Moça Com Brinco de Perola
Moça Com Brinco de Perola
Moça Com Brinco de Perola
Gênero: Drama
Duração: 99 minutos Elenco
Lançamento: 2003 Colin Firth – Johannes Vermeer
Produção: Inglaterra/Luxemburgo Scarlett Johansson – Griet
Faixa etária: 12 anos Tom Wilkinson – Peter van Ruijven
Cillian Murphy – Pieter
Ficha técnica Essie Davis – Catharina Bolnes
Direção: Peter Webber Vermeer
Roteiro: Olívia Hetreed – baseado em Rollo Weeks – Frans
livro homônimo de Tracy Chevalier,
publicado em 1999 (no Brasil, em
2002)
Produção: Andy Peternson e Anand
Tucker
Fotografia: Eduardo Serra
Montagem: Kate Evans
Direção de arte: Cristina Schaffer
Trilha sonora: Alexandre Desplat
Figurino: Dien van Straalen
O filme
O título do filme é o mesmo de um famoso quadro do pintor Johannes Vermeer,
um dos grandes mestres da pintura holandesa do século XVII. A história narrada pelo
filme e pelo livro que o inspirou, ficcional, se passa na cidade holandesa de Delft, em
1665, e foca a relação entre uma jovem criada, Griet, e seu patrão, o mencionado
pintor. No filme, Griet, teria sido a modelo utilizada por Vermeer para pintar um belo
retrato, conhecido posteriormente como a “Monalisa holandesa”. Segundo o enre-
do, essa jovem se tornara criada devido a problemas financeiros em sua família, re-
sultantes das limitações de seu pai, cego. Griet, protestante, passa então a trabalhar
na casa onde mora Vermeer e sua família: a residência de Maria Thins, sogra do pin-
tor, de origem burguesa e católica. Esta família já não usufruía da riqueza de outrora
da matriarca e dependia financeiramente dos pagamentos efetuados pelo mecenas
Pieter van Ruijven a Vermeer. Griet, ao limpar o ateliê do pintor, se revela uma atenta
observadora dos quadros, e este, percebendo sua sensibilidade estética, a incumbe
de algumas tarefas específicas, como o delicado preparo das tintas. Encantado pela
beleza da criada, o mecenas encomenda a Vermeer um retrato da moça, que é feito
às escondidas de sua ciumenta esposa Catharina, mas com a anuência da sogra, que
percebe que o pintor tornara-se mais produtivo após a chegada de Griet.
Ao longo do filme acompanhamos, por um lado, o encantamento que a arte
realista de Vermeer provoca em Griet, sua percepção detalhada das etapas da ela-
boração de um quadro, a importância da técnica (o uso da luz e de recursos como a
câmara obscura; a combinação de cores e seus efeitos). Griet se sente valorizada ao
auxiliar o pintor no preparo das tintas e ao ser convertida em sua modelo. Por outro
lado, mergulhamos também nas péssimas condições de vida e no trabalho duro dos
criados, responsáveis pelo funcionamento dessa casa burguesa, com seus hábitos,
relações hierárquicas, códigos de conduta e rituais sociais.
Curiosidades
• Em 1653, Vermeer (1632-1675) se converteu ao catolicismo e se casou com Ca-
tharina Bolnes, de família burguesa, com quem teve 15 filhos antes de mor-
rer, aos 43 anos, vítima de um ataque cardíaco.
• O filme, que se situa temporalmente no ano de 1665, apresenta ao especta-
dor, além da que dá título ao filme, mais duas importantes obras finalizadas
por Vermeer nesse período: Woman with a Pearl Necklace (Mulher com Colar
de Pérolas) e Young Woman with a Water Pitcher (Moça com Jarra d´Água). Essas
e todas as obras do pintor podem ser apreciadas em detalhes no site <http://
mystudios.com/vermeer>.
• Em 2003, o filme ganhou o prêmio de melhor fotografia no Festival Inter-
nacional de Cinema de San Sebastián (Espanha). Em 2004, recebeu três indi-
cações ao Oscar (fotografia, direção de arte e figurino) e duas indicações ao
Globo de Ouro (melhor atriz e trilha sonora).
Orientações preliminares
A pintura de Vermeer inscreve-se no gênero “pintura holandesa”, de estilo rea-
lista, que surgiu no século XVII e foi considerada um modo muito peculiar de arte
barroca. A Europa tinha acabado de sair da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) e as
tensões de ordem religiosa estavam começando a se acomodar com o reconheci-
mento da liberdade de culto por alguns monarcas. No caso da Holanda, a liberdade
religiosa vigente, apesar do predomínio de protestantes na elite mercantil, era uma
forma de afirmar a independência diante da monarquia católica espanhola, que
havia dominado até bem pouco tempo essa nação. A pintura holandesa do sécu-
lo XVII se vinculava à afirmação da rica burguesia mercantil holandesa, voltada ao
comércio marítimo internacional. A vida privada e os interiores das casas passavam
a servir de inspiração aos artistas por ela patrocinados. Esse novo gênero ampliou
os temas pictóricos em voga, até então muito marcados por motivos bíblicos ou
retratos de nobres e monarcas. Além disso, consolidou uma identidade própria no
universo da arte europeia ao representar com grande riqueza de detalhes e apuro
técnico o ambiente em que vivia o holandês: cenas do cotidiano, pessoas em seus
ofícios profissionais ou afazeres domésticos, cenas urbanas e paisagens holandesas.
Atividades
1. Sugira aos alunos que assistam atentamente ao filme, identificando os se-
guintes aspectos:
- Que vestimentas e hábitos de Griet a identificam como protestante? E na casa
de Vermeer, que elementos visíveis atestam o catolicismo da família?
- Que hábitos podemos notar no cotidiano da família de Vermeer? Como a famí-
lia supre suas necessidades de água, alimentos, iluminação noturna? Que elementos
denotam estilo de vida luxuoso, por um lado, e que indícios existem de sua deca-
dência econômica, por outro?
- Quais são os principais cômodos da residência e como os personagens de dis-
tintas classes sociais ocupam esses espaços?
2. A vida urbana de Delft é retratada no filme, bem como suas visíveis transfor-
mações causadas pelas mudanças de clima, com a sucessão das estações. Repare
que Griet é focada, em momentos diversos, na mesma praça. Peça para os alunos,
em duplas, fazerem um levantamento das características dessa pequena cidade, ob-
servando as cenas de paisagem urbana que há no filme. Em seguida, a dupla deverá
pesquisar a localização geográfica de Delft, com o auxílio de mapas, e descrever
suas características climáticas. A dupla poderá, ainda, buscar imagens e informa-
ções sobre a cidade na atualidade, identificando os elementos marcantes de seu
traçado urbano e de sua arquitetura histórica, como, por exemplo, o patrimônio do
século XVII que se encontra preservado. Os elementos identificados poderão ser
comparados ao traçado urbano e à arquitetura legada pelos holandeses em Recife,
cidade edificada durante o período das Invasões Holandesas no nordeste, durante
o qual era denominada Mauritsstad (Cidade Maurícia, 1638-1654) em referência ao
então governador, Maurício de Nassau.
5. Por que Vermeer faz questão que a criada ostente um brinco de pérola para
ser retratada (1:10’)? O professor de Língua Portuguesa pode pedir aos alunos para
elaborem uma redação pensando nos significados dessa cena. Eles poderão imagi-
nar o que se passa nas mentes de Griet ou de Vermeer nesse momento, transcreven-
do suas emoções. Poderão também propor o desvendamento do mistério existente
no final do filme, imaginando quem poderia ter enviado o brinco de presente para
a criada e por qual motivo após ela ter sido despedida. Por fim, o professor poderá
enfatizar que os personagens Vermeer e Griet não vivem um romance clichê, mas
nem por isso a narrativa deixa de ter forte carga romântica ou erotismo. Junto com
a classe, o professor poderá ler trechos de narrativas literárias clássicas (um exemplo
seria Dom Casmurro, de Machado de Assis) nas quais situações amorosas ou ações
provocadas por esse sentimento são sutilmente sugeridas, isto é, não são direta-
mente explicitadas.
7. No preparo das cores, Vermeer mostra a Griet materiais muito diversos dos
quais extraía pigmentos. Peça aos alunos que observem atentamente a cena em
questão e identifiquem os materiais utilizados: São orgânicos? Do que são com-
postos? A composição poderá ser pesquisada com a orientação do professor de
Química. Em seguida, os alunos deverão fazer um pequeno levantamento identifi-
cando de que materiais, no Brasil, é possível extrair pigmentos e como isso é feito.
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