(MMCom) Projecto 1 - Relatório
(MMCom) Projecto 1 - Relatório
(MMCom) Projecto 1 - Relatório
Semedo, J.
62839
e-mail: joao-semedo@hotmail.com
1
Pinto, J. e Semedo, J.
1. INTRODUÇÃO
1.1.Apresentação do problema
O objectivo deste trabalho computacional é implementar e aplicar o método dos elementos
finitos (MEF), de forma a resolver o problema apresentado pela estrutura de barras em 2D da
Figura 1. Pretende-se determinar a configuração deformada, as reacções nos apoios, o valor da
deformação no ponto e a tensão em cada uma das barras.
A implementação do MEF foi efectuada com recurso ao MATLAB, tendo como objectivo
criar uma aplicação geral, simples e intuitiva.
2
Pinto, J. e Semedo, J.
(1)
(2)
3
Pinto, J. e Semedo, J.
A solução aproximada não cumpre obviamente a equação (1) em todos os pontos, sendo por
isso utilizado um integral ponderado desta equação. Assim não é exigido o cumprimento da
equação em todo o seu domínio mas sim em média, ou seja:
(3)
(4)
(5)
Uma vez que a equação (5) inclui não só a equação diferencial mas também as condições
impostas à variável secundária, resta exigir que a solução aproximada cumpra as condições de
fronteira. Para um EF com dois nós: e .
Regra geral são utilizados polinómios (completos) para aproximar a solução da equação
diferencial, não só pela facilidade na sua manipulação como também pela simplicidade com que
estas funções podem ser utilizadas na interpolação de dados. A solução aproximada, , deve ser
contínua e diferenciável ao longo do EF, tal como requerido pela formulação fraca, de forma a
desconsiderar soluções triviais. Para que as condições de fronteira sejam cumpridas há também
que garantir que interpola a variável primária pelo menos nos nós partilhados,
assegurando a continuidade da solução geral.
A solução aproximada é então um polinómio de grau nunca inferior a um.
(6)
1
Repare-se que tem dimensões de força. Para uma explicação completa consulte [1].
4
Pinto, J. e Semedo, J.
Aplicando as condições de fronteira, mais uma vez para um EF com dois nós:
(7)
A equação (7) permite escrever as constantes polinomiais em função dos valores de fronteira.
Substituindo as expressões obtidas para e na equação (6) e comparando com a equação (2) é agora
possível identificar a base utilizada:
(8)
(9)
para , onde:
(10)
(11)
2
Por uma questão de simplicidade omitem-se as dependências, em , nas equações (9), (10) e (11).
5
Pinto, J. e Semedo, J.
(14)
(15)
Para obter a matriz de rigidez de uma barra com qualquer orientação basta realizar a rotação
do sistema de coordenadas, através de uma matriz de transformação. A expressão geral para 2D
de uma barra é então:
(16)
6
Pinto, J. e Semedo, J.
2. IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL
2.1.Organização de dados
Os dados do problema em análise são armazenados em duas matrizes principais:
DATAnodes: é a matriz que armazena as posições iniciais de todos os nós do sistema,
além de informação sobre as suas características. Uma vez que se pretendem analisar
sistemas em 2D, a cada nó corresponderem duas coordenadas. Esta matriz tem por isso
linhas e duas colunas, em que é o número de nós utilizados na definição sistema.
(17)
2.2.Abordagem computacional
A implementação efectuada divide-se em três componentes distintas:
Compute_K: função utilizada para construir a matriz de rigidez do sistema. Percorre
todos os elementos construindo a matriz de rigidez para cada um, assemblando
automaticamente a matriz de rigidez geral.
FEM: função principal que, dadas as matrizes apresentadas na subsecção anterior, calcula
os deslocamentos generalizados, as reacções nos apoios e a tensão em cada barra.
FEM_GUI: ficheiro de código MATLAB que executa a interface gráfica do programa.
Através da interface gráfica (abordada da próxima subsecção) são construídas, por esta
ordem, as matrizes e . As forças aplicadas são de seguida
adicionadas ao vector . A partir desta informação é gerada a matriz de rigidez geral, utilizada
para calcular os deslocamentos generalizados, as reacções nos apoios e a tensão em cada barra. A
7
Pinto, J. e Semedo, J.
interface permite representar não só a configuração final do sistema, mas também informações
qualitativas, através de um sistema de cores, sobre a tensão em cada barra.
2.3.Guia do utilizador
O programa desenvolvido tira partido de uma interface gráfica para simplificar ao máximo a
interacção com o utilizador. Para iniciar a sua execução basta inserir FEM_GUI na linha de
comandos do MATLAB. Surge a janela apresentada na Figura 2.
Os dados do problema em análise devem ser inseridos da seguinte forma:
1. Adicionar todos os nós considerados no sistema, um a um, inserindo as suas coordenadas
através do campo “Add Node”. O tipo de apoio a que o nó adicionado é sujeito é
seleccionado através do pop-up menu presente (Figura 3). Depois de preenchidos
adequadamente todos os campos carregar “Add Node!”.
2. Adicionar todos as barras que compõem o sistema, uma a uma, utilizando o campo “Add
Bar”. Os campos a preencher para cada barra são os nós inicial e final assim como a área
da secção de corte e o módulo de Young do material de que é feita. Para adicionar a barra
pretendida ao sistema carregar “Add Bar!”.
3. Adicionar todas as força aplicadas ao sistema, uma a uma, inserindo as suas
componentes horizontal e vertical além do nó de aplicação, no campo “Add Force”.
Confirme a inserção carregando “Add Force!”.
O gráfico presente na janela do programa é automaticamente actualizado sempre que é
adicionado um novo dado ao sistema, sendo que completados os três passos descritos deve
encontrar-se desenhada a estrutura em análise, assim como representadas, nos nós correctos, as
forças aplicadas.
O sistema encontra-se agora completamente inserido no programa e resta efectuar a sua
resolução. Para tal basta carregar “Do it!”, por baixo do gráfico. É agora apresentada a
configuração final (utilizando um factor de escala, para que os deslocamentos sejam
perceptíveis) utilizando um código de cores para representar a tensão em cada barra.
Na linha de comandos do MATLAB são exportados os resultados os algoritmo, os seja, os
vectores , e (explicado em maior detalhe na subsecção seguinte). Os resultados
são apresentados desta forma de forma a facilitar a sua posterior utilização dentro do MATLAB
ou a exportação no formato que o utilizador considerar mais conveniente. No final o programa
verifica a correcção da solução encontrada executando o equilíbrio de forças e momentos. Os
resultados são apresentados no final do output na linha de comandos do MATLAB.
8
Pinto, J. e Semedo, J.
2.4.Exemplo
Mostra-se agora um exemplo de aplicação do programa. Na Figura 4 é visível a configuração
inicial da estrutura que serve de exemplo, apresentando-se na Figura 5 a configuração deformada
e na Figura 6 o output na linha de comandos.
Uma vez que o programa desenvolvido lida com problemas em 2D a cada nó corresponderam
duas coordenadas. Assim, nos vectores e o primeiro par de entradas correspondem ao nó
1, o segundo par ao nó 2 (indicados na Figura 4), etc.
O único nó livre deste sistema é o nó 2, sendo por isso o único que não conserva a posição
inicial. Na Figura 6 destaca-se o deslocamento deste nó e a força aplicada no mesmo.
De destacar que a força registada para o nó 2 é obviamente a força aplicada no input do
programa. As forças associadas aos restantes nós são as reacções nos apoios calculadas.
9
Pinto, J. e Semedo, J.
10
Pinto, J. e Semedo, J.
Quanto ao vector , cada valor de tensão está associado a uma das barras, sendo a
ordem aquela pela qual as barras foram inseridas (também indicada na representação da estrutura
deformada).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1.Resultados
O processamento do problema em mãos pelo programa implementado é de seguida
apresentado. É utilizado um factor de escala de 500 para destacar a deformação sofrida pela
estrutura.
No enunciado é pedida a configuração deformada, Figura 7, as reacções nos apoios, Tabela 1,
o valor da deformação em (que neste caso corresponde ao nó 6), Tabela 2, e a tensão em cada
barra, Tabela 3.
11
Pinto, J. e Semedo, J.
Apoio
Nó 1 -0.8451 0.5000
Nó 5 -2.1549 4.5000
Tabela 1. Reacções nos apoios.
Nó
1 0 0
2 0.8356 -0.2562
3 0.7948 -0.1236
4 0.7540 -0.1837
5 0 0
6 0.4246 -0.1236
Tabela 2. Deformações obtidas.
12
Pinto, J. e Semedo, J.
Barra
1 -11.773
2 -5.631
3 -5.633
4 -8.442
5 10.164
6 -25.896
7 0.008
8 10.161
9 -25.895
Tabela 3. Tensão aplicada a cada barra.
3.2.Discussão
Começando por observar a Figura 7, particularmente a configuração deformada, é possível
constatar que esta se encontra dentro do esperado. São aplicadas duas forças, uma na direcção
horizontal e outra na vertical mas no sentido negativo. Os apoios fixos permanecem na mesma
posição que ocupavam inicialmente além de que a deformação registada parece consistente com
as forças aplicadas. Os deslocamentos obtidos são pequenos, o que está de acordo com a hipótese
dos pequenos deslocamentos. Em particular o deslocamento obtido para o ponto , no programa
o nó 6, destacado a vermelho na Tabela 2, é precisamente positivo na horizontal e negativo na
vertical, apresentando deslocamentos na ordem dos decímetros.
A escala de cores apresentada também de encontra de acordo com o esperado, surgindo barras
comprimidas com cores mais frias e barras estendidas com cores quentes. Tal pode ser
confirmado comparando a Tabela 3 com a Figura 7.
O programa implementado realiza automaticamente uma verificação dos resultados obtidos,
através do equilíbrio estático de forças e de momentos. Tal como acontece na Figura 6, a
execução do problema sugerido pelo docente é aprovado nesta verificação. De referir que uma
vez que as forças obtidas são na ordem de grandeza dos kN, o cálculo dos equilíbrios,
principalmente o equilíbrio de momentos por incluir a multiplicação com os braços das forças,
não apresentará a precisão desejada. Este problema poderia ser atenuado aumentando o espaço
em memória para as variáveis do programa, aumentando a precisão dos resultado, mas tal resulta
num aumento do tempo de computação, o que pode ser drástico em estruturas mais complexas.
Ainda assim, tendo em conta a ordem das grandezas envolvidas o cálculo dos equilíbrios
continua a fornecer uma verificação importantíssima dos resultados. Os equilíbrios de forças e de
momentos para o problema sugerido são apresentados na Tabela 4. Como forma de validação do
programa foram ainda utilizadas outras estruturas tendo os resultados sido igualmente bons para
estas.
13
Pinto, J. e Semedo, J.
4. CONCLUSÃO
Apesar de, como qualquer método numérico, ter um erro associado, o MEF apresenta
resultados bastante aproximados da realidade. Tal é de realçar uma vez que a versão
implementada é relativamente simples, com custos computacionais baixos. Se a isto se associar
uma interface simples e intuitiva com o utilizador, este torna-se no método de eleição na
resolução de estruturas de barras em 2D. Além disto é de referir que a mesma análise pode
facilmente ser estendida a 3D, aumentando ainda mais o potencial deste método.
REFERÊNCIAS
[1] J. N. Reddy, An Introduction to the Finite Element Method, 3ª edição, McGraw-Hill, 2006.
14