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SUMÁRIO
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Paulo Freire (1987) propõe que seja trabalhada a conscientização como forma
de resgatar as pessoas da condição de vida que se encontram, isso implicaria numa
transformação total da teoria e prática, que é abordado a necessidade da
conscientização com objetivo de libertar os oprimidos da violenta opressão a que
estão submetidos conduzindo para um viver generosamente autêntico, crítico.
De acordo com Freire (1987) é usada uma concepção apontada por
“Educação Bancária”, como instrumento de opressão às classes menos favorecidas,
que seriam libertas mediante o fundamental papel da educação. Na Educação
Bancária, o educando é visto como indivíduo que não sabe de nada, alguém que
recebe conhecimento dos educadores que julgam saber de tudo, onde o educando
é aquele que recebe depósitos na mente e os armazena.
A narração de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à
memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma
em “vasilhas” em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quanto mais vá
“enchendo os recipientes com seus “depósitos, tanto melhor educador será. Quanto
mais se deixem docilmente “encher” tanto melhores educandos serão (FREIRE,
1987, p.58).
A Educação Bancária instiga o desacordo na medicação entre educador-
educando, onde o educador é visto como quem educa, que sabe e pensa, impõe a
disciplina, opta pelos conteúdos e métodos, mostrando-se que é a autoridade na sala
de aula, em que os educandos não sabem nada, só escutam, são disciplinados, não
podendo ser ouvidos.
Para Freire (1987), essa perspectiva de trabalho docente é identificada como
processo de alienação, não tendo criatividade nenhuma na sala de aula, uma vez
não criativo não saberá transformar essa relação. Esse silêncio que o educador
realiza no educando acaba criando a condição de um sujeito passivo que não
participa do processo educativo.
O educador, que aliena a ignorância, se mantém em posições fixas,
invariáveis. Será sempre o que sabe, enquanto os educandos serão sempre os que
não sabem. A rigidez desta posições nega a educação e o conhecimento como
processos de busca (FREIRE,1987,p.58).
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Para superar a Educação Bancária que é a prática que produz o falso saber
tornando o educando um sujeito não critico, e poder conseguir trabalhar a educação
como prática e tendo liberdade, é sugerido a Educação Problematizadora, onde a
realidade é inserida no contexto educativo, sendo valorizado o diálogo, a reflexão e
a criatividade, de modo a construir a libertação.
Em verdade, não seria possível à educação problematizadora que rompe com
os esquemas verticais característicos da educação bancária, realizar-se como
prática da liberdade, sem superar a contradição entre o educador e os educandos.
Como também não lhe seria possível fazê-lo fora do dialogo (FREIRE, 1987, p.68).
Assim, a realidade da Educação problematizadora é inserida no contexto
educativo, sendo valorizado o diálogo, a reflexão e a criatividade, de modo a construir
a libertação, buscando trabalhar a teoria dialógica, opondo-se à manipulação das
classes menos favorecidas pela cultura mediante os meios de comunicação, no qual
devem ser conduzidas ao diálogo.
Freire (1987) diz que a teoria da ação dialógica escrita pela organização e
síntese cultural é forte arma de combate à manipulação se usada pela liderança
revolucionária. O diálogo é necessário na
educação como prática da liberdade, estando
presente em todos os momentos do processo
ensino-aprendizagem, da busca e opção pelos
conteúdos, métodos, temas geradores e seus
significados até as relações homens-mundo.
O diálogo aparece como o grande
incentivador da educação mais humana e até revolucionária, o educador antes dono
da palavra passa a ouvir, e segundo Freire (1987) “não é no silencio que os homens
se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”, assim foi chamado de
mediatização pelo mundo, em relação ao educador-educando.
É necessário que no diálogo, e na mediação haja humildade e fé no educando,
o diálogo começa na busca do conteúdo programático, ou seja, a listagem de
conhecimentos que o aluno tomará contato em determinado ano, série, escola. Para
o educador, o conteúdo não é uma doação ou uma imposição, mas a devolução
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Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se
encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando,
reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago.
Pesquiso para constatar, constatando, intervindo educo e me educo. Pesquiso para
conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE,
1996, p.29).
A escola e os educadores precisam respeitar o educando podendo, assim,
trabalhar seu conhecimento empírico, sua experiência anterior e aconselha-se a
discussão sobre os problemas sociais que as comunidades carentes enfrentam e a
desigualdade que as cercam.
As teorias e as novas descobertas realizadas precisam ser debatidas e aceitas
mesmo que parcialmente, porém é importante que se preserve de alguma forma, o
conhecimento obtido anteriormente e as formas tradicionais de educação.
Qualquer forma de discriminação seja ela: racial, política, religiosa, de classe
social é imoral e lutar contra ela é um dever por mais que se reconheça a força dos
condicionamentos a enfrentar, sendo uma ação de reprovação, pois a discriminação
nega radicalmente a democracia e fere a dignidade do ser humano.
O educador representa muito na vida do educando, onde um gesto mal
interpretado pode ser fatal, e o que pode ser considerado um gesto insignificante
pode valer como força formadora para o desenvolvimento intelectual e acadêmico do
educando.
Às vezes, mal se imagina o que pode passar a representar na vida de um
aluno um simples gesto do professor. O que pode um gesto aparentemente
insignificante valer como força formadora ou como contribuição à do educando por
si mesmo (FREIRE, 1996, P.42).
Portanto, ensinar exige bom senso, observando como os educadores estão
agindo ao cobrar os conteúdos das suas disciplinas, o exercício ou a educação do
bom senso vai superando o que há nele de tendência natural na avaliação que é
feita. O educador que pensa certo deixa manifestar aos educandos que a beleza de
se estar no mundo é a capacidade de perceber que ao intrometer-se no mundo ele
conhecerá e transformará o mundo.
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que pensa, indicando diferentes caminhos sem conclusões acabadas e prontas, para
que o educando construa assim a sua autonomia.
Escutar é obviamente algo que vai mais além das possibilidades auditiva de
cada um. Escutar, no sentido aqui discutido, significa a disponibilidade permanente
por parte do sujeito que escuta para a abertura à fala do outro, ao gesto do outro, às
diferenças do outro. Isto não quer dizer, evidentemente, que escutar exija de quem
realmente escuta sua redução ao outro que fala (FREIRE, 1996. p.119).
Para Freire (1996), ensinar exige querer bem aos educandos, expressando a
afetividade. A atividade docente é uma atividade também de caráter afetivo, porém
de uma formação científica séria, juntamente com o esclarecimento político dos
educadores.
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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
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O LETRAMENTO CRÍTICO
Terzi (2003, p. 228) define como
letramento crítico “a relação que indivíduos e
comunidades estabelecem com a língua
escrita. Essa relação inclui: relação de uso
cultural da escrita; relação de conhecimento
da escrita; relação de
valorização da escrita, e relação com a
escrita permeada por crenças e valores”, conforme comentamos a seguir.
Na relação de uso cultural da escrita, a autora aponta para o fato de que
algumas comunidades utilizam-se mais da língua escrita que outras, devido a fatores
econômicos, políticos, socioculturais e históricos. Assim, Terzi cita como exemplo a
diferença dessa utilização em grandes e pequenos centros. Nas grandes cidades, o
apoio na língua escrita é uma questão de sobrevivência, na identificação de um
ônibus para se locomover, na identificação dos nomes das ruas, na procura por um
emprego, a partir de ofertas afixadas em cartazes etc., já nas cidades pequenas,
essa necessidade é bem menor.
Porém, a relação do sujeito com a escrita não ocorre apenas pelo seu uso. As
pesquisas mostram que há uma grande diversidade no conhecimento que cada um
traz da escrita. Logo, conforme a autora, os jovens e os adultos não escolarizados já
trazem um conhecimento da escrita, a partir de sua vivência. Para Terzi (2003, p.
230): Mesmo aqueles que nunca tiveram oportunidade de ter nas mãos um jornal
sabem que ele traz notícias. No outro extremo, temos o jardineiro analfabeto que
diariamente leva, da casa em que trabalha, o jornal para que sua esposa o leia para
ele (...) e surpreende ao participar de discussões sobre o conflito no oriente médio,
sobre o terrorismo nos Estados Unidos ou sobre as eleições no Brasil.
Segundo Terzi (2003), o letramento crítico do sujeito também se constitui pela
maneira como cada indivíduo valoriza a escrita, sabendo ou não utilizá-la. Entre os
indivíduos escolarizados, a autora cita como exemplo pessoas com nível superior de
educação que não leem jornais, livros, manuais de instrução antes de utilizar um
aparelho etc., usando a escrita somente nas ocasiões em que ela se faz muito
necessária. Entre as pessoas não escolarizadas, também há diferença de
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valorização da escrita: para algumas, ela pode ser importante apenas para a
assinatura de um documento, para outras, pode significar maiores oportunidades de
emprego, ou realização pessoal a partir do acesso à informação.
O letramento crítico também abrange a relação com a escrita permeada por
crenças e valores do indivíduo ou da comunidade em que ele vive, como por
exemplo, uma comunidade em que palavra dada e honra não se distinguem.
Conforme a autora, Os membros dessa comunidade, embora tendo conhecimento
de que um texto escrito – a escritura – é parte integrante da prática social de compra
e venda de um pedaço de terra, e de que sem ele a transação não se oficializa,
rejeitam o documento por acreditarem que a palavra empenhada por ocasião da
realização do negócio vale mais (TERZI, 2003, pp. 232-233).
Essas relações com a escrita se concretizam simultaneamente,
caracterizando o letramento das pessoas. Por isso, podemos dizer que há diversos
letramentos. De acordo com a autora, as situações de letramento são dinâmicas,
pois se transformam constantemente, a partir de influências de fatores sociais,
econômicos e políticos, como já citamos anteriormente.
A autora apresenta alguns exemplos, dentre eles a implantação de um
assentamento de sem terras em que a liderança passou a exigir a leitura de textos
sobre agricultura, ecologia e outros, o que desencadeou na abertura de cursos de
educação de jovens e adultos. Logo, esses cursos propiciaram a leitura de textos
politizantes, o que contribuiu para uma transformação nas técnicas de plantio e a
consequente melhora na produtividade. Dessa forma, temos, segundo Terzi (2003,
p. 233), “uma decisão política influenciando o letramento e este, por sua vez,
influenciando as condições políticas e econômicas”.
Assim, Terzi (2003) nos mostra que a alfabetização não se encerra no
desenvolvimento de uma habilidade individual que tem um fim em si mesma. Pelo
contrário, ela é um componente do letramento crítico, que, num mesmo processo,
contribui para a formação do cidadão letrado, ou seja, capaz de fazer uso da língua
escrita para a sua participação na sociedade.
A educadora Magda Soares argumenta que a criança precisa ser alfabetizada
convivendo com material escrito de qualidade. “Assim, ela se alfabetiza sendo, ao
mesmo tempo, letrada. É possível alfabetizar letrando por meio da prática da leitura
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e escrita.” Para isso, Magda diz ser preciso usar jornal, revista, livro. Sobre as antigas
cartilhas que ensinavam o ‘Vovô viu a uva’, a educadora afirma que é necessária a
prática social da leitura que pode ser feita, por exemplo, com o jornal, que é um
portador real de texto, que circula informações, ou com a revista ou, até mesmo, com
o livro infantil.
“Tem que haver uma especificidade, aprendizagem sistemática sequencial, de
aprender”. A professora Magda Soares afirma que o PNLD (Programa Nacional do
Livro Didático), desenvolvido pelo MEC (Ministério da Educação), é excelente porque
“avalia o livro didático segundo critérios sensatos”. Mas ela enfatiza que na
alfabetização e letramento há um problema a ser resolvido. “As cartilhas
desapareceram do mercado. Não se fala mais em cartilha, fala-se em livro de
alfabetização. Mas com o desaparecimento das cartilhas, praticamente desapareceu
também o conceito de método.
Não é possível ensinar a ler e escrever, ou qualquer coisa em educação, sem
um método. Há poucos livros de alfabetização que tenham uma organização
metodológica para orientar professores e crianças envolvidos neste processo de
aprendizagem. “Os professores usam precariamente os livros de que dispõem ou
buscam as cartilhas nas prateleiras da biblioteca da escola”.
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chegam ao segundo ciclo sem saber ler e escrever. Nós perdemos a especificidade
do processo”, diz. A educadora argumenta que o educando precisa ser alfabetizado
convivendo com material escrito de qualidade. Para os professores que trabalham
com alfabetização, Magda recomenda:
Alfabetize letrando sem descuidar da especificidade do processo de
alfabetização, especificidade é ensinar e o aluno aprender. O aluno precisa entender
a tecnologia da alfabetização. Há convenções que precisam ser ensinadas e
aprendidas, trata-se de um sistema de convenções com bastante complexidade.
O estudante (além de decodificar letras e palavras) precisa aprender toda uma
tecnologia muito complicada: como segurar o lápis, escrever de cima pra baixo e da
esquerda para a direita; escrever numa linha horizontal, sem subir ou descer. São
convenções que precisam ser ensinadas pelo professor e aprendidas pelos alunos.
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LÍNGUA PORTUGUESA
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Linguagem Oral
https://fundamentalnoeja.wordpress.com/
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Linguagem Escrita
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http://revistaemilia.com.br/a-producao-de-um-livro-na-eja/
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distâncias, por isso ela não pode ser tão flexível quanto à fala, obedecendo a normas
mais rígidas de organização.
Para dominar o mecanismo de funcionamento da escrita é necessário
conhecer as letras, pois são os signos que nosso sistema de representação utiliza.
Também é necessário compreender a relação entre as letras e os sons da fala. Para
cada fonema, temos uma representação gráfica (é por isso que nosso sistema de
representação escrita é chamado de alfabético). É a partir do estabelecimento desta
relação fonográfica e da compreensão de suas regularidades e irregularidades que
se chega ao domínio do sistema alfabético.
Essas irregularidades dizem respeito às peculiaridades da ortografia da
Língua Portuguesa: um mesmo som pode ser representado por mais de uma letra e
uma mesma letra pode representar sons diferentes dependendo da posição em que
se encontra na palavra. Uma mesma palavra pode ser pronunciada de muitas formas,
mas deve ter uma única grafia. Por exemplo, no Brasil, a pronúncia da palavra “muito”
pode ser muintu, muinto, muntcho, munto ou outras, mas sempre ela é escrita da
mesma forma. Não podemos escrever do jeito que falamos, pois isso tornaria o
registro escrito extremamente instável e seria muito difícil conseguirmos nos
entender. Além da ortografia, há outros recursos e normas que caracterizam a
escrita, como o sentido da esquerda para a direita, a segmentação das palavras, a
pontuação, os diferentes alfabetos (maiúsculo e minúsculo, de imprensa e cursivo
etc.). Utilizamos todos esses recursos e mecanismos da escrita para produzir textos.
Existem vários tipos de texto, nos quais esses recursos se combinam de forma
característica.
Para que os alunos leiam e escrevam com autonomia, precisam familiarizar-
se com a diversidade de textos existente na sociedade. Precisam reconhecer as
várias funções que a escrita pode ter (informar, entreter, convencer, definir, seduzir),
os diferentes suportes materiais onde pode aparecer (jornais, livros, cartazes etc.),
as diferentes apresentações visuais que pode adquirir e suas características
estruturais (organização sintática e vocabulário). O objetivo central em Língua
Portuguesa é formar bons leitores e produtores de textos, que saibam apreciar suas
qualidades, encontrar e compreender informações escritas, expressar-se de forma
clara e adequada à intenção comunicativa.
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Para isso, é preciso criar situações em que os alunos possam colocar em jogo
aquilo que sabem, expor suas elaborações sobre a linguagem escrita, discutir sua
produção com outros colegas, sentir a necessidade de melhorá-la. O professor não
pode simplesmente rejeitar os erros dos alunos, pois é baseando-se neles que se
pode saber que tipo de ajuda oferecer. É a análise de seus próprios erros que
possibilita aos novos escritores avançar para produções escritas cada vez mais
adequadas. Na sala de aula, a produção de um texto deve ser compreendida como
um processo que passa por várias reescritas, até que o produto seja satisfatório.
Uma boa forma de organizar o trabalho com a escrita é articulá-lo com o da
leitura, dentro de uma mesma modalidade textual. À medida que leem e analisam
modelos variados de cartas, por exemplo, os educandos podem ser encorajados a
escrever suas próprias cartas, inicialmente ainda com bastante ajuda do professor,
paulatinamente com maior autonomia, fazendo e refazendo, relendo e comparando
e, finalmente, enviando suas cartas, experimentando o poder e o prazer da escrita
em situações reais de comunicação.
A Análise Linguística
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MATEMÁTICA
Resolução de Problemas
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Medidas
Geometria
Introdução à Estatística
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deverão favorecer uma maior integração dos educandos em seu ambiente social e
natural, possibilitando a melhoria de sua qualidade de vida.
Os caminhos para atingir esses objetivos são vários, assim como vários são
os fenômenos sociais e naturais que podem ser estudados. Nessa proposta,
tratamos de organizar blocos de conteúdos de modo a auxiliar os educadores na
seleção, organização e integração de temas a serem abordados.
A ordem em que esses blocos temáticos são apresentados não é
necessariamente a que deve ser seguida no desenvolvimento da atividade didática,
uma vez que eles não estão hierarquizados por grau de importância ou de
complexidade. Caberá aos educadores, na elaboração de seu plano de ensino,
selecionar, recombinar e sequenciar conteúdos e objetivos de acordo com as
características de seu projeto pedagógico.
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Cidadania e Participação
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Para iniciar o trabalho com essa unidade, gostaria de fazer a você algumas
perguntas: Quais fatores levam jovens e adultos a iniciarem ou reiniciarem seus
estudos?
Muitos são os fatores que contribuem com essa busca pela escolarização,
entre elas, tomar um ônibus, escrever cartas, ler a Bíblia etc. é o desejo de muitos
jovens e adultos não escolarizados.
Normalmente, o analfabetismo é visto por eles como uma mancha, que os
impede de progredir social ou economicamente e, por isso, sentem-se culpados.
Garcia (2005) realizou uma pesquisa em que mostra os diferentes significados da
alfabetização para jovens e adultos. A partir de relatos de alunos, a pesquisadora
categorizou esses significados em:
Alfabetização como busca de emprego.
Alfabetização como valorização da imagem social.
Alfabetização como prazer em aprender.
Alfabetização como exercício da cidadania.
Alfabetização como uso da norma-padrão da língua.
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ou senão a 4ª. série, 5ª. série... E qualquer servicinho que vai fazer hoje tem que ter
a 5ª. série, né!? [...] Eu não consegui trabalhar em prédio porque eu não sei assim
anotar recado, essas coisas de portaria, né? Aí tem que encarar esse serviço [...] É
muito difícil hoje em dia, pra viver sem estudo tá difícil. (PAULO, 46 anos, gari)
(GARCIA, 2005, p. 5).
Para atender a essas expectativas, conforme Soares (2002, p. 73, apud
GARCIA, 2005, p.6), A escola precisa estar comprometida com a luta contra as
desigualdades para assim garantir a aquisição dos conhecimentos e habilidades que
possam instrumentalizar as classes populares para que elas participem no processo
de transformação social, ou seja, uma escola transformadora, que dê aos alunos
condições de reivindicação social. Alfabetização Como Valorização da Imagem
Social.
De acordo com Garcia (2005), alguns dos alunos entrevistados demonstram
o que os motiva a estudar é o desejo de serem reconhecidos pelos outros: Trabalhei
de 1985 até o ano 2000 no grupo Gerdau, saí aposentado. Descansei um pouco,
achei que era tempo de voltar ao colégio para tentar cumprir um sonho que sempre,
quando iniciei, eu iniciei com esse sonho... Forçar, ver se consigo chegar a eletro-
técnico [...] Se a senhora me der um esquadro, eu esquadreio um prédio desse, mas
não posso assinar um projeto. Eu sei com qual material começa e como termina. Mas
como vou assumir se não tenho a base para assinar um papel? Não posso.
(...).(DALTO, 51 anos, aposentado) (GARCIA, 2005, p. 6).
Segundo a autora, outros alunos querem mostrar para si mesmos que são
capazes de aprender, como observamos no seguinte relato: Eu hoje estou
aposentado [...] mas é muito importante a gente aprender cada vez mais. Enquanto
estou vivo, vou aprendendo cada vez mais porque abre espaço para novos
relacionamentos [...] Cada vez eu me aprofundo mais. O meu grupo aí é o terceiro.
Eles acham que eu sou muito sabido, mas não sou. Eu procuro me aprofundar e vou
embora. Enquanto estiver vivo vou, entendeu? [...] Eu já com essa idade... os mais
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jovens então, esses adolescentes então têm que se aprofundar [...]. (ANTÔNIO, 70
anos, aposentado) (GARCIA, 2005, pp. 6-7).
Antônio sente prazer em aprender, enfatizando o quanto é importante para ele
aprender e que os demais alunos sempre se referem a ele como aquele que sabe
mais. Assim, a autora aponta para o fato de o saber comportar também uma
dimensão de identidade. Para Garcia (2005), Antônio está se construindo enquanto
sujeito nesse processo de aprendizagem.
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alunos onde a prática de pensar de forma organizada tem lugar. É uma imensa
responsabilidade alcançar este objetivo! A entrada, muitas vezes precoce, no mundo
do trabalho e a experiência social fizeram com que esses alunos acumulassem uma
bagagem rica e diversa de conhecimentos e formas de atuar no mundo em que
vivem.
A escola representa para eles um espaço ao mesmo tempo de recolocação
social, de sociabilidade, de formalização do saber e de desenvolvimento pessoal.
Nesse sentido, os alunos jovens e adultos diferem, em muitos aspectos, das
crianças, e isto deve ser sempre considerado. Esses alunos precisam ver na escola
um espaço que atenda suas necessidades como pessoas, cidadãos e aprendizes em
potencial. De sua parte, vão para a sala de aula ávidos por aprender.
É preciso repensar horários de entrada e saída, os tipos de tarefas
extraescolares, as exigências em torno da frequência, as propostas feitas que não
conseguem manter os alunos motivados e atuantes, de tal modo que estar na escola
a despeito do cansaço, do adiamento de outros compromissos e da ausência na
família seja realmente importante e indispensável. Defendemos, nesse sentido, uma
escola voltada, de fato, para seus alunos, no conteúdo e na forma em que se propõe
a ensinar.
Devemos trabalhar para que, além de tornarem-se companheiros nessa busca
pelo saber, os alunos de um mesmo grupo tornem-se parceiros, reais colaboradores
comprometidos a chegar juntos ao seu objetivo. Um grupo se constrói pela
constância do diálogo, pela produção em equipe, pela expressão individual,
garantindo o direito à voz.
Na sala de aula, o(a) professor(a) é aquele(a) que provoca e facilita esse
diálogo, essa produção e essa expressão individual. Ele(a) auxilia na resolução dos
conflitos, favorece as trocas e as ajudas mútuas. Nas classes de EJA, a
homogeneidade quanto à origem muitas vezes facilita a aproximação das pessoas e
a construção de elos entre elas. E dessa homogeneidade podem nascer os temas
de estudo que vão unir e integrar o grupo. Por outro lado, a diferença de idade dos
alunos e a diversidade de crenças, de valores e gênero podem constituir,
inicialmente, obstáculos à formação do grupo.
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É muito comum que os mais velhos critiquem os mais jovens e que estes se
recusem a trabalhar com aqueles. É comum, também, que pela crença religiosa
alguns alunos não aceitem realizar determinadas propostas, como assistir a um filme,
aprender matemática por meio de jogos, e que essa postura desencadeie conflitos
entre estes e outros alunos. Acontece, ainda, de as mulheres não gostarem de formar
grupo com homens, temendo o ciúme de seus companheiros.
Essas resistências dos alunos constituem muitas vezes obstáculos à vida em
grupo e à aprendizagem, mas à medida que todos vão se conhecendo melhor, a
situação vai se modificando e o sentimento de grupo vai nascendo e se fortalecendo.
Entretanto, para que a sala de aula se torne um espaço verdadeiro de trocas e
aprendizagens, é fundamental a forma de agir do(a) professor(a).
É ele(a) que ajuda a quebrar as barreiras dos preconceitos e cria situações de
estreitamento de amizade entre todos. É aquele(a) que propõe situações que
aproximam, diminuem a distância entre as idades, as crenças, os valores. É
experimentando participar de um grupo que os alunos descobrem que juntos sempre
é possível aprender melhor. O(a) professor(a) desempenha também um papel
importante quando evidencia a potencialidade do grupo ao mesmo tempo em que
garante a expressão individual.
Para alcançarmos estes objetivos é importante repensarmos a organização
das carteiras em sala de aula, propor rodas de conversas, organizar mapas do grupo,
promover encontros culturais.
Hoje sabemos que cada pessoa dispõe de algumas portas de acesso à
aprendizagem: os temas, a forma de trabalhar e as atividades ora interessam e
facilitam a aprendizagem de algumas pessoas, ora de outras. É comum, em um
grupo, existirem alunos com facilidade especial para escrever e que, diante de uma
proposta matemática, apresentam grandes dificuldades.
Há aqueles que se saem melhor em situações que requerem uso da lógica;
há outros que circulam com sucesso por atividades mais convencionais, como
realizar operações matemáticas. Daí a importância das atividades propostas, num
mesmo dia ou ao longo de uma semana, serem diversificadas. Se propusermos
seguidamente o mesmo tipo de situação didática, corremos o risco de favorecer
apenas uma parte de nossos alunos. Além disso, a diversidade permite que os alunos
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De uma maneira bem objetiva, o(a) professor(a) observa tudo que considera
importante para iluminar a sua prática, tudo que chama sua atenção, que faz pensar
e querer saber mais.
Uma pergunta feita a um grupo de professores da EJA sobre o que costumam
“ver” nos seus alunos, teve variadas respostas. As mais frequentes foram: A
observação que está sendo alvo da nossa atenção vai além desse ver espontâneo:
quer saber mais para interferir melhor. No fundo, todo(a) professor(a) observa seus
alunos de alguma forma. Entretanto, na maioria das vezes, são observações
espontâneas que quase nada mudam na prática que fazem.
- ser muito quieto;
- ser bom aluno;
- não querer se esforçar;
- ter boa aparência;
- ser muito educado;
- o interesse;
- o desinteresse;
- o hábito de fazer muitas perguntas;
- o hábito de nunca perguntar; - o fato de ser barulhento.
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De uma maneira bem objetiva, o(a) professor(a) observa tudo que considera
importante para iluminar a sua prática, tudo que chama sua atenção, que faz pensar
e querer saber mais.
Como ferramenta básica do seu fazer, a observação está presente nas
diferentes atividades de um(a) professor(a): na busca de compreender cada vez
melhor seus alunos.
Neste sentido, a observação busca saber como trabalham na sala de aula,
quais seus interesses, suas dificuldades e facilidades, sua forma de relacionar com
os colegas, com o(a) professor(a) e suas características pessoais: timidez,
tranquilidade, agitação, concentração, habilidades, sua forma de pensar.
A observação contribui para a análise das hipóteses que quer provar, no que
parece incompreensível, no que é só intuição.
No acompanhamento do planejamento
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Observar os três pontos, ao mesmo tempo, cria uma complexidade que acaba
interferindo no próprio ato de observar, principalmente, quando se está no começo
dessa prática. Assim, é preferível escolher um dos aspectos para observar.
Para um bom exercício de observar, vale a pena:
- Ter um caderno com algumas páginas dedicadas a cada um dos alunos. Nele
serão anotados os fatos significativos que caracterizam a forma de aprender, de
conviver de cada um, com as datas das observações.
- Dar atenção às perguntas feitas pelos alunos. Elas sempre têm um sentido
para quem pergunta.
- Em algumas situações, onde o fazer pode dizer mais que o falar ou escrever,
é interessante se valer de outras linguagens para apresentar questões significativas
para o grupo. O desenho, as dramatizações, os painéis são bons exemplos destas
linguagens.
O Registro
Uma das formas que temos para ir sempre aprendendo mais e melhor é
pensar. Mas, o pensar que ajuda a aprender não é um pensar qualquer, solto sem
uma direção e sem compromisso. É um pensar organizado, um pensar que pergunta
e vai atrás das respostas.
Dizia o grande educador brasileiro, Paulo Freire, que a gente pensa melhor
quando pensa a partir do que faz, da prática. Mas pensar sobre a prática sem
registrá-la tem muitas limitações.
O pensamento acaba se tornando mais uma lembrança, e por ficar só na
oralidade, perde a possibilidade de ser repensado e revisto. O registro escrito mostra
o pensamento de seu autor. O próprio ato de escrever já leva o(a) professor(a) a um
certo distanciamento do seu fazer, dando-lhe um olhar mais amplo e facilitando a
escrita do seu pensamento.
Além disso, como toda escrita, o texto pode ser revisto, ter algumas das suas
ideias aprofundadas e outras corrigidas. Tudo isso faz com que o(a) professor(a), ao
registrar suas reflexões, vá se tornando autor(a) do que pensa e, em consequência,
autor(a) do seu jeito de fazer. Quando isso não ocorre, ele(a) está destinado(a) a ser
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um(a) copista da teoria dos outros. E, pior: se a teoria dos outros não for refletida, os
copistas não alcançarão os sucessos obtidos pelos seus autores.
É importante dizer que as teorias dos outros são de grande validade para o(a)
professor(a) quando estabelece um diálogo entre seu pensamento e o dos outros
teóricos. Diálogo que, certamente, será muito produtivo no avanço do pensar do(a)
professor(a) e, consequentemente, no seu jeito de atuar. É próprio dos seres
humanos registrarem o que vivem, o que pensam e a realidade onde se encontram.
Escritos ou não, todos os registros falam das experiências humanas e por
meio deles é possível reconstruir a própria história da humanidade. Os registros
expressam como seus autores observam, sentem e pensam sua participação no
mundo. Quando temos contato com esses registros, nosso modo de olhar e de sentir
“conversa” com o do autor e com os dos outros leitores compondo uma memória que
deixa de ser só de quem fez o registro, para se tornar coletiva. O registro escrito
guarda partes do nosso tempo que consideramos dignas de permanecerem vivas.
Afinal, é graças ao registro escrito que hoje podemos conhecer a história da
humanidade. Para o(a) professor(a), o registro da sua prática constitui importante
instrumento de aperfeiçoamento do seu trabalho. Isso acontece porque ao registrar,
representa sua experiência por meio de um objeto concreto, feito de palavras, que
podem ser lidas, revisadas e analisadas. Trabalhando com essa representação,
ele(a) é estimulado(a) a repensar a prática ali representada.
Poderá descobrir atitudes que deveriam ter sido tomadas, destacar as
alternativas adequadas que foram utilizadas e todo um conjunto de procedimentos
que levariam a melhores resultados. Além disso, o registro da prática do(a)
professor(a) quando comunicado a outros educadores sugere novas práticas
pedagógicas.
Mesmo sabendo da importância do registro, poucas vezes o realizamos. Isso
tem seus motivos: a cultura brasileira é essencialmente oral, falamos muito mais que
escrevemos e confiamos a nossa memória a capacidade das nossas cabeças de
armazenar o que aprendemos e vivemos.
O exercício da escrita, como registro das observações feitas pelos
professores, além de documento que pode ser consultado, possibilita também
ampliar o domínio da linguagem escrita e dinamizar o potencial de criatividade próprio
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de cada um. As prováveis dificuldades iniciais quanto ao que e como escrever, falta
de inspiração e descoberta dos momentos mais adequados para começar serão
minimizadas no decorrer do processo, a medida que seja criado maior envolvimento
com o ato de registrar.
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O PROJETO INTERDISCIPLINAR
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alunos em seu local de moradia, com o objetivo de levar esses alunos a se situarem
como agentes (e não espectadores) em sua própria comunidade.
O autor aponta diversos subtemas propostos para o trabalho com os alunos,
dos quais destacamos:
- O que se escuta na vila à noite, de dia, nos fins de semana? Mais coisas
alegres do que tristes?
- O que se escutam sobre a atuação da polícia na comunidade?
- Quais as músicas que a comunidade prefere? Quais músicas você
prefere?
- Existe uma cultura na vila? O que mais gostas de fazer?
- Como é o linguajar no local onde moram? Ele é errado?
- Como era a comunidade antes de existir o asfalto, a quadra de esportes,
a escola, o galpão de reciclagem? [...] (SIMÕES, 2005, p. 78).
O projeto envolve várias áreas do saber, como Língua Portuguesa,
Matemática, Estudos Sociais e Ciências.
Para o trabalho com a língua materna, o autor propõe a ressignificação social
das práticas de leitura e escrita, sua variedade de usos e funcionalidades, a partir de
atividades com gêneros como: cartas, contracheques, rótulos, receitas, jornais,
revistas, placas de comércio, letras de músicas etc.
Na Matemática, a proposta de Simões (2005) parte do conhecimento prévio
dos alunos, para propiciar o aprendizado dos conhecimentos lógico-matemáticos
básicos para a vida em sociedade, como o valor do número, numeração crescente e
decrescente, questão dos centavos do real, adição de parcelas iguais, tabelas,
contracheques e outros.
Com relação aos estudos sociais, sugere as inter-relações dos
acontecimentos históricos, políticos, culturais, sociais, especificamente aqueles
relacionados ao bairro em que mora. A gama de materiais possíveis, como
maquetes, mapas da comunidade, fotos antigas, listagens dos sons do bairro, placas
de comércio e outros possibilitariam a promoção do resgate da autoestima em
relação ao local de moradia, além da sua localização como um sujeito histórico dentro
desse contexto.
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nos cadernos dos alunos, organizados com divisões “por matéria”, estamos
acostumados a encontrar as diferentes disciplinas sempre separadas, isoladas em
compartimentos, organizadas em espaços bem definidos nos horários e ministradas
por diferentes professores.
Essa falta de comunicação entre as áreas, essa fragmentação do
conhecimento – reflexo de um complexo processo social e histórico desencadeado
pela Revolução Industrial, que exigia mão de obra especializada – têm deixado
sequelas profundas em nosso modo de pesquisar, de ensinar e, sobretudo, de
pensar e ver o mundo.
Se os alunos, durante toda sua escolaridade e processo de aprendizagem,
tomam contato com as disciplinas sempre divididas em segmentos que nunca
dialogam, forçosamente desenvolvem uma percepção igualmente fragmentada dos
conhecimentos de cada área. Isso, sem dúvida, acaba moldando uma forma de
pensar que dificilmente incluirá a síntese, o que é compreensível, considerando que
essa habilidade só é adquirida quando se aprende a buscar a visão global dos fatos.
Portanto, a organização compartimentada das disciplinas não pode preparar o sujeito
para perceber a unidade das coisas, para observá-las e analisá-las por diferentes
ângulos e estabelecer relações entre eles, uma vez que essas capacidades vão
sendo conquistadas ao longo do tempo, à custa de muitas experiências de unidade.
Em outras palavras, a visão parcelada do conhecimento é um obstáculo para
o sujeito alcançar uma integração interna, porque não o instrumentaliza para ver o
todo. Fazendo o caminho contrário, podemos pensar que um ensino que conciliasse
diferentes conceitos, de diferentes áreas; que integrasse as várias disciplinas e fosse
capaz de substituir a fragmentação pela interação, daria ao sujeito a oportunidade de
aprender a relacionar conceitos e, consequentemente, de construir novos
conhecimentos, com muito mais autonomia e criatividade. Mais autonomia, porque
ele teria aprendido a considerar fatores de diferentes ordens na realização de seus
objetivos, inclusive de aprendizagem.
Mais criatividade, porque a prática de relacionar implica também a arte de
encontrar combinações inéditas, ousadas, saídas novas para velhos problemas.
Esse seria um ganho inestimável do processo de ensino no novo milênio. Outro
aprendizado importante que essa nova forma de pensar traz em seu bojo é o fato de
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CONCLUSÃO
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