Biodiesel - Matérias-Primas, Tecnologias de Produção e
Biodiesel - Matérias-Primas, Tecnologias de Produção e
Biodiesel - Matérias-Primas, Tecnologias de Produção e
Resumo
A cadeia de produção e uso de biodiesel se desenvolveu enormemente em todo o mundo e hoje
este biocombustível representa uma das principais alternativas aos combustíveis derivados do
petróleo. Vários estudos já demonstraram a sua compatibilidade com o óleo diesel e as
especificações evoluíram para garantir a segurança e a satisfação dos usuários. Apesar de já ter
atingido certo equilíbrio em economias mais fortes como Alemanha, Estados Unidos e França, esta
cadeia continua a se expandir em economias emergentes como o Brasil, onde se consolidou como
um projeto de amplo interesse científico, tecnológico, político e econômico. Este artigo tem por
objetivo revisar aspectos fundamentais da cadeia de produção e uso de biodiesel, particularmente
em relação à disponibilidade de matérias-primas e à tecnologia química associada a sua conversão
em produtos com propriedades compatíveis ao uso em motores do ciclo diesel.
Palavras-chave: Biodiesel; matérias-primas; catalisadores; propriedades combustíveis; aditivos.
1. Introdução
2. Breve histórico da introdução do biodiesel na matriz energética brasileira
3. Óleos e gorduras: definição e propriedades
4. Matérias-primas para a produção de biodiesel
5. Tecnologias de produção de biodiesel
5.1. Produção de biodiesel por catálise homogênea
5.2. Produção de biodiesel por catálise heterogênea
5.3. Produção de biodiesel por catálise enzimática
5.4. Intensificação de processos
6. Propriedades combustíveis do biodiesel
6.1. Propriedades de fluxo a frio do biodiesel
6.2. Estabilidade à oxidação
7. Considerações finais
particularmente quando o seu uso não exige corresponde aos ésteres alquílicos derivados
adequações significativas na tecnologia de óleos ou gorduras de origem vegetal ou
atualmente empregada nos motores de animal.
combustão.1,2
A literatura é farta em excelentes revisões
Nas últimas décadas, pesquisas bibliográficas e publicações sobre o tema,
envolvendo fontes renováveis de energia mas para uma visão global de toda a cadeia
destacaram-se mundialmente, das quais se de produção do biodiesel, sugere-se uma
podem citar as energias solar, eólica, consulta aos livros publicados pela American
hidroelétrica, geotérmica, das marés e Oil Che ists’ “o iet e pelo p ofesso Ma ti
aquelas derivadas da biomassa, incluindo o Mittelbach, da Universidade Técnica de Graz
biogás e os biocombustíveis líquidos, dentre (Áustria).3-5
outros.
Dentre as fontes de biomassa
prontamente disponíveis, óleos e gorduras de 2. Breve histórico da introdução do
origem vegetal e animal têm sido largamente biodiesel na matriz energética
investigados como candidatos a programas brasileira
de energia renovável porque possibilitam a
geração descentralizada de energia e um
forte apoio à agricultura familiar, criando No Brasil, os primeiros estudos
melhores condições de vida em regiões relacionados ao uso de óleos vegetais e seus
carentes, valorizando potencialidades derivados como combustíveis alternativos ao
regionais e oferecendo alternativas a diesel de petróleo tiveram início logo após a
problemas econômicos e socioambientais de Primeira Guerra Mundial, por motivos de
difícil solução. segurança nacional.6 Esses estudos
Mais do que uma alternativa culminaram com a criação do Programa Pro-
ambientalmente correta para países em óleo em meados da década de 70, cujos
desenvolvimento como o Brasil, a adoção de resultados foram posteriormente registrados
combustíveis derivados de óleos e gorduras na forma de relatórios oficiais do governo
em matrizes energéticas nacionais brasileiro.7 Tais pesquisas foram realizadas
proporciona um considerável nicho de com uma grande variedade de óleos virgens
desenvolvimento socioeconômico para a e, nos testes realizados em caminhões e
região, uma vez que além de fornecer um máquinas agrícolas, foi ultrapassada a meta
novo estímulo às cadeias produtivas de de um milhão de quilômetros rodados. No
oleaginosas, com a subsequente geração de entanto, esses estudos demonstraram a
milhões de empregos diretos e indiretos, existência de algumas desvantagens no uso
proporciona uma redução gradual dos níveis direto de óleos virgens: (a) a ocorrência de
de importação de derivados de petróleo, excessivos depósitos de carbono no motor;
favorecendo assim o equilíbrio de balanças (b) a obstrução nos filtros de óleo e bicos
comerciais normalmente deficitárias. injetores; (c) a diluição parcial do combustível
no lubrificante; (d) o comprometimento da
De acordo com a legislação vigente, o
durabilidade do motor; e (e) um aumento
biodiesel pode ser classificado como
considerável em seus custos de manutenção.
qualquer combustível alternativo, de
Além disto, testes preliminares também
natureza renovável, que possa oferecer
foram realizados com ésteres metílicos de
vantagens socioambientais ao ser empregado
óleos vegetais e, desde então, ficaram
na substituição total ou parcial do diesel de
comprovadas as vantagens obtidas por meio
petróleo em motores de ignição por
da reação de transesterificação, que fornecia
compressão interna (motores do ciclo Diesel).
um produto de menor viscosidade e
No entanto, o único tipo de biodiesel já
melhores propriedades combustíveis do que
regulamentado no território brasileiro
os óleos vegetais propriamente ditos. Várias
(misturas B5), limitando o uso de biodiesel Biocombustíveis (ANP) por meio da Lei
puro (B100) a situações especiais como a 11.097 de 13 de janeiro de 2005, que
geração de energia elétrica em grupos autorizou seu uso em misturas B2 com o
geradores. Havia na ocasião uma clara intuito de torná-lo obrigatório a partir de
tendência de apoio ao desenvolvimento de janeiro de 2008. Neste ano, o uso da mistura
tecnologia nacional para a produção de B5 passou a ser autorizada e o seu uso
ésteres etílicos e à diversificação de matérias- compulsório, inicialmente previsto para
primas para uso industrial; no entanto, o janeiro de 2013, foi antecipado para janeiro
complexo soja figurava como o grande de 2010. Em 2014, a Lei 13.033 definiu que a
mantenedor do programa, pelo menos até mistura de biodiesel ao óleo diesel deveria
que novas rotas tecnológicas pudessem ser aumentada inicialmente para 6 % (B6) a
atingir a maturidade necessária à exploração partir de 1º de julho e depois para 7 % (B7) a
comercial. O Programa também contava com partir de 1º de novembro, demonstrando a
amplo apoio da sociedade, de pesquisadores crescente importância desta cadeia de
especializados em várias etapas da cadeia de produção para o desenvolvimento político e
produção, de associações de produtores tecnológico do Brasil.6,10 A Figura 1 apresenta
rurais, de fabricantes de motores, do poder a implantação progressiva do uso obrigatório
público e de usuários finais como operadores de misturas binárias no Brasil, cuja expansão
de frotas públicas e particulares, dentre foi definida pela Lei 13.263 de 23 de março
outros. Apesar disto, o PROBIODIESEL acabou de 2016, que estabeleceu novo marco
se limitando a um conjunto de testes de regulatório para o uso de B8 e de misturas
campo, principalmente porque a posse de superiores.
um novo Governo, poucos meses após a sua
De acordo com o Boletim Mensal do
criação, não propiciou o ambiente político
Biodiesel de setembro de 2016, a capacidade
necessário à sua implantação e expansão.
total de produção autorizada pela ANP para
Posteriormente, em 02 de julho de 2003, agosto foi de 20.480,81 m3/dia (ou
foi instituído um grupo de trabalho aproximadamente 6,4 milhões de tonelada
interministerial encarregado de apresentar por ano),11 cuja operação estava distribuída
estudos sobre a viabilidade de utilização de em 50 unidades industriais de portes
biodiesel como fonte alternativa de energia variados. Além disto, duas novas unidades de
para o Brasil. Como resultado, foi elaborado produção e dois projetos de expansão de
um novo relatório que deu embasamento unidades já existentes já estavam
para a criação do Programa Nacional de autorizadas, o que injetará mais 2005 m3/dia
Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), com seu no mercado e aumentará a capacidade de
lançamento oficial em 06 de dezembro de produção anual brasileira em 9,79 %. A Figura
2004. Com isto, para reorganizar a sociedade 2 compara a produção brasileira de biodiesel
em torno do tema e consolidar um sistema em 2015 com a observada em outros países
gerencial de articulação dos diversos atores onde a sua utilização já se encontra
envolvidos, a Rede Brasileira de Tecnologia regulamentada e, em função da aparente
de Biodiesel (RBTB) também foi criada. Essa saturação deste mercado nos Estados
rede, que contou com a participação de Unidos, espera-se que o novo marco
representantes de 22 estados da federação regulatório brasileiro venha a nos posicionar
no momento de sua criação, tem viabilizado como o principal produtor mundial em pouco
a realização de um mapeamento da tempo.11,12 Ainda com bases nesses dados, a
competência instalada no país, servindo ociosidade do setor em relação à sua
como base para estruturação, implantação e capacidade total de produção foi de
divulgação dos resultados do programa. aproximadamente 46 % em 2015, algo
semelhante à observada em agosto de 2016
O uso de biodiesel em mistura ao diesel
segundo o Boletim Mensal da ANP (327.183
de petróleo foi regulamentado pela Agência
m3 produzidos para uma capacidade total de
Nacional de Petróleo, Gás Natural e
614.424 m3).
Rev. Virtual Quim. |Vol 9| |No. 1| |317-369| 321
Ramos, L. P. et al.
Rico e Sauer6 concluíram que com o PNPB, organizados pela ANP a fim de estimular o
durante o período de 2005-2014, o biodiesel investimento na produção e controlar a
produzido representou 2,7 % do diesel comercialização nacional do produto.
consumido e 20 % do diesel importado, Ademais, os leilões têm como intuito garantir
evitando gastos de 11 bilhões de dólares em que a mistura do biodiesel ao diesel de
importações para o Brasil. Além disso, o petróleo seja realizada pelas distribuidoras,
contínuo aumento de biodiesel na mistura que negociam os produtos diretamente com
tem oferecido grandes benefícios ambientais os postos de distribuição. Assim, por essa
como a redução das emissões de gases de mesma razão, sempre houve um grande
efeito estufa. No entanto, do ponto de vista equilíbrio entre a oferta e a demanda,
social, nota-se que a política de conforme se vê comprovado na série
favorecimento de agricultores familiares histórica do Boletim de Produção do
envolvidos na produção agrícola ainda exige Biodiesel da ANP11. Como exemplo, 327.183
maior aperfeiçoamento, visando oferecer m3 foram produzidos em agosto de 2016 para
maior retorno e maior incentivo à oferta de atender à demanda compulsória de 342.404
matérias-primas mais sustentáveis. m3 de B100 (biodiesel especificado) para uso
em misturas B7 em todo o país.
A aquisição do biodiesel produzido no
Brasil é realizada somente por meio de leilões
Figura 2. Posição do Brasil perante a produção mundial de biodiesel em bilhões de litros por
ano, segundo o Relatório da Rede de Políticas de Energias Renováveis (REN 21) de 201612
O
O H
H C
C
O O C H
O O C H
C
C O C H
O C H
O
O
CH3 O P O C H
HO P O C H
H3C N+ O- H
OH H
CH3
(A)
(B)
O O
H H
C C
O O C H O O C H
C C
O C H O C H
O O
H O P O C H CH3 O P O C H
H N+ O- H H3C N+ O- H
-
H CH3 COO
(C) (D)
Os óleos e gorduras triacilglicerídicos são aqueles que compõem óleos de soja, milho e
constituintes essenciais de todas as formas girassol.
vivas de plantas e animais e estão largamente
distribuídos na natureza. Todas as espécies
de plantas ou animais desenvolvem 4. Matérias-primas para a
quantidade, ainda que pequena, de óleos ou produção de biodiesel
gorduras durante o seu ciclo de vida.
Entretanto, poucas espécies são capazes de
produzi-los em quantidade e forma
O Brasil, por ser detentor de uma grande
suficientemente disponível para que se
extensão territorial, apresenta uma ampla
tornem artigos de exploração comercial. É
diversidade de matérias-primas para a
importante ressaltar que o grau de
produção de biodiesel, como a soja, o
insaturação, ou número de ligações duplas
girassol, a mamona, o milho, o pinhão-
entre os carbonos que formam os ácidos
manso, o caroço de algodão, a canola, o
graxos, bem como o tamanho da cadeia,
babaçu, o buriti, o dendê, a macaúba e o
estão diretamente relacionados com as
amendoim, além das de origem animal como
propriedades físicas e químicas desses
o sebo bovino e as gorduras de frango e de
produtos.
suínos. Óleos de descarte, óleos de vísceras
Um exemplo de propriedade físico- de peixes e óleos usados para cocção de
química que é profundamente alterada com a alimentos (óleo de fritura) também são
estrutura da cadeia do ácido graxo é o ponto utilizados como matérias-primas alternativas.
de fusão, que diminui drasticamente com o No entanto, é importante ressaltar que as
aumento do número de ligações duplas, propriedades químicas e físicas da matéria-
fazendo com que os triacilglicerídeos prima estão diretamente associadas à
saturados sejam sólidos à temperatura tecnologia e ao rendimento do processo de
ambiente, como aqueles que compõem o conversão e, por conseguinte, às variações na
sebo animal e óleo de palma (dendê), e que qualidade final do produto para fins
os insaturados ou poli-insaturados sejam combustíveis.
líquidos à temperatura ambiente, como
326 Rev. Virtual Quim. |Vol 9| |No. 1| |317-369|
Ramos, L. P. et al.
Mais de 350 espécies de plantas com produtivas que, em muitos casos, ainda se
potencial para utilização na produção de encontram nos primórdios de seu
biodiesel já foram identificadas desenvolvimento. Assim, seria coerente
globalmente.14 Em geral, pode-se afirmar que reconhecer que a viabilidade de uma
ésteres alquílicos de ácidos graxos podem ser matéria-prima depende de sua
produzidos a partir de qualquer tipo de competitividade tanto técnica quanto
matéria-prima oleaginosa, mas nem toda econômica e socioambiental, passando
matéria-prima pode ser utilizada para a inclusive por importantes aspectos como: (a)
obtenção de um produto que atenda às o teor de óleo vegetal e a complexidade
especificações internacionais do biodiesel. exigida no processo de extração; (b) a
Isso ocorre porque algumas delas produtividade por unidade de área; (c) o
apresentam propriedades não ideais que são equilíbrio agronômico; (d) a atenção a
transferidas para o biocombustível e que o diferentes sistemas produtivos; (e) o ciclo de
torna inadequado para uso direto (B100) em vida da planta (sazonalidade); (f) sua
motores do ciclo Diesel. Uma propriedade adaptação territorial; e (g) o impacto
indesejada é a baixa estabilidade à oxidação, socioambiental de seu desenvolvimento.
que torna o armazenamento do biodiesel Avaliações como essas são absolutamente
mais complexo e compromete o seu uso fundamentais para a compilação da análise
direto em motores. Por outro lado, do ciclo de vida do biodiesel, fato hoje
viscosidades muito altas são tecnicamente considerado importante para um país que
indesejáveis; por exemplo, o óleo de pretende explorar o potencial energético de
mamona (~239 mm2/s) produz ésteres de seus recursos naturais (biomassa) de forma
viscosidade (~14 mm2/s) superior aos limites sustentável. Naturalmente, uma vez
estabelecidos pela especificação do motor e comprovada a viabilidade de uma
esses, portanto, não podem ser classificados determinada matéria-prima (particularmente
como biodiesel. A Tabela 2, adaptada de as mais exóticas), ainda restará a necessidade
Bergman e colaboradores,15 reúne as da implantação de projetos de ampliação nas
principais oleaginosas com predisposição escalas de produção, incluindo a realização
para a produção de biodiesel no Brasil. de testes de longa duração em motores e a
condução de estudos agronômicos mais
Dentre as matérias-primas citadas acima,
aprofundados que venham a garantir sua
é também importante ressaltar que muitas
disponibilidade nos momentos de maior
ainda dependem de uma avaliação mais
demanda.
detalhada sobre as suas respectivas cadeias
são responsáveis por aproximadamente 10 % contramão dessa viabilidade, uma vez que
dos custos de produção em unidades de larga sua capacidade de armazenamento de óleo é
escala. Em plantas de pequeno porte, esses baixa quando comparada a outras cultivares
custos podem atingir de 25 a 40 % do valor (Tabela 3). No entanto, sua disponibilidade e
do produto final.16,17 Em meados da década cultivo em larga escala a classifica como a
de 90, cerca de 60-75 % do custo era devido à principal fonte de óleo para a produção de
matéria-prima,18 porém, atualmente esse biodiesel.20
valor pode atingir até 85 % do custo final.
O óleo de soja surgiu como um
Portanto, ao mesmo tempo em que revelam
subproduto do processamento do farelo e
grande maturidade tecnológica, estes dados
rapidamente tornou-se um dos líderes no
reputam importância estratégica à escolha da
mercado mundial de óleos vegetais. Assim,
matéria-prima, o que depende grandemente
dada a grandeza deste agronegócio no Brasil,
do respeito aos arranjos produtivos locais.
a soja ofereceu as bases para o
Em suma, a escolha da matéria-prima não
desenvolvimento do PNPB. Cerca de 99 % dos
pode ser atrelada a uma decisão meramente
triacilglicerídeos presentes no óleo de soja
política, fato que custou anos de estagnação
são compostos pelos ácidos palmítico (10,2
ao projeto de reintrodução do biodiesel na
%), esteárico (3,7 %), oléico (22,8 %), linoléico
matriz energética nacional.
(53,7 %) e linolênico (8,6 %). Além dos
Tradicionalmente, matérias-primas para triacilglicerídeos presentes no óleo vegetal
biodiesel são classificadas em três grandes bruto, ainda existem pequenas quantidades
grupos: óleos comestíveis e não comestíveis, de componentes não-glicerídicos, tais como
gorduras e materiais residuais ou de fitoesteróis, ceras, carotenoides, tocoferóis e
descarte.15,19 Globalmente destaca-se o fosfatídeos. Dentre esses merecem destaque
emprego dos óleos de colza/canola, soja, os tocoferóis e principalmente, os
palma (dendê) e girassol, de acordo com a fosfatídeos.
disponibilidade regional e os arranjos
Os tocoferóis são antioxidantes que
produtivos locais. No Brasil, de acordo com o
conferem aos óleos brutos maior estabilidade
Boletim Mensal do Biodiesel de setembro de
à rancificação. Entretanto, durante as etapas
2016,11 77,26 % do biodiesel produzido no
de refino, há uma perda substancial de tais
mês de agosto foi proveniente de óleo de
agentes de estabilização e o óleo refinado
soja, cabendo ao sebo bovino o percentual
passa a apresentar maior tendência à
de 15,34 % (Figura 5). Outras matérias-primas
oxidação, obviamente agravada pelo seu teor
apresentaram uma importância marginal e
relativamente alto de ácidos graxos poli-
isto vem se verificando historicamente desde
insaturados. Uma solução seria
o início das atividades do PNPB. Mesmo
transesterificar o óleo bruto, admitindo que
assim, há certa variabilidade na composição
esse processo não eliminasse a presença de
das matérias-primas empregadas para a
antioxidantes naturais, mas o padrão
produção de biodiesel no país, como
internacional para o teor de fósforo no
demonstram os dados da Tabela 3 e da Figura
biodiesel é bastante exigente devido à
5. Por esta razão, a composição química em
identificação de incrustações de fosfatos nas
ácidos graxos do biodiesel nacional é
paredes internas dos catalisadores
relativamente variável.
empregados para controle das emissões.
A quantidade de óleo possível de ser Assim, é inevitável que os ésteres do óleo de
extraída é o fator determinante para a soja apresentem baixa estabilidade à
viabilidade da matéria-prima. Oleaginosas oxidação, constituindo-se em problema
que armazenam maiores quantidade de óleo crítico para o armazenamento e o uso
são preferidas na indústria do biodiesel, uma continuado de amostras não aditivadas.
vez que o seu emprego pode reduzir o custo
de produção. Neste sentido, a soja entra na
Tabela 3. Perfil de matérias-primas utilizadas para a produção de biodiesel no período de julho de 2015 a junho de 201611
Meses do ano (valores em %)
Matérias-Primas 2015 2016
Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Óleo de soja 83,16 77,61 72,20 69,96 68,97 91,47 72,24 75,17 78,30 81,21 80,67 79,64
Sebo bovino 13,38 18,43 22,04 23,32 24,70 5,58 20,13 17,73 16,12 14,78 15,29 15,88
Óleo de algodão 1,31 2,35 3,88 3,44 4,15 2,88 2,81 1,28 0,87 0,35 0,06 0,07
Óleo de fritura 0,21 0,21 0,47 0,68 0,44 0,01 0,76 0,58 0,61 0,59 0,79 0,65
Gordura de porco 0,70 0,81 0,71 0,83 0,71 0,03 0,95 0,87 1,01 1,00 1,15 1,48
Gordura de frango 0,04 0,04 0,06 0,09 0,05 - 0,03 NC NC 0,06 0,26 0,24
É ÇÃ
Óleo de palma/dendê - - - - - - 0,48 1,49 1,18 0,56 0,07 0,03
Outros materiais graxos 1,19 0,55 0,64 1,68 0,90 0,02 2,62 2,88 1,91 1,45 1,71 2,01
acidez e, como tal, poderão exigir etapas graxos podem ser produzidos utilizando-se
adicionais de purificação ou tecnologias processos de transesterificação, esterificação
alternativas de produção para gerarem um ou interesterificação. É possível ainda o uso
biodiesel de boa qualidade. de processos híbridos, normalmente
destinados a matérias-primas de maior
As propriedades do biodiesel variam de
complexidade, como a esterificação e
acordo com a composição dos ácidos graxos
transesterificação simultâneas, a
da matéria-prima. No entanto, o produto
esterificação seguida por transesterificação e
deve apresentar propriedades similares às do
a hidroesterificação. Naturalmente, cada
diesel de petróleo, podendo assim ser
processo tem virtudes e limitações e uma
utilizado em motores do ciclo diesel sem que
delas é a sensibilidade à qualidade da
haja a necessidade de grandes ajustes no
matéria-prima, que pode levar a sérios
motor.20 Assim, não é possível imaginar que o
problemas de processamento na usina.31
motor que deva ser adequado ao
(bio)combustível, mas sim que a tecnologia A transesterificação em meio alcalino
de produção do (bio)combustível deva ser homogêneo é o processo mais utilizado na
adequada às exigências estabelecidas pelas indústria para produção do biodiesel. Neste
especificações do motor. Com método, um mol de triacilglicerídeo reage
desenvolvimentos tecnológicos que se com três mols de um álcool de cadeia curta
revelam cada vez mais exigentes, para produzir três mols de monoésteres
principalmente no que tange às emissões e graxos e um mol glicerina (principal
ao sistema de injeção, não é de se coproduto) (Figura 6). O nucleófilo da reação
surpreender que toda e qualquer iniciativa é o íon alcóxido, comumente produzido in
séria em relação ao biodiesel deva ter no situ mediante o uso de bases de Brönsted-
controle de qualidade o seu ponto mais Lowry, como os hidróxidos de metais
crítico. Nesse sentido, a identificação de uma alcalinos. Para cada mol de íons alcóxido
matéria-prima abundante, barata e de boas gerado in situ, um mol de água também é
propriedades pode ser de importância produzido. A água provoca a hidrólise de
absolutamente estratégica, algo que muitas ésteres e diminui o rendimento do processo.
vezes exigirá alterações tecnológicas Sendo assim, sempre que possível, a adição
importantes no processo de produção. direta de íons alcóxido no meio de reação
deve ser considerada.32
O ataque nucleófilo ao carbono
5. Tecnologias de produção de carbonílico do triacilglicerídeo (eletrófilo)
biodiesel gera um intermediário tetraédrico (Figura 6).
A reação no sentido direto mostra que o
colapso deste intermediário produz uma
5.1. Produção de biodiesel por catálise molécula de monoéster graxo e a base
homogênea conjugada de um diacilglicerídeo que após
protonada dará origem ao próprio
diacilglicerídeo. Esta sequência de reações é
O termo biodiesel pode ser aplicado a então repetida de modo que o
qualquer combustível de origem renovável diacilglicerídeo também é atacado pelo
adequado ao uso em motores do ciclo-diesel, nucleófilo, dando origem a outra molécula de
entretanto, apenas a mistura de monoésteres monoéster graxo e uma molécula
graxos, que pode ser obtida a partir da monoacilglicerídeo que, ao reagir novamente
modificação química de óleos vegetais ou pelo mesmo mecanismo, resulta em uma
gorduras animais, é regulamenta pela terceira molécula de monoéster graxo e uma
Resolução n° 45 da ANP,30 cujos parâmetros molécula de glicerol. A análise do
encontram-se apresentados e discutidos na intermediário tetraédrico evidencia que esse
seção 6 deste artigo. Esses monoésteres é um processo de equilíbrio, pois o colapso
- -
OH + CH 3OH CH 3O + H2O
-
R1 O O
-
R1 O O
O CH3 O O
O - O
+ H3C O O O O + R1
O O R2 O
R2 O O O O CH3
R2 O
R3 base conjugada de R3 biodiesel
intermediário R3
um diacilglicerídeo
triacilglicerídeo tetraédrico
-
O OH
O O
-
O O + H B O O + B
R2 O R2 O
R3 água ou R3
metanol diacilglicerídeo
+
O H O H OH
+ O CH3
R + O CH3 R + O CH3 H +
O
OH H OH H R
metanol H
ácido graxo protonado
H
+ H H
O +
O O O
CH3 +
H R + H2O R + H3O
O
R O CH3 O CH3
biodiesel
H H
+ H3C +
R1 O R1 O O
O H H O R1
O
O + O O
+ O CH3 + O CH3 O
O O H O O
R2 O metanol R2 O H O O
R2 O
R3 protonado R3
triacilglicerídeo R3
H3C
O
O R1 + H
H + O O H
O O H H + O O
O H + R1 O + R1
O O O CH3
O O R2 O O O O CH3
R2 O R2 O
R3 diacilglicerídeo R3
R3 biodiesel
O O
R O O
R O O R O catalisador O O O R
+ 3 + 3
O O O O O O
5.2. Produção de biodiesel por catálise apresenta a vantagem de poder ser utilizado
heterogênea tanto para esterificação quanto para
transesterificação. Em particular,
catalisadores ácidos de Brönsted são ativos
A preparação de biodiesel envolve principalmente em reações de esterificação,
tomada de decisão que abrange diferentes enquanto que catalisadores ácidos de Lewis
áreas do conhecimento, por exemplo, são mais ativos em reações de
escolha do processo tecnológico adequado, transesterificação.49 Um catalisador básico,
custos de produção, dentre outras. No por outro lado, requer menor quantidade de
entanto, a escolha do catalisador e da sólido catalítico para a reação de
matéria-prima são decisões que necessitam transesterificação, mas não é adequado a
grande reflexão visto que, como já discutido, reações catalíticas de esterificação.
certamente impactarão todo o processo e,
Frequentemente, os resultados catalíticos
portanto, devem ser realizadas com grande
obtidos na catálise heterogênea são
critério. De fato, a escolha do catalisador e a
inferiores aos observados na catálise
seleção da matéria-prima adequada
homogênea. Esse fato pode ser atribuído a
desempenharão papeis significativos no
dificuldades inerentes ao emprego de
custo total de produção do biodiesel.46 Por
catalisadores sólidos como, por exemplo,
esse motivo, observa-se nos últimos anos
contato entre os reagentes e a espécie
intensa atividade na academia brasileira e
catalítica, transferência de massa e formação
mundial no sentido de se buscar novas rotas
de fases, dentre outras. O emprego de
catalíticas para a produção desse
diferentes estratégias visando minimizar
biocombustível. Essas rotas frequentemente
esses problemas tem sido propostas pela
envolvem catalisadores de fase homogênea,
academia como, por exemplo, o emprego de
heterogênea ou catálise enzimática.
co-solventes para minimizar a formação de
O emprego de catálise heterogênea fases (por exemplo, o hexano facilita a
frequentemente leva a reações de conversão solubilização do óleo no meio de reação), o
da mistura de triacilglicerídeos em biodiesel uso de sólidos catalíticos com grande área
muito mais lentas,47 mas produz biodiesel de superficial para promover maior interação
uma forma econômica muito mais viável, entre reagentes e espécies catalíticas, o uso
visto que o emprego de um sólido como de sólidos macro e mesoporosos em lugar de
catalisador de fase heterogênea oferece microporosos a fim de evitar problemas de
vantagens em relação ao de fase homogênea. transferência de massa e de difusão, dentre
Por exemplo, os sólidos catalíticos para o outras.50,51 Apesar desses e de outros
processo heterogêneo podem ser idealizados problemas encontrados com o emprego de
para serem facilmente separados e catalisadores de fase heterogênea, a
reutilizados, sendo essa a grande vantagem possibilidade do reuso em vários ciclos
desse processo catalítico quando perdas catalíticos por meio da recuperação e fácil
mássicas não são observadas em cada ciclo. reativação, sem que sejam envolvidos
Além disso, sólidos para processos catalíticos processos onerosos (alta temperatura) e
heterogêneos podem ser idealizados e ambientalmente custosos (processos de
preparados para serem tolerantes a altos lavagem do sólido catalítico com diferentes
teores de ácidos graxos na matéria prima e solventes, gerando passivos ambientais de
também a algum teor de água, dependendo difícil tratamento), torna o processo
da sua composição. heterogêneo muito atrativo e, portanto
De forma geral, catalisadores sólidos para intensamente pesquisado.
processos heterogêneos podem ser Sólidos para a catálise heterogênea
agrupados em catalisadores de caráter ácido podem ser idealizados e preparados por
e de caráter básico.48 Um catalisador ácido diferentes estratégias: (a) preparação de
Figura 10. Obtenção dos óxidos nanoestruturados pela calcinação dos HDLs, possível efeito
memória e possível formação de derivados desses óxidos após reações de transesterificação
A atividade de zircônia contendo óxido de mostrou ser eficiente para se obter maior
tungstênio foi estudada recentemente por quantidade de sítios ácidos. A atividade
vários autores.99,100 Nesses trabalhos, uma catalítica foi atribuída à formação de espécies
série de sólidos contendo diferentes poliméricas de tungstênio na superfície da
concentrações de óxido de tungstênio zircônia, gerando sítios ácidos de Brönsted
imobilizado em zircônia foi preparada pelo cataliticamente ativos.
método de impregnação úmida. Os sólidos,
após termicamente tratados em diferentes
temperaturas, foram empregados na reação 5.3. Produção de biodiesel por catálise
de esterificação de ácido palmítico. Foi enzimática
observado que a acidez dos sólidos
aumentou com o aumento do conteúdo de
espécies de tungstênio e consequentemente Processos de catálise enzimática para
resultaram em melhores rendimentos em síntese do biodiesel apareceram na década
ésteres. A calcinação dos sólidos a 800 °C de 1990 como uma resposta aos aspectos de
Tabela 4. Estudos recentes sobre a síntese de ésteres alquílicos com lipases em sistemas livres de solvente
Tipo de Fonte de lipases Preparado Matéria Graxa Razão molar Conversão/ Reator/ Ref.
reação enzimático/suporte álcool:óleo tempo modoe
1 Rhizomucor miehei Sólido fermentado/ AGLsa (óleo de Etanol 91 %/8 min Leito Fixo/Contínuo 102
torta de babaçu macaúba) 2:1
2 Rhizopus microsporus Sólido fermentado AGBSc Etanol 86 %/48 h Frascos 103
(BC + nutrientes)b 10:1 agitados/Batelada
3 Rhizopus microsporus Sólido fermentado Ácido oleico Etanol 98 %/48 h Frascos 103
(BC + nutrientes)b 10:1 agitados/Batelada
ESTERIFICAÇÃO
4 Rhizopus microsporus Sólido fermentado Óleo de milho Etanol 68 %/72 h Frascos 104
(BC + nutrientes)b 3:1 agitados/Batelada
5 Aspergillus oryzae Espuma de poliuretano AGLsa (óleos de palma Metanol 90 a 93 %/10 h Frascos 105
(recombinante) e soja) 1,5:1 agitados/Batelada
6 Burkholderia cepacia Sólido fermentado AGBSc Etanol 92 %/31 h Leito Fixo/Batelada 106
LTEB11 (BC + FSG)d 3:1
7 Burkholderia cepacia Sólido fermentado Ácido oleico Etanol 82 %/88 h Frascos 106
LTEB11 (BC + FSG)d 3:1 agitados/Batelada
8 Candida antarctica Resina aniônica AGLsa (óleo de soja) Etanol 98 %/8 min Leito Fixo/Contínuo 107
(Novozymes 435) macroporosa 6:1
9 Rhizomucor miehei Resina aniônica AGLsa (óleo de soja) Etanol 50 %/8 min Leito Fixo/Contínuo 107
(Lipozyme RM IM) macroporosa 6:1
ESTERIFICAÇÃO
10 Candida sp. Membrana têxtil Ácido oleico Etanol 83 %/24 h Frascos 108
1:1 agitados/Batelada
11 Serratia marcescens Células inteiras AGLsa (caixa de Metanol 92 %/72 h Frascos 109
gordura) 4:1 agitados/Batelada
a
12 Yarrowia lipolytica Tecido não tecido AGLs (óleo de soja) Etanol 85 %/3 h Frascos 110
1:1 agitados/Batelada
13 Burkholderia sp. Celite Óleo de girassol Metanol 67 %/60 min Leito Fixo/Contínuo 111
4:1
14 Rhizomucor miehei Resina de troca iônica Óleo de pinhão manso Metanol/ 81 %/ni6 Leito Fixo/Batelada 112
(Lipozyme RM IM) macroporosa nif
15 Aspergillus oryzae Espuma de poliuretano Óleo de soja e canola Metanol 96 %/14 h Leito Fixo/Batelada 113
recombinante 4,2:1
16 Burkholderia sp Partículas magnéticas Óleo de oliva Metanol 70 %/12 h Frascos 114
TRANSESTERIFICAÇÃO
4:1 agitados/Batelada
17 Candida antarctica Resina acrílica Rejeitos de óleo de Etanol 89,5 %/24 h Frascos 28
(Novozymes 435) macroporosa cozinha 6:1 agitados/Batelada
18 Candida antarctica Resina acrílica Óleo de soja e canola Metanol 96 %/65 min Leito Fixo/Contínuo 115
(Novozymes 435) macroporosa nif
19 Pseudomonas cepacia Nanopartículas Óleo de soja Metanol 88 %/136 min Leito Fixo/Contínuo 116
Fe3O4 4:1
20 Thermomyces lanuginosus Sílica porosa Óleo de soja Etanol 70 %/10 h Frascos 117
3:1 agitados/Batelada
21 Burkholderia cepacia Sólido fermentado Óleo de soja Etanol 95 %/46 h Leito Fixo/Batelada 118
LTEB11 (BC + FSG)d 3:1
22 Rhizopus oryzae Partículas de biomassa Óleo de soja Metanol 90 %/72 h Frascos 119
1:1 agitados/Batelada
a
AGLs: Ácidos graxos livres; b(BC+ nutrientes): bagaço de cana e solução nutriente; cAGBS: Ácidos graxos da borra de soja; d(BC+FSG): bagaço de cana e farinha
de semente de girassol; ePara as reações em modo contínuo, o tempo indicado corresponde ao tempo de residência; fni: não informado pelos autores. Fonte:
Adaptado de Dias120
NBR15553; D4951;
Fósforo (mg/kg) 10 máx.
EN14107/16294
NBR7148/14065; D1298/4052;
Massa específica a 20ºC (kg/m3) 850 a 900
EN/ISO 3675/12815
Metanol e/ou etanol (%, m/m) 0,20 máx. NBR15343; EN14110
Índice de iodo (g/100g) Anotar EN14111
0,7 máx. NBR15342/15344/15908; D6584;
Monoacilglicerídeo (%, m/m)
EN14105
0,20 máx. NBR15342/15344/15908; D6584;
Diacilglicerídeo (%, m/m )
EN14105
0,20 máx. NBR15342/15344/15908; D6584;
Triacilglicerídeo (%, m/m)
EN14105
NBR15554/15555/15553/15556
Na + K (mg/kg) 5 máx.
EN14108/14109/14538
Aspecto LII ----
Estabilidade oxidativa a 110ºC (h) 8 mín. EN14112/15751
Teor de água (mg/kg) 200 máx. D6304; EN/ISO12937
Contaminação total (mg/kg) 24 máx. NBR15995; EN12662
Ca + Mg (mg/kg) 5 máx. NBR1553/15556; EN14538
Ponto de entupimento de filtro a frio (ºC) 19 (Tabela 7) NBR14747; D6371; EN116
Tabela 7. Limites regionais mensais que foram estabelecidos para o ponto de entupimento
de filtro a frio na legislação brasileira
Unidades da Limite máximo mensal (ºC)
Federação Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
SP, MG, MS 14 14 14 12 8 8 8 8 8 12 14 14
GO/DF, MT,
14 14 14 14 10 10 10 10 10 14 14 14
ES, RJ
PR, SC, RS 14 14 14 10 5 5 5 5 5 10 14 14
*Para os estados não contemplados na tabela o ponto de entupimento a frio permanecerá
19ºC.
ambiente, enquanto que ésteres graxos e o ajuste das propriedades tem sido
insaturados tendem a ser oxidados pela realizado pela mistura de matérias-primas e,
exposição às condições de manuseio do óleo. principalmente, pelo uso de aditivos.
Sendo assim, não existe matéria-prima ideal
A B
Figura 14. Amostras de biodiesel expostas à temperaturas inferiores à do ponto de fluidez: (A)
éster metílico de sebo (PP = 14 °C) e (B) biodiesel metílico de palma (PP = 16 °C)
Figura 15. Amostra de biodiesel de soja B100 sem aditivo (esquerda) e com aditivo, na mesma
temperatura e inferior ao do ponto de fluidez do EMS
Figura 16. Exemplos de algumas classes de polímeros estudadas como aditivos para
biocombustíveis
20
diesel
15
diesel 50ppm
10
EES
5
EES 50ppm
PP (ºC)
-5 EMS
-15
EMP
-20
EMP 50ppm
-25
Diesel B5 B20 B50 B100
Misturas diesel/biodiesel
Figura 17. Ponto de fluidez (PP) de óleo diesel, biodiesel (B100) e de misturas biodiesel/diesel
contendo 5 %, 20 % e 50 % de éster etílico de soja (EES), éster metílico de soja (EMS) e éster
metílico de palma (EMP) e o efeito de 50 ppm do aditivo ODI#9947 sobre esta propriedade
Dunn177 avaliou o uso de BHT, TBHQ, BHA, mais solúveis no biodiesel do que os mesmos
propilgalato (PG) e -tocoferol em ésteres na forma livre, garantindo ação antioxidante
metílicos de óleo de soja utilizando muito superior ao PI de 8 h exigido pelas
calorimetria exploratória diferencial normas da ANP (Figura 19). Por exemplo, os
pressurizada (PDSC), e recomendaram o uso aditivos que apresentam hidroquinona em
de BHA e TBHQ em concentrações superiores suas estruturas (2MB3, 4MB3) foram
a 3000 ppm. Domingos e colaboradores163 extremamente eficientes para a melhoria das
avaliaram o uso de BHT, BHA e TBHQ para estabilidades à oxidação do biodiesel que,
ajustar a estabilidade à oxidação de amostras quando não aditivado, apresentou PI = 3,54 h
de ésteres etílicos de óleo de soja. Em geral, (Figura 19). Merece destaque o aditivo 4MB3
o BHT mostrou-se mais eficaz na faixa de que, com a adição de apenas 30 mmol/kg,
concentrações estudada (200 e 7000 ppm) aumentou o período de indução para 34,5 h.
para corrigir a estabilidade de amostras que A eficiência desses dois aditivos foi
se apresentavam não muito distantes do comprovada em concentrações muito baixas,
limite estabelecido pela especificação. Por uma vez que a adição de apenas 3 mmol de
sua vez, o TBHQ apresentou maior potencial composto fenólico por kg de biodiesel
estabilizante quando utilizado em promoveu um aumento de PI para 9 h, o que
concentrações mais elevadas, sendo ideal já atende à Resolução da ANP N° 45 (Tabela
para ésteres com menor estabilidade 6).
oxidativa.
Apesar da grande variedade e importância
Compostos fenólicos substituídos também dos estudos já realizados em outros países, a
vêm sendo utilizados como aditivos estabilidade à oxidação do biodiesel é
antioxidantes para biodiesel (Figura 18). Tais extremamente dependente da composição
derivados fenólicos são mais solúveis no química da matéria-prima predominante em
meio e, com isso, permitem a adição das cada região e, por isso, tais resultados não
quantidades necessárias para se alcançar o são totalmente aplicáveis à realidade
efeito desejado. Para que fenóis brasileira. Sendo assim, se por um lado a
estruturalmente mais simples e de mais baixo ampla diversidade de matérias-primas
custo possam ser utilizados como aditivos nacionais constitui um importante
antioxidantes,139 moléculas de fenol, catecol, argumento para o desenvolvimento
resorcinol e hidroquinona foram socioeconômico do país, esta realidade
incorporadas na estrutura do oleato de também reforça a necessidade da
metila através de reações de alquilação e a concentração de esforços e investimentos em
solubilidade e efeito antioxidante desses estudos dirigidos para a oferta de soluções
compostos foi investigada sobre biodiesel tecnológicas aos produtos e problemas
metílico de soja. Os fenóis ligados locais.
covalentemente aos ésteres graxos foram
2MB3 4MB3 HQ
40
35
Período de Indução - IP (horas)
30
25
20
15
ANP N° 45/2014
10 IP=8h
0
0 1,5 3 6 12 30
Concentração (mmol aditivo /kg EMS)
Figura 19. Efeito do antioxidante hidroquinona livre (HQ) e imobilizada (2MB3 e 4MB3) sobre a
estabilidade à oxidação do biodiesel metílico de soja139
9
Agradecimentos Kalayasiri, P.; Jeyashoke, N.; Krisnangkura,
K. Survey of seed oils for use as diesel fuels.
Jour al of A erica Oil Che ists’ Society
1996, 73, 471. [CrossRef]
Ao MCTIC, em especial à Secretaria de 10
Brasil, Lei nº 13.033, de 24 de setembro de
Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, à
2014. Dispõe sobre a adição obrigatória de
Coordenação Geral de Tecnologias Setoriais e
biodiesel ao óleo diesel comercializado com o
à Coordenação de Energia e Biocombustíveis.
consumidor final; altera as Leis nos 9.478, de
A todos os grupos pertencentes à Rede
Brasileira de Tecnologia de Biodiesel – RBTB, 6 de agosto de 1997, e 8.723, de 28 de
bem como à FINEP, ao CNPq, à CAPES, à outubro de 1993; revoga dispositivos da Lei
Fundação Araucária e ao INCT em Energia e no 11.097, de 13 de janeiro de 2005; e dá
Ambiente (INCT E&A) pelo apoio financeiro, outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, p.
bem como pela concessão de bolsas de
3, 25 set. 2014. [Link]
estudos de vários níveis. 11
ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis), Boletim mensal
Referências Bibliográficas do biodiesel, Brasília, DF, setembro 2016.
[Link]
12
Sítio do Renewable Energy Policy Agency
1
Cremonez, P. A.; Feroldi, M.; Feiden, A.; 21. Disponível em:
Teleken; J. G.; Gris, D.J.; Dieter, J.; Rossi, E.; <http://www.ren21.net/wp-
Antonelli, J. Current scenario and prospects content/uploads/2015/07/REN12-
of use of liquid biofuels in South America. GSR2015_Onlinebook_low1.pdf>. Acesso em:
Renewable and Sustainable Energy Reviews 21 outubro 2016.
13
2015, 43, 352. [CrossRef] Moretto, E.; Fett, R. Tecnologia de óleos e
2
Lossau, S.; Fischer, G.; Tramberend, S.; gorduras vegetais. Rio de Janeiro: Varela,
Velthuizen, H.; Kleinschmit, B.; Schomäcker, 1989.
14
R. Brazil's current and future land balances: Is Atabani, A. E.; Silitonga, A. S.; Badruddin, I.
there residual land for bioenergy production? A.; Mahlia, T. M. I.; Masjuki, H. H.; Mekhilef,
Biomass and Bioenergy 2015, 81, 452. S. A comprehensive review on biodiesel as na
[CrossRef] alternative energy resource and its
3
Mittelbach, M.; Remschmidt, C. Biodiesel characteristics. Renewable and Sustainable
the Comprehensive Handbook, 2a. ed., Wiley: Energy Reviews 2012, 16, 2070. [CrossRef]
15
Viena, 2005. Bergmann, J. C.; Tupinambá, D. D.; Costa,
4
Knothe, G.; Gerpen, J. V.; Krahl, J.; Ramos, L. O. Y. A.; Almeida, J. R. M.; Barreto, C. C.;
P. Manual de Biodiesel, 1a. ed., Edgard Quirino, B. F. Biodiesel production in Brazil
Blücher: São Paulo, 2006. and alternative biomass feedstocks.
5 Renewable and Sustainable Energy Reviews
Knothe, G.; Krahl, J.; Gerpen, J.V. The
Biodiesel Handbook, 2a. ed., AOCS: Urbana, 2013, 21, 411. [CrossRef]
16
2009. Paiva, E. J. M; Kothe; V., Corazza; M. L.,
6
Rico, J. A. P.; Sauer, I. L. A review of Brazilian Silva A.; Nakagaki, S.; Wypych, F.; Ramos, L. P.
biodiesel experiences. Renewable and Em Green Fuels Technology; Soccol, C. R.;
Sustainable Energy Reviews 2015, 45, 513. Brar, S. K.; Faulds, C.; Ramos, L. P.; eds;
[CrossRef] Springer: Suíça, 2016, cap. 12
17
7
Ministério da Indústria e do Comércio; Tomei, J.; Upham, P. Argentinean soy-
Produção de combustíveis líquidos a partir de based biodiesel: An introduction to
óleos vegetais, Brasília, 1985. production and impacts. Energy Policy 2009,
8
Nag, A.; Bhattacharya, S.; De, K. B. New 37, 3890. [CrossRef]
18
utilization of vegetable oils. Journal of Canakci, M.; Sanli, H. Biodiesel production
A erica Oil Che ists’ Society 1995, 72, from various feedstocks and their effects on
1591. [CrossRef] the fuel properties. Journal of Industrial
Microbiology & Biotechnology 2008, 35, 431. review. Industrial & Engineering Chemistry
[CrossRef] Research 2006, 45, 2901. [CrossRef]
19 28
Bankovic-Ilic, I. B.; Stamenkovic, O. S.; Kochepka, D. M.; Dill, L. P.; Couto, G. H.;
Veljkovic, V. B. Biodiesel production from Krieger, N.; Ramos, L. P. Production of fatty
non-edible plant oils. Renewable and acid ethyl esters from waste cooking oil using
Sustainable Energy Reviews 2012, 16, 3621. Novozym 435 in a solvent-free system.
[CrossRef] [PubMed] Energy Fuels 2015, 29, 8074. [CrossRef]
20 29
Gui, M. M.; Lee, K. T.; Bhatia, S. Feasibility Demirbas, A. Importance of biodiesel as
of edible oil vs. non-edible oil vs. waste edible transportation fuel. Energy Policy 2007, 35,
oil as biodiesel feedstock. Energy 2008, 33, 4661. [CrossRef]
30
1646. [CrossRef] ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás
21
Baumgardt, F. J. L; Zandoná Filho, A.; Natural e Biocombustíveis), Resolução N° 45,
Brandalize, M. V.; Costa, D. C.; Antoniosi Brasília, DF, 2014. [Link]
31
Filho, N. R.; Abreu, P. C. O. V.; Corazza, M. L.; Ramos, L. P., Silva, F. R., Mangrich, A. S.,
Ramos, L. P. Lipid content and fatty acid Cordeiro, C. S. Tecnologias de Produção de
profile of Nannochloropsis oculata before Biodiesel. Revista Virtual de Química 2011, 3,
and after extraction with conventional 385. [CrossRef]
32
solvents and/or compressed fluids. The Schuchardt, U.; Sercheli, R.; Vargas, R.M.
Journal of Supercritical Fluids 2016, 108, 89. Transesterification of Vegetable Oils: a
[CrossRef] Review. Journal of the Brazilian Chemical
22
Chisti, Y. Biodiesel from microalgae. Society 1998, 9, 199. [CrossRef]
33
Biotechnology Advances 2007, 25, 294. Cordeiro, C. S.; Silva, F. R.; Wypych, F.;
[CrossRef] Ramos, L. P. Catalisadores heterogêneos para
23
Karpagam, R.; Raj, K. J.; Ashokkumar, B.; a produção de monoésteres graxos
Varalakshmi, P. Characterization and fatty (biodiesel). Química Nova 2011, 34, 477.
acid profiling in two fresh water microalgae [CrossRef]
34
for biodiesel production: Lipid enhancement Kucek, K. T.; César-Oliveira M. A. F.;
methods and media optimization using Wilhelm, H. M.; Ramos L. P. Ethanolysis of
response surface methodology. Bioresource refined soybean oil assisted by sodium and
Technology 2015, 188, 177. [CrossRef] potassium hydroxides. Journal of the
24
Atabani, A. E.; Silitonga, A. S.; Ong, H. C.; A erica Oil Che ists’ Society 2007, 84, 385.
Mahlia, T. M. I.; Masjuki, H. H.; Badruddin, I. [CrossRef]
35
A.; Fayaz, H. Non-edible vegetable oils: A Zagonel, G.; Peralta-Zamora, P.; Ramos, L.
critical evaluation of oil extraction, fatty acid P. Multivariate monitoring of soybean oil
compositions, biodiesel production, ethanolysis by IVTF. Talanta 2004, 63, 1021.
characteristics, engine performance and [CrossRef] [PubMed]
36
emissions production. Renewable and Ma, F.; Hanna, M. A. Biodiesel production:
Sustainable Energy Reviews 2013, 18, 211. a review. Bioresource Technology 1999, 70, 1.
[CrossRef] [CrossRef]
25 37
Ahmad, A. L.; Yasin, M. N. H.; Derek, C. J. Freedman, B.; Butterfield, R. O.; Pryde, E.
C.; Lim, J. K. Microalgae as a sustainable H. Transesterification kinetics of soybean oil.
energy source for biodiesel production: A Journal of American Oil Chemists' Society
review. Renewable and Sustainable Energy 1986, 63, 1375. [CrossRef]
38
Reviews 2011, 15, 584. [CrossRef] Canacki, M; Gerpen, J. V. Biodiesel
26
Gouveia, L.; Oliveira, A. C. Microalgae as a production via acid catalysis. Transactions of
raw material for biofuels production. Journal the American Society of Agricultural
of Industrial Microbiology & Biotechnology Engineers 1999, 42, 1203. [Link]
39
2009, 36, 269. [CrossRef] Cordeiro, C. S.; Ramos, L. P.; Pisarello, M.
27
Kulkarni, M. G.; Dalai, A. K. Waste cooking L.; Querini, C. A. Resumos do V Congreso
oil - a e o o i al sou e fo iodiesel: A Iberoamericano de Investigacion en Celulosa
159
Chakraborty, M.; Baruah, D.C. PetroOXY. Journal of ASTM International
Investigation of oxidation stability of 2010, 7, 1. [CrossRef]
168
Terminalia belerica biodiesel and its blends Knothe, G. Some aspects of biodiesel
with petrodiesel. Fuel Processing Technology oxidative stability. Fuel Processing
2012, 98, 51. [CrossRef] Technology 2007, 88, 669. [CrossRef]
160 169
Santos, N. A.; Damasceno, S. S.; Araújo, P. Ramos, L. P.; Domingos, A. K.; Kucek, K. T.;
H. M.; Marques, V. C.; Rosenhaim, R.; Wilhelm, H. M. Biodiesel: Um projeto de
Fernandes, V. J., Queiroz, N.; Santos, I. M. G.; sustentabilidade econômica e sócio-
Maia, A. S.; Souza, A. G. Caffeic acid: An ambiental para o Brasil. Revista Biotecnologia
efficient antioxidant for soybean biodiesel Ciência & Desenvolvimento 2003, 31, 28.
contaminated with metals. Energy & Fuels [Link]
170
2011, 25, 4190. [CrossRef] Moser, B. R. Efficacy of gossypol as an
161
Dunn, R. O. Oxidative stability of biodiesel antioxidant additive in biodiesel. Renewable
by dynami ode p essu ized−diffe e tial Energy, 2012, 40, 65. [CrossRef]
171
s a i g alo i et P−D“C . Transactions of Alberici, R. M.; Simas, R. C.; Abdelnur, P.
the ASABE 2006, 49, 1633. [Link] V.; Eberlin, M. N.; Souza, V.; Sá, G. F.; Daroda,
162
Knothe, G.; Dunn, R. O. Dependence of oil R. J. A highly effective antioxidant and
stability index of fatty compounds on their artificial marker for biodiesel. Energy & Fuels
structure and concentration and presence of 2010, 24, 6522. [CrossRef]
metals. Jour al of A erica Oil Che ists’ 172
Karavalakis, G.; Hilari, D.; Givalou, L.;
Society 2003, 80, 1021. [CrossRef] Karonis, D.; Stournas, S. Storage stability and
163
Medeiros, M. L.; Cordeiro, A. M. M. T.; ageing effect of biodiesel blends treated with
Queiroz, N.; Soledade, L. E. B.; Souza, A. L.; different antioxidants. Energy 2011, 36, 369.
Souza, A. G. Efficient antioxidant [CrossRef]
173
formulations for use in biodiesel. Energy & Domingos, A. K.; Saad, E. B.; Vechiatto, W.
Fuels 2014, 28, 1074. [CrossRef] W. D.; Wilhelm, H. M., Ramos, L. P. The
164
Focke, W. W.; Westhuizen, I. V. D.; influence of BHA, BHT and TBHQ on the
Grobler, A. B. L.; Nshoane, K. T.; Reddy, J. K.; oxidation stability of soybean oil ethyl esters
Luyt, A. S. The effect of synthetic antioxidants (biodiesel). Journal of the Brazilian Chemical
on the oxidative stability of biodiesel. Fuel, Society 2007, 18, 416. [CrossRef]
174
2012, 94, 227. [CrossRef] Gunstone, F. D.; Rapeseed and canola oil:
165
Park, J.; Kim, D.; Lee, J.; Park, S.; Kim, Y.; production, processing, properties and uses,
Lee, J. Blending effects of biodiesels on 1a. ed. CRC: Boca Raton, 2004.
175
oxidation stability and low temperature flow Frankel, E. N. Lipid oxidation. Progress in
properties. Bioresource Technology 2008, 99, Lipid Research 1985, 23, 1. [CrossRef]
176
1196. [CrossRef] Mittelbach, M.; Schober, S. The influence
166
Park, S.; Shin, S.; Shin, J.; An, K.; Jun, K. of antioxidants on the oxidation stability of
Synthesis of antioxidant and evaluation of its biodiesel. Jour al of A erica Oil Che ists’
oxidation stability for biodiesel. Journal of the Society 2003, 80, 817. [CrossRef]
177
Korean Society of Tribologists and Lubrication Dunn, R. O. Effect of antioxidants on the
Engineers 2013, 29, 392. [CrossRef] oxidative stability of methyl soyate
167
Wierzbicki, V. Determining the oxidation (biodiesel). Fuel Processing Technology 2005,
stability of biodiesel and blends using a new 86, 1071. [CrossRef]
rapid small scale oxidation test (RSSOT) - The