Henrique Garbellini Carnio
Henrique Garbellini Carnio
Henrique Garbellini Carnio
DOUTORADO EM DIREITO
SÃO PAULO
2013
DOUTORADO EM DIREITO
SÃO PAULO
2013
Banca Examinadora
----------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------
irmã, Anália.
AGRADECIMENTOS
RESUMO
The law and the politics between the obligatio and the band
ABSTRACT
The present thesis aims to address the relationship between law and power in
its relationship with politics and violence. The work claims to demonstrate that
the problematization propose reveals a zone of indeterminacy between the
intricacies of law and politics. With this, the thesis intends to lay the foundations
for an introduction to a theory of politic-law, in other words, to propose the basis
of a legal-politic theory that contributes in a emphatic and in critical way in the
discussion of the current legal problems, in particular, the characteristics
situations that show a use of law as manipulative governance force that causes
disorientation of life itself and reveals a dimension in which the law and
institutions who use it turn against themselves generating a profound
trivialization of the concepts of legality and legitimacy. The proposal has a
genealogical investigative method that understands, in a relational way
relationally, law and politics as typically human phenomena that are rooted in
deeper dimensions of man from primitive communities and in a emblematically
form nowadays.
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS........................................................................p. 13
13
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Ressalta-se, inicialmente, que a formatação do texto em seus aspectos estruturais seguiu as
indicações feitas pelo orientador que, em sua maioria, aproximam-se do padrão da ABNT
referente à formatação de trabalhos científicos. As poucas diferenças se verificam em algumas
formas de fonte, pontuação e espaçamento das notas de rodapé, citações no corpo do texto,
citações em recuo, citações em língua estrangeira e na ausência de uso de idem e ibidem, dando
preferência, quando fosse o caso de sua utilização, à repetição do nome do autor e da obra, bem
como a indicação da página, com o intuito de melhor situar o leitor.
14
2
Albert Hermann Post foi um dos principais autores a se dedicar ao estudo etnológico do
direito, em seu Esboço de uma jurisprudência etnológica (Grundriss der ethnologischen
jurisprudenz). Logo na Introdução (Einleitung), o autor oferece a importância do estudo
etnológico do direito. Cf. POST, Albert Hermann. Grundriss der ethnologischen jurisprudenz,
Oldenburg und Leipizig: A. Schwartz, 1984, n. 1, § 1°, p. 1.
3
A referência sobre a investigação das comunidades primitivas, aqui explorada, tem como base
condutora minha dissertação de mestrado, para tanto, cf. CARNIO, Henrique Garbellini. Kelsen
e Nietzsche: aproximações do pensamento sobre a gênese do processo de formação do direito,
15
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, 2008, p. 19-48. Há de se ressaltar que
o material da referida dissertação foi ampliado e complementado se transformando na obra
Direito e antropologia. Desse modo, cf. CARNIO, Henrique Garbellini. Direito e antropologia:
reflexões sobre a origem do direito a partir de Kelsen e Nietzsche, São Paulo: Saraiva, 2013, p.
41-66.
4
GUERRA FILHO, Willis Santiago. (Anti-)Direito e força de lei/ lei in Panóptica, 2010, ano 1,
n. 4, p. 65.
16
5
Sobre essa orientação, esclarecedor o comentário de Willis Santiago Guerra Filho: “O século
XIX traz à baila a chamada Escola Histórica, a qual, conforme já aludimos, emprega pela
primeira vez a expressão “ciência do direito” (Rechtswissenschaft, Jurisprudenz). Nesse
momento, instaura-se o confronto que serve de orientação às mais diversas teorias jurídicas
aparecidas desde então. Trata-se da oposição entre a concepção sistemática, de caráter formal-
dedutivo, representada pelo jusnaturalismo racionalista, e aquela que acentua a inserção
histórica e social do Direito, que determina a busca do jurídico onde ele se dê concretamente, ou
seja, na experiência jurídica dos povos”. GUERRA FILHO, Willis Santiago; CARNIO,
Henrique Garbellini (col.). Teoria da ciência jurídica, 2 ed., Saraiva: São Paulo, 2009, n. 1.3, p.
38.
6
Cf. sobre o tema: ABBOUD, Georges; CARNIO, Henrique Garbellini; OLIVEIRA, Rafael
Tomaz de. Introdução à teoria e filosofia do direito, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2013, cap. X, p. 321-404.
17
7
Cf. BERMAN, Harold. Direito e Revolução, São Leopoldo: Unisinos, 2006, p. 190.
18
8
A temática sobre o próprio corpo como elemento político é a nota característica de um
pensamento crítico muito significativo que projeta a reflexão aqui empreendida para um ponto
de destaque, a saber, como, atualmente, o ser humano demonstra e projeta a partir de seu corpo
as relações de poder e dominação que tomam conta da sociedade moderna, em especial, a partir
do séc. XVIII. Sobre o tema seria interessante a investigação dos textos indicados na sequência.
GUERRA FILHO, Willis Santiago. Teoria política do direito: uma introdução política do
direito, Brasília: Brasília jurídica, 2000, cap. I, p. 7-14; GHIRALDELLI JUNIOR, Paulo. O
corpo: filosofia e educação, São Paulo: Ática, 2007 e ASSMAN, Selvino; PICH, Santiago;
GOMES, Ivan Marcelo; VAZ, Alexandre Fernandez. Do poder sobre a vida e do poder da vida:
lugares do corpo, biopolítica, Temas e matizes, 2009, v.11, p. 19-27.
19
crédito, atos que determinam a forma mais antiga das relações humanas nos
primórdios dos patamares civilizatórios.
11
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. A autossupressão como catástrofe da consciência moral in
Estudos Nietzsche, Jan/Jun 2010, vol. 1, n. 1, p. 97.
12
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I, 2 ed., Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2010, p. 176.
22
15
GUERRA FILHO, Willis Santiago. Teoria política do direito, cit., p. 101.
24
16
Para um conceito de sociedade em antropologia, cf. CASTRO, Eduardo Viveiros. A
inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia, São Paulo: Cosac Naify,
2002, p. 297-316.
25
17
CARNIO, Henrique Garbellini. Direito e antropologia, cit., p. 47.
26
18
COULANGES, Fustel de. A cidade antiga: estudos sobre o culto, o direito e as instituições
da Grécia e de Roma, Trad.: Edson Bini, 2 ed., São Paulo: Edipro, 1999, p. 154-165.
19
Dois importantes autores que refletem sobre o tema proposto são Marcel Mauss e James
Frazer. Referida ideia de proporcionalidade tem como temática o princípio da retribuição.
Considerar os princípios lógicos da magia como relacionados ao princípio da retribuição – haja
vista a questão da falta de psique do homem primitivo – encontra uma ressalva e uma
complementação na análise de Marcel Mauss em seu ensaio intitulado Esboço de uma teoria
geral da magia. Para Mauss, Frazer acaba aplicando o princípio da causalidade ao considerar
que o homem primitivo, que anteriormente se acreditava como senhor das forças naturais ao
sentir sobre si a resistência da natureza, acaba dotando-a de forças misteriosas. Assim, depois de
ter sido Deus povoa o mundo dos deuses e devota-se em adoração a eles, pelo sacrifício e pela
prece. Isto, para Mauss, trata-se de uma causalidade experimental e não uma causalidade mágica
porque “a percepção da resistência do mundo em aceitar seu domínio mágico, pela consequente
falibilidade de sues rituais, atestada pelo malogro de experiências sucessivas, termina por
acarretar a submissão às forças misteriosas e sobrenaturais que não consegue controlar – “après
avoir été dieu, il a peuplé le monde de dieux”. GUERRA FILHO, Willis Santiago. Teoria
política do direito, cit., p. 31. Nesse sentido, uma abordagem sobre o princípio da retribuição
surge à tona nessa crítica de Mauss a Frazer, apesar dele não a sugerir. Outro ponto importante
sobre estes dois autores se refere à relação entre magia e religião. Frazer sugere a hipótese de
que haveria uma linha evolutiva partindo da magia passando pela religião, para chegar à ciência.
Já, para Mauss, a questão apresenta uma diferença, não havendo uma evolução de uma para
outra, mas uma relação, isto é, elas se embrincam. Cf. MAUSS, Marcel. Sociologia e
antropologia, Trad.: Paulo Neves, São Paulo: Cosac Nayfe, 2003, p. 51 e FRAZER, James
George. O ramo de ouro, Trad.: Waltensir Dutra, Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan
S.A., 1982, p. 34.
27
21
Na indicação original: “Los romanos llamaban obligation al derecho de obligación, que
responde a la idea de que el deudor se halla ligado al acreedor, idea en que se deja sentir el
influjo del criterio de la responsabilidad, que ya en la época del derecho clásico había cedido
bastante (supra, § 35, 2), tanto que los juristas de la época emplean com la misma significación
que obligatio el término debitum, que equivale a ‘débito’ o ‘deuta, y qye designaba el deber de
realizar la prestación, no la responsabilidad. Históricamente, considerados estos términos se ha
de señalar que el genuíno y más antiguo de los dos, obligatio, debío circunscribirse, al principio,
en su significado a lãs obligaciones del derecho civil; más tarde, en el curso de la época clásica,
se empleó para designar lãs obligaciones de derecho honorário, adquiriendo entonces la misma,
amplia, significación que hoy tiene”. JÖRS, Paul; KUNKEL, Wolfgang. Derecho Privado
Romano, Barcelona: Editorial Labor S. A., 1937, § 100, p. 234.
22
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche e a genealogia do direito in Crítica da
Modernidade: diálogos com o direito, Ricardo Marcelo Fonseca (org.), Florianópolis: Fundação
Boiteux, 2005, p. 30.
29
23
CLASTRES, Pierre. Arqueologia da violência: pesquisas de antropologia política, São
Paulo: Cosac & Naify, 2004, cap. VI, p. 158-187.
24
Cf. MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe, 4 ed., São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
25
Cf. HOBBES, Thomas. Leviatã ou a matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil,
3ed., São Paulo: Ícone, 2009, Partes I e II.
26
CLASTRES, Pierre. Arqueologia da violência, cit., p. 102.
30
27
KELSEN, Hans. Sociedad y naturaleza: una investigación sociológica, Trad.: Jaime Perriaux,
Buenos Aires: De Palma, 1945, p. 41. Na referida obra, Kelsen considera que a regra
fundamental da ordem social primitiva é o princípio da retribuição, que domina por completo a
consciência inteiramente social do homem primitivo. A suposição kelseniana é de que a partir
da origem jurídica dos povos primitivos pode-se supor que o pensamento científico,
especialmente o pensamento causal, que estaria na própria base de nossa concepção científica, é,
na verdade, de cunho religioso, assentando-se na norma de retribuição (Vergeltung), do castigo
e da recompensa merecidos, que eram emanados de uma vontade transcendental sobre-humana.
Assim, originariamente, na concepção anímica dos primitivos. a natureza é explicada de forma
antropomórfica, pelo princípio jurídico basilar da imputação (Zurechnung), e não segundo o
princípio da causalidade. Para sustentar sua investigação, Kelsen empreende uma
impressionante pesquisa de material etnológico que lhe proporciona um afastamento do
pensamento kantiano e o desenvolvimento de uma concepção sobre a gênese do direito
completamente original, baseada na ideia de que o estabelecimento organizacional das
sociedades primitivas se dava pelas trocas entre os homens e as autoridades sobre-humanas,
que, por assim ser, eram representadas na forma de um fenômeno jurídico que identificava um
vínculo jurídico originário expresso na mesma noção de obligatio do direito privado.
31
28
Interessante pontualmente notar, como bem observa Peter Sloterdjk, que o próprio
conhecimento da gramática equivalia antigamente, em muitos lugares, à mais pura feitiçaria, e,
de fato, já no inglês medieval, a palavra glamour desenvolve-se a partir de grammar. Segundo a
indicação, fica claro que a palavra magia emerge da palavra gramática. Cf. SLOTERDIJK,
Peter. Regras para o parque humano: uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo,
Trad.: José Oscar de Almeida, São Paulo: Estação Liberdade, 2000, p. 11 e ainda a abordagem
de Ginzburg no relacionamento entre feitiçaria e piedade popular, Cf. GINZBURG, Carlo.
Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história, São Paulo: Cia das Letras, 2011, p. 15-40.
29
Nesse sentido, é relevante o estudo de Wundt sobre o dualismo originário da linguagem e seu
desenvolvimento. Cf. WUNDT, Wilhelm. The language of gestures, The Hague: Mouton, 1973,
p. 56-57.
32
30
A forma como relacionamos aqui o pensamento do medo a partir de Augusto Comte,
Sigmund Freud e Friedrich Nietzsche se deve à proposta apresenta por Oswaldo Giacoia Jr. na
série “Agenda para o medo” organizada por Luiz Felipe Pondé para o programa Café Filosófico
da rede Cultura de televisão. Cf. GIACOIA JUNIOR. Aposta na coragem, disponível em:
http://www.cpflcultura.com.br/2009/09/02/integra-aposta-na-coragem-oswaldo-giacoia/, acesso
em 5.7.2011.
33
31
O obra utilizada foi a editada pela editora Abril Cultural e se refere a conhecida coleção “Os
Pensadores”, cuja tradução ficou a cargo de José Arthur Gianotti e Miguel Lemos. Para tanto,
Cf. COMTE, Augusto. Curso de filosofia positiva; discurso sobre o espírito positivo; discurso
preliminar sobre o conjunto do positivismo; catecismo positivista in Os pensadores (col.), São
Paulo: Abril cultural, 1978, p. 3-20.
32
COMTE, Augusto. Curso de filosofia positiva, cit., p. 4.
34
CASTRO, Eduardo Viveiros. A morte como quase acontecimento. Disponível em
http://www.cpflcultura.com.br/2009/10/16integra-a-morte-como-quase-esquecimento-eduardo-
viveiros-de-castro. Acesso em 15.8.2012.
35
JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia, Rio de Janeiro:
Jorge Zahar editor, 2001, p. 13 e 14.
36
ARISTÓTELES. Retórica, livro II, Lisboa: imprensa nacional, 2005, p. 41 e segs.
37
Sobre o tema da angústia, com cuidado, assevera Giacoia, que esta seria um “opressivo
sentimento de ansiedade não ligado a um objeto determinado; em Heidegger, designa uma
afinação fundamental (Grundstimmung) da existência, em que o Dasein experimenta a sua
própria finitude enquanto ser-para-morte; no existencialismo, a fundamental e permanente
inquietação do indivíduo humano, originada tanto pela consciência do caráter absurdo e
sofredor da existência quanto pela consciência de sua própria liberdade, isto é, de sua absoluta
responsabilidade pela própria existência.” Cf. GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Pequeno
dicionário de filosofia contemporânea, cit., p. 20.
37
39
A tese está construída emblematicamente, em especial, na obra Totem e tabu. Para tanto, cf.
FREUD, Sigmund. Totem e tabu: alguns pontos de concordância entre a vida mental dos
selvagens e dos neuróticos, Trad.: Órizon Carneiro Muniz, Rio de Janeiro: Imago, 1974, p. 91-
117.
39
46
FREUD, Sigmund. Totem e tabu, cit., p. 93.
47
Para uma crítica dos princípios da interpretação psicanalítica em Totem e Tabu por meio da
análise de um mito jivaro, Cf. LÉVI-STRAUSS, Claude. A oleira ciumenta, Brasília:
Brasiliense, 1986, p. 230-253.
42
48
Freud indica Marcel Mauss e Henri Hubert como os indicadores da magia como técnica.
Marcel Mauss no ensaio Esboço de uma teoria geral da magia propõe, a partir dos estudos até
então existentes sobre a magia, uma noção mais clara e completa sobre o assunto, tendo em
vista sua crítica de que as propostas anteriores baseavam-se em pontos específicos e em alguns
casos apresentavam equívocos. Para Mauss, a magia é, por definição, objeto de crença, e as
manifestações mágicas podem assim ser consideradas se forem realmente enquanto tais para
toda a sociedade e não apenas para parte dela. A magia compreende agentes, atos e
representações. Os ritos mágicos e as magias como um todo são sempre fatos de tradição. Atos
que não se repetem não são mágicos. Atos nos quais um grupo não crê não são mágicos. A
forma dos ritos, por isso, é eminentemente transmissível e sancionada pela opinião. “As práticas
tradicionais com as quais os atos mágicos podem ser confundidos são: os atos jurídicos, as
técnicas, os ritos religiosos. O sistema da obrigação jurídica foi associado à magia em razão de
que, de parte a parte, há palavras e gestos que obrigam e vinculam, há formas solenes. Mas, se
com frequência os atos jurídicos têm um caráter ritual, se o contrato, os juramentos, o ordálio
são alguns aspectos sacramentais, é que eles se misturam a ritos, sem que sejam ritos por si
mesmos. Na medida em que têm uma eficácia particular, em que fazem mais do que estabelecer
relações contratuais entre indivíduos, eles não são jurídicos, mas mágicos ou religiosos”. Cf.
MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia, cit., p. 55-56.
43
49
FREUD, Sigmund. Totem e tabu, cit., p. 94 e 95.
50
FREUD, Sigmund. Totem e tabu, cit., p 102. Sobre o a análise do “homem-rato” cf. FREUD,
Sigmund. Notas sobre um caso de neurose obsessiva in Edição Standard Brasileira das obras
psicológicas de Sigmund Freud, J. Strachey (org.), vol X, Rio de Janeiro: Imago editor, 1986, p.
159 e sgs. Em 1907, no mês de outubro, Freud inicia a análise do paciente que será denominado
44
52
Freud leva a cabo sua ideia fazendo paralelamente uma comparação entre as fases do
desenvolvimento da visão humana do universo e as fases do desenvolvimento libidinal do
indivíduo. A fase animista corresponderia à fase narcisista, tanto cronologicamente quanto em
seu conteúdo; a fase religiosa corresponderia à fase da escolha do objeto, cuja característica é a
ligação da criança com os pais; enquanto a fase científica encontraria uma contrapartida exata
na fase em que o indivíduo alcança a maturidade, renuncia aos princípios de prazer, ajusta-se à
realidade e volta-se para o mundo externo em busca do objeto de seus desejos. FREUD,
Sigmund. Totem e tabu, cit., p. 105-107.
53
Contextualizando o tema, cf. MARRET, Robert Ranulp. Antropología, Barcelona: Editorial
Labor, cap. VI, p. 122-143.
54
FREUD, Sigmund. Totem e tabu, cit., p. 109.
46
55
FREUD, Sigmund. Totem e tabu, cit., p. 109.
56
FREUD, Sigmund. Totem e tabu, cit., p. 115-116.
47
59
Segundo Oswaldo Giacoia Jr. “Trata-se, aqui, de uma avaliação parasitária, reativa, que tem
necessidade prévia de um elemento estranho a si para, por antítese, instituir pela via da negação
sua própria identidade e seu universo de valores. É nessa inversão que radica seu parentesco
originário com o ressentimento.” GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche como psicólogo, cit.,
p. 78-79.
60
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche como psicólogo, cit., p. 80.
61
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche como psicólogo, cit., p. 82. Nesse sentido, assim
aduz Nietzsche no § 15 da 3ª Dissertação de Para Genealogia da moral: “Pois todo sofredor
busca instintivamente uma causa para seu sofrimento; mais precisamente, um agente; ainda
mais especificamente, um agente culpado suscetível de sofrimento – em suma, algo vivo, no
qual possa sob algum pretexto descarregar seus afetos, em ato ou in effigie [simbolicamente]:
pois a descarga de afeto é para o sofredor a maior tentativa de alívio, de entorpecimento, seu
involuntariamente ansiado narcótico para tormentos de qualquer espécie. Unicamente nisto,
segundo minha suposição, se há de encontrar a verdadeira causação [causalidade] fisiológica do
ressentimento, da vingança e quejandos, ou seja, em um desejo de entorpecimento da dor
50
através do afeto – de ordinário ela é procurada, muito erroneamente, me parece, em um
contragolpe defensivo, uma simples medida protetora, um ‘movimento reflexo’ em resposta a
uma súbita lesão ou ameaça, do tipo que ainda executa uma rã sem cabeça, para livrar-se de um
ácido corrosivo”. NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Genealogia da moral, cit., Terceira
Dissertação, § 15, p. 116. A palavra causalidade entre colchetes segue a tradução de Oswaldo
Giacoia Júnior, para nós melhor identificada que a palavra causação.
62
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche como psicólogo, cit., p. 86.
63
OLIVEIRA, Érico Andrade M. de. A crítica de Nietzsche à moral kantiana: por uma moral
mínima in Cadernos Nietzsche n. 27, 2010, p. 174.
51
68
SLOTERDIJK, Peter. As regras para o parque humano, cit., p. 33.
69
SLOTERDIJK, Peter. As regras para o parque humano, cit., p. 34.
54
70
SLOTERDIJK, Peter. As regras para o parque humano, cit., p. 35.
55
72
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Assim falou Zaratustra, cit., p. 205 e 206.
57
73
Há de se ressaltar aqui a observação de Agamben da genial intuição de Karl Meuli que
relacionou as festas anômicas com o estado de suspensão da lei que caracteriza alguns institutos
jurídicos arcaicos, como o correspondente ao ponto central de nossa tese, o Friedlosigkeit do
germanos ou a perseguição do vargus no antigo direito inglês. Cf. AGAMBEN, Giorgio.
Estado de exceção, Trad.: Iraci D. Poleti, São Paulo: Boitempo, 2004, p. 109.
74
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Genealogia da moral, Segunda Dissertação, § 5, p. 54.
58
O medo que nos resta, ainda, talvez seja, sobretudo, em face dos
atuais acontecimentos vivenciados em sociedade, e por uma ilógica de
imunização que consome paradoxalmente as relações humanas em todos os
sentidos. Ademais, mesmo na não manutenção de figuras de transcendência,
tornamos-nos responsáveis por nós mesmos de tal forma que tudo isto
identifica minimamente que a relação do homem com o tempo e com a finitude
precisa ser repensada.
77
POST, Alberto Ermanno. Giurisprudenza etnologica, vol. I, Milano: Societa Editrice
Libraria, 1906.
62
78
POST, Alberto Ermanno. Giurisprudenza etnologica, vol. I, cit., p. 103 e 104.
79
Sobre a relação entre os conceitos de clã, tribo e nação cf. SOROKIN, Pitirim A. Sociedade,
cultura e personalidade: sua estrutura e sua dinâmica, vol. 1, Porto Alegre: Globo, 1968, p.
393-399
80
POST, Alberto Ermanno. Giurisprudenza etnologica, vol. I, cit., p. 104.
63
81
POST, Alberto Ermanno. Giurisprudenza etnologica, vol. I, cit., p. 104.
64
84
POST, Alberto Ermanno. Giurisprudenza etnologica, vol. I, cit., p. 108.
85
Segundo Post: I - Ci imbattiamo da per tuto sulla terra in alcuni gruppi di carattere
essenzialmente gentilizio, i quali hanno per insegna un determinato ser organico, ordinariamente
un animale (totem). L' universalitá di tale fenomeno è fuori di dubbio. II - L'animale che funge
da totem è con ogni verosimiglianza sempre un capostipite mitico, giacchè è per lo meno certo
che la credenza in un capostipite comune sta in intima connessione col totemismo. Il genitore
comune originario è considerato come una divinità che ha assunto la forma di un animale. Per
66
conseguenza questo animale è l'insegna della stirpe. Portar quel contrassegno è la condizione
necessaria per poter dirsi appartenente ad una stirpe, e l'usurpazione del contrassegno proprio di
una stirpe diversa è una gravissima violazione del diritto intergentilizio. l'animale che funge da
totem è sempre oggetto di speciale venerazione; sopra tutto no è permesso frequentemente
mangiarne le carni. III - è ugualmente verosimile che in origine i totem fossero gruppi di parenti
ma è certo che ora non hanno questo carattere ben sí presentano struttura più vasta. IV - Spesso i
totem sono esogami; ed in tal caso figli, a seconda del sistema di parentela in loro
predominante, seguono il totem della madre ovvero quello del padre. V - I totem sono spesso
indipendenti dalle suddivisioni locali delle tribù. Vi possono esser persone appartenenti allo
stesso totem delle tribù. Vi possono esser persone appartenenti allo stesso totem che dimorano
lontanissimi l'una dall'altra, mentre ache in uno stesso villaggio possono dimorare persone
appartenenti a totem diversi. Sopra tutto frequente è il trovare lo stesso totem in tribù diverse.
Altrove i totem sembra invece siano soltanto suddivisioni di singole tribù. sovente presso una
popolazione vi è una serie di animali principali, caratterizzanti le stirpi, che alla loro volta hanno
una serie di altri animali subordinati. Con tutta verisimiglianza ognuno di questi animali
subordinati sta ad indicare l'avvenuto distacco di un determinato gruppo dal ceppo comune; di
modo che quel che si conserva sotto questa forma è la memoria di processi preistorici di
disintegrazione. VI - L'appartenere ad un totem ha senza dubbio determinati effetti di carattere
sociale. In ispecie tra i membri di uno stesso totem v'è obbligo di protezione reciproca. Allo
stesso modo sembra che costoro abbiano l'uno verso l'altro notevoli doveri d'ospitalità. I rapporti
reciproci di coloro che appatengono ad uno stesso totem non sono del resto ancora conoscitui
con precisione nei loro particolari [...] POST, Alberto Ermanno. Giurisprudenza etnologica, vol
I, p. 106-108.
86
FRAZER, James George. Totemism and exogamy, vol. I, New York: Cosimo, 2010, p. 3.
67
87
FRAZER, James George. Totemism and exogamy, vol. I, cit., p. 3 e 4.
88
FRAZER, James George. Totemism and exogamy, vol. I, cit., p. 5.
68
89
FRAZER, James George. Totemism and exogamy, vol. I, cit., p. 11.
90
FRAZER, James George. Totemism and exogamy, vol. I, cit., p. 25-46.
91
FRAZER, James George. Totemism and exogamy, vol. I, cit., p. 54.
92
Frazer estipula alguns exemplos de exogamias: “Exogamous Examples. — The Creek Indians
are at present divided phratries […] about twenty clans (Bear, Deer, Panther, Wild-Cat, Skunk,
Racoon, Wolf, Fox, Beaver, Toad, Mole, Maize, Wind, etc.), and some clans have become
extinct. These clans are (or were) exogamous; a Bear might not marry a Bear, etc. But further, a
Panther was prohibited from marrying not only a Panther but also a Wild-Cat. Therefore the
Panther and Wild-Cat clans together form a phratry. Similarly a Toad might not marry a
member of the extinct clan Tchu-Kotalgi; therefore the Toad and Tchu-Kotalgi clans formed
another phratry. Other of the Creek clans may have been included in these or other phratries; but
the memory of such arrangements, if they existed, has perished. The Moquis of Arizona are
divided into at least twenty-three totem clans, which are grouped in ten phratries ; two of the
phratries include three clans, the rest comprise two, and one clan (Blue-Seed- Grass) stands by
69
limitado seu gozo, pois só ele era quem comandava e usava da horda primitiva
em que vivam agrupados e esse primeiro contrato existente, um pacto de
sangue, acabara não resultando em benefício para as partes contratantes, pois
os “filhos” acabaram ficando sem quem os alimentava e protegia, além de ter
despertado a reprovação das “mães” que também ficavam sem o “genitor
fundamental”, fato que reforça a tese de estruturação de um matriarcado em
que a primeira lei fundadora da sociedade, ao mesmo tempo natural e social, é
a da proibição do incesto.95
96
POST, Alberto Ermanno. Giurisprudenza etnologica, vol. I, cit., p. 143-144.
97
Sobre o tema da vingança, cf. CARNIO, Henrique Garbellini. Direito e antropologia, cit., p.
150-164.
73
normas sociais. Ela estabelece que, quem mata, deve morrer, e foi forjada sob
exercício do princípio da retribuição.99
101
POST, Alberto Ermanno. Giurisprudenza etnologica, vol. I, cit., p. 29-30.
76
grupo gentílico perseguido como ponto inicial fulcral de nossa análise neste
trabalho.
102
POST, Alberto Ermanno. Giurisprudenza etnologica, vol. I, cit., p. 144-145.
77
103
As teses são: “1) A relação política originário é o bando (o estado de exceção como zona de
indistinção entre externo e interno, exclusão e inclusão). 2) O rendimento fundamental do poder
soberano é a produção da vida nua como elemento político original e como limiar de articulação
entre natureza e cultura, zoé e bíos. 3) O campo, e não a cidade, é hoje o paradigma biopolítico
do Ocidente. Cf. AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer I: o poder soberano e a vida nua, cit., p.
176.
78
104
ANTELO, Raul. Lindes, limites, limiares, Boletim de pesquisa NELIC, vol. 1, 2008, p. 9.
79
105
AGAMBEN, Giorgio. Política del exilio in Archipiélago, Cuadernos de crítica de la cultura,
n. 26-27, Barcelona: Letra e, 1996, p. 43.
106
A referência feita é à obra: LACLAU, Ernesto. La razón populista, Fondo de Cultura
Económica: Buenos Aires, 2005.
107
A referência a Jean-Luc Nancy é feita com base na obra L’imperatif catégorique. Cf.
NANCY, Jean-Luc. L’imperativo categorico, Nardò: Besa, 2011.
108
ANTELO, Raul. Lindes, limites, limiares, cit., p. 10.
80
109
AGAMBEN, Giorgio. Política del exilio, cit., p. 43.
110
TARIZZO, Davide. Filósofos em comunidade. Nancy, Esposito, Agamben in O retorno da
comunidade, Raquel Paiva (org.), Rio de Janeiro, Mauad X, 2007, p. 31 e 32.
81
111
NANCY, Jean-Luc. L’imperativo categorico, cit., p. 149 e 158.
82
112
BENVENISTE, Émile. Vocabulário das instituições indo-européias, vol. II, Campinas: ed.
Unicamp, 1995, p. 189.
83
113
MEIRA, Silvio. O homo sacer no antigo direito romano in Romanitas, Revista de cultura
romana (língua, instituições e direito), ano II, Rio de Janeiro: Romanitas Livraria Editora, 1959,
p. 76.
114
MEIRA, Silvio. O homo sacer no antigo direito romano, cit., p. 77.
84
5) Idem de Festo, e Tito Lívio, II, 33, III, 55, X 38. Todos esses
fragmentos referem-se a delitos:
115
MEIRA, Silvio. O homo sacer no antigo direito romano, cit., p. 80.
85
forma antiga de sacer. Esta referência teria cunho tanto jurídico quanto
religioso devido ao grande respeito que os romanos tinham em relação a seus
mortos.
tornando-se intocável não porque fosse execrado, mas porque era sagrado116.
O ato era, portanto, sacrificial.
116
MEIRA, Silvio. O homo sacer no antigo direito romano, cit., p. 96. Neste tópico o trecho
analisado de Macróbio seria “Pervenire autem ad Deos non potest anima, nisi libera ob onere
corporis fuerit: quod nisi morte fieri non potest”.
117
GAROFALO, Luigi. Sulla condizione di ‘homo sacer’ in età arcaica in Studia et documenta
historiae et iuris, Gabrius Lombardi (org.), Roma: Pontificia Universitas Lateranensis, 1990, p.
224.
87
121
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer I: o poder soberano e a vida nua, cit., p. 84-85.
122
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer I: o poder soberano e a vida nua, cit., p. 86.
90
128
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer I: o poder soberano e a vida nua, cit., p. 102-103.
93
129
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche e a genealogia do direito in Crítica da
Modernidade: diálogos com o direito, Ricardo Marcelo Fonseca (org.), Florianópolis: Fundação
Boiteux, 2005, p. 35.
130
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche e a genealogia do direito, Crítica da Modernidade,
cit., p. 35-36.
94
131
Cf. CARNIO, Henrique Garbellini. Notas sobre o pensamento antropológico jurídico de
Rudolf von Jhering in (Re)pensando o direito: estudos em homenagem ao prof. Cláudio de
Cicco, Alvaro de Azevedo Gonzaga e Antonio Baptista Gonçalves (org.), São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2010, p. 125-132.
132
Um texto interessante em que Jhering se dedica ao assunto é referente a sua conferência na
Sociedade Jurídica de Viena em 1844. Cf. JHERING, Rudolf von. Sobre el nascimiento del
sentimiento jurídico, Madrid: Minima Trotta, 2008, p. 31-67.
133
Cf. JHERING, Rudolf von. O espírito do direito romano: nas diversas fases de seu
desenvolvimento, vol. 1, Trad.: Rafael Benaion, Rio de Janeiro: editora Alba, 1943, p 91-93.
95
134
JHERING, Rudolf von. O espírito do direito romano: nas diversas fases de seu
desenvolvimento, vol. 1, cit., p. 93.
135
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Notas sobre direito, violência e sacrifício in Estado,
soberania, mundialização, vol. 5, n. 2, outubro de 2008, Curitiba, São Carlos: Dois pontos, p.
37.
96
em proveito dos deuses, podendo até ser morto pelo primeiro que assim o quisesse”136.
Matar o sacer sequer era considerado homicídio.
136
JHERING, Rudolf von. O espírito do direito romano: nas diversas fases de seu
desenvolvimento, vol. 1, cit., p. 203.
137
JHERING, Rudolf von. O espírito do direito romano: nas diversas fases de seu
desenvolvimento, vol. 1, cit., p. 203.
97
uma simples alegoria moral - portanto, racional -, mas sim, pelo contrário, é a
representação de um poder terrível, manifestado na “cólera” divina.
143
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano, cit., p. 25.
144
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profane, cit, p. 20.
100
O interessante é que não parece fácil, mas, sim, bem difícil para o
homem moderno aceitar que certos seres humanos pudessem crer que o
sagrado manifesta-se em pedras ou animais, por exemplo. A questão, contudo,
não diz respeito à veneração de uma pedra ou animal, mas ao fato de que
quando estas se revelavam enquanto hierofania, aquilo já não é uma mera
pedra ou um mero animal, mas o sagrado, o ganz andere.
145
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano, cit., p. 17-18.
101
150
GIRARD, René. O sacrifício, São Paulo: É realizações editor, 2011, p. 42-43.
151
Sobre o assunto, Cf. também GIRARD, René. Eu via Satanás cair como um relâmpago, São
Paulo: Paz e Terra, 2012, p. 155-218.
106
de um rei, para alcançar uma posição social elevada etc., do mesmo modo
podem representar ritos de sentido contrário.152
152
MAUSS, Marcel; HUBERT, Henri. Sobre o sacrifício, cit., p. 22.
107
153
MAUSS, Marcel; HUBERT, Henri. Sobre o sacrifício, cit., p. 60.
154
MAUSS, Marcel; HUBERT, Henri. Sobre o sacrifício, cit., p. 61.
108
158
GIRARD, René. O sacrifício, cit., p. 52.
111
159
GIRARD, René. O sacrifício, cit., p. 68-69.
112
160
GIRARD, René. O sacrifício, cit., p. 96.
113
163
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Além do bem e do mal, cit., § 257, p.153.
116
164
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Genealogia da moral, cit., Segunda Dissertação, § 9, p.
60-61.
117
165
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche e a genealogia do direito, cit., p. 35.
166
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche e a genealogia do direito, cit., p. 35-36.
118
ideia de nosso poder que nos valeu tudo o que nos foi dado,
devolvemos na medida em que nos concederam167.
167
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Aurora: reflexão sobre os preconceitos morais, Trad.:
Paulo César de Souza, São Paulo: Companhia das letras, 2004, § 112, p. 82.
168
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Aurora: reflexão sobre os preconceitos morais, cit., § 112,
p. 82.
169
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Aurora: reflexão sobre os preconceitos morais, cit., § 112,
p. 83.
119
170
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche e a genealogia do direito, cit., p. 37.
171
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche e a genealogia do direito, cit., p. 37.
172
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I, cit., p. 110.
120
173
Cf. KORSTANGE, Maximiliano E. Sobre la violencia: seis reflexiones marginales en
respuesta a S. Zizek, Nómadas, Revista Crítica de Ciencias Socieales y Jurídicas, n. 30, 2.2011.
174
Segundo o autor “en una sociedad como la nuestra […] múltiples relaciones de poder
atraviesan, caracterizan, constituyen el cuerpo social; no pueden disociarse, ni establecerse, ni
funcionar sin una producción, una acumulación, una circulación, un funcionamiento del
discurso verdadero. No hay ejercicio de poder sin cierta economía de los discursos de verdad
que funcionan en, a partir y a través de ese poder. El poder nos somete a la producción de la
verdad y sólo podemos ejercer el poder por la producción de la verdad. Eso es válido en
cualquier sociedad, pero creo que en la nuestra esa relación entre poder, derecho y verdad se
organiza de una manera muy particular”. FOUCAULT, Michel. Defender la sociedad, Buenos
Aires: Fondo de Cultura Económica, 2001, p. 34.
175
A ampliação do termo biopolítica num contexto mais amplo acontece, como indica Peter Pál
Pelbert, dois anos depois, em que se pode reencontrar a mesma expressão tanto no ultimo
123
capítulo de A vontade de saber, intitulado “Direito de morte e poder sobre a vida”, publicado em
1976, como na aula ministrada no Collège de France em março do mesmo ano, publicada
posteriormente como Em defesa da sociedade. Cf. PELBART, Peter Pál. Vida capital: ensaios
de biopolítica, São Paulo: Iluminuras, 2009, p. 55.
176
PELBART, Peter Pál. Vida capital, cit., p. 57.
177
Segundo Oswaldo Giacoia Junior, “esse sentido metafórico do corpo-mente-máquina
constitui, a meu ver, uma das mais produtivas chaves interpretativas para compreender o sentido
mais autêntico da problemática tese nietzscheana, de acordo com a qual, a despeito do
irresistível predomínio do ideal democrático, a escravização permanece incrustada no seio da
civilização moderna, como o abutre a dilacerar o fígado de prometeu”. GIACOIA JUNIOR,
Oswaldo. Sonhos e pesadelos da razão esclarecida: Nietzsche e a modernidade, Passo Fundo:
124
PUF, 2005, p. 189-190. Não é à toa que Foucault, no quadro geral da biopolítica e do biopoder,
renova a reflexão sobre o racismo.
178
Num perfil filosófico extremamente interessante, sobre o tema, Cf. BLUMEMBERG, Hans.
“Imitação da natureza”: contribuição à pré-história da ideia do homem criador in Mímesis e a
reflexão contemporânea, Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 2010, p. 87-189.
179
Sobre o assunto é interessante para a discussão a análise de Habermas, Cf. HABERMAS,
Jürgen. O futuro da natureza humana: a caminho de uma Eugenia liberal? São Paulo: Martins
Fontes, 2004, p. 84-91.
125
180
ESPOSITO, Roberto. Bíos: biopolitcs and philosophy, cit., p. 14.
126
183
Segundo Arendt: “até a terminologia aplicada ao apátrida deteriorou-se. A expressão "povos
sem Estado" pelo menos reconhecia o fato de que essas pessoas haviam perdido a proteção do
seu governo e tinham necessidade de acordos internacionais que salvaguardassem a sua
condição legal. A expressão displaced persons [pessoas deslocadas] foi inventada durante a
guerra com a utilidade única de liquidar o problema dos apátridas de uma vez por todas, por
meio do simplório expediente de ignorar a sua existência. O não-reconhecimento de que uma
pessoa pudesse ser "sem Estado" levava as autoridades, quaisquer que fossem, à tentativa de
repatriá-la, isto é, de deportá-la para o seu país origem, mesmo que este se recusasse a
reconhecer o repatriado em perspectiva como cidadão ou, pelo contrário, desejasse o seu retorno
apenas para puni-lo. Como os países não-totalitários, a despeito do clima de guerra, geralmente
têm evitado repatriações em massa, o número de pessoas sem Estado era substancialmente
elevado — ainda doze anos após o fim da guerra. A decisão dos estadistas de resolver o
problema do apátrida ignorando-o é revelada ainda pela falta de quaisquer estatísticas dignas de
confiança sobre o assunto. Contudo, sabe-se pelo menos que, enquanto existia 1 milhão de
apátridas.” ARENDT, Hannah. O declínio do estado nação e o fim dos direitos do homem in
Origens do totalitarismo: anti-semitismo, imperialismo e totalitarismo, Trad.: Roberto Raposo,
São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 313.
128
184
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo, cit., p. 305.
185
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo, cit., p. 325.
129
186
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo, cit., p. 306.
187
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo, cit., p. 320.
188
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo, cit., p. 320.
130
Além dessa forma, Arendt afirma que outro modo, menos seguro
e muito mais difícil, de passar de anomalia não reconhecida à posição de
exceção reconhecida seria se destacar como gênio, pois assim como a lei só
conhece uma diferença entre seres humanos: a diferença ente o não criminoso
normal e o criminoso anômalo, também a sociedade, conformista, reconhece
apenas uma fora de individualismo determinado, o gênio.189
189
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo, cit., p. 321.
190
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo, cit., p. 321.
131
192
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I, cit., p. 125.
193
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I, cit., p. 167.
194
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I, cit., p. 176.
195
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I, cit., p. 167.
133
196
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I, cit., p. 162.
197
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I, cit., p. 164.
134
198
A análise sobre os campos de concentração tem várias vertentes, em especial na dimensão da
filosofia estética. Para evitar delongas desnecessários e impor o que se busca com sua reflexão,
no caso, a figura do Muselman, sugerimos a leitura do texto Após Auschwitz de Jeanne Marie
Gagnebin. Cf. GAGNEBIN, Jean Marie. Lembrar, escrever, esquecer, São Paulo: Ed. 34, 2006,
cap. 5, p. 59-82.
199
ADORNO, Theodor. Educação após Auschwitz in Palavras e Sinais, Petrópolis: Vozes,
1995.
135
200
Theodor Adorno. Educação após Auschwitz, cit., p. 104.
201
Theodor Adorno. Educação após Auschwitz, cit., p. 105. A referência de Adorno seria a duas
obras de Freud, a saber, O mal-estar na civilização e Psicologia de grupo e a análise do ego.
136
202
LEVI, Primo. É isto um homem?, Rio de Janeiro: Rocco, 1988, p. 41.
203
LEVI, Primo. Os afogados e sobreviventes, Rio de Janeiro: Paz e terra, 1990, p. 47.
137
204
Jean Améry detalha a experiência do triunfo do campo sobre a questão da morte: “[…] Yet,
when they once fetched me from my cell after I already had a few months of punitive campo
behind me and the SS man gave me the friendly assurance that now I was to be shot, I accepted
it with perfect equanimity. ‘Now you’re afraid, aren’t you?’ the man who was just having fun
said to me. ‘Yes’, I answered, but more out of complaisance and in order not to provoke him to
acts of brutality by disappointing his expectations. No, we were not afraid of death. I clearly
recall how comrades in whose blose selections for the gas chambers were expected did not talk
about it, while with every sign of fear and hope they did talk about the consistency of the soup
that was to be dispensed. The reality of the camp triumphed effortlessly over death and over the
entire complex of the so-called ultimate questions. Here, too, the mind came up against its
limits. AMÉRY, Jean. At the mind’s limits: contemplations by a survivor on Auschwitz and its
realities, Bloomington: Indiana University Press, 1980, p. 18-19.
205
AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auschwitz: o arquivo e a testemunha, Trad.: Selvino
Assman, São Paulo: Boitempo, 2008, p. 55.
138
208
BETTELHEIM, Bruno. O coração informado: autonomia na era da massificação, Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1985, p. 117.
209
BETTELHEIM, Bruno. O coração informado, cit., p. 123.
140
210
BETTELHEIM, Bruno. O coração informado, cit., p. 127.
211
AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auschwitz, cit., p. 72-73.
141
214
A obra Eichmann en Jerusalém é uma fonte profícua para uma análise cuidadosa do que aqui
estamos abordando. Em suas palavras: “ «¿Por qué razón han sufrido los judíos tan triste
destino?» y «¿No cree el testigo que la última base del destino de este pueblo está formada por
un conjunto de motivaciones irracionales que los seres humanos no podemos alcanzar a
comprender?». ¿No se trata, quizá, de algo que bien pudiéramos llamar «espíritu de la historia,
que precisamente surte el efecto de impulsar los acontecimientos históricos, de un modo
independiente a la voluntad de los hombres»[…]” ARENDT, Hannah. Eichmann en Jerusalén:
uns studio sobre la banalidad del mal, 4 ed., Barcelona: Lumen, 2004, p. 17.
215
AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auschwitz, cit., p. 31.
143
217
Afirma o autor: “A perpetuidade dos direitos soberanos do corpo politico integral, do qual o
rei era a cabeça, era entendida como situada na Coroa, por vaga que possa ter sido essa noção,
sem a qual ficariam quase incompreensíveis as especulações em torno de “dois corpos” de um
rei: a Dignitas”. KANTOROWICZ, Ernst. Os dois corpos do rei, cit., p 233.
218
KANTOROWICZ, Ernst. Os dois corpos do rei, cit., p. 235.
145
219
ARENDT, Hannah. Sobre a violência, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 18.
220
ARENDT, Hannah. Sobre a violência, cit., p. 19.
147
a seguir, que se julgasse superior em força, haveria de mais uma vez tentar
estabelecer o domínio através da violência.
223
EINSTEIN, Albert; FREUD, Sigmund. Um diálogo entre Einstein e Freud: por que a
guerra?, cit., p. 32-33.
224
EINSTEIN, Albert; FREUD, Sigmund. Um diálogo entre Einstein e Freud: por que a
guerra?, cit., p. 37.
150
225
ARENDT, Hannah. Sobre a violência, cit., p. 20.
151
226
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I, cit., p. 35.
227
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I, cit., p. 22.
228
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Sobre direitos humanos na era da bio-política, cit., p. 284-
285.
152
229
Cf. AGAMBEN, Giorgio. On the limits of violence in Diacritics, vol. 39.4, Jhons Hopkins
University Press, 2012.
230
AGAMBEN, Giorgio. On the limits of violence, cit., p. 104.
153
231
AGAMBEN, Giorgio. On the limits of violence, cit., p. 108.
232
AGAMBEN, Giorgio. On the limits of violence, cit., p. 109.
155
233
AGAMBEN, Giorgio. On the limits of violence, cit., p. 109.
234
WEBER, Max Ensaios de sociologia, 3 ed., Trad.: Waltensir Dutra, Rev. Técnica: Fernando
Henrique Cardoso, Rio de Janeiro: LTC , 1974, p. 99.
156
241
GUERRA FILHO, Willis Santiago. (Anti-)Direito e força de lei/ lei., cit., p. 71.
242
BENJAMIN, Walter. Para una critica de la violencia, Trad.: Héctor A. Murena, Buenos
Aires: Editorial Leviatán, 1995, p. 46.
243
DERRIDA, Jacques. Força de lei: o fundamento místico da autoridade, Trad.: Leyla
Perrone-Moisés, São Paulo: Martins fontes, 2007, p. 72.
160
244
DERRIDA, Jacques. Força de lei: o fundamento místico da autoridade, cit., p. 73.
245
DERRIDA, Jacques. Força de lei: o fundamento místico da autoridade, cit., p. 74 e 75.
246
GIRARD, René. La violence et le sacré, Paris: Bernard Gasset, 1972.
161
247
GIRARD, René. La violence et le sacré, Paris: Bernard Gasset, 1972, p. 13 e 14.
248
GUERRA FILHO, Willis Santiago. (Anti-)Direito e força de lei/ lei., cit., p. 74.
249
SCHMITT, Carl. Legalidade e legitimidade, Trad.: Tito Lívio Cruz Romão, Belo Horizonte:
Del Rey, 2007, p. 3 e 4.
162
254
VIANELLO, Lorenzo Córdova. Derecho y poder, cit., p. 227.
255
Outra análise interessante nesta perspectiva seria o risco pela via das questões econômicas a
partir da lógica da distribuição de riquezas. Cf. BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma
outra modernidade. São Paulo: Editora 34, 2010, p. 23-60.
256
GUERRA FILHO, Willis Santiago. Por uma poética do direito: introdução a uma teoria
imaginária do direito (e da totalidade), Ano 3, Número 19, julho-outubro 2010, p. 19-68.
257
Expressão utilizada por Marcel Mauss para expressar os dois sentidos da palavra gift
enquanto presente e veneno, conforme as divergentes variações nas línguas germânicas. Cf.
MAUSS, Marcel. Ensaio de sociologia, 2 ed., São Paulo: Perspectiva, 2001, p. 363-367.
165
258
ESPOSITO, Roberto. Immunitas: protección y negación de la vida, Buenos Aires:
Amorrortu, 2009, p. 19.
259
ESPOSITO, Roberto. Immunitas: protección y negación de la vida, cit., p. 20-21.
260
ESPOSITO, Roberto. Immunitas: protección y negación de la vida, cit., p. 51.
166
261
Cf. CAILLOIS, Roger. El hombre y lo sagrado, 2ª ed., México: Fondo de Cultura
Económica, 1996, cap. V, p. 147 e segs.
262
Cf. ESPOSITO, Roberto. Termini della politica: comunità, immunità, biopolitica, 2 ed.,
Milano: Mimesis, p. 125-136.
263
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Direitos humanos na era da biopolítica, cit., p. 301.
167
264
WITTGENSTEIN, Ludwig. Vortrag über Ethik und andere kleine Schriften, Frankfurt; J.
Schule, 1989, p. 20.
168
CONSIDERAÇÕES FINAIS
265
DERRIDA, Jacques. A farmácia de Platão, 3 ed., São Paulo: Iluminuras, 2005, p. 75
266
Lembramos aqui também da interessantíssima noção de “estranho-familiar” (Das
Unheimliche) de Freud. Segundo o autor: “A palavra alemã ‘unheimlich’ é obviamente o oposto
de ‘heimlich’ [‘doméstica’], ‘heimisch‘ [‘nativo’] - o oposto do que é familiar; e somos tentados
a concluir que aquilo que é ‘estranho’ é assustador precisamente porque não é conhecido e
familiar. Naturalmente, contudo, nem tudo o que é novo e não familiar é assustador; a relação
não pode ser invertida. Só podemos dizer que aquilo que é novo pode tornar-se facilmente
assustador e estranho; algumas novidades são assustadoras, mas de modo algum todas elas.
Algo tem de ser acrescentado ao que é novo e não familiar, para torná-lo estranho. [...] O que
mais nos interessa nesse longo excerto é descobrir que entre os seus diferentes matizes de
significado a palavra ‘heimlich‘ exibe um que é idêntico ao seu oposto, ‘unheimlich‘. Assim, o
que é heimlich vem a ser unheimlich. (Cf. a citação de Gutzkow: ‘Nós os chamamos
‘unheimlich”; vocês o chamam “heimlich”.’) Em geral, somos lembrados de que a palavra
‘heimlich‘ não deixa de ser ambígua, mas pertence a dois conjuntos de idéias que, sem serem
contraditórias, ainda assim são muito diferentes: por um lado significa o que é familiar e
agradável e, por outro, o que está oculto e se mantém fora da vista. [...] Cf. FREUD, Sigmund.
O estranho in Edição Standard Brasileira das obras psicológicas de Sigmund Freud, J. Strachey
(org.) vol V, XVII, Rio de Janeiro: Imago editor, 1986. p. 240-241.
169
267
BASTIDE, Roger. O sagrado selvagem e outros ensaios, São Paulo: Cia das Letras, 2006, p.
251-252.
170
268
Cf. ESPOSITO, Roberto. Immunitas, cit., p. 19 e GUERRA FILHO, Willis Santiago.
Luhmann and Derrida: immunology and autopoiesis in Luhmann Observed: Radical
Theoretical Encounters, A. la Cour and Philippopoulos-Mihalopoulos, Basingstoke: Palgrave,
2012.
172
13) Para o trabalho, foi necessário entender que há, além de uma
condição normativa básica nos primitivos - representada na proibição de
incesto -, outras duas condições muito importantes que se fundamentam na
ideia de solidariedade gentílica, a saber, a proibição de derramamento de
sangue entre membros da tribo e a vingança de sangue em relação com outros
membros de fora da tribo. Com isso, verifica-se a força do conceito de bando -
e ainda mais da perplexidade do abandono – bem como a constatação de que
a vingança de sangue é uma das mais antigas normas sociais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______. Estado de exceção, Trad.: Iraci D. Poleti, São Paulo: Boitempo, 2004.
______. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I, 2 ed., Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2010.
BASTIDE, Roger. O sagrado selvagem e outros ensaios, São Paulo: Cia das
Letras, 2006.
BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo:
Editora 34, 2010.
FONSECA, Márcio Alves da. Michel Foucault e o direito, São Paulo: Max
Limonad, 2002.
GAGNEBIN, Jean Marie. Lembrar, escrever, esquecer, São Paulo: Ed. 34,
2006.
______. GIRARD, René. Eu via Satanás cair como um relâmpago, São Paulo:
Paz e Terra, 2012.
GRAVES, Robert. O grande livro dos mitos gregos, São Paulo: Ediouro.
JHERING, Rudolf von. O espírito do direito romano: nas diversas fases de seu
desenvolvimento, vol. 1, trad.: Rafael Benaion, Rio de Janeiro: editora Alba,
1943.
LANG, Andrew. The secret of the totem, London, New York, Bombay:
Longmans, Green and co, 1905.
MAUSS, Marcel; HUBERT, Henri. Sobre o sacrifício, Trad.: Paulo Neves, São
Paulo: Cosac Naify, 2005.
______. Além do bem e do mal: prelúdio a uma filosofia do futuro, Trad.: Paulo
César de Souza, São Paulo: Companhia das letras, 2005.
______. Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém, 13 ed.,
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
SCHMITT, Carl. Legalidade e legitimidade, Trad.: Tito Lívio Cruz Romão, Belo
Horizonte: Del Rey, 2007.
______. Os três tipos puros de dominação legal in Max Weber, Gabriel Cohn
(org), 7 ed., 2003, São Paulo: Ática, n. 4.