Produção Do Açúcar - UEM 2019

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Faculdade de Ciências

Departamento de Química

Licenciatura em Química Industrial

Tecnologia química 2

Trabalho no1
TEMA:

Etapas e processos de produção do açúcar na indústria

Discente: Docentes:
Roberto Mboane Prof. Doutor Engo Condo

Jossias Cuna Engo Ambrósio

Maputo, Outubro de 2019

Índice
1. Introdução................................................................................................................................3
1.1Objectivos...........................................................................................................................4
1.1.1Objectivo geral.............................................................................................................4
1.1.2 Objectivo especificos...................................................................................................4
1.2 A cadeia produtiva do açúcar.............................................................................................4
1.3 Tipos de açúcar..................................................................................................................5
2.1 A cana-de-açúcar como matéria-prima..................................................................................6
2.2 Processo de produção........................................................................................................6
2.3 Etapas do processo.............................................................................................................7
2.3.1 Etapas da preparação do caldo...................................................................................7
2.3.1.1 Recepção da matéria-prima.....................................................................................7
2.3.2.2 Extração da sacarose ou moagem............................................................................7
2.3.2.3 Tratamento do caldo................................................................................................7
2.3.2.4 Evaporação...............................................................................................................8
2.3.3 Cristalização.................................................................................................................9
2.3.3.1 Supersaturação.........................................................................................................9
Métodos de medidas de supersaturação.............................................................................9
2.3.3.2 Centrifugação.........................................................................................................10
2.3.3.3 Secagem.................................................................................................................11
2.3.4.1 Armazenamento em sacas......................................................................................12
3.1 Balanço de massa de açúcares redutores.............................................................................12
3.1.1 ART dos produtos fabricados.........................................................................................13
4.1 Qualidade do açúcar.............................................................................................................13
4.2 Características físico-químicas..........................................................................................14
4.2.1 Teor de sacarose........................................................................................................14
4.2.2 Resíduo mineral fixo..................................................................................................14
4.2.3 Dextrana....................................................................................................................14
4.2.4 Índice de cor (ICUMSA)..............................................................................................14
4.2.5 Teor de dióxido de enxofre........................................................................................15
5.4 Características microscópicas...............................................................................................15
5.5 Características sensoriais..................................................................................................15
6. Considerações Finais..............................................................................................................16
Referências.................................................................................................................................17

1. Introdução
A cana-de-açúcar é a principal matéria-prima para a indústria açucareira mundial. É
nesse aspecto da importância deste setor agroindustrial que se justifica a necessidade do
conhecimento e disseminação das informações pertinentes aos processos de produção de
um açúcar de qualidade evitando qualquer tipo de risco químico, físico ou biológico
(GROFF 2010). Este trabalho também é justificado pela importância de se evitar
impactos ambientais decorrentes dos resíduos da produção do açúcar.
A produção do açúcar envolve etapas que começam ainda na recepção, como a pesagem
e amostragem, processo importante para a classificação do produto pela indústria e
atribuição de valor para o produtor pela qualidade da cana fornecida. Essa conexão entre
aindústria e o produtor na busca pela qualidade através de uma produção limpa pode
gerar lucros para ambos. Entre as áreas de conhecimento da Engenharia de Produção
este trabalho enquadra-se na área de Engenharia da Sustentabilidade. A qual é definida
como “Planejamento da utilização eficiente dos recursos naturais nos sistemas
produtivos diversos, da destinação e tratamento dos resíduos efluentes destes sistemas,
bem como da implantação de sistema de gestão ambiental e responsabilidade social.”
(ABEPRO, 2010).
Quanto as sub-áreas de conhecimento relacionadas a Engenharia da Sustentabilidade, o
presente trabalho apresenta seu foco, segundo (ABEPRO, 2010), voltado para sub-área
de Produção mais Limpa e Ecoeficiência.
Este trabalho foi desenvolvido dentro da disciplina de Fatores de Produção
Agropecuária (GROFF, 2010), no curso de Engenharia de Produção Agroindustrial da
FECILCAM, durante o ano de 2010, tendo como objetivo fornecer as informações
necessárias para o desenvolvimento de um processo industrial que vise a otimização da
produção do açúcar de maneira a alcançar um produto de qualidade, mostrando a
importância do reaproveitamento dos resíduos e subprodutos resultantes do sistema na
obtenção da maximização dos lucros e diminuição dos custos de produção e impactos
ambientais (MEZAROBA e MENEGUETTI., 2010).
O presente trabalho apresenta-se dividido em quatro seções. Na primeira seção aborda-
se brevemente o tema, seguindo na segunda seção sua teoria de base, sendo na terceira
seção abordada a metodologia e na quarta as considerações finais

1.1Objectivos
1.1.1Objectivo geral

1.1.2 Objectivo especificos


 Descrever os tipos de acucar
 Estudar os factores que influenciam o processo de producao de acucar
 Caracterizar as etapas do processo de producao de acucar

1.2 A cadeia produtiva do açúcar


O processo de fabricação de açúcar visa, de forma resumida, à extração do caldo
contido na cana, seu preparo e “concentração”, culminando com os vários tipos de
açúcares conhecidos, como: demerara, mascavo, cristal, refinado, líquido, VHP, etc.
Dentro desse processo de fabricação, podemos classificar uma usina de açúcar como
uma indústria de extração, uma vez que o açúcar já é produzido pela natureza, através
da cana, sendo somente concentrado no processo, nas suas várias modalidades.
Ociclo de venda do acucar eh apresentado no fluxograma abaixo.

A Figura 1.1 mostra o sistema de fornecimento do açúcar aos mercados


externo e doméstico Fonte: Bianchini; Assumpção, 2002

1.3 Tipos de açúcar


No Mundo, os dois tipos de açúcar mais fabricados em escala industrial são o açúcar
cristal branco e o açúcar demerara. O açúcar cristal branco caracteriza-se por ser um
açúcar de alta polarização (99,3°S a 99,9°S). O processo utilizado na sua produção
utiliza um sistema de clarificação mais eficiente do que o empregado para a produção
do açúcar demerara. A polarização é a porcentagem em massa da sacarose aparente
contida em uma solução açucarada, determinada pelo desvio da luz polarizada ao
atravessar esta solução. As rotações na escala são designadas como graus sacarimétricos
(ºS) ou desvio polarimétricoO açúcar demerara se caracteriza por apresentar cristais
envoltos por uma película
aderente de mel, o que lhe confere uma menor polarização (96,5°S a 98,5°S). A
diferença básica entre os dois processos situa-se na fase de clarificação do caldo. Para o
açúcar demerara, a clarificação é realizada empregando-se apenas leite de cal, enquanto
que para o açúcar cristal branco, são empregados leite de cal e anidrido sulfuroso. O
anidrido sulfuroso é obtido por meio da combustão de enxofre mineral.

Figura 1.3: Açúcar demerara


Fonte: http://www.cookthink.com/reference/3394/What_is_Demerara_sugar

2.1 A cana-de-açúcar como matéria-prima


A produção de cana-de-açúcar está inserida em área agrícola e industrial, portanto,
estando sujeita às condições ambientais, que influenciam de forma dramática a
qualidade da matéria-prima, provocando ampla variação de seus parâmetros técnicos e
de fornecimento. Fatores como diversificação das variedades, tipos de variedade
(precoce, média, tardia), maturação, tratos culturais, condições climáticas, longevidade
do canavial, tipo de solo, qualidade e quantidade de fertilizantes aplicados, quantidade e
qualidade da vinhaça aplicada, horário da queima, tipo de colheita, condições de
transporte e armazenamento, determinam a qualidade da matéria-prima que será
processada.

2.2 Processo de produção


O processo de fabricação de açúcar visa, de forma simplificada, à extração do caldo
contido na cana, em seu preparo e “concentração”, culminando nos vários tipos de
açúcares conhecidos. Dentro desse processo de fabricação, podemos classificar uma
usina de açúcar como uma indústria de extração, uma vez que o açúcar já é produzido
pela natureza, através da cana, sendo ele somente concentrado no processo, nas suas
várias modalidades. O processo de produção do açúcar envolve especificamente
etapas físicas e químicas. Esse ambiente, somado à variação do mercado, exige dos
profissionais constantes ações de interferência no processo que, não tendo o
conhecimento rápido e preciso do seu efeito nos produtos finais, incorrem em
subaproveitamento de equipamentos, perda de eficiência e subfaturamento.

2.3 Etapas do processo


As etapas de produção de açúcar podem ser divididas em dois grupos: preparação do
caldo e cozimento/cristalização.

2.3.1 Etapas da preparação do caldo

2.3.1.1 Recepção da matéria-prima


Na usina, a cana é descarregada em pátios de armazenagem ou diretamente nas mesas
alimentadoras, para que seja feita a extração.

2.3.2.2 Extração da sacarose ou moagem


A cana descarregada nas mesas alimentadoras sofre uma lavagem (que vem sendo
substituída por limpeza a seco) e, logo após, é conduzida através de esteira rolante para
os picadores e desfibradores; esta etapa é conhecida como preparo da cana. A extração
do caldo é feita usualmente pelo esmagamento da cana por rolos das moendas que
exercem uma forte pressão sobre a cana. A extração por difusão, pelo princípio da
osmose, vem substituindo as moendas nas usinas mais novas, porém para a fabricação
de açúcar, ainda é pouco usual. Extraem-se cerca de 96% do caldo da cana, que é
utilizado para a fabricação de açúcar. O bagaço produzido é utilizado como combustível
nas caldeiras.
Nesta etapa é onde ocorrem os maiores índices de contaminação. Os equipamentos
devem ser mantidos sempre limpos e em bom estado de conservação, uma vez que por
eles passam toda a matéria-prima e esta recebe diversos tipos de preparos e exposições
da sacarose. Para manter a sacarose livre de microrganismos, deve-se manter uma
assepsia contínua e eficaz, evitando assim o contato das moléculas de sacarose com os
microrganismos que a destroem, transformando-a em outros açúcares não cristalizáveis.
Os cuidados para evitar a proliferação de contaminações bacterianas são de fundamental
importância para a conservação e obtenção da sacarose disponível na matéria-prima.

2.3.2.3 Tratamento do caldo


O caldo resultante da extração (essencialmente o da primeira prensagem) é peneirado
para a retirada das impurezas grossas, sulfitado com SO2 para auxiliar na coagulação
das matérias coloidais, na formação de precipitados – que farão o arraste das impurezas
durante a sedimentação e na desinfecção do caldo; e finalmente caleado com leite de
cal, para também coagular parte do material coloidal, precipitar as impurezas e elevar o
pH para valores neutros (Figura 2.1). Alguns processos vêm substituindo com eficiência
o sulfito pelo ozônio (O3). A mistura é, então, aquecida com vapor de água até
temperaturas em torno de 105°C, com os objetivos de diminuir a viscosidade do fluido,
facilitando a decantação e promover a formação de uma quantidade maior de
aglomerados coloidais, que precipitarão no decantador, formando o lodo de
sedimentação que será posteriormente filtrado. O caldo clarificado é enviado para o
setor de evaporação.

Figura 2.1: Tratamento do caldo Fonte: http://mundodacana.wordpress.com/2009/01/09/tratamento-do-caldo/

2.3.2.4 Evaporação
Constitui o primeiro estágio de concentração do caldo tratado. O caldo tratado contém
cerca de 85% de água, que é então, evaporada até que se atinja 40% em água, tornando-
se um xarope grosso e amarelado. Devido a necessidade de economia de vapor, esta
evaporação é feita em evaporadores com múltiplo efeito concorrente, isto é, o vapor
gerado na caixa de evaporação precedente é utilizado como fonte de aquecimento para a
caixa posterior. Esta seção também fornece a água condensada para alimentação das
caldeiras. O conjunto de evaporadores constitui-se de equipamentos que, bem
dimensionados e operados, contribuem de forma indiscutível para o bom balanço
térmico da fábrica, aumentando ou reduzindo a eficiência de vários outros
equipamentos, inclusive dos cozedores. Um xarope de boa concentração é produto de
extrema importância no setor de cozimento. Quando sua concentração é baixa, muito
são os efeitos negativos, provocando aumento do consumo de vapor e do tempo de
cozimento, bem como perdas de capacidade dos equipamentos.

2.3.3 Cristalização
O xarope produzido pela etapa de evaporação passa por um processo de cozimento,
feito em cristalizadores, que na verdade são evaporadores de simples efeito. Nesta
etapa, que é realizada em batelada, o xarope é concentrado sob vácuo, até atingir certo
grau de supersaturação. A separação da sacarose das impurezas associadas nas soluções
sacarinas é o objetivo fundamental na fabricação de açúcar. Este objetivo é alcançado
através da cristalização da sacarose, que é subsequente à separação dos cristais por meio
de força centrífuga, pois outras impurezas já foram eliminadas na fase de clarificação. A
presença de não-açúcares nos méis exerce influência adversa no processo da
cristalização. A separação da sacarose dos não-açúcares, por meio da cristalização,
exige repetidas cristalizações, tantas quantas sejam economicamente possíveis.

2.3.3.1 Supersaturação
Para que haja formação e crescimento dos cristais de açúcar, a condição essencial é a
supersaturação. Geralmente, a cristalização de materiais de baixa pureza, requer
supersaturação mais alta do que para soluções de açúcar de alta pureza. Supersaturação
é expressa pela relação entre a quantidade de sólidos dissolvidos por unidade de água
contida na solução supersaturada e a que se continha na solução saturada de mesma
pureza e temperatura.
Métodos de medidas de supersaturação
O grau de supersaturação pode ser medido apenas por vias indiretas. Os métodos
comuns são:
• Brix refratométrico.
• Elevação do ponto de ebulição.
• Condutividade elétrica.
• Consistência.
Assim, a massa cozida, após ter sido processada nos cozedores, à temperatura na faixa
de 65-70°C e coeficiente de supersaturação de aproximadamente 1,20, é descarregada
nos tanques de cristalização. A massa é então mantida em regime de agitação lenta
sobre refrigeração, o que torna possível a continuidade do processo de cristalização
iniciado na fase de cozimento do xarope.

2.3.3.2 Centrifugação
Com o “licor-mãe” tecnicamente esgotado, é necessário separá-lo dos cristais para obter
o açúcar propriamente dito. Esse processo de separação do licor-mãe dos cristais de
açúcar é realizado pelo sistema de centrifugação através de turbinas centrífugas. As
centrífugas podem ser agrupadas em dois tipos principais: centrífugas intermitentes e
centrífugas contínuas. De forma geral, as centrífugas de açúcar compõem-se de um
cesto metálico telado, ao qual se conecta um eixo vertical através da sua extremidade
inferior (Figura 2.2). Este eixo, por sua vez, é acionado por um motor elétrico, sendo o
movimento transferido ao conjunto eixo/cesto através de polias. Assim, estando o motor
em funcionamento, seu movimento é transferido ao conjunto eixo/ cesto, provocando
rotação. Esse movimento de rotação, por sua vez, acaba por gerar força centrífuga no
interior do cesto.
Figura 2.2: Centrífuga convencional
Fonte: www.fcav.unesp.br/omir/aulastaa/aulasacucar/aulaacucar7.pdf

Dessa forma, quando o cesto se encontra em movimento, a tendência que se apresenta é


de a massa cozida espalhar-se sobre a superfície interna da tela. Com o aumento da
rotação, há intensificação da força centrífuga, fazendo com que o “licor-mãe” drene
através dos orifícios da tela. Os cristais de sacarose, por sua vez, são retidos no interior
da tela. No caso de centrífugas intermitentes, as porções iniciais do mel drenado são
denominadas de “mel pobre”. Porém, após a aplicação de água e injeção de vapor para a
remoção do filme de “licor-mãe”, que ainda permanece recobrindo os cristais de
sacarose (conferindo-lhes coloração escura). A porção de mel obtida apresenta maior
teor de sacarose. A junção desta porção (com maior teor de sacarose) com o “mel
pobre” resulta na obtenção do “mel rico”.

2.3.3.3 Secagem
Quando o açúcar possui umidade elevada, sua deterioração é acelerada, resultando em
maiores perdas. O inverso também é verdadeiro. No caso do açúcar demerara, devido ao
seu processo de centrifugação, seu teor de água situa-se na faixa de 0,5 - 2%. Assim,
independentemente do tipo de açúcar, faz-se necessária à realização da secagem do
açúcar de tal forma que a sua umidade seja reduzida aos níveis de 0,1 - 0,2%. Entre as
partes constituintes de um secador de açúcar, destacam-se o aquecedor de ar e um
ventilador que promove a circulação do ar quente em contracorrente à movimentação do
açúcar no interior do secador. A temperatura do ar de secagem não deve ultrapassar a
marca de 100°C. O ideal é que, na saída do aquecedor, o ar apresente temperatura na
faixa de 70 - 95°C. Nessa condição, tem-se a certeza de que não haverá prejuízos em
termos de qualidade decorrentes do amarelamento dos cristais por conta de
aquecimentos exercidos pelo ar empregado. Outra variável importante nessa fase do
processo é a velocidade do ar de aquecimento. A mesma deve ser regulada para
permanecer na faixa de 1 - 5 m/s. Contudo, a definição da melhor velocidade é
estabelecida por levantamentos realizados sobre eventuais arrastes de cristais finos de
açúcar. Se, numa determinada velocidade, esse arraste estiver ocorrendo de forma
significativa, devem-se adotar velocidades menores. Os secadores podem ser
horizontais ou verticais, sendo que seus comprimentos e capacidades de secagem são
variáveis.

2.3.4.1 Armazenamento em sacas


Embalagens de 50 a 1.500 kg podem ser encontradas nas usinas. As sacas de 50 kg,
bastante comuns, podem ser de algodão, polietileno e mistura de algodão e polietileno.
As embalagens maiores, também conhecidas como big-bag (Figura 2.3), são construídas
em polietileno e destinam-se ao fornecimento de grandes quantidades a indústrias de
alimentos (doces e refrigerantes). Os produtos para exportação podem ser
acondicionados nesses ou em outros tipos de embalagens, dependendo do produto, do
mercado de destino e das fi nalidades. Assim, no caso do açúcar demerara, utilizam-se
sacos plásticos impermeáveis visando a impedir a deterioração do produto, uma vez que
o filme de licor-mãe (que envolve os cristais) é higroscópico e possibilita o
desenvolvimento de bactérias que podem trazer prejuízos a qualidade do açúcar.

Figura 2.3: Acondicionamento de açúcar em big-bags


Fonte: http://confl ex.com.sapo.pt/caract.htm
3.1 Balanço de massa de açúcares redutores
O balanço de açúcares redutores totais é um dos cálculos mais recomendados nas
indústrias que fabricam açúcar e álcool, pois o mesmo tem como objetivo detectar e
mensurar todas as perdas de açúcares (glicose, sacarose, frutose) decorrentes do
processo industrial. Nos processos que possuem o objetivo de retirar o máximo de
sacarose no mel fi nal, é conveniente e possível realizar o “balanço de massa de pol”
para detalhar as perdas de açúcar (sacarose) que ocorrem no processo industrial.
Quando uma usina tem uma produção de açúcar e mel fi nal sem esgotar a sacarose na
seção de cristalização do açúcar ou quando se tem a fabricação de açúcar e álcool na
mesma planta industrial, é conveniente e recomendável realizar o “balanço de massa de
Açúcares Redutores Totais (ART)”. Ao realizar o balanço de pol, é difícil controlar e
mensurar as perdas de açúcares que ocorrem no processo industrial, principalmente nas
águas condensadas dos multijatos dos evaporadores e dos vácuos, na água de lavagem
de cana e nas canaletas. É nestas águas residuais que ocorre a inversão da sacarose e os
métodos analíticos medem açúcares redutores totais ou carboidratos totais

3.1.1 ART dos produtos fabricados


O índice de rendimento de fabricação do açúcar e do álcool (ARTprod) é dado por:

Onde: QAp = rendimento obtido de açúcar expresso como sacarose (kg/t cana)
VEp = rendimento de álcool expresso como etanol (l/t cana)

Observação
Quando há produção de leveduras secas ou venda de xarope ou mel, estes
devem ser convertidos em ART e o resultado acrescentado ao rendimento de
ART obtido com açúcar e álcool.

4.1 Qualidade do açúcar


Como qualquer produto alimentício, a qualidade do açúcar é regida por legislações
específicas, as quais abordam características físico-químicas, microbiológicas,
microscópicas e sensoriais.

4.2 Características físico-químicas


As características físico-químicas do açúcar se relacionam principalmente aos teores de
sacarose ou polarização (pol), resíduos mineral fixo, dextrana, índice de cor (ICUMSA),
teor de dióxido de enxofre, teor de umidade e teor de ferro.

4.2.1 Teor de sacarose


Na análise deste parâmetro, é verificada a pureza do produto, que está relacionada à sua
capacidade de adoçar. Menor teor de sacarose indica a presença de açúcares redutores
(glicose e frutose), dextrana, amido e cinzas. A especificação varia de 98,5 a 99,8%
dependendo do tipo de açúcar sólido.

4.2.2 Resíduo mineral fixo


O ensaio de resíduo mineral fixo ou teor de cinzas, como também é conhecido, verifica
o teor de impurezas (terra, areia, etc.) existentes na composição do produto que,
geralmente são provenientes da colheita da cana-de-açúcar. A não conformidade neste
ensaio, no caso de serem encontrados valores acima do limite da legislação, pode
representar alteração das características sensoriais do produto, conferindo-lhe uma
coloração mais escura e aspecto arenoso. A especificação varia de 0,04 a 0,2%.

4.2.3 Dextrana
É um polissacarídeo de alto peso molecular, formado pela deterioração microbiológica
da cana. Sua presença altera a pol do açúcar e alonga os cristais de açúcar. Provoca o
aumento da viscosidade das soluções açucaradas e reduz a taxa de filtração, além de
afetar o empacotamento e armazenagem do açúcar por mudança de densidade aparente.
Quando presente na produção de bebidas pode provocar turbidez, e em balas altera a
etapa de cristalização, enquanto em geléias pode alterar a consistência.

4.2.4 Índice de cor (ICUMSA)


Esta análise verifica se a coloração do produto está de acordo com a classificação
utilizada pelo fabricante no rótulo do produto. O termo ICUMSA refere-se à Comissão
Internacional para Métodos Uniformes de Análise de Açúcar. Quanto mais baixo esse
índice, mais claro, ou mais branco, é o açúcar. À medida que esse índice aumenta, o
açúcar vai adquirindo uma coloração mais escura. A coloração do açúcar está
diretamente relacionada: ao número de partículas carbonizadas presentes, o que
representa falha na higienização do equipamento que entra em contato com o produto,
uma vez que tais partículas são arrastadas durante o processo de fabricação; e ao
tamanho dessas partículas, ou seja, quanto menores as partículas, mais branco é o açúcar
e vice-versa. Um açúcar de cor mais escura na produção de alimentos pode alterar além
da cor, o sabor e o aroma dos produtos. A especificação varia de inferior a 45 a inferior
a 120.

4.2.5 Teor de dióxido de enxofre


Esse ensaio verifica a existência de resíduos de dióxido de enxofre (SO2) no açúcar
refinado. O dióxido de enxofre é adicionado durante a etapa de clarificação do açúcar.
Este método é utilizado para o branqueamento do melado da cana, de coloração escura.
Entretanto, esse aditivo deve ser eliminado, dentro de limites toleráveis, até o final do
processo, pois, traços residuais de enxofre podem ocasionar alterações sensoriais do
produto, principalmente, de sabor e odor, além de reações alérgicas e dores de cabeça,
no caso de concentrações maiores.

5.4 Características microscópicas


Esta análise verifica a presença de matérias estranhas no alimento, nocivas ou não,
qualquer que seja sua natureza, originadas de contaminação, em decorrência de práticas
inadequadas durante as fases de colheita, produção, processamento, armazenamento,
transporte e distribuição.

5.5 Características sensoriais


Esta avaliação, conforme definido na Resolução nº 12/78, avalia as propriedades
sensoriais inerentes ao produto e à matéria-prima. É verificado se tais propriedades não
foram alteradas durante o processo produtivo; por exemplo, verifica-se a presença de
traços residuais de enxofre no sabor e/ou odor do produto final, de sólidos em
suspensão, ou da presença de contaminantes naturais, como o ferro. As propriedades
sensoriais a serem verificadas são: aspecto, cor, odor e sabor.
As propriedades verificadas são:
• Aspecto – próprio do tipo de açúcar.
• Cor – própria do tipo de açúcar.
• Odor – próprio.
• Sabor – doce.
\

6. Considerações Finais
A qualidade do produto final está diretamente ligada à qualidade da matéria-prima que
deve ser avaliada através da amostragem na recepção. Portanto nesse aspecto destaca-se
a importância do pagamento diferenciado aos produtores da cana-de-açúcar de modo a
incentivar a produção limpa e o fornecimento de uma boa matéria-prima.
De nada adianta produzir um açúcar de qualidade se não for feita a estocagem correta
do produto. Portanto deve-se procurar manter as características do produto
industrializado empregando um armazenamento coerente às necessidades de
temperatura e umidade do açúcar.
No que diz respeito ao reaproveitamento dos subprodutos e resíduos da produção do
açúcar destacam-se como soluções o uso do bagaço como combustível nas caldeiras e
da torta de filtro na fertilização da lavoura canavieira, diminuindo assim os custos de
produção. E também a utilização do melaço na fabricação do álcool etílico e venda dos
resíduos excedentes alcançando dessa forma a maximização dos lucros.
Quando a indústria segue todas as etapas de produção do açúcar de maneira correta,
atribuindo o reaproveitamento de seus subprodutos e resíduos, ela está dessa forma
evitando impactos ambientais, e respeitando as leis vigentes.

Referências
ALCARDE, A.R. Processamento da cana-de-açúcar. Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – Embrapa. 2007, Brasília, DF. Anais...
ANDRADE, S.A.C.; CASTRO. S.B. Engenharia e tecnologia açucareira. Departamento
de Engenharia Química CTG – UFPE. 2006, Pernambuco. Anais...
GROFF, A. M. Fatores de Produção Agropecuária: Apostila, transparências e notas de
aulas. Campo Mourão: PP, Departamento de Engenharia de Produção, FECILCAM,
2010.
MEZAROBA, S.; MENEGUETTI, C.C. Fatores relacionados ao cultivo da cana-de-
açúcar. Trabalho da Disciplina de Fatores de Produção Agropecuária (Graduação em
Engenharia de Produção Agroindustrial) – Departamento de Engenharia de Produção,
FECILCAM, Campo Mourão, 2010.
PAQUETE, S. Quais as diferenças entre açúcar cristal, refinado, demerara e mascavo?.
2008. Disponível em:
http://mundoestranho.abril.com.br/alimentacao/pergunta_287168.shtml. Acesso em 10
de junho de 2010 às 20 hs 13.
PAYNE, J.H. Operações unitárias na produção de açúcar de cana; tradução Florenal
Zarpelon. São Paulo: Nobel S.A., 1989.
USINA ALTO ALEGRE. Aspectos microbiológicos. 2010. Disponível em:
http://www.altoalegre.com.br/. Acesso em 7 de junho de 2010 às 19 hs 36.

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