Ano Litúrgico e Liturgia Das Horas PDF
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DAS HORAS
CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA - EAD
Disciplina:
Ano Litúrgico e Liturgia das Horas – Prof. Ms. Pe. Vitor Pedro Calixto dos Santos
Meu nome é Pe. Vitor Pedro Calixto dos Santos cmf. Sou graduado
em Filosofia, Teologia e em Psicologia, pela PUCPR. Sou especialista
em Liturgia pelo Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo em Roma
e em Psicologia Analítica pela PUCPR. Resido em Curitiba – PR, onde
trabalho no Studium Theologicum como administrador e professor de
Liturgia Sacramentária e de disciplinas da área de psicologia. Além
disso, também atuo como psicólogo clínico. No Claretiano, sou autor
das disciplinas Introdução à Liturgia e Ano Litúrgico e Liturgia
das Horas.
e-mail: vpcsantos@uol.com.br
Prof. Ms. Pe. Vitor Pedro Calixto dos Santos
Guia de Disciplina
Caderno de Referência de Conteúdo
© Ação Educacional Claretiana, 2008 – Batatais (SP)
Preparação Revisão
Aletéia Patrícia de Figueiredo Felipe Aleixo
Isadora de Castro Penholato
Aline de Fátima Guedes
Maiara Andréa Alves
Camila Maria Nardi Matos
Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Elaine Cristina de Sousa Goulart Projeto gráfico, diagramação e capa
Lidiane Maria Magalini Eduardo de Oliveira Azevedo
Luciana A. Mani Adami Joice Cristina Micai
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luiz Fernando Trentin
Luis Antônio Guimarães Toloi
Patrícia Alves Veronez Montera
Raphael Fantacini de Oliveira
Rosemeire Cristina Astolphi Buzelli Renato de Oliveira Violin
Simone Rodrigues de Oliveira Tamires Botta Murakami
GUIA DE DISCIPLINA
1 APRESENTAÇÃO................................................................................................. VII
2 DADOS GERAIS DA DISCIPLINA........................................................................... VII
3 CONSIDERAÇÕES . ............................................................................................ VIII
4 BIBLIOGRAFIA BÁSICA – ANO LITÚRGICO ............................................................ IX
5 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR – ANO LITÚRGICO................................................. IX
6 BIBLIOGRAFIA BÁSICA – LITURGIA DAS HORAS.................................................... X
7 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR – LITURGIA DAS HORAS........................................ X
INTRODUÇÃO À DISCIPLINA
AULA PRESENCIAL........................................................................................... 2
Vale ressaltar que tal disciplina representa uma das disciplinas centrais do estudo
da liturgia, pois compreende uma explicitação e aprofundamento do sentido teológico-
litúrgico presente em cada celebração litúrgica de maneira concreta, uma vez que se
participa sempre de uma celebração situada no tempo e no espaço.
Sugerimos que você não se limite ao conteúdo deste trabalho; em vez disso,
interprete-o como um referencial capaz de expandir seu horizonte de conhecimentos, com
o objetivo de formar sua própria opinião sobre o tema.
Objetivo geral
Objetivos específicos
( ) Presencial ( X ) A distância
ATENÇÃO!
3 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Isso quer dizer que nas páginas seguintes colocaremos à sua disposição conteúdos
referenciais para facilitar a elaboração de um conhecimento que o leve à reflexão sobre os
conteúdos relacionados ao ano litúrgico e a liturgia das horas.
4
assim, você pode construir
BIBLIOGRAFIA BÁSICA – ANO LITÚRGICO um conhecimento amplo e
profundo sobre determinado
assunto. Sugerimos, portanto,
AUGÉ, M. et al. O ano litúrgico: história, teologia e celebração. Anámnesis 5. São Paulo: que você leia os livros citados
na bibliografia básica e
Paulinas, 1991. complementar.
BEINERT, W. O culto à Maria hoje. São Paulo: Paulinas, 1979. (Coleção teologia hoje)
______. O culto aos santos hoje. Estudo teológico-pastoral. São Paulo: Paulinas, 1990.
(Coleção teologia e liturgia)
LODI, E. Os santos do calendário romano: rezar com os santos na liturgia. São Paulo:
Paulus, 2001.
SARTORI, D., TRIACCA, A. M. (Org.). Dicionário de liturgia. São Paulo/ Lisboa: Paulinas/
Paulistas, 1992.
AUGÉ, M. O domingo: festa primordial dos cristãos. São Paulo: Ave Maria, 2000.
______. Liturgia: história, celebração, teologia, espiritualidade. São Paulo: AM, 1996. p.
276 – 337.
BARROS, M.; CARPANEDO, P. Tempo para amar: mística para viver o ano litúrgico. São
Paulo: Paulus, 1997. (Coleção liturgia e teologia).
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Batatais – Claretiano IX
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GUIA DE DISCIPLINA
Bacharelado em Teologia
BUYST, I. Celebração do domingo ao redor da palavra de Deus. São Paulo: Paulinas, 2002
(Coleção celebrar).
______. Preparando a páscoa: quaresma, tríduo pascal, tempo pascal. São Paulo: Paulinas,
2002.
KEATING, T. O mistério de Cristo: a liturgia como experiência espiritual. São Paulo: Loyola,
2005.
CARPANEDO, P. Ofício divino das comunidades: uma introdução. São Paulo: Paulinas,
2006. (Coleção rede celebra 9)
DE REYNAL, D. Teologia da liturgia das horas. São Paulo: Paulinas, 1981. (Coleção Igreja-
Eucaristia)
BOISSINOT, A. O que é a liturgia das horas? São Paulo: Loyola, 1988. (Coleção temas de
espiritualidade 11)
BRAULT, I. M. Descobrir da liturgia das horas. São Paulo: Paulinas, 1990. (Coleção Liturgia
e teologia)
COSTA, V. S. Liturgia das horas: celebrar a luz pascal sob o signo da luz do dia. São Paulo:
Paulinas, 2005. (Coleção Tabor)
MATOS, H. C. J. Liturgia das horas e vida consagrada. Belo Horizonte: O lutador, 2004.
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Batatais – Claretiano XI
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Anotações
CADERNO DE REFERÊNCIA
DE CONTEÚDO
APRESENTAÇÃO
Tal relação acontece também no ciclo semanal, mensal e anual. Assim, temos
o chamado Ano Litúrgico com seus vários tempos litúrgicos (ciclo do Natal, ciclo Pascal,
tempo comum) e suas várias festas (do Senhor, de Maria e dos Santos).
Bom estudo!
ATENÇÃO!
Aceite o desafio! Venha fazer parte deste novo processo de construção coletiva
e cooperativa do saber.
Objetivos
• Estabelecer interação com os participantes do curso e
com o tutor, tendo em vista o necessário fortalecimento
do vínculo inicial para a construção do processo de
aprendizagem na modalidade EAD.
Conteúdos
• Programa para o desenvolvimento da disciplina.
Objetivos
• Interpretar as diversas categorias temporais presentes na
História até a atualidade.
Conteúdos
• Tempo e liturgia – compreendendo o que é o tempo.
ATENÇÃO!
1
Para alcançar os objetivos
esperados nesta unidade,
selecione os períodos do dia
INTRODUÇÃO
em que você se sente mais
bem disposto para estudar. Há Ao iniciar a disciplina Ano Litúrgico e Liturgia das Horas, é preciso considerar
pessoas que trabalham melhor à
noite, outros logo ao amanhecer. que o objeto de nosso estudo será a relação existente entre a liturgia e o tempo.
Não se esqueça de consultar o
Guia de disciplina para verificar
a dedicação semanal média de A liturgia, como já foi estudado, é a celebração do mistério de Cristo que se
estudos para cada disciplina e atualiza cada vez que a comunidade cristã reúne-se para, dele, fazer a memória. Tal
separe suas horas para estudo.
Uma sugestão: entre uma hora memória se faz no decorrer do tempo que se estende ao longo do ano (Ano Litúrgico) ou
e outra, lembre-se de descansar ao longo do dia (Liturgia das Horas).
sua cabeça por alguns minutos.
Bom estudo!
2 TEMPO E LITURGIA
Para iniciar nosso estudo sobre tempo e liturgia, vamos compreender o que é o
tempo.
Falar sobre o tempo não é coisa fácil. Agostinho já dizia: “O que é o tempo? Se
ninguém me pergunta, eu sei; porém, se quero explicá-lo a quem me pergunta, então não
sei” (AGOSTINHO, 1997, p. 14-17).
O tempo é algo sentido pelo homem que experimenta que a vida e a história se
cumprem do decorrer dos dias e dos anos. Sobre a base dos ritmos sazonais e mensais,
nos quais o ciclo anual se divide, bem como o ciclo semanal, conjunto menor no qual se
agrupam os dias, divididos, por sua vez, em horas e minutos, temos unidades temporais
convencionais que circunscrevem e medem as obras e os dias dos grupos humanos
(ROSSO, 2002).
Devido ao fato de o tempo ser, antes de tudo, algo vivenciado do que definido
é que, ao longo da história, ele se tornou objeto de estudo de várias ciências. Dentre as
várias ciências, a filosofia tem um campo específico para o estudo do tempo e da vida ATENÇÃO!
Para ampliar seus conhecimentos
humana, considerando que o tempo também é estudado pela física, pela história, pela
sobre as categorias temporais na
história das religiões etc. atualidade, consulte o artigo de
Armido Rizzi. Categories culturali
odierne nell´interpretazione del
Assim, o tempo foi explicado segundo diversas categorias, umas mais antigas, tempo (Categorias culturais
hodiernas na interpretação
outras mais recentes, as quais continuam sendo utilizadas em nosso cotidiano. do tempo). In: Associazione
Professori di Liturgia (Org.)
L´anno liturgico, Brecia: Marietti,
A liturgia, em sua relação com o tempo, também adota algumas dessas 1983. p. 11-22.
categorias temporais, cujo uso tem origem na cultura judaica e no modo como a Bíblia
ATENÇÃO!
apresenta sua visão de tempo.
Para aprofundar seus
conhecimentos sobre a
experiência humana do tempo,
Desse modo, a experiência humana do tempo pode ser vista em algumas tríades, você poderá consultar as
as quais se referem aos usos diversos do termo, como: seguintes obras:
a) BERGAMINI, A. Cristo, festa
a) devir universal: o passado, o presente e o futuro; da Igreja: história, teologia,
espiritualidade e pastoral
b) ordem de sucessões: a simultaneidade (ao mesmo tempo em que), a do ano litúrgico, São Paulo:
Paulinas, 1994. (Coleção
sucessão (o tempo passa veloz) e a duração (não tive tempo de fazer); liturgia e participação).
b) LOPEZ MARTIN, J. Tempo
c) relações de estaticidade e dinamismo: velho e novo; estável e mutável; sagrado, tempo litúrgico
sistema e evento. e mistério de Cristo. In:
BOROBIO, D. (Org.). A
celebração na Igreja. Ritmos
No entanto não são, somente, essas as formas de compreender o tempo. De e tempos da celebração. São
Paulo: Loyola, 2000. v. 3. p.
acordo com Augé (1991), desde as culturas mais arcaicas já encontramos tentativas de 31-44.
definir a experiência do tempo.
INFORMAÇÃO:
Experimentamos este tempo a
Em primeiro lugar, fala-se do tempo cósmico como aquela dimensão universal cada dia, com a sucessão do
com a qual se mede o perdurar das coisas mutáveis, bem como a sucessão rítmica das dia (a presença da luz do sol, da
noite), com a lua e as estrelas,
fases em que se processa o devir da natureza. Este tempo se mostra como algo neutro, assim como na sucessão das
objetivo, independente do homem. estações do ano: primavera,
verão, outono, inverno. Este é o
tempo dos calendários, dividido
Assim, enquanto experimenta o devir da natureza, o homem primitivo percebe, em dias, semanas, meses.
antes mesmo de fazer uma reflexão filosófica sobre o tempo, que as vicissitudes de sua
vida pessoal, familiar e social estão contidas nos ritmos do tempo cósmico. Dessa forma, (1) Cosmogônica: referente à
cosmogonia – narrativas sobre a
surge o tempo histórico. origem do mundo e do homem.
Tais narrativas estão presentes
em todas as culturas. A Bíblia,
Os gregos, partindo de tal experiência temporal, explicam o tempo segundo a por exemplo, no Gênesis, traz
categoria da circularidade, ou seja, falam do tempo cíclico. Para eles o tempo não traz duas narrativas cosmogônicas:
1,1-2,4a (da tradição sacerdotal)
novidade, pois sempre volta ao seu ponto de origem, para se repetir novamente. e 2,4b-4,26 (da tradição javista).
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Batatais – Claretiano 5
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UNIDADE 1
Bacharelado em Teologia
ATENÇÃO! É nesse contexto que se apresentam outras duas categorias temporais: o tempo
Amplie seus conhecimentos
sobre o tempo sagrado e o
sagrado e o tempo profano. Tais categorias estão presentes nas religiões primitivas e, de
tempo profano, consultando as alguma forma, estão relacionadas à visão fatalista da circularidade.
obras a seguir:
a) ELIADE, M. Mito do eterno
retorno. São Paulo: Mercuryo, Diante da circularidade do tempo cíclico para os gregos, ou do tempo histórico
1992. marcado por acontecimentos imprevisíveis e irreversíveis, o homem busca refúgio num
b) ELIADE, M. O sagrado e
o profano: a essência das tempo primordial, no qual possa transcender a contingência e a casualidade.
religiões. São Paulo: Martins
Fontes, 1992. Tal tempo primordial não é algo produzido pelo homem, mas nasce de arquétipos
divinos que estão inscritos no mais profundo da consciência humana e que respondem à
ordem mais profunda da realidade.
(2) Em grego, o termo profano É o tempo sagrado que caracteriza a prática ritual das diversas religiões, durante
significa aquilo que está diante as quais se atualiza o mito primordial das origens, permitindo ao homem transcender-se
do sagrado: pro – fanum (de
fainon – que é o mesmo termo e encontrar o sentido mais profundo de sua vida, ao mesmo tempo em que se opõe ao
usado na palavra fenômeno). tempo profano2, que é o tempo do dia-a-dia, no qual pesam a rotina e o cansaço.
No entanto, mesmo para vivenciar o tempo livre, segundo sua própria vontade, o
homem acaba ficando preso às ofertas de sentido para seu tempo, as quais estão ligadas à
concepção do tempo do mercador: ir ao shopping, fazer compras, ir ao cinema, viajar etc.
Desse modo, está ainda em atuação uma visão niilista do tempo, ou seja,
uma visão pessimista que prega um vazio de sentido da história. Diante de todas essas
categorias temporais, surgem estes questionamentos:
“Aquele que atesta estas coisas, diz: “Sim, venho muito em breve!”. Amém!
Vem, Senhor, Jesus” (Ap 22,20).
Ainda que a categoria temporal seja mais importante do que a categoria espacial,
para a visão bíblica não há uma única concepção do tempo na Sagrada Escritura.
Assim, pode-se dizer que há uma evolução e que a religião de Israel, num
primeiro momento, privilegia a visão mais simples do tempo como fluxo que mede a vida,
com a alternância de dia e noite, tempo físico-cronológico associado ao movimento dos
astros e à vida agrícola.
Por fim, por meio dos profetas, prega-se uma nova manifestação de Deus na
história, convidando o povo para a conversão: como Deus agiu no passado, ele agirá no
futuro. O momento presente (o “hoje”) faz convergir o passado que se atualiza e o futuro
que se antecipa. Será essa concepção que se fará presente na liturgia judaica e cristã, por
meio do memorial (anámnesis) – hoje se atualiza o evento salvífico passado e por meio
dessa atualização se antecipa a futura intervenção de Deus na história (escatologia).
séculos sem fim. Amém (BUYST apud BUYST; FRANCISCO, 2004, p. 107).
ATENÇÃO!
Você poderá aprofundar seus Sacramentalidade do tempo litúrgico
conhecimentos em relação ao
tempo da salvação radicado em O tempo da salvação está radicado em Cristo, no mistério de sua morte-
Cristo, consultando as obras:
ressurreição e de sua encarnação; é esse mistério que é atualizado na liturgia. Isso acontece
a) CULLMANN, O. Cristo e
o tempo. Tempo e história em cada celebração litúrgica, a qual acontecendo num determinado dia e hora, considera
no cristianismo primitivo. este evento salvífico na sua dimensão de kairós e é isto que faz do tempo litúrgico um
São Paulo: Custom, 2003.
Já em relação ao sentido tempo sacramental. De fato, em todo o Ano Litúrgico está presente a sacramentalidade
sacramental do Ano Litúrgico, que brota da celebração do mistério pascal.
você poderá consultar a obra:
b) SIVINSKI, M. (Org.) Ano
litúrgico como realidade
Assim, a organização do tempo na liturgia pertence a uma estrutura simbólico-
simbólico-sacramental. sacramental. É por isso que os momentos do tempo (amanhecer, entardecer, o domingo,
São Paulo: Paulus, 2002 determinados dias ou meses etc.) possuem um sentido simbólico, o qual pode se chocar
(Cadernos de liturgia 11).
com uma concepção temporal que não considere a ação de Deus na história.
No entanto, tal sentido simbólico pode tornar-se o meio pelo qual o homem,
VOCÊ SABIA QUE...
oprimido pelo tempo do mercador (marcado pela produção e lucro), encontre um sentido
Cada um dos tempos litúrgicos, para sua vida e para a história.
dias festivos ou horários
litúrgicos estão carregados de
conteúdo simbólico e, por isso, Desse modo, a celebração anual do mistério de Cristo, ao longo do Ano Litúrgico
sua celebração só pode ser e da Liturgia das Horas, torna-se anúncio, profecia e realização do Reino aqui e agora.
mudada mediante um processo
de inculturação, o qual considere Isto está presente no “hoje” litúrgico, característico do memorial ou anámnesis. É neste
todos os elementos simbólicos sentido que se pode dizer que a liturgia é História da Salvação em ato, ou seja, ela
envolvidos, para que não se continua acontecendo no tempo por meio da ação litúrgica.
perca seu sentido teológico-
litúrgico.
INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR:
ANO LITÚRGICO
a) Tempo da manifestação:
• Advento.
• Natal.
• Epifania.
b) Tempo comum
c) Tempo pascal:
• Quaresma.
• Tríduo pascal.
• Qüinquagésima pascal.
d) Celebrações festivas do senhor, de Maria e dos Santos.
Foi mediante esta teologia do Ano Litúrgico que foi organizada a atual estrutura
INFORMAÇÃO:
do Ano Litúrgico e seu calendário, para que, assim, sua celebração pudesse, de fato, Outra síntese da teologia do Ano
tornar presente a cada dia a celebração do mistério de Cristo. Litúrgico pode ser encontrada no
Catecismo da Igreja Católica, n.
1168-1173.
3
cada ano o Diretório Litúrgico
contendo o calendário litúrgico do
ano em vigor com todas as datas DOMINGO
e demais indicações litúrgicas
para as celebrações da eucaristia
e da Liturgia das Horas. A celebração do mistério pascal está no centro da “memória” que a comunidade
cristã faz de seu Senhor.
Devido à tradição apostólica que tem sua origem do dia mesmo da Ressurreição
de Cristo, a Igreja celebra cada oitavo dia o Mistério Pascal. Esse dia chama-se
justamente dia do Senhor ou domingo. Neste dia, pois, os cristãos devem reunir-
se para, ouvindo a Palavra de Deus e participando da Eucaristia, lembrarem-se
da Paixão, Ressurreição e Glória do Senhor Jesus e darem graças a Deus que
os “regenerou para a viva esperança, pela Ressurreição de Jesus Cristo entre
os mortos” (1Pe 1,3). Por isso, o domingo é um dia de festa primordial que
deve ser lembrado e inculcado à piedade dos fiéis, de modo que seja também
um dia de alegria e de descanso do trabalho. As outras celebrações não se lhe
anteponham, a não ser que realmente sejam de máxima importância, pois que
o domingo é o fundamento e o núcleo do ano litúrgico (SC 106).
O domingo é evocado por meio de sua tradição apostólica, como o dia da celebração
da ressurreição de Cristo, chamado de dia do Senhor ou oitavo dia, dia em que se recorda o
batismo e se reúne para a palavra e a eucaristia, sendo um dia de festa e de descanso.
ATENÇÃO!
Para um estudo mais detalhado
do tema, consulte as obras a O domingo é o dia da comunidade cristã, pois ela se reúne para a celebração
seguir:
eucarística, sendo também o dia da caridade, já que é neste dia que os cristãos podem se
a) AUGÉ, M. O domingo: festa
primordial dos cristãos. São confraternizar na fraternidade cristã e rezar pelas intenções de todo o mundo, bem como
Paulo: Ave Maria, 2000. fazer a coleta que irá ajudar os mais necessitados.
b) SILVA, J. A. O domingo:
páscoa semanal dos cristãos.
Elementos de espiritualidade Vamos analisar brevemente cada uma das afirmações citadas sobre o
dominical para as equipes de domingo:
liturgia e o povo em geral. São
Paulo: Paulus, 1998. (Coleção
celebrar a fé e a vida 5). Dados do Novo Testamento
De fato, a razão para tal escolha pode ser encontrada em várias páginas do ATENÇÃO!
Não deixe de ler os textos
Novo Testamento: citados, na íntegra, em sua
Bíblia. Tal leitura será muito
a) O episódio de Emaús (Lc 24,13-35) apresenta como uma parábola as riquezas importante para compreender as
descrições apresentadas.
do domingo para os cristãos: é no “primeiro dia da semana” (Lc 24,1.13) que
os discípulos de Emaús, desanimados após a morte de Jesus, encontram-se
com um caminhante pela estrada, o qual vai revelando o mistério da morte
de Jesus por meio das Sagradas Escrituras e quando parte o pão durante (4) O termo Senhor, do grego
a ceia é que eles o reconhecem como o Senhor4. Esse texto traz a prática Kyrios aparece no Novo
Testamento sempre que se quer
dominical dos cristãos: reúnem-se para a palavra e para a fração do pão e indicar o Ressuscitado.
durante a reunião encontram-se com o seu Senhor, Jesus Ressuscitado. Isto
fica claro em nossa celebração eucarística dominical, a qual é dividida em
duas partes: a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística.
e) O livro do Apocalipse (1,10) fala que João teve uma visão no “dia do Senhor”
– “fui arrebatado pelo espírito no dia do Senhor” – kyriaké hemera. Este
texto traz pela primeira vez o nome “dia do Senhor” aplicado a esse dia,
como sendo o dia que pertence ao Kyrios Jesus, o Ressuscitado.
Nomes do domingo
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Batatais – Claretiano 11
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UNIDADE 1
Bacharelado em Teologia
De fato, o domingo, na sua origem não era feriado, dia de descanso, e só passou
a sê-lo após o Edito de Milão, promulgado pelo Imperador Constantino em 313. Por isso
é que os cristãos celebravam a eucaristia dominical na noite do sábado para o domingo
como uma vigília, concluindo-a ao nascer do sol, para que pudessem ir para o trabalho.
Justino, na sua Apologia I, refere-se a isso quando escreve que “lêem-se as memórias dos
apóstolos ou os outros escritos dos profetas até que o tempo permita...”).
Nota-se que desde então o domingo é celebrado com a eucaristia, a qual faz a
memória do Senhor Ressuscitado em meio aos seus (Lc 24).
Outro testemunho importante é o texto da Apologia I6, que Justino escreve (6) Esta obra Apologia I
(apologia = defesa, justificativa)
ao imperador Antonino Pio, descrevendo amplamente a vida da comunidade cristã, em foi escrita por Justino ao redor
particular a eucaristia dominical: do ano 165 para explicar
ao Imperador Antonio Pio e
seus companheiros como
E no dia chamado do Sol, realiza-se a reunião num mesmo lugar de todos os os cristãos viviam, pois já
habitantes nas cidades ou nos campos... Fazemos a reunião todos juntos no havia perseguições contra a
dia do Sol, porque é o primeiro dia, em que Deus, transformando as trevas e a comunidade cristã, sendo que
o próprio Justino morreu mártir
matéria, fez o cosmos, e Jesus Cristo, nosso Salvador no mesmo dia ressuscitou em 165 (NOVAK; GIBIN, 1981,
de entre os mortos... (Apologia I, 67). p. 82-83).
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Batatais – Claretiano 13
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UNIDADE 1
Bacharelado em Teologia
Hoje, vossa família, para escutar vossa Palavra e repartir o Pão consagrado,
recorda a Ressurreição do Senhor, na esperança de ver o dia sem ocaso, quando
a humanidade inteira repousará junto de vós. Então, contemplaremos vossa
face e louvaremos sem fim vossa misericórdia.
4 CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da primeira unidade da disciplina Ano Litúrgico e Liturgia
das Horas, com a qual você pôde estudar alguns conceitos introdutórios relacionados ao
tempo e a liturgia e a celebração do domingo.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGOSTINHO, SANTO. Confissões. São Paulo: Paulus, 1997. (Coleção Patrística 10)
AUGÉ, M. O domingo: festa primordial dos cristãos. São Paulo: Ave Maria, 2000.
______. Liturgia: história, celebração, teologia, espiritualidade. São Paulo: AM, 1996. p.
276–337.
______. Teologia do ano litúrgico. In: AUGÉ, M. et al. O ano litúrgico: história, teologia e
celebração. Anámnesis 5. São Paulo: Paulinas, 1991. p. 11–34.
BUYST, I. Celebração do domingo ao redor da palavra de Deus. São Paulo: Paulinas, 2002
(Coleção celebrar)
______. O sagrado e o profano: a essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes,
1992.
LOPEZ MARTIN, J. Tempo sagrado, tempo litúrgico e mistério de Cristo. In: BOROBIO, D.
(Org.). A celebração na Igreja. Ritmos e tempos da celebração. São Paulo: Loyola, 2000.
v. 3. p. 31-44.
ZILLES, U. (Org.). Didaqué: catecismos dos primeiros cristãos. 5. ed. Petrópolis: Vozes,
1986. (Fontes da catequese 1)
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Batatais – Claretiano 15
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Anotações
TEMPO PASCAL: PREPARAÇÃO
UNIDADE 2
QUARESMAL, TRÍDUO PASCAL E
QÜINQUAGÉSIMA PASCAL
Objetivos
• Reconhecer os conteúdos históricos, teológicos e
celebrativos do Tríduo pascal, da Qüinquagésima pascal
e da Quaresma.
Conteúdos
• Tríduo pascal: história, teologia e estrutura celebrativa
atual.
ATENÇÃO!
1
Conhecer o repertório de
estratégias de aprendizagem
constitui um passo fundamental
INTRODUÇÃO
para enriquecer sua capacidade
de aprender, para prevenir A primeira unidade de nossa disciplina abordou conceitos relacionados ao tempo,
dificuldades de aprendizagem e a liturgia e a celebração do domingo.
para avançar no desenvolvimento
de seu desempenho acadêmico.
Para tanto, releia o Guia de Agora, na Unidade 2, você terá a oportunidade de estudar o tempo pascal, com
disciplina e a página anterior
e aproveite esta oportunidade
base na preparação quaresmal, no tríduo pascal e na qüinquagésima pascal.
para posicionar-se criticamente
diante dos conteúdos e das Desse modo, no primeiro período da vida da Igreja, a Páscoa foi o único ponto
estratégias didáticas propostas.
Você é o protagonista de sua central da pregação, da celebração e da vida cristã. A liturgia nasce da Páscoa e, também,
aprendizagem! Pense nisso... para celebrar a Páscoa.
Tudo é visto no centro e a partir do centro, e este centro é o acontecimento
do Cristo morto e ressuscitado. [...] tudo está centrado neste único mistério
histórico-salvífico, atualizado no presente da celebração. A Igreja primitiva não
celebra “os mistérios” de Cristo, mas “o mistério”, ou seja, a Páscoa, como
acontecimento que resume e faz valer para a nossa salvação todo o conjunto
da vida e da ação salvífica de Cristo (AUGÉ, 1992, p. 294).
Bom estudo!
Desse modo, é este o conteúdo que encontramos nos textos bíblicos que
fundamentam a celebração anual da Páscoa pelos hebreus:
A fórmula paulina “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (ou melhor: a nossa Páscoa,
Cristo, foi imolada!). Portanto, celebremos a festa, não com o velho fermento,
nem com o fermento da malícia e da perversidade, mas com ázimos, isto é, na
sinceridade e na verdade” (1Cor 5,7-8) é o único texto que fala da Páscoa cristã
ATENÇÃO! e é também o primeiro testemunho da leitura cristológica da Páscoa bíblico-
Para aprofundar seus
hebraica. O texto indica a certeza da imolação pascal de Cristo como evento
conhecimentos sobre a Páscoa
de Jesus, consulte as obras: histórico. Esse evento deu à Igreja a “sua Páscoa (BERGAMINI, 1994, p. 251).
a) DURRWELL, F. X. Cristo
nossa Páscoa. Aparecida:
Santuário, 2006. Não se fala, ainda, se a Páscoa é celebrada como festa anual, semanal; é porque o
b) GARMUS, L. Leitura da que importa aqui é a leitura que os cristãos fizeram da Páscoa do Antigo Testamento.
Páscoa como memorial da
libertação. Petrópolis: Vozes,
1987. (Estudos bíblicos, n. 8); É nesta linha cristológica de releitura da Páscoa veterotestamentária que podem
c) SERRANO, V. A Páscoa de
ser lidos outros textos do Novo Testamento.
Jesus em seu tempo e hoje.
São Paulo: Paulinas, 1997.
(Liturgia e participação);
Os evangelhos sinóticos apresentam a última ceia de Jesus com seus discípulos
como a ceia pascal da nova aliança que será selada com o seu sangue na cruz (cf. Mt
26,17ss; Mc 14,12ss; Lc 22,7ss).
Assim, para o evangelista João, a nova Páscoa acontece quando Jesus se imola
INFORMAÇÃO: na cruz como cordeiro pascal (Jo 19,30.33.36 que espelha o texto de Ex 12). E, por fim, a
Para João, esta é a “hora” de
Jesus. A narrativa joanina, da Primeira Carta de Pedro seria, segundo alguns estudiosos, uma homilia pascal e batismal
paixão, coloca a morte de Jesus pronunciada na noite da Páscoa.
no mesmo horário em que eram
sacrificados os cordeiros, os
quais seriam consumidos na A seguir você terá uma síntese dos dados bíblicos sobre a Páscoa no Antigo e
festa anual da Páscoa.
Novo Testamento e sua celebração pelos cristãos.
ATENÇÃO!
Amplie seus conhecimentos Mistério pascal
sobre a Páscoa. Consulte a
obra: BERGAMINI, A. Cristo, Quadro 1 A festa de Pesâh.
festa da Igreja. História, teologia,
espiritualidade e pastoral do ano Pesâh – Πάσχα – Pascha - Páscoa
litúrgico, São Paulo: Paulinas,
1994 (Coleção Liturgia e Língua Grafia Significado
participação).
Mancar ou saltar
Língua dos beduínos e dos
(dança ritual)
egípcios
(Ex 12,12s.13)
Hebraico Pesah Saltar (figurado, metafórico)
Mês de Nisan
Fontes do Antigo Testamento Cronologia do Evangelho de João
(ligada ao ano da Páscoa de Jesus)
10
11
Escolha do cordeiro 12
13
14 Paixão e morte de Jesus
Fonte: CASTELLANO, J. El año liturgico. Memorial de Cristo y mistagogia de la Iglesia. Barcelona: Centre de Pastoral
Liturgica, 1994; ROSSO, S. Il segno del tempo nella liturgia. Anno liturgico e Liturgia delle Ore, Leumann (TO):
Editrice ELLEDICI, 2002.
3 CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA
Apesar da releitura cristã da Páscoa judaica, como vimos anteriormente, não
existem documentos do tempo apostólico (século 1º) que testemunhem a celebração
anual da Páscoa.
VOCÊ SABIA QUE... Houve, por conta dessas visões, uma longa controvérsia, a qual exigiu a
Ainda hoje, essa questão da data intervenção de bispos e papas da época, considerando que houve no final do século 2º a
da Páscoa não está totalmente
convocação de um sínodo pelo papa Vitor para que as várias Igrejas discutissem o assunto
fechada, considerando que este
assunto foi discutido no Concílio e se chegasse à unidade. Tal unidade durou pouco e foi preciso esperar o Concílio de Nicéia
Vaticano II. Desse modo, a em 325, para que a data da Páscoa fosse celebrada no domingo seguinte à lua cheia do
Sacrosanctum Concilium declara
no seu apêndice que “não se equinócio da primavera, ou seja, entre 22 de março e 25 de abril.
opõe a que a festa da Páscoa
seja fixada num domingo certo
O costume de se celebrar o tríduo pascal — chamado de “triduum sacrum” por
do calendário gregoriano, com o
consentimento dos interessados, Ambrósio de Milão no século 4º e de “sacratissimum triduum” da morte por Agostinho,
principalmente os irmãos sepultura (descida aos infernos) e ressurreição com um jejum na sexta-feira e no sábado
separados da comunhão com a
Sé Apostólica”. e a eucaristia na madrugada do domingo — começou a se modificar quando, a exemplo de
Jerusalém, as comunidades cristãs passaram a historicizar os relatos evangélicos.
Tal vigília é uma antiqüíssima tradição (Ex 12,42), a qual passou para os cristãos
e que hoje assume um sentido novo, pois ao celebrá-la estamos vivendo a Páscoa em
ATENÇÃO!
nossa vida à espera da Páscoa eterna. Nessa vigília são celebrados os sacramentos da Para aprofundar seus
iniciação cristã: batismo, crisma e eucaristia, por meio dos quais participamos da Páscoa conhecimentos sobre o sentido
do Hino Pascal ou Exultet,
de Jesus: com ele morremos e com ele ressuscitamos. consulte: BUYST, Ione. Cristo
Ressuscitou: meditação litúrgica
com um hino pascal. São
“A Vigília pascal, na noite santa em que o Senhor ressuscitou, seja considerada Paulo: Paulus, 1995. (Liturgia e
a “mãe de todas as santas vigílias”, na qual a Igreja espera, velando, a Ressurreição de teologia).
Proêmio ou abertura
A ceia Páscoa ritual Missa “In Cena Domini”
a) Liturgia da Palavra:
Primeira Leitura: Ex 12,1-8.11-14 - a ceia pascal de Israel.
Salmo responsorial: Sl 115 - Refrão: 1 Cor 10,6.
Segunda Leitura: 1 Cor 11, 23-26 - a instituição da eucaristia.
Evangelho: Jo 13,1-15 - o mandamento novo e o exemplo do amor-serviço.
c) Liturgia eucarística.
c) A adoração da cruz.
d) A comunhão.
c) Liturgia batismal: Celebração de Cristo, fonte de água viva que jorra para
a vida eterna
Ladainha dos santos, bênção da água batismal, renovação das promessas
batismais, sacramentos da iniciação e aspersão da água batismal
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Batatais – Claretiano 25
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UNIDADE 2
Bacharelado em Teologia
4 QÜINQUAGÉSIMA PASCAL
A qüinquagésima pascal, ou cinqüentina pascal, é o tempo pascal que durante
cinqüenta dias dá continuidade à celebração da Páscoa anual. Esse tempo teve sua origem na
tradição judaica a partir de uma releitura cristã. Vejamos uma síntese de sua origem histórica:
A comunidade cristã faz uma leitura cristológica desse tempo de festa e usa o
termo Pentecostes no seu significado etimológico: pentekosté hemera – o qüinquagésimo dia
(pentecostes) - para designar a plenitude da páscoa de Cristo, que se dá com a efusão do
Espírito Santo e pela vocação da comunidade do Crucificado-Ressuscitado ao universalismo.
INFORMAÇÃO: durante cinqüenta dias, até a vinda do Espírito Santo. Fazei que todas as nações
Nota-se referência aos textos dispersas pela terra, na diversidade de línguas, se unam no louvor do vosso
joaninos: “...eu rogarei ao Pai e
ele vos dará um outro Paráclito nome (Oração do Dia da Vigília da Solenidade de Pentecostes).
que permanecerá convosco para
sempre.[...] o Paráclito, o Espírito Para levar à plenitude os mistérios pascais, derramastes, hoje, o Espírito Santos
Santo que o Pai enviará em meu
prometido, em favor de vossos filhos e filhas. Desde o nascimento da Igreja, é
nome, vos ensinará todas as
coisas e vos fará tudo o que eu ele quem dá a todos os povos o conhecimento do verdadeiro Deus; e une, numa
vos disse.” (Jo 14,16.26). Como
se pode notar nesta eucologia só fé, a diversidade das raças e línguas. (Prefácio de Pentecostes).
e no lecionário, Pentecostes
não é a celebração do Espírito
Santo, como terceira pessoa da Percebe-se, nesses textos eucológicos, a confirmação do conteúdo teológico
Santíssima Trindade, mas sim
sua presença no mistério pascal, original dessa festa: ela completa plenamente o mistério pascal com o dom do Espírito do
que é o mistério da salvação que Ressuscitado e é neste Espírito que a comunidade dos discípulos de Cristo viverão a sua
acontece pela ação da Trindade
em toda a História da Salvação Páscoa e anunciarão a fé até os confins da terra.
que tem sua plenitude na Páscoa
de Cristo.
Esse tempo pascal é celebrado como o tempo da alegria (laetissimum spatium)
no dizer dos Padres da Igreja. Essa alegria pode ser vivenciada na Oitava da Páscoa,
durante a qual se celebra a solenidade pascal como um único dia de festa e durante as ATENÇÃO!
Para aprofundar seus
sete semanas que fazem os cinqüenta dias de Pentecostes um tempo de cantar o aleluia conhecimentos sobre teologia,
e viver a vida nova. espiritualidade e indicações
celebrativas para o tempo pascal,
consulte as obras:
“Os cinqüenta dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes a) BARREIRO, A. O itinerário
da fé pascal. A experiência
sejam celebrados com alegria e exultação, como se fossem um único dia de festa, ou
dos discípulos de Emaús e
melhor, “como um grande domingo”” (NUALC nº 22) a nossa (Lc 12,13-35). São
Paulo: Loyola, 2001.
b) BECKHAÜSER, A. Vida
A partir do século 4º o tempo pascal começa a sofrer modificações, com a pascal cristã e seus símbolos.
prática da historicização cultual. Sua unidade foi quebrada com a inserção da celebração Petrópolis: Vozes, 2006.
c) BROWN, R. E. A chegada
da Ascensão no 40º dia e da descida do Espírito Santo no 50º dia. do Espírito Santo em
Pentecostes: ensaios
Assim, a reforma conciliar do Vaticano II procurou restabelecer a unidade sobre as leituras litúrgicas
entre a Páscoa e
teológico-litúrgica desse tempo, para que, dessa forma, sua celebração tivesse como Pentecostes,extraídas dos
conteúdo a plenitude da Páscoa de Cristo e, também, para que a comunidade cristã, Atos dos Apóstolos e do
evangelho segundo São João.
imbuída pelo Espírito do Ressuscitado, pudesse anunciar ao mundo a boa-nova do São Paulo: Ave Maria, 1997.
Evangelho e a presença do Reino. d) BUYST, I. Preparando a
Páscoa: quaresma, tríduo
pascal, tempo pascal. São
Paulo: Paulinas, 2002.
e) GOEDERT, V. M. Ele está
5
no meio de nós: meditações
QUARESMA pascais. São Paulo: Paulinas,
2003. (Arte e mensagem);
f) LUTZ, G. Páscoa ontem e hoje.
A celebração da Páscoa anual tem também um período de preparação, chamado São Paulo: Paulus, 1995.
Quaresma, nome que deriva de quadragésima (quarenta dias). Desse modo:
INFORMAÇÃO:
Por isso que os domingos desse
O Tempo da Quaresma visa preparar a celebração da Páscoa; a liturgia
tempo são chamados Domingos
quaresmal, com efeito, dispõe para a celebração do mistério pascal tanto os da Páscoa: Segundo, Terceiro...
catecúmenos, pelos diversos graus da iniciação cristã, como os fiéis, pela Domingo da Páscoa. Não são
depois da Páscoa, mas DA
comemoração do batismo e penitência (NUALC nº 27).
Páscoa, pois ela é celebrada
como um único grande dia de
festa durante 50 dias.
Tal disposição reflete o que foi pedido pela Sacrosanctum Concilium em relação
ao sentido que tem esse tempo para Igreja de hoje: ATENÇÃO!
Amplie seus conhecimentos
Tanto na liturgia quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla sobre o período da
Quaresma. Consulte a obra:
índole do tempo quaresmal, que, principalmente pela lembrança ou preparação CONGREGAÇÃO PARA O
do Batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais freqüência a CULTO DIVINO. Preparação e
palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do mistério celebração das festas pascais,
1988. Já em relação ao tema
pascal” (SC 109). espiritualidade litúrgica para este
tempo, você poderá consultar:
GOEDERT, V. M. Convertei-vos e
Pode-se notar que o tempo quaresmal caracteriza-se por ser um tempo de crede no Evangelho: meditações
preparação para a Páscoa. Desse modo, por meio de duas vertentes (o batismo e a para o tempo da Quaresma
e Tríduo Pascal. São Paulo:
penitência), e da escuta atenta da palavra de Deus e da oração, os fiéis poderão participar Paulinas, 2006.
de maneira “plena, consciente e ativa” (SC, 14) do mistério da Ressurreição do Senhor
pelos sacramentos celebrados no Tríduo pascal. ATENÇÃO!
Para aprofundar seus
conhecimentos sobre este conteúdo
Mas, como nasceu esse tempo na história da liturgia? histórico é interessante que você
consulte as obras a seguir:
a) BELLAVISTA, J. Preparação
A Quaresma não existia nos três primeiros séculos da Igreja. Nesse período, a para a Páscoa: a Quaresma.
celebração pascal consistia no jejum da sexta-feira e do sábado e na vigília na madrugada In: BOROBIO, D. (org.). A
celebração na Igreja. Ritmos
do domingo que culminava com a eucaristia. e tempos da celebração. São
Paulo: 2000. v. 3. p. 143–155.
Segundo os estudos históricos, sabe-se que o primeiro tempo de preparação b) BERGAMINI, A. Cristo, festa
da Igreja. História, teologia,
para a Páscoa consistiu em estender esse jejum de dois dias para toda a semana que espiritualidade e pastoral do ano
antecedia a vigília pascal, dando origem à Semana da Paixão (ou Semana Santa). litúrgico. São Paulo: Paulinas,
1994. (Coleção liturgia e
participação). p. 265-267.
ATENÇÃO!
No fim do século 4º, a estrutura da Quaresma passa a ser aquela dos “quarenta
O tema da Quaresma-
sacramento poderá ser dias”, considerados à luz do simbolismo bíblico, que dá a esse tempo um valor salvífico-
aprofundado com a consulta da
obra: BERGAMINI, A. Cristo,
redentor, cujo sinal é a denominação “sacramentum” (BERGAMINI, 1994).
festa da Igreja: história, teologia,
espiritualidade e pastoral do ano
litúrgico. São Paulo: Paulinas, Além da inscrição dos penitentes no início da Quaresma, esse tempo é também
1994. (Coleção liturgia e usado para a celebração dos escrutínios batismais dos catecúmenos, os quais receberão
participação). p. 265-267.
os sacramentos da iniciação cristã durante o Tríduo pascal.
ATENÇÃO!
Aprofunde seus conhecimentos
sobre o tema dimensão batismal- O batismo é o primeiro sacramento que nos insere na páscoa de Cristo. Desse modo,
penitencial da Quaresma com o tempo quaresmal parte dele para preparar os catecúmenos que serão batizados e os fiéis
a obra: BERGAMINI, A. Cristo,
festa da Igreja: história, teologia, batizados, para que, por meio da penitência tornem sua vida cristã mais autêntica.
espiritualidade e pastoral do ano
litúrgico. São Paulo: Paulinas,
1994, (Coleção liturgia e A celebração da Quaresma na atualidade tem início na Quarta-feira de Cinzas,
participação) p. 277-279. na qual se exorta os fiéis a viverem esse tempo de penitência, ouvindo com mais atenção
a palavra de Deus e com maior assiduidade na vida de oração.
ATENÇÃO!
Para enfatizar o sentido
penitencial desse tempo, Além disso, esse tempo apresenta também o jejum, a esmola e a oração (Mt
acrescentou-se ao longo da 6,16.16-18 – Evangelho da Quarta-Feira de Cinzas) como síntese e exemplo de toda a
história outras semanas à
Quaresma, dando origem às prática penitencial cristã que deve estar voltada para Deus (a oração), para o próximo (a
chamadas qüinquagésima esmola=caridade) e para si mesmo (o jejum).
(séc.6º), sexagésima e
septuagésima (séc.7º), as quais
foram abolidas depois. Assim, É nesse sentido que no Brasil se celebra a Campanha da Fraternidade,
vale destacar um sermão do Pe.
Vieira, denominado “Sermão da
durante a qual se reflete sobre um tema de importância atual para toda a sociedade
Sexagésima”. brasileira, de modo que todos possam unir fé e vida, ou seja, viver o batismo a cada
dia nas relações sociais, de trabalho, construindo uma sociedade mais justa e fraterna, ATENÇÃO!
Para aprofundar o tema
marcada por valores éticos, para que o Reino de Deus possa se tornar mais presente em da relação Campanha da
nosso mundo. Fraternidade e Quaresma,
consulte a obra: WILMSEN, K.
C. Campanha da fraternidade,
para onde vais? Algumas
Os domingos da Quaresma seguem, em sua estrutura, os ciclos litúrgicos A considerações para uma melhor
(Mateus), B (Marcos) e C (Lucas) para o lecionário e trazem: integração da Campanha da
Fraternidade na Quaresma. São
a) no Primeiro domingo: o Evangelho da Tentação de Jesus no deserto; Paulo: Paulus, 2004 (Cadernos
de liturgia 13).
b) no Segundo domingo: o Evangelho da Transfiguração de Jesus;
ATENÇÃO!
c) nos Terceiro, Quarto e Quinto domingos: uma seqüência de evangelhos que Para aprofundar este conteúdo
consulte as obras:
em cada ciclo apresenta um tema unitário para a catequese quaresmal, a
a) BELLAVISTA, J. Preparação
qual, ainda que se mantenha fiel à dupla índole quaresmal, enfatiza aspectos para a Páscoa: a Quaresma. In:
BOROBIO, D. (org.) A celebração
diversos a cada ciclo, a saber:
na Igreja. Ritmos e tempos da
celebração. São Paulo: Loyola,
• ciclo A – Quaresma batismal: apresenta o esquema de leituras que era 2000. v. 3. p. 267-275.
b) BERGAMINI, A. Cristo, festa
usado nos escrutínios batismais; da Igreja: história, teologia,
espiritualidade e pastoral
• ciclo B – Quaresma cristológica: acentua a ação de Cristo que nos salva do ano litúrgico. São Paulo:
do pecado; Paulinas, 1994 (Coleção liturgia e
participação).
• ciclo C – Quaresma penitencial: traz o tema da penitência e da
reconciliação.
Veja a seguir a relação completa dos textos do lecionário desses três ciclos e as
linhas de catequese quaresmal para cada um deles:
Leitura vertical:
Leitura horizontal:
Leitura vertical:
Leitura horizontal:
c) Terceiro domingo: lei e aliança com Moisés (AT); Jesus crucificado revelação
da sabedoria de Deus para todos(NT); Jesus templo de Deus que anuncia seu
mistério de paixão e de ressurreição (EV).
Leitura vertical:
Leitura horizontal:
6 CONSIDERAÇÕES
Podemos concluir esta unidade reafirmando a centralidade do mistério pascal na
vida da Igreja e na sua liturgia.
Assim, por meio do memorial, o mistério pascal se torna presente permitindo que
todos os que participam da liturgia e dos sacramentos possam viver como ressuscitados
em Cristo, além de trazer ao mundo essa vida nova.
O Tempo pascal, tendo como centro o Tríduo pascal com sua continuidade na
Oitava pascal e Cinquentina pascal e na preparação quaresmal, dispõe a comunidade
cristã para viver com intensidade esse mistério hoje, aqui e agora em que se vive.
ATENÇÃO!
Renove suas idéias! Pesquise
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
as obras citadas ao lado.
AUGÉ, M. Liturgia: história, celebração, teologia, espiritualidade. São Paulo: AM, 1996.
BELLAVISTA, J. Preparação para a Páscoa: a Quaresma. In BOROBIO, D. (org.). A
celebração na Igreja: ritmos e tempos da celebração. São Paulo: Loyola, 2000. v. 3. p.
143–159.
BERGAMINI, A. Cristo, festa da Igreja: história, teologia, espiritualidade e pastoral do ano
litúrgico, São Paulo: Paulinas, 1994. (Coleção liturgia e participação).
BUYST, Ione. Cristo ressuscitou: meditação litúrgica com um hino pascal. São Paulo:
Paulus, 1995. (Liturgia e teologia).
CASTELLANO, J. El año liturgico. Memorial de Cristo y mistagogia de la Iglesia, Barcelona:
Centre de Pastoral Liturgica, 1994.
ROSSO, S. Il segno del tempo nella liturgia. Anno liturgico e Liturgia delle Ore, Leumann
(TO): Editrice ELLEDICI, 2002.
VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia. In:
Compêndio do Vaticano II. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 1977. p. 259-306.
UNIDADE 3
ADVENTO, NATAL E EPIFANIA,
TEMPO COMUM E SANTORAL
Objetivos
• Reconhecer a história, teologia e celebração do tempo
da manifestação (Advento, Natal e Epifania), o tempo
comum e o santoral.
Conteúdos
• Tempo da manifestação: o Natal – origem, teologia e
celebração.
ATENÇÃO!
1
Ao estudar esta unidade,
sugerimos que tente se
concentrar o máximo que
INTRODUÇÃO
conseguir. Evite receber visitas,
atender telefonemas, ouvir Após o estudo do tempo pascal, o qual pela celebração do mistério da morte
conversas paralelas ou músicas e ressurreição de Cristo representa o ápice do Ano Litúrgico, convidamos você a estudar
barulhentas etc. Procure
eliminar as causas externas nesta unidade o tempo da manifestação: Advento, Natal, Epifania, que constitui um
de perturbação, pois desse segundo núcleo celebrativo no Ano Litúrgico.
modo poderá reduzir eventuais
dificuldades internas de
concentração. Pense nisso... Além disso, será objeto de análise, nesta unidade, o tempo comum formado
por 33 ou 34 semanas, durante o qual não se celebra um aspecto particular do mistério
de Cristo, como acontece no tempo pascal ou no tempo da manifestação, mas sim a sua
globalidade.
Por fim, nesta unidade, entraremos em contato com o santoral, o qual envolve
as celebrações das festas do Senhor durante o ano, bem como o culto aos santos e o culto
mariano, que apresentam uma estrutura específica com suas festas distribuídas ao longo
do Ano Litúrgico.
Bom estudo!
2 TEMPO DA MANIFESTAÇÃO
A Igreja primitiva possuía uma única festa, a Páscoa, a qual era celebrada nas
suas duas expressões:
(1) Solstício: época do ano em b) a Epifania, celebrada em 6 de janeiro e que é própria do oriente.
que o Sol passa pela sua maior
declinação boreal ou austral e
durante a qual cessa de afastar- Ambas podem ser consideradas uma aculturação de festas pagãs da luz e do sol,
se do Equador (DICIONÁRIO celebradas no solstício1 de inverno. Posteriormente, tais festas assumiram um caráter
AURÉLIO). As horas de luz se
prolongam durante o dia, o que
de sacramento (memorial) da redenção celebrada na Páscoa, da qual a encarnação do
simboliza para essas festas verbo é premissa e antecipação.
pagãs a vitória do Sol, da luz
sobre as trevas.
Segundo Chupungco:
Por meio desse processo, pode ser explicada a passagem de vários ritos judaicos
e pagãos para a liturgia cristã: as festas judaicas da Páscoa e Pentecostes, o batismo, a
imposição das mãos, a unção do enfermos etc.
Natal
A celebração do Natal
a) o batismo no Jordão;
Desde sua origem, a festa do Natal foi objeto de discussão entre os Padres da
Igreja. Santo Agostinho, ao redor do ano 400, afirma que o Natal é uma celebração da
memória (recordação) do nascimento de Jesus, mas que não representa um “mistério” e
não é, portanto, um sacramento. A Páscoa é a única celebração sacramental.
São Leão Magno, Papa, em seus sermões, por ocasião do Natal, aprofundou o
(9) Nativitatis Dominicae conteúdo desta festa e afirmou que ele é um “mistério” – sacramentum natalis Christi
sacramentum: Sacramento do
Natal de Cristo ou Sacramento ou nativitatis Dominicae sacramentum9. Ele tem em mente o mysterium salutis (o
da natividade do Senhor. mistério da salvação), o qual se atualiza quando celebramos o Natal, pois entramos em
contato com as primícias do sacramento pascal.
Assim, tal qual a Páscoa, o Natal se tornou uma celebração mistérica, marcada ATENÇÃO!
As obras referenciadas, a
pela sacramentalidade, a qual brota do mistério de Cristo. A imitação da Páscoa passou a seguir, trazem informações que
contar com uma oitava e com um tempo de preparação (Advento), pois, tal qual na Vigília podem auxiliar na preparação da
celebração do Natal:
Pascal, os sacramentos da iniciação cristã começaram a ser celebrados no Natal. a) BOGAZ, Antonio Sagrado.
Natal, festa de luz e de
alegria: para animação
Celebração do Natal e Epifania hoje litúrgico pastoral. São Paulo:
Paulus, 1996. p. 150. (Ano
Em relação ao Natal e Epifania assim diz a NUALC: litúrgico)
b) BUYST, I. Preparando advento
e natal. São Paulo: Paulinas,
A Igreja nada considera mais venerável, após a celebração anual do mistério da 2002.
c) IRMÃO NERY. Natal: teologia,
Páscoa, do que comemorar o Natal do Senhor e suas primeiras manifestações, tradição, símbolos. Aparecida:
o que se realiza no Tempo do Natal (nº 32). Santuário, 2004;
Dai-nos, ó Deus, celebrar com grande fervor esta Eucaristia que antecipa a
solenidade do Natal, pois neste mistério vós nos mostrais o início da nossa
salvação (Oração sobre as oferendas da Missa da Vigília).
Por ele, realiza-se hoje o maravilhoso encontro que nos dá vida nova em
ATENÇÃO! plenitude. No momento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza
É interessante que você consulte
a seguinte obra: DUMAS, B. A. humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós
Natal, festa do homem: és tu nos tornamos eternos (Prefácio do Natal III).
aquele que há de vir? São Paulo:
Paulinas, 1983. (Fé e vida).
Transparece nestes textos a teologia do Natal como sacramento da redenção, da
qual é o início e a antecipação. Assim, pela encarnação do Verbo há uma nova criação, o
homem se torna eterno.
ATENÇÃO!
Para aprofundar seus
conhecimentos sobre a teologia A humanidade é o lugar onde Deus se revela e por isso é preciso reconhecer
e a espiritualidade da celebração a dignidade da pessoa humana, criada à imagem de Deus e redimida do pecado pela
do Natal, consulte as obras a salvação que Cristo realizou.
seguir:
a) BERGAMINI, A. Cristo,
3
festa da Igreja: história,
teologia, espiritualidade e
pastoral do ano litúrgico, São ADVENTO
Paulo: Paulinas, 1994. p.
209–218. (Coleção liturgia e A origem do Advento (de teophania e adventus – vinda, manifestação) ocorreu
participação) tardiamente na história da liturgia.
b) BOFF, L. Natal: a humanidade
e a jovialidade de nosso Deus.
Petrópolis: Vozes, 1976. Inicialmente, seus primórdios situaram-se na Espanha e na Gália, onde, entre
c) CANTALAMESSA, R. O o fim do século 4º e o início do século 5º, foi instaurado um tempo de catecumenato (à
mistério do natal. Aparecida: imitação da Quaresma) do dia 17 de dezembro a 5 de janeiro, em preparação à festa da
Santuário, 1993.
d) GOEDERT, V. M. Nasceu Epifania, durante a qual seriam celebrados os sacramentos da iniciação cristã.
o salvador: espiritualidade
natalina. São Paulo: Paulinas, Posteriormente, esse tempo se prolongou e assumiu um caráter ascético-
2004. (Arte e Mensagem)
e) RAVAGLIOLI, A. M.; Em clima penitencial recebendo o nome de Quaresma de São Martinho, pois começava no dia 11 de
de natal: refletir sobre o fato novembro, data da comemoração deste santo.
para vivenciar a festa. São
Paulo: Paulinas, 1995.
Em Roma, o Advento apareceu somente na segunda metade do século 6º,
ligado às Quatro Têmporas de dezembro. Os domingos colocados antes do Natal seriam
destinados a fechar o Ano Litúrgico com a lembrança da segunda vinda de Jesus. Não
houve em Roma um Advento ascético-penitencial como o Advento galicano, mas sim um
Advento voltado para a vinda de Jesus.
Celebração do Advento
Tal número nos apresenta uma síntese de como o Advento é celebrado atualmente. VOCÊ SABIA QUE...
Ainda hoje temos na liturgia do
Em primeiro lugar, o Advento não é um tempo penitencial como a Quaresma, ainda que Advento resquícios de quando era
tenha como conteúdo a vigilância e a expectativa diante da vinda de Jesus. visto como tempo penitencial: a cor
roxa dos paramentos, a omissão
do hino do Glória, a sobriedade
O enfoque do Advento na vinda de Jesus se dá em duas direções: nos enfeites do altar etc.
INFORMAÇÃO:
Esta oração faz referência ao
discurso escatológico de Jesus
em Mt 25, 31-46 – as boas obras
(dar de comer, dar de beber...)
feitas aos pequeninos e a
separação entre bons e maus.
ATENÇÃO!
Uma descrição mais detalhada Aos domingos do tempo comum, como vimos na citação anterior, procure-se dar
da história e desenvolvimento uma unidade – a celebração do mistério de Cristo em sua plenitude. Vale ressaltar que esse
desse tempo litúrgico pode ser
encontrada na obra: GAITAN,
tempo foi estruturado com um ordenamento de leituras e eucologia que manifestassem
J. D. La celebración del tiempo tal conteúdo.
ordinário. Barcelona: Centre
de Pastoral Litúrgica, 1994.
(Biblioteca litúrgica 2). A organização desse tempo obedece a três pedidos do Vaticano II:
a) o caráter pascal de toda celebração dominical são sua estrutura interna mais
importante;
Eucologia
O missal romano apresenta para o tempo comum uma série própria de orações
para a missa: são 34 formulários que contam com orações do dia, orações sobre as
oferendas e orações depois da comunhão para cada um dos domingos desse tempo, as
quais se repetem durante a semana seguinte.
Além disso, foi composta uma série de nove prefácios para os domingos do
tempo comum, e mais seis prefácios comuns, para as celebrações durante a semana,
nesse tempo quando não há prefácio próprio.
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UNIDADE 3
Bacharelado em Teologia
Por ele, vós nos chamastes das trevas à vossa luz incomparável, fazendo-nos
passar do pecado e da morte à glória de sermos o vosso povo, sacerdócio régio
e nação santa, para anunciar, por todo o mundo, as vossos maravilhas (Prefácio
dos Domingos do Tempo comum I – O mistério pascal e o povo de Deus)
Lecionário
Para que a palavra de Deus fosse aberta a todos os fiéis, sobretudo nas celebrações
ATENÇÃO! litúrgicas, o tempo comum possui o lecionário, organizado segundo a tradição litúrgica da
Para ampliar seus
conhecimentos, confira a leitura semi-contínua e temática da sagrada escritura, com o seguinte resultado:
Unidade 2 da disciplina
Introdução à Liturgia. a) Lecionário dominical: organizado em três ciclos: A (Mateus), B (Marcos)
e C (Lucas), nos quais se lêem, respectivamente, de maneira semi-contínua
os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Nesses ciclos, a primeira leitura
será tirada do Antigo Testamento, de forma temática em relação ao tema
do Evangelho do dia. O mesmo se dá com o salmo responsorial. A segunda
leitura será tirada do Novo Testamento e será feita de maneira semi-continua,
mas sem uma referência direta ao Evangelho do dia.
Fonte: BERGAMINI, A. Cristo, festa da igreja: história, teologia, espiritualidade e pastoral do ano litúrgico. São Paulo:
Paulinas, 1994. p. 418. (Coleção liturgia e participação).
Fonte: BERGAMINI, A. Cristo, festa da igreja: história, teologia, espiritualidade e pastoral do ano litúrgico. São Paulo:
Paulinas, 1994. p. 420. (Coleção liturgia e participação).
5 SANTORAL
Durante o Ano Litúrgico, celebra-se o mistério de Cristo, tanto na sua totalidade
(tempo comum) como em seus aspectos especiais (tempo pascal e tempo da manifestação).
Solenidades do Senhor
(11) Oikonomica: quer dizer a
Ainda que a liturgia considere “a existência histórica de Cristo na sua unidade História da Salvação, na qual
e na sua dimensão oikonomica11, a saber, na sua tensão rumo ao evento pascal e em Deus dispôs seus desígnios
salvíficos, que tiveram na Páscoa
ordem à nossa salvação” (AUGÉ, 1991, p. 233), encontramos no calendário litúrgico uma de Cristo sua plena realização.
série de celebrações referentes a Cristo e que não têm como objeto de celebração um
aspecto particular do seu mistério, ou um conteúdo novo, particular, que já não esteja
presente nas outras celebrações do Ano Litúrgico.
a) Santíssima Trindade.
d) Rei do Universo.
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UNIDADE 3
Bacharelado em Teologia
INFORMAÇÃO:
Maria é vista como a mãe Maria na celebração do mistério de Cristo
e a imagem da igreja. Para
compreender um pouco mais A igreja celebra os mistérios da redenção no decorrer do Ano Litúrgico, como temos
você pode conferir todo o visto até agora e, ao fazê-lo, venera os “santos” por sua participação no mistério de Jesus.
capítulo VIII da Constituição
Dogmática Lumen Gentium: a
bem-aventurada virgem Maria Dentre os “santos” sobressai como primeira, pela sua comunhão e participação
mãe de Deus no mistério de no mistério salvífico de Jesus, sua mãe Maria. Assim, ao venerar os “santos”, a igreja
Cristo e da Igreja (n. 52–69).
Sobre o culto mariano em venera antes de tudo a memória de santa Maria, a virgem mãe de Deus.
particular: LG 66 – 67.
Nesta celebração anual dos mistérios de Cristo, a Santa Igreja venera com
especial amor a Bem-aventurada Mãe de Deus Maria, que por um vínculo
indissolúvel está unida à obra salvífica de seu Filho; nela admira e exalta o mais
ATENÇÃO!
Para aprofundar seus excelente fruto da Redenção e a contempla com alegria como uma puríssima
conhecimentos sobre o culto imagem daquilo que ela mesma anseia e espera ser (SC 103).
mariano, consulte as obras:
a) AUGÉ, M. As festas do senhor,
da mãe de Deus e dos santos. “No ciclo anual, a Igreja, celebrando o mistério de Cristo, venera também com
In: AUGÉ, M. et al. O ano
litúrgico: história, teologia e particular amor a Santa Virgem Maria, Mãe de Deus, e propõe à piedade dos fiéis as
celebração. Anámnesis 5. memórias dos Mártires e outros Santos” (NUALC nº 8).
São Paulo: Paulinas, 1991. p.
239-259.
b) BERGAMINI, A. Cristo, Nota-se, nesses textos, o sentido teológico-litúrgico do culto mariano. Aliás, o
festa da igreja: história, próprio termo “culto” merece esclarecimento, pois, neste caso, ele só pode ser entendido
teologia, espiritualidade e
pastoral do ano litúrgico. São em analogia ao culto devido a Deus. No caso de Maria e dos santos fala-se de veneração,
Paulo: Paulinas, 1994. p. pois a adoração cabe somente a Deus.
447–479; (Coleção liturgia e
participação).
c) LLABRÉS, P. O culto a Um pouco da história
santa Maria, mãe de Deus.
In: BOROBIO, D. (org.) A O sentido do culto mariano se expressa no reconhecimento de sua participação
celebração na igreja: ritmos
no mistério de Cristo e não em sua pessoa, considerada individualmente com suas
e tempos da celebração.
São Paulo: Loyola, 2000. p. características e virtudes.
199–221.
Ainda hoje os estudiosos não chegaram a um consenso em relação à origem
oficial do culto mariano, mas reconhecem sua antiguidade e, sobretudo, o fato de que o
(12) Sensus fidelium: o senso “sensus fidelium”12 precedeu a instituição desse culto.
(sentidos) dos fiéis – os fiéis
desde o início reconheceram Encontram-se já nos textos neotestamentários, e da antiga literatura cristã,
Maria como exemplo pela sua
participação no mistério de
citações em que Maria é considerada como uma testemunha privilegiada e ao mesmo
Cristo. tempo protagonista importante na economia da salvação (Lc 1, 38.46-55).
Assim, merece destaque a oração Sub tuum praesidium (século 3º), considerada
a mais antiga oração à Nossa Senhora, a qual já traz o conceito da Maternidade divina com
o termo técnico Theotokos13. (13) Theotokos: termo técnico
que significa mãe de Deus.
Vale ressaltar que o ocidente acolheu e celebrou todas estas festas marianas, de
origem oriental, por volta do século 7º. Antes, porém, já era celebrada na oitava do Natal
a festa de Maria, mãe de Jesus, como acontece ainda hoje.
Além dessas festas mais antigas, o culto mariano também teve grande propagação
e se desenvolveu com o aparecimento de uma grande quantidade de outras festas, as
quais tinham, sobretudo, a partir do século 11, um conteúdo devocional privilegiando uma
visão subjetiva sobre a visão histórico-bíblica das origens.
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UNIDADE 3
Bacharelado em Teologia
Por isso que no calendário litúrgico as festas marianas foram revistas segundo
sua importância em relação ao mistério pascal e à história da salvação, considerando
sempre os eventos histórico-salvíficos e não a pessoa de Maria e suas virtudes. Foram
revistos, segundo tal perspectiva, o lecionário e a eucologia das festas marianas.
a) Solenidades:
INFORMAÇÃO: • Imaculada Conceição da bem-aventurada virgem Maria (8 de dezembro).
As solenidades marianas
apresentam o ponto alto da • Maria santíssima, mãe de Deus (1 de janeiro).
participação de Maria na
história da Salvação, que é a • Assunção da bem-aventurada virgem Maria (15 de agosto).
sua maternidade divina e para
a qual ela foi preparada, desde b) Festas:
sua concepção, por Ana. Maria
mereceu ser a primeira a estar • Natividade da bem-aventurada virgem Maria (8 de setembro).
na glória (Assunção).
• Visitação da bem-aventurada virgem Maria.
c) Memórias obrigatórias:
• Nossa Senhora Rainha (22 de agosto).
• Nossa Senhora das Dores (15 de setembro).
• Nossa Senhora do Rosário (7 de outubro).
• Apresentação de Maria (21 de novembro).
• Imaculado Coração de Maria (sábado após o segundo domingo depois de
Pentecostes).
d) Memórias facultativas:
• Nossa Senhora de Lourdes (11 de fevereiro).
• Nossa Senhora do Carmo (16 de julho).
• Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior (5 de agosto).
ATENÇÃO!
Merecem destaque neste tópico,
pelo seu conteúdo histórico,
teológico-litúrgico e pastoral, as
6
seguintes referências:
a) BEINERT, W. O culto aos
santos hoje: estudo teológico- CULTO AOS SANTOS
pastoral. São Paulo: Paulinas,
1990. (Coleção teologia e Além das festas do Senhor e do culto mariano, o calendário litúrgico contempla
liturgia).
o culto aos santos sobre o qual a Sacrosanctum Concilium afirma:
b) LODI, E. Os santos do
calendário romano: rezar com
os santos na liturgia. São No decorrer do ano a Igreja inseriu ainda as memórias dos Mártires e dos
Paulo: Paulus, 2001. outros Santos que, conduzidos à perfeição pela multiforme graça de Deus e
recompensados com a salvação eterna, cantam nos céus o perfeito louvor
de Deus e intercedem em nosso favor. Pois nos natalícios dos Santos prega
o mistério pascal vividos pelos Santos que com Cristo sofreram e foram
glorificados e propõe seu exemplo aos fiéis, para que atraia por Cristo todos ao
Pai e por seus méritos impetre os benefícios de Deus (SC 104).
Tais números trazem em síntese o sentido teológico-litúrgico do culto dos santos ATENÇÃO!
Para aprofundar seus
na atualidade, no qual se recuperou o sentido original desse culto, que é a consideração conhecimentos sobre o culto aos
do santo como participante do mistério pascal de Cristo e, portanto, exemplo para a santos consulte as obras:
a) AUGÉ, M. As festas do senhor,
comunidade cristã. da mãe de Deus e dos santos.
In: AUGÉ, M. et al. O ano
litúrgico: história, teologia e
Por isso que a origem do culto aos santos está no culto aos mártires16, os quais celebração. Anámnesis 5.
São Paulo: Paulinas, 1991. p.
davam sua vida por Cristo e, por isso, eram sepultados com a honra de heróis da fé.
260-275.
b) BERGAMINI, A. Cristo,
festa da igreja: história,
Desse modo, aparece o sepultamento de Estevão, o primeiro mártir (At 8,2), teologia, espiritualidade e
e no século 2º temos o primeiro documento que testemunha o culto aos mártires, numa pastoral do ano litúrgico. São
Paulo: Paulinas, 1994. p.
carta da Igreja de Esmirna à Igreja de Filomélio e a todas as comunidades cristãs sobre o 480–485. (Coleção liturgia e
martírio de seu bispo Policarpo (em 156). participação).
c) LLABRÉS, P. O culto à
santa Maria, mãe de Deus.
O culto aos mártires deriva do culto aos defuntos, no qual os cristãos honravam In: BOROBIO, D. (org.) A
celebração na igreja: ritmos
seus mortos por meio da sepultura (inumação) e de cerimônias fúnebres (eucaristia), e tempos da celebração.
junto à sepultura, tanto no momento do sepultamento como em datas posteriores, em São Paulo: Loyola, 2000. p.
223–252.
particular, no aniversário de morte.
Assim, com o término das perseguições e martírios, começaram a ser honrados (16) O termo martyr na língua
outros fiéis ilustres, como os confessores da fé, as grandes figuras de bispos, virgens, grega significa testemunha. Os
mártires são as testemunhas da
ascetas etc. Desse modo, passa-se do culto aos mártires ao culto aos santos. fé em Cristo.
Tal culto, que inicialmente estava ligado à comunidade na qual o mártir ou santo
viveu e testemunhou sua fé, propagou-se com a partilha das Atas dos Mártires e suas
relíquias, entre as comunidades que passaram a construir igrejas, nas quais se fazem a
memória desses santos.
O centro do Ano Litúrgico é o mistério de Cristo, que não pode ser substituído pelo
santoral, considerando que constam no calendário litúrgico somente os santos que tenham
importância para a igreja universal, os outros são celebrados em suas igrejas locais.
Assim, a organização do santoral irá privilegiar esse critério. Além disso, também
será feita a revisão do lecionário e das orações de cada uma das solenidades, festas ou
memórias dos santos, para que nelas transpareça sua participação no mistério pascal de
Cristo e não sua pessoa, considerada de modo autônomo.
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UNIDADE 3
Bacharelado em Teologia
7 CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da exposição sobre o Ano Litúrgico como celebração do mistério
de Cristo no tempo. Assim, pudemos analisar suas origens e desdobramentos e a centralidade
da Páscoa, a qual é celebrada semanalmente no domingo e anualmente no tríduo pascal.
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUGÉ, M. As festas do senhor, da mãe de Deus e dos santos. In: AUGÉ, M. et al. O ano litúrgico:
história, teologia e celebração. Anámnesis 5. São Paulo: Paulinas, 1991. p. 233–275.
LLABRÉS, P. O culto à santa Maria, mãe de Deus. In: BOROBIO, D. (org.). A celebração na
igreja: ritmos e tempos da celebração. São Paulo: Loyola, 2000. p. 199–221.
______. O culto aos santos. In: BOROBIO, D. (org.) A celebração na igreja: ritmos e
tempos da celebração. São Paulo: Loyola, 2000. p. 223–252.
Objetivos
• Reconhecer e compreender o sentido teológico-litúrgico
da Liturgia das Horas como oração da igreja.
Conteúdos
• Liturgia das Horas: sua origem histórica.
ATENÇÃO!
1
Para discutir e analisar os
conteúdos estudados nesta
unidade com profundidade, não
INTRODUÇÃO
se contente apenas com os
conteúdos aqui tratados ou com Esta é a quarta unidade da disciplina Ano Litúrgico e Liturgia das Horas, a
o que o tutor sugerir na Sala de qual vai abordar conceitos relacionados à celebração da liturgia das horas.
Aula Virtual, procure consultar
sites, ler obras, entrevistas em
jornais e revistas que tratem Vale ressaltar que estamos estudando, nesta disciplina, a celebração do mistério
sobre o assunto.
de Cristo no tempo.
Vamos iniciar o estudo desta unidade com a origem da Liturgia das Horas.
Bom estudo!
Por antiga tradição cristã o Ofício Divino está constituído de tal modo que todo
o curso do dia e da noite seja consagrado pelo louvor de Deus. Quando, pois, os
sacerdotes e as outras pessoas delegadas por vontade da Igreja para esse fim,
ou os fiéis em união com o sacerdote executam religiosamente aquele admirável
ATENÇÃO!
cântico de louvor, rezando em forma aprovada, então, verdadeiramente, é a
Além da Sacrosanctum Concilium
é importante considerar também voz da própria Esposa, que fala com o Esposo, ou melhor, é a oração de Cristo,
a Constituição Apostólica com o Seu próprio Corpo, ao Pai (SC 84-85).
Laudis Canticum de Paulo
VI de 1970, com a qual ele
promulga a Liturgia das horas O texto da Sacrosanctum Concilium sintetiza as características principais da
renovada, e a Instrução geral
sobre a Liturgia das Horas, que Liturgia das Horas: ela consiste na oração diária que a igreja eleva ao Pai com o Cristo
traz todo o ordenamento para e, desse modo, exerce juntamente com ele sua função sacerdotal, a qual consiste em se
sua celebração. Esses dois
oferecer a Deus como oferenda espiritual, assim como Cristo se ofereceu em sacrifício na
documentos encontram-se no
primeiro volume da Liturgia das cruz.
Horas.
Nessa oração diária, oferenda espiritual, está presente a vivência pascal, a qual (1) O termo Shemá é uma
abreviatura de Shemá Israel
se expressa no cotidiano da vida da igreja e da vida dos fiéis, seja no trabalho, no lazer, (= Escuta Israel) e constitui
nas relações familiares e sociais etc. a oração típica do judaísmo
e é composição de textos: Dt
6,4-9; 11,13-31 e Nm 15,37-41
Vale ressaltar que, em todas as horas do dia, se faz presente o mistério pascal acompanhada por três bênçãos.
O conteúdo evoca a salvação
por meio da celebração horária do ofício divino. recebida de Deus, a sua aliança
e sua bênção para todos os que
observam seus mandamentos.
Essa forma de viver a espiritualidade e a oração foi herdada do judaísmo pela
comunidade cristã. De fato, os judeus viviam sua religiosidade como uma forte experiência INFORMAÇÃO:
pascal, a qual se expressava na celebração anual, semanal (sábados na sinagoga) e Encontramos nos evangelhos,
em particular no evangelho de
diariamente no louvor matutino e vespertino quando, a cada dia, recordavam a experiência Lucas, inúmeras passagens que
da libertação e da aliança por meio do Shemá1 matutino e vespertino. apresentam Jesus em oração: no
seu batismo (Lc 3,21), no deserto
(Lc 4,1-13), na sinagoga (Lc
Observa-se que o povo judeu sabia rezar a partir dos eventos salvíficos que 4,16-21), em meio aos trabalhos
(Lc 4,42), e outros. Jesus se
Deus realizou na história da salvação e continuava a realizar cada dia em sua vida. Jesus torna o mestre e modelo de
vivia essa experiência a cada dia, além de participar na liturgia sinagogal e nas festas oração tanto que os discípulos
lhe pedem: “Ensina-nos a rezar”,
anuais. Assim, os discípulos aprenderam com Jesus a rezar “sem cessar”. ele então lhes ensina o Pai-nosso
(Lc 11,1-4).
ATENÇÃO!
“Também não rezeis como os hipócritas, mas como o Senhor mandou no seu Você poderá ampliar seus
conhecimentos sobre o tema
Evangelho: Nosso Pai no céu, que teu nome seja santificado... Assim rezai três vezes por
da oração na Bíblia com a obra:
dia” (DIDAQUÉ 8,2). CANALS, J. M. A oração na
Bíblia. In: BOROBIO, D. (Org.).
A celebração na igreja: ritmos
Além disso, há testemunhos de outros escritos patrísticos sobre as orações e tempos da celebração. São
Paulo: Loyola, 2000. p. 267–289.
freqüentes feitas pelas comunidades cristãs, como:
(2) Laudes: louvor em latim Aos poucos, a partir do século 4º, foram se formando duas tradições distintas de
indica os louvores matutinos.
oração comunitária na igreja, segundo o modo de calcular o tempo do dia. São elas:
(3) Vésperas: de Vésper
(Vênus), que é a primeira estrela a) o ofício da igreja catedral;
que se faz visível ao anoitecer.
INFORMAÇÃO:
b) o ofício monástico.
A organização do Ofício
Monástico atingiu sua forma mais
completa com São Bento. O ofício da igreja catedral inspirava-se no cômputo judaico do tempo: a
experiência pascal diária pela manhã e pela tarde, da qual surgem:
(4) O nome Breviário (=
abreviado), surgiu ao redor do a) a oração da manhã: Laudes2;
século 12 com o aparecimento
dos livros litúrgicos plenários, b) a oração da tarde: Vésperas3.
ou seja, os livros que traziam as
leituras, orações e cânticos ao
mesmo tempo, como o missal.
Esse ofício catedral contava com a participação de todos: bispo, presbíteros,
Referia-se a uma organização
mais abreviada da celebração diáconos e todo o povo fiel. Era a forma como a comunidade fazia a memória do mistério
das horas, tanto no número de
salmos como nas orações.
pascal de Cristo, a cada dia.
ATENÇÃO!
Para aprofundar o sentido, O ofício monástico, por sua vez, contava o tempo segundo o costume romano
a estrutura, teologia e das vigílias e, a partir delas, organizava as horas de oração diária dando a cada uma um
espiritualidade da celebração
atual da Liturgia das Horas não nome que evocava aspectos do mistério de Cristo nela celebrado, como:
deixe de ler a instrução geral
sobre a Liturgia das Horas. a) Laudes e Vésperas: Paixão-Morte e Ressurreição de Cristo.
Consulte ainda:
a) BECKHÄUSER, A. A b) Horas menores: terça, sexta e nona, as quais evocavam os passos da paixão
celebração do mistério de
Cristo nas horas do dia: do Senhor, Pentecostes e a pregação do Evangelho.
a liturgia das horas. In:
CELAM – Manual de liturgia.
A celebração do mistério Mais tarde, com a decadência do ofício catedral, a forma monástica das oito
pascal: outras expressões
celebrativas do mistério pascal horas do ritmo das vigílias, além das Primeiras e Completas, se propagou por
e a liturgia na vida da Igreja. toda a Igreja. Com sua carga monástica, porém, essa forma de oração se
São Paulo: Paulus, 2007. p.
111 -153. v. 4. limitou praticamente às ordens religiosas e ao clero, deixando o povo distante,
b) CASTELLANO, J. Teologia com suas devoções (BECKHÄUSER, 2007, p. 117)
e espiritualidade da liturgia
das horas. In: In: BOROBIO,
D. (Org.). A celebração na
igreja: ritmos e tempos da Ainda que a forma monástica tenha se tornado praticamente o modo de a Igreja
celebração. São Paulo: rezar a cada dia houve várias tentativas de organizar e envolver todo o povo nesta oração
Loyola, 2000. p. 337–398. v. 3.
Lembre-se de que você poderá diária, sem muito êxito.
consultar outras obras citadas
nas referências bibliográficas.
Desse modo, o Concílio de Trento (1545-1563) organizou a oração da Igreja e
INFORMAÇÃO: dele temos o Breviário4 Romano de Pio V, o qual chegou até nossos dias depois que,
A Liturgia das Horas está
publicada em quatro volumes, os na reforma litúrgica do Vaticano II, a oração da Igreja recuperou sua originalidade como
quais abrangem sua celebração
ao longo de todos os tempos
celebração diária da Páscoa de Cristo. Assim, foram revistos os horários de oração, sua
litúrgicos, assim como todo o estrutura, lecionário e eucologia, dando origem à atual Liturgia das Horas.
santoral. Além disso, temos
ainda uma edição simplificada
e adaptada no volume Ofício
divino das comunidades,
3
o qual tem como objetivo
devolver a oração das horas
para todas as comunidades CELEBRAÇÃO ATUAL DA LITURGIA DAS HORAS
cristãs, pois ao longo dos
séculos, essa oração acabou Em primeiro lugar vejamos um quadro contendo a estrutura básica da Liturgia
se restringindo ao clero e à vida
religiosa. Assim, você poderá das Horas e os elementos que a compõem:
ampliar seus conhecimentos
sobre o Ofício divino das
comunidades consultando a
obra: CARPANEDO, P. Ofício
divino das Comunidades: uma
introdução. São Paulo: Paulinas,
2006. (Coleção rede celebra 9).
Agora, observe, no quadro a seguir, uma breve explicação da estrutura e dos ATENÇÃO!
Para aprofundar seus
elementos da Liturgia das Horas: conhecimentos sobre o tema
das estruturas e elementos da
Quadro 1 Estrutura e elementos da Liturgia das Horas. Liturgia das Horas, consulte as
obras:
a) GOENAGA, J. A. Sentido
das estruturas da liturgia
das horas. In: BOROBIO,
D. (Org.). A celebração na
igreja: ritmos e tempos da
celebração. São Paulo:
Loyola, 2000. p. 399–417. v. 3.
(para as estruturas)
b) FERNANDEZ, P. Elementos
verbais da liturgia das horas.
In: BOROBIO, D. (Org.). A
celebração na igreja: ritmos
e tempos da celebração.
São Paulo: Loyola, 2000.
p. 419–475. v. 3. (para os
elementos)
Fonte: MATOS, H. C. J. Liturgia das horas e vida consagrada. Belo Horizonte: O Lutador, 2004. p. 60.
Quanto à estrutura:
a) Laudes: é a oração de louvor da manhã e o amanhecer, a luz do sol evoca a
ressurreição de Cristo e nossa ressurreição nele.
b) Vésperas: é a oração da tarde e nela celebra-se, no declinar do dia, o
descanso do dia e louvor por tudo o que recebemos de Deus neste dia de
trabalho. Mesmo que a luz do sol dê lugar à noite, conosco permanece a luz
de Cristo que vence as trevas.
c) Hora média: ou oração durante o dia (terça (9h) e sexta (12h)), Noa ou
Nona (15h), as quais evocam alguns acontecimentos da Paixão do Senhor
e da pregação inicial do Evangelho, indicando que a comunidade cristã, ao
viver o cansaço do seu trabalho, a rotina do dia-a-dia, caminha para sua
Páscoa enquanto anuncia ao mundo o Reino de Deus.
d) Ofício das leituras: consistia inicialmente numa vigília noturna recordando
Jesus, que velava em oração durante a noite. Hoje consiste numa hora de
escuta da palavra de Deus, que vai inspirar o agir da comunidade a cada
dia.
e) Completas: como diz o nome, é o complemento do ciclo diário, o qual recorda
também o complemento de nossa vida, daí seu conteúdo escatológico que evoca
a realização plena de nossa vida e do mundo em Cristo. Isto aparece claramente
no hino e no Cântico de Simeão (Lc 2,29-32), proclamados nesta hora.
Fonte: BECKHÄUSER, A. A celebração do mistério de Cristo nas horas do dia: a liturgia das horas. In: CELAM – Manual
de liturgia. A celebração do mistério pascal: outras expressões celebrativas do mistério pascal e a liturgia na vida da
Igreja. São Paulo: Paulus, 2007. p. 153. v. 4.
4 CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da quarta unidade da disciplina Ano litúrgico e Liturgia
das Horas.
A Liturgia das Horas como vimos é uma “escola de oração”, que vai formando a
comunidade cristã para que viva, a cada dia, como comunidade pascal e anuncie a todos
a boa-nova do Evangelho e do Reino: Deus está conosco e nos dá a vida plena.
Por meio da oração diária, nos vários momentos do dia, e pela escuta da palavra
de Deus, pode-se reconhecer que Deus é nosso Pai, que somos todos irmãos e podemos
viver plenamente nesse espírito, que é a ação do Espírito Santo que o Ressuscitado nos
enviou de junto do Pai.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUGÉ, M. Liturgia: história, celebração, teologia, espiritualidade. São Paulo: AM, 1986. p.
254–275.
GOENAGA, J. A. As diversas reformas do ofício do século XVI ao Vaticano II. In: BOROBIO,
D. (Org.). A celebração na igreja: ritmos e tempos da celebração. São Paulo: Loyola,
2000. p. 317–336. v. 3.
GOENAGA, J. A. Sentido das estruturas da liturgia das horas. In: BOROBIO, D. (Org.). A
celebração na igreja: ritmos e tempos da celebração. São Paulo: Loyola, 2000. p. 399–
417. v. 3.
MATOS, H. C. J. Liturgia das Horas e vida consagrada. Belo Horizonte: O Lutador, 2004.
ATENÇÃO!
6
Continue pesquisando e discuta
CONSIDERAÇÕES FINAIS com seus colegas diferentes
respostas para os antigos
problemas. Afinal, o caminho
Nossa disciplina encerra-se aqui, mas não nosso diálogo. Você, ao optar pelo é construído a cada passo!
Educação a Distância, tem, além de todos os seus colegas de curso, o seu tutor para Espero que nessa caminhada
rumo ao saber, nos encontremos
contar. Sempre que necessitar de nossa ajuda, não tenha receio em nos contatar. novamente para novas buscas.
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