Arquivo TCC
Arquivo TCC
Arquivo TCC
BARBACENA-MG
MAIO DE 2020.
UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
BARBACENA-MG
MAIO DE 2020.
OLHE SOB UMA NOVA PERSPECTIVA: DESAFIOS E PROPOSTAS PARA
ATUAÇÃO DO NEUROPSICOPEDAGOGO NA APRENDIZAGEM
RESUMO:
Introdução
1
Pedagoga. Pós-Graduada em Educação Inclusiva, Especial e Políticas de Inclusão e Psicopedagogia /
Universidade Candido Mendes e Instituto Prominas – (UCAM/PROMINAS).
E-mail: marye-celina@hotmail.com
1
salas de aula. Tanto a história da Neuropsicopedagogia, como práxis e o eixo teórico,
demonstram que ambas são duas coisas distintas.
Com o crescimento da Neuropsicopedagogia no Brasil e do reconhecimento da
sua importância à aplicabilidade em vários contextos, sentiu-se a necessidade de
entender sobre a complexidade do funcionamento cerebral e as articulações entre o
cérebro e comportamento humano através do estudo da educação a qual trará inúmeras
contribuições para compreender o processamento do ensino-aprendizagem. Mencionará
o desenvolvimento e a aprendizagem da criança e as dificuldades de aprendizagem
Mas, afinal a que se refere à Neuropsicopedagogia? Para Hennemann a mesma
evidencia-se: “(...) como um novo campo de conhecimento que através dos
conhecimentos neurocientíficos, agregados aos conhecimentos da pedagogia e
psicologia vem contribuir para os processos de ensino-aprendizagem de indivíduos que
apresentem dificuldades de aprendizagem.” (HENNEMANN, 2012, p. 11).
Esta ciência integra saberes da Neurologia, Psicopedagogia, Psicologia,
Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, sendo, portanto, uma área interdisciplinar que
busca compreender os processos relacionados à cognição, ao comportamento e à
linguagem entre o funcionamento do Sistema Nervoso e a Aprendizagem Humana.
Sabendo disso, pode-se ver atuação do Neuropsicopedagogo Clínico, que
trabalha com sujeitos portadores ou não de transtornos e dificuldades de aprendizagem,
atuando na avaliação, intervenção, acompanhamento, orientação de estudos e no ensino
de estratégias de aprendizagem, além de manter diálogo permanente com a família,
escola e com outros profissionais envolvidos no caso.
De forma geral este artigo se destina aos profissionais que, assim como nós,
recebem seus consultórios pessoas (crianças, jovens ou adultos), que, por uma razão ou
outra, encontram problemas com sua aprendizagem. Sendo possível com os dados
presentes neste artigo, o profissional neropsicopedagogo oferecer uma ampliação de
conhecimentos em uma missigenação de ideias vindas de várias áreas de formação, para
que, de forma sinérgica, tornem-se norteadores de novas propostas de intervenção e,
quem sabe, de novas pesquisas.
A Neuropsicopedagogia vai compor o atendimento psicopedagógico, quando
necessário, para assimilar a condição de como o cérebro capta, elege, modifica,
memoriza, retém, desempenha e concebe todos os sentimentos assimilados pelos
diversos elementos sensores para, a partir dessa percepção, poder adequar às
metodologias e técnicas educacionais a todas as pessoas e, principalmente, aquelas com
2
peculiaridades cognitivas e emocionais diferenciadas.
Os objetivos serão atingidos a partir da análise dos documentos oficiais
referentes à Neuropsicopedagogia, sendo ela a única ciência que tem como tema central
de estudo as interações do conhecimento que trata da relação entre a cognição (e
comportamento) e a atividade do sistema nervoso em condições normais e patológicas.
Sua natureza é multidisciplinar, tomando apoio na anatomia, fisiologia, neurologia,
psicologia, psiquiatria, etologia, entre as mais importantes. A partir de uma respectiva
médica, este conhecimento visa ao tratamento dos distúrbios da cognição e do
comportamento secundário ao comportamento do Sistema Nervoso.
As justificativas que levaram a escolha do tema foram baseadas nas
transformações e exigências do mundo atual, mediante a um transtorno de
aprendizagem, a neuropsicopedagogia, ao mesmo tempo em que fortalece a identidade
cultural e social do aprendente, também atua como uma espécie de linha divisória entre
o sucesso e o fracasso escolar, propondo um caráter multidisciplinar, visando fornecer
uma visão ampla e atualizada de viés neurocientífico sobre os processos de
aprendizagem, suas dificuldades, transtornos e intercorrências.
A pesquisa contribuirá decisivamente para a construção do conhecimento.
Compreender como se dá o processamento em relação entre o Cérebro (suas funções) e
a área psíquica (as funções ou distribuições que ocorrem a nível de Cérebro e que
podem afetar o comportamento do indivíduo). A importância da Neurociência na
educação, no processo da aprendizagem. Uma das grandes preocupações do professor
educador tem como alicerce na sala de aula, é como fazer o meu aluno apreender?
Exatamente nesse ponto que a Neurociência vem a contribuir no processo dessa
nova competência do professor educador do século XXI. Conhecer a biologia cerebral
hoje se faz importante nesse perpassar na construção da educação. Por isso, conhecer a
biologia do cérebro nas dimensões cognitivas, afetivas, emocionais, motoras, é fazer um
grande aliado que a Neurociência traz na contribuição da educação.
Desenvolvimento
3
Alberto Montes de Oca Tamez (2006), PhD em Neurociência, expõe a
Neuropsicopedagogia como:
... um exercício de trabalho interdisciplinar sobre o processamento de
informações e modularidade da mente em termos de Neurociência Cognitiva,
Psicologia, Pedagogia e Educação, que ocorre na formação multidisciplinar
de profissionais voltados à área educacional. O neuropsicopedagogo deve ter
amplo conhecimento dos diferentes modelos, teorias e métodos de avaliação,
planejamento, currículo dos diferentes níveis de ensino. Além disso, deve ter
amplo conhecimento da base neurobiológica do comportamento psico-
educacional e da reabilitação neurocognitiva tanto em crianças, adolescentes,
sujeitos idosos e pessoas com necessidades especiais.
4
um novo campo de intervenção e especialização, onde o conhecimento
ultrapassa fronteiras e cria, com isso, novas possibilidades de aprender sobre
o aprender, ampliando olhares e oportunizando novas formas de inter-
relacionar informações, conhecimentos e saberes. (p.28).
5
Figura 1: Função do Cérebro.
Fonte: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br
7
Figura 2- A emoção e a cognição incorporam-se na aprendizagem.
Fonte: https://institutoparacleto.org/2017/05/17/e-preciso-emocao-para-ensinar-e-
aprender/
Figura 3: A SINAPSE é a transmissão de um impulso nervoso de um neurônio para uma célula receptora
com o objetivo de causar uma resposta do organismo.
9
Além dos enfoques acima, centrados no cérebro, a ciência cognitiva vem
ampliando os estudos interdisciplinares, incluindo enfoques de disciplinas especificas
em especial da inteligência artificial, da Filosofia, da Psicologia, da Linguística e da
Antropologia (GARDNER, 1994).
A coragem de se aventurar nessas buscas resultou na sistematização e registro
em torno de uma nova proposta, na qual a multiplicidade do olhar diante do ser humano
nos propõe uma nova prática, uma nova possibilidade de conduta e atitude diante do
auxilio e tratamento das diferenças e dificuldades que abarcam a complexidade humana
o, que se pode ser tratada também como uma nova e futura ciência: falamos da
Neuropsicopedagogia.
Existe uma evolução na complexidade das relações que estabelecemos nas
formas como aprendemos e entendemos o mundo, na maneira como vivemos,
experimentamos o novo; tudo isso gera muitas dúvidas, muitas aflições e,
consequentemente, nos envolve em uma trama em que estar atento aos encontros
possibilitados diante de nossas escolhas é fundamental.
Contudo, nos deparamos com o desafio de confrontar vários conhecimentos para
tentar compreender não apenas os processos de ensino e aprendizagem, mas até mesmo
um universo onde tudo está em relação.
Trata-se da Psicopedagogia, uma área de estudos e um campo de atuação em
Saúde e Educação, lida com os processos de ensino e aprendizagem e tem se
preocupado com a complexidade que envolve essa questão. Trata-se, assim, de percebê-
la com um olhar abrangente que envolve conhecimentos de várias ciências, em uma
tentativa de integrar os múltiplos aspectos intervenientes nos processos de aprender e de
ensinar.
A psicopedagogia surgiu na França e posteriormente na Argentina, introduzindo-
se no Brasil na década de 70, para atender à grande demanda de crianças com
dificuldades de aprendizagem. Segundo a definição descrita no Código de Ética da
Psicopedagogia da ABPp-SP - Associação Brasileira de Psicopedagogia - ela é definida
como “um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocupa do processo de
aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade o contexto sócio
histórico utilizando processos próprios, fundamentados em diferentes referenciais
teóricos”.
De natureza Inter e transdisciplinar e utiliza métodos, instrumentos e recursos
próprios para compreensão do processo de aprendizagem, cabíveis na intervenção (art.
10
2, do Código de Ética), a psicopedagogia tem sua intervenção da Ordem do
conhecimento, relacionada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável
entre os processos de aprendizagem e suas dificuldades (Parágrafo 1- Código de Ética).
Esta atuação da psicopedagogia na Educação e na Saúde dá-se em diferentes âmbitos da
aprendizagem, considerando o caráter indissociável e o clinico (Parágrafo 2- Código de
Ética).
A atividade psicopedagógica tem como objetivos: promover a aprendizagem,
contribuindo para os processos de inclusão escolar e social; compreender e propor ações
frente às dificuldades conflitos de aprendizagem; realizar pesquisas cientifica no campo
da Psicopedagogia; mediar conflitos relacionados aos processos de aprendizagem.
Surge, portanto, as semelhanças que a Neuropsicopedagogia guarda com a
Neuropsicologia e a Psicopedagogia sendo elas: a natureza multiprofissional, inter e
transdisciplinar e o estudo do desenvolvimento humano e dos processos do ensino e
aprendizagem (em condições normais ou não).
Os estudos apontam que, enquanto a Neurociência constitui-se como a ciência
do cérebro, a Educação configura-se como a ciência do ensino e aprendizagem.
Apresentam relação de proximidade na medida em que o cérebro tem significância no
processo de aprendizagem do individuo. Deste modo, corroboramos com Cosenza &
Guerra (2011), ao refletirem sobre essa interlocução destacam que:
11
Os pesquisadores da Neurociência, da educação e de sua interface
Neuroeducação têm se debruçado ao estudo do cérebro e do comportamento humano,
dos fatores que interferem na aprendizagem e das técnicas de reabilitação cognitiva. A
base que permeia a ação desses estudos é a interdisciplinaridade, a qual retrata muito
bem A Neuroeducação, sendo a confluência da percepção da psicologia, educação e
neurociência.
12
principalmente na área cognitiva e isso faz com que haja necessidade de
desenvolvimento de novas tecnologias, novas metodologias e novas ciências. Uma das
ciências que nasceu de uma necessidade dessas foi a Psicopedagogia. Agora com a
necessidade de um conhecimento mais aprofundado na parte neurológica e psíquica da
criança e do adolescente.
Surgiu então a Neuropsicopedagogia. Quem é esse Neuropsicopedagogo? O
Neuropsicopedagogo é o profissional que reúne o conhecimento pedagógico e
neuropsíquico que são necessários para entender a realidade neuropsíquica cognitiva do
sujeito, visando identificar as potencialidades cognitivas do sujeito, independentemente
do tipo de aprendizagem, distúrbio, transtorno ou qualquer anomalia neuropsíquica que
esteja presente.
Os Parâmetros teóricos e práticos que ratificam a construção dos especialistas
em neuropsicopedagogia resultam da Neurociência e da educação, o aprendizado nessa
área auxilia o Neuropsicopegagogo a assimilar a heterogeneidade do desempenho
cerebral e suas articulações, ajudando a compreender como se age no ensino
aprendizagem. Mediante as Neurociências o profissional de Neuropsicopedagogia
concebe a complexidade do desempenho cerebral e as articulações entre o cérebro e a
conduta humana,
De acordo com o Código de Normas Técnicas 01/2016, da Sociedade Brasileira
de Neuropsicopedagogia, no artigo 29, as funções do neuropsicopedagogo se resume
em:
a) Observação, identificação e analise do ambiente escolar nas questões
relacionadas ao desenvolvimento humano do aluno nas áreas motoras,
cognitivas e comportamentais, considerando os preceitos da neurociência
aplicada a Educação, em interface com a Pedagogia e Psicologia Cognitiva;
b) Criação de estratégias que viabilizem o desenvolvimento do processo
ensino e aprendizagem dos que são atendidos nos espaços coletivos;
c) Encaminhamento de pessoas atendidas a outros profissionais quando o
caso for de outra área de atuação/ especialização contribuir com aspectos
específicos que influenciam na aprendizagem e no desenvolvimento humano.
(SBNPp, 2016, p. 4).
14
Neste ponto de vista, afora do desenvolvimento cognitivo habitualmente
recomendado pela escola, constatamos questões sociais e afetivas citadas, e, sobretudo,
apreender a capacidade dos alunos no processo de aprendizagem no decorrer de toda a
existência e não apenas numa faixa etária. Isso intervém no conceito de ensino e
aprendizagem da educação de jovens, adultos e idosos como evolução hábeis no
reconhecimento cerebral das habilidades de aprendizagem.
Conclusão
É surpreendente como cada vez mais nós, seres humanos, nos tornamos
necessitados de nos entendermos e, assim, compreendermos os outros, para que no
estabelecimento das relações possamos melhorar, nos superar e aprender para enfrentar
as demandas que a vida impõe de forma constante e sempre diferente.
Dessa forma, é perceptível a primordialidade de reestruturar as práticas
educacionais. Emfim é neste momento que favorece o profissional da
Neuropsicopedagogia, este tem o papel de suma importância, pois, ajuda os docentes a
compreender o funcionamento desse sistema e a assessorar a reorganizarem suas aulas e
sua maneira de ensinar, de forma que resulte em estimular o cérebro o mais eficazmente
possível. Isso resultará em êxito se o processo neurobiológico de cada indivíduo for
respeitado, ou seja, respeitar a individualidade de cada um.
Seja no contexto educacional, clínico, terapêutico, familiar ou qualquer outro,
pois todos são adaptáveis às diferenças abarcadas pela complexidade humana, um olhar
construído em bases das Neurociências, da Psicologia e da Pedagogia oportunizam uma
sensibilização e aprofundamento maior das necessidades do ser humano para que ele
possa aprender sempre, melhorando suas condições de vida, comportamentos e atitudes
de envolvimento com o mundo e com seus pares.
As reflexões e conhecimentos sistematizados neste artigo oportunizam que
diferentes profissionais que trabalham em instituições de ensino, consultórios, hospitais,
empresas e tantos outros locais conheçam este novo campo de conhecimento e atuação
profissional, com indicações teóricas, constituindo um movimento de diálogo,
aprendizagem e superação das dificuldades.
A Neuropsicopedagogia assegura o mérito do pedagogo no processamento do
ensino/aprendizagem. Os estudos da área, sobre a memória e o sistema límbico apontam
à motivação como um dos fatores essenciais no aprender, uma vez que para isso é
15
necessário armazenar os conhecimentos e as experiências na memória. Naturalmente
que não é suficiente o professor apresentar uma aula motivadora a seu aluno para que
ele aprenda, existem outros processos e estratégias de ensino que aliadas favorecem o
contexto, como a apresentação de conteúdos significativos, a relevância dos
conhecimentos prévios desse aprendiz, a participação da vivência nas atividades e a
oportunidade de rever os conceitos ensinados.
Compreender como se dá o processamento das memórias é, de fato, útil para
educadores que pretendem introduzir uma nova abordagem metodológica em sala de
aula. Precisam conhecer esse incrível mundo chamado Cérebro Humano, para elaborar,
definir e organizar melhor conceitos sobre aprendizagem, identificando por meio do
sistema nervoso central seus processos e como produzem modificações mais ou menos
permanentes, que se traduzem por uma modificação funcional ou comportamental, de
forma a permitir uma melhor adaptação do individuo ao seu meio como resposta a uma
solicitação interna ou externa do organismo.
A base neurocientifica da aprendizagem se faz no reconhecimento das estruturas
neurais, conectadas e fortalecidas pelas experiências e memórias emocionais e
cognitivas que podem ser construídas nos espaços educacionais.
REFERÊNCIAS
16
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de
dezembro de 1996.
17
LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São
Paulo: Atheneu, 2001.
ONU. Declaração Mundial de Educação para todos e Plano de Ação para satisfazer
as Necessidades Básicas de Aprendizagem. Conferência Mundial sobre Educação
para Necessidades Especiais, 1994 Salamanca, Espanha. Genebra: UNESCO, 1994.
18
RAQUEL ARAUJO, Do Valda Silva, et, al. Papel das Sinapses Elétricas em Crises
Epilépticas. Journal of Epilepsy and Clinical Neurophysiology, 2010. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/jecn/v16n4/06.pdf Acesso em 21/dez /2019.
19