Meireles, Rainha Louca
Meireles, Rainha Louca
Batedores e lacaios,
camaristas, cavaleiros,
Colinas de esquecimento,
duramente condenados
os pensamentos recordavam
em crepusculares relinchos.
e em cifras te imortalizas...
Cortesias, cortesias
amáveis, de moribundo.
Reparti-vos, reparti-vos,
Treva da noite,
lanosa capa
aglomerados...
Agora, tudo
jaz em silêncio:
amor, inveja,
ódio, inocência,
no imenso tempo
se estão lavando...
Grosso cascalho
da humana vida...
Negros orgulhos,
ingênua audácia,
e fingimentos
e covardias
(e covardias!)
no imenso tempo,
- à água implacável
do tempo imenso,
rodando soltos,
miséria exposta...
Parada noite,
suspensa em bruma:
não, não se avistam
os fundos leitos...
Mas, no horizonte
do que é memória
da eternidade,
referve o embate
de antigas horas,
de antigos fatos,
de homens antigos.
E aqui ficamos
todos contritos,
a ouvir na névoa
o desconforme,
submerso curso
dessa torrente
do purgatório...
em crime exaustos,
purificados?
FIM