Aristofanes - "Tesmoforiantes" (Trecho)

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“Nós, então, tendo avançado, elogiaremos a nós mesmas.

Na verdade todo tipo fala em


público muito mal da raça feminina, que somos todo o mal para os homens e que de nós
vem tudo: discórdias, querelas, rebeliões terríveis, tristezas, guerra. Vejamos, se somos
mesmo mal, e não nos deixam sair, nem ser apanhadas com a cabeça de fora, são
tomados de loucura; vocês que deveriam libar e se alegrar, se é verdade, ao descobrirem
que o mal sumiu de casa e não o encontram lá dentro. E se dormimos na casa de outros,
por brincarmos e estarmos cansadas, todo tipo procura o mal dando voltas em torno da
cama; E, se nos debruçamos à janela, querem contemplar o mal, e se, por vergonha,
retrocedemos, muito mais o tipo deseja ver de novo o mal debruçado. Assim, somos
evidentemente muito melhores do que vocês. Pode-se ter a prova. Damos a prova de
quais são os piores. Pois nós dizemos que são vocês, e vocês que somos nós. Então,
examinemos e confrontemos cada um. (...) Assim, nós nos vangloriamos de ser muito
melhores do que os homens. Nenhuma mulher, tendo roubado cinquenta talentos do
tesouro público, iria à Acrópole em uma parelha; mas o máximo que ela subtrai, um
cesto de trigos tendo roubado do marido, ela o devolve no mesmo dia. Mas nós, muitos
destes poderíamos apontar e, além disso, são mais glutões do que nós; e ladrões de
roupas, bufões e traficantes de escravos. E com certeza quanto aos recursos são piores
do que nós para conservá-los. Pois nós ainda conservamos o tear, o pau, os cestinhos, a
sombrinha. Para muitos destes nossos maridos desapareceu de casa o pau com a própria
lança. E, para muitos outros ombros nas campanhas, lança-se a sombrinha. Nós,
mulheres de direito, censuraríamos muitos atos aos homens, com justiça; e um é
enorme. Pois era preciso que, se uma de nós parisse um taxiarca (comandante de
infantaria), ou um general, que ela recebesse uma honra, dar-se a ela a proedria (lugar à
frente) nas Estênias e nas Ciras (festivais femininos a Demeter e Perséfone); e nas festas
as quais nós celebramos (...)”

ARISTÓFANES ( c. 447 a.C. - c. 385 a.C.) em ‘Tesmoforiantes’. Tradução de Ana


Maria César Pompeu.

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