Curriculo e Desenvolvimento Do Curricular 2020
Curriculo e Desenvolvimento Do Curricular 2020
Curriculo e Desenvolvimento Do Curricular 2020
Maputo
2020
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Alcídio Eduardo Cumbula
Maputo
2020
Índice
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1. Introdução………………………………………………………………………………..04
2. O Currículo …………………………………………………...………..……………..…05
3. O Currículo e as tendências presentes nas propostas oficiais em Moçambique e nas
práticas…………………………………………………………………………………..06
4. O que é Desenvolvimento Curricular……………………………………………………07
5. Maneiras diferentes de aproximar o Desenvolvimento Curricular………………………08
6. Paradigmas do Desenvolvimento Curricular…………………………………………….10
7. O Desenvolvimento Curricular em Moçambique………………………………………..12
8. Organização do saber no Currículo do Ensino Básico…………………………………..13
9. Implicações das mudanças curriculares na organização do saber……………………….14
10. O papel do director de turma na gestão do desenvolvimento curricular………………...15
11. Reflexão………………………………………………………………………….……...16
12. Referências bibliográficas………………………………………………………………..17
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1. Introdução
O texto apresentado analisa o Currículo e o Desenvolvimento Curricular no Ensino Básico,
sob o ponto de vista dos futuros administradores e gestores da educação. Volta-se para os estudos
teóricos sobre o tema currículo, abordando sua estrutura, sua organização e seu desenvolvimento
no contexto da escola. Propõe uma reflexão sustentada, constituindo-se como um desafio
permanente, dada a condição de evolução de tais estudos de ordem teórica, ao mesmo tempo em
que se preocupa com a aproximação da realidade e da prática docente, frente aos conflitos
vivenciados neste campo de estudos em educação.
Ainda que a evolução de estudo sobre o currículo seja considerada recente, teóricos críticos
argumentam que a indefinição de seu conceito e a falta de identidade nos debates sobre as
questões do currículo, constitui-se um problema que deve despertar interesse de estudo.
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2. O Currículo
O currículo, assim como o conhecemos hoje, com suas teorias, pressupostos, conceitos, é
resultado de recentes estudos na história da educação e passou por diversas fases.
Buscando as origens etimológicas do termo currículo, de acordo com Goodson (2001, p. 61)
“deriva do latim currere, que significa correr e se refere a uma pista de corrida.” Buscando
correlação da corrida com o trabalho pedagógico, entende-se que seja no sentido de uma
sequência de assuntos a serem estudados pelos alunos. Segundo Berticelli (1998, p. 161), “em
1682 se utilizava em inglês a palavra curicle com o sentido de ‘cursinho’.” Para este autor (é
deste termo que provêm as expressões como “cursus forensi: carreira do foro; cursus honorum:
carreira de honras, das dignidades funcionais públicas, sucessiva e progressivamente ocupadas.”
(p. 160). O termo cursus passa a ser utilizado em vários sectores referindo-se a carreira.
A partir de 1824, a palavra curriculum é utilizada com sentido de “um curso de aperfeiçoamento,
ou estudos universitários, traduzido, também, pela palavra course.” (BERTICELLI, 1998, p.
161).
Estudo realizado por Martins, apud Domingues (1986), aponta a evolução do conceito.
Sobre a alteração semântica do termo, na edição de 1812 do Barclays Universal Dictionary e do
Webster não consta o registro do vocábulo currículo; na edição de 1856, aparece como “uma
pista de corrida, um lugar para corrida; uma carreta de corrida; o termo é usado para referir-se
aos estudos universitários.” (p. 351). Na edição de 1939, aparece como “um curso específico e
fixo numa universidade.” (p. 351). Nesta definição são omissos os termos corrida e carreta. Em
1955, é definido como “um curso, uma sequência de cursos numa escola ou universidade, com
finalidade de graduação; conjunto total de cursos ensinados numa instituição ou num
departamento.” (p. 351). Estas são algumas das definições que foram apresentadas no dicionário,
dizendo muito pouco sobre os estudos escolares, principalmente no ensino fundamental e médio
como são entendidos actualmente.
Somente no século XX a palavra curriculum migra da Inglaterra para os Estados Unidos, aí
o conceito começa a se “delinear, como produto da era industrial, quando se diversificam os
saberes e as demandas emergentes” (BERTICELLI, 1998, p. 162). Neste período surgem as
orientações sobre a problemática do currículo que é fruto da modernidade, quando as questões
teológicas e filosóficas passam a ser questionadas e substituídas por diversas ciências,
“emergentes da técnica, o saber educacional adquire a forma de uma ciência nova, a ciência
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pedagógica. Neste contexto é que surge o currículo, como ordenamento de saberes educativos”.
(BERTICELLI, 1998, p. 162).
Analisando a literatura sobre a origem do currículo, em termos gerais, pode-se dizer que
existem uma multiplicidade de sentidos. Mas são três as tendências que predominam.
Se curriculum é a ferramenta pedagógica de massificação da sociedade industrial, acharemos sua
origem nos Estados Unidos, em meados do século, ou ainda pouco antes, na década de 20; se é
um plano estruturado de estudos, expressamente referido como curriculum, podemos achá-lo
pela primeira vez em alguma universidade europeia, como propõe Hamilton; se é qualquer
indicação do que se ensina, podemos chegar, a Platão e talvez, até antes dele. (TERIGE, 1996, p.
163).
Portanto, de acordo com a interpretação dada ao currículo a sua origem é mais ou menos
remota. Se currículo for entendido como que se ensina, de acordo com Silva (2005), mesmo
antes do surgimento da palavra especializada currículo, os professores de todos os tempos e
lugares sempre estiveram envolvidos com o currículo.
Nesse sentido, Gomez (1999) e Santos (2008), salientam que o ensino para o povo
autóctone (não-brancos) tinha como principal objectivo civilizar e unificar culturalmente.
“Civilizar” na prática significava proporcionar a aprendizagem da língua portuguesa e dos
rudimentos da religião católica, a aquisição de competências para os trabalhos rurais e manuais.
Na realidade, não se pretendia criar entre os povos africanos elites letradas, mas sim torná-los
“instrumentos” ao serviço de Portugal.
O sistema indígena – para os nativos tinha por fim elevar gradualmente da vida selvagem
para a vida civilizada dos povos cultos, a população autóctone (população nativa) das províncias
ultramarinas. Em 1930 este ensino passa á cargo da Igreja Católica, através do Diploma
Legislativo nº 238, de 17 de maio.
A escola para os moçambicanos destinava-se mais à submissão ideológica e cultural da
mão-de-obra do que á formação técnica e profissional. O ensino da leitura, escrita e rudimentos
de uma profissão, serviam de veículo de uma cultura de submissão, que ensinava o desprezo
pelas tradições locais e aceitação acrítica de tudo o que viesse da metrópole. (GASPERINI,
1989).
A educação colonial em Moçambique impôs uma educação que visava uma reprodução da
exploração e da opressão, uma educação de segregação racial. A separação de tipo escola, uma
para a classe branca “o saber dizer” e outra para a população autóctone “o saber fazer”. Esta
educação mutilava não só a população negra, mas também a classe branca, pois ambos eram
privados do desenvolvimento completo que integrasse o pensamento e acção, que se traduz em
“saber pensar” e “saber fazer”, “saber dizer” e “saber ser” que é a ciência e técnica.
(GASPERINI, 1989).
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É ainda mais: Ele deve também valorizar o pensamento independente no âmbito do mais
amplo sentido de responsabilidade social. (Stanley Smith & Shores).
Tanner & Tanner (2007:121) oferece a seguinte definição, derivado a definição de educação de
Dewey:
“A reconstrução do conhecimento e da experiência que permite o aluno a crescer em exercer
um controlo inteligente de conhecimento e posterior experiência”.
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O currículo do EB de Moçambique trouxe uma nova organização do saber
compartimentados em ciclos de aprendizagem. Compreende sete classes organizadas em dois
graus e três ciclos. O 1º grau compreende de 1ª a 5ª classes e o 2º grau de 6ª a 7ª classe. Os ciclos
são estruturados em: 1º (1ª e 2ª classes); 2º (3ª, 4ª e 5ª) e 3º (6ª e 7ª classes).
De acordo com Moçambique (2003, p. 10) os ciclos de aprendizagem apresentados no
currículo do EB são considerados como “unidades de aprendizagem com o objectivo de
desenvolver habilidades e competências específicas. ” Assim:
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curricular, estando aliás na origem de identificação de elementos principais para o processo de
elaboração curricular (Pacheco, 2005, p. 73).
Embora o MINEDH tenha introduzido o currículo local no EB como uma inovação para
garantir que os alunos e professores se apropriem dos conhecimentos locais, continua indiferente
na criação de condições para a aprendizagem. Muitos são os alunos que terminam o ensino
básico sem conhecerem as plantas locais e a realidade do material endógeno (CASTIANO,
NGOENHA & GURO, 2014).
Os actuais currículos do EB virados ao desenvolvimento de competências acabam perdendo
o valor de traduzir os conhecimentos, habilidades e atitudes para os alunos. A nova forma de
organização do saber em áreas curriculares e das novas disciplinas que não encontram
professores capacitados para o efeito, colocam em risco a inovação efectiva ao nível da práxis
educacional (VARELA, 2012).
6. Reflexão
Das conclusões chegadas a respeito deste estudo é que a análise feita permitiu verificar-se
que o desenvolvimento curricular, na realidade moçambicana, está longe de atingir os patamares
desejáveis.
O professor é o actor principal para o desenvolvimento curricular mas a pratica prova que
ele deve cumprir de forma linear os programas do ensino, ficando de fora o aspecto reflexivo
dele em relação ao currículo. A título de exemplo, o professor é exigido, pela Direcção da escola,
de forma cíclica o cumprimento dos programas e em caso do não cumprimento, este é obrigado a
justificar o não cumprimento dos mesmos.
Um outro aspecto, reside na situação de falta de conhecimento profundo acerca do
currículo, isto é, trabalhamos com o currículo mas não sabemos de facto como é funcionamento,
isto pode dever-se a falta de capacitações, debates, workshops em relação ao currículo,
Flexibilizacao e desenvolvimento. É comum, os Professores e gestores educacionais falarem do
currículo, mas sem nenhum conhecimento sólido sobre o mesmo. Tratam o assunto de forma
superficial.
O principal desafio, é a eliminação da barreira que impede ao professor a fazer reflexões
sobre o currículo.
O currículo é de nível centralizado, cabendo aos utilizadores e beneficiários uma acção
passiva sobre ele.
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7. Referências bibliográficas
-BERTICELLI, I. A. Currículo: tendências e filosofia. In: COSTA, M. V. O currículo nos
limiares do contemporâneo. Rio de Janeiro: DP & A, 1998.
-TERIGE, F. Notas para uma genealogia do curriculum escolar. Educação e realidade, 21 (1),
jan-jun./1996.
-SANTOS, Mariana Lagarto dos. A escola e a ideologia colonial: contribuição para a formação
das nacionalidades africanas de expressão portuguesa. In: TORGAL, Luis; PIMENTA,
Fernando; SOUSA, Julião (orgs) Comunidades Imaginadas: nação e nacionalismos em África.
Coimbra, 2008.
-DOLL, JÚNIOR, W. E. Currículo: uma perspectiva pós-moderna. Porto Alegre: Artes Médicas,
1997.
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-CASTIANO, José; NGOENHA, Severino Elias; GURO, Manuel Zianja. Barómetro da
Educação Básica em Moçambique: estudo piloto sobre a qualidade da educação. Maputo.
ISOED. Publifix, 2012.
-PACHECO, José Augusto. Escritos Curriculares. São Paulo: Cortez Editora, 2005.
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