Problema 1 - Tutoria - CA de Mama
Problema 1 - Tutoria - CA de Mama
Problema 1 - Tutoria - CA de Mama
Basal-símile 13 a 25%, ausência de RE, RP e Carcinoma tubular: são tipicamente detectados como
HER2/neu e expressão de marcadores típicos de pequenas densidades mamográficas irregulares em mulheres
células mioepiteliais, células progenitoras ou células no final dos 40 anos;
tronco. São os triplo-negativos, geralmente de alto Podem ser multifocais em uma das mamas ou
grau e tem alta taxa de proliferação. Estão associados bilateralmente;
a um curso agressivo, metástases frequentes para São constituídos de túbulos bem formados;
vísceras e cérebro e prognostico pobre. Podem Há ausência de camada mioepitelial – coloca células
responder a quimioterapia. tumorais diretamente com o estroma;
HER2 positivo – 7 a 12%, são os RE-negativos com Mais de 95% são diploides, RE-positivos e HER2/neu
superexpressão de HER2/neu. Usualmente pouco negativos;
diferenciados e com alta taxa proliferativa e estão São todos bem diferenciados;
associados a alta frequência de metástases cerebrais. Tem um prognostico execelente!
O Trastuzumab é um anticorpo monoclonal especifico Carcinoma Papilar Invasivo: são raros, usualmente RE-
para HER2/neu – altamente efeitvo em combinação positivos e com prognostico favorável. Os micropapilares são
com quimio, porém não tem capacidade de atravessar mais RE-negativos e HER2/neu positivos e metástases
a barreira cerebral. linfonodais são comuns e prognostico pobre;
Carcinoma lobular invasivo: usualmente se apresentam como Carcinoma metaplásico: inclui uma variedade de tipos raros,
massa palpável ou uma densidade mamográfica com bordas eles são triplo negativo e frequentemente expressam
irregulares. Porém ¼ dos casos o tumor infiltra-se proteínas mioepiteliais e parecem estar relacionados aos
difusamente no tecido e causa desmoplasia. basal símile. Tem prognostico pobre apesar de metástase
São difíceis de serem detectados pela palpação e podem linfonodal infrequente.
causar somente alterações mamograficas sutis; Carcinoma de mama inflamatório:
Tem sido descritos com os que têm maior incidência de O carcinoma de mama inflamatório (CMI) representa uma
bilateralidade; condição clinicopatológica distinta, caracterizada por
Histologicamente se apresenta pela presença de células comportamento agressivo e rápida progressão da doença.
tumorais infiltrativas incoesas, frequentemente Compreende 1 a 4% dos casos de carcinoma invasor de
arranjadas em fileiras simples ou aglomerados; não há mama, sendo a idade média de 40 a 60 anos (semelhante
formação tubular; comum células em anel de sinete; ao carcinoma invasor não inflamatório). Parece existir
É graduado usando-se os mesmos critérios de outros tendência de maior incidência na população negra.
carcinomas; A taxa de sobrevida em 5 anos costuma ser menor que
Os bem e moderamente diferenciados são usualmente 5%, com elevadas taxas de recidiva local (50-80%).
diploides RE-positivos e associados ao CLIS; Cerca de 23% das pacientes apresentam metástases no
Os pouco diferenciados são geralmente aneuploides, momento do diagnóstico versus 4% das pacientes com
muitas vezes desprovidos de receptores hormonais e carcinoma não inflamatório.
podem superexpressar HER2/neu; Em geral, 90% das pacientes desenvolvem metástases
Tem um padrão de metástases diferentes, essas tendem em menos de 2 anos após o diagnóstico. O risco de morte
a ocorrer no peritônio e retroperitônio, nas é duas vezes maior que o risco associado aos carcinomas
leptomeninges, no TGI e nos ovários e útero; localmente avançados não inflamatórios após ajustes de
Tem a perda da E-caderina; etnia, idade, tamanho tumoral, grau histológico, estado
Carcinoma medular: é mais comum em mulheres na sexta axilar e expressão de RHs
década de vida e se apresenta como uma massa bem A apresentação clínica é bastante específica, com a mama
circunscrita, pode mimetizar uma lesão benigna, clinica e apresentando aumento de volume e endurecimento;
radiologicamente; retração mamilar é comum. Faz parte a presença de
Produzem pouca desmoplasia e são distintamente mais eritema e edema cutâneo, geralmente com aspecto de
macios à palpação; casca de laranja (peau d’orange), hipersensibilidade local
É caracterizado por sólido, com figuras mitóticas e calor devido à importante obstrução linfática causada
frequentes, de marcante infiltrado linfoplasmático ao pela disseminação do carcinoma acometendo a mama.
redor e dentro do tumor e uma borda abaulada (não Linfadenopatias axilares ou supraclaviculares palpáveis ao
infiltrativa); exame clínico estão presentes em 55 a 85% dos casos.
Todos os carcinomas medulares são pouco diferenciados; Frequentemente, o carcinoma encontra-se distribuído
Tem um prognostico levemente melhor que os NTE; pela mama em diversos focos com tamanhos variados,
Não se observa a superexpressão de HER2/neu; com presença de êmbolos tumorais linfovasculares
Linfonodos metastáticos são infrequentes ; Não existe um subtipo histológico específico de carcinoma
Tem adesão celular importante pela presença da E- mamário associado ao CMI. A característica
caderina; patognomônica que distingue o CMI do carcinoma de
Carcinoma mucinoso (coloide): ocorre em mulheres idosas e mama localmente avançado (CMLA – estádio III) é a
tende a crescer lentamente por muitos anos; presença de numerosos êmbolos tumorais na derme
O tumor é macio ou elástico, as bordas são abauladas ou papilar e reticular da pele que envolve a mama.
circunscritas; O diagnóstico sempre deve ser anatomoclínico com a
As células tumorais estão arranjadas em aglomerados e realização de biópsia percutânea e, sempre que possível,
em pequenas ilhas de células dentro de grandes lagos de biópsia de pele tipo punch
mucina; O diagnóstico diferencial é feito com CMLA, mastites e
São geralmente diploides, bem ou moderadamente linfomas primários não Hodgkin (condição rara que pode
diferenciados; mimetizar CMI, excluído pelo exame histopatológico).
RE-positivos; Critérios para estadiamento com designação T4d (TNM) –
Metástases linfonodais são incomuns; Eritema difuso em pelo menos um terço da mama; edema
º
lesão com margens adequadas, visto que, para muitas dessas A mastectomia continua sendo opção importante quando
lesões, a extensão livre da margem é fator crítico para o o tratamento conservador não é indicado ou escolhido.
controle local da doença. Ainda é o procedimento cirúrgico mais empregado no
Na forma nodular: o diagnostico pode ser feito pré-operatório Brasil, pois a maioria das pacientes tem diagnóstico
ou transoperatório; primário com tumores acima de 4 cm em média.
Forma não nodular: microcalcificações, densidades Atualmente, a mastectomia preservando pele ou
assimétricas e distorções de arquitetura do parênquima preservando pele e mamilo associada à reconstrução
devem ter diagnóstico histológico diferido – normalmente a imediata com implantes ou retalho miocutâneo tem sido
conduta definitiva se faz após o anatomopatológico. muito empregada no tratamento do câncer de mama, pois
o Carcinoma in situ: A maioria dos carcinomas in situ consiste em apresenta eficácia terapêutica semelhante à da cirurgia
carcinomas subclínicos, porém, o seu tratamento é tão conservadora sem a necessidade de radioterapia nos
controverso varia desde a mastectomia total até a ressecção casos iniciais, e, mesmo nos casos localmente mais
simples, dependendo de situações específicas. avançados, não traz prejuízo na SLD e na sobrevida global
A possibilidade de doença invasora não diagnosticada cresce (SG). Tem os seguintes tipos:
à medida que aumenta o volume tumoral, dada a Tipo Halsted ou clássica – Mastectomia com ressecção
impossibilidade de determinar categoricamente a permeação da musculatura peitoral e linfadenectomia axilar em
da membrana basal em alguma área dentro do tumor. A monobloco. Atualmente, só tem indicação em CMLAs
recidiva local ocorre em 2 a 3% dos casos tratados com com comprometimento da musculatura peitoral. A
mastectomia e em 7% com tratamento conservador, e incisão original era sempre vertical;
aproximadamente 50% das recidivas serão carcinomas Tipo Patey-Dyson – Resseca o pequeno peitoral, mas
invasores. A linfadenectomia axilar é desnecessária, visto que preserva o grande. Linfadenectomia axilar em
não tem papel terapêutico nem acrescenta informação monobloco;
relevante ao manejo da doença. Alguns autores sugerem a Tipo Madden-Auchincloss – Preserva o pequeno e o
BLNS em casos de extensos comedocarcinomas, candidatos grande peitoral. Linfadenectomia axilar em
à mastectomia, na presunção de que se perderá a monobloco. Em ambas as técnicas, a incisão é
oportunidade de realizar essa técnica na eventualidade de a geralmente transversa (Stewart). É a técnica mais
lesão se revelar invasora ao diagnóstico definitivo. A técnica utilizada atualmente;
utilizada é a mastectomia total poupadora de pele (skin- Tipo total ou simples – Ressecção exclusiva da mama.
preserving), seguida da reconstrução imediata com retalho Poupadora de pele; Poupadora de pele e mamilo:
miocutâneo ou implante de silicone. Expansor de tecidos; Prótese expansora; Prótese
Atualmente a escolha se dá: é a tumorectomia com margens anatômica; Retalho miocutâneo.
amplas e livres histologicamente (2 mm no mínimo), As indicações de mastectomia total no câncer inicial são:
complementada por irradiação da mama Microcalcificações difusas na mamografia;
o Carcinoma estádios I e II: nesses estágios a abordagem inicial é Doença multicêntrica;
ambulatorial ate que seja estabelecido o diagnostico e Impossibilidade ou incerteza de obter margens livres
estadiamento – por biopsia percutânea que fornece material para na cirurgia conservadora;
disgnóstico histológico e painel imuno-histoquimico. Pacientes com contraindicação ao tratamento
A PAAF é uma alternativa aceitável quando não se dispõe de conservador;
biopsia; Carcinoma de mama em homens;
Tumores com elevado grau de suspeição clinica – realizam Seguimento incerto;
excisão cirúrgica – com exame anatomopatológico Desejo da paciente.
transoperatório; o Carcinoma localmente avançado: Os CMLAs podem ser divididos
O tratamento conservador é um método preferencial como em três grupos:
terapia primária para a maioria das mulheres com carcinoma Aptos a tratamento cirúrgico imediato; por exemplo, T3
de mama nos estádios iniciais. A proposta básica do em mama volumosa;
tratamento conservador é obter o máximo de controle local e Aptos a tratamento cirúrgico após quimioterapia
informação sobre a doença com o mínimo de dano estético. neoadjuvante, buscando down staging e possibilidade de
O tratamento conservador atualmente é definido como a cirurgia conservadora; por exemplo, T3 em mama média ou
ressecção do tumor com margens livres associada à pequena;
abordagem axilar por meio da exérese do linfonodo- Inoperáveis, a princípio, porém, podendo ser beneficiados
sentinela (LNS) e complementada com radioterapia. por quimioterapia neoadjuvante e talvez candidatos à cirurgia
O tratamento conservador constituído por setorectomia + para controle locorregional, geralmente seguida de
esvaziamento axilar ou LNS + radioterapia é o método de radioterapia pós-operatória; por exemplo, carcinoma
escolha para a maioria dos casos de câncer de mama inflamatório.
inicial. Devido ao fato de ser grande o risco de já haver doenças
Quando não for possível realizar a cirurgia conservadora sistêmicas quando o câncer se encontra localmente
com segurança oncológica e reparação estética aceitável, avançado, deve-se tentar, com todo empenho, o controle
a mastectomia terá indicação formal. locorregional, sem a necessidade de cirurgia radical, física e
A ressecção de menos de um quinto da mama emocionalmente desgastante. As pacientes submetidas à
normalmente tem bom resultado estético e simetria PQT pré-operatória são reavaliadas quanto aos critérios de
adequada; operabilidade após três ou quatro ciclos
A ressecção de mais de um quinto da mama geralmente Existem algumas situações consideradas inicialmente
tem indicação de mamoplastia oncológica (cirurgia de inoperáveis, mas que podem ter grande benefício com a
simetrização da mama sadia) para obter equilíbrio e bom quimioterapia neoadjuvante: Carcinoma inflamatório;
resultado estético. Metástases à distância; Fixação à parede torácica; Edema do
º
braço ipsolateral; Lesões-satélite; Contraindicação Pacientes pré-menopáusicas com axila negativa são tratadas
anestésica. de acordo com os demais fatores prognósticos, como HER-2,
O CMLA tem prognóstico bastante sombrio, visto que a RHs, tamanho tumoral, idade e presença de invasão
sobrevida média alcança apenas 15% em 10 anos, nas linfovascular.
melhores séries da literatura médica; Pacientes pré-menopáusicas sem filhos ou prole completa
o Recidiva local: são fatores que influenciam na recidiva local: com idade < 40 anos podem ser candidatas ao uso de
Tamanho do tumor hormônio liberador do hormônio luteinizante (LHRH, do
Presença de componente intraductal extenso; inglês luteinizing hormone-releasing hormone) como
Tumores indiferenciados; tentativa de evitar falência ovariana prematura induzida pela
Margens exíguas ou comprometidas; quimioterapia.
TRATAMENTO CIRURGICO DA MAMA: Pacientes pós-menopáusicas com idade inferior a 70 anos
o A abordagem atual concentra conhecimento sedimentado desde com axila positiva, RHs negativos e os fatores de mau
que Halsted divulgou resultados com a mastectomia radical prognóstico descritos anteriormente também devem receber
(retirada da glândula mamária me monobloco com a musculatura quimioterapia adjuvante.
peitora + esvaziamento axilar) – se tornou padrão rapidamente, As pacientes que apresentam hiperexpressão de HER-2
porem sofreu alterações e modificações; correspondem a 25 a 30% dos casos de câncer de mama. O
TRATAMENTO COMPLEMENTAR DO CA DE MAMA: HER-2 é considerado um importante fator prognóstico e faz
o O tratamento complementar do câncer de mama invasor (ou parte do complexo de receptores do fator de crescimento
infiltrante) compreende o uso de terapêuticas locais e sistêmicas epidérmico (EGFRs, do inglês epidermal growth factor
que, associadas ao procedimento cirúrgico, acrescentam receptors ) que, quando em maior expressão, levam ao
potencial significativo de benefícios à paciente, resultando em aumento na duplicação da célula tumoral. O bloqueio dos
maior SLD e maior SG. Dessa forma, os usos de quimioterapia, receptores de HER-2 pelo trastuzumabe na superfície da
hormonioterapia e radioterapia serão abordados em pacientes célula tumoral impede a transmissão de estímulos ao núcleo.
sem evidência clínica de metástases à distância. Estas são as Essa terapia mostrou sua importância no tratamento de
pacientes em que os tratamentos complementares visam à cura. pacientes metastáticas e, depois dos resultados de pesquisas
As pacientes metastáticas, nas quais o objetivo do tratamento é como os ensaios clínicos HERA e NCCTG N9831, foi
o controle da doença; incorporado para uso em regime adjuvante, com significativa
o Existem critérios expostos no ano de 2015 no 14° Consenso de melhora do intervalo livre de doença.
Saint Gallen, reforçando decisões baseadas na imuno- o Hormonioterapia adjuvante:
histoquímica (IHQ) tumoral – são os mais utilizados na É o tratamento indicado para as pacientes que apresentam
atualidade; positividade na identificação dos RHs em células do tumor.
o A identificação de REs e de RPs e a hiperexpressão ou Trata-se de uma proteína presente no citoplasma das células
amplificação do HER-2 serão suficientes para indicar um responsável pela transferência de informações ao núcleo,
tratamento, ficando o Ki-67 como um indicador proliferativo favorecendo a duplicação das células. Os RHs são para o
o O tratamento sistêmico será feito por meio de quimioterapia e estrogênio (REs) ou para a progesterona (RPs). Pacientes
hormonioterapia, enquanto o locorregional será pela aplicação pré-menopausa e pós-menopausa com RE-positivo e/ou RP-
de radioterapia. positivo deverão receber bloqueio hormonal após o
o A primeira grande divisão para fins terapêuticos será definida tratamento com quimioterapia, caso tenham recebido.
pela presença ou não da hiperexpressão de HER-2, seguida da Muitas vezes, a presença da possibilidade de tratamento com
presença de RHs, estado axilar, tamanho tumoral, grau e hormonioterapia leva a abrir mão da quimioterapia. Isso
estadiamento clínico, idade, menacme ou menopausa, bem como dependerá da identificação de fatores de baixo risco e bom
outros fatores de risco tumorais, como invasão linfovascular e prognóstico.
extensão local da doença. o Adjuvância em pacientes HER2-negativos:
o Chama-se de tratamento adjuvante aquele realizado no período Pacientes que apresentam RHs negativos – triplo-negativos
pós-operatório. É indicado para pacientes que não apresentam (RE/RP/HER-2) –, com axila positiva ou com tamanho > 1
evidência de metástases e nem evidência de doença. Quando se cm, normalmente recebem indicação de tratamento sistêmico
inverte a ordem de tratamento e se antecipa a realização da com quimioterapia, pois faltam outras opções terapêuticas
quimioterapia ou hormonioterapia para o período anterior ao nesses casos.
tratamento cirúrgico, tem-se o tratamento neoadjuvante ou Quando existe positividade de RHs (RE-positivo e/ou RP-
primário. positivo), há um recurso terapêutico e prognóstico que pode,
o Quimioterapia adjuvante: em muitos casos, suprimir o uso da quimioterapia em favor
Indicada em pacientes após a cirurgia, sem evidência de da hormonioterapia isolada. Nesses casos, o principal
doença e consideradas “curadas”. Apresentam, após a indicador de quimioterapia será a presença de LNs axilares
utilização de quimioterapia, significativa melhora no intervalo positivos, independentemente de outros fatores associados.
livre de doença e, até mesmo, redução nas taxas de Após o término da quimioterapia, esses pacientes seguem em
mortalidade. uso de hormonioterapia adjuvante. Algumas pacientes
Pacientes pré-menopáusicas com comprometimento axilar podem constituir exceção ao uso da quimioterapia quando
constituem importante grupo de pacientes, que têm na houver menos de três LNs positivos na axila e apresentarem
quimioterapia um importante aliado. O número de LNs critérios de baixo risco de recorrência (idade avançada,
comprometidos serve como fator prognóstico. Se houver comorbidades importantes) ou por decisão conjunta com a
menos de quatro LNs comprometidos, o tratamento paciente.
adjuvante trará aumento na SG e aumento da SLD. Com As pacientes com axila negativa, por sua vez, não têm
quatro ou mais LNs comprometidos, haverá apenas melhora indicação formal de quimioterapia per se, necessitando que
na SLD. Outros fatores prognósticos são levados em conta na sejam identificados outros critérios de risco que justifiquem
escolha do tratamento, como a determinação dos RHs, o seu benefício. Assim, idade < 40 anos, tamanho tumoral,
tamanho tumoral e, principalmente, a expressão do HER-2. grau II/III, estado pré-menopausa, presença de invasão
º
linfovascular e característica dos receptores (baixa relação à medida anterior. Pelo mesmo motivo, não pode ser
expressão/intensidade, luminal B) tornam-se protagonistas associado ao uso de antraciclina, podendo ser iniciado após
para a indicação de quimioterapia. o término desta
Quando se opta pela indicação de quimioterapia para as o Terapia neoadjuvante:
pacientes HER-2-negativas, a maioria dos estudos sugere o Também conhecida como primária ou pré-operatória, é
uso de um regime com base em antraciclina, com significativa indicada nos casos de CMLAs, inoperáveis ou não, e/ou em
redução de risco para recorrência e mortalidade causada pelo pacientes em que se vislumbre o tratamento conservador
câncer de mama. Da mesma forma, recomenda-se a com diminuição do volume tumoral. Com esse tratamento,
incorporação de um taxano à antraciclina para os casos de alguns benefícios podem ser considerados:
alto risco, especialmente quando houver comprometimento Avaliar in vivo a resposta tumoral;
axilar Observar possíveis modificações induzidas pelo
Indica-se a hormonioterapia adjuvante a praticamente todos tratamento;
os casos de câncer de mama invasor com RE- positivo e/ou Objetivar maior número de cirurgias conservadoras,
RP- positivo. especialmente quando são utilizados conceitos de
Indica-se a hormonioterapia adjuvante a praticamente todos oncoplastia;
os casos de câncer de mama invasor com RE- positivo e/ou Tratar micrometástases em mais de 70% das pacientes.
RP- positivo. A melhor resposta em neoadjuvância será com quimioterapia
As pacientes na pré-menopausa devem receber tamoxifeno para tumores nos quais se espera maior taxa de resposta, ou
20 mg, VO, 1 ×/dia, por 5 anos, podendo ser estendido por seja, que apresentam HER-2 positivo ou os triplos-negativos,
até 10 anos de tratamento. Aquelas que não entram em independentemente do tamanho tumoral.
amenorreia após uso de quimioterapia e as que apresentam É válido o uso de hormonioterapia neoadjuvante, mas sua
como fatores de alto risco a idade < 35 anos e a axila maior indicação é para pacientes pós-menopausa com
maciçamente comprometida, podem beneficiar-se do uso de receptores positivos e HER-2 negativo, bem como para as
supressão ovariana, cirúrgica ou hormonal, seguida da pacientes que tenham comorbidades com restrição ao uso de
utilização de exemestano, 25 mg, VO, 1 ×/dia (ensaios quimioterapia. Pacientes que queiram abrir mão de efeitos
clínicos SOFT e TEXT) colaterais da quimioterapia e que tenham a concordância de
Na pós-menopausa, os inibidores da aromatase (IAs) seu médico também são candidatas. As pacientes pré-
(anastrozol, letrozol e exemestano) mostraram-se levemente menopausa necessitam de estudos randomizados que
superiores ao tamoxifeno, especialmente em relação à possam assegurar sua eficácia. Portanto, deve ser
diminuição do risco de recorrência. Além disso, os IAs não considerada como investigacional, reservada, talvez, para
aumentam o risco de fenômenos tromboembólicos ou câncer pacientes sem condições clínicas para cirurgia definitiva ou
de útero. Aconselha-se o uso de IA contínuo por 5 anos, ou que recusem procedimento cirúrgico.
em esquema alternado com o tamoxifeno (2 anos de um e 3 Convém frisar que, nos casos em que não se consegue
anos do outro, indistintamente). O tamoxifeno também pode resposta objetiva na neoadjuvância, deve-se promover a
ser utilizado sozinho durante os 5 anos, e, em caso de troca do esquema terapêutico buscando uma resposta clínica.
pacientes de alto risco de recorrência, pode ser seguido por Da mesma forma, pode-se recorrer a outro tratamento de
mais 5 anos de IA, constituindo o que se conhece como consolidação após a cirurgia, caso não se deseje prolongar o
adjuvância estendida tratamento neoadjuvante.
o Adjuvância em pacienter HER2-positivos: o Radioterapia adjuvante:
Todas as pacientes com câncer de mama devem ter seus O uso da radioterapia local adjuvante é hoje bem conhecido
tumores testados para hiperexpressão e/ou ampliação do e estabelecido, criteriosamente, no tratamento do câncer de
HER-2. Quando testadas por meio de IHQ, a presença de mama. Sua utilização está associada a um importante
positividade se dará quando o resultado for 3+/3. Se o controle local e à diminuição das taxas de recidivas.
resultado for 0-1+/3, será considerado negativo. Entretanto, A indicação mais comum está associada ao tratamento
se der 2+/3, o resultado será indeterminado, exigindo que se conservador da mama, ou seja, todas as pacientes que fazem
realize teste complementar de hibridização e se defina como tratamento conservador recebem radioterapia adjuvante.
positivo ou negativo (p. ex., hibridização in situ por Recebem uma dose distribuída pelo tecido mamário com
fluorescência [FISH, do inglês fluorescent in situ hybridization reforço adicional no leito tumoral, chamado de boost . Esse
], hibridização in situ cromogênica [CISH, do inglês procedimento reduz a chance de recidiva local e é realizado
chromogenic in situ hybridization ], hibridização in situ por após a irradiação global da mama a ser tratada. Está indicado
prata [SISH, do inglês silver in situ hybridization ]). Uma vez no tratamento de carcinoma in situ (CDIS) e não somente
diagnosticado o tumor como HER-2-positivo, passa-se a ter nos casos de neoplasia invasora.
um tratamento específico para esse subtipo, podendo ser Radioterapia hipofracionada já é realidade em alguns centros,
associado à quimioterapia e/ou à hormonioterapia. Trata-se considerada como procedimento-padrão, sendo indicada
de um anticorpo monoclonal humanizado, o trastuzumabe, para complementação de tratamento cirúrgico conservador
que promove o bloqueio direto dos receptores HER-2 e sua em pacientes que apresentem critérios de baixo risco de
dimerização, inibindo, assim, os estímulos para a duplicação recidiva: tumores T1/T2, com axila negativa, grau tumoral
celular. I/II, RE positivo e idade > 50 anos.
Recomenda-se o uso de quimioterapia associada ao A irradiação da axila e de cadeias ganglionares locorregionais
trastuzumabe para o tratamento das pacientes com câncer depende da presença de critérios de mau prognóstico, como
de mama com axila comprometida e para aquelas com tumor invasão de quatro ou mais LNs axilares, T3/T4, menos de 10
maior de 1 cm e axila negativa. LNs retirados na cirurgia, presença de invasão linfovascular e
Por ser cardiotóxico, exige-se monitorização de função extensão extranodal das metástases em LNs. A presença de
cardíaca por meio da medida da fração de ejeção por micrometástases em LNs axilares não constitui indicação para
ecocardiograma ou ventriculografia radioisotópica a cada 4 radioterapia axilar.
meses, suspendendo seu uso caso haja perda de 10% em
º
Nas pacientes submetidas à mastectomia, a radioterapia está na ausência de metástases a distância. O acompanhamento
indicada para os casos de T3/T4, envolvimento axilar de clínico para o status dos linfonodos é pouco confi ável devido
quatro ou mais LNs. Condições como idade < 40 anos, triplo- aos falso positivos (p. ex., nódulos reativos palpáveis) e
negativo e presença de invasão linfovascular também devem falsonegativos (p. ex., linfonodos com pequenos depósitos
ser consideradas para a indicação da radioterapia no plastrão metastáticos). Além disso, a biópsia é necessária para uma
torácico e LNs regionais. avaliação precisa. Sem envolvimento linfonodal, a taxa de
Para as pacientes que tenham sido submetidas à sobrevida livre de doença por 10 anos é perto de 70% a 80%;
quimioterapia neoadjuvante, a indicação de receber a taxa cai para 35% a 40% com um ou três linfonodos
radioterapia está vinculada ao momento do diagnóstico, e positivos, e para 10% a 15% quando mais de 10 linfonodos
não ao resultado pós-quimioterapia. são positivos. Aproximadamente 10% a 20% das mulheres
sem metástases linfonodais axilares têm recorrência fora da
mama e cerca do mesmo número morre por câncer de mama.
Nessas pacientes, as metástases podem ocorrer pelos
linfonodos mamários internos ou pela via hematogênica.
Tamanho do tumor: O tamanho de um carcinoma invasivo é
o segundo mais importante fator prognóstico. O risco de
metástases linfonodais axilares aumenta com o tamanho do
tumor primário, mas ambos são fatores prognósticos
independentes. Mulheres com carcinomas linfonodo-
negativos com tamanho <1 cm têm uma taxa de sobrevida
de 10 anos de mais de 90%, enquanto a sobrevida cai para
77% para cânceres > 2 cm. Infelizmente, o autoexame das
mamas não abaixa a mortalidade do câncer de mama,60
sugerindo que na época que o câncer se torna palpável
(tipicamente quando tem no mínimo 2 a 3 cm) a capacidade
tumoral de metastização já ocorreu.
Doença local avançada: Carcinomas que invadem a pele ou
a musculatura esquelética são usualmente grandes e podem
ser difíceis de tratar cirurgicamente. Com o aumento do
conhecimento da detecção do câncer de mama, esses casos
têm afortunadamente diminuído sua frequência e são agora
raros na apresentação inicial.
Carcinoma inflamatório: Cânceres mamários que se
apresentam com inchaço mamário e espessamento da pele
devido ao envolvimento linfático da derme têm um
prognóstico particularmente pobre. A taxa de sobrevida em 3
anos é de somente 3% a 10%. Menos de 3% dos cânceres
PROGNÓSTICO:
o Os resultados finais para mulheres com câncer de mama estão neste grupo, mas a incidência é maior em mulheres
variam amplamente. Muitas mulheres têm um expectativa de afro-americanas e mulheres jovens.
vida normal, enquanto outras têm somente 10% de chance
de estarem vivas em 5 anos. Exceto em mulheres que
apresentam metástases a distância (<10%) ou com
carcinoma inflamatório (<5%) (nas quais o prognóstico é
pobre devido aos outros achados), o prognóstico é
determinado pelo exame patológico do carcinoma primário e
dos linfonodos axilares. A informação prognóstica é
importante por aconselhar os pacientes sobre o provável
resultado de sua doença, escolhendo o tratamento
apropriado e o desenho dos ensaios clínicos;
o Fatores prognósticos principais estão incorporados no
o Além dos critérios da AJCC existem outros fatores preditivos
sistema de estadiamento do AJCC, e são eles:
menores importantes:
Carcinoma invasivo X doença in situ: óbitos por câncer de
Subtipo histológico: taxa de sobrevida de 30 anos de
mama associados ao CDIS são devidos a subsequente
mulheres com tipos especiais de carcinomas invasivos
desenvolvimento de carcinoma invasivo ou áreas de
(tubular, mucinoso, medular, lobular e papilífero) é maior que
invasão que não foram detectadas na época do
60%, comparada com menos de 20% de mulheres com
diagnostico; normalmente os carcinomas invasivos já
cânceres NTE. Com exceção do carcinoma medular, muitos
contam com metástases locais ou distantes no
desses carcinomas serão bem a moderadamente
diagnostico;
diferenciados, RE-positivos e HER2/neu-negativos.
Metástases a distância: Uma vez que estejam presentes
Grau histológico: O sistema de graduação mais comum, o
metástases a distância, a cura é improvável, apesar de longos
Escore Histológico Nottingham (também chamado de Scarff-
períodos remissivos e paliativos poderem ser alcançados,
Bloom-Richardson), combina grau nuclear, formação tubular
especialmente em mulheres com tumores hormonais
e taxa mitótica para classifi car carcinomas invasivos em três
responsivos.
grupos que estão altamente correlacionados com a
Metástases linfonodais: status dos linfonodos axilares é o
sobrevida;
fator prognóstico mais importante para o carcinoma invasivo
º
Receptores de estrogênio e progesterona: Oitenta por cento • A avaliação das Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de
dos carcinomas que são RE e RP-positivos respondem à Mama no Brasil é de que, na faixa etária de 50 a 69 anos e com
manipulação hormonal, enquanto apenas cerca de 40% periodicidade bienal, os possíveis benefícios do rastreamento superam
daqueles com RE ou RP sozinho respondem. Cânceres RE- seus riscos.
positivos têm menor probabilidade de responder à
quimioterapia. Por outro lado, cânceres que falham em • Atualmente não se recomenda o autoexame das mamas como
expressar RE ou RP têm menos de 10% de probabilidade de técnica a ser ensinada às mulheres para rastreamento do câncer de
resposta à terapia hormonal, mas apresentam maior mama. Grandes estudos sobre o tema demonstraram baixa efetividade
probabilidade de responder à quimioterapia. e possíveis danos associados a essa prática. Entretanto, a postura
HER2/neu: superexpressão HER2/neu está associada a atenta das mulheres no conhecimento do seu corpo e no
sobrevida pobre, mas sua maior importância é como preditor reconhecimento de alterações suspeitas para procura de um serviço
da resposta a agentes que almejam esta proteína de saúde o mais cedo possível – estratégia de conscientização –
transmembrana (p. ex., trastuzumab ou lapatinib). Muitas permanece sendo importante para o diagnóstico precoce do câncer de
avaliações diferentes são usadas para determinar a mama. A mulher deve ser estimulada a conhecer o que é normal em
amplificação do gene HER2/neu e a superexpressão proteica. suas mamas e a perceber alterações suspeitas de câncer, por meio da
Invasão linfovascular observação e palpação ocasionais de suas mamas, em situações do
Taxa proliferativa cotidiano, sem periodicidade e técnica padronizadas como acontecia
Conteúdo de DNA: quantidade de DNA por célula tumoral com o método de autoexame.
pode ser determinada pela análise fluxocitométrica ou pela • A superação das barreiras para redução da mortalidade por câncer
análise das seções dos tecidos por imagem. Tumores com de mama no Brasil envolve não apenas o acesso à mamografia de
índice DNA de 1 têm a mesma quantidade total de DNA que rastreamento, mas controle de fatores de risco conhecidos e,
as células diploides normais, apesar de marcantes alterações sobretudo, a estruturação da rede assistencial para rápida e oportuna
cariotípicas poderem estar presentes. Tumores aneuploides investigação diagnóstica e acesso ao tratamento de qualidade.
são aqueles com índices de DNA anormais e têm prognóstico
levemente pior.
Resposta a terapia neodjuvante
Perfil de expressão genética