Arte Real 104 PDF
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Símbolos
Os Mistérios da Iniciação!
A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade
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Simbólica, Não no
Sentido Pejorativo!
Francisco Feitosa
O
termo “Loja Simbólica” faz alusão à vivência de Pedra”, passam a ter um papel fundamental na
dos pedreiros, em alojamentos, nos canteiros busca do arquétipo, até que o postulante, por mérito,
de obra, em tempos pretéritos. Atualmente, consiga se fundir ao mesmo, e, de fato, tornar-se um
a parte da Maçonaria, cuja responsabilidade iniciado, na acepção da palavra.
é a administração dos três primeiros Graus, As instruções maçônicas se utilizam de uma
independente do Rito praticado, é a Maçonaria metodologia de aprendizagem muito especial. Muitas
Simbólica, chamada, antigamente, de “Blue Lodges” vezes não é suficiente lê-las para compreendê-las.
ou “Loja Azuis”, possuindo uma estrutura simbólica, O processo é mais que analítico e envolve, além da
rica em informações, porém um tanto complexa, instrução escrita, um conjunto de outros fatores para
principalmente, àqueles que, de fato, não passaram que possamos captar sua verdadeira essência.
por um processo iniciático, ou não se enveredaram, Observa-se que toda instrução deve ser
como deveriam, nos estudos de seus excelsos ministrada dentro de nossos Templos, em Loja
Arcanos.
Quando a chamamos de “simbólica”, não
devemos entender esse termo, pelo cunho pejorativo,
como irrelevante, sem importância, apenas ilustrativo,
conceito adotado por muitos “profanos de avental”,
lamentavelmente. Quando assim a tratamos, é em
razão de seus ensinamentos estarem ocultos em
símbolos, cuja interpretação é parte imprescindível do
aprendizado e, consequente, da evolução maçônica
do postulante à iniciação. O próprio processo de
iniciação não se finda na cerimônia de iniciação,
quando o candidato ingressa na Ordem. Transcorre
por toda caminhada maçônica, cujos símbolos que
ornamentam o Templo, que é um verdadeiro “Livro
A
Ordem Maçônica baseia os seus muitos dos princípios maçônicos: “A Maçonaria é um
princípios e os seus diversos ensinamentos sistema sacramental que, como todo sacramento,
em símbolos e rituais. Podemos afirmar que tem um aspecto externo visível, consistente em
uma das principais características da Maçonaria, seu cerimonial, doutrinas e símbolos, e acessível,
seja, justamente, aquela de procurar velar e proteger somente, ao maçom que haja aprendido a usar
os seus muitos segredos dos olhos daqueles que, sua imaginação espiritual e seja capaz de apreciar
ainda, sejam considerados profanos. A maneira a realidade velada pelo símbolo externo (...)”
encontrada pela Ordem Maçônica para ministrar (FIGUEIREDO, 1998, p.231).
os seus muitos segredos e ensinamentos aos seus
Iniciados, é procurar, sempre, faze-lo utilizando-se de Na Maçonaria a maior parte dos símbolos
símbolos e metáforas (CAMPANHA, 2003, p.38). e metáforas, que são utilizados, provêm da antiga
atividade profissional e corporativa dos pedreiros
Esta Simbologia Maçônica, sua interpretação medievais. Construtores que eram, principalmente,
e o seu entendimento são as ferramentas utilizadas de Igrejas, grandiosas Catedrais, sólidos castelos e
pelos maçons para o seu constante escavar de fortalezas, os pedreiros medievais organizados em
masmorras ao vício e no seu permanente edificar
e levantar de templos às virtudes: “Para tornar sua
doutrina mais facilmente assimilável, como também,
para inspirar conceitos mais amplos, a Maçonaria
transmite seus ensinamentos por meio de símbolos.
Cada maçom vê nestes símbolos conforme o seu
grau de evolução, sem, contudo, afastar-se dos
fundamentos da doutrina (...)” (GRANDE LOJA DO
PARANÁ, 2000, p.3).
A
primeira constatação que empolga aquele Desse imenso legado das tradições antigas, de
que se aprofunda na interpretação da liturgia que os pedreiros (maçons, masons, maurerei) foram os
maçônica é a da antiguidade dos seus símbolos, depositários conscientes ou inconscientes, faziam parte,
de suas alegorias. Remontam as origens dos símbolos também, as tradições ocultas, herméticas, dos mistérios
maçônicos à aurora do homem sobre a Terra. Daí, antigos, perpetuados em símbolos e práticas esotéricas.
terem alguns observadores apressados concluído que
Estabeleceu-se, assim, um liame entre a
a Franco-Maçonaria é tão antiga quanto o mundo.
Franco-Maçonaria do século XVIII e a mais remota
Trata-se, evidentemente, de um exagero, pois a
antiguidade, que levou os escritores a que nos
Franco-Maçonaria, com as características atuais, data
referimos, a declarar a Franco-Maçonaria coeva da
do século XVIII, ou melhor, do ano de 1717, ponto de
vinda do homem sobre a face da Terra. A verdade,
partida da Franco-Maçonaria Moderna. Foi nessa data
contudo, como já dissemos, é um pouco diferente: os
que se firmou a preponderância da Franco-Maçonaria
legítimos símbolos maçônicos é que se perdem na
Especulativa, sobre a Operativa.
noite dos tempos, mas a Franco-Maçonaria, como a
Mas, anteriormente, à memorável reunião das conhecemos, data de pouco mais de dois séculos, ou
quatro lojas franco-maçônicas de Londres, existiam por outra, a Instituição é nova e a sua essência é antiga.
várias lojas por toda a Inglaterra, Alemanha, França e
Itália, formadas por pedreiros de profissão, reunidos
em confrarias, com regulamentos próprios, sinais de
reconhecimento, símbolos litúrgicos, e se tratando por
irmãos. Guardavam, ciosamente, a sua arte de construir
do conhecimento do vulgo ou profanos. A par desses
conhecimentos, essas confrarias (Guilds, Brotherhoods,
Bruderschaften, Confrèries) constituídas por verdadeiros
artistas (foram os construtores das grandes catedrais
europeias e os criadores da arte gótica) reuniam e
conservavam a tradição esotérica da antiguidade pagã,
às vezes, confundidas com as tradições mais novas do
cristianismo. Compreende-se, assim, o respeito que os
príncipes tiveram por essas corporações de artesãos,
às quais dotaram de regalias e privilégios.
C
omo instituição iniciática, a Maçonaria adota para transformação interna: o que se modifica é o próprio ser
o ensino e estudo de sua filosofia, a apresentação do iniciado e, consequentemente, sua consciência e
de Símbolos e Rituais. Este método consiste percepção. Trata-se de uma verdadeira transmutação,
na interpretação intuitiva dos Símbolos e Rituais, e é no sentido alquímico do termo. E, ao contrário do
eminentemente auto didático. primeiro tipo, não envolve uma cerimônia pública. É um
reconhecimento externo de uma mudança interior, que
Ritual Maçônico é uma representação, uma
já se processou. Neste segundo sentido, a Iniciação
demonstração alegórica, um teatro ritualístico. Rituais (ou
ocorre quando o neófito estabelece contato com as
cerimônias) são fundamentais para o maçom. Dentre
forças arquetípicas e deixa seu campo de consciência
eles, destacam-se: o Ritual de Iniciação: de profano a
ser transformado pela exposição a essas forças, que
Aprendiz; Ritual de Elevação: de Aprendiz a Companheiro;
se expressam por meio de manifestações simbólicas,
e o Ritual de Exaltação (Rito Escocês Antigo e Aceito) de
que cabem a ele decifrar. O cérebro, durante práticas de
Companheiro a Mestre, que é a encenação da morte de
Rituais (ou de meditação), passa a operar em ondas mais
Hiram Abiff. Os Rituais são cerimônias de transformação
lentas. Durante o Ritual, o indivíduo entra num estado
interior - há uma interconexão entre o consciente e o
alterado de consciência, com ondas cerebrais alfa e teta,
inconsciente.
que lhe permitem acessar o inconsciente. Esse estado
“Iniciação” é uma palavra oriunda do latim alterado de consciência é alcançado pelo pensamento
“initiare”, “início ou começo em”. O termo “iniciação” e a emoção, colocados na dramatização. Quando
tem um sentido designado pelo uso comum da palavra: acontece a emoção (intensidade e perfeição na atuação
é o “início” de alguma coisa. Mas a expressão “Ritual de cada maçom), o cérebro não consegue perceber o
Iniciático” é usada em dois contextos diferentes: em que é “realidade” e o que é “teatro”, entendendo o Ritual
primeiro lugar, um Ritual Iniciático é a cerimônia de como realidade no presente. E, cada maçom, acessando
aceitação de um indivíduo por determinado grupo. Nessa seu inconsciente individual, estará conectado com o
primeira acepção, o Ritual Iniciático tem um caráter social, inconsciente coletivo.
que demarca a relação da pessoa com a coletividade ou
No Ritual de Iniciação, há uma transmutação,
com algum segmento da sociedade. Portanto, quando o
um renascimento interior, proporcionando uma nova
indivíduo entra para um determinado grupo, esse ingresso
percepção de si mesmo e do mundo. O iniciado passa por
é comemorado com um Ritual de Iniciação.
“provas”, como acontece com cada indivíduo durante sua
Em segundo lugar, a expressão “Ritual Iniciático”, vida. Por esse motivo, o símbolo maçônico da Iniciação
indica não uma mudança de condição social, mas uma é a morte – morrer para a vida profana e renascer para