TESTE ASA11ºano - Os Maias-Poesia Trovadoresca
TESTE ASA11ºano - Os Maias-Poesia Trovadoresca
TESTE ASA11ºano - Os Maias-Poesia Trovadoresca
O ANO – TESTE DE
AVALIAÇÃO
GRUPO I
PARTE A
©Edições ASA | 2020, projeto SENTIDOS 11 − Ana Catarino, Ana Felicíssimo, Isabel Castiajo, Maria José Peixoto 1
PORTUGUÊS 11.O ANO – TESTE DE
AVALIAÇÃO
30 eram as Pedrosos, as banqueiras, de cores claras, interessando-se pelas corridas, uma de
programa na mão, a outra de pé e de binóculo estudando a pista. Ao lado, conversando com
Steinbroken, a condessa de Soutal, desarranjada, com um ar de ter lama nas saias. Numa
bancada isolada, em silêncio, Vilaça com duas damas de preto.
A condessa de Gouvarinho ainda não viera. E não estava também aquela que os olhos de
35 Carlos procuravam, inquietamente e sem esperança.
Eça de Queirós, Os Maias: episódios da vida romântica, cap. X, Livros do Brasil, 28ª ed.
2. Proceda ao levantamento das sensações que, neste excerto, contribuem para descrever o
real.
3. Explique em que medida este episódio se relaciona com a intriga principal da obra.
PARTE B
Disponível em https://cantigas.fcsh.unl.pt/
1
adessoriam: fraqueza. │ 2 ca: que. │ 3 haver sabor: ter vontade. │ 4 pam: pão. │ 5 al: outra coisa.
6
Ponço Afonso de Baião: Fidalgo português, tio do trovador D. Afonso Lopes de Baião que, pelo que se
depreende da cantiga, terá morrido de fraqueza. │ 7 esto: isto. │ 8 ende: disso, daí. │ 9 coita: ânsia.
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AVALIAÇÃO
5. Identifique, comentando o seu valor semântico, o recurso expressivo presente em
“moir'eu do que em Portugal / morreu Dom Ponço de Baiam”.
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AVALIAÇÃO
Um dos objetivos da poesia satírica é criticar o amor cortês; por isso, o autor desta
cantiga satiriza a ______a)_____, servindo-se, para o efeito, ____b)_____, para
evidenciar a recusa em aceitar a forma como alguns trovadores expressam esse
sentimento.
a) b)
1. submissão da mulher 1. da ironia e da comparação
2. não correspondência amorosa 2. do paradoxo e da comparação
3. infidelidade 3. da metonímia e da comparação
4. morte por amor 4. da antítese e da sinestesia
PARTE C
7. A dimensão crítica está presente em várias obras com que contactou ao longo do ensino
secundário.
Escreva uma breve exposição que reflita a crítica à mediocridade da classe dirigente bem
como à prepotência dos mais poderosos em Os Maias e no “Sermão de Santo António”.
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AVALIAÇÃO
GRUPO II
Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
"Lisboa é Portugal"
No capítulo sexto de Os Maias, Eça de Queirós coloca Ega a dizer: “– Lisboa é Portugal – gritou
o outro. – Fora de Lisboa não há nada. O país está todo entre a Arcada e S. Bento!...” (Arcada
refere-se ao Terreiro do Paço). Não sei se é por isso que se diz hoje que Portugal é Lisboa e o resto
5
é paisagem. Numa outra obra, A Ilustre Casa de Ramires, Eça, nascido na Póvoa do Varzim e que
estudou no Porto e em Coimbra, acrescentou: “Portugal é uma fazenda, uma bela fazenda
possuída por uma parceria. […] Nós os Portugueses pertencemos todos a duas classes: uns cinco a
seis milhões que trabalham na fazenda, ou vivem nela a olhar… e que pagam; e uns trinta sujeitos
10 em cima, em Lisboa, que formam a ‘parceria’ que recebem e que governam.”
Em primeiro lugar, um dos grandes problemas nacionais é o desequilíbrio da ocupação do
território, que não deve ser visto apenas como a gritante dicotomia entre o interior e o litoral
(Portugal, do ponto de vista demográfico, é um plano inclinado para o mar!), mas também como a
não menos gritante concentração de recursos financeiros públicos na Grande Lisboa, onde está
não só todo o governo como praticamente todos os organismos estatais (os recursos privados
15
seguem os públicos). O Índice de Desenvolvimento Regional do Instituto Regional de Estatística
mostra bem a posição destacada da Região Metropolitana de Lisboa face a todas as regiões do
país, incluindo o Porto. Depois, os trágicos incêndios ocorridos em Portugal deveriam fazer-nos
refletir sobre a necessidade de tornar o território nacional mais equilibrado. Mas receio que Lisboa
20 (isto é, a “parceria” que governa) não tenha interiorizado isso. Lembro um compromisso ainda não
cumprido pelo atual governo constitucional: a “prioridade política da descentralização tendo em
vista a coesão territorial e a diversificação dos polos de desenvolvimento” e a “maior equidade nas
oportunidades de valorização do país através da desconcentração de entidades e serviços”. Tem de
ser mais do que uma pia intenção.
Carlos Fiolhais, in Público, edição online de 6 de dezembro de 2017 (adaptado, consultado em 21-02-2020).
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AVALIAÇÃO
3. Na expressão “Portugal é uma fazenda, uma bela fazenda possuída por uma parceria.” está
presente
(A) um eufemismo.
(B) uma personificação.
(C) uma antítese.
(D) uma metáfora.
6. Considere a seguinte frase do texto: “um dos grandes problemas nacionais é o desequilíbrio
da ocupação do território, que não deve ser visto apenas como a gritante dicotomia entre o
interior e o litoral”.
a) Indique a função sintática do pronome “que”.
b) Classifique o mecanismo de coesão a ele associado.
7. Refira a modalidade e o valor modal configurados no último período do texto (ll. 23-24).
GRUPO III
Hoje em dia, vivemos numa sociedade cada vez mais materialista e consumista. Mas será
que o dinheiro traz felicidade?
Num texto argumentativo bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 350
palavras, apresente uma reflexão sobre esta questão.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada
um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
COTAÇÕES
Grupo Item
Cotação (em pontos)
I 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
16 16 16 16 16 8 16 104
II 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
8 8 8 8 8 8 8 56
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PORTUGUÊS 11.O ANO – TESTE DE
AVALIAÇÃO
III Item único 40
TOTAL 200
GRUPOS
Domínios
I II III
e
Conteúdos
LEITURA LEITURA EXPRESSÃO
COTAÇÕES
e ESCRITA
COMPREENSÃO
GRAMÁTICA
Parte A Texto
Os Maias Orações subordinadas argumentativo
Eça de Queirós Processos fonológicos
Funções sintáticas
Mecanismos de coesão
Parte B
Modalidade e valor modal
Cantigas de escárnio
e maldizer
Parte C
Tipologia
Visão crítica presente em
de itens
Os Maias e no “Sermão
de Santo António”
Escolha múltipla 40 pontos
1 a 5 (5 itens x 8 pontos)
Parte B
4e5
(2 itens x 16 pontos)
6
(1 item – 8 pontos)
Parte C
7
(1 item – 16 pontos)
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AVALIAÇÃO
PROPOSTA DE CORREÇÃO
GRUPO I
PARTE A
1. Neste excerto, sobressai a crítica à elite social lisboeta (a alta burguesia e a aristocracia) que, de uma forma
provinciana e desajustada, pretende imitar costumes e tradições que não são seus, no seguimento de um
sentimento de inferioridade sentido em Portugal no século XIX face a outros países europeus. Assim, de forma a
promover a tão almejada “civilização condigna”, importam-se de Inglaterra as corridas de cavalos, evento a que
o público português não está habituado. Por isso, os comportamentos e atitudes adotados não se adequam, as
tribunas públicas assemelham-se a palanques de arraial, as senhoras e os homens vestem-se de forma
inapropriada para o acontecimento em causa.
2. Como forma de melhor traduzir e descrever o real, transportando o leitor para o cenário e o ambiente em que o
autor coloca as suas personagens, é frequente, em Eça de Queirós, o recurso às sensações.
Neste excerto, ainda que predominem as referências visuais (“uma ou outra papoula vermelhejando aqui e
além”, ll. 3-4; “No centro, como perdido no largo espaço verde, negrejava, no brilho do sol, um magote
apertado de gente, com algumas carruagens pelo meio, de onde sobressaíam tons claros de sombrinhas, o
faiscar de um vidro de lanterna, ou um casaco branco de cocheiro”, ll. 5-7; “ Carlos cumprimentou as duas irmãs
do Taveira, magrinhas, loirinhas, ambas corretamente vestidas de xadrezinho: depois a viscondessa de Alvim,
nédia e branca, com o corpete negro reluzente de vidrilhos”. ll. 26-28), vislumbram-se também exemplos das
sensações táteis (“parecendo, depois da poeirada quente da calçada e das cruas reverberações da cal, mais
fresco”, ll. 1-2; “Uma aragem larga e repousante chegava vagarosamente do rio”. l. 4), olfativa (“entre leves
fumaraças de cigarro”, ll. 14-15) e auditiva (“Falava-se baixo”, l. 14; “numa fila muda”, l. 19). Até a sensação
gustativa está presente, ainda que sob a forma de uma sinestesia (“com um quebranto cada vez mais doce nos
olhos pestanudos”, l. 29).
3. Tal como é evidente no final do excerto, a ida de Carlos às corridas de cavalos tinha uma segunda intenção:
encontrar Maria Eduarda, aquela mulher que tanto o deslumbrou à entrada do Hotel Central e por quem o
interesse foi crescendo cada vez mais. Desta forma se explica a relação intrínseca que se opera entre este
episódio da crónica de costumes e a intriga principal. Essa relação é ainda evidente pelo facto de se mencionar
“a condessa de Gouvarinho ainda não viera” com quem, ainda que de forma cada vez mais desinteressada,
Carlos mantinha uma relação.
PARTE B
4. Nesta cantiga, satiriza-se a morte por amor, tema recorrente nas cantigas de amor. Efetivamente, o trovador
esclarece que, ao contrário do que muitos pensam, ele não está a morrer de amores, mas sim de fraqueza, por
escassez de pão.
5. Trata-se da comparação que serve aqui de forma jocosa para salientar que o trovador morrerá de
fome/fraqueza tal como terá acontecido ao Fidalgo D. Ponço Afonso de Baião. Esta é, assim, uma forma de
satirizar também a decadência e as carências económicas vivenciadas pela aristocracia naquela altura.
6. a) – 4; b) – 1
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PARTE C
7.
Várias são as obras da literatura portuguesa que incidem sobre o desequilíbrio social, nomeadamente no que
diz respeito à prepotência e à tirania dos mais poderosos face aos mais fracos bem como à displicência e à
mediocridade da classe dirigente portuguesa. Assim fez, por exemplo, Padre António Vieira no “Sermão de Santo
António” e Eça de Queirós em Os Maias.
No caso da obra de Vieira, é notório que, ainda que de forma alegórica, a intenção do autor é denunciar as
atrocidades cometidas pelos colonos sobre os índios do Maranhão. A isto faz referência de forma mais explícita
quando, criticando os peixes no geral, afirma que se comem uns aos outros, sobretudo os grandes aos pequenos, ou
quando, dirigindo-se aos peixes, afirma: “Vós virais os olhos para os matos, e para o Sertão? Para cá, para cá; para a
cidade é que haveis de olhar. Cuidais que só os Tapuias se comem uns aos outros; muito maior açougue é o de cá”.
Já no caso de Os Maias, várias são as críticas que Eça endereça à classe dirigente. Serve-se, por exemplo, da
figura do banqueiro Cohen que profere declarações displicentes sobre a situação económica portuguesa, que vive
de empréstimos do estrangeiro. Apesar disso, o banqueiro, alguém com grandes responsabilidades na alta finança,
desresponsabiliza-se totalmente em caso de falência do país e não demostra qualquer tipo de inquietação face a
essa probabilidade. Outros exemplos podem ser notados nas figuras de Sousa Neto e do conde de Gouvarinho que,
ocupando cargos de realce na administração pública e na política, se revelam incultos, ignorantes e néscios, não
estando, por isso, à altura do desempenho das suas funções.
Desta forma, a literatura portuguesa, ao longo de séculos, tem desempenhado um papel fulcral na denúncia dos
vícios e comportamentos sociais mais reprováveis. (297 palavras)
GRUPO II
1. D; 2. A; 3. D; 4. A; 5. C
6. a) Sujeito.
b) Coesão gramatical referencial.
7. Modalidade deôntica com valor de obrigação.
GRUPO III
Resposta de caráter pessoal, pelo que se apresenta apenas uma proposta de planificação de texto.
Introdução – Apresentação do tema e explicitação de um ponto de vista: a favor ou contra a tese de que o dinheiro
traz felicidade.
A favor
‒ O dinheiro pode contribuir para momentos de felicidade. Exemplo: permite fazer viagens; comprar bens
desejados…
‒ O dinheiro contribui para a sobrevivência e para uma melhor qualidade de vida. Exemplo: permite o
recurso a melhores cuidados de saúde; o acesso a uma alimentação mais saudável...
Contra
‒ Há aspetos que o dinheiro não pode comprar. Exemplo: sentimentos; amizade…
‒ O dinheiro pode ser um entrave ao desenvolvimento humano. Exemplo: as pessoas podem tornar-se mais
gananciosas, mais desconfiadas, mais solitárias…
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