Teste de Avaliacao de Portugues 9º Ano PDF
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(Adaptado)
Grupo I
Parte A
Lê o texto seguinte.
Joana Ricou
30
Estudou Arte e Biologia na Carnegie Mellon University de Pittsburgh (2004) e completou o
mestrado em Arte Multimédia na Duquesne Uni-versity (2009). Expõe regularmente nos Estados
Unidos, em espaços de arte e ciência, destacando-se o Andy Warhol Museum (2007), o Carnegie
Science Center (2010) e o Children’s Museum of Pittsburgh (2010). Em 2011, integrou uma
35 mostra em Portugal, no Pavilhão de Ciência Viva. Algumas das suas peças inspiraram capas de
jornais, como é o caso de “Outro eu”, capa da Nature (junho 2012), ou “Hipocampo de rato”, capa
do Journal of Neuroscience (2005). É representada pela Galeria Guichard (Chicago).
Joana Ricou deixou de lado a investigação e trabalha agora como artista plástica e
comunicadora de ciência. No entanto, todos os seus projetos estão ligados às últimas
40 descobertas científicas – o que a mantém em contacto com a área e com investigadores com
quem vai trocando impressões.
in Ciência Hoje, http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=56672&op=all
(adaptado e com supressões, consult. em 17-01-2013)
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1
1. As afirmações apresentadas de (A) a (E) correspondem a ideias-chave do texto. Escreve a sequência
de letras que corresponde à ordem pela qual essas ideias aparecem no texto. Começa pela letra (C).
(A) Na nossa memória, uma parte da informação é “guardada” conscientemente, outra parte,
aleatoriamente.
(B) A memória serviu de base ao tema que escolheu para a criação das suas obras.
(C) A artista plástica Joana Ricou vai inaugurar a sua primeira exposição individual em Portugal.
(D) A imagem, guardada na memória, é feita de momentos neutros e descontínuos.
(E) Os trabalhos de Joana Ricou são feitos de materiais diversos e podem ser visitados no horário
indicado.
2. Seleciona, para responderes a cada item (2.1 a 2.3), a única opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto.
2.1. A atração de Joana Ricou pela ciência da mente nasceu da formação que fez no laboratório de
neurociência.
O título do texto sugere que “A multiplicidade do ser” surge como …
a. efeito independente da memória. b. obstáculo à memória.
c. consequência da memória. d. finalidade da memória.
2.2. A caixa de texto fornece informação sobre …
a. a infância de Joana Ricou. b. as descobertas de Joana Ricou enquanto investigadora científica.
c. a intervenção da artista nos meios de comunicação social.
d. os estudos e a carreira profissional da artista.
2.3. Conforme a informação transmitida na caixa de texto, os projetos de Joana Ricou …
a. permanecem ligados às descobertas científicas.
b. relacionam-se exclusivamente com a Galeria Guichard.
c. foram postos de lado, pois decidiu dedicar a sua vida à arte.
d. passam por se dedicar exclusivamente à investigação científica.
3. Identifica o antecedente do pronome a negrito na frase: «[…]existe também informação que vamos
perdendo”, assevera.» (ll19/20)
Parte B
Lê agora o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
Ao fundo, e com um altar-mor, era o gabinete de trabalho de Jacinto. A sua cadeira, grave e abacial1,
de couro, com brasões, datava do século XIV, e em torno dela pendiam numerosos tubos acústicos,
que, sobre os panejamentos de seda cor de musgo e cor de hera, pareciam serpentes adormecidas e
suspensas num velho muro de quinta. Nunca recordo sem assombro a sua mesa, recoberta toda de
5 sagazes e subtis instrumentos para cortar papel, numerar páginas, colar estampilhas2, aguçar lápis,
raspar emendas, imprimir datas, derreter lacre3, cintar documentos, carimbar contas! Uns de níquel4,
outros de aço, rebrilhantes e frios, todos eram de um manejo laborioso e lento: alguns com as molas
rígidas, as pontas vivas, trilhavam e feriam: e nas largas folhas de papel watman em que ele escrevia,
e que custavam quinhentos reis, eu por vezes surpreendi gotas de sangue do meu amigo. Mas a todos
10 ele considerava indispensáveis para compor as suas cartas (Jacinto não compunha obras), assim
como os trinta e cinco dicionários, e os manuais, e as enciclopédias, e os guias, e os diretórios,
atulhando uma estante isolada, esguia, em forma de torre, que silenciosamente girava sobre o seu
pedestal, e que eu denominara o Farol. O que porém mais completamente imprimia àquele gabinete
um portentoso5 caráter de civilização eram, sobre as suas peanhas6 de carvalho, os grandes
2
aparelhos, facilitadores do pensamento – a máquina de escrever, os autocopistas7, o telégrafo Morse,
15 o fonógrafo8, o telefone, o teatrofone9, outros ainda, todos com metais luzidios, todos com longos fios.
Constantemente sons curtos e secos retiniam no ar morno daquele santuário. Tic, tic, tic! Dlim, dlim,
lim! Crac, crac, crac! Trrre, trrre!... Era o meu amigo comunicando. Todos esses fios mergulhavam em
forças universais. E elas nem sempre, desgraçadamente, se conservavam domadas e disciplinadas!
Jacinto recolhera no fonógrafo a voz do conselheiro Pinto Porto, uma voz oracular10 e rotunda11, no
20
momento de exclamar com respeito, com autoridade:
– Maravilhosa invenção! Quem não admirará os progressos deste século?
Pois, numa doce noite de S. João, o meu supercivilizado amigo, desejando que umas senhoras
parentas de Pinto Porto (as amáveis Gouveias) admirassem o fonógrafo, fez romper do bocarrão
25 do aparelho, que parece uma trompa, a conhecida voz rotunda e oracular:
– Quem não admirará os progressos deste século?
Mas, inábil ou brusco, certamente desconcertou alguma mola vital – porque de repente o
30 fonógrafo começa a redizer, sem descontinuação, interminavelmente, com uma sonoridade cada
vez mais rotunda, a sentença do conselheiro:
– Quem não admirará os progressos deste século?
Debalde, Jacinto, pálido, com os dedos trémulos, torturava o aparelho. A exclamação
35
recomeçava, rolava, oracular e majestosa:
- Quem não admirará os progressos deste século?
Enervados, retirámos para uma sala distante, pesadamente revestida de panos de arrás.
40 Em vão! A voz de Pinto Porto lá estava, entre os panos de Arrás, implacável e rotunda:
– Quem não admirará os progressos deste século?
Furiosos, enterrámos uma almofada na boca do fonógrafo, atirámos por cima mantas,
cobertores espessos, para sufocar a voz abominável. Em vão! sob a mordaça, sob as grossas
lãs, a voz rouquejava, surda mas oracular:
45 – Quem não admirará os progressos deste século?
As amáveis Gouveias tinham abalado, apertando desesperadamente os xailes sobre a cabeça.
Mesmo à cozinha, onde nos refugiámos, a voz descia, engasgada e gosmosa:
– «Quem não admirará os progressos deste século?»
Fugimos espavoridos para a rua.
50
Era de madrugada.
Eça de Queirós, «Civilização», Contos, Livros do Brasil, 2000
Vocabulário
1 2
Abacial: como a cadeira de um abade (superior religioso). Estampilhas: selos.
3
Lacre: mistura de uma substância resinosa com matéria corante que serve para fechar e selar cartas.
4 5
Níquel: moeda feita com este metal. Portentoso: assombroso.
6
Peanhas: bases ou pedestais em que estão colocados objetos.
7 8
Autocopistas: aparelhos próprios para autocopiar. Fonógrafo: instrumento que fixa e reproduz os sons.
9
Teatrofone: aparelhagem que transmitia diretamente de teatros, por meio de um telefone e de um microfone, peças
musicais em exibição.
10 11
Oracular: profética, que antevê o futuro. Rotunda: sonora.
12
Arrás: tapeçaria antiga para ornar paredes de salas ou galerias.
3
Responde, de uma forma completa e bem estruturada, aos seguintes itens.
4. No primeiro parágrafo, o narrador descreve o gabinete de trabalho da personagem Jacinto.
Indica os três aspetos do gabinete do amigo que mais causaram admiração no narrador.
9. Identifica no segmento textual: «Constantemente sons curtos e secos retiniam no ar morno daquele
santuário.» (ll.17/18), os recursos expressivos presentes e refere a sua expressividade.
Grupo II
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Identifica a classe e subclasse das palavras sublinhadas nas frases abaixo, copiando a alínea e
o respetivo número.
a. Eram vários os aparelhos facilitadores do pensamento. 1. Advérbio de predicado com valor de
modo
b. (…) apertando desesperadamente os xailes sobre a cabeça (…) (l.46) 2. Adjetivo qualificativo
d. Ao fundo, via-se um escritório, que era a divisão mais organizada. 4. Pronome relativo
4. Reescreve em discurso indireto a fala do conselheiro Pinto Porto «– Maravilhosa invenção! Quem não
admirará os progressos deste século?», iniciando-a como se segue:
O conselheiro Pinto exclamou … e perguntou …. .
5. Classifica cada oração sublinhada nas frases abaixo, associando cada alínea ao número correto.
a. «[…] desejando que umas senhoras parentas de Pinto Porto […] admirassem o fonógrafo, […]» (ll.23/24)
b. «[…] fez romper do bocarrão do aparelho, que parece uma trompa, […]» (ll.24/25)
c. «[…] porque de repente o fonógrafo começa a redizer,[…]» (ll.29/30)
4
6. Indica o tempo e o modo das formas verbais destacadas na passagem seguinte, selecionando as
alíneas corretas.
«Pois, numa doce noite de S. João, o meu supercivilizado amigo, desejando que umas senhoras
parentas de Pinto Porto (as amáveis Gouveias) admirassem o fonógrafo, fez romper do bocarrão do
aparelho, que parece uma trompa, a conhecida voz rotunda e oracular» (ll.23/25).
Grupo III
Partindo do tópico abaixo, elabora um texto expositivo-argumentativo, de 180 a 240 palavras, em que
fundamentes o teu ponto de vista, recorrendo, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles
com, pelo menos, um exemplo significativo.
Hoje em dia, assistimos a avanços científicos e tecnológicos jamais vistos na história das civilizações.
No entanto, nem sempre sãosinónimo de qualidade de vida. Vive-se correndo contra o relógio,
justificando a pressa com a convicção de que tempo é dinheiro.
FIM