Triade Felina
Triade Felina
Triade Felina
FACULDADE DE VETERINÁRIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
CLÍNICA MÉDICA DE FELINOS DOMÉSTICOS
ALINE BECHE
PORTO ALEGRE
2017/1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETERINÁRIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
CLÍNICA MÉDICA DE FELINOS DOMÉSTICOS
PORTO ALEGRE
2017/1
AGRADECIMENTOS
À Gude, Biscuit, Rutter, Toffu e Olívia, gatos que de fato enriqueceram imensamente
minha vida com suas artimanhas, excentricidades e afetos.
Aos meus pacientes que, através dos meus erros e sucessos, ensinam-me sobre
medicina e vida.
À professora Fernanda Vieira Amorim da Costa, pela disponibilidade em orientar-me
e pelo compartilhamento de seus conhecimentos e experiências.
À colega Laísa Cunha, pela cumplicidade, companheirismo e troca de experiências
profissionais e pessoais.
Aos meus avós, Ênio e Luiza, e Baltazar e Erna, por terem me proporcionado a
liberdade para descobrir e vivenciar minhas vocações, ensinando-me a olhar a vida através
dos olhos dos animais.
Aos meus pais, Clarindo e Marisa, que orientam meu caminho e incentivam-me
constantemente a prosseguir em meus sonhos.
Ao meu marido, Lourival Rech Jr., meu companheiro de todas as horas e melhor
amigo, pelo apoio, incentivo e amor.
Theophile Gautier
RESUMO
A colangite felina representa a segunda hepatopatia mais comum em felinos, sendo a primeira
a lipidose hepática. O complexo colangite felina representa uma síndrome que compreende
inflamação dos ductos biliares e parênquima hepático circunjacente. Histologicamente são
reconhecidas as formas neutrofílica e linfocítica. A doença pode ocorrer concomitantemente à
inflamação intestinal e pancreatite, relacionando-a com particularidades anatômicas da
espécie felina. De forma presuntiva diagnostica-se a enfermidade com base na apresentação
clínica, perfis hematológicos e bioquímicos, urinálise e imagem, porém a biópsia hepática é a
ferramenta de diagnóstico definitivo. O tratamento é distinto e de acordo com a forma clínica
da doença e o prognóstico é variável, conforme a apresentação e a resposta individual do
paciente. Este estudo objetiva realizar uma revisão sobre as formas de apresentação,
diagnóstico e tratamentos disponíveis para a doença hepática inflamatória dos felinos
domésticos.
Palavras-chave: felino, gato, doença hepática, colangite, inflamação dos ductos biliares.
ABSTRACT
The feline cholangitis is one of the most common liver diseases in felines, second only to
hepatic lipidosis. The feline cholangitis complex is a syndrome characterized by inflammation
within the portal triads and surrounding hepatocytes. There are two histologically recognized
forms: the neutrophilic and the lymphocytic. The disease can occur concomitantly to
intestinal inflammation and pancreatitis, related to anatomic particularities in the feline
species. The diagnosis can be based on clinical presentation, hematological and biochemical
profiles, urinalysis and image exams; however, hepatic biopsy is the definitive diagnosis tool.
Treatment differs according to clinical form and prognosis is variable, according to
presentation and individual patient response. This study reviews presentation forms,
diagnosis and available treatments for the inflammatory hepatic disease in domestic felines.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 14
2.1 Anatomo-Fisiologia do Sistema Hepático ................................................................... 14
2.1.1 Particularidades da Espécie Felina .......................................................................... 15
2.2 Hepatopatias em Felinos .............................................................................................. 17
2.2.1 Lipidose Hepática .................................................................................................... 17
2.2.2 Colangite .................................................................................................................. 18
2.2.3 Toxoplasmose .......................................................................................................... 19
2.2.4 Peritonite Infecciosa Felina ..................................................................................... 19
2.2.5 Desvios Portossitêmicos .......................................................................................... 20
2.2.6 Neoplasias Hepatobiliares ....................................................................................... 21
2.2.7 Hepatopatia Tóxica .................................................................................................. 21
2.3 Colangite felina ............................................................................................................. 22
2.3.1 Colangite Neutrofílica ............................................................................................. 25
2.3.2 Colangite Linfocítica ............................................................................................... 28
2.3.3 Colangite Associada a Parasitas Hepáticos (CPH) .................................................. 31
2.4 Diagnóstico .................................................................................................................... 33
2.4.1 Exame Físico ........................................................................................................... 33
2.4.2 Exames Complementares ........................................................................................ 35
2.4.2.1 Hematologia...................................................................................................... 35
2.4.2.2 Bioquímica Sérica............................................................................................. 36
2.4.2.3 Ácidos Biliares Totais (ABT) ........................................................................... 36
2.4.2.4 Urinálise............................................................................................................ 37
2.4.2.5 Exame Parasitológico de Fezes (Coprológico) ................................................. 38
2.4.2.6 Diagnóstico por Imagem .................................................................................. 38
2.4.2.6.1 Radiografia ................................................................................................ 38
2.4.2.6.2 Ultrassonografia......................................................................................... 38
2.4.2.7 Coleta de Bile ............................................................................................... 40
2.4.2.8 Citologia ........................................................................................................... 42
2.4.2.9 Biopsia Hepática ............................................................................................... 42
2.4.2.9.1 Biopsia Percutânea .................................................................................... 43
2.4.2.9.2 Biopsia por Laparoscopia Assistida .......................................................... 43
2.4.2.9.3 Biopsia por Laparotomia Exploratória ...................................................... 44
2.4.2.10 Outros ............................................................................................................. 46
2.5 Tratamento .................................................................................................................... 46
2.5.1 Antibioticoterapia .................................................................................................... 47
2.5.2 Corticoterapia .......................................................................................................... 49
2.5.3 Fluidoterapia ............................................................................................................ 50
2.5.4 Ácido Ursodesoxicólico .......................................................................................... 50
2.5.5 Antioxidantes ........................................................................................................... 51
2.5.5.1 S-adenosil-metionina ........................................................................................ 51
2.5.5.2 Vitamina E ........................................................................................................ 51
2.5.5.3 Silimarina.......................................................................................................... 51
2.5.6 Vitamina K .............................................................................................................. 51
2.5.7 Lactulose .................................................................................................................. 52
2.5.8 Colchicina ................................................................................................................ 52
2.5.9 Diuréticos................................................................................................................. 52
2.5.10 Antieméticos .......................................................................................................... 52
2.5.11 Praziquantel ........................................................................................................... 53
2.5.12 Suporte Nutricional................................................................................................ 53
2.5.13 Estimuladores de Apetite ....................................................................................... 54
2.5.14 Colocação de Tubo de Alimentação ...................................................................... 54
2.5.15 Tratamento Cirúrgico ............................................................................................ 55
2.5.16 Paracentese Abdominal ......................................................................................... 55
2.5.17 Resposta ao Tratamento......................................................................................... 55
2.6 Prognóstico .................................................................................................................... 55
2.6.1 Colangite Neutrofílica ............................................................................................. 55
2.6.2 Colangite Linfocítica ............................................................................................... 56
2.6.3 Colangite Associada a Parasitas Hepáticos ............................................................. 56
2.6.4 Colangite Esclerosante ............................................................................................ 56
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 58
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 59
13
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
permaneça pouco conhecida, a anorexia e seus efeitos nos metabolismos protéico e lipídico
parecem exercer papel importante. A anorexia crônica resulta em redução dos níveis
plasmáticos de insulina para manter os níveis sanguíneos de glicose, induzindo lipólise
gordurosa que resulta em aumento da síntese de triglicerídeos no fígado. Ocorre também a
deficiência de arginina e carnitina, acarretando falhas de metabolismo lipídico, que provoca
acúmulo hepático de lipídios. A obesidade promove resistência insulínica com liberação de
ácidos graxos e acúmulo de triglicérides hepáticos, bem como ocasiona aumento dos níveis de
fator de necrose tumoral α no tecido adiposo, elevando o hormônio leptina e resultando em
anorexia. O estresse, por sua vez, provoca liberação de catecolaminas, intensificando a lipase
hormônio-sensível e a mobilização de ácidos graxos, também causando acúmulo de
triglicerídeos hepáticos (STONEHEWER, 2006; SCHWARTZ et al., 1996). A LH
caracteriza-se por anorexia, perda de peso, icterícia, letargia, vômito, constipação ou diarréia,
desidratação, seborreia, hepatomegalia e aumento sérico da atividade das enzimas hepáticas.
Adicionalmente, pode ocorrer ventroflexão do pescoço por hipocalemia, distúrbios de
coagulação e sinais de encefalopatia hepática, incluindo demência, olhar fixo, convulsões ou
coma (RECHE, 2011; BIOURGE et al., 1993). A maioria dos felinos acometidos são adultos
e não há predisposição racial ou sexual envolvida. Os gatos afetados são comumente obesos e
sofreram há pouco tempo algum evento estressante (como internação, cirurgia, introdução de
um novo animal na casa, mudança de dieta para outra menos palatável, por exemplo), em
decorrência do qual se tornaram anoréxicos e perderam peso com rapidez (RECHE, 2011;
NELSON; COUTO, 2006; STONEHEWER, 2006 ; BUNCH, 2004).
2.2.2 Colangite
2.2.3 Toxoplasmose
peso, inapetência e febre refratária. Palidez de mucosas e icterícia são sinais comuns, sendo
que esta última é a forma mais comum de icterícia em gatos com menos de dois anos de idade
(NORSWORTHY, 2009; NELSON, COUTO, 200; REED, 1975).
pois ela pode resultar em HP fatal, devido à formação dos desvios em resposta a uma HP
conservatória. A atenuação por sutura da veia cava abdominal pode ser realizada na tentativa
de aumentar a pressão da veia cava caudal para um valor acima da portal, direcionando assim
o fluxo sanguíneo portal. Alguns estudos demonstram que animais submetidos a este
tratamento não obtiveram expectativa de vida aumentada quando comparados aos que não
receberam (JOHNSON, 2004).
As neoplasias hepatobiliares são raras entre os felinos. Entre aquelas que causam
doença clínica, o carcinoma colangiocelular e o carcinoma hepatocelular são os mais relatados
(NELSON; COUTO, 2006). A maioria dos gatos afetados tem mais de dez anos de idade,
exceto aqueles portadores do vírus da leucemia felina (FeLV) que desenvolvem linfoma
hepático. Os sinais clínicos de anorexia, letargia, perda de peso e distensão abdominal (como
resultado de hepatomegalia, ascite ou hemoperitônio) são inespecíficos e o diagnóstico é
realizado através de exames de imagem e biópsia hepática. O tratamento e o prognóstico
dependem do tipo, local e do grau de invasividade tumoral, sendo o tamanho do tumor menos
importante que o nível de envolvimento tecidual do mesmo para a determinação do
prognóstico (NELSON; COUTO, 2006; STONEHEWER, 2006; JOHNSON, 2004). É mais
comum ocorrer o envolvimento hepático por metástases de neoplasias que se originam em
outros tecidos, devido ao duplo suprimento sanguíneo, da rede linfática e da estreita
proximidade de outros órgãos abdominais. As metástases hepáticas mais comuns são
provenientes de neoplasias hemolinfáticas, como o linfoma e a doença mieloproliferativa,
mastocitose sistêmica e hemangiossarcoma (NELSON, COUTO, 2006). A remoção cirúrgica
do lobo hepático acometido é o tratamento de escolha para as neoplasias hepáticas primárias,
como o adenoma ou o carcinoma hepático, que envolvem apenas um único lobo (JOHNSON,
2004).
neutrofílica (CN), colangite linfocítica (CL) e colangite associada a parasitas hepáticos (CPH)
(JERGENS; ALLENSPACH, 2016; JOHNSON; SHERDING, 2008; BRAIN et al., 2006;
RICHTER, 2005; ROTHUIZEN, 2005).
O termo colangite é mais bem aceito em relação à antiga nomenclatura de
colangiohepatite, pois foi observado que geralmente a inflamação provém primariamente de
ductos biliares, podendo ocorrer a extensão para além da placa que limita o parênquima
hepático (BOLAND; BEATTY, 2017; JOHNSON; SHERDING, 2008). Assim, estipula-se
que o primeiro local onde se desenvolve a doença é o sistema biliar e, se o parênquima
hepático for afetado, a lesão é considerada secundária e confinada à área portal. Logo, afirma-
se que estes processos inflamatórios deveriam ser chamados de colangite, preferencialmente à
colangiohepatite (ROTHUIZEN, 2005). Por isso, o termo “colangite-colangiohepatite felina”
é considerado controverso (MARKS, 2008). O termo “neutrofílica” é usado em substituição
ao “supurativa” pois a formação de pus não está sempre presente. A CN pode ainda ser
subdividida nas formas aguda e crônica (BRAIN et al., 2006).
Supõe-se que ocorrem simultaneamente infecções bacterianas ascendentes no ducto
biliar comum e no ducto pancreático maior, pois esses dois ductos entram no duodeno em
uma papila comum. Também é possível que a colangite preceda o começo de pancreatite e
possa ser responsável por seu início. Pode ocorrer fluxo linfático retrógrado do sistema biliar
extra-hepático nos vasos linfáticos pancreáticos, transportando ácidos biliares para o pâncreas,
que são capazes de iniciar uma pancreatite. A inflamação oriunda da vesícula biliar, pâncreas
ou intestino delgado pode causar doenças nas áreas circundantes, o que explica a coexistência
frequente de doença pancreática e duodenal associadas à colangite, cuja síndrome clínica é
denominada de triadite ou tríade felina (BOLAND; BEATTY, 2017; JERGENS;
ALLENSPACH, 2016; PETERS et al, 2016; SIMS, 2009; STONEHEWER, 2006;
CHANDLER; HILBERY, 1988).
Em um estudo retrospectivo realizado por Weiss et al. (1996), a pancreatite foi
identificada em 50% de 78 casos de colangite. A doença inflamatória intestinal (DII) tem sido
reconhecida mais recentemente como sendo coexistente nesta enfermidade, tendo sido
diagnosticada em 83% dos 78 gatos com colangite no estudo referido anteriormente. Segundo
Jergens e Allenspach (2016), os estudos indicam que em um total de 44 gatos diagnosticados
com colangite, 50% destes apresentavam doença inflamatória intestinal, 60% apresentavam
pancreatite e 32% dos animais apresentavam as duas doenças concomitantes. Fragkou et al
(2016) reportaram que 16 de 18 gatos sintomáticos com colangite também apresentavam
comorbidades, sendo oito indivíduos com triadite, seis com doença inflamatória intestinal e
24
• Escherichia coli
• Enterococcus faecalis
• Actinomyces spp.
• Clostridium perfringens
• Fusobacterium spp.
• Bacteroides spp.
• Salmonella enterica serovar Typhimurium
• Pseudomonas fluorescens
• Acinetobacter spp.
• Staphylococcus spp.
• Streptococcus α-hemolítico
• Streptococcus viridans
Fonte: Boland e Beatty, 2017; Peters et al, 2016; Edwards, 2004.
Espécies de Helicobacter spp. foram investigadas como possível causa ou ligação com
a colangite felina, mas não há provas consistentes sobre o papel deste microrganismo nesta
doença (BOLAND; BEATTY, 2017; TWEDT et al, 2014; SJÖDIN at al, 2011; CENTER,
2009; SIMPSON, 2006).
Em um estudo realizado por Greiter-Wilke et al. (2006) foi identificada Helicobacter
spp. em dois dos 32 gatos com colangite e em um gato saudável, do total de 17 saudáveis que
serviram de grupo controle. Também foi observado que as sequências de DNA das espécies
de Helicobacter spp. encontradas no fígado são consistentes com as identificadas no intestino
e na bile de gatos, bem como em doenças hepatobiliares em outras espécies (homens e
roedores) (BOLAND; BEATTY, 2017; TWEDT et al, 2014; SJÖDIN at al, 2011; GREITER-
WILKE et al., 2006; SIMPSON, 2006). Não é totalmente descartada a hipótese de
colonização transitória dos tecidos e o envolvimento da Helicobacter spp. no início das lesões
das doenças hepáticas inflamatórias. Contudo, ainda são necessários estudos prospectivos
27
para elucidar sobre o papel da Helicobacter spp. na colangite felina (BOLAND; BEATTY,
2017; SJÖDIN at al, 2011; CENTER, 2009; SIMPSON, 2006).
A CN pode ser dividida em duas formas, uma aguda e outra crônica. Em casos agudos,
o infiltrado inflamatório é predominantemente neutrofílico e pode haver edema e a inflamação
na área portal que, em casos mais graves, pode estender-se até ao parênquima hepático
envolvente podendo ocorrer necrose dos hepatócitos nas áreas periportais (JERGENS;
ALLENSPACH, 2016; RICHTER, 2005; ROTHUIZEN, 2005). Na forma crônica há a
presença de um infiltrado inflamatório misto nas áreas portais, constituído por neutrófilos,
linfócitos e plasmócitos (MARKS, 2008) e por vezes, existência de fibrose e proliferação dos
ductos biliares (WATSON; BUNCH, 2009). As células dos ductos biliares sofrem necrose e
degeneração, variações no aspecto do núcleo e vacuolização do citoplasma. A extensão da
fibrose é variável e provavelmente reflete a duração ou o estágio da doença. Ocasionalmente
pode desenvolver-se um abscesso hepático associado (HARVEY, 2009).
A colangite neutrofílica é a forma que apresenta sinais mais evidentes de doença
clínica, com início agudo ou subagudo (uma a três semanas), cursando com febre, vômito,
anorexia, letargia, perda de peso, desidratação e sinais de colestase extra-hepática, com graus
variados de icterícia, dependendo da gravidade da inflamação (BOLAND; BEATTY, 2017;
JERGENS; ALLENSPACH, 2016; CENTER, 2009; GRACE, 2009; STONEHEWER, 2006;
RICHTER, 2005; ROTHUIZEN, 2001). Em alguns casos, os sinais clínicos podem ser vagos
e inespecíficos (JERGENS; ALLENSPACH, 2016; GAGNE et al., 1996). Cerca de três
quartos de todos os casos apresentam, pelo menos, um dos seguintes sinais: febre, ascite,
anorexia ou perda de peso. Noventa por cento dos casos exibem neutrofilia ou desvio à
esquerda compatível com inflamação (STONEHEWER, 2006). A atividade sérica das
enzimas hepáticas, a bilirrubina e os ácidos biliares ficam geralmente elevados.
A CN é frequentemente associada com obstrução biliar extra-hepática (OBE). Em um
estudo, a OBE foi identificada em 40% dos gatos com colangite neutrofílica aguda e em 76%
dos gatos com colangite neutrofílica crônica. Neste mesmo estudo, cerca de 64% dos gatos
com obstrução biliar extra-hepática apresentavam sinais de colangite. Ainda é desconhecido
se a colangite é a única causa de OBE (JERGENS; ALLENSPACH, 2016).
A CN é caracterizada pela infiltração de grande quantidade de neutrófilos. As
alterações encontradas podem se estender ao parênquima hepático. (Figura 2) (Van den Ingh
et al., 2006).
28
Os dois últimos pontos implicam uma infecção ascendente na patogênese da CN, mas
nenhuma evidência sugere que isto tenha um papel no desenvolvimento da CL (HARVEY;
GREEFFYDD-JONES, 2010).
Ao contrário da CN, a CL é uma doença progressiva crônica que pode evoluir para
cirrose biliar ou mesmo causar a morte do animal (JERGENS; ALLENSPACH, 2016;
WASHABAU, 2010). A CL é caracterizada pela infiltração das áreas portais com pequenos
linfócitos, mas ocasionalmente podem ser observadas também plasmócitos e eosinófilos. As
alterações da árvore biliar são evidentes, com proliferação dos ductos biliares e muitas vezes,
alterações inflamatórias nas paredes dos mesmos, que afetam particularmente os ductos
biliares maiores (Figura 3). Estes tornam-se irregularmente distendidos, com paredes
espessadas mas, normalmente, permanecem desobstruídos. O ducto biliar comum, que em
condições normais mede 2,0 mm, pode atingir 3,0 cm de diâmetro. Contudo, normalmente,
não há degeneração epitelial ou infiltrado inflamatório no lúmen dos ductos biliares. A fibrose
está presente numa extensão variável e pode ser grave em casos muito crônicos (HARVEY;
GREEFFYDD-JONES, 2010; ROTHUIZEN, 2005).
O fígado tende a ficar aumentado e, portanto, também ser palpável durante a palpação
abdominal. O órgão somente se apresenta com tamanho reduzido na cirrose avançada. Como
resultados da doença pode-se constatar: prejuízo na função hepática, colestase e hipertensão
portal. Podem se desenvolver DPS adquiridos, e tanto a disfunção parenquimatosa quanto os
vasos colaterais podem induzir à EH (ROTHUIZEN, 2001).
31
Existem muitos parasitas que podem causar inflamação crônica dos ductos biliares do
gato que são regularmente observados em áreas endêmicas (Europa, América, Ásia e Sibéria).
Os parasitas hepáticos que infectam felinos são trematódeos pertencentes às famílias
Dicrocoeliidae (Platynosomum spp.) e Opisthorchiidae (Opisthorchis felineus, Clonorchis
spp., Metorchis albidus, Amphimerus pseudofelineus e Metametorchis intermedius)
(BOLAND; BEATTY, 2017; BASU et al, 2014; HARVEY; GREEFFYDD-JONES, 2010;
GERMAN, 2009; WATSON; BUNCH, 2009).
O parasita mais associado com a colangite felina é o Platynosomum fastosum,
encontrado em regiões tropicais e subtropicais, sendo muito relatado na América do Sul,
Caribe, sul dos Estados Unidos, África Ocidental, Malásia e Ilhas do Pacífico (BASU et al,
2014, ROCHA et al, 2014).
Este parasita de ductos biliares e pancreáticos requer de dois a quatro hospedeiros:
caramujos terrestres (primeiro hospedeiro intermediário, ingerem ovos e liberam esporocistos
no ambiente), isópodos terrestres (crustáceos, segundo hospedeiro intermediário, ingerem os
esporocistos), lagartos e anfíbios (hospeiros paratênicos, infectados com a ingestão de
isópodos) e gatos (hospedeiro definitivo, infectado pela ingestão de lagartos, larvas migram
para o fígado e ovos são liberados nas fezes) (BASU et al, 2014; PINTO et al, 2014).
O gato, hospedeiro principal, infecta-se através da ingestão de lagartixas, salamandras,
lagartos e sapos contendo metacercárias. (URQUART et al., 1996; CHUNG et al., 1977;
ECKERLIN; LEIGH, 1962;). Os parasitas imaturos migram a partir do intestino para o fígado
através dos ductos biliares e tornam-se adultos em oito a dez semanas (WATSON; BUNCH,
2009).
A maioria das infecções é bem tolerada pelo gato e muitas vezes assintomática,
causando apenas discreta inapetência. Porém nas infecções maciças, o chamado
“envenenamento por lagartixa”, há relatos de obstrução biliar extra-hepática, icterícia, diarreia
e vômitos, com cirrose hepática em casos terminais. O animal pode também apresentar
desidratação, hepatomegalia, dor abdominal e ascite (BOLAND; BEATTY, 2017;
URQUART et al., 1996).
O exame de fezes pode evidenciar a presença de ovos porém a ausência dos mesmos
não descarta a infecção, visto o caráter intermitente de liberação de ovos nas fezes. A técnica
de sedimentação em formalina-éter é a mais sensível para a identificação destes ovos nas
fezes. (KÖSTER et al, 2016; RAMOS, 2016; ROCHA et al, 2014).
32
2.4 Diagnóstico
Os gatos com CN estão usualmente anoréticos, com febre, letargia, prostração, perda
de peso, podendo ocorrer outros sinais como o vômito (presente em mais de 50% dos gatos)
(GRACE, 2009; EDWARDS, 2004), e diarreia (menos comum) (MARKS, 2008). A icterícia
e a hepatomegalia podem ser observadas, contudo, são pouco frequentes. Pode haver
evidência de dor durante a palpação abdominal quando está presente uma doença hepática
obstrutiva secundária. A duração dos sinais clínicos é curta, normalmente menos de uma
semana (JERGENS; ALLENSPACH, 2016; GRACE, 2009; EDWARDS, 2004).
Em gatos com CL, a progressão da doença é muitas vezes tão lenta que pode durar de
seis semanas até anos (ROTHUIZEN, 2005). O proprietário poderá apenas reconhecer os
sinais clínicos em um estado avançado da doença. Em contraste com a CN, os gatos com CL
poderão não parecer doentes. Os sinais clínicos mais comuns são o vômito, icterícia, letargia
e, por vezes febre, embora seja pouco frequente (BOLAND; BEATTY, 2017; JERGENS;
ALLENSPACH, 2016; COX, 2006; EDWARDS, 2004). O apetite é muitas vezes mantido e,
em alguns casos, há uma polifagia notável. Pode haver perda de peso grave, contudo, é
possível que seja mantida uma condição corporal razoável (OTTE et al, 2013; HARVEY;
GREEFFYDD-JONES, 2010). A hepatomegalia pode ser detectada na palpação abdominal e,
em alguns casos, é bastante evidente (OTTE et al, 2013; HARVEY; GREEFFYDD-JONES,
2010). A icterícia (Figura 5) e hepatomegalia são observadas com mais frequência na CL
devido à natureza persistente da doença (COX, 2006).
34
Tabela 2 – Sinais clínicos observados nas diferentes formas do complexo colangite felina
2.4.2.1 Hematologia
A mensuração de ácidos biliares séricos pode ser útil na avaliação hepática quando
não houver hiperbilirrubinemia ou icterícia presentes. A mensuração destes após 12 horas de
jejum e/ou no momento pós-prandial normalmente está anormal em animais com doença
hepática inflamatória. Em um estudo realizado para verificar a quantidade dos ABT em
animais com suspeita de doença hepática, 50% dos analisados apresentaram resultados
normais para a mensuração em jejum, mas estes mesmos obtiveram valores aumentados na
37
2.4.2.4 Urinálise
observados quando se tem obstrução do ducto biliar, ou seja, icterícia obstrutiva e com dano
hepático grave, responsável pela icterícia hepatocelular (BUSH, 2004).
Os ovos de parasitas hepáticos podem ser encontrados nas fezes, usando o método de
sedimentação formalina-éter. A presença de ovos é esporádica porque estes não estão
presentes se a infestação tiver como resultado numa obstrução biliar completa. A forma mais
eficaz de encontrar ovos e parasitas é através de aspirados de bile (WATSON; BUNCH,
2009).
O diagnóstico por imagem é muito útil na avaliação da doença hepática, bem como
para avaliação das estruturas abdominais (EDWARDS, 2004). As alterações podem
direcionar o diagnóstico, porém achados dentro da normalidade não excluem o diagnóstico
(BOLAND; BEATTY, 2017). Anormalidades simultâneas do trato biliar e do pâncreas são
comuns em gatos com doença hepática, sendo a ultrassonografia um exame de grande
utilidade para a avaliação da ligação da colangite com obstruções e anormalidades do
pâncreas (JOHNSON, 2004).
2.4.2.6.1 Radiografia
2.4.2.6.2 Ultrassonografia
(a) (b)
Podem ser obtidas amostras de bile para cultura bacteriana da vesícula biliar durante a
laparotomia, laparoscopia ou sob orientação ultrassonográfica (WATSON; BUNCH, 2009;
EDWARDS, 2004) (Figura 7).
2.4.2.8 Citologia
Este procedimento apresenta riscos, como ruptura de vesícula biliar e peritonte biliar,
que pode ocorrer se houver fragilidade da sua parede devido à presença de afecção e/ou
infecção, o que é comum na colangite (EDWARDS, 2004).
Várias técnicas podem ser usadas para obter biopsias apropriadas para o exame
histopatológico e também para a realização de culturas bacterianas. É muito importante
avaliar o perfil de coagulação antes de se realizar a biopsia visto que, os tempos de
coagulação podem estar aumentados em gatos com doença hepática. Quando há suspeita de
coagulopatias deve ser administrada vitamina K antes da realização da biopsia (0,5 mg/kg de
vitamina K1 SC ou IM BID por 3 dias) (WATSON; BUNCH, 2009).
Este tipo de biopsia pode ser obtido usando uma agulha apropriada. As mais usadas
são as agulhas Tru-Cut® ou Jamshidi Menghini® (WATSON; BUNCH, 2009). Este tipo de
biopsia é útil em gatos com doença grave e geriátricos nos quais a laparotomia exploratória
está contra-indicada. Contudo, deve ter-se atenção à interpretação dos resultados, pois as
amostras são relativamente pequenas e pode não conseguir fazer-se um diagnóstico correto.
Deve ser usada a orientação ultrassonográfica para encontrar a posição correta da agulha de
biopsia e evitar a vasos sanguíneos hepáticos (GERMAN, 2009).
Este tipo de biopsia é menos invasiva do que as efetuadas por laparotomia ou
laparoscopia, mas pode ser necessária sedação profunda ou mesmo anestesia geral
(JERGENS; ALLENSPACH, 2016; WATSON; BUNCH, 2009).
O uso de aparelhos de biopsia automáticos deve ser evitado devido à elevada taxa de
mortalidade observada nos gatos, resultante do aumento do tônus vagal e do choque. O
sistema semi-automático é preferível (ROTHUIZEN, 2005).
Segundo Edwards (2004), a biopsia cirúrgica é indicada nos casos abaixo listados:
• Compressão biliar causada por obstrução de ducto biliar extra-hepático;
• Colelitíase;
• Remoção de bile ressecada ou lama biliar;
• Colecistite necrosante;
• Exame anterior por aspirado inconclusivo.
A coleta de material para avaliação duodenal e pancreática também deve ser realizada
para identificar possíveis DII e pancreatite concomitantes (JOHNSON, 2004). Culturas devem
ser obtidas durante a laparotomia e, caso seja detectada obstrução biliar, deve-se realizar a
colecistoduodenostomia (EDWARDS, 2004; JOHNSON, 2004).
2.4.2.10 Histopatologia
CN CL CPH
• Infiltrados neutrofílicos • Agregados de pequenos • Infiltrado inflamatório
em área portal linfócitos com infiltração misto (linfócitos,
• Pouca quantidade de em áreas portais e de macrófagos, eosinófilos e
linfócitos em áreas ductos biliares neutrófilos) em áreas
portais • Hiperplasia biliar periductais e periportais
• Infiltrados neutrofílicos • Proliferação de ductos • Dilatação e hiperplasia de
podem se estender ao biliares ductos biliares
parênquima hepático • Graus variados de fibrose • Fibrose periportal e
• Ductos biliares periportal (Figura 9) periductal
intrahepáticos dilatados • Infiltração de linfócitos • Colecistite hiperplásica
• Neutrófilos no lúmen dos em lumen e epitélio dos ou ulcerativa pode estar
ductos biliares e ductos biliares presente
infiltração em paredes • Infiltração de linfócitos • Parasitas hepáticos
biliares (Figura 9) podem se estender ao adultos ou ovos
• Proliferação de ductos parênquima hepático infrequentemente
biliares, hiperplasia e identificados
degeneração epitelial
• Graus variados de fibrose
• Necrose periportal
Fonte: Boland e Beatty, 2017.
(a) (b)
2.4.2.11 Outros
2.5 Tratamento
2.5.1 Antibioticoterapia
• Largo espectro;
• Bactericida;
• Excretado na bile na sua forma ativa, atingindo níveis terapêuticos;
• Não requerer metabolismo hepático;
• Ser ativo contra coliformes intestinais aeróbios e anaeróbios (JERGENS;
ALLENSPACH, 2016; WEISS et al., 2001).
clínicos e o monitoramento das enzimas hepáticas são usados para avaliar os efeitos do
tratamento (JERGENS; ALLENSPACH, 2016).
A resistência antibiótica pode ocorrer, sendo o efeito secundário mais nocivo. Os
parâmetros bioquímicos que se encontravam alterados e o leucograma devem ser monitorados
(EDWARDS, 2004).
Antibiótico Dose
Amoxicilina - Clavulanato 12,5 a 25 mg/kg BID a TID, VO
Fonte: Boland; Beatty, 2017; Jergens; Allenspach, 2016; Plumb, 2015; Allen et al., 2005;
Edwards, 2004.
2.5.2 Corticoterapia
terapia de forma contínua por toda a sua vida (JERGENS; ALLENSPACH, 2016; WEISS et
al., 2001).
Outros agentes imunosupressores são ocasionalmente usados, como por exemplo, a
ciclosporina, o clorambucil, o metotrexato e a ciclofosfamida (HARVEY; GREEFFYDD-
JONES, 2010).
O metotrexato tem sido combinado com a prednisolona em gatos que não respondem
ao tratamento apenas com a prednisolona. É recomendada uma dose de 0,4 mg/gato dividida
em três doses, administradas em 24h, que deve ser repetida cada sete a dez dias. A contagem
total de leucócitos deve ser monitorada e o tratamento deve ser descontinuado se essa
contagem reduzir abaixo dos 3000/µL, pois o metotrexato tem um potencial mielossupressor
moderado (WEISS et al., 2001).
2.5.3 Fluidoterapia
Alguns gatos com doença grave podem necessitar de hospitalização para fluidoterapia
intravenosa, com o objetivo de se reporem os fluidos e os eletrólitos perdidos pelo animal
devido ao vômito e à diarreia (BOLAND; BEATTY, 2017; WATSON; BUNCH, 2009).
A escolha do fluido e suplementos deve ser baseada nos perfis eletrolíticos. Os
cristaloides devem ser usados para re-hidratação e suporte em um período inicial. Se o gato
apresentar uma doença hepática mais avançada ou se desenvolveu cirrose, pode haver uma
hipoproteinemia (hipoalbuminemia). Nestes casos o tratamento com coloides está
recomendado em doses de 20 ml/Kg SID (GERMAN, 2009).
2.5.5 Antioxidantes
2.5.5.1 S-adenosil-metionina
2.5.5.2 Vitamina E
2.5.5.3 Silimarina
2.5.6 Vitamina K1
(PIVKA), o tempo de protrombina e dos tempos de coagulação, que regressam aos seus
valores normais em alguns dias (HARVEY; GREEFFYDD-JONES, 2010).
2.5.7 Lactulose
2.5.8 Colchicina
A colchicina pode ser usada numa dose de 0,03 mg/kg SID para combater a fibrose,
contudo não há nenhuma prova que confirme o seu efeito benéfico (HARVEY;
GREEFFYDD-JONES, 2010).
2.5.9 Diuréticos
Os diuréticos de alça como a furosemida na dose de 1,0 a 2,0 mg/kg duas vezes ao dia,
combinada com uma dieta restritiva em sal, podem ser úteis em ascites agudas. Os diuréticos
poupadores de potássio (por exemplo, a espironolactona) e as enzimas de conversão da
angiotensina (por exemplo, o enalapril) são agentes alternativos para tratar a ascite
(HARVEY; GREEFFYDD-JONES, 2010).
2.5.10 Antieméticos
Uma infusão contínua de metoclopramida na dose de 1,0 a 2,0 mg/Kg a cada 24h,
pode também ter benefícios antieméticos. Também pode ser utilizado em bólus na dose de 0,2
a 0,5 mg/kg TID, por via VO, SC ou IM (BOLAND; BEATTY, 2017; PLUMB, 2015).
A mirtazipina, que é um anti-depressivo tetracíclico adrenérgico e serotonérgico, tem
sido sugerida pelo seu efeito antiemético e estimulador de apetite. É usada numa dose de
1,875 a 3,75 mg por gato, VO, cada 48h ou 72h. A dose deve ser reduzida cerca de 30% em
gatos com compromisso hepático ou renal. A pressão arterial deve ser monitorizada já que
pode causar hipertensão arterial (BOLAND; BEATTY, 2017; PLUMB, 2015; GERMAN,
2009).
2.5.11 Praziquantel
A colecistectomia pode ser necessária em alguns casos para remover a bile espessa,
devendo ser seguido por uma lavagem e ”flushing”, podendo ser necessária a canulação da
papila duodenal. Se for identificada uma obstrução completa do fluxo biliar na laparotomia, a
colecistoduodenostomia ou colecistojejunostomia são indicadas para restabelecer o fluxo
biliar. A taxa de mortalidade peri e pós-operatória em gatos que sofreram intervenção
cirúrgica é muito elevada. O tratamento cirúrgico requer sempre uma terapia antibiótica
baseada em cultura e testes de sensibilidade (HARVEY; GREEFFYDD-JONES, 2010).
Se a ascite for grave e causar dispnéia devido à pressão que exerce sobre o diafragma,
a drenagem por paracentese abdominal está indicada (HARVEY; GREEFFYDD-JONES,
2010).
2.6 Prognóstico
de doença crônica do trato biliar. Podem também desenvolver hipertensão crônica portal, com
o resultante desenvolvimento de ascite, ulceração gastrointestinal, DPS adquiridos e
encefalopatia hepática. A colangite esclerosante é diagnosticada por biopsia hepática. Nos
gatos com colangite esclerosante, pode ser visualizada hepatomegalia na radiografia, o que se
presume ser o reflexo da dilatação do trato biliar e da fibrose peri-biliar. O tratamento é de
suporte, tratando-se apenas os sinais clínicos de hipertensão portal (WATSON; BUNCH,
2009).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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