Neuroplasticidade e Psicomotricidade

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NEUROPLASTICIDADE E PSICOMOTRICIDADE

Isnayara Moreno Borges Costa¹

Resumo
A plasticidade neural e a psicomotricidade, atuam em conjunto no que se trata de
reabilitação e desenvolvimento cerebral, psíquico, motor etc. Enquanto a
neuroplasticidade sendo possuidora de flexibilidade tem a capacidade de se adaptar ao
meio e de fazer mudanças na sua própria estrutura cerebral para lidar com as exigências
do ambiente, a psicomotricidade se incumbe de promover movimentos organizado e
coesos, em ocupação das experiências vividas pelo sujeito, que a atuação é resultante
de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.

Palavras-chave: Neuroplasticidade. Psicomotricidade.

Abstract
Neural plasticity and psychomotricity work together when it comes to rehabilitation and
brain, psychic, motor development etc. While neuroplasticity, having flexibility, has the
ability to adapt to the environment and make changes in its own brain structure to cope
with the demands of the environment, psychomotricity is responsible for promoting
organized and cohesive movements, occupying the experiences lived by the subject.
that acting results from their individuality, their language and their socialization.

Keywords: Neuroplasticity. Psychomotricity.

INTRODUÇÃO

Durante muitos séculos, os seres humanos buscaram incansavelmente


por respostas sobre si mesmo, e como era o funcionamento do seu corpo. Os
olhos, a boca, ouvidos, nariz, os ossos; o porquê dos cabelos e porque são como
são, e as outras partes mais complexas do corpo humano. Muitas descobertas
foram realizadas, e hoje, tem-se uma vasta bagagem científica sobre como a
vida humana se deu e se desenvolve. A busca e análise mais abstrusa é a do
funcionamento cerebral. Apesar de ter sido mapeado de muitas maneiras, nele
ainda há muito o que ser descoberto. Essa curiosa infinitude, também se dá pela
capacidade humana de raciocinar, por não possuir instintos determinantes, o ser
humano pode questionar a vida e ir além daquilo que lhe dar impulso.

O cérebro humano não é totalmente conhecido ou previsível, como citado


acima; já se estudou muito sobre ele, e existe muito conhecimento deste
fenômeno, mas, o cérebro humano é ilimitado? De certa forma, sim. Seu
potencial é gigantesco mesmo em situações adversas como em casos de
doenças, lesões, privação de sono ou envelhecimento. Esse atributo se deve à
disposição de ajustamento do sistema nervoso ao longo do tempo. O cérebro
rebate as excitações externas como treino, aprendizagem e atividade física e,
assim, pode se modificar. Uma das descobertas extraordinárias da ciência sobre
o cérebro é a neuroplasticidade.

Com ela, também se manifesta como agente psíquico e físico, a


psicomotricidade, uma ciência que promove a integração das funções motoras e
psíquicas, em consequência da maturidade do sistema nervoso.

NEUROPLASTICIDADE

Neuroplasticidade ou Plasticidade Neural, pode nomear-se das duas


formas, se refere a capacidade do cérebro de mudar em decorrência da
maturação do organismo, da aprendizagem ou de ajustes para compensar
prejuízos no funcionamento do cérebro, resultantes do envelhecimento ou, de
danos cerebrais. O cérebro se modifica bastante desde quando o bebê está no
útero da mãe, e continuará mudando durante as fases posteriores; embora seja
que, a neuroplasticidade vá diminuindo no decorrer do envelhecimento
(RABELO, 2019). Todavia, é mais suscetível aprender coisas durante a infância,
como outro idioma, pois a plasticidade neural é mais vívida.

As alterações do cérebro podem ser na sua estrutura ou na reorganização


funcional dele. Quando a estrutura se modifica, isso pode resultar na formação
de novas conexões entre os neurônios, no firmamento de ligações já existentes,
ou, na ascensão de novos neurônios. Esse diálogo entre os neurônios chama-
se sinapse (ibc.com). Caso uma esfera do cérebro seja contusa, áreas
habilitadas para cuidar de outras extensões podem assumir a atividade de cuidar
do local danificado, agindo como suplente, sem necessitar moldar sua estrutura
para acatar a demanda. É possível modificar o cérebro, pois, ele é maleável,
porém, de maneira paulatina e não de uma hora para outra.

Elucidando mais essa aptidão cerebral, terminologicamente falando a


habilidade neuroplástica pode ser exemplificada pelo que pode ocorrer no córtex
visual, uma área que é responsável pela visão. Quando essa área não é utilizada
em sua função biológica habitual ela pode: começar a ser usada para acionar
informações auditivas ou táteis, em alguns indivíduos sem visão. Portanto, isso
não significa que ela foi superdotada no seu sentido auditivo, se tornando mais
habilidosa que uma pessoa vidente, que não é cega. Somente incidiu que seu
córtex visual assumiu funcionalidades diferentes.

PSICOMOTRICIDADE

Ela se incumbe de promover movimentos arranjados e coesos, em


ocupação das experiências vividas pelo sujeito, que a ação é resultante de sua
individualidade, sua linguagem e sua socialização. (ABP, 2017). A
psicomotricidade é uma ciência educativa, reeducativa e terapêutica, ou seja,
quer encorpar a semelhança entre a motricidade, a mente e a afetividade. Ela é
conceituada como uma ação de finalidade pedagógica e psicológica, utilizando
os parâmetros da educação física com a intenção de melhorar o comportamento.
(Costa, 2002).

A psicomotricidade estuda o indivíduo por meio de seu movimento e a


interação social com seu corpo. Muitos se referem à psicomotricidade como uma
disciplina, uma ciência, somente para a maturação da criança, contudo, pode ser
voltada para outras fases da vida, como a terceira idade, por exemplo, não só às
crianças. (BRITES, 2017) A criança quando está no processo de aprendizagem,
precisa interagir com outros indivíduos de sua idade e adultos. Para isso, ela
precisa estabelecer comunicação, que não se dá somente verbalizando, mas,
também pelos gestos.

Dessa maneira, a psicomotricidade age nesta área como caminho de


desenvolvimento, amadurecimento psicomotor.
Já no contexto do idoso, na fase da terceira idade, a prática da
psicomotricidade não age no desenvolvimento propriamente dito, ela atua mais
com a intenção de movimentação de um corpo que está enfraquecendo, neste
aspecto, prevenindo a atrofia dos músculos, e exercitando suas habilidades
psicomotoras:

Segundo LIMA GONÇALVES (2011), a psicomotricidade deve proporcionar


para o idoso, atividades de reintegração da imagem corporal, simbolização
do corpo, explorações viso-motoras sequencializadas (espacial e
ritmicamente), exploração de atividades de verbalização e situações de
elaboração prática. (p. 30).

CONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO

Embora a psicomotricidade colabore para o desenvolvimento e


reestabelecimento psicomotor, isso não seria possível sem a capacidade
elástica do cérebro.

O cérebro é constituído de 2 hemisférios, os quais são unidos por um


sistema de milhões de fibras nervosas. Entretanto, um hemisfério é
constantemente informado sobre o que está acontecendo com o outro. Se
uma destas comunicações é quebrada a informação vai tentar encontrar
uma outra via para chegar a seu destino. À essa capacidade que o cérebro
tem de "criar estas rotas alternativas" dá-se o nome de
NEUROPLASTICIDADE. (Érika Infante Baz – Sociedade Brasileira de
Neurociência).

LUCILEIA (2010), pontua que, certas estruturas do corpo humano, como


a cor dos olhos, cabelos etc. já nascem definidas, entretanto, muitas outras
carecem de desenvolvimento, necessitando de condições adequadas e
estímulos promovidos pelo ambiente que o ser humano habita. Na medida que
em o corpo cresce, o comportamento evolui intelectualmente e emocionalmente,
ocorre à maturação. Aprender, neurologicamente falando, quer dizer usar
sinapses geralmente não usadas. Portando, o uso de maior ou menor número
de sinapses é o que condiciona a aprendizagem, no pensamento neurológico.

Durante o processo de aprendizagem, os elementos básicos da


psicomotricidade são utilizados com frequência. O desenvolvimento do
Esquema Corporal, Lateralidade, Estruturação Espacial, Orientação
Temporal e Pré-Escrita são fundamentais na aprendizagem; um problema
em um destes elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem. O ato
antecipa a palavra, e a fala é uma importante ferramenta psicológica
organizadora. Através da fala, a criança integra os fatos culturais ao
desenvolvimento pessoal. Quando, então, ocorrem falhas no
desenvolvimento motor poderá também ocorrer falhas na aquisição da
linguagem verbal e escrita (WEBMASTER, 2016).

De acordo, ainda com a leitura de WEBMASTER (2016), admoesta que,


a criança que não possui um conjunto de experiências concretas que possam
compor seu mundo simbólico estabelecido na linguagem, consequentemente,
terá seu processo de aprendizagem comprometido e delimitado. Se o
desenvolvimento psicomotor da criança tiver um estabelecimento precário, ela
pode, então, manifestar problemáticas na escrita, na leitura, na direção gráfica,
na diferenciação de letras (ex: b/d), na ordenação de sílabas, no pensamento
abstrato (matemática), na análise gramatical, dentre outras.

CONCLUSÃO

Destarte, a plasticidade neural é toda a capacidade humana, capacidade


de fala, visão, audição, pensamento e de muitas outras habilidades fisiológicas,
cerebrais e psíquicas. Tudo se dá por essa elasticidade que permite uma gama
de aprendizados e novos conhecimentos, pois, desde a infância, desde a
moradia do útero da mãe, as conexões neurais estão sendo estabelecidas e
estimuladas. Porém, quando não há estímulo, as conexões sinápticas se
degeneram; naturalmente elas já regressam pelo envelhecimento do corpo.
Quando há excitação do movimento corporal, ou, quando há esforço para o
aprendizado, leitura, o cérebro vai se adaptando à essas atividades quando
possuem uma frequência.

Contudo, entende-se que a Neuroplasticidade e a Psicomotricidade têm


uma simbiose, possuem propósitos de edificação humana. Conclui-se, então,
que as atividades feitas na infância e nas fases posteriores, orientadas pelo
psicomotricista, oferece um impulso para o cérebro e corpo. Enquanto a criança
é estimulada a se desenvolver, os idosos, e pessoas que estão de alguma forma
se reestabelecendo por lesão no cérebro, por exemplo, reconquistam as
habilidades perdidas, através da exercitação. Isso só ocorre por causa da
elasticidade cerebral, e as várias conexões que os possíveis 86 bilhões de
neurônios fazem, por isso, é possível construir e reconstruir o/no corpo humano.

REFERÊNCIAS

GONÇALVES, A. L. A psicomotricidade aplicada à terceira idade - Universidade


Cândido Mendes. Rio de Janeiro, 2011.

VIANA, Adalberto Riqueira. VIANA, Eliana. MELO, Waléria de. Coordenação


Psicomotora, Volume I. NEGRINE, Airton. Aprendizagem e Desenvolvimento
Infantil. Prodil. Vol. 3. Corpo na Educação Infantil. EUCS. Caxias do Sul, 2002.
Educação Psicomotora. Editora Pallotti. 1ª edição, Porto Alegre, 1968

OLIVEIRA,Gislene de Campos. Desenvolvimento da Psicomotricidade. In:


Psicomotricidade:Educação e Reeducação num Enfoque Psicopedagógico.8º
Ed. Petrópolis, RJ:Ed. Vozes,1998.

http://www.profala.com/artneuro1.htm

https://psicomotricidade.com.br/historico-da-psicomotricidade/

http://www.sbneurociencia.com.br/erikainfante/artigo1.htm

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