Módulo 5 PDF
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AULA 1
1 CIBERBULLYING
1.1 O QUE É?
É um problema mundial, por vezes subestimado pelos adultos, que muitas vezes o encaram
como uma brincadeira de crianças. Ciberbullying não é brincadeira porque só existe brincadeira
quando todos os envolvidos se divertem. Se há uma relação desigual de poder, onde uns se
divertem e outro sofrem e são maltratados, então é preciso que os adultos tomem uma
providência. O maior desafio é justamente diferenciar o que é brincadeira agressiva e o que é a
violência do ciberbullying quando os conteúdos circulam fora de contexto nas redes. O que está
por trás desta palavra diferente é um tipo muito sério de discriminação e intolerância
reproduzidas nas relações entre crianças e adolescentes. Mais importante do que apenas
denunciar e responsabilizar os agressores, é vital um trabalho educativo para criar uma cultura
de respeito e cidadania também nas relações estabelecidas no mundo digital.
Desde 2015 há uma lei no Brasil prevista para prevenir e combater este tipo de violência,
especificando a definição abrangente de Bullying, Lei nº 13.185 / 2015:
“Art. 1º § 1º “No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática
(bullying) todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem
motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o
objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de
desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.”
1
Psicóloga SaferNet Brasil. (UNIFACS)
2
Diretor de Educação SaferNet Brasil. Psicólogo. Pesquisador Doutor (GITS/UFBA)
1.2 O QUE FAZER?
É importante mostrar que ciberbullying não é uma "brincadeirinha" e pode trazer sérias
consequências prejudiciais para ambos: vítimas e agressores.
É fundamental que a vítima saiba que ela não é culpada e receba apoio emocional dos familiares,
educadores e amigos. Geralmente a vítima é alguém que pode ser vulnerável por apresentar
algo que destoa do grupo. Não há justificativa, nem motivações específicas para a escolha, mas
os alvos podem ser pessoas que não conseguem fazer frente às agressões sofridas, por isso elas
precisam de apoio dos pares, da escola, família e de profissionais. Os agressores geralmente são
(ou foram) vítimas desta mesma forma de violência em outros contextos e também precisam de
ajuda e orientações. É muito importante não individualizar o problema nem na vítima nem no
agressor, lembrando que o ciberbullying, assim como o bullying, são fenômenos coletivos, são
fruto de problemas nas formas de socialização entre os pares e nunca uma questão individual.
É muito importante estimular o debate sobre este tema com toda comunidade escolar e realizar
atividades preventivas, seguindo as previsões da Lei nº 13.185 / 2015. Sendo um problema
coletivo, as testemunhas que participam (assim como as que silenciam) são parte do problema
e precisam estar envolvidas nas possíveis soluções para construção de um contexto de respeito
e convivência pacífica das diferenças.
- Guia para criar contra-narrativas on-line, combatendo o ódio com atitudes positivas. Este
material é um ótimo roteiro para fazer atividades com os alunos:
http://saferlab.org.br/guia.pdf
Vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=ehMAdF7Dlt4
https://www.youtube.com/watch?v=-Xmg5zdqjOo
https://www.youtube.com/watch?v=Yxg4FeHZCSA
https://www.youtube.com/watch?v=qn04Ey161Hs&list=PL9CC8479B8B9CAFCE&index=1
8&t=0s
Atividades: Use a sugestão de roteiro “Ficha Matérias”, escolha uma das notícias relacionadas
no arquivo “Notícias para debates” e promova um debate com a turma de estudantes em sala.
Ciberbullying pode ser denunciado e os responsáveis punidos quando houver ato infracional.
Como envolve crianças e/ou adolescentes, os pais e/ou responsáveis de confiança precisam ser
informados para ajudar a resolver o problema. O mais adequado é buscar resolver diretamente
com os envolvidos (geralmente outras crianças e adolescentes) na escola ou ambiente no qual
ocorreu o caso, mediando o conflito para promover a cultura de paz e campanhas de prevenção
na instituição. A mediação do conflito com a participação dos alunos e da direção da escola
pode ser uma ótima estratégia pedagógica para mobilizar os pares e não apenas vítimas e
agressores.
Quando não há possibilidade de identificar o agressor e/ou não há espaço para resolver de forma
mediada e preventiva, o caso pode ser comunicado ao Conselho Tutelar, Ministério Público ou
delegacia de polícia quando houver atos infracionais. É importante gravar todas as mensagens
e imagens ofensivas recebidas e bloquear os contatos. A vítima ou responsável legal deve fazer
um boletim de ocorrência com as provas (mensagens, fotos, e-mail, n° celular da origem das
agressões) para que se iniciem as investigações.
Escola, família e testemunhas são co-responsáveis e podem ser responsabilizadas por omissão
caso negligenciem os sinais e as consequências do ciberbullying.
Sempre que souber de casos na instituição, o importante é oferecer ajuda às vítimas para
interromper a violência. Na SaferNet, nosso trabalho na prevenção e orientação direta às
crianças e adolescentes no www.canaldeajuda.org.br busca justamente evitar que o
Ciberbullying prolifere. Sensibilizar os alunos sobre os limites das "zoeiras" e as implicações
legais dos seus atos na Internet é cada vez mais urgente.
AULA 2
2 SEXTING
2.1 O QUE É?
Sexting é um exemplo de uso da Internet para expressão da sexualidade na adolescência. É um
fenômeno recente no qual adolescentes e jovens usam seus celulares e recursos da Internet para
produzir e divulgar fotos sensuais de seu corpo (nu ou seminu). Envolve também mensagens
de texto eróticas (no celular ou Internet) com convites e insinuações sexuais para namorado(a),
pretendentes e/ou amigos(as).
Sexualidade e sexo não são a mesma coisa e precisamos perceber as diferenças para educar
nossas crianças e adolescentes sobre seus direitos sexuais sem confundir as coisas.
Sexo é uma das expressões da sexualidade já amadurecida que envolve a escolha de um(a)
parceiro(a) e que pode acontecer a partir do desenvolvimento da puberdade quando já
conquistada certa maturidade psicológica.
http://www.sextorsao.com.br/
Além das dicas e orientações da campanha “Pare a Sextorsão”, sugerimos que leia as
orientações abaixo para estimular a discussão sobre sexualidade e Internet de forma mais ampla
na sua escola.
É importante não negar nem recusar o diálogo sobre a sexualidade na infância, evitando
confundir com sexo e achar que este diálogo faria a criança perder a inocência. É preciso romper
o tabu para compreendermos mais as características da sexualidade no desenvolvimento infantil
e estar presente, como educadores, no diálogo que informe e oriente para que o
desenvolvimento seja saudável e ético.
Se as crianças e adolescentes não têm os espaços para falar de sua sexualidade nas escolas ou
em casa, com pessoas de confiança, deixamos aberto o espaço para que procurem saber mais
com estranhos na Internet ou mesmo experimentar sem as devidas precauções que poderiam
evitar sérios riscos.
Sabemos que a infância é marcada por brincadeiras e curiosidades sexuais em cada faixa etária.
A curiosidade começa com perguntas, por exemplo, sobre de onde vêm os bebês e em
determinada idade passa também pelo enigma da diferença entre meninos e meninas, entre
tantas outras. Como educadores, é importante que não encaremos este tema apenas com
repressão.
Podemos abrir espaços de conversa para que as crianças e adolescentes expressem suas dúvidas
e contem com ajuda para amadurecer. Cuidado para também não se antecipar apresentando
questões que a criança ainda não pensou, nem perguntou. O equilíbrio é necessário para falar e
conversar sobre o que se sente confortável e a partir daquilo que a criança verbalizou ou se
interrogou. Quando reprimimos a dúvida e a curiosidade, reprimimos também o
desenvolvimento intelectual da criança.
Em muitos casos a descoberta da sexualidade na adolescência conta com a ajuda de amigos nas
redes sociais, de respostas obtidas nos buscadores e de conversas íntimas feitas com conhecidos
virtuais. Estas práticas podem ser saudáveis desde que haja um histórico de orientações e
diálogos prévios na infância que permitam uma descoberta responsável e segura.
Produzir e compartilhar nude de si é uma expressão possível da sexualidade. Porém, uma vez
que o arquivo se torna digital é muito, muito difícil ter controle sobre ele. Dependendo da idade,
esta prática de produção de nude pode ser muito arriscada e gerar danos ao desenvolvimento
saudável da sexualidade. Por sua vez, a produção, distribuição e simples posse de conteúdos
sexual de alguém menor de 18 anos é crime de acordo com o artigo 241-E do Estatuto da
Criança e do Adolescentes.
2.4 COMO DENUNCIAR?
Se não for um conteúdo acessível publicamente, e-mail, conversas pelo celular, páginas
privadas, preserve todas as provas, procure a Delegacia de Polícia Civil mais próxima do local
de residência da vítima e registre a ocorrência. Você também pode ir a uma Delegacia
Especializada em Crimes Cibernéticos.
Mesmo que o(a) adolescente tenha produzido voluntariamente este tipo de conteúdo, sua
circulação não é permitida por representar um risco geral de banalização das imagens de abuso
sexual de crianças e adolescentes que circulam nas redes criminosas. Além disso, atualmente a
circulação dos “nudes” ocorre no contexto de redução da sexualidade feminina como objeto
passivo.
PARA DEBATER
É importante debater este tema não apenas pelo viés da criminalização, mas também aproveitar
para refletir sobre educação e ética relacionadas à sexualidade. De acordo com o PCN e com o
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, as questões ligadas à sexualidade devem
ser parte dos temas transversais dos currículos e parte dos debates sobre ética e cidadania no
mundo contemporâneo.
- Dialogar sobre o que os alunos fazem e vêem na Internet, incluindo conteúdos mais íntimos;
- Propor às crianças e adolescentes uma reflexão e discussão dos limites da intimidade num
espaço público como a Internet, respeitando as faixas etárias;
- Promover atividades que explorem as fronteiras do corpo de cada um, a imagem que se projeta
dele e o que se deve proteger. Quais referências de beleza temos?;
Planos de aula
No link abaixo você encontra sugestões de aulas desenvolvidas pela Safernet Brasil para
orientar sobre o uso ético e responsável da rede. Escolha uma das atividades e remodele de
acordo com as demandas de sua instituição. Os materiais podem ser adaptados para que
possam ser conectados com as atividades curriculares de cada unidade:
http://www.safernet.org.br/site/sites/default/files/Planos de Aula_SaferNet_2015.zip
Privacidade
goo.gl/kwvLBJ
Sexting e nudes
goo.gl/Ej9Lpc