Ferramentasperdidasaprendizagem Sayersetall
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www.oldschooleditora.lemeinc.com
Título original: The Lost Tools of Learning
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Cipriana Leme
Introdução
não é, para qualquer olho treinado, visivelmente qualquer uma destas coisas?
Ou que possa lidar com um catálogo de biblioteca? Ou que, quando
confrontados com um livro de referência, demonstram a curiosa incapacidade
de extrair dele as passagens relevantes a uma determinada questão que
interessa a eles?
fazer qualquer conexão mental imediata entre, vamos dizer, álgebra e ficção
policial, eliminação de esgoto, e o preço do salmão—ou, de forma mais geral,
entre as esferas de conhecimento como filosofia e economia ou química e
arte?
nem uma coisa nem outra; simplesmente prova que as mesmas causas
materiais (recombinação de cromossomos, por meio do cruzamento de raças,
e assim por diante) são suficientes para justificar todas as variações
observadas – assim como a variação de combinações da mesma dezena de
tons é materialmente suficiente para justificar a sonata do luar de Beethoven e
o ruído que o gato faz ao andar sobre as teclas do piano. Mas o desempenho
do gato não prova nem desaprova a existência de Beethoven; e a única coisa
que o argumento do biólogo consegue provar é que ele é incapaz de distinguir
Vemos aqui uma frase de uma fonte não menos acadêmica do que um
artigo de primeira página do suplemento literário do Times: “O Francês,
Alfred Epinas, apontou que uma certa espécie (por ex. formigas ou vespas) só
pode enfrentar os horrores da vida e da morte por meio da associação. ” Eu
não sei o que o Francês realmente disse; o que o Inglês disse que ele disse é
evidentemente sem sentido. Nunca saberemos se a vida é considerada um
horror pela formiga ou, de qual forma a vespa isolada que você esmaga na
Agora, a primeira coisa que notamos é que duas destas “matérias” não
Ao final do curso, ele precisava compor uma tese sobre algum assunto
definido por seus mestres ou escolhido por ele, e logo defender essa tese
contra a crítica de uma mesa ou corpo docente. Até este momento, ele teria
aprendido—ou estaria em sérios apuros-- não somente a escrever um ensaio
sobre papel, mas a falar de forma audível e inteligível de uma plataforma e
usar sua inteligência com agilidade quando interrogado. Haveria também
na ponta de uma agulha. Nem preciso dizer, espero, que nunca foi uma
questão de fé"; era simplesmente um exercício de debate, cujo tema
estabelecido era a natureza da substância angelical: se os anjos eram matéria,
e se sim, ocupavam espaço? A resposta geralmente julgada correta é, acredito
que os anjos são puras inteligências; não matéria, mas limitados, de modo
que possam ter lugar no espaço, mas não extensão. Uma analogia pode ser
traçada a partir do pensamento humano, que é da mesma forma não-material
e limitada. Assim, se o seu pensamento concentra-se em uma só coisa—como
lugar; embora esteja “lá”, não ocupa nenhum espaço lá, e não há nada que
impeça que um número infinito de diferentes pensamentos de pessoas esteja
concentrado sobre a mesma ponta de agulha ao mesmo tempo. O assunto
apropriado do argumento é assim visto como a distinção entre a localidade e
Pois permitimos que nossos jovens saiam desarmados num dia onde a
armadura nunca foi tão necessária. Ensinando-os a ler, os deixamos à mercê
da palavra impressa. Com a invenção do cinema e do rádio, nos asseguramos
de que nenhuma aversão à leitura possa protegê-los da incessante bateria de
palavras, palavras, palavras. Eles não sabem o que as palavras significam;
volta; eles são reféns das palavras em suas emoções, em vez de serem os
mestres delas em seu intelecto. Nós, que fomos escandalizados em 1940,
quando os homens foram enviados para lutar contra tanques blindados com
rifles, não ficamos escandalizados quando jovens, homens e mulheres, são
“voltamos” com modificações, para, por assim dizer, a ideia de encenar peças
do Shakespeare como ele as escreveu, e não as versões “modernizadas” do
Cibber e Garrick, que certa vez pareciam ser a última moda em progresso
teatral.
conseguimos chegar.
Mas primeiro: qual deve ser a idade das crianças? Bem, se devemos
educá-los com métodos novos, seria melhor que não tivessem nada que
precise ser desaprendido; não se pode começar uma coisa boa cedo demais, e,
por sua natureza, o Trivium não é aprendizagem, mas uma preparação para a
aprendizagem. Vamos, portanto, “capturá-los quando jovens”, e exigir do
nosso aluno que seja somente capaz de ler, escrever, e fazer contas.
para os mais tolos que, apesar de sua aparência, não dá ferroadas; ser capaz
de distinguir a Cassiopeia e as Plêiades, e, talvez, até mesmo saber quem
eram Cassiopeia e as Plêiades; estar ciente de que uma baleia não é um peixe,
e que um morcego não é um pássaro—todas essas coisas dão uma agradável
Até agora (exceto, é claro, para o latim), nosso currículo não contém
nada que vai muito além da prática comum. A diferença será percebida na
atitude do educador, quem deve olhar para todas essas atividades não como
“matérias” em si, mas como uma coleção de material para uso na próxima
parte do Trivium. Este material é de importância secundária; mas tudo e
qualquer coisa útil que possa ser memorizada deve ser memorizada neste
período, se imediatamente inteligível ou não. A tendência moderna é a de
(como, por exemplo, "Kubla Kahn"), um atraente jingle (como algumas das
rimas de memorização para gêneros latinos) ou de uma abundância de
polissílabas ricas e retumbantes (como o Quicunque Vult).
estas coisas não precisam ser totalmente compreendidas, mas devem ser
conhecidas e lembradas.
fossem, isso não faria nenhuma diferença, uma vez que cada silogismo cuja
Vamos agora rever rapidamente o nosso material e ver como pode ser
relacionado com a Dialética. No âmbito da Linguagem, nós agora temos o
nosso vocabulário e a morfologia ao nosso alcance; daí em diante, podemos
concentrar-nos na sintaxe e análise (por exemplo, a lógica da construção do
discurso) e a história da língua (por exemplo, como passamos a organizar
nossa fala para transmitir nossos pensamentos).
aplicação específica para número e medida e deve ser ensinada como tal, em
vez de ser, para alguns, um mistério sombrio e, para outros, uma revelação
especial, nem iluminando nem iluminado por qualquer outra parte do
conhecimento.
dias discutindo sobre uma extraordinária chuva que havia caído em sua
cidade—uma chuva tão localizada que deixou metade da rua principal úmida
e a outra metade seca. Alguém poderia argumentar corretamente dizer que
havia chovido naquele dia em ou sobre a cidade ou apenas na cidade?
Quantas gotas de água eram necessárias para constituir a chuva? E assim por
diante. A discussão levou a uma série de problemas semelhantes sobre o
descanso e o movimento, o sono e a vigília, este não, este a divisão
infinitesimal do tempo. Toda a passagem é um exemplo admirável do
desenvolvimento espontâneo da faculdade raciocinativa e da sede natural e
adequada do despertar da razão para a definição de termos e a exatidão da
afirmação. Todos os eventos são alimento para tal apetite.
ser tanto canalizada para servir um bom propósito quanto deixada para correr
livre. Podem, de fato, ser um pouco menos intrusivos em casa se forem
disciplinados na escola; e de qualquer maneira, os mais velhos que
abandonaram o princípio saudável de que as crianças devem ser vistas e não
ouvidas não poderão culpar ninguém além de si mesmos.
Mais uma vez, o conteúdo do currículo nesta fase pode ser qualquer
coisa da sua preferência. As “matérias” fornecem o material; mas devem ser
todos considerados como mera munição para o moinho mental sobre o qual
trabalhar. Os alunos devem ser incentivados a procurar sua própria
vez friamente analisadas agora poderão ser colocadas juntas para formar uma
nova síntese; aqui e ali uma súbita visão trará a mais emocionante de todas as
descobertas: a percepção de que o truísmo é verdadeiro.
vice-versa. Nesta fase, também, a Gramática latina, tendo feito seu trabalho,
pode ser descartada para aqueles que preferem continuar seus estudos de
linguagem do lado moderno; enquanto aqueles que provavelmente nunca
terão grande uso ou aptidão para a matemática também poderão, de certa
forma, deixar estes estudos de lado por um tempo. De modo geral, tudo
aquilo que for mero instrumental agora poderá ficar em segundo plano,
enquanto a mente treinada é gradualmente preparada para a especialização
em “matérias” que, quando o Trivium for concluído, estará perfeitamente
equipada para enfrentar por si só. A síntese final do Trivium—apresentação
Cambridge.
Retórica nas escolas públicas a que estão ligados; ou, se eles não estão tão
ligados, então por algum acordo com outras escolas no mesmo bairro. Como
alternativa, os alunos poderiam assistir algumas aulas preliminares em
Retórica na escola preparatória a partir dos treze anos.
deveria dizer porque acho que é necessário, nestes dias, voltar a uma
disciplina que foi descartada. A verdade é que nos últimos trezentos anos
temos vivido de nosso capital educacional. O mundo pós-renascimento,
desnorteado e entusiasmado com a profusão de novas “matérias”, separou-se
da velha disciplina (que, de fato, tornou-se tristemente maçante e
estereotipada em sua aplicação prática) e imaginou que dali em diante
poderia, por assim dizer, passar alegremente pelo novo e estendido
Quadrivium sem passar pelo Trivium. Mas a tradição escolástica, embora
Assim, muitas pessoas que hoje são ateias ou agnósticas de religião são
governadas em sua conduta por um código de ética Cristão tão enraizado que
nunca pensariam em questioná-lo.
uma civilização que esqueceu suas raízes está forçando eles a carregar o peso
Neste ensaio, Miss Sayers sugere que atualmente ensinamos tudo para
nossos filhos menos como aprender. Ela propõe que adotemos uma versão
adequadamente modificada do currículo escolástico medieval por motivos
metodológicos