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AULA - 1
VIOLÊNCIA
DEFINIÇÃO
A violência: uma relação de poder. Atualmente, no Brasil, o marco teórico adotado para
conceituar a violência contra crianças e adolescentes tem por base a teoria do poder. O poder é
violento quando se caracteriza como uma relação de força de alguém que a tem e que a exerce
visando alcançar objetivos e obter vantagens (dominação, prazer sexual, lucro) previamente
definidos.
Conceituar violência é complicado, o espaço em que vivemos é marcado por diversos tipos de
violência. São muitos tipos e formas de violências utilizados para justificar a libertação em
dominação. A Organização Mundial de Saúde (OMS) adota como definição de violência [...]
o uso intencional da força física ou do poder real ou em ameaça contra si próprio, contra outra
pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de
resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação
(Organização Mundial da Saúde, 2002).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece uma tipologia de três grandes grupos
segundo quem comete o ato violento: violência contra si mesmo (autoprovocada ou auto
infligida); violência interpessoal (doméstica e comunitária); e violência coletiva (grupos
políticos, organizações terroristas, milícias).
a) Violência Física: Também denominada sevícia física, maus-tratos físicos ou abuso físico.
São atos violentos, nos quais se fez uso da força física de forma intencional, não-acidental, com
o objetivo de ferir, lesar, provocar dor e sofrimento ou destruir a pessoa, deixando, ou não,
marcas evidentes no seu corpo. Ela pode se manifestar de várias formas, como tapas, beliscões,
chutes, torções, empurrões, arremesso de objetos, estrangulamentos, queimaduras, perfurações,
mutilações, dentre outras. A violência física também ocorre no caso de ferimentos por arma de
fogo (incluindo as situações de bala perdida) ou ferimentos por arma branca.
c) Tortura: É o ato de constranger alguém com emprego de força ou grave ameaça, causando-
lhe sofrimento físico ou mental com fins de obter informação, declaração ou confissão da vítima
ou de terceira pessoa; provocar ação ou omissão de natureza criminosa; em razão de
discriminação racial ou religiosa. (Lei 9.455/1997). Também pode ser o ato de submeter
alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de força ou grave ameaça,
provocando intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou
medida de caráter preventivo.
d) Violência Sexual: É qualquer ação na qual uma pessoa, valendo-se de sua posição de poder
e fazendo uso de força física, coerção, intimidação ou influência psicológica, com uso ou não
de armas ou drogas, obriga outra pessoa, de qualquer sexo e idade, a ter, presenciar, ou
participar de alguma maneira de interações sexuais ou a utilizar, de qualquer modo a sua
sexualidade, com fins de lucro, vingança ou outra intenção. Incluem-se como violência sexual
situações de estupro, abuso incestuoso, assédio sexual, sexo forçado no casamento, jogos
sexuais e práticas eróticas não consentidas, impostas, pornografia infantil, pedofilia,
voyeurismo, manuseio, penetração oral, anal ou genital, com pênis ou objetos, de forma
forçada. Inclui também exposição coercitiva/constrangedora a atos libidinosos, exibicionismo,
masturbação, linguagem erótica, interações sexuais de qualquer tipo e material pornográfico.
Igualmente caracterizam a violência sexual os atos que, mediante coerção, chantagem, suborno
ou aliciamento impeçam o uso de qualquer método contraceptivo ou forcem a matrimônio, à
gravidez, ao aborto, à prostituição; ou que limitem ou anulem em qualquer pessoa a autonomia
e o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos. A violência sexual é crime, mesmo se
exercida por um familiar, seja ele, pai, mãe, padrasto, madrasta, companheiro(a), esposo(a).
i) Violência por Intervenção legal: Trata-se da intervenção por agente legal público, isto é,
representante do Estado, polícia ou de outro agente da lei no exercício da sua função. Segundo
a CID-10, pode ocorrer com o uso de armas de fogo, explosivos, uso de gás, objetos
contundentes, empurrão, golpe, murro, podendo resultar em ferimento, agressão,
constrangimento e morte. A Lei Federal nº. 4.898/65 define o crime de abuso de autoridade e
estabelece as punições para esta prática.(http://www.cevs.rs.gov.br/tipologia-da-violencia).
Sugestões de Vídeo
https://www.youtube.com/channel/UCbSeyOlD63zfTmuJWUfh6EQ/featured (vídeos em
português - As crianças abusivas que incomodam os demais)
Sugestão de Reportagem
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/atlas-da-violencia-2017-negros-e-jovens-sao-as-
maiores-vitimas
Violência e agressividade são temas de reflexão e debates nos dias atuais, especialmente
quando estão presentes no ambiente escolar.
Motivos
Carências múltiplas: desemprego, miséria, exclusão social, falta de tempo para os filhos.
Motivos
Falta de perspectivas, descrença nas instituições, desinteresse pela escola, falta de identificação
com os professores e com a escola;
Dificuldades de aprendizagem, fracasso escolar;
Influência negativa da mídia e banalização da violência;
Consumo de drogas;
Motivos
Motivos
AULA - 2
Para que fossem aguçados os interesses das escolas da Noruega sobre o bullying foi
preciso que três rapazes entre 10 e 14 anos cometessem suicídio que segundo indícios foram
resultados dessa prática.
Em 1993, Olweus lançou sua pesquisa no livro “BULLYING at the school”. Nessa obra
encontravam-se, não apenas os resultados da pesquisa, mas também, um arcabouço de medidas
intervencionistas a fim de combater o bullying, na medida em que identifica vítimas e
agressores. Essa obra deu origem a uma Campanha Nacional, com o apoio do Governo
Norueguês, que reduziu em cerca de 50% os casos de bullying nas escolas. Sua repercussão em
outros países, como o Reino Unido, Canadá e Portugal, incentivou essas nações a
desenvolverem suas próprias ações.
Destacamos:
a) O trabalho realizado pela Prof.ª Marta Canfield e colaboradores (1997), em que as autoras
procuraram observar os comportamentos agressivos apresentados pelas crianças em quatro
escolas de ensino público em Santa Maria (RS), usando uma forma adaptada pela própria equipe
do questionário de Dan Olweus (1989);
b) As pesquisas realizadas pelos Profs. Israel Figueira e Carlos Neto, em 2000/2001, para
diagnosticar o bullying em duas Escolas Municipais do Rio de Janeiro, usando uma forma
adaptada do modelo de questionário do TMR2 (Triple Modular Redundancy);
1
O texto em língua estrangeira é: “He found farching benefits for all students when antibullying programs reduced aggressive behavior in
schools. Not only did a reduction in bullying lead to a lower incidence of violence, but morale was enhanced, truancy was reduced and
overall academic performance improved.”
2
TMR - Redundância modular tripla (ou TMR, do termo em inglês triple modular redundancy) é uma forma de tolerância a falhas
proposta por Von Neumann. A unidade de hardware é triplicada, o que faz com que o trabalho seja feito em paralelo. Isso gera entradas para
um circuito de votação que retorna o voto da maioria, resultando em somente uma saída. Isso significa que, se um dos sistemas falharem os
outros dois podem estar corretos e mascarar o erro, o que não demanda técnicas de correção e substituição de elementos. Ainda assim pode
haver falha em mais de um componente e vulnerabilidade do votador. O mesmo conceito de redundância pode ser aplicado, por exemplo, no
desenvolvimento de software.
c) As pesquisas realizadas pela Prof.ª Cleodelice Aparecida Zonato Fante, em 2002, em escolas
municipais do interior paulista, visando ao combate e à redução de comportamentos agressivos.
Na verdade, não queremos aqui esgotar o assunto, mas trazer para foco inicial sobre
um fenômeno corriqueiro e que precisa de políticas públicas adequadas e sejam oriundas do
poder público no Brasil. Quem nunca foi zoado ou zoou alguém na escola? Risadinhas,
empurrões, fofocas, apelidos como “bola”, “rolha de poço”, “quatro-olhos”, “Olívia palito”,
“Grilo Mago”, “Limpador de mangueira por dentro”, “Dumbo”, “Bunda de Gelatina” , “Sibito
Mago”, “Cabeça de Pote” e outros. Todo mundo já testemunhou uma dessas “brincadeirinhas”
ou foi vítima delas. Mas esse comportamento, considerado normal por muitos pais, estudantes
e até professores, está longe de ser inocente. Todas as crianças, adolescentes e jovens têm o
direito de ter uma infância, adolescência e juventude feliz e faz parte dela boas recordações da
escola e de seus colegas.
ALGUNS CONCEITOS SOBRE
BULLYING
- Dan Olweus descreve bullying
da seguinte forma: "Um
estudante está sendo intimidado
ou vitimado quando ele ou ela
está exposto, repetidamente e ao
longo do tempo, a ações
negativas por parte de um ou
mais estudantes (OWLUES,
2006).
- No site: Significados.com.br, Bullying é a prática de atos violentos, intencionais e
repetidos, contra uma pessoa indefesa, que podem causar danos físicos e psicológicos
às vítimas. (https://www.significados.com.br/bullying/, acessado em 21/08/2018)
- No site: Âmbito Jurídico.com.br, Bullying é todo comportamento consciente através da
violência física ou psicológica que visa humilhar, agredir, intimidar, dominar, difamar,
furtar, excluir a vida social da vítima, apelidar de forma pejorativa, abusar sexualmente,
etc. (http://ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14757 , acessado em
21/08/2018)
- Cleo Fante ao tratar do assunto leciona: “Bullying é uma palavra inglesa, sem tradução
em nossa língua. Bully pode ser traduzido como valentão, tirano, brigão. Os valentões
da escola elegem como alvos colegas que apresentam dificuldade de defesa. Colocam
apelidos constrangedores, intimidam, isolam, chantageiam, rejeitam, difamam, zoam,
humilham, batem, perseguem.” (FANTE, 2005)
ETIMOLOGIA
Na língua inglesa, bullying é um substantivo derivado do verbo bully, que significa "machucar
ou ameaçar alguém mais fraco para forçá-lo a fazer algo que não quer”
TERMINOLOGIA
O bullying por ser um fenômeno que só recentemente ganhou mais atenção, o assédio escolar
ainda não possui um termo específico consensual, sendo o termo em inglês bullying constantemente
utilizado pela mídia de língua portuguesa. Existem, entretanto, alternativas como acossamento,
ameaça, assédio e intimidação, além dos mais informais judiar e implicar, além de diversos outros
termos utilizado pelos próprios estudantes em diversas regiões.
No Brasil, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa indica a palavra "bulir" como equivalente
a "mexer com, tocar, causar incômodo ou apoquentar, produzir apreensão em fazer caçoada, zombar e
falar sobre, entre outros". Por isso, são corretos os usos dos vocábulos derivados, também inventariados
pelo dicionário, como bulimento (o ato ou efeito de bulir) e bulidor (aquele que pratica o bulimento).
Dispõe sobre penalidades às escolas públicas e privadas do Estado da Paraíba quando verificada
a prática do bullying, e dá outras providências.
Art. 1º Ficam as escolas públicas e privadas do Estado da Paraíba obrigadas a reprimir toda
prática de bullying em suas dependências, podendo, para tanto, instituir campanhas de
conscientização, nos termos:
BULLYING É CRIME:
Código Penal – Ameaça
"Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrita ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único. Somente se procede mediante
representação.
Art. 2º Ficam as escolas públicas e privadas obrigadas a apresentarem os casos de bullying ao
Ministério Público.
Art. 3º O não cumprimento do disposto nos arts. 1o e 2o desta Lei implicará em multa de 100
(cem) UFIS/PB à instituição de ensino privado e encerramento das atividades em caso de
reincidência, além das penas público e particular que se omitirem proceder à representação de
que trata o artigo anterior.
Art. 4o A fiscalização do disposto nesta Lei ficará a cargo da Secretaria de Estado da Segurança
e da Defesa Social.
LEGISLAÇÃO
LEI Nº 13.185 DE 6 DE NOVEMBRO DE 2015.
Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying).
Art. 1o Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo
o território nacional.
§ 1o No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying) todo
ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação
evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de
intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de
poder entre as partes envolvidas.
§ 2o O Programa instituído no caput poderá fundamentar as ações do Ministério da Educação
e das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, bem como de outros órgãos, aos quais a
matéria diz respeito.
Art. 2o Caracteriza-se a intimidação sistemática (bullying) quando há violência física ou
psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação e, ainda:
I - ataques físicos;
II - insultos pessoais;
III - comentários sistemáticos e apelidos pejorativos;
IV - ameaças por quaisquer meios;
V - grafites depreciativos;
VI - expressões preconceituosas;
VII - isolamento social consciente e premeditado;
VIII - pilhérias.
Parágrafo único. Há intimidação sistemática na rede mundial de computadores
(cyberbullying), quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar
a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento
psicossocial.
Art. 3o A intimidação sistemática (bullying) pode ser classificada, conforme as ações
praticadas, como:
I - verbal: insultar, xingar e apelidar pejorativamente;
II - moral: difamar, caluniar, disseminar rumores;
III - sexual: assediar, induzir e/ou abusar;
IV - social: ignorar, isolar e excluir;
V - psicológica: perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar, manipular, chantagear
e infernizar;
VI - físico: socar, chutar, bater;
VII - material: furtar, roubar, destruir pertences de outrem;
VIII - virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar ou adulterar fotos
e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de
constrangimento psicológico e social.
Art. 4o Constituem objetivos do Programa referido no caput do art. 1o:
I - prevenir e combater a prática da intimidação sistemática (bullying) em toda a sociedade;
II - capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão,
prevenção, orientação e solução do problema;
III - implementar e disseminar campanhas de educação, conscientização e informação;
IV - instituir práticas de conduta e orientação de pais, familiares e responsáveis diante da
identificação de vítimas e agressores;
V - dar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores;
VI - integrar os meios de comunicação de massa com as escolas e a sociedade, como forma de
identificação e conscientização do problema e forma de preveni-lo e combatê-lo;
VII - promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito a terceiros, nos marcos de uma
cultura de paz e tolerância mútua;
VIII - evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores, privilegiando mecanismos e
instrumentos alternativos que promovam a efetiva responsabilização e a mudança de
comportamento hostil;
IX - promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência,
com ênfase nas práticas recorrentes de intimidação sistemática (bullying), ou constrangimento
físico e psicológico, cometidas por alunos, professores e outros profissionais integrantes de
escola e de comunidade escolar.
Art. 5o É dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das agremiações recreativas
assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e à
intimidação sistemática (bullying).
Art. 6o Serão produzidos e publicados relatórios bimestrais das ocorrências de intimidação
sistemática (bullying) nos Estados e Municípios para planejamento das ações.
Art. 7o Os entes federados poderão firmar convênios e estabelecer parcerias para a
implementação e a correta execução dos objetivos e diretrizes do Programa instituído por esta
Lei.
Assista aos vídeos abaixo identificados e logo após, acesse o Fórum Temático e faça
considerações acerca do assunto abordado. Socialize suas considerações e faça comentários
nas considerações dos demais participantes do Fórum.