Vitrúvio e Os Sistema Da Arquitetura

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Arq.

Antonio Carlos Silveira Junior

Vitrúvio e os Sistema da Arquitetura

O texto a seguir reúne apontamentos foram feitos a partir da obra


História da Teoria da Arquitetura, de Hanno-Kruft, professor de história da arte
alemão; dos textos de introdução da obra dos Dez Lirvros de Vitrúvio em
português, feita pelo professor e tradutor M. Justino Maciel e pelo historiador da
arte Renato Brolezzi; e também da obra de Silvio Colin, professor de Teoria e
História da Arquitetura na FAU-UFRJ.
A obra de Silvio Colin é uma introdução aos assuntos gerais de
arquitetura, com uma linguagem acessível ao iniciante sem perder o rigor
conceitual e a precisão das informações. Sua preciosidade e mérito está em
reunir de modo sintético e sistematizado por assuntos um leque de questões que
devem preocupar um aluno ingressante em um curso de arquitetura no que
tange aspectos de projeto, teoria e história da arquitetura. Dentre essas
discussões, a abordagem dos sistemas arquitetônicos de Vitrúvio compõe parte
importante do livro.
O tratado de arquitetura de Vitrúvio, em português foi publicado no Brasil
por M. Justino Maciel (historiador da arte) em 2007 e parte de um esforço no
estudo e comentário de fontes primárias, tradição já consolidada na Europa.
A obra de Hanno-Walter Kruft é um extenso compêndio de Teoria da
Arquitetura, com extensa e profunda investigação da história das teorias desde a
Antiguidade Clássica até o período depois de 1945 em diante, classificado como
Pós-Modernismo. É uma obra de referência, rigor e precisão nas definições e dá
grande contribuição a qualquer discussão que envolva Teoria e História da
Arquitetura. Por essa razão foi traduzido e resumido parte de sua discussão
sobre Vitrúvio, nesse texto.

Importância do texto de Vitrúvio

De Architectura significa para a história da arte universal, o elo de ligação


com o patrimônio antigo. A primeira cópia manuscrita conhecida pelos
modernos foi descoberta em 1414. O texto de Vitrúvio, interlocutor da
tratadística arquitetônica clássica, foi o único tratado de arquitetura
sobrevivente, de sua época (viveu além de seu tempo).

O texto é uma autoridade suprema e influenciou:

Leon Battista Alberti (1404-1472) – arquiteto e teórico da arte italiano;

Rafael Sanzio (1483-1520) – pintor e arquiteto do Renascimento florentino na


Itália;

Andrea Palladio (1508-1580) – arquiteto e teórico do Renascimento tardio


italiano;

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Sebastiano Serlio (1475-1554) arquiteto do Renascimento e Maneirismo
italiano;

Michelangelo di Lodovico Buonarotti Simoni (1475-1564) – pintor, escultor,


arquiteto e poeta do Renascimento italiano;

Giácomo Barozi Da Vignola (1507-1573) – arquiteto do Maneirismo italiano no


século XVI.

Vignola, Serlio e Palladio foram os arquitetos que difundiram o


Renascimento italiano pelo Ocidente europeu. Vitrúvio influenciou também na
arquitetura do século XVIII e XIX, em diferentes escalas e contextos.O texto de
Vitrúvio não possui “elegância poética”, se apresenta como um texto prático e
objetivo, sem linguagem rebuscada. No tratado se salienta a objetividade e o
discurso denotativo, o sentido objetivo e pragmático das coisas, seu sentido mais
direto e prático, descritivo e informativo.
Apresenta vínculos entre o “fazer arquitetônico” e seu sentido moral, de
acordo com a cultura de sua época (Roma na era de Augusto). Alberti, no século
XV, reforça as Ordens arquitetônicas da antiguidade, descreve as quatro ordens
de Vitrúvio (Toscana, Jônica, Dórica, Coríntia) e acrescenta mais uma: a ordem
Compósita.
É uma referência a todas as artes, pois define os elementos que compõe o
Belo, portanto os elementos da verdade da época. O Homem Vitruviano, de
Leonardo Da Vinci (baseado no livro III de Vitruvio) é considerado um cânone1
de proporções clássicas do homem.
Sebastiano Serlio, em 1540, confere a Vitrúvio o posto de autoridade canônica,
pelo qual, a tradição o reconhece até a atualidade.

[...] O termo “clássico” não teria qualquer significado nem substância


sem o tratado de Vitrúvio.” BROLEZZI, Renato – Vitrúvio e sua herança
moderna In. VITRUVIUS POLLIO – Tratado de arquitetura (Séc. I.
a.C.). Tradução, introdução e notas a partir de M. Justino Maciel. São
Paulo: Martins Fontes, 2007,
p. 27.

Breves informações biográficas

Vitrúvio foi um engenheiro militar que serviu nas campanhas de Júlio


Cesar. Reformado, ofereceu uma obra de arquitetura ao imperador Augusto.
Após a morte de Julio Cesar trabalhou em construções de sistemas de
fornecimento de água de Roma. Aposentou-se em 33 a.C. e recebeu uma pensão
de aposentadoria do império de Augusto. Supõe-se que teria por volta de 51 anos
quando começou a escrever o tratado. Pensa-se que o tratado pode ter sido
escrito entre 33 a.C. e 14 a.C.

1 Cânone: Conjunto de regras ou modelos.

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Os dez livros são a primeira teorização desenvolvida que se tem conhecimento
de arquitetura e o primeiro manual que reúne conhecimentos de urbanismo,
construção, estética e engenharia.

Os sistemas da Arquitetura

Não se conhece nenhum trabalho anterior ao de Vitrúvio, escrito na época


de Augusto no início do império Romano, especificamente sobre arquitetura e
que, principalmente, tenha sobrevivido e se disseminado sobre a cultura como os
Dez Livros.
Apresenta seminal importância histórica, documental, inspirou outros
tratados a partir do Renascimento até o século XIX, passou pelo século XX com
uma influência sobre os postulados do Movimento Moderno (nem sempre
admitida pelos modernistas) e chega a atualidade como uma obra magna de
referência ímpar para a história e teoria da arte.
Vitrúvio dividiu e classificou os assuntos de arquitetura. Destacam-se
duas das suas divisões que ganharam grande repercussão até a atualidade:

Significado e significante:

As formas arquitetônicas tem uma “vocação simbólica”, ou seja, são


capazes de representar coisas diferentes delas mesmas.

“ In architectura haec duo insunt: quo significatur et quod significat”.

Traduzindo do latim: “Em arquitetura devem ser considerados dois


pontos: aquilo que é significado e aquilo que significa”. Deu as bases para um dos
principais métodos de crítica de arte do século XX: a linguística estrutural.
Também influenciou as discussões em teoria da comunicação e semiótica.

Firmitas, Utilitas, Venustas

A arquitetura se divide em três grandes sistemas:

SOLIDEZ: se refere aos sistemas estruturais, envoltório físico, a tecnologia, e `a


qualidade do material utilizado no ambiente construído.

UTILIDADE: trata da condição dos espaços quanto ao seu correto


dimensionamento, aos aspectos físicos e psicológicos e as relações estabelecidas
entre esses espaços. O edifício atende a esse requisito quando não apresenta
obstáculos ao uso e os tipos de edificações apresentam adequação e propriedade
ao que se destinam.

BELEZA: equivaleria `as preocupações estéticas dos projetos e construções. Além


das preocupações técnicas e com a funcionalidade, um edifício deve estimular `a
contemplação e a fruição.

Firmitas

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A arquitetura deve ser perene, deve perdurar, resistir ao tempo. Para isso
ter solidez, resistir `as intempéries e ao desgaste do tempo. Para isso deve ter
excelência técnica e os materiais devem ser duráveis.
Os três materiais de construção sem beneficiamento mais apurado, mais
utilizados ao longo da história foram a pedra, a madeira e a argila. A partir desses
três elementos naturais básicos foi edificada a arquitetura até o século XIX.
O sistema estrutural integra os outros sistemas. É um princípio desejável
para a arquitetura, a adequação e uma integração entre os sistemas tal que não
se faça distinção onde se começa um sistema e onde termina outro. Elementos
estruturais devem dar expressão a arquitetura. Elementos arquitetônicos de um
modo geral são híbridos: dão forma e expressividade , operam a atividade a qual
se propõe convenientemente dento de requisitos técnico-construtivos definidos.

Utilitas

O edifício deve abrigar uma atividade para qual se destina sua construção.
No segundo sistema da arquitetura entramos no domínio da utilização ou função
do edifício. Podemos pensar que um edifício contempla três categorias de
função:

FUNÇÃO SINTÁTICA: se relaciona com o lote, sítio arquitetônico, com o bairro, com
a cidade, enfim, com o contexto e a paisagem na qual está inserida.
É definida pela simples inserção do edifício em um sistema complexo (contexto)
como um elemento da paisagem, independentemente das atividades
desenvolvidas. A palavra-chave é existência e relação.

FUNÇÃO SEMÂNTICA: lida com o significado da arquitetura. Pode-se pensar que o


edifício sempre significa alguma coisa para a sociedade. Ex.: Igreja
(religiosidade), tribunal (ordem), habitação (privacidade).

FUNÇÃO PRAGMÁTICA: o edifício deve abrigar uma atividade. Essa função se


relaciona ao seu uso. O edifício deve ser bem dimensionado e ser adequado ao
local ao qual está implantado.

Em relação as funções pode-se pensar que:

Um edifício É (existe, de modo elementar, dentro de um contexto de


outros elementos da paisagem);

Um edifício SIGNIFICA (representa por meio de símbolos ou ícones);

Um edifício ABRIGA (atividades para qual foi destinado ou outras


atividades para qual foram adptados de acordo com o contexto cultural, social e
político de época e lugar).

Venustas

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Nesse ponto discute-se o modo de lidar com a forma. Na atualidade, a
tradução direta do latim de Venustas para “Beleza” ganha uma conotação
diferente, já que atualmente relativizamos a beleza conforme categorias como
gosto pessoal, contexto cultural e o conceito de tradição, variando com a época e
lugar. Mas, na época de Vitrúvio, essas relativizações eram impensáveis.
Na Antiguidade Clássica, a beleza possuía um valor de VERDADE. Pensava-
se na arte como uma aproximação a modelos ideais.
As artes imitativas (pintura e escultura) buscavam reproduzir essas
formas ideais de modo reprodutivo. As artes não imitativas como a arquitetura
perseguiam o mesmo ideal, embora de um modo mais abstrato e indireto através
de analogias proporcionais. Ex.: A coluna de um templo grego buscava a
proporção do corpo humano (idealizado na antiguidade clássica), a relação entre
base e altura refletia a relação entre pé e estatura de um indivíduo ideal. Essa
idealização preconizava normas, regras, cânones.
A preocupação com a forma na arquitetura desde Vitrúvio, é o que
distingue arquitetura de construção ou edificação.
De Architectura libri decem (Os dez livros da Arquitetura) foi a única grande obra
de arquitetura da Antiguidade Clássica a sobreviver. (KRUFT, p. 21) Não foi o
único a escrever sobre arquitetura em sua época, mas foi a única obra que
perdurou. Toda a discussão relevante em teoria da arquitetura, pelo menos do
Renascimento em diante foram baseadas em Vitrúvio ou em diálogos com suas
teorias. Foi o primeiro a cobrir todo o campo da arquitetura de um modo
sistemático.

Os conteúdos dos Dez Livros:

Livro I – A educação do arquiteto; estética básica e princípios técnicos;


subdivisões da arquitetura – edifícios, relojoaria, mecânica; edifícios públicos e
arquitetura doméstica; planejamento da cidade.
Livro II – A evolução da arquitetura; materiais de construção.
Livro III – Construção de templos.
Livro IV – Tipos de templos; as Ordens; a teoria da proporção.
Livro V – Edifícios públicos, com especial referência a teatros.
Livro VI – A casa privada.
Livro VII – O uso dos materiais de construção; pintura de paredes e cores.
Livro VIII – Água e a previsão de fornecimento de água.
Livro IX – O sistema solar; relógios-solares e relógios de água.
Livro X – A construção de maquinaria e mecânica.

Vitrúvio almejava que, a partir dos estudos dos princípios de arquitetura


expostos no seu livro, alguém (não necessariamente arquitetos) poderia ser
capaz de fazer um julgamento acerca da qualidade dos edifícios . (KRUFT, p.23).
Entretanto ele próprio admite no livro V que sua obra não está em uma
linguagem comum, acessível a todos, razão pela qual o fez optar por tratar os
conceitos de uma forma direta e sucinta, (para amenizar as confusões causadas
até hoje na interpretação dos conceitos que apresenta na obra).

No princípio, o homem precisava se proteger dos efeitos dos elementos da


natureza (terra, fogo, água, ar). Com sua natureza imitativa o homem construiu o

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primeiro abrigo primitivo imitando a natureza e usando seus elementos (como
folhas e galhos, por exemplo) para sua própria proteção. A Arquitetura foi a
primeira das artes ou ciências a emergir, e então pode-se considerar que tem
uma primazia sobre as outras artes.

Teoria do Cosmos

Para Vitrúvio as leis que regiam o cosmos e a arquitetura eram idênticas.


Esse ponto de vista vem a se tornar fundamental para a reivindicações
posteriores feitas da arquitetura , de que Deus seria visto como o arquiteto do
Universo (‘deus architectus mundi’) e o arquiteto com um segundo Deus
(‘architectus secundus deus’). (KRUFT, p.24).

Formação e educação – O Arquiteto

Para Vitrúvio o arquiteto devia ser um mestre de fabrica (ofício) e


ratiocionatio (teoria). 2Ratiocinatio corresponderia a um conceito caracterizado
por conteúdo cientifico. Para Vitrúvio demandaria um largo repertório educativo
em função da largas variações que a prática demanda ao arquiteto na prática.
O arquiteto precisava ter habilidade de escrita, para tornar sua mente
mais confiável através do uso de notas; um bom desenhista, com bom domínio da
geometria (para desenhos de plantas e perspectivas); ter conhecimentos de
aritmética para cálculos de proporções e custos. Também deveria saber de ótica
(para conhecer os princípios da luz), de história, para entender os ornamentos e
seus significados; filosofia estamparia seu caráter; conhecimento de música para
a construção de teatros, por exemplo. Enfim, para Vitrúvio, uma longa
escolarização em ciências e humanas seria essencial para a formação do
arquiteto.

Os princípios estéticos da arquitetura

O coração do tratado está no capítulo II do Livro I, onde Vitrúvio discute


os preceitos estéticos da arquitetura. Esses fudamentos se sobrepõe a toda a
discussão acerca da teoria da arquitetura até o século XIX. O assunto em questão
envolve o âmbito de Ratiocinatio, ou seja, a apreensão intelectual da arquitetura.

Retomando, a arquitetura apresentaria, então, três distintivos requisitos:

FIRMITAS (robustez, solidez) - cobre o campo da estática, construção e materiais;

UTILITAS (utilidade) - o uso do edifício e a garantia de seu funcionamento;

VENUSTAS (beleza) – todos os requisitos estéticos, tendo a proporção sobre todos


eles;

2Vê-se, portanto, que a discussão em torno da teoria e prática no ofício do


arquiteto remonta a Antiguidade.

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A categoria básica de Venustas se subdivide em seis conceitos básicos (dos
quais apenas um – distributio - compartilha com Utilitas).

1) ordinatio (taxis)
2) dispositio (diathesis)
3) eurythmia
4) symmetria
5) décor
6) distributio (oeceonomia)

Os conceitos são difíceis e por vezes de definição confusa. A seguir breve


descrição:

1 – Ordinatio (ordenação, ação de pôr em ordem) – a criação de uma harmonia


do todo a partir das partes individuais. É o resultado de uma consistente
proporcionalidade do edifício no seu todo bem como nos detalhes. Isso é possível
através de uma UNIDADE MODULAR que Vitrúvio chamava quantitas, retirada da
unidade mesma, do edifício, e que servia de base para o projeto do todo.

2 – Dispositio (disposição, apresentação, representação) – denota o projeto de


um edifício (planta, elevação, perspectiva) e sua execução. Para tal, ordinatio é
uma premissa necessária.

Há três tipos de dispositio: Ichnographia, orthographia e scaenographia.

ICHNOGRAPHIA (planta de um edifício): o competente uso de réguas e compassos


pelo qual é definido os planos de piso no sitio.
ORTHOGRAPHIA (elevação, alçado, imago erecta): representação frontal do edifício
e sua aparência desenhada de acordo com regras, em proporção a estrutura
proposta.
SCAENOGRAPHIA (representação em perspectiva): delineamento da fachada e as
laterais recuadas dos edifícios, as linhas todas se encontrando no ponto do
compasso (ponto de fuga).

3 – Eurythmia (proporção, harmonia, euritmia)

Implica em uma aparência graciosa e agradável dependendo do modo em


que os elementos individuais são arranjados. É atingida quando os elementos são
de dimensões tais que possuem uma altura proporcional a largura e a largura ao
comprimento. É o resultado da proporção aplicada a um edifício e o efeito dessa
proporção no espectador. Corresponde, aproximadamente, ao conceito moderno
de “harmonia”.

4 – Symmetria (Comensurabilidade, configuração, correlação)

Harmonia das partes em relação ao todo, através de um projeto total,


como que medido por um módulo. Corresponde a atual noção de proporção.

Resumindo os conceitos podem ser sintetizados do seguinte modo:

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Ordinatio  princípio
Symmetria  resultado
Eurytmia  efeito.

Os três são diferentes aspectos de um mesmo fenômeno.

5 – Decor (Decoro, conveniência, o que convém, o que fica bem) – a correta


aparência de um edifício, composto de acordo com a precedente aprovação dos
elementos. É atingida seguindo a convenção, o que os gregos chamavam de
Thematismos, seguindo o uso comum ou a natureza do edifício.
A convenção é obedecida quando edifícios, erguidos, por exemplo, a Júpiter, aos
Céus, ao Sol, ou à Lua são do tipo hypaethral (abertos ao céu) para o testemunho
desses deuses sob a luz do céu; ou quando templos dóricos são construídos a
Minerva, Marte e Hércules, por sua ausência de ornamentos devem ser
oferecidos a esses deuses pela natureza viril dos mesmos.
Templos no estilo coríntio devem ser mais adequados a Venus, Flora, Proserpina
e às Ninfas da Primavera, já que os edifícios possuem proporções mais delgadas,
embelezadas com flores, folhas e volutas. Parecem expressar delicadeza de um
modo mais apropriado.
A construção dos templos no estilo Jônico à Juno, Diana e Baco e outros
deuses similares era apropriado porque evitavam a severidade do estilo Dórico
por um lado e a delicadeza do estilo Coríntio, por outro.
O decoro, portanto, se preocupa com a apropriação entre forma (do edifício) e
conteúdo (simbólico).

6 – Distributio (distribuição, repartição, divisão) gerenciamento dos recursos


materiais prevendo os custos do edifício. Também relaciona-se a expressão
funcional do edifício de acordo com os seus ocupantes.

Em síntese pode-se dividir as categorias de Vitrúvio em três grupos.

a) Ordinatio, eurythmia e symmetria: denotam os vários aspectos


PROPORCIONAIS de um edifício;
b) Dispositio: refere-se ao PROJETO artístico.
c) Decor e distributio: apropriado uso das ORDENS e a relação entre edifício
e ocupante.

Proporção

A proporção, para Vitrúvio, é definida como:

1 - relação das partes com o todo;


2 – referência de todas as medidas com um módulo;
3 – analogia das proporções com o corpo humano (proporção antropométrica).

Vitrúvio combina a figura do corpo humano (perfeição, idealização do


homem) e as formas geométricas do círculo e quadrado e então estabelece uma

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relação entre homem, geometria e número ( o chamado homem Vitruviano,
descrito na obra e representado posteriormente por tratadistas como Leonardo
Da Vinci, por exemplo). Para ele, todas as medidas derivam do corpo humano
(polegada (dedo), palma, pé, antebraço e ao número perfeito dez corresponderia
o sistema decimal (o número de dedos).

Referências Bibliográficas

COLIN, Silvio. Uma introdução à Arquitetura. Rio de Janeiro: UAPÊ, 2000.

KRUFT, Hanno-Walter – A history of architectural theory – from Vitruvius to the


present. New York: Princeton Architectural Press, 1994.

KRUFT, Hanno-Walter – Historia de La teoria de arquitectura – desde la


Antiguedad hasta el siglo XVIII (Vol. I). Version española de Pablo Diener Ojeda.
Madrid: Alianza Editorial, 1990.

VITRUVIUS POLLIO – Tratado de arquitetura (Séc. I. a.C.). Tradução, introdução


e notas a partir de M. Justino Maciel. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

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