Trabalho Organizado
Trabalho Organizado
Trabalho Organizado
ADUANEIRO
ACTIVIDADES COMPLEMENTARES
i
5 A tramitação do procedimento ......................................................................................... 22
5.1 Momento Tradenet .................................................................................................... 22
5.2 Momento do CMS ..................................................................................................... 22
5.3 Impacto da implementação da JUE ........................................................................... 24
5.4 Desafios ..................................................................................................................... 25
Conclusão................................................................................................................................. 26
Recomendações........................................................................................................................ 27
Bibliografia .............................................................................................................................. 28
ii
Lista de abreviaturas
BI Business Intelligence
CFJJ Centro de Formação Jurídica e Judiciária
CTA Confederação das Associações Económicas de Moçambique
e-Gov Electronic Government
INE Instituto Nacional de Estatística
JUE Janela Única Eletrónica
MCMS /MCS Mozambique Custom Manegement System
MCNET Mozambique Community Network
OEA Operador Económico Autorizado
OMS Organização Mundial do Comércio
PPP Parceria Público-Privada
RDA Regulamento do Desembaraço Aduaneiro
RGDA Regras Gerais do Desembaraço Aduaneiro
SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral
SGA Sistema de Gestão das Alfândegas
SH Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias
TIMS Sistema de Gestão de Informação sobre Comércio
TIC’s Tecnologias de Informação e Comunicação
iii
1 Introdução
1.1 Contextualização
Na visita à entidade acima referenciada fomos recebidos pelos seguintes quadros de Direcção
da instituição:
1
1.2 Objectivos do relatório
Objectivo geral
Objectivos específicos
1.3 Metodologia
Por forma a permitir melhor apresentação e percepção dos conteúdos do presente relatório, o
mesmo encontra – se organizado nos seguintes termos:
Introdução
Capítulo II - Quadro Conceptual
Capítulo III - Evolução Histórica das Alfândegas de Moçambique
Capítulo IV - A MCNet e a Implementação da JUE
Capítulo V - O Desembaraço Aduaneiro através da JUE
Conclusão
Recomendações e
Anexos
2
CAPÍTULO I
QUADRO CONCEPTUAL
2 Enquadramento geral
Toda a pesquisa científica, comporta o uso de conceitos que tendem a assumir um conteúdo
muito específico, tendo em conta o contexto ou área de estudo em que são aplicados.
Reservamos este capítulo, precisamente, para definir os conceitos que com frequência são
usados ao longo do presente trabalho.
Cada Estado cria normas que disciplinam juridicamente a política comercial do país e a sua
conformação com as práticas e normas do comércio externo. É nisto que consiste o Direito
Aduaneiro, que tem como objecto “regular o controlo do movimento ou da circulação
internacional de mercadorias, sempre que estas cruzem as fronteiras de um determinado
país.” (AFONSO, 2014, pág. 416 e 417).
A entrada e saída de mercadorias no território aduaneiro está sujeita ao controlo por uma
entidade estatal, designada por Alfândegas1. Nos termos da alínea a) do artigo 1, do Decreto
n.º 9/2017, de 6 de Abril2, as Alfândegas são a “Instituição do Estado responsável pela
aplicação da legislação aduaneira e pela cobrança de direitos e demais imposições, bem
1
Segundo GUIMARÃES (2004, pág. 29), a nível do direito comparado, também designada Fazenda ou Receita
Federal, definida como instituição do Estado a quem compete controlar a entrada, passagem e saída de
mercadorias e bens, cobrar os direitos de importação e demais imposições aduaneiras daí decorrentes.
2
Aprova as Regras Gerais do Desembaraço Aduaneiro de Mercadorias (RGDA).
3
como pela aplicação da legislação e da regulamentação relacionadas com a importação,
exportação e armazenagem de bens, mercadorias e meios de transporte”3.
Porém, em termos legais, estes conceitos têm significados diferentes que importa aqui fazer
referência. Nos termos do artigo 1 do Despacho Ministerial n.º 262/2004, de 22 de
Dezembro5, o desembaraço aduaneiro consistia no “cumprimento de formalidades
aduaneiras necessárias para permitir a importação ou exportação de mercadorias, ou a sua
colocação noutro regime aduaneiro legalmente aprovado”, enquanto que Despacho
Aduaneiro, de acordo com alínea g) do artigo 1, do RGDA, é o “conjunto de formalidades
mediante as quais é verificada a exactidão dos dados constantes da declaração aduaneira,
em relação aos bens, mercadorias, valores e respectivos meios de transporte, aos
documentos de suporte e à legislação específica aplicável, com vista o desembaraço
aduaneiro.”
3
Este conceito é replicado em outros instrumentos normativos atinentes ao Direito Aduaneiro, designadamente,
o Diploma Ministerial n.º 51/2019 de 24 de Maio, que aprova o Regulamento de Desembaraço Aduaneiro de
Mercadorias (RDA).
4
Também replicado no RDA.
5
Importa referir que este instrumento legal foi revogado pelo Diploma Ministerial n.º 16/2012, 1 de Fevereiro,
que por sua vez foi revogado pelo RDA. O actual RDA já não se faz a distrinça entre desembraço aduaneiro e
despacho aduaneiro, constando apenas a definição, deste último diploma.
4
2.4 Pauta Aduaneira
GUIMARÃES (2004, pág. 544), define pauta aduaneira como o dispositivo legal, em forma
de tabela, obedecendo a uma estrutura própria e a nomenclatura do Sistema Harmonizado de
Designação e Codificação de Mercadorias (SH)6, onde se descrevem as mercadorias e as
respectivas imposições a pagar no acto de importação.
Nos termos da alínea a), n.° 2, do artigo 2, da Lei n.° 15/2011, de 10 de Agosto, define-se
Parceria Público Privada (PPP) “o empreendimento em área de domínio público, excluindo o
de recursos minerais e petrolíferos, ou em área de prestação de serviço público, no qual,
mediante contrato e sob financiamento, no todo ou em parte, do parceiro privado, este se
obriga, perante o parceiro público, a realizar o investimento necessário e explorar a
respectiva actividade, para a provisão eficiente de serviços ou bens que compete ao Estado
garantir a sua disponibilidade aos utentes.”
O exemplo evidente de uma PPP é a MCNet, que na qual o Estado recorreu ao Sector Privado
para, em conjunto, estabelecer sinergias conducentes à modernização dos procedimentos das
Alfândegas com recurso às TIC’s.
Governo electrónico, ou e-gov, (do inglês electronic government), consiste no uso das
tecnologias da informação — além do conhecimento nos processos internos de governo — e
na entrega dos produtos e serviços do Estado tanto aos cidadãos como à indústria e no uso de
6
O SH é um instrumento técnico que vigora a nível internacional onde constam as mercadorias objecto de
comércio internacional, sua designação e codificação. Com este instrumento adoptado por Moçambique em
1991, foram eliminadas as discrepâncias na designação e classificação das mercadorias entre os diversos
Estados, facto que muitas vezes criava impasses para os Governos e os intervenientes da actividade de comércio
externo.
7
Aprova o texto da Pauta Aduaneira.
5
ferramentas electrónicas e Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) para
aproximar governo e cidadãos.8
De modo geral, aceita-se a noção de governo electrónico como ligada à prestação de serviços
públicos por meio electrónico, ou seja, utilizando-se recursos de tecnologia de informação,
em caráter remoto e disponível no sistema 24/7 ou seja, vinte e quatro horas por dia, sete dias
por semana.
8
Disponível em: https://pt.m.wikipédia.org/wiki/Governo_eletrónico, acessado aos 21 de Setembro de 2019, as
15 horas e 25 minutos.
6
CAPÍTULO II
Os serviços das Alfândegas funcionam, no nosso país, desde 1584, tendo primeiro se
instalado na Ilha de Moçambique. Com isto, pretendemos demonstrar que as trocas comercias
entre os povos distantes e os que habitavam em Moçambique remota há bastante tempo.
Aliás, conta a história que o nosso país sempre foi um lugar preferencial para efeitos de
trocas comercias entre os povos, não só pela abundância de recursos naturais, como também
devido a sua estratégica localização geográfica, que determina a passagem de mercadorias
para os países do interland.
Esta situação “legitimou” àquele país imperialista o controlo da entrada, saída e trânsito de
mercadorias no nosso território e, consequentemente, a cobrança dos respectivos direitos e
taxas que vigoravam10.
Tal como todas outras instituições públicas, as Alfândegas de Moçambique constituem uma
herança colonial e, por isso, os procedimentos que naquela altura eram aplicáveis
continuaram em vigor11.
9
Realizada entre 14 de Novembro de 1884 a 26 de Fevereiro de 1885, tinha como objectivo dividir e ocupar
África pelas colonias europeias e resultou na segmentação do território africano hoje existente.
10
A organização, funcionamento e competências das Alfândegas, durante o período colonial consta do Decreto
n.º 43199, de 29 de Setembro de 1960. Vide anexo 1.
7
O procedimento aduaneiro das Alfândegas era tramitado manualmente, ou seja, sem recurso
às tecnologias de informação e comunicação, como se verifica actualmente. Para melhor
percepção, passamos a descrever a seguir o procedimento aduaneiro que vigorava.
11
O exemplo paradigmático no que se refere aos procedimentos das Alfândegas é da Pauta Aduaneira colonial.
Este instrumento de trabalho indispensável para as Alfândegas vigorou na sua essência em Moçambique
fundamentalmente até o ano de 1991.
12
Nos termos do n.° 1, do artigo 3, da Lei n.° 4/2011, de 11 de Janeiro, “entende-se por Despachante Aduaneiro
a pessoa singular, habilitada para praticar actos necessários ao despacho aduaneiro de mercadorias e
regularmente licenciadas”. O Despachante Aduaneiro intervém com mandato de representação directa, em
nome e por conta de outrem nos actos e formalidades previstas na legislação aduaneira incluindo as declarações
de mercadorias.
8
Policy Clearence: aplicável no caso do veículo automóvel usado, é um documento
que comprova que o veículo foi desembaraçado na proveniência;
Export Permit: aplicável a veículos automóveis usados, é um documento que clarifica
que foi autorizada na origem a exportação do veículo;
Guia de Circulação Rodoviária de Mercadoria: também designado memorando, é
emitida na fronteira de entrada da mercadoria;
Certificado de Inspecção pré-embarque: atesta o valor, a qualidade e as quantidades; e
Manifesto de Carga: é o mapa elaborado pelo carregador, discriminando toda
mercadoria que o meio de transporte carrega de acordo com o local de destino.
d. Se a importação for via aérea, para além dos documentos acima referidos na
importação via marítima, com excepção do Bill of Loading, o procedimento
aduaneiro iniciava com a apresentação do seguinte documento:
Carta do Porto Aéreo: documento que equivale ao conhecimento de embarque nas
importações via marítima.
9
3.1 Exemplificação de como se procedia numa TIRO
Seguindo esse sistema, a mercadoria era desembaraçada, na melhor das hipóteses, 5 dias
depois da sua chegada. Porém, de acordo com o corpo administrativo do MCNet, em sede da
visita efectuada, as mercadorias podiam demorar cerca de 30 a 60 dias.
A razão fundamental desta demora era o facto de haver uma Área de Separação14, onde
existia um livro próprio com cerca de dois metros de largura, no qual constava toda
informação relativa às mercadorias importadas, incluindo os respectivos valores de direitos e
imposições aduaneiras.
13
É uma empresa que actua no país na área de transportes, mais especificamente em transporte de carga.
14
Esta área era composta por funcionários das Alfândegas, designados Separadores, os quais garantiam, através
dos seus registos, o desembaraço aduaneiro das mercadorias, cumpridas todas formalidades legais e pagos todos
os direitos e imposições aduaneiras.
15
Estes impressos preenchidos só se designavam bilhete de despacho a partir do registo de número de ordem.
Antes disso, não passavam de simples formulários ou impressos. (GUIMARÃES, 2004, pág. 352)
10
vii. Era enviada à uma segunda verificação, que fazia conforme a primeira (o responsável
pelo sector reverificava a conformidade e assinava).
viii. Procedia-se ao pagamento de taxas e levantava-se a mercadoria.
ix. Finalmente, na porta, apresentava-se a guia de saída emitida pela terminal aduaneira e
seguia a viajem com a mercadoria devidamente legalizada.
IMPORTADOR
INSTRUÇÂO
DESPACHANTE
SECÇAO DE DESPACHOS
TESOURO
RECEITA
ALFÂNDEGA
BAIXA DE MANIFESTO
VERIFICAÇÃO
REVERIFICAÇÃO
PAGAMENTO DE DIREITOS
PORTOS E CFM, OU
CONCESSIONÁRIAS
SAÍDA DE MERCADORIAS 11
Diagrama 1 – Fluxograma de um processo de desembaraço aduaneiro antes da implementação da JUE. Este
fluxograma foi extraído do Manual do Professor Abílio Guimarães, pág. 351.
12
CAPÍTULO III
A MCNET E A IMPLEMENTAÇÃO DA JUE
O desenvolvimento económico das nações, aliado ao factor globalização, tornam cada vez
mais necessária a liberalização do comércio internacional e por essa via a eliminação das
barreiras tarifárias16.
Este facto, concorre para que diversas entidades e pessoas se envolvam cada vez mais na
actividade de comércio internacional, ainda que não sejam empresários vocacionados na área.
Por exemplo, os mukheristas17 e os consumidores finais.
Aliado a esta situação, o desenvolvimento de TIC’s e o seu uso errado propíciam a ocorrência
do crime organizado de carácter transnacional, designadamente o crescente crime de tráfico
de drogas, de seres humanos e de recursos naturais, e principalmente, os crimes de
contrabando e descaminho.
Através deste concurso foi selecionada e contratada a empresa MCNet, como concessionária
do sistema da JUE. Trata-se de um consórcio no âmbito das PPP, no qual a CTA detém de
uma quota de 20%, o Governo de Moçambique assegura uma quota de 20% com uma taxa de
16
O exemplo concreto de Moçambique é o Protocolo da SADC, que isenta da cobrança de direitos aduaneiros a
importação e exportação de certas mercadorias, entre os países da região austral de África.
17
Designação dada aos micro-importadores informais em Moçambique.
18
De acordo com o Relatório referente ao impacto da JUE, na importação e exportação de mercadorias em
Moçambique, publicado no site www.mcnet.co.mz, a questão não era apurar se Moçambique precisava ou não
de um sistema de gestão aduaneira automatizado, mas antes que tipo de sistema seria adequado e adaptável à
nossa realidade e quem iria assegurar o respectivo provimento, funcionamento e pagamento. Participaram desta
discussão a CTA, a comunidade dos doadores e membros da OMC.
19
A JUE permite as partes envolvidas no comércio e transporte internacionais, submeter a informação
padronizada e documentos através de um único ponto de entrada para o cumprimento dos requisitos legais de
importação, exportação, trânsito e outros regimes.
13
concessão de 3%. As restantes acções são detidas pela empresa internacional privada de
auditoria e consultoria, denominada ESCCOPIL.
De acordo com as informações obtidas em sede da visita, está previsto que depois de 15 anos,
a gestão completa passa a ser do Estado moçambicano. Actualmente, decorem 10 anos após a
implantação do projecto, faltando apenas 5 anos para o fim da concessão.
No que se refere aos recursos humanos que fazem parte desta empresa, importa referir que os
mesmos são de origem diversa, designadamente:
Inicialmente, faziam parte do projecto cerca de 150 pessoas. Actualmente, com a eliminação
dos constrangimentos do arranque e aperfeiçoamento técnico-profissional, fazem parte do
projecto cerca de 100 pessoas.
A MCNet dispõe de centros de formação, em Maputo, Beira, Tete e Nacala, que visam
formar os diversos utilizadores da JUE ao longo do país. Os cursos são ministrados em
módulos tendo em atenção o papel de cada interveniente no processo de desembaraço
aduaneiro.
20
A maioria dos funcionários públicos que fazem parte deste consórcio são quadros oriundos de diversas
entidades ligadas a área das finanças com destaque para os funcionários das Direcções das Áreas Fiscais e das
Alfândegas de Moçambique.
14
Aliás, constitui um dos requisitos para o importador ou exportador ter acesso à JUE,
participar da formação no Módulo “Importador/Exportador” e se registar para aquisição
das credencias de acesso.
21
Criada pela Lei n.° 4/2011 de 11 de Janeiro, regula o exercício da profissão de Despachante Aduaneiro em
Moçambique.
15
4.3.2 Infra-estruturas da JUE
22
Segundo o Eng° Ciro Cardoso, a restante percentagem é reservada para a manutenção do sistema.
16
Figura 1 – Distribuição geográfica da JUE
17
Terminais aduaneiras e armazéns de regime aduaneiro23;
Despachantes Aduaneiros e outros agentes de despacho alfandegário;
Agentes marítimos transitórios e empresas de logística; e
Bancos Comercias.
Para efeitos de interacção dos diversos actores do comércio externo no sistema da JUE,
encontram-se em funcionamento os seguintes subsistemas:
4.3.4.2 TradeNet
O subsistema TradeNet é o servidor da JUE, que contém uma plataforma que permite
compartilhar dados com as diversas partes envolvidas no processamento de documentos
comercias e de desembaraço aduaneiro. Através desta plataforma torna-se possível a
interacção entre os diversos intervenientes mencionados no parágrafo anterior.
O acesso dos usuários é fornecido através de uma série de portas de segurança. Depois de
concluídos os sistemas de informação e formação, são fornecidas senhas aos utilizadores
autorizados para lhes permitir que executem as funções para as quais tem formação e estão
23
Entende-se por armazém de regime aduaneiro os locais onde as mercadorias sejam depositadas de forma
segura com suspensão de direitos e demais imposições aduaneiras devidas.
18
licenciados. O sistema providencia às partes envolvidas no comércio internacional o acesso a
todos serviços relacionados ao mesmo. São, portanto, funcionalidades do Tradenet:
Avisos de chegada;
Submissão de Manifestos eletrónicos de cargas
Submissão de Manifestos Domésticos,
Submissão de declarações eletrónicas;
Pagamentos;
Licenças, autorizações e rastreio de cargas.
4.3.4.4 e-valuator
24
Com a implementação deste subsistema pretende-se solucionar as divergências entre as Alfândegas e os
importadores, que normalmente resultam da subfacturação e possíveis “reavaliações arbitrárias” pelos
funcionários aduaneiros.
19
Figura 2 – interacção dos sistemas da JUE
No que se refere as línguas nas quais o sistema está disponível, encontramos o português e o
inglês. O acesso ao sistema da JUE é feito por via Internet, pelo que relativamente ao
TradeNet pode ser acedido a partir de qualquer parte do globo terrestre, bastando apenas ter
um perfil atribuído para os devidos efeitos.
20
4.3.6 Taxas cobradas pelo uso do sistema JUE pela MCNET
Tal como qualquer outro serviço electrónico, seja bancário ou via redes de telefonia móvel, o
sistema da JUE, acarreta custos25 para os seus utentes. É nesta perspectiva que no processo de
desembaraço aduaneiro de mercadorias, as Alfândegas, para além dos direitos e demais
imposições aduaneiras, cobram aos importadores e exportadores as taxas, de acordo com a
tabela abaixo.
Regime
Declarações Aduaneiras, Valores FOB26, em Dólares americanos (USD)
Aduaneiro
Trânsito/outro USD 24
O pagamento da taxa pela utilização do sistema ocorre em simultâneo com o pagamento dos
direitos e demais imposições aduaneiras, que é efectuado com base no Aviso de Pagamento,
emitido automaticamente pelo sistema, logo após a submissão da Declaração.
25
Justificam-se pela necessidade de suportar os diversos encargos atinentes a manutenção e funcionamento
contínuo do sistema.
26
Free On Bord (FOB) – significa que a mercadoria colocada no navio para efeitos de comércio externo
encontra-se livre do frete, no que se refere a facturação.
27
Disponível em: www.mcnet.mz, acessado aos 20 de Setembro de 2019, às 16 horas e 33 minutos.
21
CAPÍTULO IV
O DESEMBARAÇO ADUANEIRO ATRAVÉS DA JUE
5 A tramitação do procedimento
28
Antes da chegada da mercadoria é obrigatório que o importador contrate um Despachante Aduaneiro, que em
seu nome praticará todos os actos legais de desembaraço aduaneiro de mercadorias. O Despachante Aduaneiro é
a pessoa credenciada para acessar ao sistema da JUE através da senha que lhe foi atribuída pelo MCNet.
29
Em caso de rejeição da Declaração o Declarante é notificado das razões sobre o facto, podendo, conforme o
caso, proceder a respectiva correcção e reencaminhamento devido.
22
Após a aceitação, o Despachante Aduaneiro é notificado para proceder ao pagamento de
direitos e demais imposições aduaneiras, no prazo de 10 dias, após a recepção do Aviso do
Pagamento.
2. Pagamento
3. Verificação
4. Reverificação
5. Exame físico
30
Os canais de risco são selecionados no sistema pelo Verificador conforme o risco. Podem ser vermelho,
amarelo, azul e verde.
31
A empresa concessionária para efeitos de gestão do scan designa-se Kundumba.
32
O pessoal da Área de Gestão de Risco, pode, após a verificação da mercadoria, proceder a devolução do
dossier ao verificador, acompanhado das respectivas recomendações, se as houver. Não havendo
recomendações, a mercadoria é encaminhada para a Porta, sendo este o estágio final do procedimento de
desembaraço.
23
intrusiva, nos casos em que a mesma é solicitada pelo Verificador, de acordo com a área de
risco por si seleccionada.
6. Autorização de saída
Em todo o caso, na visita salientou-se que o maior ganho que o Estado teve está no facto de
ter um sistema que pode evoluir em simultâneo com as alterações e evolução dos padrões do
comércio internacional e, consequentemente, da legislação em vigor.
33
A MCNet não faz parte do sistema financeiro, mas é uma das entidades mais apreciadas e interligada com
mais de 15 bancos.
24
5.4 Desafios
Após a interacção com o Corpo Directivo da MCNet constatamos que, embora o sistema seja
moderno, flexível e traga muitos ganhos, ainda persistem os seguintes desafios a concretizar:
25
Conclusão
Neste contexto, a MCNet constitui um exemplo bem sucedido de uma parceria entre o Estado
e o Sector Privado, na modernização dos serviços das Alfândegas. Numa era de globalização
e de informação em que vivemos, a adopção das TIC’s na facilitação e solução dos problemas
do dia-a-dia é inevitável, tanto que os países que não aderem a elas ficam relativamente
menos desenvolvidos e fora dum mercado internacional que se revela cada vez mais
dinâmico.
Através dos subsistemas da JUE, o contacto entre as Alfândegas e os utentes dos seus
serviços ficou mais facilitado, tanto que, em qualquer parte do globo os operadores do
comércio externo podem submeter as declarações para efeitos de desembaraço aduaneiro de
mercadorias. É neste sentido que a Tradenet, funciona como o portal aberto através do qual
estes operadores comunicam com as Alfândegas e estas processam o resto do expediente por
via do sistema interno, que é o CMS.
26
Recomendações
Funcionamento das terminais aduaneiras 24 horas por dia, 7 dias por semana;
Treinamento e formação contínua dos Recursos Humanos, tendo em conta que o
sistema evolui constantemente;
Trabalho conjunto entre o MCNet e o Estado, para que no fim da concessão haja
continuidade em termos de recursos humanos qualificados, garantia de recursos
matérias e financeiros;
Que a Inspecção Geral das Finanças e o Tribunal Administrativo auditem o
funcionamento da JUE, para assegurar a sua conformação com os objectivos para os
quais foi estabelecida e com a legislação nacional;
Criação de um Módulo Anti-corrupção, que deverá consubstanciar numa
funcionalidade sobre boas práticas no processo de desembaraço aduaneiro;
Massificação das PPP a fim de implementar as TIC’s nos procedimentos
administrativos do Estado;
Continuidade da filosofia da jurisdição de Actividades Complementares nas demais
formações a serem ministradas pelo CFJJ, pois facilita a conciliação entre a teoria e a
prática.
27
Bibliografia
Doutrina
Afonso, Sérgio Brigas et al., Temas de Direito Aduaneiro, Almedina, Coimbra, 2014
Guimarães, Abílio, Alfândegas de Moçambique - Do ano 1500 a 2012, 1ª Edição,
Texto Editores, Maputo, 2014
Guimarães, Abílio, Direito Aduaneiro e Fiscal e Procedimentos Técnico Aduaneiros,
1ª Edição, Imprensa Universitária, Maputo, 2004.
Monteiro, Manuel Gonçalves, Direito Aduaneiro, 2ª Edição, vol 1, s/e, Lisboa, 1970
MOSSE, Marcelo; CORTEZ, Edson, Corrupção e Integridade nas Alfândegas de
Moçambique - Uma avaliação das boas práticas nº 5, Maputo, Ciedima, 2006.
Legislação
28
Internet
Entrevista
29
ANEXO
30