significativas terem surgido não pelo despertar do
ímpeto empreendedor que se depara com oportunidades inexploradas, mas sim pelas pressões de
uma economia com dificuldades de crescimento que sai, muitas vezes desordenadamente, à procu -
ra de alguma maneira de combater os malefícios da queda da produção, da renda e do emprego.
Desenvolver relações inter e intra-governamentais pró-turismo sustentável, articular governo-
sociedade civil/entidades não-governamentais atentas aos riscos e oportunidades que a opção por
uma “indústria” turística traz consigo (fazendo com que Fundos e Conselhos não sejam apenas fi -
guras jurídicas sem maior significado), preparar pessoal qualificado (técnica e politicamente) para o
planejamento e para a gestão de equipamentos turísticos e condições receptivas, sensibilizar investi -
dores individuais e institucionais (nacionais e estrangeiros), remover empecilhos burocráticos,
romper com o imediatismo e com a postura defensiva (turismo como “tapa-buracos” da falta de
opções para a geração de emprego e renda), criar, enfim um clima mais profissional e institucional -
mente fortalecido para prosseguir nos esforços para que o potencial turístico do Brasil, com suas
belezas naturais, história e cultura possa ser melhor aproveitado, são tarefas que começam a ser
enfrentadas, como pode-se concluir pela análise dos inúmeros casos bem sucedidos que começam
a ser descobertos e relatados. Mas é preciso fazer todo o esforço possível para que sirvam para
perceber os nós que desatam e não para aumentar a aceitação do lugar-comum do turismo como
algo à mão, cujo amadurecimento depende apenas de percepção e coragem (embora essas duas
qualidades sejam extremamente importantes – como facetas da capacidade empreendedora – para
as tarefas a abraçar).
FIGURA 1
SISTEMA DE GESTÃO DO TURISMO DO MTUR, 2003
ELABORA DISPONIBILIZA
- Políticas - Recurso da informação
- Programas - Recursos de capital
- Ações - Recursos de gestão
- Parcerias e orientações estratégicas
MONITORA
AÇÕES
- otimiza e ordena as demandas - prioriza as ações emanadas
- propõe soluções dos problemas e das políticas
“obstáculos” - apóia a atuação dos extensionistas
MONITORA
8 – No estado de São Paulo, além da Coordenadoria de Turismo, que está inserida na estrutura da Secretaria Estadual de
Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, que possui uma Secretaria Executiva de Turismo, pode-se ainda
encontrar alguns segmentos do turismo ou assuntos de interesse turístico na Secretaria de Meio Ambiente e na Secretaria de
Cultura.
30
AS POLÍTICAS DE TURISMO E AS RESPONSABILIDADES DO SETOR PÚBLICO
isso faz com que os municípios assumam respon- e aos portadores de deficiência.
sabilidades maiores no desenvolvimento do turis-
mo. Não se trata, entretanto, que o poder público Sobre as competências municipais, apesar de
local se encarregue de assumir sozinho esse possuírem abrangência ampla, percebe-se que
desafio: o auxílio e participação das instâncias vários itens carregam aspectos relevantes para o
federais e estaduais e dos demais atores sociais desenvolvimento do turismo, dispondo que cabe
envolvidos no processo, como o setor privado, ao município, dentre outros assuntos, se organi-
terceiro setor e comunidade local, é fundamental. zar para:
Neste sentido, vários são os instrumentos que
podem ser criados e implementados em âmbito - Prestar os serviços públicos de interesse
local para a concretização dos objetivos e ações local;
explicitados. Dentre eles, alguns são clássicos e - Elaborar o Plano Diretor;
fundamentais, tais como Planos Diretores e as - Estabelecer normas de edificações;
Leis de Uso e Ocupação do Solo, legislações que - Participar de entidades que congreguem
objetivam ordenar o território de forma a garan- outros municípios com interesses comuns;
tir o desenvolvimento sócio-econômico do - Sinalizar as vias urbanas;
município e a qualidade de vida de seus habi- - Ordenar as atividades urbanas;
tantes. Outros instrumentos mais específicos e - Legislar sobre assuntos de interesse local;
contemporâneos que já vêm sendo adotados por - Promover a proteção do patrimônio;
muitos municípios são os Conselhos Municipais histórico, artístico e cultural e do meio
de Meio Ambiente e os Conselhos Municipais de ambiente local; e
Turismo, onde a população local, juntamente - Promover a educação, a cultura
com outros setores privados e o poder público, e a assistência social.
debate e decide os rumos das políticas locais
sobre o tema. Ora, se o município com potencial turístico
Basicamente, podemos citar dois instrumen- têm como premissa de administração pública
tos constitucionais para o exercício de suas atender aos objetivos acima, o planejamento e
funções com relação ao turismo: a Lei Orgânica gestão desta atividade torna-se facilitado. O
do Município e o Plano Diretor Municipal. Ao Plano Diretor direcionará o desenvolvimento e
longo desta publicação, outros instrumentos crescimento físico do município e priorizará
legais são oferecidos como ferramentas para ações, podendo abranger o turismo se for o caso.
planejamento, fomento e controle do desen- Articular com outros municípios quase sempre é
volvimento turístico. demandado no planejamento espacial da ativi-
A Lei Orgânica do Município é a lei pela qual dade turística. As normas de edificações, as
os municípios devem reger suas políticas gerais e ações de sinalização, proteção de seu
sua administração. Trata dos seguintes temas, patrimônio cultural ou ambiental são fundamen-
assegurando as melhores disposições para que a tais para o turismo. E por fim, assegurar a edu-
comunidade possa usufruir todos esses aspectos: cação e a cultura ao seu povo são requisitos im -
portantes para que a comunidade se beneficie
- alimentação sócio-economicamente da atividade turística.
- educação
- saúde
- lazer e esportes
- segurança
- cultura Para organizar suas atividades e promover
- ambiente ecologicamente equilibrado sua política de desenvolvimento, o município
- transporte coletivo deverá fazê-lo mediante adequado sistema de
- assistência social planejamento permanente. E, no caso do tu-
- habitação rismo, é imprescindível que a iniciativa e con-
- saneamento básico; e dução do planejamento da atividade parta do
- proteção à família, à maternidade, setor público.
à infância, à adolescência, aos idosos
31
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
11 - As informações aqui contidas estão baseadas em DORTA, L. & POMILIO, R. As leis e o turismo: uma visão panorâmi-
ca. São Paulo: Textonovo, 2003.
34
AS POLÍTICAS DE TURISMO E AS RESPONSABILIDADES DO SETOR PÚBLICO
QUADRO 1
OBSERVANDO AS NECESSIDADES E VISÕES DOS DIFERENTES ATORES SOCIAIS
O Governo local almeja
❐ Gerar desenvolvimento econômico e social
❐ Projetar o município como destino turístico
❐ Incrementar a arrecadação e a circulação de renda
A Comunidade busca
❐ Saúde, trabalho, educação e saneamento
❐ Respeito aos seus direitos e suas tradições
❐ Participar das tomadas de decisões
O Turista deseja
❐ Preço, conforto e segurança
❐ Qualidade nos serviços e na experiência da visitação
N o âmbito nacional ainda são poucos os exemplos de municípios que implantaram um sistema
legal normativo para o turismo. Em Brotas, no Estado de São Paulo, o poder público, a iniciati -
va privada e a comunidade local buscaram juntos soluções práticas no sentido de planejar o desen -
volvimento sustentável no município, antecipando riscos e prevenindo impactos indesejáveis no
futuro.
Hoje Brotas vem se destacando como município modelo de desenvolvimento turístico susten -
tável, com resultados concretos para a economia local, o erário público e a satisfação do turista.
Com o apoio da Embratur, a Prefeitura Municipal de Brotas em conjunto com o Conselho Municipal
de Turismo (COMTUR), elaborou 13 Deliberações Normativas, abrangendo as seguintes atividades
ecoturísticas (Embratur / Ecoassociação – 2002):
(Continuação)
1) Estabelecer um conjunto de normas jurídicas feitas de forma legítima e legal, com a participação
(Continua)
36
AS POLÍTICAS DE TURISMO E AS RESPONSABILIDADES DO SETOR PÚBLICO
(Continuação)
dos órgãos públicos (federais, estaduais e municipais), das comunidades residentes e dos em -
presários do setor do turismo e lazer;
2) Estabelecer normas de conduta tanto para a empresa prestadora do serviço, como para o tu -
rista/consumidor, estabelecendo responsabilidades entre o consumidor e o fornecedor dos pro -
dutos e serviços;
◆ O exercício da cidadania;
◆ A conscientização ambiental;
◆ A promoção da igualdade social;
◆ A identificação dos objetivos coletivos;
◆ O processo contínuo de aprendizado;
◆ O favorecimento dos relacionamentos; e
◆ A responsabilidade compartilhada.
Enquanto produto final o estabelecimento da normatização procura garantir que a criação de leis
e regulamentos mais justos e aplicáveis em nível local estimule ações efetivas na conduta social.
❐ Federal: através do Congresso Nacional, que Quanto à elaboração das leis, há um conjun-
é composto pelo Senado e pela Câmara to de processos legislativos pelos quais devem
Federal, onde estão os deputados e passar os assuntos de interesse, a saber:
senadores. Os deputados federais represen-
tam o povo no Congresso Nacional e os ❐ Iniciativa legislativa: apresentação de proje-
Senadores respondem pelos Estados e pelo tos de lei ao Poder Legislativo;
Distrito Federal. ❐ Emenda: modificação de um projeto ou
❐ Estadual: pelas Assembléias Legislativas de anteprojeto de lei que se encontra em dis-
cada Estado, sendo os representantes os de- cussão numa Câmara Legislativa num dos
putados estaduais. três níveis apresentados anteriormente;
37
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
❐ Votação: é a votação do que vem sendo dis- Legislativo e promulgados pelo Poder Executivo.
cutido. Conforme o regimento da Câmara Já as Medidas Provisórias são atos de caráter
Legislativa, há um numero mínimo de legis- genérico e abstrato, que tem força de lei porque
ladores para votar cada matéria; subordina e obriga todos à obediência, mas é
❐ Sanção: ato através do qual o Poder baixado pelo Poder Executivo. As Medidas
Executivo concorda com o projeto de lei Provisórias se assemelham ao que outrora se
aprovado pelo Legislativo; chamou de Decreto-Lei. Necessitam ser delibe-
❐ Veto: pode ocorrer o veto total ou parcial do radas pelo Congresso Nacional (Câmara e
projeto de lei pelo Poder Executivo nos casos Senado) para se tornarem perenes, e possuem
em que se julgar haverem pontos contrários “prazos de validade” para serem aprovadas ou
ao bem comum; rejeitadas no Congresso.
❐ Promulgação: é o meio de constatar a Os Decretos Legislativos é uma norma pro-
existência da Lei, ou seja, trata-se de comu- mulgada pelo Congresso Nacional em determi-
nicar aos destinatários de que esta foi criada nado assunto que esteja em sua competência,
com determinado conteúdo. É realizada pelo por exemplo, a aprovação de Tratados Inter-
Chefe do Executivo (Presidente da República, nacionais, sendo promulgada pelo Presidente do
Governador ou Prefeito) num prazo de até 48 Senado.
horas após dar origem à lei. Temos ainda os atos administrativos norma-
❐ Publicação: ato pelo qual se leva ao conhe- tivos, tais como Decretos, Regulamentos,
cimento do público a existência da lei. Resoluções, Portarias, Instruções e Deliberações.
❐ Revogação: para atender às necessidades de Os atos administrativos normativos referem-se às
mudanças e/ou adaptação da lei, todo e determinações ou ordens relativas à maneira
qualquer ato de ordem legislativa pode ser como será aplicada a lei, não podendo contrariá-
revogado. la nem ir além dela, pois de outro modo serão
consideradas ilegais, visto que estão em situação
A Constituição Federal (CF) e as Emendas jurídica inferior. Normalmente são baixados por
Constitucionais encontram-se no mesmo nível agente administrativo competente, visando o
jurídico pois a primeira corresponde “à forma, bom funcionamento do serviço público e impo-
ao modo de ser” do Estado, retratada em sua lei sição de normas que devem ser cumpridas, abor-
fundamental e a segunda são as leis que modifi- dando minúcias previstas no texto básico da lei,
cam parcialmente a Constituição e depois de mas que não foram bem explicadas.
aprovadas passam a fazer parte dela, mas com Há muitas espécies de atos dessa natureza e
certas limitações. o mais conhecido são os decretos. Decretos são
A Lei Complementar é destinada a comple- atos que contém determinações ou comando do
mentar ou integrar a Constituição, situando-se Chefe do Executivo, servindo para explicitar me-
num nível intermediário entre esta e as leis lhor o funcionamento e a aplicação da lei. É
ordinárias. A necessidade de sua criação é indi- muito usada para regular o funcionamento da
cada pela própria Constituição que faz referên- atividade turística na Brasil. Os Regulamentos
cias a ela quando preciso. Por ex., o Art. 163 da visam regulamentar um dado assunto, os
CF diz “Lei complementar disporá sobre: I- Regimentos correspondem às normas internas de
finanças públicas...”. Estas leis complementares, órgãos ou entidades públicas e as Resoluções
depois de aprovadas, não necessitam da sanção são os atos administrativos que vêm de uma
do Presidente da República e são promulgadas autoridade ou órgão colegiado de um dos três
pela Câmara dos Deputados ou Senado Federal. Poderes.
As Leis Ordinárias, Tratados Internacionais e O tema turismo aparece na Constituição de
Medidas Provisórias estão no mesmo nível jurídi- 1988, no Art. 180: “A União, os Estados, o
co. As Leis Ordinárias são as leis comuns, mais Distrito Federal e os Municípios promoverão e
encontradas no arcabouço jurídico da nação. O incentivarão o turismo como fator de desenvolvi-
processo legislativo para a sua criação é o tradi- mento social e econômico”; e também no Art. 24
cional. Os Tratados Internacionais não necessi- que trata dos assuntos que o Estado deve legislar,
tam de explicações, apenas é importante dentre eles o turismo.
ressaltar que devem ser referenciados pelo Poder Assim, cabe ao poder público ordenar e
38
AS POLÍTICAS DE TURISMO E AS RESPONSABILIDADES DO SETOR PÚBLICO
incentivar os agentes econômicos para incre- portanto, aos aspectos de comunicação dos atos
mentar o desenvolvimento turístico equilibrado, administrativos para controle e juízo da
conforma observado no Art. 180 da CF já men- sociedade e dos outros poderes. Não basta estar
cionado e isto só pode ser efetivado por um disponível nos autos oficiais da administração
ordenamento jurídico tendo por base um con- (Diários Oficiais) mas sim adotar mecanismos de
junto de normas legais, conforme será proposto divulgação e facilitar o acesso a qualquer docu-
no Cap. III. Desta forma, cabe descrever duas mento de interesse público.
vertentes da administração pública que os Por fim, o princípio da eficiência diz respeito
gestores municipais devem observar em suas à adoção, por parte do poder público, de atos
políticas de gestão do turismo - o Direito administrativos que alcancem maior produtivi-
Administrativo e o Direito Econômico do dade com menor custos aos cofres públicos.
Turismo, conforme se pode ver a seguir. Cabe ressaltar que produtividade envolve tam-
bém qualidade e não apenas quantidade. Assim,
O DIREITO ADMINISTRATIVO DO TURISMO apoiar ações privadas de desenvolvimento turís-
tico que envolvem a geração de grandes quanti-
Partindo do princípio de que é relevante a dades de vagas de trabalho de baixo nível, pode
função do poder público para atuar no desen- não ser mais produtivo e eficiente do que gerar
volvimento turístico, cabe esclarecer que sua menos vagas de trabalho, porém capacitando
intervenção deve manter-se restrita aos interesses seus candidatos para posições mais qualificadas
difusos ou coletivos, conforme prevê o Art. 37 da com ganhos mais satisfatórios.
CF onde atesta que “a administração pública Em muitos municípios pode-se observar que
direta e indireta de qualquer dos Poderes da os atos públicos administrativos não estão indo
União... obedecerá aos princípios da imparciali- de encontro a estes princípios e assim, podem
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade estar sujeitos a sanções como a nulidade dos atos
e eficiência”. praticados. Ou ainda, caso o gestor público pra-
Nieto (2001)13 faz uma abordagem de rele- tique abuso de poder, além da nulidade do ato,
vante interesse sobre estas questões, a qual sin- ele pode sofrer punições. É o caso da gestão que
tetizamos a seguir. pratica desvio de finalidade (desvio do impes-
O princípio da legalidade diz que o gestor soal) ou excesso de poder. Assim caracteriza-se o
público está preso às leis, só agindo por sua abuso do poder quando os limites legais da
autorização e/ou dentro de seus limites. Apesar gestão pública são ultrapassados ou desviados.
de subjetivo, o princípio da moralidade afirma Há casos ainda em que há a omissão administra-
que, além de legal, os atos da administração tiva e que pode ocorrer concomitantemente aos
pública devem estar dentro de padrões morais dois atos acima citados.
aceitos pela coletividade. Ou seja, apesar de Excesso de poder geralmente ocorre por
legais muitos atos podem parecer não moral- decorrência de ato que não é de competência do
mente adequados, como é o exemplo clássico de administrador público (ultrapassa a lei). O desvio
contratação de parentes em cargos de comissão. de finalidade ocorre não exatamente por ser con-
O princípio da impessoalidade estabelece que tra a lei, mas por motivos alheios ao interesse
a administração pública se move em estrita impar- público (motivo pessoal). E a omissão adminis-
cialidade no que tange a obtenção de vantagens trativa ocorre por retardamento de ato público
de qualquer tipo para o gestor ou seus amigos, que beneficia interesse pessoal ou prejudica o
parentes e sócios. Ou seja, o fim do ato público é interesse público.
o interesse público pelo bem da coletividade. Um Sanções administrativas (advertência, demis -
exemplo prático é quando o gestor público adota são ou impedimento), civis (pagamento de in-
incentivos fiscais ou investimentos públicos a gru- denização por danos físicos e morais) e penais
pos econômicos cujo interesse coletivo é limitado (processo policial e detenção) são os caminhos
ou não efetivamente conhecido. legais para corrigir e punir atos públicos de
O princípio da publicidade diz respeito à abuso de poder.
transparência das ações públicas, referindo-se,
13 - NIETO, Marcos Pinto. Manual de direito aplicado ao turismo. Campinas: Papirus, 2001
39
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
40
CAPÍTULO
II
O Turismo e as Leis Federais
de Ordenamento do
Território e de Proteção do
Meio Ambiente e da Cultura
ste capítulo traz uma abordagem detalhada - as normas relativas ao meio ambiente;
sobre como o turismo afeta ou é afetado pela - as normas de proteção do patrimônio históri-
legislação federal, particularmente com co-cultural.
relação à proteção da paisagem, dos recursos
naturais e dos bens e das manifestações históri- Traz também algumas referências a docu-
co-culturais. Cabe ao gestor e ao legislador mentos de interesse para os diferentes níveis do
municipal ter ciência de como o turismo deve planejamento turístico que, mesmo não possuin-
ser desenvolvido em respeito à legislação de pro- do força de lei, possuem funções norteadoras
teção dos recursos naturais, ao uso ordenado do tanto de políticas públicas como de atividades e
solo e à proteção do patrimônio cultural. Por negócios em turismo, algumas delas possuindo a
outro lado, o investidor, o empreendedor e as assinatura de importantes organismos interna-
comunidades locais interessadas nos negócios cionais, como a Organização Mundial de
do turismo também devem observar e se infor- Turismo (OMT).
mar sobre os requisitos legais que sua atividade
pode estar sujeita.
O turismo em áreas naturais remotas ou
próximas a núcleos urbanos é um mercado de
rápido crescimento no país e que vem gerando
muitas transformações sociais, econômicas e Quanto a compatibilização da legislação
ambientais. Atividades de ecoturismo, turismo municipal com as normas referentes às
aventura, turismo rural e turismo cultural vêm se relações de consumo e à regulamentação da
tornando uma forte opção de lazer para impor- atividade turística é fundamental o conheci-
tantes parcelas das populações urbanas. E para mento do Código de Defesa do Consumidor
que estas transformações nos destinos de fato (Lei 8.078/90), da lei que regulamenta os
promova o desenvolvimento local, a formulação diferentes segmentos comerciais relacionados
de políticas públicas e de planos de desenvolvi- ao turismo (Lei 6.505/77, Lei 8.181/91 e sua
mento são etapas fundamentais que minimizam regulamentação) e das diversas Resoluções e
os riscos dos efeitos negativos do turismo. Deliberações Normativas do CNTUR e da
Este documento apresenta como as diversas
Embratur14. Não cabe a este documento o de-
normas afetam o turismo, especialmente:
talhamento destas referências, visto já existir
- as normas relativas ao ordenamento territo- estudos específicos já publicados e dispo-
rial e do espaço turístico; níveis15.
14 - Nota do Editor: Atualmente o Ministério do Turismo vem estudando a revisão de todo o ordenamento jurídico do tur-
ismo brasileiro, por meio da Câmar a Técnica de Legislação.
15 - Nota do Editor: Especificamente podemos citar o “Manual do Direito Aplicado ao Turismo”, de Marcos Pinto Nieto,
Editora Papirus, 2001 e “Direito do Turismo”, de Gladston Mamede, Editor a Atlas, 2001.
41
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
2.1. Legislação sobre política urbana A Lei 10.257, de 10 de julho de 2001, mais
e ordenamento territorial conhecida como Estatuto das Cidades regula-
menta os instrumentos disponíveis ao poder
O sistema municipal deve estar atento aos público municipal para implementação da
processos de desenvolvimento urbano e rural e política de desenvolvimento urbano, e que afeta
para tanto deve considerar as leis de ordena- também o espaço rural e o espaço turístico.
mento e uso do solo, tanto em nível federal Do ponto de vista da questão ambiental, a
como estadual. política urbana a ser implementada pelo poder
As leis federais que afetam a atividade turísti- público municipal deve atender a algumas dire-
ca em nível local, tanto em seus aspectos de trizes gerais, dentre as quais destacamos o Art. 2º
planejamento como de incentivo e controle são: (Ver Quadro 2). Boa parte destas diretrizes são
imprescindíveis tanto na Política como no Plano
❐ ESTATUTO DAS CIDADES Municipal de Desenvolvimento Turístico.
❐ ÁREAS ESPECIAIS A implementação de quaisquer destes instru-
E DE INTERESSE TURÍSTICO mentos deve ser objeto de controle social e, para
❐ ÁREAS COSTEIRO-MARINHAS tanto, o poder público municipal deve garantir a
OU PERTENCENTES À MARINHA participação de comunidades, movimentos e
entidades da sociedade civil, além dos represen-
Planejar o turismo tendo por base o ordena- tantes do mercado turístico. Assim, a Gestão
mento territorial é uma estratégia política im- Democrática da Cidade deve utilizar, dentre ou-
prescindível para o equilíbrio, em longo prazo, tros, os seguintes instrumentos:
do seu desenvolvimento no espaço urbano e
rural e em respeito aos seus princípios básicos e - órgão colegiado de política urbana
constitucionais de promoção do desenvolvimen- municipal;
to econômico e social. Muitos dos instrumentos - debates, audiências e consultas públicas;
legais concernentes às políticas de uso e ordena- - conferências sobre assuntos de interesse
mento do solo inserem critérios de proteção do urbano;
meio ambiente e do patrimônio histórico e cul- - iniciativa popular de projeto de lei e de
tural. O Plano Diretor, por exemplo, é o princi- planos, programas e projetos de
pal instrumento legal do Estatuto das Cidades desenvolvimento urbano.
que dirige normas para o planejamento do
crescimento urbano, assim como prevê espaços
que, especialmente pelas características ecológi-
cas, terão restrições para uso e ocupação.
QUADRO 2
DIRETRIZES GERAIS E PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DO ESTATUTO DAS CIDADES
Regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, que estabelece normas de ordem
pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo,
da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.
Cidades Sustentáveis pelo direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura
urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho a ao lazer, para as presentes e futuras gerações.
Gestão Democrática pela participação da população e de associações representativas dos vários seg-
mentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e proje-
tos de desenvolvimento urbano.
Cooperação entre governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de
urbanização, em atendimento ao interesse social.
Planejamento do Desenvolvimento das Cidades pela distribuição espacial da população e das ativi-
dades econômicas do Município e do território sob sua área de influência.
Interesses e Necessidades da População e Características Locais pela oferta adequada de equipa-
mentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos.
Ordenação e Controle do Uso do Solo, para evitar:
- a utilização inadequada dos imóveis urbanos;
- a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;
- o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infra-estru-
tura urbana;
- a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de
tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente; a retenção especulativa de imóvel
urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização; a deterioração das áreas urbanizadas;
- a poluição e a degradação ambiental.
Integração e Complementaridade entre as Atividades Urbanas e Rurais tendo em vista o desenvolvi-
mento sócio-econômico do Município e do território sob sua área de influência.
Padrões de Produção, Consumo de Bens e Consumo de Serviços e de Expansão Urbana compatíveis
com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e do território sob sua
área de influência.
Benefícios e Ônus da Urbanização pela justa distribuição dos benefícios e ônus do processo de urba-
nização.
Política Econômica, Tributária e Financeira e dos Gastos Públicos pela adequação dos instrumentos
aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-
estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais.
Recuperação dos Investimentos do Poder Público pela contribuição de melhoria, decorrente de obras
públicas.
Proteção, Preservação e Recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural,
histórico, artístico, paisagístico e arqueológico.
Audiência do Poder Público Municipal e da População Interessada nos processos de implantação de
empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural
ou construído, o conforto ou a segurança da população.
Continua …
43
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
QUADRO 2
DIRETRIZES GERAIS E PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DO ESTATUTO DAS CIDADES
…Continuação
Regularização Fundiária e Urbanização de Áreas Ocupadas por População de Baixa Renda medi-
ante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação,
consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais.
Simplificação da Legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas municipais, com
vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais.
Isonomia (igualdade) de Condições para Agentes Públicos e Privados na promoção de empreendi-
mentos e atividades relativos ao processo de urbanização, atendido o interesse social.
Plano Diretor a ser aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento
e de expansão urbana, devendo englobar o território do Município como um todo, sendo obrigatório:
- para cidades com mais de 20.000 habitantes;
- cidades integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;
- cidades integrantes de áreas de especial interesse turístico;
- cidades inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo
impacto ambiental de âmbito regional ou nacional; e
- para cidades onde o Poder Público municipal pretenda utilizar o parcelamento ou edificação
compulsórios, IPTU progressivo no tempo ou desapropriação com pagamento mediante títulos
da dívida pública.
Zoneamento Ambiental define o ordenamento territorial e permite definir ações especializadas na ori-
entação de direção voltadas para um objetivo em consolidar um cenário futuro. São formulados a par-
tir do grau de conhecimento da biodiversidade da área de proteção ambiental e da identificação e
avaliação dos problemas e conflitos, das oportunidades e potencialidades de correntes das formas de
conservação da biodiversidade, uso e ocupação do solo e da utilização dos recursos naturais da área.
Estudo Prévio de Impacto Ambiental consiste em determinar os potenciais efeitos ambientais, sociais
e sobre a saúde de um determinado empreendimentos e avaliar seus efeitos físicos, biológicos e sócio-
econômicos
Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança, definido por lei municipal caracterizará os empreendimen-
tos e atividades privadas ou públicos em área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio
de impacto de vizinhança (EIV) para obter licenças ou autorizações de construção, ampliação ou fun-
cionamento a cargo do Poder Público municipal.
Usucapião Especial de Imóvel Urbano onde aquele que possuir como sua área ou edificação urbana
de até 250 m2, por 5 anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua
família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Direito de Preempção que confere ao poder público municipal preferência para aquisição de imóvel
urbano, localizado em áreas delimitadas em lei, objeto de alienação onerosa entre particulares.
OUTROS INSTRUMENTOS
16 - Meirelles, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 466.
17 - Nota do Editor: Aforamento “é o instituto civil que permite ao proprietário atribuir a outrem o domínio útil de
móvel, pagando a pessoa que adquire ao senhorio direto uma pensão ou foro, anual, certo e invariável".
45
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
Art. 1º. O município, a fim de preservar as condições paisagísticas, urbanísticas e ecológicas das áreas
consideradas de interesse turístico só poderá considerar, para efeitos de aprovação, os projetos de loteamento,
construção ou quaisquer tipos de obras ou cartazes de publicidade em geral que tenham sido submetidos à
apreciação do Conselho Municipal de Turismo – COMTUR, e por delegação deste, ao órgão executor de tur-
ismo do município, e que tenham obtido as respectivas aprovações.
Art. 4º. Compete ao COMTUR elaborar a regulamentação das disposições da presente Lei, bem como
fixar os padrões da ordem estética a serem seguidos.
Considerando o que estabelece a Lei nº __________ em seu Artigo 1º, que “os municípios, a fim de
preservar as condições paisagísticas e ecológicas das áreas declaradas de interesse turístico, só poderão exa-
minar, para efeito de aprovação, os projetos de loteamento, construção ou quaisquer tipos de obras ou cartazes
de publicidade em geral que tenham sido submetidos à apreciação do Conselho Municipal de Turismo – COM-
TUR.
RESOLVE:
Parágrafo Único – Ressalvados os casos de expresso atentado ao patrimônio paisagístico declarado pelo COM-
TUR, as disposições da presente Resolução não se aplicam a loteamentos já aprovados definitivamente, exce-
to pela prévia e justa indenização, mediante desapropriação por interesse público.
Art. 2º. Nos loteamentos destinados à recreação, os lotes terão um mínimo de 1.000m2 (mil metros
quadrados).
Art. 3º. As áreas totais construídas em cada lote de terreno urbanizado respeitarão o índice máximo de
1/5 (um quinto) do total de área do lote.
Parágrafo 1 – os afastamentos do limites do terreno terão que respeitar a legislação vigente ou ser aprovados
especificamente pelos órgãos competentes. Parágrafo 2 – No caso de aproveitamento para fins de recreação
tais como parques, campings, clubes e exposições públicas, a ocupação do terreno não poderá ser maior de
um quinto do lote.
Art. 4º. Além de adotar as normas técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e de
serem assinadas por profissionais habilitados no CREA da região, segundo as atribuições específicas, as plan-
tas obedecerão os seguintes padrões técnicos:
a) Plantas de conjunto na escala de 1.500;
b) Plantas de situação detalhadas na escala de 1.500, com representação das curvas de nível
de 5 em 5 metros no máximo; Continua …
19 - Contribuição de Francisco Canola Teixeira - Secretaria de Turismo de São Joaquim/SC.
47
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
Art. 5º. As limitações previstas no presente Decreto aplicam-se aos atuais e futuros parcelamentos ter-
ritoriais, deixando as mesmas de serem observadas em casos especiais de interesse turístico, desde que reser-
vadas as áreas livres proporcionais à área construída.
Art. 6º. Os empresários encaminharão ao Órgão da Administração Direta ou Indireta todo e qualquer
projeto de loteamentos e edificações, a fim de que se proceda à análise e enquadramento na Lei nº _________,
regulamentada pelo presente Decreto.
Parágrafo 1º - Para o cumprimento do disposto nesta Artigo, deverão encaminhar duas (2) cópias dos proje-
tos ao Órgão da Administração Direta ou Indireta.
Parágrafo 2º - Após a análise, os projetos serão encaminhados ao COMTUR para homologação.
Art. 7º. O Órgão da Administração Direta ou Indireta poderá reconsiderar o despacho de indeferi-
mento, mediante apresentação do pedido de reconsideração pelo empresário no prazo de 15 dias, desde que
atendidas as exigências ou reformulado o projeto.
Art. 8º. A Resolução homologatória do COMTUR constituirá essencial à apresentação dos projetos de
loteamentos e edificações junto à Prefeitura Municipal.
Art. 9º. Fica o Órgão da Administração Direta ou Indireta autorizado a fixar normas complementares
à execução do presente Decreto.
Art. 10. Os casos omissos e as dúvidas suscitadas na aplicação do presente Decreto deverão ser sub-
metidos ao exame e decisão do COMTUR, visando à plena adequação de suas normas à realidade do projeto
ou empreendimento.
Art. 11. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
48
O TURISMO E AS LEIS FEDERAIS DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE E DA CULTURA
Deve-se ater também para as regras de pro- Outros documentos de referência na área
teção à navegação previstas na Lei Federal n° ambiental que oferecem algumas diretrizes para
9.537/97, conferindo à autoridade marítima a um turismo mais responsável, e que estão dis-
elaboração de normas sobre a execução de postas nos anexos desta publicação, são:
obras às margens das águas nacionais no que diz
respeito à segurança da navegação e ao ordena- ❐ DIRETRIZES PARA TURISMO AVENTURA;
mento do espaço aquaviário (Art. 4°, I, "h"). ❐ DIRETRIZES PARA TURISMO RURAL;
Já, a Portaria da Diretoria de Portos e Costas ❐ DIRETRIZES PARA O MERGULHO
n° 52/01, a qual remete-se especificamente à RECREATIVO EM ÁREAS PROTEGIDAS;
Norma da Autoridade Marítima 11/01 (NOR- ❐ PRINCÍPIOS DO TURISMO SUSTENTÁVEL
MAM 11/01), estabelece as normas para obras DO CBTS;
sobre as margens das águas nacionais e prevê ❐ CARTA DE QUEBEC;
que a execução de obras particulares sob, sobre ❐ CÓDIGO DE ÉTICA DA OMT –
e às margens das águas jurisdicionais brasileiras
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO
depende de consulta prévia à Capitania, à
Delegacia ou à Agência.
A seguir destacamos os principais aspectos
das normas ambientais federais que devem ser
2.2. A legislação ambiental aplicada
considerados na implementação de políticas
ao turismo
municipais de turismo 21.
O sistema ambiental municipal deve estar
POLÍTICA NACIONAL
integrado com os sistemas estaduais e federal,
DE MEIO AMBIENTE
compondo o Sistema Nacional de Meio
Ambiente - SISNAMA e portanto deve considerar
A Lei Federal no 6.938/81 instituiu o Sistema
a articulação de sua legislação com as legis-
Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) que
lações em outras esferas. Além disso vale lembrar
estabelece os conceitos, objetivos, princípios e
que o Município tem competência para legislar
diretrizes da Política Nacional do Meio
em matéria de interesse local e supletivamente
Ambiente. O objetivo fundamental desta Lei é a
ao legislador estadual e federal, podendo legislar
compatibilização do desenvolvimento sócio-
em matéria ambiental desde que respeitando a
econômico com a preservação da qualidade do
norma geral (federal) e a legislação estadual.
meio ambiente e do equilíbrio ecológico.
Nesse contexto, as leis federais fundamentais
De acordo com o artigo 6º da Lei 6.938/81,
para orientar os sistemas municipais de meio
os órgãos ou entidades municipais, responsáveis
ambiente e de turismo são destacadas a seguir20:
pelo controle e fiscalização das atividades
capazes de provocar a degradação ambiental,
❐ POLÍTICA NACIONAL DO MEIO
integram o SISNAMA - Sistema Nacional de
AMBIENTE; Meio Ambiente na qualidade de órgãos locais.
❐ SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE Integram ainda o SISNAMA, os órgãos ou enti-
CONSERVAÇÃO – SNUC; dades estaduais como órgãos seccionais e os
❐ SISTEMA NACIONAL DE RECURSOS órgãos ou entidades da administração federal
HÍDRICOS - CÓDIGO DE ÁGUAS; direta ou indireta com atribuições relacionadas
❐ CÓDIGO FLORESTAL; ao disciplinamento do uso de recursos ambien-
❐ CRIMES E INFRAÇÕES CONTRA O MEIO tais da seguinte forma:
AMBIENTE; e
❐ POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO - CONAMA - Conselho Nacional de Meio Am-
AMBIENTAL. biente, como órgão consultivo e deliberativo;
QUADRO 3
LIMITAÇÕES DE USO NAS ZONAS DE AMORTECIMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Segundo a Lei do SNUC são zonas de amortecimento “o entorno de uma unidade de conservação,
onde as atividades humanas são sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de mini-
mizar os impactos negativos sobre a unidade”. Os corredores ecológicos são definidos pela Lei
como “porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que pos-
sibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a
recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam, para
a sua sobrevivência, áreas com extensão maior do que aquelas das unidades individuais.”
Por exemplo, nestas áreas pode o poder público responsável pela gestão da Unidade de
Conservação determinar a proibição ou limitação de ações que possam incorrer em risco para a inte-
gridade das UC’s, tais como o uso de fogo e de agrotóxicos. Pode ainda determinar a necessidade de
recuperação de áreas de preservação permanente (ver item Código Florestal) ou ampliar os percentu-
ais de áreas com cobertura vegetal a serem conservadas nas propriedades rurais situadas nas zonas de
amortecimento e corredores ecológicos.
23 - Roteiro Metodológico de Planejamento: Parque Nacional, Reserva Biológica e Estação Ecológica. Brasília: MMA,
2001
24 - Nota do Editor: Segundo a Lei 9985/00, Art. 2º, Populações Tradicionais são grupos humanos culturalmente diferen-
ciados, vivendo há no mínimo, três gerações em um determinado ecossistema, historicamente reproduzindo seu modo de
vida, em estreita dependência do meio natural para sua subsistência e utilizando os recursos naturais de forma sustentável.
54
O TURISMO E AS LEIS FEDERAIS DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE E DA CULTURA
25 - Nota do Editor: O Ministério Meio Ambiente regulamentou parte do SNUC, por meio do Decreto 4.340/2002,
incluindo os aspectos referentes aos conselhos gestores.
26 - Veja também, no Capítulo V, artigo com mais informações sobre este assunto.
55
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
QUADRO 4
ICMS ECOLÓGICO COMO COMPENSAÇÃO E ESTÍMULO À CRIAÇÃO
DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Os estados do Mato Grosso, do Paraná e de Rondônia, por exemplo, repassam cinco por cento
de todo ICMS recolhido aos municípios que possuem Unidades de Conservação e Terras Indígenas.
Os Estados de São Paulo e de Minas Gerais repassam um por cento do total aos municípios com
áreas protegidas e o Rio Grande do Sul repassa sete por cento aos municípios que possuem unidades
de conservação e terras inundadas por barragens. Goiás já tem projeto de Lei Complementar e de
Emenda constitucional visando repassar cinco por cento do ICMS e Pernambuco, numa parceria com
o WWF-Brasil, está desenvolvendo sua própria estratégia
27 - Paraná – Lei Complementar n 59/91, Dec. 974/91; São Paulo - Lei n. 8.510/93 e Lei n. 9.332/95; Minas Gerais – Lei
Complementar n. 12.040/95; Rondônia – Lei Complementar n. 147/96; Rio Grande do Sul – Lei n. 11.038/97 e Mato
Grosso – Lei Complementar n. 73, de 07 de dezembro de 2000.
56
O TURISMO E AS LEIS FEDERAIS DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE E DA CULTURA
CÓDIGO FLORESTAL
De acordo com o artigo 3º do Código
O Código Florestal estabelecido pela Lei Florestal pode ainda o Poder Público, inclusive o
Federal 4.771/65, com as alterações promovidas municipal, declarar de preservação permanente
pela Lei 7.803/89 e Medida Provisória 2.166-67 as florestas e demais formas de vegetação natu-
(67ª reedição) é uma das leis ambientais mais ral destinadas a:
importantes para preservação do patrimônio ambi-
ental e turístico (principalmente em áreas rurais). O - atenuar a erosão das terras;
Código prevê a proteção de áreas com vegetação - formar faixa de proteção ao longo de
nativa para manter abrigo de fauna e flora e esta- rodovias e ferrovias;
belece regras de proteção dos cursos d’água, nas- - auxiliar a defesa do território nacional a
centes, lagos, lagoas e reservatórios naturais e arti- critério das autoridades militares (somente
ficiais e proteção do solo contra erosão nas pode ser criada pelo poder público federal);
encostas, topos de montanhas, morros e chapadas. - proteger sítios de excepcional beleza ou de
Duas figuras previstas pelo Código Florestal valor científico ou histórico;
são fundamentais em se tratando de proteção do - abrigar exemplares da fauna ou flora
patrimônio turístico em áreas naturais. São a ameaçados de extinção;
Área de Preservação Permanente (APP) e a - manter o ambiente necessário à vida das
Reserva Legal. populações silvícolas; e
- assegurar condições de bem-estar público.
Área de Preservação Permanente
Reserva Legal
A Área de Preservação Permanente tem por
função preservar os recursos hídricos, a pai- O Código Florestal define a Reserva Legal
sagem, a estabilidade geológica, a biodiversi- como a “área localizada no interior de uma pro-
dade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o priedade ou posse rural, excetuada a de preser-
solo e assegurar o bem-estar das populações vação permanente, necessária ao uso sustentável
humanas. São consideradas de preservação per- dos recursos naturais, à conservação e reabili-
manente as florestas e demais formas de vege- tação dos processos ecológicos, à conservação
tação natural situadas (Art. 2º): da biodiversidade e ao abrigo e proteção de
- ao longo dos rios ou de qualquer curso fauna e flora nativas. A extensão das áreas de
d’água em faixa marginal cuja largura míni- Reserva Legal varia em função do ecossistema e
ma está definida pela alínea “a” do artigo 2º da região em que se localiza a propriedade.
do Código; Na Amazônia Legal, nos ecossistemas flo-
- ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios restais, a Reserva Legal deve cobrir 80% da pro-
d’água naturais ou artificiais (cuja extensão priedade rural. Nos ecossistemas de Cerrados a
está definida atualmente pela Resolução Reserva Legal deve cobrir 35% da propriedade.
CONAMA no 04/85 atualmente em processo Nas demais regiões do país, independentemente
de revisão); do tipo de ecossistema, a Reserva Legal deve
- ao redor de nascentes e nos olhos d’água cobrir, no mínimo, 20% da propriedade rural.
num raio mínimo de 50 metros; O município, mediante convênio com o órgão
- nos topos de morro, montes, montanhas e ambiental estadual, pode assumir a tarefa de auto-
serras (cuja extensão está definida pela rizar a localização da Reserva Legal nas pro-
Resolução CONAMA no 04/85); priedades rurais, devendo atender ao que dispuser
- nas encostas com declividade superior a 45 o Plano Diretor Municipal, o Zoneamento
graus; Ecológico-Econômico e outros zoneamentos ambi-
- nas restingas e mangues; entais (Zoneamento Turístico-Ambiental, por exem-
- nas bordas de chapadas e tabuleiros em faixa plo), devendo também considerar a proximidade
mínima de 100 metros a partir da linha de com outra Reserva Legal, com áreas de preservação
ruptura do relevo; e permanente, com unidades de conservação ou ou-
- em altitude superior a 1.800 metros, qual- tras áreas legalmente protegidas (artigo 16, §4º).
quer que seja a vegetação. Pode o poder púbico municipal, portanto,
57
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
exclusivo das riquezas naturais nelas existentes destacam por suas características geomor-
(art. 231, § 2º). Destinam-se igualmente ao desen- fológicas, geológicas, arqueológicas e outras;
volvimento de sua organização social, língua e ! Comunidades humanas com sistema de pro-
tradições e à preservação de seu acervo cultural. dução sustentável, utilizando pequenas áreas
O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos e em estreita articulação com o quadro na-
os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das tural; e
riquezas minerais em terras indígenas só pode ser ! Paisagens de excepcional beleza cênica de
efetivado com autorização do Congresso interesse para o desenvolvimento turístico.
Nacional, ouvidas as comunidades afetadas,
ficando-lhes assegurada a participação nos resul- SISTEMA NACIONAL
tados da lavra, na forma da lei (art. 231, §5º). DE RECURSOS HÍDRICOS
QUADRO 5
EDUCAÇÃO DE VISITANTES -
PRINCÍPIOS DE MÍNIMO IMPACTO DA VISITAÇÃO EM ÁREAS NATURAIS28
O Pega Leve! é uma campanha idealizada pelo CEU – Centro Excursionista Universitário a partir das
iniciativas de se divulgar medidas práticas de conduta consciente em áreas naturais para visitantes,
principalmente em Parques Nacionais.
Por meio de textos de fácil leitura, o Pega Leve! apresenta de forma resumida e genérica a base
de um conjunto de publicações sobre a ética, os princípios e a prática de mínimo impacto para os
principais biomas brasileiros e para um conjunto de atividades mais praticadas, como as cami-
nhadas, o montanhismo, o cavernismo e outras.
Estas regras de mínimo impacto estão sendo, cada vez mais, adotadas por viajantes em todo o
planeta. Adotando essa campanha, espera-se do visitante uma atitude de respeito pró-ativo perante
o meio ambiente, ajudando a conservar os lugares que vem desfrutando hoje, e facilitando ao gestor
público em sua tarefa de manter as áreas de visitação sob sua responsabilidade com menores riscos
de degradação pelo turismo. Os 8 princípios da Campanha Pega Leve! são:
29 - O site do WWF-Brasil (www.wwf.org.br) possui uma série de publicações nesta área que orientam profissionais de
ensino no desenvolvimento de algumas práticas de educação ambiental.
62
O TURISMO E AS LEIS FEDERAIS DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE E DA CULTURA
co de bens que, por isso, passam a ser preserva - - monumentos da arquitetura civil (residencial,
dos” (Souza Filho, 1997). comercial, público);
O Art. 1º do Decreto federal n. 25/37 diz que - monumentos da arquitetura religiosa;
o patrimônio histórico e artístico nacional cons- - esculturas;
titui-se do “conjunto dos bens móveis e imóveis - conjuntos históricos (casarios);
existentes no país e cuja conservação seja de - museus;
interesse público, quer por sua vinculação a - ruínas;
fatos memoráveis da história do Brasil, quer por - minas e portos;
seu excepcional valor arqueológico ou etnográ - - estradas e trilhas históricas;
fico, bibliográfico ou artístico”. E diz ainda que - eventos e festas culturais;
só serão considerados patrimônios depois de - jardins zoológicos, botânicos e hortos flo-
inscritos em livro de Tombo. restais;
- instituições e centros culturais; e
- bibliotecas públicas.
inscritos conhecimentos e modos de fazer A Lei prevê que tanto os órgãos federais,
enraizados no cotidiano das comunidades; quanto os estaduais e municipais, assim como
sociedade ou associações civis, são partes legíti-
- Livro de Registro das Celebrações, onde mas para provocar a instauração do processo de
serão inscritos rituais e festas que marcam a registro (Art.2º). Para isto, as propostas devem ser
vivência coletiva do trabalho, da religiosi- dirigidas ao Presidente do Instituto do Patrimônio
dade, do entretenimento e de outras práticas Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, que as
da vida social; submeterá ao Conselho Consultivo do
Patrimônio Cultural e devem conter a documen-
- Livro de Registro das Formas de Expressão, tação técnica do bem e sua descrição por-
onde serão inscritas manifestações literárias, menorizada de todos os elementos que lhe sejam
musicais, plásticas, cênicas e lúdicas; e culturalmente relevantes.
Aprovado pelo Conselho Consultivo do
- Livro de Registro dos Lugares, onde serão Patrimônio Cultural, o bem será inscrito no livro
inscritos mercados, feiras, santuários, praças correspondente e receberá o título de
e demais espaços onde se concentram e "Patrimônio Cultural do Brasil".
reproduzem práticas culturais coletivas.
CAPÍTULO I
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO, ARTÍSTICO E NATURAL DO MUNICÍPIO
Art. 1º - Constituem o Patrimônio Histórico e Artístico do Município os bens móveis e imóveis exis-
tentes em seu território cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação à história, quer por
seu valor cultural e/ou paisagístico a qualquer título.
Parágrafo 1º - Os bens a que se refere o presente artigo só passarão a integrar o Patrimônio Histórico,
Artístico e Natural do Município, com a sua inscrição, isolada ou agrupadamente, no compe-
tente livro de tombo.
Parágrafo 2º - Equiparam-se aos bens a que se refere este artigo e são sujeitos a tombamento, os monumen-
tos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar e proteger.
Art. 2º. A presente Lei se aplica às coisas pertencentes às pessoas naturais, bem como às pessoas
jurídicas de direito privado e público.
Art. 3º. Fica criado, na Secretaria Municipal de Administração e Recursos Humanos, o Serviço de
Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Município, com a Comissão Técnica de Relatórios e Sugestões para
o Tombamento de Bens Municipais a ele vinculada.
CAPÍTULO II
DO TOMBAMENTO
Art. 4º. Os Serviços do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Município possuirão um livro de
tombo, no qual serão inscritos os bens mencionados no art. 1º da presente Lei.
Art. 5º. Os bens tombados pelo União e pelo Estado serão, também, pelo Município, de Ofício.
Art. 6º . O tombamento dos bens pertencentes à União, ao estado e ao Município se fará de ofício, por
Art. 8º. Proceder-se-á ao tombamento voluntário sempre que o proprietário o solicitar e o bem se
revestir dos requisitos necessários para constituir parte integrante do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural
do Município, a critério da Secretaria Municipal de Administração e Recursos Humanos ou quando o propri-
etário anuir, por escrito, à notificação que se fizer para inscrição do bem no livro de tombo.
Art. 10. O tombamento compulsório será promovido pela Secretaria Municipal de Administração e
Recursos Humanos a requerimento devidamente acompanhado de parecer fundamentado, do Serviço do
Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Município, aprovado pelo Prefeito Municipal.
Art. 11. Para efeito de inscrições dos bens, manterá a Secretaria de Administração e Recursos
Humanos, 04 (quatro) Livros do Tombo, a saber:
CAPÍTULO III
EFETIVO DO TOMBAMENTO
Art. 13. A alienabilidade dos bens tombados de propriedade de pessoas naturais ou jurídicas de direi-
to privado, sofrerá as restrições constantes desta Lei.
Art. 14. O tombamento definiti vo dos bens de propriedade particular, será iniciativa da Secretaria de
Administração e Recursos Humanos, averbado ao lado da cada registro competente.
65
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
Art. 15. O bem móvel tombado não poderá sair do Município senão por curto prazo, e com finalidade
de intercâmbio cultural, a juízo da Secretaria Municipal de Administração e Recursos Humanos, após parecer
técnico do Serviço de Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Município.
Art. 16. A exceção da hipótese prevista no artigo anterior, a tentativa de transferência do bem tomba-
do, para fora do Município, será punível com multa do 50% (cinqüenta por cento) do valor do bem.
Parágrafo Único – Persistindo a intenção do proprietário do bem móvel tombado em transferi-lo para fora do
Município, será decretada sua utilidade pública para fins de desapropriação, e requerido seus seqüestro na
forma dos art. 675 e seguintes do Código de Processo Civil.
Art. 17. No caso de extravio ou furto de qualquer objeto tombado, o seu proprietário deverá dar co-
nhecimento do fato à Secretaria de Administração e Recursos Humanos, no prazo de 10% (dez por cento) do
valor do bem.
Art. 18. Os bens tombados não poderão ser, em nenhuma hipótese, destruídos, demolidos ou mutila-
dos, nem serem reparados, pintados ou restaurados, sem prévia autorização especial da Secretaria de
Administração e Recursos Humanos, sob pena de embargo e multa de 100% (cem por cento) do dano causa-
do, além das condições previstas no art. 23.
Parágrafo Único – Com relação ao tombamento de árvores, deverá ser respeitada a Lei Municipal vigente.
Art. 19. Sem prévia autorização da Secretaria de Administração e Recursos Humanos, não será per-
mitido, nas vizinhanças do bem imóvel tombado, fazer obra de qualquer espécie, que impeça ou reduza a visi-
bilidade, sob pena de ser determinada a demolição da obra às expensas do proprietário, e de lhe ser imposta
multa de até 50% (cinqüenta por cento) do valor do mesmo objeto.
Parágrafo Único – A proibição a que se refere o presente artigo, estende-se a tapumes, painéis de propaganda
ou quaisquer outros objetos, cuja colocação incidirá nas mesmas punições.
Art. 20. O proprietário que comprovadamente não dispuser de recursos para proceder conservação e
reparo que a coisa tombada requerer, levará ao conhecimento da Secretaria de Administração e Recursos
Humanos a necessidade dos mesmos, sob pena de multa correspondente ao dobro do valor da obra necessária.
Parágrafo 1º - Recebida a comunicação e consideradas necessárias as obras, a Secretaria de Administração e
Recursos Humanos deverá executá-las por conta do Município, no prazo de 06 (seis) meses,
levando a débito do proprietário o valor da obra ou solicitará ao Prefeito Municipal, a desapro-
priação do bem.
Parágrafo 2º - Na falta de quaisquer das providências previstas no parágrafo anterior, poderá o proprietário
requerer o cancelamento do tombamento.
Art. 21. Verificado por parte da Secretaria de Administração e Recursos Humanos, urgência, na rea-
lização das obras de reparo e conservação do bem tombado, poderão estas serem realizadas pelo Município,
independentemente de comunicação a que se refere o “caput” do artigo anterior.
Art. 22. Os bens tombados ficarão sujeitos a vigilância permanente da Secretaria de Administração e Recursos
Humanos, que poderá inspecioná-los sempre que julgar conveniente, não podendo os respectivos proprietários
66
O TURISMO E AS LEIS FEDERAIS DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE E DA CULTURA
ou responsáveis criarem obstáculos à inspeção, sob pena de multa de 20 (vinte) UFMs, elevada ao dobro na
reincidência.
Art. 23. Os atentados cometidos contra os bens de que trata o art. 1º desta Lei, serão equiparados aos
cometidos contra o Patrimônio Público.
CAPÍTULO IV
DO DIREITO DA PREFERÊNCIA
Art. 24. Em face da alienação onerosa de bens tombados, pertencentes a pessoas naturais ou jurídicas
de direito privado, o Município terá o direito de preferência, na forma do art. 23 do Decreto Lei nº 25, de 30
de Novembro de 1937.
Parágrafo 1º - Os bens serão oferecidos prévia e obrigatoriamente ao Município pelo mesmo preço, usando
este direito de preferência no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de perdê-lo.
Parágrafo 2º - É nula a alienação realizada com violação ao disposto no parágrafo anterior, ficando o
Município habilitado a seqüestrar o bem e impor multa de 20% (vinte por cento) do valor da
operação, ao transmitente e adquirente, que serão solidariamente responsáveis.
Parágrafo 3º - A nulidade será declarada, na forma da Lei pelo Juiz que conceder o seqüestro, o qual só será
levantado após satisfeita a multa e transferido o bem para o Patrimônio Municipal.
Parágrafo 4º - Direito de preferência não impede o proprietário de gravar o bem tombado, por penhor,
hipoteca ou anticrese.
Parágrafo 5º - Nenhuma venda judicial de bem tombado se poderá realizar sem que o Município, na quali-
dade de titular de direito de preferência, seja disso notificado judicialmente, não podendo ser
expedidos os editais de praça, antes da notificação.
Parágrafo 6º - Ao Município, caberá o direito de remição, e dele não lançar mão, até a assinatura do auto
de arrematação ou até sentença de adjudicação, as pessoas que, na forma da Lei, tiverem a
faculdade de remir.
Parágrafo 7º - O direito de remição poderá ser exercido dentro de 24 (vinte e quatro) horas a partir da
arrematação ou do pedido de adjudicação, pela Municipalidade.
Art. 25 – É competente para a aplicação das penas pecuniárias previstas nesta Lei, a Secretaria de
Administração e Recursos Humanos, mediante representação do órgão responsável pelo tombamento.
Parágrafo Único – Não estando fixada penalidade específica para as transgressões das obrigações impostas
nesta Lei, aplicar-se-ão multas de 20% (vinte por cento) sobre o valor do bem tombado, sem
prejuízo da apuração de responsabilidade funcional, civil ou criminal, quando couber.
CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 26. O Poder Executivo providenciará a realização de convênios com a União e o Estado, e de acordo
com as pessoas naturais ou jurídicas de direito privado, visando a plena consecução dos objetivos da presente Lei.
Art. 27. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, o Executivo Municipal observará a legislação e a
ação fiscalizadora Federal e Estadual.
Art. 28. Os imóveis tombados na forma desta Lei gozarão de isenção do Imposto Predial e Territorial
Urbano – IPTU, condicionada à comprovação de que o beneficiário preserva efetivamente o bem tombado.
Parágrafo Único – A isenção de que trata este artigo será renovada a cada dois exercícios fiscais, se o benefi-
ciário continuar, comprovadamente, preservando o bem tombado.
Art. 29. Fica o Poder Executivo autorizado a regulamentar a presente Lei no que se fizer necessário.
Art. 31. Fica revogada a Lei nº _____, de ___________ e demais disposições em contrário.
67
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
31 - Nota do Organizador: Apesar das cavidades serem efetivamente um bem de origem natural, dois documentos
legais federais tratam-nas como bens culturais e desta forma preferiu-se inseri-las nesta parte do documento.
32 - Nota do Organizador: Mais informações: http://www.ibama.gov.br/atuacao/espel/espel.htm.
68
CAPÍTULO
III
As Leis para a Gestão
da Política Municipal
de Turismo Responsável
este capítulo são elencados modelos de Cabe ressaltar que não se pretende que estas
leis para orientar a implantação de políti- normas sejam vistas como produtos acabados.
cas, regulamentos, órgãos e instrumentos Qualquer consideração que seja pertinente no
locais em turismo e meio ambiente. conteúdo desta publicação pode ser acompa-
Os modelos legais propostos são: nhada de alterações nestas propostas.
E também sabe-se que as diferentes reali-
❐ LEI DA POLÍTICA MUNICIPAL dades regionais onde se localizam os destinos
DE MEIO AMBIENTE turísticos nos permite afirmar veementemen-
❐ DECRETO QUE REGULAMENTA A LEI DA te que os gestores municipais devem utilizar
POLÍTICA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE estas propostas apenas como um subsídio ao
❐ LEI DO CONSELHO MUNICIPAL debate com os atores locais do turismo em suas
DE MEIO AMBIENTE regiões.
❐ DECRETO QUE REGULAMENTA O FUNDO Desta forma, e utilizando-se das abordagens
MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE dos próximos capítulos - Órgãos, Instrumen-
❐ LEI DA POLÍTICA MUNICIPAL tos e Estratégias para a Gestão do Turismo Res-
ponsável, acredita-se que o município possa
DE TURISMO RESPONSÁVEL
deter uma base político-institucional sólida
❐ LEI DO CONSELHO MUNICIPAL
para o desenvolvimento do turismo equilibrado
DE TURISMO RESPONSÁVEL
e efetivo.
❐ DECRETO QUE REGULAMENTA O FUNDO
MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
71
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
CAPÍTULO I
DA POLÍTICA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE E SEUS PRINCÍPIOS
Art. 1º. Esta Lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23, no art. 30 e no art. 225 da Constituição
Federal Brasileira e nos artigos da Lei Orgânica, estabelece a Lei de Política Municipal de Meio Ambiente, seus
fins e instrumentos e constitui o Sistema Municipal do Meio Ambiente - SISMMA.
Parágrafo único: O COMDEMA - Conselho Municipal de Meio Ambiente, órgão municipal consultivo, norma-
tivo e deliberativo e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, como órgão executivo, integram,
na qualidade de órgãos locais, o SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente, nos termos da
Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.
Art. 2°. A Política Municipal do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação
da qualidade ambiental propícia à vida em todas as suas formas de expressão, visando assegurar condições ao
desenvolvimento socioeconômico e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS DA POLÍTICA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE
72
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
Parágrafo Único - Os planos, programas, obras e atividades públicas e privadas serão desenvolvidas em con-
sonância com as diretrizes da Política Municipal do Meio Ambiente, do Plano Diretor municipal e
dos instrumentos dele derivados.
CAPÍTULO III -
DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE
CAPÍTULO IV
DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Art. 6º. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente ou o COMDEMA poderão convocar a realização de
audiências públicas para que a população local tome conhecimento e se manifeste acerca de obras, atividades
ou empreendimentos, públicos ou privados, potencialmente causadores de impacto ambiental no município,
inclusive os que estejam sendo licenciados pelo órgão estadual ou federal de meio ambiente.
73
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
Parágrafo único - A compensação de que trata este artigo será integralmente revertida para o Fundo Municipal
de Meio Ambiente.
CAPÍTULO V
DA FISCALIZAÇÃO E DO CONTROLE AMBIENTAL
Art. 8º. A fiscalização e o controle da aplicação de critérios, normas e padrões de qualidade ambiental
serão exercidos pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente com a colaboração do COMDEMA, em conjunto
com os demais órgãos integrantes do SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente.
§1º - Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, deverá dirigir representação à Secretaria Municipal de
Meio Ambiente, ao COMDEMA ou ainda à Promotoria de Justiça da Comarca, mediante a prestação das
informações sobre as circunstâncias e características da infração ambiental de que tenha tido conheci-
mento.
§2º- A autoridade ambiental que tiver conhecimento de qualquer infração ambiental é obrigada a promover a
sua apuração imediata, mediante instauração de processo administrativo próprio, sob pena de co-respon-
sabilidade.
Art. 9º. O proprietário de estabelecimento, o responsável pela atividade ou seu preposto deverão permitir
o pleno acesso da fiscalização ambiental e de membros do COMDEMA para a inspeção das atividades poten-
cialmente causadoras de impactos ambientais.
Parágrafo único - Os agentes fiscalizadores municipais, no exercício de suas atribuições, poderão solicitar o
auxílio das autoridades policiais, quando necessário.
Art. 10. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente por iniciativa própria ou a pedido do COMDEMA
poderá, a qualquer momento, fundamentadamente, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, atendendo ao
princípio da razoabilidade, determinar a redução das atividades geradoras de poluição ou utilizadoras de recur-
sos naturais no município para adequá-las aos termos da legislação aplicável, visando a manutenção do equi-
líbrio ecológico local e da qualidade de vida da população.
74
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
Parágrafo único - A Secretaria Municipal de Meio Ambiente poderá exigir, às custa do empreendedor, a realiza-
ção de auditoria ambiental independente nos empreendimentos ou atividades potencialmente causadores
de impacto ambiental ou utilizadores de recursos naturais no município, sempre que entender necessário,
mediante decisão fundamentada, aprovada pelo COMDEMA.
CAPÍTULOVI
DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
Art. 11. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas
de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente previstas nesta lei, em sua regulamentação,
ou na legislação ambiental em geral.
§1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os
funcionários da Secretaria Municipal de Meio Ambiente designados para as atividades de fiscalização, bem
como, mediante delegação especial da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, membros do COMDEMA,
hipótese em que o auto de infração deverá ser homologado pelo Secretário Municipal de Meio Ambiente.
§2º As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurando ao acusado o di-
reito ao contraditório, nos termos do regulamento desta Lei.
Art. 12. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art.
13º desta Lei:
I- advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipa-
mentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
V- destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
X- restritiva de direitos.
§1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente,
as sanções a elas cominadas.
§2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de
preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo.
§3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:
I- advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado
pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente ou COMDEMA;
II - opuser embaraço à fiscalização dos funcionários da Secretaria Municipal de Meio Ambiente ou
membros do COMDEMA.
§4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade
do meio ambiente, a critério do COMDEMA.
§5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.
§6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 da Lei
federal 9.605 de 12 de fevereiro de 1998.
§7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade
ou o estabelecimento não estiver obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.
§8º As sanções restritivas de direito são:
75
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
§9º Compete à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, sempre que o registro, licença ou autorização ten-
ham sido emitidos por órgão estadual ou federal, encaminhar-lhes requerimento para seu cancelamento
ou suspensão, nos termos da decisão administrativa transitada em julgado.
§10 Compete à Secretaria Municipal de Meio Ambiente encaminhar ao órgão competente, o requerimento de
perda, restrição ou suspensão de incentivos, benefícios fiscais ou de perda ou suspensão de financiamen-
to em estabelecimentos oficiais de crédito, nos termos da decisão administrativa transitada em julgado.
Art. 13. Para a imposição e gradação da sanção administrativa, a autoridade competente observará:
I- a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde
pública e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
Art. 14. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente,
de acordo com o objeto jurídico lesado.
Art. 15. O valor da multa poderá variar entre o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$
50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais), aplicando-se as disposições da Lei Federal no 9.605/98 e seu re-
gulamento no que se refere às sanções administrativas.
Art. 16. Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão totalmente rever-
tidos, nos termos do regulamento desta Lei, ao Fundo Municipal de Meio Ambiente – FUMDEMA.
CAPÍTULO VII
DO FUNDO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE
Art. 17. O Fundo Municipal de Meio Ambiente - FUMDEMA tem por objetivo captar recursos do orça-
mento municipal ou de outras fontes públicas ou privadas, e destinar para ações de proteção do patrimônio
ambiental e cultural do Município, assim como para a melhoria da qualidade de vida de sua população.
76
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
Parágrafo único – Os recursos do FUMDEMA serão depositados em conta especial, mantida em instituição
financeira idônea, preferencialmente oficial, e serão administrados pela Secretaria Municipal de Meio
Ambiente com apoio do COMDEMA, nos termos do regulamento desta Lei e da legislação financeira
aplicável.
Art. 19. Os recursos do FUMDEMA destinam-se a apoiar, a fundo perdido, a execução de projetos, sem fins
lucrativos, que visem:
I- à proteção e recuperação do meio ambiente e ao estímulo ao uso sustentado dos recursos naturais
no município;
II - ao desenvolvimento de pesquisas de interesse ambiental para o município;
III - treinamento e capacitação de cidadãos para atuação na área ambiental no município;
IV - desenvolvimento de projetos que promovam a educação e a conscientização ambiental; e
V- outras atividades, sem fins lucrativos, relacionadas à conservação ambiental no município previs-
tas em resolução do COMDEMA.
Art. 20. O FUMDEMA será gerido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente em total articulação com
a Câmara Técnica Permanente de que trata a lei que cria o COMDEMA.
Art. 21. O COMDEMA estabelecerá os critérios e normas para uso dos recursos do FUMDEMA mediante
Resolução.
CAPÍTULOVIII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 22. Em caso de risco de danos graves ou irreversíveis ao meio ambiente, a ausência de certeza cientí-
fica absoluta não deve servir de pretexto para postergar a adoção de medidas visando prevenir a ocorrência de
danos ambientais.
Art. 24. Fica a Prefeitura Municipal autorizada a celebrar convênios e outros acordos ou ajustes com o
Estado ou a União, especialmente visando à delegação, para o Município, de atribuições relativas à proteção e
fiscalização ambiental e ao uso de recursos naturais.
Art. 25. Ressalvado o disposto no artigo anterior, as despesas com a execução desta lei correrão por conta
de dotação orçamentária própria, suplementada para atividades extraordinárias por recursos do FUMDEMA
mediante aprovação do COMDEMA.
Art. 26. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 90 (noventa) dias contados da data de sua
publicação.
Art. 27. Esta Lei entrará em vigor no prazo de 90 (noventa) dias a partir da data de publicação desta lei,
prazo em que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente adotará as medidas necessárias à ampla divulgação de
seu teor em todo território municipal.
77
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º . Na execução da Política Municipal do Meio Ambiente cumpre ao poder público municipal:
Art. 2°. A execução da Política Municipal do Meio Ambiente terá a coordenação da Secretaria Municipal
de Meio Ambiente sob o monitoramento e colaboração do Conselho Municipal de Meio Ambiente - COMDEMA.
CAPÍTULO II
DA ESTRUTURA DO SISTEMA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE
Art. 3°. O Sistema Municipal do Meio Ambiente, responsável pela proteção e melhoria da qualidade am-
biental, tem a seguinte estrutura:
CAPÍTULO III
DO LICENCIAMENTO
Art. 4º. Nos casos de licenciamento ambiental municipal prévio, de instalação ou de funcionamento, cuja
previsão deverá constar em resolução do COMDEMA, o requerimento de licença ambiental deverá ser dirigido
à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, sem prejuízo do cumprimento das exigências legais referentes aos
órgãos estaduais ou federais competentes nos termos da legislação aplicável.
Parágrafo único - O requerimento de licença ambiental, deverá ser divulgado pela rádio local e afixado em local
de amplo acesso ao público onde deverá constar o tipo de empreendimento, resumo dos possíveis
impactos socioambientais, o local onde se pretende instalar e prazo previsto para sua instalação.
Art. 5º. Divulgado o pedido de licença, qualquer interessado poderá se manifestar por escrito por meio de
petição dirigida à Secretaria Municipal de Meio Ambiente no prazo de trinta dias contados da data da divulgação.
78
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
§1º - Caso a Secretaria Municipal de Meio Ambiente tenha que contratar técnicos especificamente para a emis-
são do parecer de que trata este artigo, as despesas de contratação correrão por conta do empreendedor
e o pagamento se fará mediante o depósito do valor correspondente em conta bancária específica,
respeitadas as normas e os procedimentos financeiros do município.
§2º- Quando o empreendimento sob licenciamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente puder causar
impacto a alguma unidade de conservação situada no Município o órgão responsável pela unidade de-
verá necessariamente ser ouvido.
Art. 7º. No caso de ser exigida a apresentação de EIA/Rima, o interessado deverá, no prazo de quarenta e
cinco dias após o recebimento da notificação, submeter à Secretaria Municipal de Meio Ambiente um Plano de
Trabalho que deverá explicitar a metodologia e o conteúdo dos estudos necessários à avaliação de todos os
impactos socioambientais relevantes do projeto, que deverá considerar os requisitos das resoluções 001/86 e
237/97 do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente.
Parágrafo único – O Plano de Trabalho a ser submetido à Secretaria Municipal de Meio Ambiente deverá ser
aprovado pelo COMDEMA.
Art. 8º. Com base no Plano de Trabalho apresentado e nos pareceres preliminares emitidos pelos técnicos
da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, o COMDEMA definirá os termos de referência fixando as diretrizes
e informações básicas que deverão constar do EIA/Rima, assim como o prazo para sua apresentação pelo
empreendedor.
Art. 9º. Recebido o EIA/Rima, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, solicitará manifestação do Ibama
e do órgão ambiental estadual sobre o interesse em se manifestar ou participar do licenciamento do empreendi-
mento proposto.
Parágrafo único – O envio de cópia dos estudos ambientais e demais documentos ao Ibama e ao órgão estadual
ambiental, quando necessário, correrá por conta e responsabilidade do empreendedor, sob pena de nu-
lidade do licenciamento.
Art. 10. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, por meio de técnicos de seus próprios quadros ou re-
quisitados de outros órgãos ou ainda contratados especificamente para esta finalidade, elaborará parecer técni-
co conclusivo sobre o EIA/Rima.
§1º- A Secretaria Municipal de Meio Ambiente poderá requerer complementação de informações ou docu-
mentos antes mesmo de submeter o EIA/Rima à apreciação de pareceristas.
§2º- A contratação de pareceristas deverá ser feita por indicação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente,
referendada pela Câmara Técnica de Licenciamento Ambiental do COMDEMA, e será paga pelo
empreendedor mediante o depósito de quantia correspondente em conta bancária própria, ao final do
processo de licenciamento, adiantadas as despesas de locomoção e hospedagem referentes às vistorias
técnicas necessárias.
§3º- Os técnicos contratados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente para elaborar os pareceres técnicos
sobre os empreendimentos submetidos ao licenciamento ambiental municipal deverão ter total inde-
pendência em relação à administração pública e ao empreendedor para emitir seus pareceres, sob pena
de nulidade do licenciamento.
79
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
Art. 11. Poderão ser exigidas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente quantas complementações
forem necessárias para que o parecer técnico conclusivo e o EIA/Rima estejam completos e prontos a serem sub-
metidos à apreciação do COMDEMA e para a(s) audiência(s) pública(s).
Art. 12. Elaborado o parecer técnico conclusivo sobre o EIA/Rima, a Secretaria Municipal de Meio
Ambiente o submeterá à Câmara Técnica de Licenciamento Ambiental do COMDEMA que anunciará em emis-
sora de rádio local e mediante publicação, quando houver, em periódico local de grande circulação por três
dias consecutivos e afixação de edital em local de amplo acesso ao público em geral, a realização de Audiência
Pública em data e local que viabilize a maior participação popular possível.
§1º- Além da população local, todos os membros do COMDEMA, o Ibama e o órgão estadual de meio am-
biente, assim como a Promotoria de Justiça da Comarca deverão ser convidados formalmente a partici-
par da Audiência Pública.
§2º- As despesas com a realização da Audiência Pública serão custeadas pelo empreendedor.
§3º- O prazo para a realização de audiência pública não será inferior a quinze dias após a última publicação
de que trata este artigo.
§4º- Durante o prazo de trinta dias até a realização da audiência pública o EIA/Rima e os pareceres elabora-
dos pelos técnicos contratados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente deverão estar disponíveis ao
público em geral na íntegra em locais determinados pelo COMDEMA, e todo e qualquer interessado
poderá, sobre tais documentos, se manifestar por escrito junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
§5º- O COMDEMA poderá emitir regulamentação sobre as Audiências Públicas, suplementares ou comple-
mentares às normas federais ou estaduais em vigor.
Art. 13. Após a realização da Audiência Pública, que deverá ser totalmente gravada, em fita cassete ou de
vídeo, a Câmara Técnica de Licenciamento Ambiental do COMDEMA, com base nos pareceres técnicos exis-
tentes e nas manifestações escritas e orais poderá:
Parágrafo único: Na hipótese do inciso II, a Câmara Técnica suspenderá o tramite do procedimento até a com-
plementação das informações ou o vencimento do prazo estabelecido, que se não for prorrogado acar-
retará o arquivamento do pedido de licenciamento e do EIA/Rima.
Art. 14. A plenária do COMDEMA deliberará sobre o parecer da Câmara Técnica de Licenciamento
Ambiental aprovando ou reprovando o empreendimento, podendo ainda no caso de aprovação acrescentar
exigências mitigadoras ou compensatórias dos impactos socioambientais previstos no EIA/Rima.
Parágrafo único. A emissão da licença ambiental será procedida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente,
nos termos do §3º do artigo 5º da Lei de Política Municipal de Meio Ambiente, após a publicação de
resolução do COMDEMA.
CAPÍTULO IV
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS ÀS INFRAÇÕES AMBIENTAIS
Art. 15. Toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas vigentes de uso, gozo, promoção, proteção e
recuperação do meio ambiente é considerada infração administrativa ambiental e será punida com as sanções
do presente diploma legal, sem prejuízo da aplicação de outras penalidades previstas na legislação.
Art. 16. As infrações administrativas são punidas com as sanções previstas na Lei de Política Municipal de
80
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
Art. 17. A multa terá por base a unidade, o hectare, o metro cúbico, o quilograma ou outra medida perti-
nente, de acordo com o objeto jurídico lesado.
Art. 18. O agente autuante, ao lavrar o auto-de-infração, indicará a multa prevista para a conduta, bem
como, se for o caso, as demais sanções estabelecidas neste Decreto e na Lei de Política Municipal de Meio
Ambiente, observando:
I- a gravidade dos fatos, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde públi-
ca e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator, quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; e
III - a situação econômica do infrator.
Art. 19. Constitui reincidência a prática de nova infração ambiental cometida pelo mesmo agente no perío-
do de três anos, classificada como:
Parágrafo único. No caso de reincidência específica ou genérica, a multa a ser imposta pela prática da nova
infração terá seu valor aumentado ao triplo e ao dobro, respectivamente.
Art. 20. O auto de infração deverá ser lavrado em formulário próprio emitido pela Secretaria Municipal de
Meio Ambiente e deverá conter as seguintes informações básicas:
Art. 21. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve observar os seguintes prazos
máximos:
I- trinta dias, contados da data da ciência da autuação, para o infrator oferecer, ao Secretário Municipal
de Meio Ambiente, defesa contra o auto de infração;
II - trinta dias, contados da data apresentação da defesa, para o Secretário Municipal de Meio Ambiente
julgar o auto de infração;
III - vinte dias para o infrator oferecer recurso da decisão condenatória ao COMDEMA, contados da noti-
ficação do julgamento;
IV - dez dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação da decisão final
do COMDEMA.
Parágrafo único – Caso não seja apresentado defesa ou recurso, a multa deverá ser paga a partir do décimo dia
após o vencimento do prazo para recurso de que trata o inciso III.
CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 22. Independentemente de existência de culpa, é o infrator obrigado à reparação do dano causado ao
meio ambiente, afetado por sua atividade.
81
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
Art. 24. O valor da multa de que trata este Decreto será corrigido, periodicamente, com base nos índices
estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais), e o máximo de
R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).
Art. 25. Reverterão ao Fundo Municipal de Meio Ambiente - FUMDEMA os valores arrecadados em paga-
mento de multas aplicadas pelo órgão ambiental municipal com base neste Decreto e na regulamentação da Lei
Federal 9.605/98.
Art. 26. As multas previstas neste Decreto podem ter a sua exigibilidade suspensa, quando o infrator, por
termo de compromisso aprovado pelo COMDEMA, obrigar-se à adoção de medidas específicas para fazer ces-
sar ou corrigir a degradação ambiental em tempo hábil.
§1º- A correção do dano de que trata este artigo será feita mediante a apresentação de projeto técnico de
reparação do dano.
§2º- A Secretaria Municipal de Meio Ambiente pode dispensar o infrator de apresentação de projeto téc-
nico, na hipótese em que a reparação não o exigir.
§3º- Cumpridas integralmente as obrigações assumidas pelo infrator, a multa será reduzida em até noven-
ta por cento do valor atualizado monetariamente.
§4º- Na hipótese de interrupção do cumprimento das obrigações de cessar e corrigir a degradação ambi-
ental, quer seja por decisão da autoridade ambiental ou por culpa do infrator, o valor da multa atua-
lizado monetariamente será proporcional ao dano não reparado.
§5º- Os valores apurados nos parágrafos 3o e 4o deste artigo serão recolhidos no prazo de cinco dias úteis
do recebimento da notificação.
Art. 27. O COMDEMA poderá expedir atos normativos, visando disciplinar os procedimentos necessários
ao cumprimento deste Decreto.
Art. 28. Aplica-se, no que não for contrário a este decreto, o disposto no decreto 3.100/99 que regulamenta
a Lei de Crimes e Infrações contra o Meio Ambiente - Lei Federal 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
82
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
CAPÍTULO I
DA CRIAÇÃO, COMPETÊNCIAS E ORGANIZAÇÃO DO COMDEMA
Art. 1º. O Conselho Municipal de Meio Ambiente - COMDEMA é o órgão municipal consultivo, normati-
vo e deliberativo integrante do SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente, competente para:
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TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
I- Plenária;
II - Diretoria;
III - Secretaria Executiva; e
IV - Câmaras Técnicas permanentes ou temporárias.
Parágrafo único: As competências de cada um dos órgãos do COMDEMA, não previstas nesta Lei, serão esta-
belecidas em seu regimento interno, nos termos do artigo 9º desta Lei .
CAPÍTULO II
DA COMPOSIÇÃO DO COMDEMA E FUNCIONAMENTO DAS PLENÁRIAS
Art. 3º. A plenária é o foro máximo de deliberação do COMDEMA e será composta por 13 (treze) mem-
bros, com a seguinte composição:
§1º A indicação dos membros titulares e suplentes das entidades elencadas nos itens I a VII deste arti-
go deverá ser homologada pelo Prefeito, por decreto e será encaminhada mediante ofício assinado por
seus representantes legais, no prazo de dez dias úteis após a convocação feita pelo Secretário Municipal
84
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
CAPÍTULO III
DA DIRETORIA
Art. 4º. A diretoria do COMDEMA será composta por um presidente e um vice-presidente eleitos dentre os
membros titulares da plenária para o mandato de um ano, permitida a recondução por igual período, os quais
terão as seguintes competências:
§1º A eleição para presidente e vice-presidente do COMDEMA ocorrerá em reunião extraordinária convoca
da prioritariamente para esta finalidade, pelo Secretário Municipal de Meio Ambiente, logo após a posse
oficial de pelo menos 2/3 (dois terços) dos membros da plenária.
§2º O vice-presidente assumirá todas as competências atribuídas ao presidente na sua ausência ou por soli-
citação expressa deste e na ausência de ambos, o secretário executivo assumirá a condução das reuniões,
conforme dispõe o inciso VII do artigo 5º desta Lei.
85
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
Art. 5º. O Secretário Executivo do COMDEMA será indicado pelo Secretário Municipal de Meio Ambiente e
deverá contar com todo apoio financeiro, logístico e operacional da Prefeitura para o exercício de suas competências.
§1º O secretário executivo poderá nomear um secretário adjunto dentre os membros do COMDEMA.
§2º Compete ao secretário executivo, com o necessário apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente,
além das atribuições que serão definidas pelo regimento interno:
CAPÍTULO V
DAS CÂMARAS TÉCNICAS
Art. 6º. A plenária do COMDEMA criará câmaras técnicas temáticas temporárias ou permanentes para
tratar de temas específicos.
§1º As deliberações das câmaras técnicas serão tomadas por maioria simples e deverão ser submetidas me-
diante parecer conclusivo à plenária que poderá alterá-las ou ratificá-las.
§2º Poderão participar das câmaras técnicas, na qualidade de colaboradores, profissionais de outros órgãos
da prefeitura ou de outras instituições públicas ou privadas, desde que formal e oficialmente convidados
pela plenária ou câmara técnica, aplicando-se a este o disposto no parágrafo 3º do artigo 3º.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E GERAIS
Art. 7º. Cientes de efetivas ou possíveis agressões ambientais, os membros do COMDEMA deverão infor-
mar, em tempo hábil, ao Ministério Público da Comarca, assim como aos demais órgãos competentes no intuito
de impedir que o dano ocorra ou para a sua recuperação e/ou mitigação e respectiva punição do responsável.
Art. 8º. O COMDEMA deverá ser obrigatoriamente ouvido, em caráter deliberativo, nos procedimentos de
avaliação de impacto ambiental sob competência dos órgãos ambientais estadual ou federal, de empreendi-
mentos efetiva ou potencialmente causadores de significativa degradação ambiental no Município, sob pena de
nulidade das licenças eventualmente emitidas.
Art. 9º. A instalação do COMDEMA e a nomeação dos conselheiros ocorrerão no prazo máximo de 60
(sessenta) dias contados a partir da publicação desta Lei.
Art. 10. O COMDEMA elaborará e aprovará, mediante voto de 3/5 (três quintos) de seus membros, re-
86
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
Art. 11. O Poder Público municipal disponibilizará os recursos humanos, financeiros e materiais
necessários ao fiel e adequado cumprimento desta Lei.
Art. 12. As despesas com a elaboração de pareceres técnicos para subsidiar as deliberações do COMDE-
MA previstas no artigo 1o desta Lei, nos casos de licenciamento de obras efetiva ou potencialmente causadoras
de significativo impacto ambiental, correrão integralmente por conta dos empreendedores interessados e a con-
tratação do profissional devidamente habilitado, que assinará termo de compromisso e de responsabilidade téc-
nica perante o COMDEMA, será definida pela plenária, mediante sugestão da câmara técnica competente.
Art. 13. As reuniões do COMDEMA ocorrerão em local de fácil acesso aos cidadãos do município e serão
abertas ao público, sendo que o direito a voz de pessoas que não sejam membros do COMDEMA ficará condi-
cionado à anuência do seu Presidente.
Art. 14. O COMDEMA criará uma Câmara Técnica Permanente para a gestão do FUMDEMA - Fundo
Municipal de Meio Ambiente que será presidida pelo Secretário Municipal de Meio Ambiente ou por seu re-
presentante e Câmaras Técnicas Temporárias para análise de projetos submetidos ao referido Fundo.
Art. 15. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrários.
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TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
CAPÍTULO I
DO FUNDO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE - FUMDEMA
Art. 1º. O Fundo Municipal de Meio Ambiente - FUMDEMA será regido por este decreto que regulamen-
ta a Lei Municipal nº____ de _______________________.
Art. 2º. O FUMDEMA tem por objetivo captar recursos financeiros públicos ou privados e destiná-los, a
fundo perdido, a ações de proteção do patrimônio ambiental e cultural do Município, assim como para a me-
lhoria da qualidade de vida de sua população.
Art. 3º. Os recursos do FUMDEMA serão aplicados na execução de projetos, sem fins lucrativos, que
visem:
I- à proteção e recuperação do meio ambiente e ao estímulo ao uso sustentável dos recursos naturais
no município;
II - ao desenvolvimento de pesquisas de interesse ambiental para o município;
III - treinamento e capacitação de cidadãos para atuação na área ambiental no município;
IV - desenvolvimento de projetos e eventos que promovam a educação e conscientização ambiental; e
V- outras atividades, sem fins lucrativos, relacionadas à conservação ambiental no município previs-
tas em resolução do COMDEMA.
Art. 4º. Poderão fazer uso dos recursos do FUMDEMA, mediante aprovação do COMDEMA, as organiza-
ções privadas sem fins lucrativos, sediadas no Município, cadastradas na Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e devidamente constituídas há mais de um ano, e que tenham por objetivo institucional a proteção
ao meio ambiente e o estímulo ao uso sustentável dos recursos naturais, notadamente as ações descritas nos
incisos I a V do artigo 3º desta lei.
Art. 5º. O COMDEMA aprovará e publicará edital específico convocando a sociedade a apresentar proje-
tos para o FUMDEMA estabelecendo os objetivos gerais e os termos de referência que deverão ser atendidos
para a seleção que se fará junto à Câmara Técnica competente.
CAPÍTULO II
DA CÂMARA TÉCNICA DE GESTÃO DO FUMDEMA
Art. 6º. A Câmara Técnica de Gestão do FUMDEMA, criada no âmbito do COMDEMA, será composta por
um presidente, um relator, um secretário e mais dois membros, todos eleitos pela plenária do COMDEMA den-
tre os seus membros para um mandato de um ano prorrogável.
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AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
§2º A presidência da Câmara Técnica de Gestão do FUMDEMA será exercida pelo Secretário Municipal de
Meio Ambiente ou por membro do Conselho por ele nomeado e terá a incumbência de:
§3º Os membros da Câmara Técnica de Gestão do FUMDEMA, em especial seu presidente, cumprem função
de relevante responsabilidade pública sendo-lhes aplicáveis as sanções previstas na legislação de impro-
bidade administrativa.
CAPÍTULO III
DO PROCEDIMENTO PARA APROVAÇÃO DE PROJETOS
Art. 7º. Os projetos a serem apoiados com recursos do FUMDEMA deverão atender aos objetivos e termos
de referência estabelecidos no edital de que trata o artigo 5º desta Lei e ser encaminhados pelo interessado ao
secretário executivo do COMDEMA que o colocará em pauta na primeira reunião plenária ordinária subse-
qüente.
§1º A plenária do COMDEMA criará uma Câmara Técnica Temporária específica, para cada edital publica-
do, com o objetivo de analisar os projetos submetidos ao FUMDEMA.
§2º O prazo para a Câmara Técnica Temporária elaborar o parecer conclusivo sobre os projetos a ela sub-
metidos será de 30 dias, prorrogáveis por no máximo mais 30 dias a critério do Presidente do COMDEMA.
§3º Compete às Câmaras Técnicas Temporárias de que trata este artigo:
I- receber da secretaria executiva do COMDEMA os projetos apresentados para apoio com recursos
do FUMDEMA;
II - realizar, dentro do prazo definido no parágrafo 2º deste artigo, as diligências necessárias para a
boa instrução do processo de análise dos projetos submetidos a sua apreciação;
III - avaliar a adequação dos projetos submetidos ao FUMDEMA às prioridades estabelecidas pelo
COMDEMA, assim como sua adequação ao edital e à legislação ambiental; e
IV - apresentar parecer conclusivo para apreciação da plenária do COMDEMA, no prazo definido no
parágrafo 2º do artigo 7º desta Lei, sugerindo a aprovação, rejeição ou eventual adequação dos
projetos.
89
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS
Art. 8º. A liberação dos recursos para os projetos aprovados pelo COMDEMA se fará após a publicação
dentro do Município em local de amplo acesso ao público em geral de extrato de convênio assinado pelo
Prefeito, pelo presidente da Câmara Técnica de Gestão do FUMDEMA e pelo representante legal da instituição
beneficiada em que constarão as seguintes informações:
Art. 9º. O COMDEMA aprovará, mediante proposta da Câmara Técnica de Gestão do FUMDEMA, re-
solução estabelecendo a forma, o conteúdo e a periodicidade dos relatórios financeiros e de atividades que de-
verão ser apresentados pelos beneficiários à Câmara Técnica de Gestão.
Art. 10. Não poderão ser apoiados pelo FUMDEMA projetos incompatíveis com quaisquer normas,
critérios ou políticas municipais de preservação, proteção e recuperação do meio ambiente.
Art. 11. Não poderão ser beneficiárias de apoio pelo FUMDEMA organizações cuja diretoria seja compos-
ta por membro da Câmara Técnica de Gestão do FUMDEMA.
Art. 12. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente prestará o apoio logístico necessário ao fiel cumpri-
mento das atribuições da Câmara Técnica de Gestão do FUMDEMA e ao devido funcionamento do Fundo.
90
AS L EIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
POLÍTICA MUNICIPAL
DE TURISMO RESPONSÁVEL
LEI MUNICIPAL N°____, ____ DE ____________________ DE 20___
CAPÍTULO I
DOS ASPECTOS GERAIS DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
Art. 1º. Esta Lei estabelece a Política Municipal de Turismo Responsável que tem os seguintes objetivos:
Art. 2º. Para gerir a Política Municipal de Turismo Responsável, fica criado o SIMTUR - Sistema Municipal
de Turismo, constituído pelos seguintes órgãos:
91
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
Parágrafo único: os instrumentos da Política Municipal de Turismo Responsável serão regulamentados pelo
COMTUR e devem ser implementados em total consonância com a Política Municipal de Meio Ambiente e a
legislação de proteção ambiental e cultural.
Art. 4º. Observando o que estabelece o Plano Diretor do Município, o poder público municipal elaborará
o Diagnóstico Turístico e o Zoneamento Turístico do Município.
§1º O Diagnóstico Turístico é o instrumento por meio do qual o poder público qualifica o potencial turístico
da região, inventariando os principais atrativos turísticos do município e os bens e serviços a eles rela-
cionados, avaliando seu estado de conservação e sua capacidade de receber visitação, assim como
delimita os principais atores sociais e as políticas e os aspectos políticos locais e regionais que afetam o
a atividade turística;
§2º O Zoneamento Turístico é o instrumento técnico e científico de identificação, avaliação e mapeamento
das potencialidades e vulnerabilidades do uso do território urbano e rural do município frente às ativi-
dades e instalação de empreendimentos turísticos, e tem por finalidade estabelecer medidas para mini-
mizar potenciais conflitos socioeconômicos, ambientais e culturais e orientar a elaboração das leis de uso
e ocupação do solo no município, sob o princípio da proteção dos recursos de interesse ecológico e cul-
tural, e do Plano de Desenvolvimento Turístico de que trata o inciso II do artigo 3º desta Lei;
§3º O Zoneamento Turístico deverá ser desenvolvido em consonância com o Zoneamento Ambiental previs-
to na Política Municipal de Meio Ambiente;
§4º O Diagnóstico Turístico e o Zoneamento Turístico deverão ser submetidos a audiências públicas no
município e serão aprovados em resolução do COMTUR;
Art. 5º. Com base no Diagnóstico Turístico e no Zoneamento Turístico a Secretaria Municipal de Turismo
elaborará um Plano de Desenvolvimento Turístico que deverá ser submetido a audiências públicas e aprovado
pelo COMTUR.
Parágrafo único: O Plano de Desenvolvimento Turístico deverá orientar toda Política Municipal de Turismo
Responsável e condicionará os incentivos fiscais municipais, o apoio do Fundo Municipal de Turismo - FUM-
TUR a projetos públicos ou privados e os gastos públicos em obras e projetos relacionados ao turismo.
CAPÍTULO II
DOS CRITÉRIOS PARA O FUNCIONAMENTO DAS ATIVIDADES E EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS
Art. 6º. Toda atividade ou empreendimento turístico que esteja operando ou venha a operar comercial-
mente no Município deverá estar cadastrado na Secretaria Municipal de Turismo e obter anualmente a licença
de funcionamento junto desta Secretaria, sem prejuízo de outras licenças exigíveis, e deverá atender aos critérios
estabelecidos nesta lei e nas regulamentações do COMTUR - Conselho Municipal de Turismo.
§1º Entende-se por atividade ou empreendimento turístico, para efeito desta lei:
a) os atrativos turísticos, assim compreendidos a propriedade ou posse, rural ou urbana, que receba
a visitação de lazer e recreação turística mediante pagamento e que abrigue locais de beleza cêni-
ca expressiva ou de interesse cultural ou histórico relevantes, tais como: cachoeiras, corredeiras,
rios, cânions, florestas, cerrados, montanhas, chapadas, lagos, lagoas, represas, paisagens exube-
rantes, sítios históricos, construções ou conjuntos arquitetônicos representativos da cultura regional
ou local e demais áreas naturais ou culturais de interesse real ou potencial para visitação pública;
b) os operadores de turismo, assim compreendidos os guias e condutores de visitantes, as agências e
operadoras de turismo receptivo e outros segmentos que operem ou venham a operar com ativi-
dades relacionadas diretamente ao turismo no território municipal;
c) os meios de hospedagem, assim entendidos todos os empreendimentos e estabelecimentos desti-
92
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
POLÍTICA MUNICIPAL
DE TURISMO RESPONSÁVEL
nados a prestar serviços de hospedagem mediante pagamento, tais como: hotéis, pousadas, camp-
ings, alojamentos, ecoresorts, lodges, tent camps, ou qualquer outra denominação que se dê ao
serviço;
d) os meios de transporte, entendidos todos os serviços de transportes de turistas por veículos moto-
rizados realizados no território do município, seja aéreo, terrestre ou aquático, assim como os
serviços e infra-estrutura de apoio; e
e) os meios de alimentação, entendidos os restaurantes, lanchonetes, bares, quiosques, barracas ou
outros estabelecimentos destinados a oferecer alimentação mediante pagamento.
§2º Para a emissão de licença de funcionamento o responsável pela atividade ou empreendimento deverá
pagar a Taxa de Fiscalização e Fomento ao Turismo Responsável cujo valor será diferenciado em função
do enquadramento da atividade ou empreendimento conforme estabelecido no Anexo I desta Lei33.
§3º A Secretaria Municipal de Turismo poderá exigir, nos termos de resolução do COMTUR, a realização de
Estudo Prévio de Impacto sobre o Meio Ambiente para a emissão de licença de funcionamento às ativi-
dades ou empreendimentos previstos neste artigo que possuam potencial significativo de impacto sobre
o meio ambiente local.
Parágrafo único O COMTUR poderá estabelecer outras exigências básicas para cada tipo de atividade ou
empreendimento turístico atendendo às suas peculiaridades.
Art. 8º. O funcionamento dos atrativos turísticos no município, a implantação e manutenção de sua infra-
estrutura e o seu planejamento de uso deverão respeitar, além do disposto nesta lei e nas resoluções do COM-
TUR, os seguintes instrumentos:
CAPÍTULO III
DO PLANO DE GESTÃO DOS ATRATIVOS TURÍSTICOS - PGAT
Art. 9º. Fica criado o Plano de Gestão dos Atrativos Turísticos - PGAT, instrumento a ser implementado vo-
luntariamente nos atrativos turísticos devidamente licenciados pela Secretaria Municipal de Turismo e que con-
terá um plano de manejo das atividades turísticas na propriedade, no intuito de aprimorar continuamente a qua-
lidade da infra-estrutura e da segurança dos produtos e serviços prestados oferecidas pelos atrativos, bem como
sua sustentabilidade ambiental.
33 –Este anexo deve ser elaborado pelo COMTUR e aprovado pela Câmara de Vereadores atendendo peculiari-
dades locais e a legislação tributária.
93
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
§2º O COMTUR estabelecerá em resolução os termos de referência e os critérios mínimos para a elaboração
do PGAT.
§3º O PGAT deverá ser submetido ao COMTUR e deverá ser revisto a cada três anos podendo ser alterado
durante sua vigência desde que com anuência prévia do COMTUR.
§4º Qualquer alteração nos padrões de infra-estrutura e/ou a abertura de novas facilidades aos visitantes, de-
verão ser acompanhadas de prévia comunicação ao COMTUR, incluindo a atualização do PGAT.
Art. 10. O PGAT, além de prever o cumprimento do disposto nos artigos 6º, 7º e 8º desta lei e em sua re-
gulamentação, deverá conter, no mínimo:
94
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
POLÍTICA MUNICIPAL
DE TURISMO RESPONSÁVEL
descrição de cada atividade desenvolvida e seus riscos, assim como dos procedimentos de segurança;
VIII – um programa de educação e interpretação ambiental.
§1º Quando as áreas citadas nas alíneas “a” e “b” do inciso I deste artigo estiverem degradadas ou desprovi-
das de vegetação original, o PGAT deverá estabelecer um cronograma para recomposição da vegetação
nativa seja por reflorestamento ou por regeneração, identificando a metodologia e as espécies que serão
plantadas, que deverão ser prioritariamente nativas, nos termos da legislação ambiental aplicável.
§2º Caso a legislação em vigor permita formas alternativas de cumprimento da obrigação de averbação,
recomposição e manutenção da reserva legal de que trata o artigo 16 do Código Florestal em vigor, o
PGAT deverá apontar os meios e o cronograma para sua execução.
§3º O Poder Público municipal, por meio de suas secretarias de governo nos limites de suas competências e
por intermédio de parcerias com órgãos governamentais ou não governamentais, prestará assistência téc-
nica e fomentará a recuperação de áreas degradadas nos atrativos turísticos e nas áreas de importância
ambiental.
CAPÍTULO IV
DO FUNDO MUNICIPAL DE TURISMO - FUMTUR
Art. 11. O Fundo Municipal de Turismo – FUMTUR tem por objetivo captar e destinar recursos, do orça-
mento municipal ou de outras fontes públicas ou privadas, para ações de desenvolvimento do turismo respon-
sável no município visando a melhoria da qualidade de vida da população local e a proteção do patrimônio
ambiental e cultural do Município.
I- dotações orçamentárias;
II - multas impostas pelo poder público municipal, estadual ou federal por infração à legislação
municipal, federal e estadual;
III - preço público cobrado pela visitação ou utilização de unidades de conservação de domínio do
município;
IV - recursos provenientes de ajuda e cooperação internacional, de acordos entre entidades governa-
mentais ou não-governamentais ou de repasses de tributos municipais, federais e/ ou estaduais vin-
culados à conservação ambiental;
V- recursos provenientes de convênios, contratos e consórcios;
VI - legados e doações;
VII - rendimentos obtidos com a aplicação de seu patrimônio; e
VIII - outras receitas eventuais.
§1º Os recursos do FUMTUR serão depositados em conta especial, mantida em instituição financeira idônea,
preferencialmente oficial, e serão administrados pela Secretaria Municipal de Turismo, sob monitora-
mento do COMTUR, nos termos do regulamento.
§2º O FUMTUR somente apoiará projetos que estejam de acordo com o Zoneamento Turístico e o Plano de
Desenvolvimento Turístico, previstos no artigo 5º desta Lei.
§3º Terão prioridade no atendimento dos apoios do FUMTUR os projetos vinculados a empreendimentos
inscritos em programas de certificação, projetos que visam manter ou recuperar o meio ambiente de uso
turístico e os projetos comunitários geradores de renda e trabalho.
CAPÍTULO V
DOS INCENTIVOS AO TURISMO RESPONSÁVEL
Art. 13. O poder público municipal, por intermédio da Secretaria Municipal de Turismo e do COMTUR,
estimulará a elaboração dos Planos de Gestão dos Atrativos Turísticos e a adoção das medidas necessárias para
o estímulo a processos de certificação do turismo sustentável, ou ao aprimoramento das atividades ou
empreendimentos turísticos inscritos em programas de certificação.
95
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
Art. 14. Os atrativos turísticos que se comprometerem a implementar o PGAT ou que obtiverem a certifi-
cação pelo Programa de Certificação do Turismo Sustentável – PCTS poderão gozar, conforme deliberação do
COMTUR, dos seguintes benefícios:
Parágrafo único: Os projetos referidos no item IV deste artigo deverão ser encaminhados e executados por orga-
nizações privadas, sem fins lucrativos, sediadas no Município.
Art. 15. A Secretaria Municipal de Turismo, com apoio do COMTUR, envidará esforços para a realização
de convênios com os poderes públicos estadual e/ou federal ou com organizações não-governamentais visando
implementar:
Art. 16. Os incentivos e isenções fiscais de que trata esta lei estarão condicionados à implementação das
medidas previstas no PGAT aprovado pelo COMTUR e à manutenção das condições que propiciaram a certifi-
cação da atividade ou empreendimento turístico.
CAPÍTULO VI
DAS TAXAS
Art. 17. Fica criada a Taxa de Fiscalização e Fomento ao Turismo Responsável, cujos valores estão esta-
belecidos no Anexo I desta lei, que será cobrada anualmente das atividades e empreendimentos turísticos pre-
vistos no artigo 6º desta Lei, sendo a primeira cobrança previamente à emissão da licença de funcionamento, a
qual será revertida em sua totalidade para o Fundo Municipal de Turismo – FUMTUR.
Parágrafo único. O atrativo turístico que aprovar ou que estiver implementando o PGAT de que tratam os artigos
9º e 10 desta Lei, assim como as atividades e empreendimentos turísticos certificados pelo PCTS, obterão isenção
total ou parcial no pagamento da taxa de que trata o caput deste artigo, conforme deliberação do COMTUR.
Art. 18. Será cobrada, nos termos do regulamento desta Lei, uma taxa de visitação por meio de vouchers
emitidos e controlados pela Secretaria Municipal de Turismo, a qual será integralmente destinada ao FUMTUR35.
34 – Esta hipótese só poderá se tornar viável caso a reforma constitucional transforme o Imposto Territorial Rural
(ITR) como tributo de competência municipal.
35 – Ver modelos de regulamentos que dizem respeito à implantação de vouchers em Bonito, MS e na Chapada
dos Guimarães, MT no capítulo V.
96
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
POLÍTICA MUNICIPAL
DE TURISMO RESPONSÁVEL
§1º O funcionamento do sistema de voucher e o valor a ser cobrado de cada venda de serviços turísticos no
município serão definidos em regulamento próprio a ser aprovado pelo COMTUR.
§2º A não observância das regras de aplicação do sistema de vouchers pelos empreendimentos turísticos,
será motivo de multa no valor de cinco vezes o valor da taxa correspondente.
CAPÍTULO VII
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
Art. 19. O descumprimento do disposto nos artigos 6o, 7o e 8o desta lei e nos dispositivos que os regula-
mentam ensejará, respectivamente nesta ordem:
I- advertência formal com estabelecimento de prazo, não inferior a 45 dias, para a regularização da
atividade ou empreendimento;
II - multa que variará de ____ a _____ Unidades Fiscais Municipais, pela não regularização no prazo
estabelecido no inciso anterior, com estabelecimento de novo prazo de 45 dias para regularização;
III - após o prazo de que trata o inciso anterior, permanecendo a irregularidade será suspensa a licença
de funcionamento do atrativo até sua regularização ao disposto nesta lei e na advertência.
§1º O atrativo que operar durante a vigência da suspensão de que trata o inciso anterior será multado em 10
vezes o valor imposto no inciso II deste artigo.
§2º Compete à Secretaria Municipal de Turismo lavrar as advertências e as multas previstas neste artigo, em
formulário próprio que deverá conter, entre outros itens:
§3º O infrator terá prazo de trinta dias, após a notificação formal da multa para recorrer ao COMTUR, ouvi-
do o Secretário de Turismo, recurso este que suspenderá o pagamento da multa até a decisão final.
§4º O infrator terá 20 dias para recolher o valor da multa após o recebimento de notificação da confirmação
da penalidade pelo COMTUR.
§5º A multa decorrente das infrações previstas neste artigo poderá ser cancelada em até 90% caso o proprie-
tário assine termos de ajustamento de conduta responsabilizando-se por reparar as infrações cometidas
em prazo não superior a 90 dias.
§6º O valor arrecadado a título de multa será cobrado pela Secretaria Municipal de Turismo e integralmente
destinado ao FUMTUR.
Art. 20. Serão retiradas das estradas e logradouros públicos no território do Município, pela Secretaria
Municipal de Turismo, todas as placas indicadoras das atividades ou empreendimentos turísticos que estiverem
funcionando sem a licença de que trata o artigo 6º, a partir do prazo estabelecido pelo artigo 22 desta lei.
Art. 21. As atividades ou empreendimentos turísticos que estiverem funcionando irregularmente a partir do
prazo estabelecido pelo artigo 22 desta lei deixarão de ser divulgados pelo Centro de Atendimento ao Turista e
demais programas que o Poder Público municipal estiver desenvolvendo ou vier a desenvolver.
CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 22. As atividades ou empreendimentos turísticos que estiverem operando comercialmente a partir da
entrada em vigor desta lei terão prazo 180 dias para regularizar sua atividade.
97
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
Art. 24. O responsável pela atividade ou empreendimento turístico responde plenamente por qualquer aci-
dente que tenha relação direta ou indireta com o descumprimento das medidas preventivas de segurança pre-
vista nesta lei e em sua regulamentação.
Art. 26. Esta lei entra em vigor 90 dias após a sua publicação, período em que o Poder Público municipal
deverá, com apoio do COMTUR e do COMDEMA, divulgá-la junto aos meios de comunicação local.
98
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
CAPÍTULO I
DA CRIAÇÃO, COMPETÊNCIAS E ORGANIZAÇÃO DO COMTUR
Art. 1º. Fica criado o COMTUR - Conselho Municipal de Turismo que reger-se-á pelas disposições desta Lei.
Art. 2º. O COMTUR tem por objetivo principal formular e implementar a Política Municipal de Turismo
Responsável, visando criar condições para o aperfeiçoamento e o desenvolvimento, em bases sustentáveis, da
atividade turística no Município de forma a garantir o bem estar de seus habitantes e turistas e o resguardo do
patrimônio natural e cultural da região.
I- formular em conjunto com a Secretaria Municipal de Turismo e aprovar o Plano Diretor de Turismo
do Município;
II - estabelecer, por meio de resoluções, regras e padrões para o exercício regular das atividades e
empreendimentos turísticos no município, respeitando as normas da Embratur e/ou do órgão fe-
deral competente, de forma a garantir a proteção e conservação do patrimônio natural, cultural,
histórico e arquitetônico, o desenvolvimento socioeconômico do município e o bem estar da po-
pulação local;
III - estabelecer os termos de referência para a elaboração do Diagnóstico Turístico de que trata a Lei
de Política Municipal de Turismo Responsável;
IV - aprovar o Zoneamento Turístico municipal;
V- opinar, previamente à aprovação pela Câmara de Vereadores, sobre quaisquer alterações no Plano
Diretor Municipal que possam afetar a atividade turística no município.
VI - elaborar programas e implementar ações que integrem as unidades de conservação existentes no
município ao seu entorno de forma a garantir o cumprimento dos objetivos que justificaram a cria-
ção da referida unidade;
VII - elaborar programas e implementar ações de valorização da cultura e dos costumes da população
local assim como do patrimônio artístico, arquitetônico, histórico e turístico da região;
VIII - gerir o Fundo Municipal de Turismo;
IX - opinar e exigir estudos sobre planos, programas, obras ou atividades que possam causar impactos
na atividade turística do município, previamente à emissão das licenças ambientais pelos órgãos
competentes;
X- monitorar a certificação de atividades e empreendimentos turísticos no município;
XI - sugerir ao Prefeito e à Câmara de Vereadores a concessão de isenções fiscais e outros tipos de
incentivos às atividades turísticas certificadas;
XII - elaborar e manter disponível aos interessados o relatório anual sobre a atividade turística no
município;
XIII - requisitar, sempre que necessário, a quaisquer órgãos públicos ou privados, municipais, estaduais
ou federais, informações ou documentos que digam respeito a quaisquer de suas competências
institucionais;
XIV - participar e opinar sobre a criação de unidades de conservação ou áreas de especial interesse
histórico, arqueológico, ecológico, cultural, urbanístico e turístico, nos termos da legislação em vigor;
XV - solicitar à Secretaria Municipal de Turismo a celebração de convênios ou contratos com entidades
públicas ou privadas de pesquisa ou atuação na área de turismo ou afins, para assessorá-lo na rea-
lização de suas finalidades institucionais;
XVI - comunicar ao Ministério Público e aos demais órgãos públicos competentes as agressões ambien-
tais ocorridas ou por ocorrer dentro do município, que tenham chegado ao seu conhecimento,
atuando preventivamente, sempre que possível;
XVII - convocar audiências públicas, nos termos da legislação em vigor, para informar e ouvir a opinião
da população local a respeito de planos, programas, atividades e obras públicas ou privadas poten-
99
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
I- Plenária;
II - Diretoria;
III - Secretaria Executiva; e
IV - Câmaras Técnicas permanentes ou temporárias.
Parágrafo único: As competências de cada um dos órgãos do COMTUR, não previstas nesta Lei, serão estabele-
cidas em seu regimento interno, nos termos do artigo 11 desta Lei.
CAPÍTULO II
DA COMPOSIÇÃO DO COMTUR E FUNCIONAMENTO DAS PLENÁRIAS
Art. 5º. A plenária é o foro máximo de deliberação do COMTUR e será composta por 13 (treze) membros,
com a seguinte composição:
§1º A indicação dos membros titulares e suplentes das entidades elencadas nos itens I a V deste artigo deve-
rá ser homologada pelo Prefeito e será encaminhada mediante ofício assinado por seus representantes
legais, no prazo de dez dias úteis após a convocação feita pelo Secretário de Turismo;
§2º A escolha das entidades referida no item VI e VII deste artigo, as quais indicarão, cada uma, um repre-
sentante titular e um suplente para o COMTUR, deverá ser homologada pelo Prefeito e se dará mediante
eleição, na presença de representante indicado pelo Secretário de Turismo, entre as entidades juridica-
mente habilitadas e previamente cadastradas junto à Secretaria Municipal de Turismo;
§3º A escolha dos representantes titulares e suplentes de que trata o item VIII deste artigo, deverá ser homo-
logada pelo Prefeito e se dará mediante eleição, na presença de representante indicado pelo Secretário
de Turismo, entre cidadãos previamente cadastrados junto à Secretaria Municipal de Turismo;
§4º As funções desempenhadas pelos membros do COMTUR são consideradas de relevante interesse públi-
co e serão exercidas gratuitamente;
§5º O mandato dos membros do COMTUR será de 2 (dois) anos permitida a recondução, por no máximo
mais duas vezes;
§6º As plenárias ordinárias do COMTUR ocorrerão uma vez por mês, devendo ser agendadas e convocadas
com antecedência mínima de sete dias úteis, ou em data prevista no calendário proposto pelo seu
Presidente nos termos do inciso VI do artigo 6º desta Lei;
100
AS L EIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
CAPÍTULO III
DA DIRETORIA
Art. 6º. A diretoria do COMTUR será composta por um presidente e um vice-presidente eleitos dentre os
membros titulares da plenária para o mandato de um ano, permitida a recondução por igual período e terão as
seguintes competências:
§1º A eleição para presidente e vice-presidente do COMTUR ocorrerá em reunião extraordinária convocada
prioritariamente para esta finalidade, pelo Secretário de Turismo, logo após a posse oficial dos demais
membros da plenária.
§2º O vice-presidente assumirá todas as competências atribuídas ao presidente na sua ausência ou por soli-
citação expressa deste e na ausência de ambos, o secretário executivo assumirá a condução das reuniões,
conforme dispõe o inciso VII do artigo 7º desta Lei.
CAPÍTULO IV
DA SECRETARIA EXECUTIVA
Art. 7º. O Secretário Executivo do COMTUR será indicado pelo Secretário de Turismo e deverá contar com
todo apoio financeiro, logístico e operacional da Prefeitura para a execução de suas competências.
§1º O secretário executivo poderá nomear um secretário adjunto dentre os demais membros do COMTUR.
§2º Compete à Secretaria Executiva do COMTUR:
101
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
CAPÍTULO V
DAS CÂMARAS TÉCNICAS
Art. 8º . A plenária do COMTUR criará câmaras técnicas temáticas temporárias ou permanentes para tratar
de temas específicos.
§1º As deliberações das câmaras técnicas deverão ser submetidas mediante parecer conclusivo à plenária
que poderá alterá-las ou ratificá-las.
§2º Poderão participar das câmaras técnicas, na qualidade de colaboradores, profissionais de outros órgãos
da prefeitura ou de outras instituições públicas ou privadas, desde que formal e oficialmente convidados
pela plenária ou câmara técnica, ressaltando-se o disposto no parágrafo 4o do artigo 5o desta lei.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E GERAIS
Art. 9º. Cientes de efetivas ou possíveis agressões ambientais, os membros do COMTUR deverão infor-
mar, em tempo hábil, ao Ministério Público da Comarca, assim como aos demais órgãos competentes, no intui-
to de impedir que o dano ocorra ou para a sua recuperação e/ou mitigação e respectiva punição do respon-
sável.
Art. 10. O COMTUR deverá ser obrigatoriamente ouvido nos procedimentos de avaliação de impacto
ambiental de empreendimentos efetiva ou potencialmente causadores de significativa degradação ambiental
local sob competência dos órgãos ambientais municipal, estadual ou federal, sob pena de nulidade das
licenças eventualmente emitidas.
Art. 11. O COMTUR elaborará o seu regimento interno no prazo máximo de 90 dias e que deverá ser
aprovado, mediante resolução, por no mínimo três quintos de seus membros.
Art. 12. A instalação do Conselho e a nomeação dos conselheiros ocorrerão no prazo máximo de 60
(sessenta) dias contados a partir da publicação desta Lei.
Art. 13. O poder público municipal disponibilizará os recursos humanos, financeiros e materiais
necessários ao fiel e adequado cumprimento desta Lei.
Art. 14. As reuniões do COMTUR ocorrerão em local de fácil acesso aos cidadãos do Município e serão
abertas ao público, sendo que o direito a voz de pessoas que não sejam membros do Conselho ficará condi-
cionado à anuência do Presidente do COMDEMA.
Art. 15. O COMTUR criará uma Câmara Técnica Permanente para a gestão do FUMTUR - Fundo
Municipal de Turismo, que será presidida pelo Secretário de Turismo ou por seu representante, e Câmaras
Técnicas Temporárias para análise de projetos submetidos ao referido Fundo.
Art. 16. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrários.
102
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
CAPÍTULO I
DO FUNDO MUNICIPAL DE TURISMO - FUMTUR
Art. 1º. O Fundo Municipal de Turismo - FUMTUR será regido por este Decreto que regulamenta a Lei
Municipal nº ______ de ____ de ________________ de 20__ (Lei da Política Municipal de Turismo Responsável).
Art. 2º. O FUMTUR tem por objetivo captar recursos financeiros públicos ou privados e destiná-los a ações
de estímulo ao turismo sustentável no Município, de forma a garantir o desenvolvimento socioeconômico, a
conservação do patrimônio ambiental e cultural do município com a melhoria da qualidade de vida dos habi-
tantes da região.
Art. 3º. Os recursos do FUMTUR serão aplicados na execução de projetos que estejam de acordo com o
Plano Municipal de Desenvolvimento Turístico aprovado pelo COMTUR, notadamente:
Art. 4º. Poderão fazer uso dos recursos do FUMTUR, mediante aprovação do COMTUR, os órgãos públi-
cos com competência nas áreas de meio ambiente, patrimônio cultural, turismo e lazer, as organizações pri-
vadas sem fins lucrativos, sediadas no Município, cadastradas na Secretaria Municipal de Turismo, devidamente
constituídas há mais de um ano e que tenham por objetivo institucional o desenvolvimento sustentável e os pro-
prietários de atrativos turísticos regularmente cadastrados na Secretaria Municipal de Turismo.
Parágrafo único: O FUMTUR apoiará somente projetos que visem a melhoria dos bens e serviços públicos li-
gados ao turismo sendo vedado o apoio direto a projeto particular com fins lucrativos.
Art. 5º. O COMTUR aprovará e publicará edital específico convocando os interessados a apresentar pro-
jetos para o FUMTUR estabelecendo os objetivos gerais e os termos de referência que deverão ser atendidos
para a seleção que se fará junto à Câmara Técnica competente.
CAPÍTULO II
DA CÂMARA TÉCNICA DE GESTÃO DO FUMTUR
Art. 6º. A Câmara Técnica de Gestão do FUMTUR, criada no âmbito do COMTUR, será composta por um
presidente, um relator, um secretário e mais dois membros, todos eleitos pela plenária do COMTUR dentre os
seus membros para um mandato de um ano prorrogável.
I- articular, junto às potenciais fontes doadoras, a captação de recursos para o FUMTUR, dentro de
suas possibilidades e em estreita articulação com a Secretaria Municipal de Turismo;
II - monitorar e auxiliar o poder executivo municipal na boa gestão dos recursos depositados no FUMTUR;
III - estabelecer critérios e prioridades para o apoio aos projetos a serem executados com recursos do
FUMTUR, em conformidade com a Política Municipal de Turismo Responsável, com o Plano de
Desenvolvimento Turístico e com as normas de proteção do patrimônio natural e cultural de âmbito
103
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
§2º A presidência da Câmara Técnica de Gestão do FUMTUR será exercida pelo Secretário Municipal de
Turismo ou por membro do Conselho por ele nomeado e terá a incumbência de:
§3º Os membros da Câmara Técnica de Gestão do FUMTUR, em especial seu presidente, cumprem função
de relevante responsabilidade pública sendo-lhes aplicáveis as sanções previstas na legislação de impro-
bidade administrativa.
CAPÍTULO III
DO PROCEDIMENTO PARA APROVAÇÃO DE PROJETOS
Art. 7º. Os projetos a serem apoiados com recursos do FUMTUR deverão atender aos objetivos e termos de
referência estabelecidos no edital de que trata o artigo 5º desta Lei e serão encaminhados pelo interessado ao
Secretário Executivo do COMTUR que colocará em pauta na primeira reunião plenária ordinária subseqüente.
§1º Para analisar cada projeto submetido ao FUMTUR a plenária do COMTUR criará uma Câmara Técnica
Temporária específica.
§2º O prazo para a Câmara Técnica Temporária elaborar o parecer conclusivo sobre os projetos a ela sub-
metidos será de 30 dias, prorrogáveis por no máximo mais 30 dias a critério do Presidente do COMTUR.
§3º Compete às Câmaras Técnicas Temporárias de que trata este artigo:
I- receber da Secretaria Executiva do COMTUR os projetos apresentados para apoio com recursos do
FUMTUR;
II - realizar, dentro do prazo definido no parágrafo 2º deste artigo, as diligências necessárias para a
boa instrução do processo de análise dos projetos submetidos a sua apreciação;
III - avaliar a adequação dos projetos submetidos ao FUMTUR às prioridades estabelecidas pelo COM-
TUR, assim como sua adequação à legislação ambiental; e
IV - apresentar parecer conclusivo à aprovação da plenária do COMTUR, no prazo definido no pará-
grafo 2º do artigo 7º desta Lei, sugerindo a aprovação, rejeição ou alteração dos projetos sub-
104
AS LEIS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
§4º As Câmaras Técnicas de que trata este artigo serão compostas por um presidente, um relator e um
secretário, além dos convidados que a plenária ou a própria Câmara Técnica julgar pertinente em função
da especificidade sugerida pelo projeto.
CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS
Art. 8º. A liberação dos recursos para os projetos aprovados pelo COMTUR se fará após a publicação den-
tro do Município, em local de amplo acesso ao público em geral, de extrato de convênio assinado pelo Prefeito,
pelo Secretário Municipal de Turismo, pelo presidente da Câmara Técnica de Gestão do FUMTUR e pelo re-
presentante legal da instituição beneficiada em que constarão as seguintes informações:
Art. 9º. Não poderão ser apoiados pelo FUMTUR projetos incompatíveis com quaisquer normas, critérios
ou políticas municipais de preservação, proteção e recuperação do patrimônio natural e cultural, notadamente
o que estabelecer o Plano Diretor de Turismo do município.
Art. 10. Não poderão ser beneficiárias de apoio pelo FUMTUR organizações cuja diretoria seja composta
por membro da Câmara Técnica de Gestão do FUMTUR.
Art. 11. A Secretaria Municipal de Turismo prestará o apoio logístico necessário ao fiel cumprimento das
atribuições da Câmara Técnica de Gestão do FUMTUR e ao devido funcionamento do fundo.
Art. 12. O COMTUR editará, mediante proposta da Câmara Técnica de Gestão do FUMTUR, resolução
estabelecendo a forma, o conteúdo e a periodicidade dos relatórios financeiros e de atividades que deverão ser
apresentados pelos beneficiários à Câmara Técnica de Gestão.
105
CAPÍTULO
IV
Os Órgãos de Gestão
da Política Municipal
de Turismo Responsável
função do poder público promover o desen- competência em cada área, criando gerências
volvimento econômico e social por meio do específicas.
turismo, assim como resguardar o Com relação a isto, em todos os municípios,
patrimônio natural e cultural. Parece claro que as com potencial turístico ou não, sejam aqueles
funções dos gestores públicos são complexas e que abriguem ecossistemas frágeis, paisagens
surge a necessidade de se estabelecer uma estru- notáveis e atributos naturais e culturais excep-
tura mínima de administração do turismo. cionais ou mesmo aqueles que não possuam
Esta abordagem de modo algum pretende qualidades ambientais extraordinárias, a estrutu-
oferecer qualquer proposta acabada, principal- ração de uma pasta exclusiva ou parcialmente
mente no que concerne aos órgãos executivos e exclusiva para cuidar destes interesses vem
consultivos de turismo. Sabe-se que municípios demonstrando sua importância estratégica. Isso
de pequeno porte e de alto potencial turístico pela simples e incontestável razão de que o
devem analisar as melhores condições que se planejamento e controle do uso e ocupação do
apresentam para sua implantação, considerando solo e do uso dos recursos naturais, tais como os
ainda a possibilidade de, p.ex., fundir em uma recursos hídricos, são atitudes estratégicas,
secretaria ou em um conselho municipal os mesmo por que as dificuldades atuais dos órgãos
assuntos de turismo, cultura e ambiente. federais e estaduais de meio ambiente tem força-
do a uma descentralização das ações de uso e
4.1 Os órgãos executivos de planejamento proteção dos recursos naturais.
e execução das políticas de turismo
Por outro lado não basta a criação de secre- nicamente a planos de investimentos que trazem
tarias municipais de meio ambiente que não estudos técnicos de impacto ambiental que não
mantenham capacidade técnica para intervir e esclarecem adequadamente todos os efeitos
orientar as atividades de maior potencial ofensi- reais potenciais, principalmente aqueles
vo ao bem-estar e à saúde da população local. E, observáveis em longo prazo.
no caso do turismo, servem para fazer frente tec-
Administração Indireta
na gestão do turismo municipal 36
N o turismo também são várias as opções para administração indireta do turismo, que objetiva
assegurar agilidade em administrar um patrimônio público, tais como complexos de feiras e
exposições, Parques Naturais, Camping, e outros. As opções são as Fundações ou Institutos,
Empresas de Economia Mista ou Autarquias.
AUTARQUIAS
Empresas Públicas com personalidade jurídica de direito público, possuem patrimônio próprio e
autonomia administrativa e financeira. São regidas por lei e por um estatuto e obedecem as leis
específicas das empresas de livre mercado, mas são isentas dos tributos municipais e estaduais e
goza dos privilégios públicos federais, estaduais ou municipais que lhes sejam postos a disposição.
Também são supervisionadas pelo poder executivo ou por um de seus órgãos da administração dire -
ta em conjunto com o Conselho Municipal de Turismo. São formadas por capital exclusivo do poder
público e possuem estrutura básica formada por um Conselho Fiscal, uma Diretoria e Setores.
Exemplo: Empresa de Pernambucana de Turismo – EMPETUR.
Obedecem às regras do direito Público, mas também às legislações relativas às sociedades anôni -
mas. Regem-se por lei específica e por um estatuto, sendo supervisionadas pelo Executivo munici -
pal ou por um de seus órgãos da administração direta. Possui 51% de capital público e o restante da
iniciativa privada e sua estrutura básica é formada por Assembléia Geral, Conselho de
Administração, Conselho Fiscal, Diretoria e Setores. Exemplo: Companhia Municipal de Promoção
Turística de Joinville e Região – PROMOTUR. SANTUR S.A.
FUNDAÇÕES OU INSTITUTOS
São de direito público, gozam de imunidade tributária, possuem bens livres, autonomia administra -
tiva e financeira e se regem por lei específica. Sua estrutura básica é formada por um Conselho
Deliberativo, Diretoria e Setores. Exemplos: Fundação Promotora de Exposições de Blumenau –
PROEB; Instituto Brasileiro de Turismo – EMBRATUR.
O Prefeito Municipal de ____________, no exercício de suas atribuições, faz saber que a Câmara de Vereadores
de _____________ aprovou e ele sanciona a presente lei:
Art. 1º – Fica o Poder Executivo autorizado a criar uma sociedade de economia mista por ações, de capi-
tal fechado, denominada Companhia Municipal de promoção Turística de _________________ e Região -
________________, vinculada à Secretaria ___________________, que se regerá pela presente lei, pela legis-
lação relativa às sociedades anônimas e demais disposições pertinentes.
I. a realização dos objetivos fixados nos atos de constituição da entidade e das leis que os alterarem;
II. a harmonia com a política e a programação de governo no setor de atuação da entidade;
III. a eficiência administrativa;
IV. a autonomia administrativa, financeira e operacional da entidade.
Parágrafo 2º - A supervisão será exercida mediante as seguintes medidas:
I. o envio, pela diretoria, sistematicamente e em prazo fixado pelo titular da Secretaria, para a sua
apreciação e aprovação, de relatórios, boletins, balancetes, balanços e informações, que permi-
tam o acompanhamento das atividades da entidade e a execução da programação financeira;
II. envio, pela diretoria, anualmente, para apreciação e aprovação da secretaria, da proposta de orça-
mento-programa e da programação financeira da entidade;
III. fixação em níveis compatíveis com os critérios de operação econômica, das despesas de pessoal
e de administração;
IV. fixação de critérios para gastos de publicidade, divulgação e relações públicas;
V. realização de auditoria e avaliação periódica de rendimento e produtividade;
VI. intervenção, por motivo de interesse público.
Art.2º - A _________________ terá por finalidade a prestação de serviços de interesse turístico, relevantes para
a comunidade, especialmente:
a) executar a política de desenvolvimento do turismo constante do Plano do Município;
b) implantar e consolidar um Centro de Convenções, sua organização e operacionalização;
c) divulgar as potencialidades turísticas do Município e região, incentivando investimentos nessa área;
d) incentivar o turismo industrial, rural, ecológico, tecnológico e/ou científico, revigorar os festejos e
eventos tradicionais da cidade, procurando articular-se com os eventos da região;
e) administrar o _________________ criado pela Lei ________________________________;
f) promover turisticamente as micro e pequenas empresas, mediante apoio logístico;
g) incentivar a agilizar o intercâmbio com entidades congêneres, nacionais ou estrangeiras, públicas
ou privadas, estabelecendo acordos, contratos ou convênios, com referendo da Administração
Municipal;
h) elaborar o calendário turístico anual do Município, procurando adequá-lo ao da região;
i) fortalecer o Conselho Municipal de Turismo como órgão definidor da política e das ações
dinamizadoras de setor.
Art.5º - O Município integralizará as ações que subscrever nos termos legais, com recursos orçamentários
destinados à Secretaria de Turismo e à imóveis de seu patrimônio.
Parágrafo Único – Os bens a serem transferidos serão avaliados por uma Comissão especialmente designada,
composta de cinco (5) membros, sendo três (3) do Poder Executivo e dois (2) do Legislativo.
Art.6º - As ações que excederem cinqüenta e um por cento (51%), poderão ser alienadas mediante auto-
rização do Prefeito, pelo seu valor de mercado, no dia da venda e/ou por concorrência.
Parágrafo Único – A transferência de ações se fará nos termos da legislação federal.
Art.8º - A Assembléia Geral tem poderes para decidir sobre todos os negócios relativos ao objeto da
_______________________ e tomar as decisões que julgar conveniente a sua defesa e desenvolvimento.
Art.9º - A Assembléia Geral elegerá a diretoria, composta de três (3) diretores, sendo um presidente, um
administrativo-financeiro e um de marketing e eventos, e lhes fixará a remuneração.
Art.10 - O Conselho de Administração é órgão de deliberação colegiada, composto de dez (10) membros
residentes no Município de ____________________, os quais serão eleitos pela Assembléia Geral, que indicará
também o presidente.
Art.11 - O Conselho Fiscal será composto por cinco (5) membros, eleitos pela Assembléia Geral.
Art.12 - Os membros dos Conselhos da Administração e Fiscal não serão, sob qualquer hipótese remu-
nerados, sendo seus serviços considerados de relevante interesse público.
Art.13 - Salvo determinação em contrário da Assembléia Geral, os acionistas têm o direito de receber,
como dividendo obrigatório, 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido do exercício, respeitada a priori-
dade das ações.
Art.14 - A _______________________ dissolver-se-à nos casos previstos nas disposições legais, proceden-
do-se à liquidação pelos modos determinados em Assembléia Geral, que nomeará o liquidante e elegerá o
Conselho Fiscal.
Art.15 - Havendo bens públicos remanescentes após a liquidação, os mesmos retornarão ao patrimônio do
Município.
Art.16 - Até o último dia do mês de _________ de cada ano, a diretoria da ____________ encaminhará à
Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional, o seu relatório, o balanço anual que será levantado no
dia ______________________de cada ano, a demonstração da conta de lucros e perdas e o parecer do
Conselho Fiscal, convocando, nos trinta dias subseqüentes, a Assembléia Geral Ordinária, para exame dos do-
cumentos.
110
OS ÓRGÃOS DE GESTÃO DA POLÍTICA DE TURISMO RESPONSÁVEL
Art.21 - Para a execução do disposto nesta lei, fica o Executivo autorizado a efetivar as operações de crédi-
to que se fizerem necessárias.
Art.22 - Dentro do prazo de 30 (trinta) dias, contados da constituição da empresa criada pela presente lei
e a sua efetivação nos registros legais, deverão ser elaborados os seus Estatutos, a serem aprovados por decre-
to do Executivo Municipal.
111
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
Faço saber a todos os habitantes deste município que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono e promulgo
a seguinte lei:
Art.1º - _____________________, fundação de direito público municipal, com sede e foro nesta
cidade, de duração indeterminada e autonomia técnica, administrativa e financeira, reger-se-á por esta lei e
tem por finalidade, promover, incentivar e explorar eventos, atividades e turismo, e especialmente:
I. formular, coordenar e executar programas para o desenvolvimento da infra-estrutura do tu-
rismo em _____________________, prestando orientação normativa, consulta e assistência no
que diz respeito;
II. promover e explorar ações determinadas à realização de eventos, feiras e exposições, mani-
festações artísticas e tradicionais representativas do povo de _______________ e região;
III. desenvolver mecanismos de articulação com entidades correlatas, paralelas ou conexas às
suas próprias finalidades.
LEI DE IMPLEMENTAÇÃO
DE FUNDAÇÃO MUNICIPAL
d) apreciar e deliberar sobre o Plano Anual e Plurianual de Ação, relatório anual e prestação de
contas;
e) autorizar a formação de órgãos, comissões e subcomissões de caráter temporário e com fina-
lidades específicas;
f) contratar auditores independentes;
g) opinar e deliberar, a pedido da diretoria, sobre assuntos de relevante importância para a
Fundação;
h) elaborar o Regimento Interno da Fundação.
Art.7º - A Fundação será dirigida por uma Diretoria, composta dos seguintes cargos que por esta lei
ficam criados:
I. Diretor Presidente;
II. Diretor de Promoções e Eventos;
III. Diretor Administrativo Financeiro.
Parágrafo 1º - Às Diretorias estão subordinadas as seguintes divisões e as estas os serviços, na forma abaixo:
1) Diretoria de Promoções:
- Divisão de Promoções;
- Divisão de Eventos.
2) Diretoria de Eventos:
- Divisão de Desenvolvimento Turística.
Parágrafo 2º - Os cargos mencionados neste artigo são em comissão, remunerados na conformidade do
anexo único.
Art.8º - O cargo de Diretor Presidente será exercido pelo Secretário de Turismo, coincidindo a sua
investidura, e os demais serão indicados em lista tríplice pelo Conselho Deliberativo, nomeados e empossados
pelo Prefeito Municipal, com mandato de dois anos, permitida a recondução.
Parágrafo único – Em caso de vacância de qualquer dos cargos, o Conselho Deliberativo, em trinta dias,
indicará em lista tríplice ao Prefeito Municipal, nominata que indicará substituto, cujo mandato com-
pletará a gestão do substituído.
Art.11 – Aos diretores incumbe planejar, dirigir, coordenar e orientar à execução das atribuições do
respectivo Departamento e exercer outras atividades que lhes forem cometidas pelo Presidente da Fundação.
Art.15 – Em caso de dissolução da Fundação, seus bens e direitos passarão a integrar o patrimônio do
Município.
Art.17 – Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário,
especialmente as Leis nº __________________________
114
OS ÓRGÃOS DE GESTÃO DA POLÍTICA DE TURISMO RESPONSÁVEL
Conselho Municipal
de Turismo de Bonito (MS) 40
O Conselho Municipal de Turismo - COMTUR, de Bonito-MS foi criado em 1995, fruto do traba
lho do Programa Nacional de Municipalização do Turismo – PNMT, que visava auxiliar os
municípios na implementação de políticas de turismo em cidades que tivessem potencial turístico
real e efetivo. Assim, seguindo as diretrizes do Programa, a Prefeitura Municipal de Bonito coorde -
nou os trabalhos, juntamente com o SEBRAE-MS, para a criação do Conselho de Turismo local,
procurando agregar todos os segmentos envolvimentos diretamente com a atividade turística na
comunidade. Após oficinas e reuniões para amadurecimento da idéia, a Lei Municipal 695/95 insti -
tuiu o Conselho Municipal de Turismo, junto à Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento
- atual Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio - SECTUR.
O Conselho desde então tem funcionado como um órgão deliberativo, consultivo e de assesso -
ramento, responsável pela conjunção de interesses entre o Poder Público e a sociedade civil. Sendo
também sua função promover o turismo como fator de desenvolvimento social, econômico e cul -
tural; fomentando o desenvolvimento ou a criação de condições para o incremento e o desenvolvi -
mento da atividade turística no município.
Os recursos financeiros do órgão advêm do Fundo Municipal de Turismo - FUMTUR, criado pela
mesma Lei. Os recursos são originados unicamente da visitação do Monumento Natural da Gruta do
Lago Azul - atualmente com o valor de R$ 8,00 por pessoa, o que corresponde a 32%, do valor total
de R$ 25,00 pago pelo visitante. A iniciativa é uma ferramenta cada vez mais útil e importante para
o sistema turístico local, tendo executado inúmeras ações buscando a profissionalização e melhoria
da qualidade de serviços turísticos.
Fundos ambientais já são comuns. Possuem tais, à educação ambiental ou projetos que visem
recursos oriundos do orçamento público, de benefícios ambientais para a região. O mesmo
taxas ambientais ou de outras fontes e são desti- acontece na hipótese de fundos voltados ao
nados a atividades voltadas à conservação, recu- desenvolvimento de planos e projetos que visem
peração ou uso sustentável de recursos ambien- o fortalecimento da atividade turística local.
117
CAPÍTULO
V
Os Instrumentos de Gestão
da Política Municipal
de Turismo Responsável
iversos instrumentos legais e de planeja- e que variam de acordo com o contexto territo-
mento vem sendo utilizados atualmente rial regional em que se encontram. E nem todos
para o adequado ordenamento turístico, são de competência exclusiva do poder local,
atendendo aos assuntos territoriais, ambientais e mas oferecem uma boa base de discussão técni-
sócio-culturais entre outros. Alguns vêm sendo ca para sua adaptação às diferentes realidades
amplamente adotados em nível local, como os dos municípios turísticos.
Planos Diretores de Turismo, que ainda carecem
de métodos mais aprofundados de pesquisa e 5.1 Plano Diretor Municipal 41
investigação e de maior participação dos atores
envolvidos para terem eficiência plena. Outros O Plano Diretor Municipal, previsto na
simplesmente são ignorados, como o Zonea- Constituição Federal no artigo 182, é o instru-
mento Ambiental e Turístico. mento básico da política de desenvolvimento e
Os instrumentos abordados a seguir são: expansão urbana. O Plano Diretor deve ser parte
integrante do processo de planejamento munici-
❐ Plano Diretor Municipal pal, devendo o plano plurianual, as diretrizes
❐ Plano de Desenvolvimento Turístico orçamentárias e o orçamento anual incorporar as
! Diagnóstico Turístico diretrizes e as prioridades nele contidas.
! Prognóstico Turístico O Plano Diretor deve englobar todo território
! Zoneamento Turístico municipal, ser revisto a cada dez anos e é obri-
! Plano de Ação gatório para os municípios:
! Sistema de Informações
e Monitoramento Turístico - com mais de vinte mil habitantes;
! Qualidade Ambiental - integrantes de regiões metropolitanas ou
e Mecanismos de Proteção aglomerações urbanas;
- Unidades de Conservação - em áreas de especial interesse turístico; ou
no Município - inseridos em área de influência de
- Licenciamento Ambiental Municipal empreendimentos ou atividades com signi-
e Estudo de Impacto do sobre ficativo impacto ambiental de âmbito regio-
o Meio Ambiente nal ou nacional.
- Certificação dos produtos
e serviços turísticos No processo de elaboração do Plano Diretor
! Mecanismos Fiscais e Financeiros e na fiscalização de seu cumprimento, os
Poderes Legislativo e Executivo municipais de-
A abordagem deste capítulo não pretende verão garantir:
esgotar os instrumentos para um turismo respon-
sável que podem ser adotados pelos municípios I. a realização de audiências públicas e
41 - Nota do Editor: Ver sobre este tema também no Cap. II – Estatuto das Cidades.
119
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
DIAGNÓSTICO TURÍSTICO
FIGURA 2
43 - A equipe responsável pela digitação pode ser a responsável pela coleta de documentos em meios eletrônicos.
44 - O Ministério do Turismo vem trabalhando com um modelo de inventário do potencial turístico, com o objetivo de padronizar os dados
da oferta turística no Brasil
121
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
QUADRO 6
MODELO DE ROTEIRO PARA AS PESQUISAS DE GABINETE
1. Área de Estudo
1.1. Delimitação
1.2. Acessibilidade
1.3. Características especiais relevantes ao estudo.
2. Aspectos Históricos
2.1. Fundação
2.2. Fatos mais importantes
2.3. História administrativa
2.4. Organização administrativa atual
3. Aspectos Socioeconômicos
3.1. Demografia
3.2. Educação
3.3. Saúde e Saneamento Básico
3.4. Economia e Serviços
3.5. Aspectos administrativos e financeiros
3.6. Aspectos Urbanos e Rurais (ocupação do espaço geográfico)
3.7. Legislação relevante
4. Aspectos Institucionais
4.1. Poder Público
4.2. Associações e entidades locais
4.3 Programas públicos e privados locais e regionais, em desenvolvimento
5. Aspectos Naturais
5.1. Geologia
5.2. Hidrografia
5.3. Geomorfologia
5.4. Edafologia
5.5. Clima
5.6. Flora
5.7. Fauna
5.8. Paisagem (incluindo Unidades de Conservação)
6. Aspectos Culturais
6.1. Monumentos e conjuntos arqueológicos, históricos, artísticos e arquitetônicos
6.2. Manifestações culturais (folclore, tradições, gastronomia, artes e artesanato etc)
6.3. Calendário de Eventos e Festas
6.4. Atividades especiais (científicas, religiosas etc)
Para a coleta destes dados secundários, tam- As informações obtidas formarão parte da
bém contribuem os responsáveis pelo trabalho fundamentação teórica que permitirá criar o
de campo para se obter dados primários, os marco de referência do diagnóstico turístico.
quais podem aproveitar seu deslocamento em Algumas recomendações específicas para
busca de atrativos e dados sobre a atividade que esta etapa possa ser eficiente e efetiva são:
turística existente, para trazer novos subsídios a
essa etapa do diagnóstico, beneficiando os estu- " Selecione um espaço amplo e confortável
dos de oferta e demanda, simultaneamente. como sede da equipe de trabalho, onde os
122
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
O reconhecimento aéreo deve considerar-se tantes porque trata-se de identificar todos aqueles
apenas como um meio eficaz de cobrir todo o elementos do território que de alguma forma po-
território e ter uma visão global das condições do dem desenvolver seu potencial turístico, assim
terreno que enfrentará a equipe de campo, assim como aproveita-se para julgar as condições da-
como descobrir novos recursos que deverão queles atrativos que estão sendo usados e que po-
sofrer de uma análise sobre seu potencial turísti- dem vir a ser melhorados como produtos turísticos.
co, especialmente: Há de se lembrar que RECURSO é todo ele-
mento natural ou cultural que ainda não é explo-
- recursos florestais; rado formalmente e que, portanto, não possui
- rede de mananciais hídricos; estrutura de serviço definitiva. Isso, obviamente
- acidentes geográficos; não impede para que possa estar sendo utilizado
- acessos; pela comunidade local ou de outros municípios,
- problemas de desmatamentos, esporadicamente. Já o ATRATIVO se caracteriza
queimadas e poluição; e pela presença sistemática de alguns serviços
- aspectos de uso e ocupação do solo. dirigidos ao visitante ou turista.
Os recursos são mais difíceis de serem iden-
No que respeita à qualidade das fotos e aos tificados por essa mesma razão e requerem a
pontos GPS, deve ser mencionado que estes sensibilidade e experiência dos pesquisadores,
serão, talvez, os dados mais úteis que sobrarão pois durante o trabalho de campo podem apare-
dessa tarefa, pois o restante das informações cer recursos que poderão ser potenciais atrativos
terão que vir da percepção individual dos com- no futuro, mesmo sem terem sido identificados
ponentes da equipe, que estão sujeitas a erros previamente pelos habitantes locais. Assim
subjetivos de difícil comprovação. como atrativos que podem ser significativos, por
diversos motivos, para a comunidade local,
" Identificação de Recursos e Atrativos podem não o ser para o perfil da demanda que
se deseja, e só um olhar experiente do
Nesta parte do Inventário o trabalho deve rea- pesquisador pode diferenciá-los.
lizar-se com pessoal bem treinado, que possam Como pode ver-se nos modelos de infor-
aplicar metodologias diferenciadas e que tenham mações sugeridas para o cadastramento de atra-
muita sensibilidade e experiência para poder tivos naturais (Quadro 2, página seguinte), algumas
realizar estudos ou avaliações turísticas, haja vista destas informações podem ser enriquecidas pelo
que tais estudos incluem a identificação de recur- pesquisador experiente, pois ele pode detectar
sos que ainda não viraram atrativos, mas que tem índices de qualidade ambiental, estado de conser-
um forte apelo e poderiam ser desenvolvidos e vação das estruturas, capacidade de carga e muitos
aproveitados como futuros atrativos. Da mesma for- outros elementos que poderão auxiliar os progra-
ma, os responsáveis por estas identificações devem mas de ação em relação a acessibilidade, recursos
ser pessoas que possuam as seguintes qualidades: humanos, financiamento, construção, etc.
Durante o cadastramento é recomendável:
! Comunicabilidade, para que possam interpelar ! Estudar e mapear o acesso a estes elementos;
os habitantes das localidades na busca de novos ! Elaborar um panorama de uso durante todas
recursos e na localização de futuros atrativos; as estações do ano;
! Dinamismo e perseverança, para que não ! Tentar desenhar um perfil dos usuários, reais
hesitem em ir atrás dos recursos e atrativos, e potenciais e as atividades que podem ser
mesmo distantes; desenvolvidas no local;
! Visão multidisciplinar, para que possam ! Qualificar todos aqueles parâmetros de uso
entender a interação dos diferentes elemen- que permitam auxiliar os programas de ação,
tos que compõem as paisagens, os ambientes posteriormente;
e os grupos humanos. ! Identificar as necessidades para que o local
seja útil ao turismo;
" Identificação de Recursos e Atrativos Naturais ! Fotografar todos os ângulos possíveis para
posterior discussão.
Esta parte do estudo é uma das mais impor-
124
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
QUADRO 7
INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA O CADASTRO DE ATRATIVOS NATURAIS E CULTURAIS
Características Gerais
- Município
- Nome do atrativo e nome fantasia (quando tiver)
- Tipo de propriedade ou entidade gestora (pública, privada, pessoa física ou jurídica,
Estado, União, Município)
- Localização (Urbana ou Rural)
- Endereço
- Referências geográficas ou de localização e pontos de GPS
- Distância do centro do município e do núcleo urbano mais próximo
- Proximidade a uma Unidade de Conservação (categoria, área, bioma etc)
- Restrições para a visitação
- Visitação (existência, registro, entidade responsável)
- Custo de visitação (entrada, valores e sua diferenciação)
- Descrição do atrativo
- Descrição da área de entorno
Infra-estrutura de Apoio Turístico
- Existência de banheiros
- Sistema de esgoto (destino, tratamento, impactos)
- Resíduos sólidos (estado de limpeza, coletores e sua distribuição, disposição final, etc)
- Sistemas de comunicação e energia
- Sistema de atendimento emergencial
- Presença de facilidades
Equipamentos e Serviços
- Disponibilidade de informações, guias ou monitores
- Atividades desenvolvidas (para atrativo natural: esportivas, de contemplação, de
lazer, educativas, exibições etc).
- Atividades desenvolvidas (para atrativo cultural: tour histórico, evento folclórico,
venda de artesanato, exposições, festas religiosas etc)
- Observações gerais sobre os equipamentos e serviços
Estado de Conservação do Atrativo
- Trabalhos de conservação e manutenção
- Evidências do excesso de visitação
- Tipos de impactos decorrentes (lixo, poluição, mau cheiro, vandalismo, compactação
do solo, erosão, desmatamento, ruído, paisagem do entorno etc.)
- Descrição do estado de conservação
Acessibilidade ao Atrativo
- Meios de transporte de acessos regional e local (rodoviário, aéreo, fluvial e
ferroviário)
- Principais vias de acesso a serem percorridas
- Sinalização viária e turística
- Qualificação das vias de acesso (fácil, regular, difícil)
- Período do ano
Outras observações
- Avaliação de interesse
125
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
FIGURA 3
❐ Acessibilidade ao município/localidade
❐ Estudo das instituições: estruturas e influência na
gestão da atividade
❐ Levantamento em campo
ESTUDO DA ATIVIDADE " Equipamentos e serviços
TURÍSTICA ❐ Parâmetros ambientais e econômicos
❐ Capacidade de gestão
" Necessidades
" Condicionantes
" Potencialidades
! Treinar no uso dos questionários e zelar para digitadores. Deve-se prestar atenção ao estado
que saibam colocar informações extras que de conservação das habitações, ao conforto e
não prejudiquem o trabalho dos digitadores, qualidade de serviços do estabelecimento,
mas que sejam aproveitadas pelos analistas; assuntos que não devem ser discutidos aberta-
! Estabelecer com cuidado a logística mente com o proprietário ou funcionários, sob
necessária para a distribuição, atendimento e pena de ofender ou constranger as partes.
subsídio aos membros da equipe nos locais Não se pode esquecer que nestes estabeleci-
de trabalho em campo; mentos pode haver usuários temporários que não
! Dividir o trabalho antecipadamente entre os poderiam entrar na categoria de turistas, mas que
membros da equipe para evitar duplicações. junto com as demais informações relativas aos
! Mapear e zonear a cidade por meio de usuários deve permitir desenhar o perfil dos mes-
pesquisas em guias da cidade permite distin- mos para fins de planejamento.
guir quais estabelecimentos não devem ser Para os campings é conveniente preparar um
incluídos nos estudos (Ex. pensões, motéis, formulário especial por considerar-se um meio
barracas de lanches ou similar); de hospedagem com outro modelo administrati-
! Fazer reuniões periódicas com a equipe para vo e que pode ir do mais simples lugar para
supervisionar o andamento da pesquisa e acampar, como os que podem atender centenas
corrigir a logística de campo. de turistas simultaneamente em áreas bastante
urbanizadas.
A seguir apresentam-se algumas recomen-
dações, área por área, para a pesquisa direta aos B. Meios de Alimentação
setores que permitirão o diagnóstico da atividade
turística existente na localidade. O mais importante no levantamento de
Equipamentos e Serviços dados dos meios de alimentação é prestar
atenção à qualidade do visual e da higiene do
Haja vista a diversidade de equipamentos e local para posterior registro do avaliador. A
serviços que estão a disposição do turismo, ele- grande diversidade de estabelecimentos deve
mentos que, muito freqüentemente, também obrigar aos entrevistadores a escolher aqueles
servem à comunidade local, este manual apre- estabelecimentos que podem ser integrados ao
senta as recomendações para o estudo de cada turismo e deixar fora os locais sem expressão.
setor por separado, acompanhando-as, sempre Para isso a equipe e a coordenação do estudo
que possível, com o detalhamento das infor- devem estabelecer critérios bastante claros.
mações básicas sugeridas para a consolidação
do estudo. C. Mercado Especializado Receptivo
Salões, auditórios e demais espaços, públicos Sem maiores complicações, este setor permi-
e privados que possam ser usados para ativi- tirá avaliar as necessidades de expansão de trans-
dades de interesse turístico devem ser estudados porte individual ou coletivo de aluguel, dentro
dentro deste setor. Clubes, Universidades, dos limites municipais.
Prefeituras, Hotéis, Centros Comunitários, ONGs As seguintes páginas sugerem uma série de
e algumas entidades comerciais, merecem ser informações que podem formar parte dos ques-
visitados em busca destes espaços, descrevendo tionários ou formulários de entrevistas que são
seu estado de conservação, capacidade e uso necessários para a pesquisa em campo de cada
atual e potencial. um dos setores do que se conhece também como
Oferta Técnica (QUADROS 8 A 14).
QUADRO 8
INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA O CADASTRAMENTO DE MEIOS DE HOSPEDAGEM
CARACTERÍSTICAS GERAIS
- Nome Fantasia, Razão Jurídica, Endereço, Telefone e CNPJ
- Localização (na rodovia, no centro, nos bairros)
- Classificação EMBRATUR (se tiver: Estrelas, Casinhas, outros)
- Grau de Conforto
- Total de Unidades de Habitação (Uhs) e Leitos por categoria
- Observações sobre arquitetura, decoração e paisagismo
SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS
TV nos aptos Sala de TV Restaurante
Telefone nos aptos Sala de eventos Lanchonete
Ar condicionado Sala de jogos Bar
Frigobar nos aptos Quadras esportivas Estacionamento
Piscina Cofre Telex / Internet
Sauna Lavanderia Fax
Lazer (trilhas, pesca etc) Outros
CONDICIONANTES AO TURISMO
- Diárias por categoria
- Meses de alta e baixa ocupação, com suas respectivas taxas médias de ocupação (%)
- Taxas médias de ocupação anual dos últimos 3 anos
- Origem dos hóspedes (3 maiores percentagens)
GERAIS
- Número de funcionários permanentes e temporários
- Programas de capacitação de recursos humanos
- Disposição para o pagamento de taxa ao FUMTUR
- Observações e avaliação do empreendimento
- Descrição da área de entorno
129
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
QUADRO 9
INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA O CADASTRAMENTO DE CAMPINGS
CARACTERÍSTICAS GERAIS
- Nome Fantasia, Razão Jurídica e CNPJ, endereço, telefone, r-mail
- Localização (na rodovia, no centro, nos bairros)
- Classificação Camping Clube do Brasil ou Quatro Rodas (Estrelas, Barracas, outros)
- Grau de conforto
- Área total em m 2
- Capacidade (barracas, trailers, pessoas)
SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS
Sala de TV Restaurante Telefone
Lanchonete Sala de jogos Bar
Quadras esportivas Estacionamento Piscina
Cofre Telex / Internet Banheiros
Sauna Lavanderia Vestiários
Parque Infantil Fax Outros
CONDICIONANTES AO TURISMO
- Diárias por pessoa / grupo / barraca
- Meses de alta e baixa ocupação, com suas respectivas taxas médias de ocupação (%)
- Taxas Médias de Ocupação Anual dos últimos 3 anos
- Origem dos hóspedes (3 maiores percentagens)
GERAIS
- Número de funcionários permanentes e temporários
- Programas de capacitação de recursos humanos
- Disposição para o pagamento de taxa ao FUMTUR
- Observações e avaliação do empreendimento
- Descrição da área de entorno
QUADRO 10
INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA O CADASTRAMENTO DE MEIOS DE ALIMENTAÇÃO
CARACTERÍSTICAS GERAIS
- Tipo de Empreendimento (restaurante, lanchonete, bar, café, pizzaria, sorveteria etc)
- Nome Fantasia, Razão Jurídica, endereço, telefone e CNPJ
- Localização (na rodovia, no centro, nos bairros)
- Classificação Quatro Rodas (se tiver: garfos, outros)
- Grau de conforto
- Capacidade de atendimento simultâneo (nº de mesas e cadeiras, bancos, balcão, em
pé etc)
SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS
Banheiro TV Telefone
Salão de eventos Palco Ar condicionado
Sala de jogos Parque infantil Estacionamento
Piscina Quadras esportivas Telex / Internet
Fax Reservas telefônicas Outros
CONDICIONANTES AO TURISMO
- Preço médio do cardápio por pessoa
- Meses de alto e baixo atendimento, c/suas respectivas taxas médias de ocupação (%)
(Continua)
130
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
QUADRO 10
INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA O CADASTRAMENTO DE MEIOS DE ALIMENTAÇÃO
(Continuação)
- Taxas médias de atendimento anual dos últimos 3 anos
- Horário de funcionamento
- Época de fechamento (meses, feriados etc)
- Origem dos clientes (3 maiores percentagens)
GERAIS
- Número de funcionários permanentes e temporários
- Existência de programas de qualificação de RH (tipo, periodicidade, data do último)
- Disposição para o pagamento de taxa ao FUMTUR
- Observações e avaliação do empreendimento, incluindo decoração, arquitetura
- Descrição da área de entorno
- Sugestões do cardápio (especialidades, os mais vendidos, pratos regionais ou típicos).
QUADRO 11
INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA O CADASTRAMENTO DO MERCADO ESPECIALIZADO RECEPTIVO
CARACTERÍSTICAS GERAIS
- Tipo de empreendimento (Agência de Viagens e Turismo, Operadora, Empresa Aérea etc)
- Nome Fantasia, Razão Jurídica, endereço, telefone e CNPJ, e-mail, home-page
- Tempo de funcionamento
ROTEIROS OFERECIDOS
- Número de roteiros - Periodicidade
- Tempo de duração - Época do ano
- Descrição - Valores (se possível)
CONDICIONANTES AO TURISMO
- Produtos mais vendidos
- Época de maior movimento (Jan-Abr; Abr-Jun; Jul-Set; Out-Dez)
- Serviços especiais (orientação, educação ambiental, transporte etc).
- Horário de funcionamento
- Origem dos clientes (3 maiores percentagens)
GERAIS
- Opinião sobre o mercado das viagens (aumento, estagnação ou decréscimo) em
relação ao tipo de atividade turística (turismo convencional, turismo de aventura,
ecoturismo)
- Opinião sobre o futuro do mercado nos próximos 3 anos em relação aos tipos de turismo
- Níveis de preço por roteiro e por passageiro no Brasil, com maiores possibilidades de
venda (usar faixas de preço)
- Opinião sobre o limite máximo de preço por roteiro, por passageiro (em Dólares)
- Preços médios praticados para roteiros, por passageiro, incluindo o número
de pernoites
OBSERVAÇÕES ESPECIAIS
- Ações de conservação, processos de certificação
131
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
QUADRO 12
INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA O CADASTRAMENTO DE ENTRETENIMENTO E DIVERSÃO
CARACTERÍSTICAS GERAIS
- Tipo de Empreendimento (parque de diversões,casa de shows, instalações esportivas,
cinema, exposições, teatro, boliche, feiras, jóqueis clubes, boates, aluguel de equipa-
mentos esportivos etc)
- Nome Fantasia, Razão Jurídica, endereço, telefone e CNPJ
- Localização (na rodovia, no centro, nos bairros)
- Horário e dias de funcionamento
- Atividade realizada (descrição e material de divulgação)
- Capacidade de atendimento simultâneo (n. de mesas e cadeiras, bancos, em pé etc)
SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS
Banheiro TV Telefone
Salão de eventos Palco Ar condicionado
Sala de jogos Parque infantil Estacionamento
Piscina Quadras esportivas Telex / Internet
Fax Reservas telefônicas Outros
CONDICIONANTES AO TURISMO
- Preço médio por pessoa
- Meses de alto e baixo atendimento, com suas respectivas taxas médias de uso (%)
- Taxas médias de atendimento anual dos últimos 3 anos
- Horário de funcionamento
- Época de fechamento (meses, feriados etc)
- Origem dos clientes (3 maiores percentagens)
GERAIS
- Número de funcionários permanentes e temporários
- Existência de programas de qualificação de RH (tipo, periodicidade, data do último)
- Disposição para o pagamento de taxa ao FUMTUR
- Observações e avaliação do empreendimento
- Descrição da área de entorno
- Atividades sugeridas
132
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
QUADRO 13
INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA O CADASTRAMENTO DE ESPAÇOS PARA EVENTOS
CARACTERÍSTICAS GERAIS
- Tipo de Empreendimento (Centro de Convenções, auditório, salas, arenas outros).
- Nome Fantasia, Razão Jurídica, CNPJ, endereço, telefone, e-mail
- Localização (na rodovia, no centro, nos bairros)
- Disponibilidade (Dias de funcionamento, horários)
- Atividades realizadas (Descrição e material de divulgação)
- Capacidade de atendimento simultâneo (número de salas, pessoas)
SERVIÇOS
Alimentação Coffee break Tradução simultânea
Recepcionistas Palco Ar condicionado
Sala de reuniões Estacionamento Banheiros
Quadras esportivas Telex / Internet Telefone / Fax
Reservas telefônicas Outros
EQUIPAMENTOS
Tela Flip chart Retroprojetor
Projetor de slides Data show Microfones
Vídeo Gravador TV ou outros
CONDICIONANTES AO TURISMO
- Preço médio por serviço ou evento
- Meses de alto e baixo atendimento, com suas respectivas taxas médias de uso (%)
- Taxas médias de atendimento anual dos últimos 3 anos
- Época de fechamento (meses, feriados etc)
- Principais clientes (3 maiores percentagens)
GERAIS
- Número de funcionários permanentes e temporários
- Existência de programas de qualificação de RH (Tipo, periodicidade, data do último)
- Disposição para o pagamento de taxa ao FUMTUR
- Observações e avaliação do empreendimento
- Descrição da área de entorno
- Atividades mais populares
QUADRO 14
INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA O CADASTRAMENTO DE LOCADORA DE VEÍCULOS
CARACTERÍSTICAS GERAIS
- Tipo de Empreendimento (cooperativa de táxi e vans, locadora de veículos,
empresa de ônibus etc)
- Nome Fantasia, Razão Jurídica e CNPJ, endereço, telefone, e-mail, home-page
- Tempo de funcionamento
- Frota disponível (modelos, quantidade)
CONDICIONANTES AO TURISMO
Veículos preferidos Preços praticados por modelo
Época de maior e menor movimento Serviços especiais (descrição e material de divulgação)
Horário e período de funcionamento Origem dos clientes (3 maiores percentagens)
GERAIS
Opinião sobre o mercado (aumento, estagnação ou decréscimo) em relação à atividade turística.
OBSERVAÇÕES ESPECIAIS
133
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
45 - Ver no Capítulo 6 uma abordagem mais detlhada sobre a capacidade de gestão pública em lidar com os diversos
desafios na implantação das políticas e dos planos de turismo.
134
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
FIGURA 4
MERCADO CONSUMIDOR
Nº DE CONSUMIDORES
COM INTERESSE COMERCIAL
MERCADO
RENDA?
MERCADO
ALVO
ACESSO?
136
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
QUADRO 15
INFLUÊNCIAS EXTERNAS AOS INDIVÍDUOS, QUE AFETAM PADRÕES
DE CONSUMO DE VIAGENS (MIDDLETON, 2002)
Fatores econômicos, preços comparativos - a relação entre as mudanças na renda real disponível e
o volume de viagens e gastos longe de casa; ou o preço percebido de um destino comparado aos
da concorrência.
Atitudes sócio-culturais em relação ao turismo – número crescente de pessoas com renda, tempo
livre e mobilidade interessadas no consumo de viagens de férias comparado ao interesse por ou-
tros produtos de lazer que requerem tempo e dinheiro; atitudes gerais como idéias, medos, aspi-
rações e crenças; variam de acordo com culturas, e podem também ser influenciadas pela pro-
moção e pelo marketing; atitudes frente a padrões mínimos da prática ambiental.
QUADRO 16
PRINCIPAIS MOTIVOS DE VIAGENS E TURISMO (MIDDLETON, 2002)
QUADRO 16 - (Continuação)
PRINCIPAIS MOTIVOS DE VIAGENS E TURISMO (MIDDLETON, 2002)
• Atividades realizadas visando saúde, estética e recuperação física;
• Descanso e relaxamento em geral, com o objetivo de aliviar o estresse da vida cotidiana;
• Busca de calor, sol e relaxamento em localidades costeiras.
Motivos religiosos
• Participar de peregrinações ou romarias;
• Participar de retiros para meditação e estudo;
• Participar de eventos e encontros;
• Visita a santuários.
QUADRO 17
PERFIL DO TURISTA DOMÉSTICO BRASILEIRO - FIPE/EMBRATUR, 2001
Faixa etária: 40 a 50 anos
Escolaridade: 8,3 anos de estudos (25% 2º grau e 30% até 4ª série)
Renda média mensal: R$ 870,00 (44% entre R$ 720 e R$ 2.700)
No. de viagens/ano: 2
No. de pessoas no grupo: 2a3
Tipo de transporte: 49,6% ônibus, 30.9% carro, 9,9% carona, 9% avião
Tipo de hospedagem: 66% casa de amigos/parentes; 15% hotéis
Viajam na alta estação: 42%
Viagens organizadas por agências: 7,7%
Permanência média: 10,8 dias
Gasto médio: R$ 709,67
Viagens de lazer 76%
46 - Nota do Editor: Há uma grande polêmica sobre como inserir atividades de caça e pesca no escopo do turismo sustentável.
140
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
QUADRO 18
PERFIL DO TURISTA EM TURISMO RURAL EM LOCALIDADE ESPECÍFICA
A 70KM DA CIDADE DE SÃO PAULO:
QUADRO 19
PERFIL DE ALGUNS SEGMENTOS DE MERCADO
QUADRO 20
MODELO DE PESQUISA DE DEMANDA
Pesq. n.º ____ Data: _______ Local da pesquisa: ________________ Pesquisador: ________
7) Renda Individual:
Até 5 SM ( ) De 5 a 10 SM ( ) De 10 a 20 SM ( ) Mais de 20 SM ( )
8) Renda Familiar:
Até 5 SM ( ) De 5 a 10 SM ( ) De 10 a 20 SM ( ) Mais de 20 SM ( )
9) Transporte: R$ ______________
10) Hospedagem R$ ______________
11) Alimentação R$ ______________
12) Compras diversas R$ ______________
13) Lazer e Recreação R$ ______________
QUADRO 20 -
MODELO DE PESQUISA DE DEMANDA
(Continuação)
( ) Congressos / Convenções ( ) Outros:________________________
21) Qual veículo de propaganda / comunicação induziu sua visita a esta cidade ?
•( ) Folhetos / Folders ( ) Revistas - qual : _________________________
•( ) Jornais (Caderno de Turismo) - qual : _________________________
•( ) Rádio / TV / Filmes ( ) Publicações - qual : ___________________
•( ) Amigos / Parentes ( ) Agências de viagens ( ) Feiras / Eventos
QUADRO 21
MATRIZ DO DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO TURÍSTICO
TEMA PONTOS OPORTUNIDADES PONTOS AMEAÇAS DIAGNÓSTICO PROGNÓSTICO
ESTRATÉGICO FORTES FRACOS
integrantes do Comtur, podem ser chamados poder público estadual ou outros zoneamentos
para participar dos debates. Caso necessário, ambientais como das APAs – Áreas de Proteção
oficinas focais com grupos de interesse podem Ambiental ou Zonas Industriais que, às vezes,
ser necessárias para se assegurar a legitimidade transcendem um único município e são elabora-
dos trabalhos. dos pelas esferas estadual ou mesmo federal.
Assim, tem-se o Plano de Ação esboçado,
pronto para ser submetido para debates e
rodadas de negociação com os atores locais.
Porém, antes de se partir para elaboração de pro-
gramas e projetos para o desenvolvimento turís- O Zoneamento não pode deixar de conside-
tico, um instrumento extremamente importante rar os aspectos das legislações estadual e fe-
para o ordenamento turístico zoneamento, que
deral que tratem de áreas protegidas
define áreas de uso e de interesse especial.
(Unidades de Conservação, Áreas de
Preservação Permanente e Reservas Legais
ZONEAMENTO TURÍSTICO47
Florestais, áreas de proteção de mananciais,
Com base nas informações colhidas pelo áreas tombadas etc.) e as especificidades das
Diagnóstico e Prognóstico Turístico de que trata- bacias e sub-bacias hidrográficas. E sugere-
mos nos itens anteriores, o poder público, em se, como fundamental, que o Zoneamento
conjunto com as comunidades envolvidas e os turístico seja amplamente discutido com a
setores interessados, identifica as áreas de real e população local e aprovado pelos Conselhos
de potencial interesse para o turismo e as áreas de Meio Ambiente e de Turismo.
de interesse para a conservação e preservação
ambiental ou cultural de forma a poder, a qual-
quer momento, planejar a instalação de infra- O Zoneamento deve considerar a dinâmica
estrutura compatível com a intensidade desejá- sócio-econômica municipal e as diversidades
vel para a atividade turística, considerando-se as sócio-culturais existentes de forma a ser sólido e
características de cada ambiente e suas pecu- consistente o suficiente para servir de parâmetro
liaridades sócio-culturais. para a formulação, reformulação e implemen-
Além de se basear no Diagnóstico e tação de planos e programas de estímulo ao tu-
Prognóstico Turístico, o Zoneamento Turístico rismo e à conservação ambiental. E também, que
deve ser compatível e interagir com o Plano seja flexível o necessário para ser adaptado per-
Diretor do Município e considerar também ou- manentemente frente às alterações nas dinâmi-
tros zoneamentos eventualmente realizados em cas espacial e sócio-econômicas ditadas muitas
escalas maiores, como por exemplo o Zonea- vezes por conjunturas que fogem ao controle da
mento Ecológico-econômico elaborado pelo gestão municipal.
47 - Ver também itens 2.1 - Estatuto das Cidades e 5.1 - Plano Diretor Municipal.
147
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
QUADRO 22
O ZONEAMENTO E AS POPULAÇÕES LOCAIS E TRADICIONAIS
U m importante papel do Zoneamento, ao lado do Plano Diretor e das leis municipais de uso e
ocupação do solo, além de apontar as áreas com potencial turístico e áreas de interesse ambi-
ental, é apontar os focos de potencial conflitos entre diferentes atores sociais, como por exemplo
agentes do turismo e populações tradicionais. Isto tem o intuito de viabilizar medidas preventivas
que fortaleçam o papel dessas comunidades como interlocutores privilegiados nas discussões acer-
ca dos destinos do turismo na região.
QUADRO 23
CENTRO DE INFORMAÇÕES TURÍSTICAS
U m dos principais problemas que mesmo os municípios com efetivo potencial turístico enfrentam
é a disponibilização em tempo ágil de informações aos visitantes sobre os produtos e serviços
disponíveis na região, caracterização e localização dos atrativos, onde encontrar guias, condutores
e monitores de visitantes, restaurantes, hotéis, campings etc.
Na tentativa de solucionar esse problema, que é letal para o turismo, muitos municípios já vêm insta-
lando Centros de Informações Turísticas (e suas variantes tais como CAT – Centro de Atendimento ao
Turista, PIT – Posto de Informações Turísticas, PIC – Posto de Informação e Controle, Centro de
Visitantes etc), onde os interessados podem encontrar folders, cartilhas, mapas, telefones e dicas
sobre os produtos e serviços turísticos do município.
Esse é um serviço fundamental e que todo município com potencial turístico deve implementar, além
de outras iniciativas similares tais como a criação de páginas na internet e sistema de disque-infor-
mações turísticas.
149
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
tenha acesso às informações sobre os efeitos das espaços territoriais especialmente protegidos
ações implementadas. Isso somente ocorrerá, no onde as atividades potencialmente causadoras de
caso da gestão do turismo, se o poder público impactos ambientais não podem afetar os atribu-
organizar as informações colhidas durante o tos naturais (artigo 225, §1º, inciso III da CF/88).
processo de Inventário e de elaboração e Além de garantir a integridade ambiental,
aprovação do Zoneamento. Mais do que isso, é tais espaços, se devidamente manejados, apre-
fundamental que essas informações sejam atua- sentam alto potencial como atrativos turísticos e
lizadas e que os efeitos das ações até então portanto, fontes geradoras de riquezas para o
implementadas - ou mesmo das ações previstas e município.
não implementadas - sejam avaliados para que A título de exemplo, a EMBRATUR, com base
se possa rever o planejamento e readequá-lo. em estudos desenvolvidos pelo Instituto de
Ecoturismo do Brasil (IEB) identificou noventa e
seis pólos ecoturísticos no Brasil, sendo a grande
maioria localizada no entorno de unidades de
conservação (principalmente Parques Nacionais
O sistema de informações do município deve e Estaduais), uma vez que a existência de tais
ser elaborado especificamente para a sua espaços protegidos é um dos fatores determi-
realidade. Para tanto é fundamental também nantes para a identificação do potencial turístico
que o município, na medida do possível, pro- de uma região.
duza um relatório sobre a situação do turismo Além das unidades de conservação clássicas
em seu território para que, com base nesse previstas no Sistema Nacional de Unidades de
“estado da arte”, possa planejar suas ativi- Conservação - SNUC, aprovado pela Lei Federal
dades de implantação de infra-estrutura e os 9.985/00 já mencionada anteriormente, podem
setores que merecerão atenção e incentivos os municípios criar, caso especificidades locais
especiais principalmente por parte do Fundo justificadamente demandem e que estejam pre-
vistas em leis, categorias de unidade de conser-
Municipal de Turismo.
vação distintas daquelas previstas, como as
Estradas-Parque, por exemplo já implementadas
É fundamental que o Poder Público tenha em algumas regiões como no Pantanal Mato-
condições de sistematizar as informações cons- Grossense (MS) e na região do Médio Tietê (SP),
tantes no inventário, de forma a possibilitar sua porém ambas possuem a declaração de APA
atualização e o planejamento sobre a intensi- (Área de Proteção Ambiental) para assegurar sua
dade e o volume do fluxo turístico, as caracterís- gestão por meio de regulamentos definidos pela
ticas gerais do tipo de visitante que freqüenta a legislação federal. Já em Silves, Amazonas, o
região, em que época do ano e que tipo de pro- poder público local criou, por meio de Lei, uma
duto cada visitante busca encontrar, dentre ou- área de reserva de pesca para proteger lagos de
tras informações qualitativas e quantitativas. Isto reprodução de peixes, essencial para a sua po-
é importante para que possa tomar decisões pulação ribeirinha.
acertadas no sentido de otimizar os recursos Conforme descrito no Capítulo 2, o SNUC
investidos e ordenar a atividade de forma a obter prevê dois gêneros de Unidades de Conservação
maior ganho, com menor investimento e no (UC’s) conforme a possibilidade de uso de seus
menor tempo possível. recursos naturais:
a) UC’s de proteção integral, onde somente são
QUALIDADE AMBIENTAL permitidas atividades humanas que utilizem
E MECANISMOS DE PROTEÇÃO49 indiretamente os recursos naturais, ou seja,
que não extraiam ou consumam os recursos
Unidades de Conservação (UCs) no Município naturais; e
b) UC’s de uso sustentável, em que a explo-
Para a manutenção do meio ambiente sau- ração direta dos recursos naturais é permitida
dável incumbe ao poder público a criação de de acordo com critérios de sustentabilidade.
50 - Nota do Editor: O MMA lançou a publicação “Gestão Participativa do SNUC”, que trata da criação e funcionamento de
Conselhos Gestores de Unidades de Conservação. Maiores informações, www.mma.gov.br.
151
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
A tualmente as idéias de parcerias e colaboração dominam todos os setores, com reflexos no âmbito
do Direito. Na ânsia de efetivar reformas e com estimulo dos profissionais técnicos, os governantes
muitas vezes atropelam o direito positivo, criando fórmulas inéditas de parcerias. Assim, o Estado se
atribui uma função de regulamentação global, invadindo as relações sociais, e sobrepondo-se muitas
vezes ao principio da liberdade econômica.
Hoje vemos surgir, por absoluta necessidade aspectos novos na Administração, na tentativa de que o
Estado alcance uma situação de melhor atuação, inclusive com maior participação da área privada.
Neste contexto o Estado sentiu a necessidade de delegar parte de seus poderes de gestão. E nova -
mente surgiu a figura de descentralização. Em que se transfere atribuições de uma pessoa jurídica públi -
ca (União, Estados e Municípios) para outra pessoa jurídica com capacidade de auto-administração.
Entende-se por serviço público, “toda atividade que a lei atribui ao Estado, para que a exerça dire-
tamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente”.(Maria Sylvia Z.
di Pietro). E por este motivo que a Constituição Federal estabelece que os serviços públicos sejam presta -
dos pelo poder público, direta ou indiretamente, mediante permissão ou concessão (Art. 21, inciso XII
e Art. 175).
(Continua)
51- Sugere-se como leitura o documento “Modelos de Co-Gestão em UC’s: discussão e propostas para o Estado de São Paulo”
(São Paulo: Cetesb/SMA, 2003).
52 - Contribuição de José Eduardo Rodrigues – Fundação Florestal/SMA-SP.
152
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
(Continuação)
PRIVATIZAÇÃO
O termo privatização contém um conceito difícil de ser definido. Ele traz em si a idéia de gestão
por pessoa privada e por métodos do setor privado. Na sua acepção mais ampla, a palavra “privatiza -
ção” abrange todas as medidas adotadas com o objetivo de diminuir o tamanho do estado , tais como:
TERCEIRIZAÇÃO
A terceirização é uma palavra nova, comum no meio empresarial para designar os contratos de obras,
serviços e fornecimentos, que há muito tempo são utilizados pela Administração Pública. Está ligada à idéia de
parceria. Em sentido estrito “é um processo pelo qual se repassa alguma atividade para terceiros, ficando a
empresa concentrada apenas em tarefas essencialmente ligadas ao negócio em que atua” (Livio Antonio Giosa).
No âmbito da Administração Pública só é possível terceirização, aqui entendida em sentido absolu -
tamente estrito, como contrato de prestação, ou locação de serviços, para a realização de determinada
atividade ligada ao serviço público, e não a determinado serviço público como um todo. Tecnicamente,
esta espécie de contrato, regulamentado pela Lei 8.666/93, não se confunde com concessão e a permis -
são de serviços públicos, previstas na Constituição Federal.
Mas por outro lado, a palavra “terceirização” acabou por adquirir também uma conotação genérica,
abrangendo as várias formas de delegação de serviços a terceiros.
Neste sentido, a grande vantagem é não haver dispêndio para o poder público, uma vez que estes ter -
ceiros vão se auto-remunerar, através da cobrança de tarifas aos usuários dos serviços terceirizados.
AUTORIZAÇÃO
Não é um contrato, é um ato unilateral, discricionário e precário do Poder Público que determina o que vai
ser autorizado, com base no poder de polícia do Estado, estabelecendo as condições em que a atividade
será exercida e fiscalizando-a. Pode ser revogada a qualquer momento, não dá direito à indenização e, por -
tanto, via de regra, deve ser outorgada sem prazo determinado. A Autorização pode assumir duas formas:
a) na primeira, o Poder Público faculta ao particular o uso privativo de um bem público. É a auto-
rização de uso. Ex: uso para moradia de casa pertencente ao Estado.
b) Na segunda, o Poder Público delega ao particular, a exploração do serviço público. É a autoriza-
ção de serviço público. Ex: uso de quiosque, em área pública, para venda de artesanato.
A característica principal da autorização é atender ao interesse exclusivo do particular, que vai
exercer uma atividade não usufruída por terceiros, mas apenas por ele mesmo.
PERMISSÃO
É o ato administrativo unilateral, discricionário e precário, gratuito ou oneroso, pelo qual a
Administração Pública faculta ao particular a execução de serviços públicos ou a utilização privativa
de bem público de terceiros. Visa atender as necessidades coletivas, por meio de atividades definidas
pela lei como serviço público e que como tal deve ser prestado sob regime jurídico parcialmente
público. O permissionário não tem qualquer direito contra a Administração Pública.
(Continua)
153
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
(Continuação)
É instrumento adequado quando não houver grande dispêndio financeiro para o desempenho do
serviço ou quando os riscos forem compensáveis pela extrema rentabilidade de serviço. Pode ser ou -
torgada a pessoa física ou jurídica e tem natureza de contrato de adesão. Como a autorização, por ser
precária e portanto revogável a qualquer momento, devendo ser outorgada por prazo indeterminado.
Mas a lei de concessões prevê a hipótese da permissão conter prazo determinado. Mesmo assim, ela
poderá ser revogada, mas neste caso, mediante indenização pelo poder público.
CONCESSÃO
“É o contrato administrativo pelo qual a Administração Pública delega a outrem a execução de um
serviço público, para que o execute em seu próprio nome, por sua conta e risco, mediante tarifa paga
pelo usuário ou forma de remuneração decorrente da exploração do serviço” (Maria Sylvia Z. di
Pietro). É, portanto, uma opção do Poder Público para a prestação de serviços públicos. O serviço é
do poder público, mas será executado por particular, dentro dos limites estabelecidos pela lei e pelo
contrato, sujeito à regulamentação e fiscalização da concedente.
Mas a concessão pode também ser de uso, onde o poder público atribui a utilização exclusiva de um
bem de seu domínio a particulares, para que o explore de acordo com sua destinação específica.
A concessão tem característica própria, e a concessionário vai atuar como empresa privada, mas
respeitando as regras impostas pelo serviço público.
QUADRO 24
RPPN - RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL
O proprietário de terras em áreas rurais do município pode transformar, total ou parcialmente, sua
propriedade em RPPN mediante solicitação ao órgão ambiental (federal, estadual ou mesmo
municipal) que deverá averiguar as condições de conservação de seus recursos naturais, principal-
mente em relação à diversidade biológica.
Nas RPPNs são permitidas apenas a pesquisa científica e a visitação para fins turísticos, recrea-
tivos e educacionais. Os órgãos do SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação, sempre
que possível e oportuno, prestarão orientação técnica e científica ao proprietário da RPPN para a
elaboração de um Plano de Manejo ou de uso da propriedade.
Como as RPPNs podem representar importantes atrativos turísticos no município, é oportuno que o
poder público municipal formule e implemente políticas próprias de incentivos e apoio à criação e
manutenção de tais reservas, pois assim agindo poderá estimular ainda mais o turismo em seu território.
As vantagens para o proprietário que quer conservar parte de sua área em RPPN podem ser
descontos no Imposto Territorial Rural e acesso mais facilitado a financiamentos governamentais e
de fundo perdido.
No caso ainda de gestão de unidades de conservação com efetiva visitação turística e que, por
diversos motivos, possui dificuldade em ordená-la e monitorá-la, diversas estratégias de gestão
podem ser adotadas, tais como regras de visitação e capacitação de recursos humanos para con-
dução de grupos monitorados. Neste último caso, muito tem se debatido sobre o papel e atuação de
condutores e monitores locais, mas têm-se como certo que contribuem para ordenar grupos de visi-
tantes quando a UC não possui capacidade operacional para fazê-lo.
mente no Brasil, as RPPN’s têm exercido um rece custo orçamentário para o poder público e
importante papel na conservação dos recursos representa para o proprietário que pretende
naturais, em especial da diversidade biológica. investir em atividades turísticas uma excelente
Por ser criada voluntariamente em propriedade oportunidade (Quadro 24, página anterior).
privada essa unidade de conservação não ofe-
Só pode exercer a atividade de Guia de Turismo quem tiver certificado emitido por curso reco -
nhecido oficialmente pela Embratur, e que se sub-dividem em quatro categorias: Guia Internacional,
Guia Nacional, Guia Regional e Guia especializado em atrativo natural/histórico (Ecoturismo).
Num mercado carente de capacitação, o poder público se sente limitado para atender a grande
demanda provocada pela indústria turística. É preciso encontrar saídas que nos levem a soluções
práticas e duradouras. Na falta de mão de obra especializada, e na falta de cursos para atender às
necessidades do mercado, a Embratur delega aos Estados e aos municípios, a função de resolver pelo
menos parcialmente o problema.
Exemplos nesse sentido são os cursos desenvolvidos na Chapada dos Veadeiros em Goiás, no
Parque Estadual da Serra do Mar em São Sebastião/SP, no PETAR - Iporanga/SP e em Bonito/MS.
(Continuação)
mento sustentável das atividades turísticas sendo o elo de ligação entre fornecedores e consumi -
dores, além de fomentar atitudes conservacionistas a educação ambiental e a fiscalização das áreas
naturais visitadas.
O curso de Monitor Ambiental tem como objetivo capacitar profissionais para conduzir, orientar,
transmitir informações e garantir a segurança individual e coletiva, de pessoas e grupos de visitantes
em ambientes naturais. Busca ainda melhorar a qualidade do atendimento ao turista, criar novas
oportunidades de trabalho e fomentar o empreendedorismo e a geração de emprego e renda no
município.
O Poder Público Municipal tem amparo legal para buscar o desenvolvimento econômico e social
através da regularização e ordenamento da atividade turística e a capacitação e profissionalização
dos empreendedores e prestadores de serviços turísticos, com o objetivo de garantir a qualidade dos
produtos e serviços prestados, o bem estar da comunidade local, a melhoria da qualidade de vida e
a conservação do patrimônio natural e cultural.
54 – Veja no capítulo 3 um modelo de Lei da Política Municipal de Turismo com uma proposta de licenciamento munici-
pal para as atividades turísticas locais.
156
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
mente habilitada. Entretanto, ainda que o licen- técnicas e humanas para realizar a avaliação (e
ciamento ambiental ocorra nas esferas estadual até mesmo em função dessa carência), com base
ou federal, o poder público municipal deve ser em lei própria, fundamentada no inciso IV, do
ouvido obrigatoriamente, como condição de va- parágrafo 1o do artigo 225 da Constituição
lidade do processo de licenciamento ambiental Federal, pode se manifestar sobre empreendi-
conduzido em outra instância. mentos sob licenciamento junto ao órgão esta-
dual competente ou pelo Ibama supletivamente.
O que justifica a implementação de um órgão
devidamente habilitado a atuar em matéria
ambiental.
Torna-se fundamental para os municípios que Uma forma diferenciada de ordenar a ativi-
possuem o meio ambiente ecologicamente dade turística é o estabelecimento de vouchers,
equilibrado, como condição e elemento essen- passaportes de emissão e porte obrigatórios para
prestadores de serviços e visitantes. Cidades
cial da atividade turística, a criação de um
como Bonito (MS) e Chapada dos Guimarães
órgão ambiental próprio, com equipe técnica
(MT) vinculam normas de controle do turismo
habilitada e capacitada e um Conselho de para a emissão de vouchers aos prestadores de
Meio Ambiente operante. serviços.
No caso de Bonito, apesar do sistema estar
funcionando adequadamente, ele se torna, prin-
cipalmente, um instrumento arrecadador, visto
O Conselho de Meio Ambiente pode ser nor- que apesar de permitir identificar os números de
mativo e deliberativo, ou seja, a ele pode caber: visitantes por dia em cada atrativo, não há ne-
nhum outro instrumento legal que determine o
a) o detalhamento da regulamentação das ativi- controle de impactos por excesso de visitação.
dades potencialmente impactantes no Mesmo com uma determinação por parte da
município por meio de suas resoluções, Secretaria Estadual de Meio Ambiente exigindo
suplementando a legislação estadual e fede- licenciamento ambiental e monitoramento de
ral, no que couber; e impactos das atividades de visitação, não se tem
b) ter poderes de decisão sobre programas, observado a fiscalização de seu cumprimento e
obras, projetos e atividades potencialmente já houve denúncias públicas de que os limites de
causadoras de significativo impacto sobre o visitação impostos por estudos técnicos científi-
meio ambiente local. cos não são cumpridos por alguns dos
empresários locais (veja Artigo na página
Destacamos mais uma vez a sugestão de que seguinte e Estudo de Caso na página 159).
não somente sejam avaliados os impactos de Na Chapada dos Guimarães, o estabeleci-
atividades antrópicas sobre o meio ambiente, mento dos vouchers foi feito por meio de Lei
mas também os impactos negativos de outras Municipal e veio acompanhado por uma série de
atividades econômicas sobre o desenvolvimento mecanismos de controle e fiscalização da ativi-
do próprio turismo na região. dade turística (veja Estudo de Caso na página
O Município, ainda que não tenha condições 160).
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TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
O Sistema Turístico
de Bonito (MS) 55
B onito surgiu em meados do século passado com sua emancipação política, econômica e social do
município de Miranda/MS. As atividades econômicas predominantes desde então, foram a pecuária,
a agricultura e a mineração. A vocação turística surgiu a partir de meados da década de 1990, quando a
comunidade local começou a perceber o interesse que as belezas naturais da cidade exerciam sobre os
poucos visitantes que recebia. Após a exibição dos atrativos da cidade pela TV Globo, centenas de pes -
soas passaram a procurar a cidade como um "Destino Turístico” nacional. Nesta época a cidade não con -
tava com grande estrutura turística – eram menos de dez hotéis - e os serviços turísticos eram contratados
através de três únicas agências.
Atualmente existem 77 (setenta e sete) empresas oferecendo serviços de hospedagem, 28 (vinte oito)
agências de turismo, aproximadamente 80 (oitenta) guias de turismo credenciados pela EMBRATUR e
mais de 40 (quarenta) sítios turísticos.
Atualmente, cerca de 56% (cinqüenta e seis) da mão-de-obra está voltada diretamente para esta ativi -
dade econômica, entre guias, agentes, remadores, monitores, recepcionistas, motoristas, gerentes,
guardas, telefonistas etc.
As agências de turismo são responsáveis por boa parte da divulgação de todos os serviços turísticos
da Serra da Bodoquena, desde sítios turísticos, meios de hospedagem, transporte, guias e alimentação. O
que é feito através de folders, malas diretas, sites e telemarketing. A agências oferecem vários tipos de
passeios turísticos. São passeios de bote, flutuação, cachoeiras, mergulho autônomo, caminhadas, cir -
cuito rural e ainda aqueles classificados como de aventura como rapel, arborismo e quadriciclo.
Os sítios de visitação são quase todos privados e oferecem seus serviços com limitação diária do
número de visitantes e acompanhamento obrigatório de um guia de turismo credenciado pela
EMBRATUR, ou um monitor (caso do rapel).
A Gruta do Lago Azul, por exemplo, recebe no máximo 305 (trezentos e cinco) visitantes ao dia, em
grupos de 15 (quinze) pessoas acompanhadas por um guia. Estas visitas e divisões de grupos são feitas
pela Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio que é a responsável pela Gruta, uma Unidade
de Conservação. Da mesma forma cada sítio turístico organiza seu processo interno de visitação.
O processo de limitação é desenvolvido respeitando-se os limites climáticos, ambientais e humanos.
Além disso é fundamental que possua estrutura e equipamentos adequados para receber os visitantes –
roupas e botas de neoprene, snorkels, coletes e máscaras, no caso de flutuações. Porém ainda é preciso
que o sítio turístico obtenha o Licenciamento Ambiental do Poder Público (IBAMA) para dar início ao seu
trabalho.
Os mais de 80 (oitenta) guias foram credenciados pela EMBRATUR por meio curso técnico profis -
sionalizante para Guia de Turismo Regional e Especializado em Atrativos Naturais e trabalham em toda a
região da Serra da Bodoquena (Bonito, Jardim e Bodoquena). Sua presença é fundamental no sistema
turístico local, pois nenhum passeio (exceto os balneários e a Ilha do Padre) pode ser feito sem seu acom -
panhamento. A idéia é garantir segurança, bom atendimento e noções sobre educação ambiental para os
visitantes, além de contribuir para a conservação dos recursos naturais e correta utilização da estrutura
interna do sítio turístico.
O funcionamento integrado dos serviços turísticos está baseado no estabelecimento de um "voucher"
emitido e numerado pela Prefeitura, no ano de 1995, a partir de uma iniciativa do mercado. Emitido em
04 (quatro) vias, possui funções de tributação municipal, de garantia de pagamento do serviço e de fer -
ramenta estatística. O visitante recebe o voucher nas agências de turismo em duas vias: uma para ser
entregue ao sítio turístico e outra para o guia de turismo. Estas vias serão a garantia de pagamento - tanto
do guia quanto do sítio, diante de seu contratante: a agência. As duas vias
restantes são da própria agência (efeitos contábeis) e do sistema de tributação do município. A visitação
e seu controle são feitos de acordo com este instrumento.
Resolve:
Artigo 1º - Criar o voucher único padronizado, com discriminação dos atrativos naturais, para
uso obrigatório dos turistas nos locais de visitação.
Artigo 2º - Todas as agências de turismo de município ficam obrigadas a requisitar junto à se-
cretaria municipal de turismo e desenvolvimento econômico, blocos de voucher com a devida
numeração, que serão fornecidos gratuitamente.
Artigo 4º - Ficam os proprietários das áreas e locais de visitação turística no município, obriga-
dos a exigir o voucher padronizado desta secretaria.
Artigo 5º - Tornar obrigatória a prestação de contas semanal com a apresentação dos talonários
de voucher no departamento de tributação da prefeitura municipal, para recolhimento do tributo dev-
ido.
Artigo 6º - Instituir taxa de manutenção da gruta do lago azul a ser paga por todos os visitantes
na importância de R$ 5.00 (cinco reais), a partir de 01 de dezembro de 1995.
Artigo 7º - As agências de turismo ficam responsáveis perante a prefeitura municipal pelo reco-
lhimento de tributos devido pelos proprietários dos atrativos turísticos e pelos guias, devendo des-
contar do pagamento daqueles o imposto devido.
Artigo 8º - Está resolução entrará em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de
01 de dezembro de 1995.
Art. 1º. Fica criada a regulamentação dos passeios turísticos de Chapada dos Guimarães, através
de passaportes de visitação, denominados voucher e passaporte para atrativos de massa, previsto no § 10
e seguintes do Art. 2º desta Lei .
Art.2º. O voucher é um sistema de controle dos fluxos de turismo aos atrativos, assegurando a
preservação do ecossistema e a segurança do visitante, bem como regulamenta a relação entre os donos
dos atrativos, guias e agências com o Município de Chapada dos Guimarães.
§ 1º. O voucher único será padronizado, com discriminação dos atrativos naturais, para uso obrigatório
dos turistas nos locais de visitação.
§ 2º. Os blocos de voucher único serão emitidos pela Secretaria Municipal de Finanças a uma Central
Única da Secretaria Municipal de Turismo, gratuitamente, mediante requisição das agências de tu-
rismo do Município a agências cadastradas no Município de Chapada dos Guimarães.
§ 3º. O preenchimento do voucher único será de exclusiva responsabilidade das agências de turismo,
sem emendas, rasuras ou ressalvas, para maior precisão sobre o fluxo de turistas nos atrativos do
Município, devendo especificar o valor cobrado por atração, translado, o valor da diária do guia,
os serviços da agência, restaurantes ou similares e, se for o caso, da hotelaria.
§ 4º. No transporte turístico é obrigatória a apresentação de "voucher" de viagem, emitido pela agência
de turismo contratante, no veículo, por ocasião da execução do serviço.
§5º. Ficam os proprietários do atrativo, sítios e demais locais de visitação turística, obrigados a exigir o
voucher único.
§6º. Nos atrativos públicos, inclusive o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, o uso do voucher
será prioritário, regulado mediante termo de convênio ou parceria.
§7º. Os atrativos serão onerosos, mediante valor regulamentado pelo COMTUR e cada proprietário do
atrativo, sendo que serão repassados 20% (vinte por cento) da taxa de visitação ao FUMTUR, como
incentivo e fomento à atividade turística da Chapada dos Guimarães.
§8º. O não preenchimento do voucher único pelas agências de turismo e a sua não exigência pelos pro-
prietários das áreas, sítios e demais locais de visitação, caracteriza crime de sonegação fiscal.
§ 9º. Nos dias 05, 15 e 25 de cada mês as agências de turismo deverão prestar contas dos talonários de
voucher único junto à Central Única da Secretaria Municipal de Turismo que, por sua vez, o fará
com a Secretaria Municipal Finanças, e o pagamento do imposto dar-se-á na forma a ser estabele-
cida em regulamento.
§10. O voucher para atrativos de massa, assim compreendidos àqueles com capacidade de recepcionar
um número de visitantes superiores a 300 (trezentos) por dia sem acompanhamento de guias, ope-
rará independentemente de agências de turismo, através de um passaporte cujo nomen iuris será
atribuído pelo COMTUR, através de Resolução.
§11. Os atrativos de massa contribuirão de igual forma ao do § 7o deste Artigo, para o COMTUR;
§12. Os talonários para os atrativos de massa, a serem emitidos pela Secretaria de Finanças a Central
Única da Secretaria de Turismo, deverão constar a Taxa do Turismo e um campo para o recolhi-
mento do ISS.
(Continua)
57 - Contribuição de Jorge Belfort – Comtur da Chapada dos Guimarães (MT).
160
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
(Continuação)
II- DA RESPONSABILIDADE DAS AGÊNCIAS E DA DIVULGAÇÃO
Art. 3º. As agências de turismo que quiserem operar as Atividades turísticas no Município de
Chapada dos Guimarães deverão apresentar os seguintes documentos:
I- Contrato social devidamente registrado;
II- Inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ);
III- Endereço comercial completo;
IV- Recibo de quitação de taxas e impostos, inclusive alvará;
V- Cadastro no Conselho Municipal de Turismo (COMTUR);
VI- Registro na Embratur;
VII- Certificação da Embratur, a partir de 18 (dezoito) meses da vigência desta Lei;
VIII- Termo de anuência ao compromisso ambiental sustentável, onde declara conhecer e concor-
dar com as regras do COMTUR, satisfazendo todas as exigências legais, especialmente no que
diz respeito à aquisição voucher de entrada, ao uso de equipamentos, medidas de segurança,
seguro de acidentes e número ideal de usuários nas atividades.
§1º As agências de turismo sediadas no Município de Chapada dos Guimarães que não preencherem os
requisitos previstos nos incisos anteriores, não se cadastrando para operar através do voucher no prazo
de trinta dias, terão a licença de funcionamento (Alvará) suspensa, até a regularização aos ditames
desta Lei.
§2º As agências cadastradas que descumprirem os preceitos dos incisos anteriores serão suspensas até a
regularização, sendo punidas com a suspensão da emissão de voucher pelo prazo de trinta dias, a con-
tar da data da regularização junto a Secretaria Municipal de Turismo, no caso de reincidência.
§3º A suspensão das atividades das agências, na forma dos incisos anteriores, é uma medida de preser-
vação do trade turístico, evitando o descrédito, solidificando uma política de eficiência no atendi-
mento aos visitantes de Chapada dos Guimarães.
Art. 6º. Nas vendas de serviços e antes da realização das Atividades turísticas, deverão ser pas-
sadas aos turistas/consumidores todas as informações necessárias sobre a prática a ser realizada.
Parágrafo único - A responsabilidade em prestar essas informações é da agência de turismo, que se obri-
ga a fixá-las em seus escritórios ou bases, sempre de forma clara e ostensiva.
Art. 7º. Respeitadas as diferenças operacionais das empresas, as informações a serem fornecidas
aos turistas/consumidores, devem incluir:
I- Dados gerais sobre as atividades, incluindo o que é, grau de dificuldade e a classificação dos
atrativos;
II- Dados sobre os aspectos ambientais e turísticos do local visitado;
III- Duração e extensão do percurso;
IV- Tipo de vestuário necessário;
V- Preços e serviços incluídos no pacote;
VI- Obrigatoriedade da aquisição do voucher;
VII- Restrições ao uso de álcool;
VII - Instrução sobre as técnicas e o uso dos equipamentos;
IX- Instruções de segurança e resgate;
X- Compromisso ambiental sustentável;
Art. 9º- O Termo de Responsabilidade deverá ser assinado pelo turista/consumidor ou seu pre-
posto responsável, declarando estar ciente de todos os riscos envolvidos, se comprometendo a respeitar
as regras e ordens dadas pelos instrutores/monitores, isentando, nos casos de constatada desobediência,
a agência de turismo de qualquer responsabilidade por acidentes daí decorrente.
Parágrafo único - Em caso de menores de idade, esse Termo de Responsabilidade deverá ser assinado pelo
pai ou responsável, respeitadas, nos casos de grupos ou famílias, as regras ditadas pela Embratur.
Art. 10. No ato da contratação do serviço, o cliente deverá preencher um cadastro com as
seguintes informações:
I- Nome completo;
(Continua)
162
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
(Continuação)
II - Documento de identidade;
III - Endereço e telefones;
IV - Restrições médicas relevantes;
V - Contato pessoal para os casos de acidentes;
VI - Ficha de seguro individual contra acidentes.
Art. 11. Deverá ser contratado pela agência de turismo, junto a seguradoras idôneas, um
seguro individual contra acidentes, incluindo coberturas compatíveis para assistência médica hospi-
talar, invalidez e morte, mantendo uma cópia da apólice à disposição do segurado.
§ 1º A agência de turismo, deverá contratar seguro similar para garantir a segurança de seus prepos-
tos, instrutores e/ou monitores.
§ 2º A contratação do seguro individual contra acidentes é obrigatória, em benefício do turista/con-
sumidor ou seu beneficiário e poderá ser incluído no preço final do serviço.
Art. 14. É obrigatório, nos atrativos, a colocação de bancos, lixeiras, placas e demais equipa-
mentos de apoio, exceto nas Áreas de Preservação Permanente (APP’s).;
Art. 15. Fica vetada a circulação de veículos motorizados nas Áreas de Preservação
Permanente (APP’s) ou em trilhas de acesso aos atrativos, salvo nos casos de atendimento emergencial.
(Continuação)
b) número ideal de usuários;
c) horários de funcionamento da atividade;
V - Medidas de recuperação das condições ambientais e a recomposição florestal, quando
necessário;
VI - Localização dos sanitários e formas de tratamento de água, esgoto e seus efluentes.
Art. 17. Os atrativos, no caso de massa, serão entidades recolhedoras, na forma do Art. 12 da
presente Lei, devendo prestar contas no dia 08 e 22 de cada mês junto a Central Única da Secretaria
Municipal de Turismo.
Art. 20 - O poder público, por seu órgão competente, exercerá a fiscalização das atividades e
serviços das agências de turismo objetivando:
I - Proteção ao usuário, exercida prioritariamente pelo atendimento e averiguação de reclamações;
(Continua)
164
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
(Continuação)
II - Orientação às empresas, para o perfeito atendimento das normas que regem suas atividades;
III - Verificação do cumprimento da legislação em vigor.
Art. 22 - Incumbe ao COMTUR, através de resolução, fixar a cota máxima, por atrativo/dia que
uma agência poderá solicitar de reserva, mormente na alta temporada, preservando a livre concor-
rência.
Parágrafo único - Deferindo-se, excepcionalmente, mediante justificativa prevista na Resolução do
COMTUR, é obrigatório a cobrança de arras58, não reembolsável no caso de desistência, no
valor de vinte por cento dos voucher’s requeridos.
Art. 23- As reservas que não forem canceladas com antecedência mínima de 72 (setenta e
duas) horas serão de responsabilidade do solicitante, independentemente da realização do passeio
turístico.
Art. 24 – A Prefeitura concederá o incentivo anual de 50% (cinqüenta) por cento do valor do
IPTU, além da “Certificação Municipal de Estabelecimento Turístico do Ano”, a ser entregue em
Sessão solene pelo Prefeito Municipal, ao estabelecimento do trade turístico que se destacar, medi-
ante critérios qualitativos, considerando-se a satisfação do visitante, a atenção a ele dispensada, os
serviços prestados, a preservação e valoração da imagem dos atrativos e do Município de Chapada
dos Guimarães, a ser regulamento por Lei Específica.
Art. 25 – Os casos omissos serão resolvidos pelo poder público municipal, mediante decreto.
Art. 26 – Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em con-
trário.
O s Municípios possuem competência para instituir e cobrar taxas, que são classificadas, dentro do
sistema tributário brasileiro, como tributos vinculados a uma atividade estatal. Isto significa, em
linhas gerais, que o fato gerador de uma taxa é sempre uma atuação de um órgão ligado à
Administração Pública, seja prestando um serviço público, seja exercendo seu poder de polícia
(Constituição Federal, art. 145, II). As taxas são, assim, subdivididas em duas classes: as “taxas de
serviço” e as “taxas de polícia”.
As primeiras têm como pressuposto de incidência a prestação de um serviço público específico e
divisível e pode ser cobrada dos usuários efetivos desses serviços ou, em alguns casos, mesmo de usuários
potenciais, ou seja, quando o serviço é simplesmente posto à disposição do beneficiário.
As chamadas “taxas de polícia”, por sua vez, têm como pressuposto de cobrança o exercício regular
do poder de polícia do ente tributante (a União, os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios) no
âmbito de suas respectivas atribuições (art. 77 do Código Tributário Nacional).
No caso de possíveis taxas ambientais ou turísticas, parece ser mais acertado que a cobrança tenha
como pressuposto o exercício, por parte do Município, de seu “poder de polícia”.
Esta é uma figura proveniente do direito administrativo e pode ser resumidamente descrita como uma
limitação imposta pelo ente tributante, no caso, o Município, a algum direito, interesse ou liberdade indi -
vidual, em favor de interesses coletivos pelos quais tem a obrigação de zelar, como a segurança, a
higiene, a ordem e os costumes, o exercício de atividades econômicas, a tranqüilidade pública e, é claro,
a preservação ambiental.
O Município exerce seu poder de polícia, por exemplo, quando limita o direito individual de um
cidadão de habitar um imóvel por ele construído ou reformado e o condiciona a uma prévia vistoria ou
demonstração circunstanciada de que o imóvel está apto aos fins a que se destina, sem comprometer a
segurança daqueles que o utilizam ou mesmo de terceiros. Nesse caso, o Município condiciona a libe -
(Continua)
60– Contribuição de Vitor Gomes – Advogado Tributarista
167
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
(continuação)
ração do imóvel à obtenção do “habite-se” (que é, tecnicamente, uma autorização para utilização do
imóvel), que, por sua vez, é condicionado ao pagamento de uma taxa. Esta taxa para emissão de “habite-
se” é uma taxa de polícia.
Outro exemplo: o Município também exerce seu poder de polícia quando limita o direito individual
de alguém a exercer livremente uma atividade econômica e condiciona a instalação de uma banca de
jornais à expedição de um alvará de funcionamento. O indivíduo tem assegurado pela Constituição
Federal o direito de trabalhar e exercer qualquer atividade econômica, mas existe o interesse coletivo,
hierarquicamente superior, de que a banca de jornais não seja instalada num local que impeça a circu -
lação de pedestres, numa área proibida pela lei de zoneamento, ou num bairro em que já existam outras
muitas bancas.
Enfim, o órgão público responsável pela aprovação é obrigado a analisar uma série de fatores e
critérios de aprovação e, naturalmente, esta movimentação da máquina estatal tem um custo. Para arcar
com este custo, o Município cobra uma taxa, que tem natureza de taxa de polícia.
Mais uma vez, e pensando no espírito democrático do poder público, toda iniciativa de aplicação de
taxas deve ser explicitada e acordada com a sociedade organizada e os agentes do turismo. E o esta -
belecimento dos valores ou alíquotas das taxas devem ser compatíveis com a capacidade do empreende -
dor, de modo que não onere seu rendimento ou incremente sobremaneira os custos, e conseqüentemente,
os preços dos seus serviços ao consumidor.
Convém registrar ainda que a criação da taxa instrumentos ligados à atividade tributária para
ambiental, assim como a determinação de seus fomentar a preservação ambiental. É o caso, por
principais elementos (tais como fato gerador, exemplo, da concessão de descontos ou isen-
contribuintes, base de cálculo e alíquota), deve ções de tributos municipais a empresas, enti-
ser realizada por intermédio de lei, por força do dades e pessoas que empreenderem ações ou de
princípio da legalidade aplicado à atividade tri- alguma forma colaborem com esta finalidade.
butária, que proíbe os entes públicos de exigirem Nessa hipótese, os principais instrumentos de
ou aumentarem tributos sem lei que o estabeleça ação do Município são o IPTU – Imposto Pre-
(Artigo 150, I da Constituição). dial Territorial Urbano e o ISS - Imposto Sobre
Por fim, é importante mencionar que os Serviços.
Municípios podem também se valer de outros
Art. 1º. A hipótese de incidência da Taxa Municipal de Turismo para hospedagens e estabe-
lecimentos comerciais e de serviços é a prévia veiculação em jornais, TVs, rádios, folhetos, folders,
postais, cartazes de atividades turísticas, divulgação e realização de eventos, manutenção de posto
de informações turísticas e outras atividades determinadas pelo Plano Municipal de Turismo, tais
como qualificação profissional, traçado de trilhas e alternativas que visem o bem estar do turista.
Art. 2º. A Taxa Municipal de Turismo para hospedagem incide sobre toda pessoa física com
(Continua)
61 – Contribuição de Francisco Canola Teixeira - Secretaria de Turismo de São Joaquim/SC
168
OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
Art. 3º. A Taxa Municipal de Turismo para estabelecimentos comerciais e de serviços incide
sobre todas as pessoas jurídicas ou físicas que tenham atividades comerciais ou de proteção de
serviços dentro da área do município.
§ 1º. O valor cobrado é anual devendo ser incluído por ocasião da Taxa de Licença relativa a loca-
lização e funcionamento de estabelecimentos.
§ 2º. Todos os recursos arrecadados pela Prefeitura Municipal deverão ser transferidos num prazo
máximo de 5 (cinco) dias úteis para a conta do Fundo Municipal de Turismo.
§ 3º. As microempresas terão redutor de 50% (cinqüenta por cento).
§ 4º. O valor devido será de:
I- 150 (cento e cinqüenta) UFM para os meios de hospedagem;
II- 150 (cento e cinqüenta) UFM para os postos de combustíveis; e
III- 70 (setenta) UFM para os estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços.
5.3 Estratégias para Planos de Como este conceito é genérico, uma estraté-
Desenvolvimento Turístico gia pode ser útil, tanto para produzir novas situa-
ções positivas, como negativas, dependendo do
Estratégia é uma palavra muito usada para se fim à qual a estratégia está dirigida. Por exemplo,
referir à vontade de um determinado setor, uma estratégia utilizada por um município para
grupo, instituição ou pessoa interessada em poder aumentar o contingente de visitantes ou
organizar uma série de ações que lhe permita turistas a um determinado atrativo, pode preju-
alcançar determinadas metas e objetivos que jus- dicar o município vizinho, fazendo-o competir
tifiquem sua existência. É um conceito bastante contra o primeiro, ou pode sobrecarregar a
comum quando se deseja um compromisso para capacidade de carga do atrativo em questão,
modificar uma situação qualquer. parecendo no inicio que o objetivo foi alcança-
169
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
do, mas deteriorando sua qualidade para manter uma visão desejada do futuro e para o qual
o fluxo no futuro. preparamos um caminho para chegar a essa
Desta forma uma estratégia é parte de um visão e fazê-la realidade. Nesse sentido o plane-
planejamento. Pode-se dizer também que um jar nos obriga a realizar ações hoje para alcançar
dos objetivos do planejamento é chegar a estabe- o amanhã.
lecer estratégias que permitam alcançar os obje- Agora quando falamos de estratégia, é a
tivos para o qual o planejamento foi iniciado. No forma com que faremos o CAMINHO, determi-
entanto, a implementação de qualquer estratégia nando atividades a serem executadas, prazos,
afetará o processo de planejamento como um amplitude geográfica e social, riscos a serem
todo, podendo provocar um “efeito cascata”, assumidos, produtos esperados, mecanismos de
afetando diversos setores da comunidade previs- monitoramento e re-direcionamento.
tos no planejamento. Dentro de uma estratégia temos sub-compo-
Então, ao desenhar estratégias devemos con- nentes mais detalhistas, tal o caso das TÁTICAS e
siderar, entre muitos outros, os seguintes cuida- das AÇÔES ou OPERAÇÕES, componentes estes
dos: que constituem a base da organização e dos pro-
gramas e projetos para executar a estratégia.
# Grau de afinidade da estratégia com o plane- Assim como a ESTRATÉGIA “é um processo
jamento geral; gerencial que possibilita estabelecer o rumo a ser
# Compatibilidade entre as diversas estratégias seguido pela instituição, visando obter o nível
componentes do plano; máximo de otimização dessa, com seu ambiente”
# Pontos fortes e fracos de cada estratégia; e ainda, segundo Rebouças (1999), considera as
# Possíveis efeitos e conseqüências de cada premissas básicas que a organização deve
estratégia nas situações de sucesso e fracasso; respeitar para que o processo estratégico tenha
# Grau de compreensão das estratégias pelos coerência de sustentação decisória, a TÁTICA é a
grupos humanos afetados por elas. forma em que organizamos as diversas frentes de
trabalho (programas) e as OPERAÇÕES corres-
Este exercício de reflexão é importante para pondem a todo o que especificamente deve ser
se entender a viabilidade ou factibilidade do feito em cada caso (projetos). Por isso o processo
próprio processo de planejamento dentro da de planejamento pode ser subdividido em
realidade de cada município. estratégico, tático e operacional, todos eles for-
Para os gestores e equipes de planejamento mando parte de um mesmo processo, que no
turístico é importante não se deixar confundir caso do turismo responsável, deverá conduzir ao
com os termos e conceitos. Por exemplo, plane- desenvolvimento turístico sustentado e reforçado
jar é um processo no qual desejamos projetar pelas premissas básicas expostas neste manual.
170
CAPÍTULO
VI
Estratégias para a Gestão da
Política Municipal
de Turismo Responsável 62
dos conselhos, conforme demonstrado no também com relação aos dados e estudos obti-
Quadro 25, na página anterior. dos que devem ser vistos como ferramentas de
Como foi dito acima, a ampla discussão com planejamento e de tomadas de decisão.
todos os potenciais interessados é um dos passos Levantamentos aéreos, mapas dos atrativos geor-
fundamentais que farão a diferença na hora de referenciados, banco de dados de serviços turís-
enfrentar os desafios (que não serão poucos) para ticos, mapeamento dos recursos naturais etc, são
a implementação das políticas. E, obtendo suces- informações estratégicas que balizam a tomada
so neste ponto, a elaboração e aprovação das de decisão técnico-científica e que devem, por-
leis de turismo e meio ambiente é o próximo tanto, serem manipuladas de forma democrática.
passo desta caminhada, e que dará início ao Além disso diagnósticos turísticos permitem esta-
estabelecimento da política municipal de turis- belecer cenários futuros diferentes, cujas va-
mo responsável de forma participativa. Uma le- riáveis exógenas podem causar influências de
gislação municipal forte tende a dar suporte a diferentes maneiras no desenvolvimento de
uma atuação eficiente e eficaz do poder público planos turísticos. Usar estas informações
local no planejamento e no monitoramento das estratégicas em debates públicos para se delibe-
atividades turísticas e o habilita a comandar o rar por um ou outro cenário, caracteriza o uso
processo de encontrar caminhos para enfrentar democrático da informação.
alguns dos desafios de forma compartilhada. Um outro exemplo de como democratizar a
Contudo, nem só de discussão e leis vivem as gestão da informação para públicos amplos pode
políticas. É essencial que se garanta recursos no ser transformar os já comuns Centros de
orçamento municipal para a efetiva implemen- Atendimento ao Turista em espaços multifun-
tação das políticas e o funcionamento dos cionais, tal como um Centro de Referência e
próprios Conselhos políticos. Neste momento, a Informação Turística. Este Centro, além de ofer-
conversa deve ser transferida também para a tar serviços e atrativos turísticos disponíveis aos
Câmara Municipal e uma das estratégias é criar a visitantes e as informações necessárias de cunho
frente parlamentar pelo turismo, que assegure educativo e interpretativo do patrimônio natural
que um mínimo de recursos seja direcionado e cultural, também podem ser um espaço de
para se implementar as políticas já definidas. comunicação com a população local. Assim, em
E para a efetivação das políticas serão períodos de baixa estação o Centro pode ser um
necessários também recursos humanos capacita- espaço de eventos, palestras, treinamento e
dos, sedes e equipamentos compatíveis com o capacitação para a população local, e ponto de
nível de institucionalização que se pretende dar reuniões para debates específicos em diferentes
ao sistema. Obviamente que uma Secretaria de assuntos do turismo. Pode inclusive ser a sede do
Turismo com um gestor sem equipe e sem Comtur e de suas reuniões. Para tanto deve pos-
equipamento nada poderá fazer. Portanto, é suir infra-estrutura adequada, tais como salas,
necessária vontade política dos governantes asso- pequenos auditórios, banheiros, lanchonete,
ciada à forte determinação das lideranças sociais computador com internet, telefone público etc.
locais em se envolver nas discussões sobre o Alem disso, as informações e mapeamentos ger-
orçamento público municipal e buscar caminhos ados pelos diagnósticos e planos, assim como as
alternativos de arrecadação e co-gestão. decisões dos Conselhos Municipais devem estar
Os assuntos de turismo em todas as esferas disponíveis nestes centros para consulta de todos
políticas e sociais de decisão devem ser motivos os interessados, assegurando a democratização
de uma estratégia de gestão da informação63. da informação.
Isto refere-se não somente aos aspectos de Porém, antes de iniciar a implantação destas
comunicação ampla dos assuntos do turismo na políticas, cabe refletir um pouco mais sobre os
comunidade, que é importante pois efetiva e desafios para o desenvolvimento responsável do
eleva o seu compromisso e sua participação nas turismo e as necessidades de capacitação e arti-
políticas e os planos de desenvolvimento. Mas culação dos diferentes setores de interesse.
63 - Ver os anexos 3 e 4 que dispõem sobre o conjunto de leis federais em turismo e meio ambiente que devem fazer parte
da biblioteca disponível aos interessados.
173
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
QUADRO 26
DIMENSÕES GLOBAIS DO TURISMO E A REALIDADE LOCAL E REGIONAL
I. Estamos preparados para uma competição globalizada? Como combater o aumento de oferta
de destinos e empreendimentos? Estamos preparados para a cobrança de produtos certifica-
dos pelos turistas internacionais?
II. Estamos gerenciando adequadamente turistas com perfil tão heterogêneo? Compreendemos
suas necessidades e interesses cada vez mais específicos?
III. De que maneira está-se enfrentando a sazonalidade da demanda turística? Como estamos
administrando a pressão da visitação na alta temporada? De que forma podemos conciliar o
acesso à experiência dos visitantes e a sustentabilidade?
IV. Como democratizar o acesso ao turismo, incluindo novos mercados de baixo poder aquisiti-
vo? Como viabilizar economicamente tal visitação sem prejudicar o meio ambiente e a
imagem da destinação turística?
QUADRO 27
DESAFIOS AO DESENVOLVIMENTO E GESTÃO DO TURISMO
agentes interferindo e agindo em favor de seus para as ações públicas de desenvolvimento turís-
interesses, o que pode, em longo prazo, trazer tico é a articulação dos diferentes órgãos gover-
conseqüências negativas ao desenvolvimento do namentais locais, isto é, entre as diferentes se-
turismo. Dentro deste panorama, os órgãos cretarias e departamentos que são diretamente
públicos devem dar um sentido de direção ao responsáveis pela execução das políticas e aque-
desenvolvimento turístico e não será suficiente a les que contribuem ou se beneficiam do desen-
criação de uma Secretaria de Turismo local. volvimento turístico.
As principais questões que devem ser respon- Vejamos alguns exemplos da necessidade de
didas para se avaliar o interesse e a capacidade articulação dos órgãos municipais. Para que o
da gestão pública local para desenvolver o turis- município possa monitorar o estado dos atrativos
mo são apresentadas no Quadro 28 a seguir. turísticos, dependendo da natureza deste atrati-
Destacando um dos questionamentos deste vo, vai ser necessária a cooperação da Secretaria
Quadro, permite-se observar quão importante de Turismo e de outras Secretarias. Assim, se o
175
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
QUADRO 28
QUESTÕES QUE AJUDAM A AVALIAR A CAPACIDADE DA GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL
QUADRO 29
QUESTÕES QUE AJUDAM A AVALIAR A ARTICULAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS MUNICIPAIS
atrativo for de ordem cultural, como uma casa parcerias estratégicas. Ao se propor e definir uma
tombada, será preciso articular a pasta de política e um plano de turismo, com estes em
Turismo com a de Cultura e Patrimônio. Se for mãos pode-se convidar instituições de ensino
realizar um evento esportivo como promoção do superior para serem parceiras em seu completo
município, necessitará do auxílio da pasta de desenvolvimento, ou propor que participem de
Esportes. Há ainda outros aspectos, como os algumas de suas etapas. No Quadro 30 a seguir
meios de acesso ao município, constituindo-se apresentamos alguns estudos que universidades
requisito imprescindível a cooperação da pasta podem ter interesse em realizar e que podem
de Obras e assim por diante. As perguntas que envolver seus alunos em práticas de campo. E
se deve responder sobre esta questão estão no com a proliferação de cursos de especialização e
Quadro 29, acima. MBA’s, maiores oportunidades de “parcerias de
No caso tanto da incapacidade da pasta de campo” se pode ter .
turismo como de outras pastas para cuidar dos Uma atenção importante deve ser dada para
diferentes assuntos do turismo, deve-se buscar a capacidade da gestão pública no estabeleci-
alternativas, tais como o apoio técnico especia- mento de mecanismos de licenciamento e mo-
lizado nas universidades e ONG’s da região para nitoramento dos serviços turísticos. Devido a
176
ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
QUADRO 30
TIPOS DE ESTUDOS QUE PODEM SER FEITOS POR UNIVERSIDADES EM PARCERIA COM A MUNICIPALIDADE
64 - Nota do Editor: Sobre licenciamento de atividades turísticas, veja também o ítem Qualidade Ambiental e Mecanismo
de Proteção, no Capítulo V.
177
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
QUADRO 31
OCUPAÇÕES QUE SE BENEFICIAM DO TURISMO
E QUE PODEM SER MOTIVO DE PROGRAMAS DE CAPACITAÇÃO
As lacunas observadas nos destinos turísticos podem servir para se estabelecer centros regio-
geralmente levam os planos de desenvolvimento nais de formação, referenciados pelo Ministério
turístico a preverem programas de capacitação de Turismo ou Secretarias Estaduais.
voltados para dois níveis: capacitação de presta-
dores de serviços e capacitação para gestão de Outras idéias de interesse nesta área são:
negócios. Nestes dois casos se inclui boa parte
das ocupações acima listadas, e são impres- - Implementar sistemas de educação e
cindíveis que sejam motivos de especial atenção assistência técnica itinerantes e de cunho
dos gestores públicos locais. teórico-prático, especialmente para municí-
Em um outro âmbito deve-se destacar a pios de grande território ou para diversos
importância de se desenvolver programas de municípios em uma mesma região;
capacitação em empreendedorismo, tanto para - Captar apoios e recursos na Secretaria Estadual
permitir que um prestador de serviço se torne um de Trabalho, por meio do FAT – Fundo de
empresário, multiplicando a abertura de novos Amparo ao Trabalhador, e com apoio do sis-
negócios, como para formalização de empresas tema “S” (SEBRAE e SENAC) de ensino;
e serviços existentes, mas juridicamente irregu- - Procurar padronizar as grades curriculares
lares. Como estratégia sugere-se implementar dos cursos de formação profissionalizante,
programas regionais de capacitação de forma com base em programas de sucesso já desen-
continuada, em parceria com municípios de volvidos em outras localidades.
entorno e apoio do MTur, Sebrae, Senac, ONG’s
etc. Dependendo do potencial de desenvolvi- Sabe-se também que muitas iniciativas de
mento do turismo na região, estes convênios capacitação resultam em baixo interesse por
178
ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
parte da população. Em algumas localidades foi município faça uma análise aprofundada dos
observado que as causas são: atores de interesse para o desenvolvimento do
turismo e suas respectivas capacidades de gestão
- cursos de capacitação de médio/longo prazo, institucional, conforme orientado no capítulo 5.
em horários inadequados ou contínuos por E para que, de fato, a sociedade local se aproprie
vários dias seguidos dificultam a participação dessas políticas e suas normas de fomento e con-
do público alvo com dificuldades sociais, trole é fundamental que os diferentes atores so-
que não podem por perder seus dias de tra- ciais passem a ocupar os espaços políticos locais
balho; de decisão, como por exemplo, os Conselhos
- cursos mal dimensionados em conteúdo e Municipais de Meio Ambiente e de Turismo.
formato, tornando-se inadequado para os Os níveis de articulação que asseguram maior
participantes potenciais; efetividade às políticas de turismo locais se dão
- divulgação pouco eficiente ou mal orientada; entre os agentes públicos e os setores privado,
- ausência de auxílio em alimentação, trans- comunitário e terceiro setor diretamente ligados à
porte etc; e atividade turística, ou aqueles que podem ser afe-
- falta de sensibilização aos potenciais partici- tados, beneficamente ou não, de forma a com-
pantes sobre os benefícios do turismo e das partilhar responsabilidades e estabelecer com-
vantagens de se capacitar para novas ocu- promissos mútuos com as políticas propostas.
pações profissionais. Assim, em se tratando a gestão compartilha-
da de uma estratégia fundamental em algumas
Nestes e em outros casos, a mobilização para localidades, resolver problemas de participação
o debate sobre programas de capacitação deve e parcerias pode ser tão importante quanto pos-
ter uma estratégia e tática bem definidas, pen- suir um bom projeto e recursos para executá-lo.
sando-se em horizontes de médio e longo prazo. O Quadro 32 (página seguinte) traz as principais
causas e algumas propostas de solução para
6.4 Refletindo sobre a capacidade alguns dos problemas geralmente observados.
do poder público para a articulação A seguir veremos em mais detalhes como isto
política, social e territorial pode ser melhor desenvolvido.
QUADRO 32
DIAGNOSTICANDO AS CAUSAS DO BAIXO NÍVEL DE PARTICIPAÇÃO
E PARCERIAS EM NÍVEL LOCAL E PROPONDO SOLUÇÕES
180
ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
I. Há compreensão clara por parte do poder público sobre como se insere o turismo nos setores
produtivos, especialmente no primário (agricultura) e no terciário (serviços)?
II. Como se dará o abastecimento dos insumos necessários para o turismo? Tem havido fuga de
capitais, ou seja, as receitas oriundas dos negócios do turismo não circulam na economia
local, entre outros motivos, por haver carências no abastecimento e na prestação de serviços
de apoio aos negócios turísticos?
III. Quais as maiores dificuldades que os empresários locais sentem para administrar seus negócios?
IV. Qual o nível de arrecadação municipal proveniente das empresas turísticas (ISS, IPTU, taxas
diversas etc)? Poderia se pensar em diferentes taxas para negócios que estimulem o turismo, a
proteção ambiental e o envolvimento comunitário?
V. Os empresários e suas associações já foram identificados e avaliados em seu interesse e
capacidade de investir no turismo? Qual o nível de contribuição do setor privado na atual
gestão?
VI. Como se dá o associativismo empresarial? O poder público pode estimular esta organização?
VII. Qual o nível de empreendedorismo local? Há muita informalidade? De que modo o poder
público pode ajudar a melhorar esta situação?
VIII. O setor empresarial está devidamente representado nos órgãos e instâncias decisórios? Sua
participação é efetiva? Quais as limitações para uma participação maior?
IX. Qual o nível de satisfação do visitante com a qualidade dos produtos e serviços prestados? E
qual a opinião dos moradores sobre as oportunidades de trabalho criadas?
QUADRO 34
REQUISITOS PARA SE ASSEGURAR MELHORES NÍVEIS DE ARTICULAÇÃO SOCIAL
Outro ponto que deve ser considerado pelo de desenvolvimento local, mas pode integrar-se
gestor público em seus contatos com os setores com alternativas econômicas sustentáveis.
privados e não governamentais é sobre o escopo O Artigo a seguir traz um relato sobre a
que se quer dar ao turismo na economia local. experiência de organização comunitária para o
De forma geral, o turismo não deve ser visto turismo no Vale do Ribeira.
como a única solução para todos os problemas
A região do Vale do Ribeira é foco de atuação de diversas entidades do terceiro setor que atuam
no turismo ou, concomitantemente, no turismo e no meio ambiente. Para reunir todas essas enti -
dades, que engloba as associações de monitores ambientais, entidades ecológicas e cooperativas de
serviços, foi criada a Rede de Monitores Ambientais do Vale do Ribeira, a REMA-Vale 68. O objetivo
desta organização da sociedade civil é possibilitar a troca de experiências entre as associações de
monitores, o desenvolvimento de projetos socioambientais e a implementação de roteiros ecoturís -
ticos que integrem os diferentes municípios e atrativos da região.
Partindo do pressuposto de que a monitoria ambiental constitui-se numa forma de inclusão
social, de educação e de envolvimento dos moradores e das comunidades vizinhas das unidades de
conservação na preservação e na manutenção dessas áreas naturais, a REMA-Vale já proporcionou
diversos cursos de formação de monitores ambientais 69 contribuindo sobremaneira com a questão
social, tendo em vista que o Vale do Ribeira é uma região muita carente do ponto de vista econômi -
co, mas com grande potencial para o ecoturismo, inclusive sendo considerada uma estratégia para
o desenvolvimento sustentável da região.
Em decorrência deste trabalho, que vem sendo realizado desde 1996, a região conta com cerca
de 450 monitores ambientais formados, sendo que 60% deles exerce o novo ofício, contribuindo
com a renda mensal de diversas famílias da região.
(Continua)
66 - Nota do Editor: nem todos os costumes locais devem ser valorizados para o turismo, como é o caso, p.ex., da farra
do boi em Santa Catarina ou a prática do fogo no Pantanal e no Cerrado.
67 - Contribuição de Carolina Balarin Berto
68 - Nota da Autora: As associações conveniadas com a Rema-Vale são: AMAI, AMAP, AMOAMCA, AMATA, AMAIR,
AMAMEL, AMASMA, AGUA, AVV, ASA, GATE, GESAP, GREG, ING ONG, IPG, NACTURE e Pé no Mato.
69 - Nota da Autora: Os monitores ambientais não podem ser considerados guias de turismo porque a Lei 8.623 esta-
belece como pré-requisito a capacitação em Curso de Formação Profissional de Guia de Turismo. O MTur está revendo toda
a legislação turística e este ponto deve ser novamente discutido.
183
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
(Continuação)
Foi realizada uma pesquisa com algumas associações de monitores vinculadas a REMA-Vale70,
e com isso houve a possibilidade de se verificar uma movimentação civil em torno da preservação
do Vale do Ribeira. O objetivo dessas Associações é, principalmente, organizar os monitores am -
bientais da região e auxiliar na preservação dos atrativos turísticos naturais e culturais existentes no
Vale do Ribeira. Para isso, desenvolvem atividades tais como: turismo receptivo através de monitoria
ambiental; educação ambiental através de cursos e programas de reutilização de materiais de con -
sumo e de reciclagem. Há, ainda, ações diretas de preservação e conservação dos recursos naturais
e culturais: denunciam depredação do patrimônio natural, fazem coleta de lixo e limpeza das trilhas
e cavernas.
No entanto, estes trabalhos poderiam ter melhor resultado se as Associações não enfrentassem
alguns graves problemas, relacionados às dificuldades financeiras, pouca credibilidade depositada
nelas pelos municípios, sazonalidade do turismo e escassez de recursos humanos.
De maneira geral, com pouquíssimas exceções, percebe-se que não há apoio do setor público ou
do setor privado para o funcionamento dessas entidades. A AMOAMCA, uma das associações que
fogem à regra vigente, recebeu verbas da prefeitura para construir um quiosque de informações turísti -
cas e conseguiu mobilizar o comércio local que, por meio de sua contribuição, viabilizou um folder.
A AMATA por sua vez, também já recebeu verbas para realização de cursos de monitoria ambiental
e para a compra de materiais de infra-estrutura.
Além das associações de monitoria ambiental, algumas ONG's 71 conveniadas ou não à
REMA–Vale, também disponibilizaram informações sobre suas atividades. Descobriu-se que a maio -
ria delas desenvolve atividades de monitoramento e manutenção das trilhas, promove cursos de edu -
cação ambiental, conscientização turística e formação de monitores ambientais, e realiza ainda pro -
jetos de reciclagem de materiais. Ou seja, têm um papel fundamental na preservação do meio am -
biente, na fixação da comunidade e alguns até no resgate cultural da região, pois promovem cursos
de monitoria urbana (para atrativos culturais) e projetos de pesquisa para a conservação dos
patrimônios da região e para o turismo sustentável.
A INTEGRAÇÃO POLÍTICA
E TERRITORIAL REGIONAL
QUADRO 36
PROPOSTAS QUE FACILITAM A ARTICULAÇÃO
DO MUNICÍPIO COM ÓRGÃOS ESTADUAIS E FEDERAIS
❐ Manter-se em contato com os órgãos estaduais e federais em turismo, meio ambiente, planeja-
mento, infra-estrutura, entre outros, para ter ciência de suas estratégias para desenvolvimento
turístico, as quais podem criar oportunidades de parcerias para uma melhor eficiência dos sis-
temas municipais, otimizando esforços e potencializando resultados;
❐ Acompanhar o licenciamento ambiental pelos órgãos federais (IBAMA) e estaduais (Secretarias
de estado de Meio Ambiente) das obras potencialmente causadoras de impacto ambiental e na
paisagem turística do município e região;
❐ Estar atento e participar dos Fóruns Estaduais de Turismo também ajuda a manter-se em evidên-
cia e criar condições para futuras oportunidades;
❐ Participar de feiras e congressos de âmbito nacional também facilita permanecer em evidência,
chamando a atenção para programas em andamento que possam atingir sua região;
❐ Buscar sensibilizar deputados estaduais e federais de sua região para apoio na obtenção de recur-
sos estaduais e federais ou para se integrar em projetos de desenvolvimento em planejamento.
QUADRO 37
SELECIONANDO INDICADORES DE GESTÃO DO TURISMO RESPONSÁVEL
INDICADORES DE GESTÃO
INDICADORES ECONÔMICOS
INDICADORES SOCIAIS
QUADRO 37
SELECIONANDO INDICADORES DE IMPACTOS DO TURISMO
(Continuação)
❐ Números de grupos culturais locais (artísticos, folclóricos etc) atuantes e participantes de festas e
eventos públicos e particulares.
INDICADORES AMBIENTAIS
❐ Volume de lixo;
❐ Porcentagem área desmatada no município x porcentagem de áreas protegidas;
❐ Grau de poluição dos diferentes recursos naturais (solo, águas, ar) e urbanos (ruas, praças, vias
etc);
❐ Número de empresas turísticas certificadas ou em processo de certificação;
❐ Existência de códigos empresariais voluntários de responsabilidade social e ambiental;
❐ Índices de qualidade de água, notadamente aqueles vinculados à presença de esgotos domés-
ticos;
❐ Número de atropelamento de animais silvestres;
❐ Número de casos de degradação ambiental (desmatamento, venda de animais silvestres etc.);
❐ Número de reservas privadas implementadas.
QUADRO 38
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES ESTRATÉGICAS PARA
O TURISMO SUSTENTÁVEL DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO GRANDE 73
I- Pela Divisão de Turismo (D.E.C.E.T.) da Prefeitura Municipal, para a gestão da atividade (órgão
executivo);
II - Pelo Conselho Municipal de Turismo (órgão colegiado, de caráter deliberativo e consultivo de
assessoramento), constituído, majoritariamente, pela iniciativa privada e participação comu-
nitária, como parceiro co-gestor do turismo receptivo;
III - Pelo Fundo Municipal de Turismo, composto por dotação orçamentária e outras fontes de recur-
sos, que visa promover e incentivar todas as ações e atividades que contribuam para o desen-
volvimento da atividade;
IV - Pelo próprio Plano de Desenvolvimento Turístico Municipal, conjunto de princípios, diretrizes,
estratégias e programas, visando ao desenvolvimento sustentável da atividade.
A Política Municipal de Turismo tem, como finalidade maior, a promoção e o incremento da ativi-
dade turística, prioritariamente receptiva, como mais um instrumento para a melhoria da qualidade
de vida da população ribeirão-grandense.
(Continua)
73 - Contribuição de Fernando Kanni - Plano de Desenvolvimento Turístico do Município de Ribeirão Grande (SP) - Parte IV - Princípios
e Diretrizes Estratégicas para o Turismo Sustentável
188
ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
QUADRO 38
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES ESTRATÉGICAS PARA
O TURISMO SUSTENTÁVEL DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO GRANDE
(Continuação)
A Política Municipal de Turismo considera, ainda, como objetivos específicos:
❐ Cumprir a legislação ambiental vigente, em seus contextos municipal, estadual, federal e inter-
nacional;
❐ Cooperar, em parceria com a iniciativa privada e devidos órgãos governamentais, na conservação
dos sítios geológicos, geomorfológicos e arqueológicos, bem como das áreas que dispõem de re-
levantes valores naturais, culturais, históricos e estéticos;
❐ Apoiar e cooperar, em parceria com a iniciativa privada e devidos órgãos governamentais, na
conservação da diversidade biológica ao nível das espécies, ecossistemas e variação genética
interespecífica;
❐ Apoiar e cooperar na implantação efetiva das unidades de conservação no município, em espe-
cial da Estação Ecológica de Xitué e na fiscalização real de todos os remanescentes da Mata
Atlântica no município, notadamente, aqueles localizados na Área de Proteção Ambiental da
Serra do Mar e de Paranapiacaba; incentivar o apoio às áreas protegidas, estimulando a criação
de Reservas Particulares do Patrimônio Natural - R.P.P.N.’s (vide anexo n°6), principalmente nos
entornos das u.c.’s mencionadas (Zonas Tampão);
❐ Apoiar e colaborar no desenvolvimento de estudos e pesquisas científicas sobre flora, fauna,
endemismos, dinâmica de ecossistemas, genética das populações, efeitos da fragmentação e
redução dos habitats e técnicas para regeneração e recuperação de áreas degradadas, entre
muitos outros, para aprofundar o conhecimento da região; (Continua)
189
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
QUADRO 38
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES ESTRATÉGICAS PARA
O TURISMO SUSTENTÁVEL DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO GRANDE
(Continuação)
❐ Cooperar na organização e difusão da informação com a criação de um banco de dados sobre
as unidades de conservação citadas, bem como das demais que compõem esse “continuum
ecológico”;
❐ Apoiar e cooperar, em parceria com o Conselho Municipal do Meio Ambiente e do Patrimônio
Cultural, no aprimoramento da legislação e na criação de um plano de zoneamento territorial
que normatize sua ocupação e utilização, e, no tombamento de todos os remanescentes muni-
cipais que ainda não se encontram sob proteção legal;
❐ Colaborar na educação ambiental e formação e aprimoramento de profissionais;
❐ Apoiar e contribuir na revisão dos programas agropecuários, minerários, energéticos, agroindus-
triais, condicionando-os à necessidade de preservação dos remanescentes da Mata Atlântica e
ecossistemas associados.
74 - “Para proteger o meio ambiente, medidas de precaução devem ser largamente aplicadas pelos estados, segundo suas capacidades.
Em caso de risco de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não deve servir de pretexto para procrastinar a
adoção de medidas visando prevenir a degradação do meio ambiente”, Princípio 15 da Declaração de Rio de Janeiro/92.
190
ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
QUADRO 38
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES ESTRATÉGICAS PARA
O TURISMO SUSTENTÁVEL DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO GRANDE
(Continuação)
❐ Apoiar a aplicação de concessões governamentais e programas de financiamento para o desen-
volvimento turístico fundamentados em princípios do turismo sustentável: no estímulo ao Estado
à criação de bônus fiscais para empresas que envolvam as comunidades locais na prestação de
serviços dos empreendimentos turísticos; nas proposições aos agentes financeiros para a facili-
tação ou a simplificação das linhas de crédito existentes, adaptando-as às características especí-
ficas do segmento ecoturístico e viabilizando seu acesso às comunidades, para a implantação dos
serviços turísticos; na consignação, no âmbito do Fundo Geral de Turismo - FUNGETUR, dotação
de recursos para equipamentos públicos destinados ao aproveitamento do turismo em municí-
pios participantes do Programa Nacional de Municipalização do Turismo; na proposta de
inclusão de equipamentos turísticos comunitários como beneficiários dos recursos do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica - CADE, nos termos da legislação vigente, desde que pro-
movam a recuperação e proteção do patrimônio natural e cultural; na proposta de inclusão do
turismo como beneficiário de uma eventual reformulação da Resolução n°1.840/91, do Conselho
Monetário Nacional, que trata do Plano de Conversão de Dívida Externa para fins ambientais;
❐ Articular com organizações não-governamentais interessadas, nacionais e internacionais, a possi-
bilidade de cooperar técnica e financeiramente em projetos turísticos, assegurando a incorporação
de efetivo gerenciamento ambiental como parte dos projetos operacionais e incentivando o finan-
ciamento a cooperativas voltadas para a produção de bens e serviços destinados ao turismo.
❐ Promover em parceria com os órgãos competentes nas esferas federal e estadual, a implantação
e ampliação de programas de saúde, saneamento, transporte, educação e comunicação nos
diversos bairros do município;
❐ Melhorar a comunicação, a coordenação e o gerenciamento de recursos integrados com outros
setores governamentais - principalmente as Divisões de Cultura e de Meio Ambiente da Prefeitura
e a S.M.A., assegurando que recursos e valores turísticos sejam completamente identificados e
providos de planejamento;
❐ Colaborar com a iniciativa privada no estabelecimento e atingimento das metas, estratégias e
planos de ação, e, envolver a máxima quantidade de associações sociais no processo de desen-
volvimento, consultando a mais vasta variedade de associações locais, incluindo ONG’s, de
forma a integrar interesses públicos e privados;
❐ Promover e apoiar eventos para dissiminação de informações sobre o turismo, principalmente
seminários sobre o planejamento estratégico e gestão para o turismo, especialmente no ecossis-
tema Mata Atlântica;
❐ Estimular um envolvimento maior entre Prefeitura/CMT e a Câmara de Vereadores, Consorcios
Intermunicipais e Fóruns Regionais de Desenvolvimento,bem como dos representantes na
Assembléia Legislativa e Conselho Estadual de Turismo, nos assuntos ligados ao desenvolvimen-
to turístico receptivo e regionalmente integrado.
QUADRO 38
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES ESTRATÉGICAS PARA
O TURISMO SUSTENTÁVEL DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO GRANDE
(Continuação)
incluindo a redução do consumo, a re-utilização de produtos e a reciclagem por apropriados sis-
temas e processos;
❐ Trabalhar com a iniciativa privada e devidos órgãos governamentais na minimização - e no
esforço da eliminação - da emissão de poluentes que causem danos ambientais ao ar, água, solo,
flora ou vida selvagem, principalmente nas áreas rurais do município;
❐ Utilizar recursos locais em detrimento dos importados, de maneira sustentável e apropriada, e só
importar bens quando absolutamente necessário, assegurando que estes sejam importados por
meio de empresas locais;
❐ Trabalhar com a iniciativa privada e devidos órgãos governamentais no sentido de estabelecer
uma melhoria na comunicação e cooperação com indústrias de outros recursos tais como reflo-
restamento, mineração, agricultura e energia, afim de proteger recursos turísticos de base e pro-
mover o uso sustentável do ar, solo, água, floresta e recursos da vida silvestre;
❐ Proteger e fortalecer a herança cultural e histórica do município, respeitando as carências, neces-
sidades e direitos da comunidade local, e, desencorajando ativamente formas de turismo que
causem ou contribuam para problemas sociais, como o crescimento do explorativo turismo se-
xual e prevenindo a ruptura social, o êxodo rural e que viáveis “ocupações tradicionais” sejam
destituídas pela monocultura do turismo;
❐ Trabalhar com a comunidade, a iniciativa privada e os devidos órgãos governamentais no senti-
do de desenvolver e incentivar experiências não-consumistas da vida silvestre e a assegurar que
a prática da pesca sejam seguidas legalmente e de maneira ambientalmente sensata;
❐ Colaborar com a iniciativa privada, organizações não-governamentais e comunidades locais no
desenvolvimento de um turismo cultural autêntico, promovendo e mantendo uma genuína hos-
pitalidade e o entendimento mútuo, e, valorizando as particularidades de Ribeirão Grande e seu
senso de lugar, em detrimento de sua estandartização como produto turístico;
❐ Colaborar na recuperação de áreas degradadas, cooperando nas ações das organizações não-
governamentais em atuação no município, para obter o máximo grau de eficiência;
❐ Estimular a restauração e re-utilização adequada de edificações históricas, em especial da “Casa
Grande”, do Bairro Ribeirão dos Cruzes, bem como a pesquisa, proteção e manutenção dos
“Encanados”.
❐ Assegurar, em parceria com o COMTUR, um ritmo, escala e tipo de desenvolvimento que prote-
jam e respeitem as diversidades natural, social e cultural no município e, se possível, ressaltem
essa qualidade ambiental, seus valores estéticos e comunitários;
❐ Desenvolver e incentivar estudos, pesquisas, metodologias, modelos e sistemas para acompa-
nhamento, avaliação e aperfeiçoamento da atividade (técnicas de valoração dos recursos turísti-
cos, aperfeiçoamento dos Estudos de Impacto Ambiental, a sustentabilidade de projetos turísticos
e técnicas de monitoramento para o dimensionamento dos impactos sociais, ambientais e
econômicos75, particularmente em áreas frágeis) - abrangendo o setor público e privado, como
indicadores para o turismo sustentável, e inclusive, propondo às universidades esses temas para
o desenvolvimento de teses e pesquisas, considerando no entanto, as opiniões, experiências e
habilidades locais e assegurando que os resultados dessas pesquisas e quaisquer outras infor-
(Continua)
75- “Capacidades de carga sociais, ambientais e econômicas”, ou, “limites aceitáveis de mudança”.
192
ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
QUADRO 38
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES ESTRATÉGICAS PARA
O TURISMO SUSTENTÁVEL DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO GRANDE
(Continuação)
mações relevantes sejam disseminadas e disponíveis para as autoridades locais e nacionais,
profissionais do setor e para o público em geral;
❐ Fiscalizar a operação dos empreendimentos turísticos identificando modelos de referência para
os serviços e equipamentos, afim de que trabalhem dentro dos limites estabelecidos pelas capaci-
dades de carga dos diversos atrativos e respeitem os Princípios da Precaução, prevenindo a
destruição da diversidade natural;
❐ Incentivar a criação de um sistema auto-regulador na iniciativa privada, com a participação do
consumidor, propondo formas de engajamento do turista no monitoramento e na atualização de
inventários e pesquisas nas diversas áreas visitadas.
7) Conscientização do Turista
❐ Provir serviços de informação para os visitantes que delineiem uma gama de experiências viven-
ciais de alta qualidade e permitam uma maior compreensão, apreciação, enriquecimento e
respeito pelos patrimônios natural, histórico-cultural e estético visitados, inclusive, estabelecen-
do ações abrangentes de divulgação do turismo, criando material informativo específico para as
diversas áreas de destino de Ribeirão Grande;
❐ Estimular oportunidades para interação residente-visitante (hospedeiro-turista) que sejam de
interesses e benefícios mútuos;
❐ Apoiar programas de educação ambiental formal, em todos os níveis, de maneira interdisciplinar;
❐ Conscientizar os turistas de seu potencial impacto e de suas responsabilidades compartilhadas
para com a sociedade local, educando-os antes da chegada, prestando esclarecimentos prévios
sobre seu comportamento em relação à comunidade a ser visitada, informando-os sobre práticas
e comportamentos nocivos aos atrativos naturais e culturais, e, até mesmo, incluindo Códigos de
Conduta para Turistas na literatura aonde seja apropriada.
8) Conscientização Pública
QUADRO 38
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES ESTRATÉGICAS PARA
O TURISMO SUSTENTÁVEL DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO GRANDE
(Continuação)
tentável na educação turística técnico-profissionalizante e em programas de treinamento, em
todos os níveis, compreendendo a complexa natureza do turismo moderno e promovendo a
conscientização ambiental para a gestão e a responsabilidade do turista junto à destinação,
instruindo-o adequadamente, destinando, até mesmo, investimentos dos próprios rendimentos
advindos do turismo;
❐ Incentivar e desenvolver programas de capacitação no setor governamental municipal - no que
tange ao planejamento e gestão do turismo - e no empresarial, a nível comunitário, treinando os
recursos humanos locais para o gerenciamento e posições de liderança, objetivando o aproveita-
mento de oportunidades de negócios derivadas do turismo, inclusive, através de bolsas de estudos;
❐ Incentivar a inclusão de conteúdos relacionados ao turismo no sistema de ensino, tais como: os
impactos positivos e negativos do turismo nas comunidades hospedeiras, estatísticas e compor-
tamentos do turista, inclusive como extensão curricular nas escolas agrícolas da região, e, esti-
mular a educação multi-cultural, o aprendizado de idiomas e programas de intercâmbio em
todos os níveis;
❐ Promover e apoiar cursos e seminários para divulgação de técnicas e métodos de projeção de
construção e operação de equipamentos turísticos ambientalmente responsáveis;
❐ Aumentar o “status” dos recursos humanos locais, em todos os níveis, como um fator essencial
do desenvolvimento turístico, promovendo um senso de orgulho no trabalho e de cuidados para
com a destinação e a comunidade.
❐ Encorajar esforços cooperativos com a iniciativa privada para uma promoção que realce os recur-
sos naturais, culturais e históricos de Ribeirão Grande, com produtos turísticos que apóiem as
premissas do turismo sustentável e empresas que comercializem viagens que correspondam ao
produto turístico e à experiência oferecida;
❐ Assegurar junto aos meios de comunicação e empresas do setor que o marketing do turismo
“verde” não seja meramente um artifício de venda, mas um efetivo instrumento que reflita uma
sadia política e prática ambiental e, inclusive, utilizando os meios legais para coibir a propagan-
da enganosa e divulgando essas devidas empresas denunciadas;
❐ Desenvolver um marketing e estratégias promocionais que contribuam ao bem estar ambiental e
cultural da comunidade ribeirão-grandense, assegurando que não haja qualquer estereotipagem
de âmbitos racial, sexual, cultural ou religioso entre as empresas ligadas ao turismo municipal;
❐ Atrair turistas bem informados e ambientalmente sensibilizados, para que possam compreender
todo o ambiente natural, social e cultural visitado e os aspectos relativos às férias/viagem/lazer,
aumentando sua satisfação como consumidor e o seu próprio respeito para com esses bens, e
também, assumindo sua responsabilidade para com suas conservações.
194
Bibliografia
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195
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
198
Índice de Artigos, Quadros
e Estudos de Casos de Leis
Municipais em Turismo
CAPÍTULO I
Artigo - Programa Nacional de Municipalização do Turismo – PNMT - João Allievi
Artigo - Políticas Públicas em Turismo e Meio Ambiente - João Allievi
Artigo - Desafios para o turismo no Brasil - Valdemir Pires
Quadro 1 - Observando as necessidades e visões dos diferentes atores sociais
Artigo - A Normatização do Turismo em Brotas (SP) - João Allievi
CAPÍTULO II
Quadro 2 - Diretrizes gerais e principais instrumentos do Estatuto das Cidades
Estudo de Caso - Lei que fixa normas para a preservação urbanística,
paisagística e ecológica do Município - Francisco Canola Teixeira
Quadro 3 - Limitações de Uso nas Zonas de Amortecimento
de Unidades de Conservação
Quadro 4 - ICMS Ecológico como compensação e estímulo
à criação de unidades de conservação
Quadro 5 - Educação de Visitantes - Princípios de Mínimo Impacto
da Visitação em Áreas Naturais
Estudo de Caso - Lei que dispõe sobre a proteção do Patrimônio
Histórico e Natural do Município - Francisco Canola Teixeira
CAPÍTULO III
Modelo de Legislação - Lei da Política Municipal de Meio Ambiente
Modelo de Legislação - Decreto que regulamenta a Lei da Política
Municipal de Meio Ambiente
Modelo de Legislação - Lei do Conselho Municipal de Meio Ambiente
Modelo de Legislação - Decreto que regulamenta o Fundo Municipal de Meio Ambiente
Modelo de Legislação - Lei da Política Municipal de Turismo
Modelo de Legislação - Lei do Conselho Municipal de Turismo
Modelo de Legislação - Decreto que regulamenta o Fundo Municipal de Turismo
CAPÍTULO IV
Artigo - Administração Indireta na gestão do turismo municipal
- Francisco Canola Teixeira
Estudo de Caso - Lei que cria a Empresa de Economia Mista de Turismo
- Francisco Canola Teixeira
Estudo de Caso - Lei de implementação de Fundação Municipal de Turismo
Francisco Canola Teixeira
Artigo - Conselho Municipal de Turismo de Bonito (MS)
- Ana Cristina Trevelin
199
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
CAPITULO V
Quadro 06 - Modelo de Roteiro para a Pesquisa de Gabinete
Quadro 07 - Informações básicas para o cadastro de atrativos naturais e culturais
Quadro 08 - Informações básicas para o cadastramento
de meios de hospedagem
Quadro 09 - Informações básicas para o cadastramento de campings
Quadro 10 - Informações básicas para o cadastramento de meios de alimentação
Quadro 11 - Informações básicas para o cadastramento
do mercado especializado receptivo
Quadro 12 - Informações básicas para o cadastramento
de entretenimento e diversão
Quadro 13 - Informações básicas para o cadastramento de espaços para eventos
Quadro 14 - Informações básicas para o cadastramento de locadora de veículos
Quadro 15 - Influências externas aos indivíduos, que afetam padrões
de consumo de viagens
Quadro 16 - Principais motivos de viagens e turismo
Quadro 17 - Perfil do turista doméstico brasileiro
Quadro 18 - Perfil do turista em turismo rural em localidade
específica a 70 km da cidade de SP
Quadro 19 - Perfil de alguns segmentos de mercado
Quadro 20 - Modelo de pesquisa de demanda
Quadro 21 - Matriz do Diagnóstico e Prognóstico Turístico
Quadro 22 - O Zoneamento e as populações locais e tradicionais
Quadro 23 - Centro de Informações Turísticas
Artigo - Definição de modelo de terceirização de serviços de turismo
em Unidades de Conservação - José Eduardo Rodrigues
Quadro 24 - RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural
Artigo - A atuação do guia de turismo e do monitor ambiental
- João Allievi
Artigo - O Sistema Turístico de Bonito (MS)
- Ana Cristina Trevelin
Estudo de Caso - Resolução Normativa do COMTUR, que estabelece o
Voucher Único - Ana Cristina Trevelin
Estudo de Caso - Lei que dispõe sobre a regulamentação das atividades turísticas no
Município da Chapada dos Guimarães
e cria o Voucher Único - Jorge Belffort
Artigo - Taxas Municipais como instrumento de interesse coletivo
- Vitor Gomes
Estudo de Caso - Lei que cria a Taxa Municipal de Turismo para Meios de Hospedagem
e Estabelecimentos Comerciais de Serviços -
Francisco Canola Teixeira
CAPÍTULO VI
Quadro 25 - Critérios de representatividade e funcionamento
de Conselhos Municipais
Quadro 26 - Dimensões globais do turismo e a realidade local e regional
Quadro 27 - Desafios no desenvolvimento e gestão do turismo
Quadro 28 - Questões que ajudam a avaliar a capacidade
da gestão pública municipal
Quadro 29 - Questões que ajudam a avaliar a articulação
dos órgãos públicos municipais
Quadro 30 - Tipos de estudos que podem ser feitos por
200
ÍNDICE DE ARTIGOS, QUADROS E ESTUDOS DE CASOS
201
Anexos
ANEXO I – ÓRGÃOS ESTADUAIS DE TURISMO
Fonte (www.turismo.gov.br)
203
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
204
ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
206
ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
Decreto 3.079/38 – regulamenta o decreto-lei 58/37. Resolução CONAMA 10/88 – zoneamento de Área de
Proteção Ambiental.
V– Monumentos Arqueológicos, Resolução CONAMA 11/88 – incêndio em Unidade
Pré-históricos e Espeleológicos de Conservação.
Lei 3.924/61 – dispõe sobre os monumentos arqueo - Resolução CONAMA 12/89 – proíbe atividades nas
lógicos e pré-históricos. Áreas de Relevante Interesse Ecológico.
Decreto 99.556/90 – dispõe sobre a proteção das Decreto 99.274/90 - regulamenta as Áreas de
cavidades naturais subterrâneas. Proteção Ambiental – APAs
Resolução CONAMA 05/87 – Cria o Programa Resolução CONAMA 13/90 – dispõe sobre a proteção
Nacional de Proteção do Patrimônio do entorno das Unidades de Conservação.
Espeleológico. Resolução SMA/SP n° 32, de 31.03.98, regulamenta a
visitação pública e credenciamento de guias,
VI – Poluição agências, operadoras e monitores ambientais.
Decreto-lei 1.413/75 – controle de poluição provoca - Lei nº 9.985/00, de 18 de julho de 2000, institui o
da por atividades industriais. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
Decreto 76.389/75 - controle de poluição por ativi - da Natureza (SNUC).
dade industrial. Decreto nº 4.340/02, de 22 de agosto de 2002, dispõe
Decreto 83.540/79 – regulamenta a aplicação da sobre o Sistema Nacional de Unidades de
Convenção Internacional sobre Responsabilidade Conservação da Natureza (regulamenta vários
Civil e danos causados por poluição por Óleo. artigos da lei 9.985).
Lei 6.803/80 – diretrizes básicas para o zoneamento
industrial nas áreas críticas de poluição. Outras leis de interesse sobre
Resolução CONAMA 018/86 – emissão de poluentes Meio Ambiente e Turismo
por veículos automotores. Lei nº 6.938/81, de 31 de agosto de 1981, dispõe
Resolução CONAMA 06/88 – controle de resíduos sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus
industriais. fins e mecanismos de formulação e aplicação.
Resolução CONAMA 01/90 – dispõe sobre a emissão Lei nº 9.795/99, de 27 de abril de 1999, dispõe sobre
de ruídos em decorrência de atividades industri - a educação ambiental, institui a Política Nacional
ais, comerciais, sociais ou recreativas. de Educação Ambiental, regulamentada pelo
Resolução CONAMA 02/90 – poluição sonora. decreto nº 4.281/2002.
Resolução CONAMA 05/93 - gerenciamento de resí - Lei nº 8.078/90, de 11 de setembro de 1990, institui
duos sólidos oriundos dos serviços de saúde, por - o Código de Defesa do Consumidor.
tos e aeroportos, terminais ferroviários e Lei Estadual n° 10.892/01 (MS), de 20 de setembro de
rodoviários. 2001, que dispõe sobre a implementação da
Política de Desenvolvimento do Ecoturismo e do
VII – Unidades de Conservação Turismo Sustentável.
Decreto 84.017/79 – regulamenta os Parques
Nacionais.
Decreto 89.336/84 – regulamenta as Áreas de
Relevante Interesse Ecológico.
209
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
C
omo parte do Ano Internacional do Ecoturismo, 3. garantir o envolvimento e a participação apropri-
declarado pelas Nações Unidas, e sob a égide ada de cada instituição pública em nível local,
do Programa das Nações Unidas para o Meio regional e nacional, incluindo o estabelecimento
Ambiente (PNUMA) e da Organização Mundial do de grupos de trabalho inter-ministeriais, quando
Turismo (OMT), mais de mil integrantes dos setores necessário. Além disso, são necessários orçamen-
público e privado e de organizações não-governa- tos adequados e legislações apropriadas que per-
mentais provenientes de mais de 132 países partici- mitam a implementação dos objetivos e metas
param da Cúpula de Especialistas em Ecoturismo em estabelecidos pelas partes interessadas;
Quebec, no Canadá. O evento aconteceu de 19 a 22
de maio de 2002 e teve como organizadores a 4. incluir, em níveis nacional, local e regional, em
Tourisme Quebéc e a Comissão Canadense de seu plano de ação mecanismos regulatórios e de
Turismo. monitoramento, além de indicadores de sus-
tentabilidade aceitos pelas partes interessadas e
Com base nas informações provenientes de encontros estudos de impacto ambiental para prevenir ou
regionais em todos os continentes nos anos de 2001 minimizar a ocorrência de impactos negativos nas
e 2002, os participantes da Cúpula de Quebec pro- comunidades ou no meio ambiente. Os resulta-
duziram uma série de recomendações para os princi- dos dos monitoramentos devem estar à disposição
pais agentes do ecoturismo: do público, já que estas informações permitirão
que os turistas escolham operadores que adotam
A. Governos princípios do ecoturismo;
B. Setor privado
C. Organizações não-governamentais, associações 5. desenvolver mecanismos de avaliação dos custos
de base comunitária, instituições de ensino e ambientais em todos os aspectos do produto de
pesquisa turismo, incluindo o transporte internacional;
D. Agências financiadoras e de auxílio ao desen-
volvimento 6. desenvolver a capacidade de implementação de
E. Comunidades indígenas e locais e mecanismos de gestão do crescimento, como
F. Conferência de Desenvolvimento Sustentável zoneamento, e de uso participativo do solo tanto
Rio+10 em áreas protegidas como em seus entornos e em
outras zonas de desenvolvimento do ecoturismo;
Aos governos nacionais, regionais e locais a Carta de
Quebec recomenda: 7. utilizar manuais de utilidade e eficiência con-
sagradas para servir de base para processos de
1. formular políticas e estratégias de desenvolvimen- certificação, adoção de selos verdes e outras
to nacional, regional e local que sejam com- iniciativas voluntárias promovidas em nome da
patíveis com os objetivos do desenvolvimento sustentabilidade do ecoturismo. É necessário
sustentável. É importante que isto seja conduzido encorajar os operadores a se unir a tais iniciativas
por meio de um amplo processo de consulta e promover o seu reconhecimento por parte dos
àqueles que se envolverão ou que serão afetados consumidores. Os sistemas de certificação da
pelas atividades de ecoturismo. Se possível, deve- atividade, no entanto, devem sempre seguir
se ampliar os princípios do ecoturismo às demais critérios regionais, promover capacitações e
atividades do setor de turismo; fornecer apoio financeiro de forma a se tornar
acessíveis também aos pequenos e médios ope-
2. em conjunto com as comunidades locais, setor radores. Uma série de critérios e métodos é
privado, ONGs e todas as partes interessadas, necessária para que estes esquemas atinjam seu
garantir a proteção da natureza, das culturas locais objetivo;
e especialmente do conhecimento tradicional, dos
recursos genéticos, direito à terra e à água; 8. garantir o acesso ao desenvolvimento dos recur-
77 - Considera-se de utilidade para este documento apenas as recomendações ao setor público. Para conhecer a íntegra
da Carta de Quebec, visite o site do Programa de Turismo do WWF-Brasil em www.wwf.org.br/ecoturismo.
210
ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃOADA POLÍTICA
NEXOS – A CMARTA DE QUEBEC
UNICIPAL DE TURISMO
E O PODER
RESPONSÁVEL
PÚBLICO
10. incluir as micro, pequenas e médias operadoras 16. considerar como uma opção o remanejamento de
de ecoturismo, assim como aquelas de base áreas públicas de produção intensiva para a ativi-
comunitária, na estratégia promocional e progra- dade do turismo combinada à conservação, quan-
mas desenvolvidos pelas empresas nacionais de do esta mudança puder trazer benefícios sociais,
turismo, tanto no mercado nacional como inter- econômicos e ambientais para as comunidades
nacional; em questão;
11. desenvolver redes regionais para a promoção e 17. promover e desenvolver programas educacionais
marketing de produtos de ecoturismo em nível para crianças e adolescentes para aumentar a
nacional e internacional; consciência a respeito da importância da conser-
vação da natureza e do uso sustentável, das cul-
12. criar incentivos para que os operadores de turis- turas locais e indígenas e da sua relação com o
mo tornem suas atividades mais ambiental, social ecoturismo;
e culturalmente responsáveis;
18. promover a colaboração entre operadores de tu-
13. garantir que alguns princípios ambientais e sa- rismo, demais prestadores de serviços e ONGs
nitários básicos sejam definidos e adotados para para permitir a educação de turistas e influenciar
todos os empreendimentos de ecoturismo, seu comportamento nos destinos, especialmente
mesmo para aqueles conduzidos em parques em países em desenvolvimento;
nacionais e áreas rurais. Isto deve incluir aspectos
como a escolha de locais, planejamento, trata- 19. incorporar os princípios de transporte sustentável
mento de lixo, proteção de córregos e riachos, no planejamento e implementação do turismo e
entre outras coisas. Deve-se garantir ainda que as promover locomoções de baixo impacto sempre
estratégias de desenvolvimento do ecoturismo que possível.
sejam conduzidas sob uma forma que preveja
211
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
ANEXO VI – P R I N C Í P I O S D O T U R I S M O
S U S T E N T Á V E L D O C O N S E L H O B R A S I L E I RO D E
T U R I S M O S U S T E N T Á V E L – CBTS
212
ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
PREPARAR-SE PARA O NOVO MILÊNIO grado por representantes de cada uma das regiões do
mundo e de cada um dos grandes grupos de agentes
código de ética mundial para o turismo cria do setor turísticos, governos, setor privado, traba-
um marco de referência para o desenvolvi- lhadores e organizações não governamentais.
mento responsável e sustentável do turismo O Código de Ética Mundial para o Turismo cujo
mundial no alvorecer do novo milênio. Seu texto se texto é reproduzido nas páginas seguintes, aspira ser
inspirou em numerosas declarações e códigos profis- um documento vivo. Leia-o. Faça com que ele seja
sionais similares que lhe precederam, e aos que acres- conhecido. Participe da sua aplicação. Somente com
centam novas idéias refletindo a constante mudança sua cooperação lograremos proteger o futuro do setor
da nossa sociedade, no final do século XX. turístico e aumentar sua contribuição à prosperidade
Diante da previsão de que o turismo internacional econômica, a paz e ao entendimento entre todas as
chegue a quase triplicar seu volume nos próximos 20 nações do mundo.
anos, os membros da OMT estão convencidos de que
o código ético mundial para o turismo é necessário Francesco Frangialli
para ajudar a minimizar os efeitos negativos do turis- Secretário Geral da OMT
mo no meio ambiente e no patrimônio cultural, ao
mesmo tempo em que se aumenta ao máximo seus
benefícios para os residentes dos destinos turísticos. Nos, Membros da Organização Mundial do Turismo
A preparação deste Código foi solicitada numa re- (OMT), representantes do setor turístico mundial,
solução adotada na reunião que celebrou a assem- delegados de estados, territórios, empresas,
bléia geral da OMT em Istambul no ano de 1997. Nos instituições e organismos reunidos
dois anos que se seguiram foi constituído um comitê na Assembléia General em Santiago do Chile
especial sobre a preparação do Código Mundial de no 1º de outubro de 1999,
Turismo e o secretário geral e o Conselheiro jurídico
da OMT prepararam um documento preliminar em Reafirmando os objetivos enunciados no artigo 3 dos
consulta com o Conselho empresarial com as Estatutos da Organização Mundial do Turismo, e
Comissões Regionais e com o Conselho Executivo da conscientes da função "central y decisiva" que reco-
Organização. nheceu à Organização, a Assembléia Geral das
A comissão das nações unidas para o desenvolvi- Nações Unidas na promoção e no desenvolvimento
mento sustentável reunida em Nova York em abril de do turismo com a finalidade de contribuir ao cresci-
1999, aprovou o conceito do código e pediu à OMT mento econômico, a compreensão internacional, a
que procurara novos aportes do setor privado, das paz e a prosperidade dos países, assim como ao
organizações não governamentais e das organizações respeito universal e observação dos diretos humanos
sindicais. Foram recebidas observações escritas sobre e das liberdades fundamentais sem distinção de raça,
o código demais de 70 estados membros da OMT e sexo, língua nem religião,
outras entidades.
O Código de Ética Mundial para o Turismo é por- Profundamente convencidos de que, graças ao con-
tanto a culminação de um completo processo de con- tato direto, espontâneo e imediato que permite entre
sulta. Os 10 artigos que o compõem foram aprovados homens e mulheres de culturas e formas de vida dife-
por unanimidade na reunião da Assembléia geral da rentes, o turismo é una força viva ao serviço da paz e
OMT em Santiago do Chile em outubro de 1999. um fator de amizade e compreensão entre os povos,
O Código compreende 9 artigos que sinalizam as
"regras do jogo" para os destinos, os governos, as Atendo-nos aos princípios encaminhados a conciliar
operadoras turísticas, os promotores, os agentes de com sustentabilidade a proteção do meio ambiente, o
viajem, os funcionários e os próprios viajantes. O desenvolvimento econômico e a luta contra a
décimo artigo refere-se à solução de litígios e é aque- pobreza, que as Nações Unidas formularam, na
le que, por primeira vez, fornece um mecanismo de "Cúpula sobre a Terra" de Rio de Janeiro em 1992 e
aplicação a um código deste tipo. Este mecanismo que se expressaram no Programa 21 adotado nessa
está baseado na conciliação por intermédio de um ocasião,
Comitê Mundial de Ética do Turismo, que estará inte-
213
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
Tendo presente o rápido e continuo crescimento, completar-se em seu conjunto de princípios interde-
tanto passado como previsível, da atividade turística pendentes em sua interpretação e explicação aos
originada por motivos de lazer, negócios, cultura, quais os agentes de negócio turístico terão que ajus-
religião ou saúde, seus poderosos efeitos positivos e tar sua conduta no começo do século XXI.
negativos no meio ambiente, na economia e na
sociedade dos países emissores e receptores, nas Referindo-nos, para os efeitos do presente instrumen-
comunidades locais e nas populações autóctones, to, às definições e classificações aplicáveis aos via-
assim como nas relações e nos intercâmbios inter- jantes, e especialmente às noções de "visitantes", "tu-
nacionais, rista", e "turismo" que adotou a Conferência
Internacional de Otawa, realizada de 24 a 28 de
Movidos peIa vontade de fomentar um turismo junho de 1991, e que aprovou em 1993 a Comissão
responsável e sustentável, ao que todos tenham aces- de Estatutos das Nações Unidas, em seu 27º período
so no exercício do direito que corresponde a todas as de seções.
pessoas de dispor de seu tempo livre para fins de lazer
e viagens, com o devido respeito às opções de Atendo-nos particularmente aos instrumentos que se
sociedade de todos os povos. relacionam à continuação:
Porque persuadidos também de que o setor turístico • Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
em seu conjunto se favoreceria consideravelmente de 10 de dezembro de 1984,
desenvolver-se em um conjunto que fomente a econo- • Pacto Internacional de Direitos Econômicos e
mia de mercado, a empresa privada e a liberdade de Culturais, de 16 de dezembro de 1966,
comércio, o que lhe permita otimizar seus efeitos • Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos,
benéficos de criação de atividades e empregos. de 16 de dezembro de 1966,
• Convênio de Varsóvia sobre o transporte aéreo, de
Intimamente convencidos de que sempre se repetem 12 de outubro de 1929,
determinados princípios e se observam certas normas, • Convênio Internacional de Chicago sobre a
o turismo responsável e sustentável não é de modo Aviação Civil, de 07 de dezembro de 1944, assim
algum incompatível com uma maior liberação pelas como as convenções de Tóquio, Haia e Montreal
quais se rege o comércio de serviços sob cuja tutela adotadas em relação aos citados convênios,
operam as empresas do setor a quem cabe conciliar • Convenção sobre as facilidades aduaneiras para o
neste campo: economia e ecologia, meio-ambiente e turismo, de 04 de julho de 1954 e protocolo asso-
desenvolvimento, e abertura aos intercâmbios interna- ciado,
cionais e proteção das identidades sociais e culturais. • Convênio relativo a proteção do patrimônio
mundial e cultural de 23 de novembro de 1972,
Considerando que neste processo todos os agentes do • Declaração de Manila sobre o Turismo Mundial,
desenvolvimento turístico - administrações nacionais, de 10 de outubro de 1980,
regionais e locais, empresas, associações profissio- • Resolução da Sexta Assembléia geral da OMT
nais, trabalhadores do setor, organizações não gover- (Sofia) onde se adaptaram a carta do Turismo e o
namentais e organismos de todo tipo do setor turísti- Código do Turista, de 26 de setembro de 1985,
co e também as comunidades receptoras, os órgãos • Convenção sobre os Direitos das Crianças, de 26
de imprensa e os próprios interdependentes na va- de janeiro de 1990,
lorização individual e social do turismo e que a • Resolução da nona Assembléia Geral da OMT
definição dos direitos e deveres de cada um con- (Buenos Aires) relativa a facilitação das viagens e
tribuirá para atingir este objetivo. da segurança dos turistas, de 04 de outubro de
1991,
Interessados tanto quanto a própria Organização • Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio
Mundial do Turismo desde que em 1977 sua Ambiente e o Desenvolvimento de 13 de junho
Assembléia Geral adotou, em Istambul, a Resolução de 1992,
364 (XII) para promover uma verdadeira colaboração • Acordo Geral sobre o Comércio de serviços, de
entre os agentes públicos e privados do desenvolvi- 15 de abril de 1994,
mento turístico, e desejosos de que uma organização • Convênio sobre a Diversidade Biológica, de 16 de
(associação)e uma cooperação de mesma natureza se janeiro de 1995,
entendam de forma aberta e equilibrada nas relações • Resolução da décima primeira Assembléia Geral
entre países emissores e receptores, e entre seus da OMT (no Cairo) sobre a prevenção do turismo
respectivos setores turísticos. sexual organizado, de 22 de outubro de 1995,
• Declaração de Estocolmo contra a exploração
Expressando nossa vontade em dar continuidade às sexual comercial das crianças, de 28 de agosto de
Declarações de Manila de 1980 sobre o turismo 1996,
mundial, e de 1997 sobre os efeitos sociais do turis- • Declaração de Manila sobre os Efeitos sociais do
mo, como também à Carta do Turismo e o código do Turismo, de 22 de maio de 1997, e
Turista adotado em Sofia, em 1985 sob os auspícios • Convênios e recomendações adotados pela
da OMT. Organização Internacional do Trabalho em
relação aos convênios coletivos, a proibição de
Porque entendendo que esses instrumentos devem trabalhos forçados e do trabalho infantil, a defesa
214
ESTRATÉGIAS
ANEXOS –PARA
C ÓDIGO
A GDE ÉTICA
ESTÃO POLÍTICA
DA DA OMT -MOUNICIPAL DE TM
RGANIZAÇÃO UNDIALRESPONSÁVEL
URISMO DE TURISMO
dos direitos dos povos autóctones, e a igualdade terísticas do país que se dispõem a visitar. Mesmo
de trato e a não discriminação no trabalho. assim serão conscientizados dos riscos de saúde e
seguros inerentes a todos os deslocamentos fora de
Afirmamos o direito ao turismo e a liberdade de seu entorno habitual, e deverão comportar-se de
deslocamentos turísticos, forma que diminua estes riscos.
Expressamos nossa vontade de promover um
ordenamento turístico mundial eqüitativo, respon- Artigo 2º
sável e sustentável, em benefício mutuo de todos os O TURISMO, INSTRUMENTO
setores da sociedade e uma volta da economia inter- DE DESENVOLVIMENTO PESSOAL E COLETIVO
nacional aberta e liberalizada e 1. O turismo, que é uma atividade geralmente
Proclamamos solenemente com esse fim os associada ao descanso, a diversão, ao esporte e ao
princípios do Código Ético Mundial para o Turismo. acesso a cultura e a natureza, deve conceber-se e
praticar-se como um meio privilegiado de desenvolvi-
Artigo 1º mento individual e coletivo. Considerando-se a aber-
CONTRIBUIÇÃO DO TURISMO PARA tura de espírito necessária, é um fator insubstituível de
O ENTENDIMENTO E RESPEITO MÚTUO auto-educação, tolerância mútua e aprendizagem das
ENTRE HOMENS E A SOCIEDADES legítimas diferenças entre os povos, culturas e suas
1. A compreensão e a promoção dos valores diversidades.
éticos comuns da humanidade, em um espírito de to- 2. As atividades turísticas deverão respeitar a
lerância e respeito à diversidade, às crenças reli- igualdade entre homens e mulheres. Mesmo assim,
giosas, filosóficas e morais são, por sua vez, o funda- deverão ser promovidos os direitos humanos e em
mento e a conseqüência de um turismo responsável. particular, os direitos específicos dos grupos de popu-
Os agentes do desenvolvimento turístico e os próprios lações mais vulneráveis, especialmente as crianças,
turistas deverão prestar atenção às tradições e práticas maiores de idade, as pessoas incapacitadas, as mino-
sociais e culturais de todos os povos, incluindo as rias étnicas e os povos autóctones.
minorias nacionais e as populações autóctones, e 3. A exploração de seres humanos, em qualquer
reconhecerão suas riquezas. de suas formas, principalmente a sexual, e em parti-
2. As atividades turísticas se organizarão em cular quando afeta as crianças, fere os objetivos fun-
harmonia com as peculiaridades e tradições das damentais do turismo e estabelece uma negação de
regiões e países receptores, respeitando suas leis e sua essência. Portanto, conforme o direito interna-
costumes. cional, deve-se combatê-la sem reservas, com a
3. Tanto as comunidades receptoras como os colaboração de todos os Estados interessados, e
agentes profissionais locais terão que aprender a co- penalizar os autores destes atos com o rigor das legis-
nhecer e respeitar os turistas que os visitam, informar- lações nacionais dos países visitados e dos próprios
se sobre sua forma de vida, seus gostos e suas expec- países destes, mesmo quando cometidos no exterior.
tativas. A educação e a formação que competem aos 4. Os deslocamentos por motivos de religião,
profissionais contribuirão para uma recepção hospi- saúde, educação e intercâmbio cultural ou lingüísti-
taleira aos turistas. co, constituem formas particularmente interessantes
4. As autoridades públicas têm a missão de de turismo e merecem promover-se.
assegurar a proteção dos turistas e dos visitantes, 5. Será favorecida a introdução de programas
assim como de seus pertences. Ficarão com o encar- de estudo, como intercâmbios turísticos, mostrando
go de prestar atenção especial aos turistas seus benefícios econômicos, sociais e culturais, mas,
estrangeiros, devido a sua vulnerabilidade. A finali- também, seus riscos.
dade será facilitar a fixação de meios de informação,
prevenção, proteção, seguro e assistência específicos Artigo 3º
que correspondam as suas necessidades. Os atenta- O TURISMO, FATOR DE
dos, agressões, seqüestros e ameaças dirigidos contra DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
turistas ou trabalhadores do setor turístico, assim 1. Todos os agentes de desenvolvimento turísti-
como a destruição intencional de instalações turísti- co têm o dever de proteger o meio ambiente e os
cas ou de elementos do patrimônio cultural e natural recursos naturais, com perspectiva de um crescimen-
devem ser condenados e reprimidos com severidade, to econômico constante e sustentável, que seja capaz
conforme a legislação nacional respectiva. de satisfazer eqüitativamente as necessidades e aspi-
5. Em seus deslocamentos, os turistas e visi- rações das gerações presentes e futuras.
tantes deverão evitar todo o ato criminal ou conside- 2. As autoridades públicas nacionais, regionais
rado delinqüente pelas leis do país que visitam, bem e locais favorecerão e incentivarão todas as modali-
como qualquer comportamento que possa chocar a dades de desenvolvimento turístico que permitam
população local, ou ainda, danificar o entorno do preservar recursos naturais escassos e valiosos, em
lugar. Deverão se abster de qualquer tipo de tráfico de particular a água e a energia, e evitem no que for pos-
drogas, armas, antigüidades, espécies protegidas, pro- sível a produção de resíduos.
dutos e substâncias perigosas e proibidas pelo regula- 3. Se procurará distribuir no tempo e no espaço
mento nacional. os movimentos de turistas e visitantes, em particular
6. Os turistas e visitantes têm a responsabili- por intermédio das férias remuneradas e das férias
dade de informar-se desde sua saída, sobre as carac- escolares, e, equilibrar melhor a freqüência com a
215
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
finalidade de reduzir a pressão que exerce a atividade vida da população das regiões visitadas correspon-
turística no meio ambiente e de aumentar seus efeitos dendo as suas necessidades. A concepção urbanística
benéficos no setor turístico e na economia local. e arquitetônica e a forma de exploração das estações
4. Se concederá a infra-estrutura e se progra- e dos meios de hospedagem turísticos tenderão para
marão as atividades turísticas de forma que se proteja sua ótima integração no contexto econômico e social
o patrimônio natural que constituem os ecossistemas local. De igual importância, se priorizará a con-
e a diversidade biológica, e que se preservem as espé- tratação de mão-de-obra local.
cies em perigo da fauna e da flora silvestre. Os 3. Se dará atenção particular aos problemas
agentes do desenvolvimento turístico, e em particular específicos das zonas litorâneas e dos territórios
os profissionais do setor, devem admitir que se peninsulares, assim como das frágeis zonas rurais e
imponham limites à suas atividades quando as mes- de montanha, aonde o turismo representa com fre-
mas sejam exercidas em espaços particularmente vul- qüência uma das poucas oportunidades de desen-
neráveis: regiões desérticas, polares ou de alta mon- volvimento diante do declínio das atividades
tanha, litorâneas, florestas tropicais ou zonas úmidas, econômicas tradicionais.
que sejam idôneos para a criação de parques ou 4. De acordo com a normativa estabelecida
reservas protegidas. pelas autoridades públicas, os profissionais de turis-
5. O turismo de natureza e o ecoturismo se mo, e em particular os investidores, executarão estu-
reconhecem como formas de turismo particularmente dos de impacto de seus projetos de desenvolvimento
enriquecedoras e valorizadoras, sempre que respei- no entorno e nos meios naturais. Igualmente, facili-
tem o patrimônio natural e a população local e se tarão com a máxima transparência e objetividade per-
ajustem à capacidade de carga dos lugares turísticos. tinente, toda a informação relativa aos seus progra-
mas futuros e suas conseqüências previsíveis, e
Artigo 4º favorecerão o diálogo sobre seu conteúdo com as
O TURISMO, FATOR DE APROVEITAMENTO populações interessadas.
E ENRIQUECIMENTO DO PATRIMÔNIO
CULTURAL DA HUMANIDADE Artigo 6º
1. Os recursos turísticos pertencem ao OBRIGAÇÕES DOS AGENTES
patrimônio comum da humanidade. As comunidades, DO DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO
em cujo, território se encontram, tem com relação a 1. Os agentes profissionais do turismo têm obri-
eles direitos e obrigações particulares. gação de facilitar aos turistas uma informação objeti-
2. As políticas e atividades turísticas se va e autêntica sobre lugares de destino e sobre as
inteirarão a respeito do patrimônio artístico, arqueo- condições de viajem, recepção e estada. Além disso,
lógico e cultural que devem proteger, e transmitir para manterão com absoluta transparência as cláusulas
as gerações futuras. Se concederá atenção particular à dos contratos que proponham a seus clientes, tanto
proteção e à recuperação dos monumentos, san- quanto a natureza, ao preço e a qualidade dos
tuários e museus, como também dos lugares de inte- serviços, estipulando compensações financeiras no
resse histórico ou arqueológico, que devem estar caso da ruptura unilateral dos contratos pela não
amplamente abertos à visitação turística. Se estimula- prestação de serviços contratados.
rá o acesso do público aos bens e monumentos cul- 2. No que deles dependa e em cooperação com
turais de propriedade particular respeitando os dire- as autoridades públicas, os profissionais do turismo
itos de seus proprietários, assim como aos edifícios terão que se ater com a segurança, prevenção de aci-
religiosos sem prejudicar os cultos. dentes, e as condições sanitárias e da higiene dos ali-
3. Os recursos procedentes da visitação dos mentos daqueles que buscam seus serviços. Se pre-
lugares e monumentos de interesse cultural teriam ocuparão com a existência de sistemas de seguros e
que ser designados preferencialmente, ao menos em de assistência necessária. Além disso, assumirão o
parte, à manutenção, proteção, melhoria e ao compromisso de prestar contas, conforme disponha a
enriquecimento desse patrimônio. legislação nacional, e quando for o caso pagar uma
4. A atividade turística se organizará de modo indenização eqüitativa pelo descumprimento de
que permita a sobrevivência e o progresso da pro- cláusulas contratuais.
dução cultural e artesanal tradicional, assim como, do 3. E quando deles dependa, os profissionais do
folclore e que não caminhe para sua normalização e turismo contribuirão para o pleno desenvolvimento
empobrecimento. cultural e espiritual dos turistas, e permitirão o exercí-
cio de suas práticas religiosas durante os desloca-
Artigo 5 mentos.
O TURISMO, ATIVIDADE BENÉFICA PARA 4. Em coordenação com os profissionais inte-
OS PAÍSES E AS COMUNIDADES DE DESTINO ressados e suas associações, as autoridades públicas
1. As populações e comunidades locais se asso- dos Estados de origem e dos países de destino,
ciarão às atividades turísticas e terão uma partici- cuidarão pelo estabelecimento de mecanismos
pação eqüitativa nos benefícios econômicos, sociais e necessários para a repatriação dos turistas nos casos
culturais que referem, especialmente na criação dire- de descumprimento de contratos pelas empresas
ta e indireta de emprego que ocasionem. organizadoras de viagens.
2. As políticas turísticas se organizarão de 5. Os Governos têm o direito - e o dever - espe-
maneira que contribuam com a melhora do nível de cialmente em casos de crises, de informar aos
216
ESTRATÉGIAS
ANEXOS –PARA
CÓDIGO
A GDE ÉTICA
ESTÃO POLÍTICA
DA DA OMT -MOUNICIPAL DE TM
RGANIZAÇÃO UNDIALRESPONSÁVEL
URISMO DE TURISMO
cidadãos das condições difíceis, inclusive dos perigos 2. Se reconhece aos turistas e visitantes a per-
com que possam se encontrar durante seus desloca- missão de utilizar todos os meios de comunicação
mentos no estrangeiro. Além disso, é de sua incum- disponíveis, interiores e exteriores. Se beneficiarão de
bência facilitar essas informações sem prejudicar de um acesso rápido e fácil aos serviços administrativos,
forma injustificada e nem exagerada o setor turístico judiciais e sanitários locais, e poderão entrar livre-
dos países receptores e os interesses de seus próprios mente em contato com as autoridades do país do qual
operadores. O conteúdo das eventuais advertências são cidadãos conforme os convênios diplomáticos
deverá ser previamente discutidos com as autoridades vigentes.
dos países de destino e com os profissionais interes- 3. Os turistas e visitantes gozarão dos mesmos
sados. As recomendações que se formulem guardarão direitos que os cidadãos do país que visitam, no que
estrita proporção com a gravidade das situações reais respeita a confidencialidade dos seus dados pessoais,
e se limitarão as zonas geográficas onde se haja com- particularmente quando essa informação esteja
provado a situação de insegurança. Essas recomen- cadastrada em suporte eletrônico.
dações se atenuarão ou se anularão quando se per- 4. Os procedimentos administrativos para ultra-
mita a volta da normalidade. passar as fronteiras estabelecidas pelos países ou por
6. A imprensa, e em particular a imprensa espe- acordos internacionais, como os vistos e as formali-
cializada em turismo e os demais meios de comuni- dades sanitárias e aduaneiras se adaptarão para faci-
cação, incluindo os modernos meios de comunicação litar ao máximo a liberdade das viagens e o acesso da
eletrônica, difundirão uma informação verdadeira e maioria das pessoas ao turismo internacional. Se pro-
equilibrada sobre os acontecimentos e as situações moverão os acordos entre grupos de países para har-
que possam influir na freqüência turística. Deverão monizar e simplificar esses procedimentos. As taxas e
ter o cuidado de divulgar indicações precisas e fiéis encargos específicos que penalizam o setor turístico e
aos consumidores dos serviços turísticos. Com esse diminuem sua competitividade, serão eliminados e
objetivo, desenvolverão e empregarão novas tecnolo- corrigidos progressivamente.
gias de comunicação e comércio eletrônico que, 5. Sempre que o permita a situação econômica
igual a imprensa e os demais meios de comunicação dos países dos quais os viajantes provem, poderão
não facilitarão de modo algum o turismo sexual. dispor das concessões de divisas convertidas que pre-
cisem para seu deslocamento.
Artigo 7º
DIREITO AO TURISMO Artigo 9º
1. A possibilidade de acesso direto e pessoal ao DIREITO DOS TRABALHADORES
descobrimento das riquezas de nosso mundo, consti- E DOS EMPRESÁRIOS DO SETOR TURÍSTICO
tuirá um direito aberto por igual a todos os habitantes 1. Sob a supervisão das administrações de seus
de nosso planeta. A participação cada vez mais difun- países de origem e dos países de destino, serão garan-
dida no turismo nacional e internacional deve ser tidos especialmente os direitos fundamentais dos
entendido como uma das melhores expressões pos- trabalhadores assalariados e autônomos do setor tu-
síveis do contínuo crescimento do tempo livre, e a ele rístico e das atividades afins, levando em conside-
não se colocará obstáculo nenhum. ração a limitação específica vinculada à sazonalidade
2. O direito ao turismo para todos, deve ser da sua atividade, a diminuição global do seu setor e a
entendido como conseqüência do direito ao descan- flexibilidade que costumam impor a natureza do seu
so e lazer, e em particular a limitação razoável da trabalho.
duração do trabalho e a férias anuais pagas, garanti- 2. Os trabalhadores assalariados e autônomos
das no art. 24 da Declaração Universal dos Direitos do setor turístico e de atividades ligadas ao setor, tem
Humanos e no art. 7 do Tratado Internacional de o direito e o dever de adquirir uma formação inicial e
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. contínua adequada. Terão assegurados uma proteção
3. Com o apoio das autoridades públicas, se social suficiente, dando-lhes condições adequadas de
desenvolverá o turismo social, em particular associa- trabalho. Será proposto um estatuto particular aos tra-
tivo, que permite o acesso da maioria dos cidadãos ao balhadores estáveis do setor, especialmente com
lazer e a férias. respeito a seguridade social.
4. Se fomentará (incentivará) e se facilitará o 3. Sempre que demonstre possuir as disposições
turismo familiar, dos jovens e dos estudantes, das pes- e qualificações necessárias, se reconhecerá a toda
soas maiores e das portadoras de deficiências. pessoa física e jurídica o direito a exercer uma ativi-
dade profissional no âmbito do turismo, de acordo
Artigo 8º com a legislação nacional vigente. Se reconhecerá
LIBERDADE DE DESLOCAMENTO TURÍSTICO aos empresários e investidores, especialmente das
1. De acordo com o direito internacional e as médias e pequenas empresas, o livre acesso ao setor
leis nacionais, os turistas e visitantes se beneficiarão turístico com um mínimo de restrições legais e
da liberdade de circular de um país a outro, de acor- administrativas.
do com o artigo 13 da Declaração Universal dos 4. As trocas de experiências que se oferecem
Direitos Humanos, e poderão ter acesso as zonas de aos dirigentes do setor e outros trabalhadores de dis-
trânsito e zona rural, assim como aos sítios turísticos tintos países, sejam assalariados ou não, contribuem
e culturais sem formalidades exageradas e nem dis- para a expansão do setor turístico mundial. Por esse
criminações. motivo se facilitarão as trocas em tudo que for pos-
217
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
218
ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
219
TURISMO RESPONSÁVEL MANUAL PARA POLÍTICAS LOCAIS
tura praticadas com segurança, sem caráter competiti- UNEP/CBD - ANEXO 1 DO WORKSHOP SOBRE
vo, tendo como premissa o respeito ao ambiente”. DIVERSIDADE BIOLÓGICA E TURISMO – 200279
que deve também identificar a contribuição do co- caução. Decisões serão tomadas sobre o turismo e
nhecimento tradicional para o desenvolvimento, biodiversidade referentes à aprovação ou rejeição de
implementação e análise de metodologias e critérios estratégias e planos nacionais, propostas de desen-
adequados e efetivos a serem usados na avaliação do volvimento e atividades de turismo e adequação das
impacto. Os impactos do turismo sobre o ambiente e medidas de gerenciamento de impacto em relação à
diversidade biológica podem incluir uma análise do antecipação de impactos causados pelo desenvolvi-
uso do solo, consumo e exaustão dos recursos natu- mento e atividades do turismo. Decisões finais serão
rais locais, considerando-se os danos e alterações nos tomadas pelos governos (ou autoridades específicas
habitats e ecossistemas. A avaliação de impacto pode, por eles designados). Consultas e participação efeti-
também, considerar a contaminação e poluição por va das comunidades e grupos afetados constituem
diferentes fontes resultante de atividades de turismo, uma fundação importante para o processo de tomada
deterioração dos recursos, produção de detritos e de decisões. Os tomadores de decisão devem consi-
introdução de espécies estranhas e patogênicas. derar o uso de multi-participantes como ferramenta
Devem também ser considerados os impactos sócio- para tal. Mecanismos legais devem ser colocados em
econômicos e culturais sobre os diferentes segmentos prática para a notificação e aprovação das propostas
da população, inclusive a degradação social das de desenvolvimento do turismo, e para garantir a
comunidades locais, impacto nos hábitos e estilos de implementação das condições para a aprovação das
vida tradicionais, rendas e empregos. propostas de desenvolvimento.
ameaçadas conforme acordos internacionais rele- do local e seus arredores poderiam incluir uma
vantes; prevenção da introdução de espécies estra- análise da flora, fauna e ecossistemas que podem ser
nhas; cumprimento de regras nacionais e interna- afetados, e o impacto sobre comunidades locais, bem
cionais relativas ao acesso a recursos genéticos; e como possíveis efeitos e impactos.
prevenção da remoção ilegal e não-autorizada de
recursos genéticos. O monitoramento e a avaliação ENSINO PÚBLICO E AUMENTO
devem, também, incluir o desenvolvimento e uso de DA CONSCIENTIZAÇÃO
ferramentas adequadas para o monitoramento e avali-
ação dos impactos do turismo sobre a economia de O setor profissional e o público em geral deves
comunidades indígenas e locais. ser informados sobre os impactos do turismo sobre a
diversidade biológica e as boas práticas nesta área
10. Gerenciamento Adaptável através do ensino público e campanhas de conscien-
tização. As campanhas de conscientização devem ser
O gerenciamento adaptável trata da complexa e feitas sob medida para várias audiências, particular-
dinâmica natureza dos ecossistemas e a ausência de mente aos participantes, inclusive aos consumidores
conhecimento total ou compreensão da maneira que do turismo, desenvolvedores e operadores de turismo.
funcionam. Muitas vezes, os processos do ecossis- O setor privado poderia desempenhar um papel
tema não são lineares. O resultado de tais processos importante, estimulando os clientes a praticarem a
muitas vezes indica atrasos, e o nível de incerteza conservação. O ensino e as campanhas de conscien-
aumenta devido à interação com esquemas sociais. tização são necessários em todos os níveis do gover-
O gerenciamento deve ser adaptável a fim de con- no. A conscientização deve, também, ser aumentada
seguir reagir a tais incertezas, e deverá conter ele- dentro e fora de governos cujos ecossistemas e habi-
mentos do "fazendo e aprendendo" ou o resultado de tats vulneráveis estão localizados em terras e águas
pesquisas. O gerenciamento do ecossistema deve ocupadas ou usadas por comunidades indígenas e
envolver um processo de aprendizado, que ajuda a locais. É também importante incrementar a consci-
adaptar as metodologias e práticas aos meios pelos entização dentro do setor acadêmico responsável
quais estes sistemas estão sendo gerenciados e moni- pelo treinamento e pesquisa de assuntos relativos à
torados. O gerenciamento adaptável deve também harmoniosa interação entre a diversidade biológica e
levar totalmente em consideração o principio da pre- o turismo sustentado.
caução. O gerenciamento do ecossistema deve ser
visto como uma experiência de longo prazo, que vai FORMAÇÃO DE COMPETÊNCIA
avançando com base nos seus resultados.
As atividades de formação de competência
PROCESSO DE NOTIFICAÇÃO devem enfocar o desenvolvimento das habilidades
E INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS dos governos e de todos os participantes para facilitar
a efetiva implementação destas diretrizes, e podem
As propostas de desenvolvimento e atividades de ser necessárias a nível nacional, regional and interna-
turismo em locais específicos relativos à biodiversi- cional. As atividades de formação de competência
dade, devem ser submetidas através do processo de abrangem o fortalecimento de recursos humanos e
notificação. Os proponentes de projetos de turismo, capacidades institucionais; a transferência de "know-
inclusive órgãos do governo, devem fornecer um how"; o desenvolvimento de instalações adequadas;
aviso antecipado e pontual às autoridades compe- o treinamento em assuntos de diversidade biológica e
tentes e a todos os participantes que possam ser afe- turismo sustentado, e técnicas de avaliação de
tados, inclusive comunidades indígenas e locais, impacto e gerenciamento de impacto. As comu-
sobre os desenvolvimentos propostos através de um nidades locais devem, também, contar com as
processo formal de aprovação prévia. As conside- capacidades necessárias às tomadas de decisão,
rações sobre o local do desenvolvimento podem con- habilidades e identificação antecipada de fluxos
sistir de uma descrição geográfica e localização e sua futuros de turistas, bem como a competência adequa-
proximidade a assentamentos humanos e comu- da e treinamento em serviços de turismo e proteção
nidades, e leis e regulamentos aplicáveis. As consi- ambiental. É necessário que se estimule o intercâmbio
derações econômicas podem abranger uma análise de informações e colaboração na implementação do
do mercado para o desenvolvimento e atividades de turismo sustentado através de parceria entre todos os
turismo, descrição das condições socio-econômicas participantes afetados ou envolvidos com o turismo.
atuais e as mudanças esperadas. Aspectos ecológicos
224
ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE TURISMO RESPONSÁVEL
Mauro Soares
Secretaria de Meio Ambiente e Turismo de Alto
Paraíso / GO
maurosoares.p@bol.com.br
62 4461255/61
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Coleção
TURISMO RESPONSÁVEL
ADQUIRA E DIVULGUE
WWF-Brasil
O WWF-Brasil é uma organização da sociedade civil brasileira, sem fins lucrativos,
reconhecida pelo governo como instituição de utilidade pública. Criado em 1996 e sediado em Brasília,
o WWF atua em todo o país com a missão de contribuir para que a sociedade brasileira conserve a natureza,
harmonizando a atividade humana com a proteção da biodiversidade e com o uso racional dos recursos naturais,
para o benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF-Brasil também é membro do maior grupo
de entidades de conservação da natureza do mundo: a Rede WWF. Criada em 1961, a Rede WWF é formada
por organizações similares e autônomas de mais de 30 países, tem cerca de 5 milhões de afiliados
e atua nos cinco continentes.