Ritmos Afro-Cubanos

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Os Ritmos

Afro-
Cubanos
Sua Importância
para
a Música
Contemporânea
Os ritmos afro-cubanos – nome genérico de vários estilos musicais originários de
Cuba e do Caribe – hoje ajudam a dar um colorido em músicas de estilos variados.
Isso fez com que eles se tornassem uma realidade no cotidiano de diversos músicos.
Tradicionalmente, os ritmos afro-cubanos são tocados com percussão, mas podem e
são adaptados para ser tocados na bateria, por isso a compreensão desse estilo é
importante para os bateristas. O padrão rítmico – ou pattern – da música afro-cubana
é a clave, sendo essencial o seu entendimento para o domínio dos seus fundamentos.
Ela é o “esqueleto” rítmico em que a bateria e os outros instrumentos de percussão se
apóiam. A clave é marcada, tradicionalmente, em um instrumento chamado de
claves, constituído de duas peças cilíndricas, feitas de madeira maciça, que são
tocadas batendo uma contra a outra. A clave (padrão rítmico) também pode ser
marcada com as palmas das mãos, com rimshots de caixa ou na lateral (cáscara) do
surdo. A origem dos ritmos afro-cubanos é uma fusão de ritmos africanos com a
música espanhola, resultando em várias formas de música, sendo que a mais
importante é o Son, raiz dos estilos afro-cubanos de música. O mais provável é que a
origem do Son tenha se dado na província Oriente, ao leste de Cuba. Derivada da
influência do ritmo africano, trazido pelos escravos, na música dos camponeses, o
Son era tocado por pequenas bandas que usavam violão flamenco ou “três” (um tipo
violão com três sets de cordas de tradição espanhola), uma seção rítmica com claves,
maracas, guiro e bongôs, e a marímbula (uma versão grande da kalimba) para os
baixos.

por Alaor Neves

Ao final do século 19, o Son começou a ser tocado em Havana,


ficando mais urbano e se popularizando até tornar-se um
estilo nacional na década de 1920.
Vários estilos – como o mambo, o tumbao e a rumba –
derivaram do Son.
Com uma origem diferente, mas incluída por causa da
influência recíproca com os ritmos afro-cubanos, temos o
merengue, que provavelmente tem uma influência francesa
(via Haiti), pois usa a fórmula 2/4, muito utilizada na música
folk (caipira). Os primeiros grupos de merengue usavam o
acordeom, a tambora (tambor com peles dos dois lados que é tocado com baqueta e abafado com a
outra mão) e a guira (um guiro de metal peculiar da música dominicana).
Nas décadas de 1970 e 80, devido ao grande contingente de imigrantes dominicanos que viviam em
Nova York, o estilo se popularizou muito e, com as influências da música norte-americana, aderiu
ao uso de outros instrumentos, inclusive a bateria, passando a usar tempos mais sofisticados em
seus arranjos, mas preservando os seus elementos básicos.
Nos anos 20, quando os porto-riquenhos começaram a imigrar para os EUA em grande número,
levaram os estilos afro-cubanos e suas músicas regionais na bagagem.
Esses imigrantes se instalaram numa parte do Harlem oriental, conhecido como El Barrio. Este
bairro teve um papel vital no desenvolvimento da música afro-cubana, servindo tanto como local
para as formas mais tradicionais, como terreno fértil para todo e
qualquer novo estilo.
A banda The César Concepcion, uma das tops nos anos 40 e 50,
fundiu a música afro-cubana tradicional com as big bands e isso
criou um forte apelo popular na audiência norte-americana.
Duke Ellington compôs várias músicas fazendo uso da fusão dos
dois estilos. O brilhante arranjador cubano Mario Bauza, que
trabalhou com Chick Webb e Cab Calloway nesse período,
também teve grande importância. Suas idéias determinaram o
surgimento do que se conhece como o jazz/afro-cubano, em
especial nos arranjos de metais.
Um dos fatos mais importantes da década de 1940 foi o
surgimento de Machito e seus Afro-Cubanos. Seu grupo era
composto por uma poderosa sessão rítmica, que incluía piano,
baixo, bongô e timbales, além das tradicionais congas
(tumbadoras), que se completavam com trompetes e saxofones tocando harmonias de jazz.
Machito (Frank Grillo), a cantora Graciela (sua irmã) e os Afro-Cubanos – com a primorosa
direção musical de Mario Bauza – revolucionaram a música com a combinação dessas formas. Eles
foram, com suas inspirações, a maior inovação de que se tem registro na música dos anos 40.
O mambo (ou montuno) e o latin/jazz se fixaram de forma definitiva na cultura norte-americana a
partir do trabalho de grupos como o de Jose Curbelo, que foi considerado um dos mais importantes
da década e tinha em sua formação o cantor Tito Rodrigues e o timbalero Tito Puente.
O latin/jazz, também chamado de “Cubop”, é o resultado da mistura do be-bop jazz com ritmos
afro-cubanos e seus instrumentos. Um concerto de Dizzy Gillespie no Carnegie Hall, em 1947, e a
gravação de The Peanut Vendor, no mesmo ano, marcou a chegada da nova forma. Neste concerto,
no Carnegie Hall, tornou-se conhecido o grande conguero Chano Pozo, um dos primeiros músicos a
se alicerçar fortemente na raiz da música afro-cubana.
Após isso, os experimentos de Stan Kenton com as músicas afro-cubana e brasileira em sua big
band e a continuidade do trabalho de Machito junto com grandes solistas de jazz deu fôlego para
que o latin/jazz continuasse a crescer durante a década de 1950.
Nos anos 60, o músico Changuito, percussionista da banda Los Van Van, criou um novo estilo, o
Songo, adequado para ser tocado com congas e na bateria. Isso influenciou os bateristas de latin-
jazz da década de 1980, que trouxeram esta herança para a música contemporânea.
Atualmente, os ritmos afro-cubanos, com os seus instrumentos e a bateria, são utilizados em todos
os tipos de música, como a world music, o jazz, o pop e o rock.

Só para lembrarmos, a clave não é tradicionalmente tocada em 6/8. Só tentamos mostrar como ela
se relaciona com o pattern de cowbell. No oeste da África, os ritmos se baseiam em 6/8. Em Cuba,
um ritmo bem popular é o Bembe, que tem uma conotação religiosa. O Bembe envolve não somente
o ritmo, mas também o canto e a dança, e é tocado com a sensação de estar em 6/8. Os instrumentos
originalmente usados são tambores agudos, médios e graves, shekeres e o hoe blade (lâmina da
enxada sem o cabo).
A clave em 6/8, contada em 6/8. Toque no aro da caixa:

Nosso próximo passo é entender como a clave é tocada em 4/4. Transformamos as notas em
quiálteras de colcheia, ficando assim:
Agora a clave sendo tocada junto com o pattern de cowbell:

Vamos ver agora, com a mão direita, o pattern do cowbell e com a esquerda o pattern da clave
bembe, e o pé esquerdo marcando o tempo forte com o chimbal:

Pattern de cowbell, com adição do bumbo na primeira nota do tempo um, e bumbo opcional na
última nota do tempo quatro:

Podemos simular nos toms a parte básica das congas:

Executando tudo junto agora. É o Bembe em toda a bateria:


Existe também a clave de Rumba, que é a clave usada em uma outra mistura rítmica chamada de
Rumbas. A clave de rumba é tocada em 4/4, e existem duas claves, a 3 - 2 e a 2 -3. A clave 3 - 2 tem
esse nome porque ela é executada em dois compassos, sendo três notas no primeiro e duas no
segundo, e com a 2 - 3 acontece o contrário. Veja os exemplos abaixo:

Também existe a clave de Son. Son é uma combinação de ritmos africanos com harmonias
espanholas. A única diferença entre a clave de Rumba e a de Son é somente uma nota. Ela é
conhecida como clave de Salsa, por ser usada também na salsa.

A Cascara, no próximo exemplo, é tocada com a mão direita batendo na lateral do surdo, se é que
temos coragem de bater na madeira finamente laqueada! E a mão esquerda no aro da caixa. A mão
direita faz a Cascara, enquanto a esquerda faz a clave de rumba em 3 - 2.

Cascara, na mão direita e com a clave de Rumba 2 - 3 na mão esquerda:

Guaguanco é o mais popular tipo de rumba, especialmente em Porto Rico e New York. É tocado
por três músicos, em congas de diferentes tamanhos, com diferentes tonalidades. As três congas
chaman-se: Quinto para solos, o Salidor que mantém a pulsação rítmica, e o Três Golpes que tem a
função de acompanhamento. Este fantásticos ritmo, adaptado para a bateria convencional, fica
assim:
Conga, é o ritmo oficial do carnaval em Cuba. É chamada de comparsa, a “escola de samba”
cubana e se constitui de várias seções de tambores, metais, bailarinos e cantores, que invadem as
ruas em uma celebração frenética. A conga básica na bateria é assim:

Mozambique, adaptado a partir dos ritmos de conga, popularizado em New York por Eddie
Palmiere e sua banda, que contava com Manny Oquendo, grande timbalista. O ritmo não tem
nenhuma relação com a nação africana de mesmo nome, acredita-se que o nome foi dado somente
pela origem.

Songo é o ritmo cubano criado especialmente para a bateria. Sua criação é atribuída ao grande
percussionista cubano “Changuito” do grupo “Los Van Van” e foi muito usado nas décadas de 70 e
80.

Merengue é um importante ritmo com raízes africanas, mas não é afro-cubano. O merengue é
originado da República Dominicana. O pattern tradicional básico divide-se em três seções. A
primeira é chamada merengue, a segunda jaleo e a terceira, que também é chamada de seção de
swing, apampichao. A tambora, tambor com pele nas duas extremidades tem um importante papel
na seção rítmica tradicional do merengue. Ela é tocada em ambos os lados com as mãos, uma com
baqueta e outra sem. Também são usadas as congas e o guiro. O merengue é tocado na bateria com
o surdo, o aro do surdo e o aro da caixa (cross stick) simulando a parte da tambora. A mão
esquerda imita o que é tocado em um lado da tambora e a direita, a outra pele. Vamos ao merengue
na bateria:

Alex Acuña
MD: Qual é a maior influência da música afro-cubana na música
atual?
Acuña: Na verdade, toda a música afro-cubana em geral ainda é
uma grande influência em todos os tipos de música. Não só na
world music, mas também no jazz e no pop rock. As maiores
influências são os ritmos, os instrumentos e o jeito que vem sendo
tocado nos últimos 50 anos.
MD: Quais artistas/bandas foram influenciados por esses estilos e
como?
Acuña: Posso citar Weather Report, Santana, Gloria Stefan &
Miami Sound Machine, que foram bastante influenciados usando
músicos latinos e escrevendo músicas com toques e levadas latinas características.
No jazz, desde Dizzy Gillespie até as bandas atuais de latin jazz.
MD: O que distingue a percussão afro-cubana das outras?
Acuña: A clave, que é um instrumento e um padrão, a conga e muitos outros instrumentos da
música caribenha. A clave é a âncora da música cubana, um padrão muito forte. Tudo o que for
tocado será dentro deste padrão de clave – todos os ritmos, todas as frases da composição, todas as
músicas e arranjos.
Quando você estiver craque na clave, atingirá uma incrível liberdade para tocar o que quiser, mas,
para isso, precisará de muita prática, disciplina e perseverança.
MD: Quais instrumentos de percussão você costuma adicionar ao seu kit de bateria?
Acuña: Os principais instrumentos latinos, como congas, bongôs, timbales, cowbells e o cajon.

Walfredo Reyes Jr.


MD: Qual é a maior influência da música afro-cubana na
world music?
WR: Primeiro, o que considero world music é a música com
origens folclóricas de diferentes nações do mundo. Tendo
colocado isto, acho que a maior influência da música cubana
(não apenas a afro-cubana) na world music tem sido o tipo
popular, como o mambo, o bolero, o cha-cha-chá, o danzon, a
charanga, o comparsa (carnaval de rua cubano) e outros estilos que começaram a ser ouvidos no
mundo após 1940. Não são estilos afros, nem europeus. É a junção dos dois que o torna “cubano”.
A música cubana é uma mistura da música espanhola, moura, indígena (Taino, Arawaqs) e
africana, que teve influência de diferentes partes da África, pois os escravos vinham de diversas
regiões e cada uma delas tinha sua própria língua e cultura.
Nos últimos 40 anos, com o avanço da tecnologia e das técnicas de gravação, podemos ouvir mais as
músicas afro-religiosas que costumavam ser ouvidas nos lugares isolados de Cuba – instrumentos
como a bata drums (tambores religiosos Yoruba), Chekeres (Agbes) e outros ritmos religiosos
africanos preservados em Cuba como Palo Monte (do Congo) e abacua.
Estes ritmos e instrumentos foram incorporados pela música dance popular de Cuba. Em todos os
lugares do mundo, os músicos são influenciados pela música cubana e emprestam dela algumas de
suas características. O produto final é deles, mas a origem é cubana.
MD: Quais artistas/bandas de outros estilos foram influenciados e como?
WR: A música cubana sempre esteve presente na América Latina, mas nos anos
40 começou a influenciar o jazz e outras músicas da América do Norte. Os
americanos começaram a imitar e criar suas versões de rumba, bolero e cha-cha-
chá. Depois Dizzy Gillespie gravou Manteca, de Chano Pozo, com sua big band e
o ritmo de conga se popularizou. Isso promoveu um intercâmbio de bandas
americanas que foram para Cuba e vice-versa. A música evoluiu e novos estilos
foram desenvolvidos. Bandas como a de George Shearing (com Armando
Peraza), Cal Jader, Charlie Parker e muitos outros tocaram ritmos influenciados
pela música de Cuba.
No final dos anos 50, as relações entre Cuba e Estados Unidos foram
interrompidas e a porta musical se fechou. Os imigrantes de Cuba e Porto Rico,
junto com artistas de Nova York e de outros países, mantiveram a música
cubana viva. Esta música foi rotulada como salsa, assim como vários estilos são rotulados por
gravadoras para fins de vendagem, como música soul, etc.
Nos anos 60, bandas como Santana, Traffic, Crosby, Stills & Nash, Stevie Wonder e grupos de rock
adaptaram timbales, congas, bongôs, cowbells e maracas à sua música. Nos anos 70, 80 e 90, Cuba
passou a exportar todos os tipos de ritmos folclóricos, religiosos, danças populares, jazz cubano,
clássico, etc., para o mundo inteiro, influenciando a todos.
MD: O que distingue a percussão afro-cubana das outras?
WR: Alguns dos instrumentos da percussão cubana, como a tumbadora e os timbales, foram
inventados nas ilhas. Outros são exatamente do jeito que os escravos usavam na África, como a
bata drums e o chekere do povo Yoruba. Esses ritmos foram transferidos para a bateria, mas na
origem não eram para este instrumento.
MD: Quais instrumentos de percussão você gosta de acrescentar ao seu set de bateria?
WR: Às vezes toco percussão e às vezes bateria, mas também gosto de misturar os dois,
principalmente por duas razões em especial: diversão e razões econômicas. Quando temos ritmos
em que precisamos de seis ou sete instrumentos e há apenas um percussionista e um baterista, você
tem de criar e fazer os ritmos acontecerem. Dependendo da música e de quantos músicos tenho
para cobrir estes ritmos, incluo no meu set instrumentos como timbales, congas, bongôs, efeitos
sonoros, djembes, toms indianos, etc. As possibilidades são infinitas. É um desafio muito bonito que
se transforma em arte... a arte de batucar.
MD: Quais livros, vídeos ou métodos você recomendaria para as pessoas que gostam do estilo ou
que querem aprender?
WR: Recomendaria livros como o de Ed Uribe, Afro Caribbean Rhythms, o livro de Changuito
com Chuck Silverman sobre timbales, e os livros de Richie Garcia sobre congas e timbales. Há
muitos vídeos que você pode ver, como El Negro & Chuck Silverman Drummers Of Cuba.
Também existem cinco livros de Fernando Ortiz que são considerados a Bíblia da música cubana.
Eu também estarei fazendo meu DVD em novembro, que será lançado em 2004. Veja meu website
para mais informações: www.walfredoreyesjr.com

Dinho Gonçalves
MD: Cite alguns exemplos de influência  afro-cubana
na MPB.
Dinho: Em suas composições, Baden Powel criou
algumas células rítmicas que nos reportam, sem
dúvida, ao afro-cubano. Clara Nunes fez o mesmo em suas músicas, com a inclusão de
atabaques e agogôs que lembram os grooves afro-cubanos. O próprio Gilberto Gil, com
toda a influência da Bahia, usou e abusou de células afro-cubanas e afro-brasileiras.
MD: É válido  afirmar que a hegemonia da percussão afro-cubana dos anos 70 e 80, na
Europa e Américas, deu lugar a outras sonoridades - africana, brasileira, árabe e
indiana?
Dinho: É Sim, a hegemonia da percussão afro-cubana abriu espaço para um mix da
percussão africana (ex-colônias européias na África), indiana (Ravi Shankar), árabe e
brasileira (embora eles tenham dificuldade em executar nossos ritmos). E isso faz com
que muitos músicos usem uma ou outra célula rítmica de algumas dessas regiões na
busca de novos sons e timbres
MD: Na sua opinião, a alfaia, o pandeiro, o zabumba, entre outros, substituíram os
timbales, bongô e congas, na percussão da nossa música
popular?
Dinho: Não, esses instrumentos produzem sons específicos que
lembram os nossos ritmos, inclusive pela sua maneira, às vezes,
única de tocar. O som de um pandeiro é o som de um pandeiro, e
isso ocorre com os outros instrumentos (sons de timbres
específicos). Dessa forma, procurar substituir o som de um
timbale, bongô ou congas por um instrumento nosso tiraria a
autenticidade sonora e descaracterizaria a legitimidade daquele
som. É como se colocar uma tabla num samba batucada.
MD: Qual a maior dificuldade em tocar um ritmo afro-cubano na
bateria e como podemos vencer essa dificuldade?
Dinho: Nos ritmos afro-cubanos a maior dificuldade está na
independência; como no samba – sem entrar no “quesito” molho
(swing) –, é necessário que se execute o ritmo fazendo notas
diferentes para cada membro (mão direita, mão esquerda, pé direito e pé esquerdo).
Acredito, por experiência própria, que a melhor maneira é:
1. manter o chimbal (pé esquerdo) conservando o tempo em 4;
2. executar a célula rítmica da mão direita;
3. executar a célula da mão esquerda;
4. colocar o bumbo.
Tudo isso deve ser feito bem lentamente para adquirir um condicionamento de cada
membro, até que o ritmo todo se torne único. Você também pode optar pela célula que
se apresenta com maior dificuldade. Por exemplo: bumbo e mão esquerda, ou mão
esquerda e mão direita, etc. Ouvir bastante faz com que se incorpore o ritmo, adquirindo
maior fluência ao tocá-lo.
MD: De um exemplo de como esses ritmos ajudam na
independência dos quatro membros?
Dinho: Quando você faz algum ritmo em que algumas
peças tocam juntas, é fácil de executar. Quando o
ritmo é feito de notas que são tocadas separadas –
como por exemplo: a mão direita toca duas notas, a
esquerda toca três notas com pausa, o pé direito no
bumbo executa as notas de suporte rítmico e o
esquerdo dá o apoio -, fica parecendo que temos três
ou quatro cérebros trabalhando simultaneamente, cada
um em um departamento. Um dos grandes segredos para a obtenção dessa
independência é procurar a célula na qual você sente o maior conforto e a partir daí ir
colocando as outras conduções que formam o ritmo. O lado bom de todo esse esforço é
que a partir do momento em que você consegue a independência em um ritmo, vai usá-la
em todos os outros ritmos, porque a independência passará a fazer parte de seu
cérebro.
MD: Na sua opinião qual dos ritmos afro-cubanos é o mais complicado de se tocar, e
porque?
Dinho: Normalmente, ao tocarmos um ritmo, ele é executado em 4/4 (jazz, rock, etc.) ou
em 2/4 (samba e alguns ritmos regionais). Ocorre que, originalmente, uma boa parte dos
ritmos africanos são feitos em 6/8. Em Cuba, eles mantiveram esse conteúdo e
adaptaram as vozes dos tambores africanos nas diversas alturas para a bateria.
Procuram reproduzir o som feito por quatro percussionistas na bateria e isso torna a
execução mais complicada, além de contar os compassos em seis, o que não é tão
familiar para nossa cultura.

Batá – Cuba; Tambores sagrados de duas peles. Usado especialmente em Cuba. Eles vieram do
povo Yoruba da Nigéria.
Bongos – Par de pequenos tambores, geralmente segurados nos joelhos e tocados com os dedos. O
tambor menor é chamado de macho e o maior é chamado de hemra. As peles geralmente consistem
de pele de cabra. O macho é afinado em do e o hembra é afinado em lá.
Campana – Um sino (cowbell) anexado à estante de timbales ou segurado em uma mão, tocado
com uma baqueta de madeira. Na Salsa ela marco um ritmo bastante constante (1º e 3º tempos do
compasso).
Cascara – Batida com a baqueta ao lado do surdo para marcação da clave.
Clave – Um padrão rítmico de dois compassos, consistindo de cinco notas, que é a base rítmica de
muitas músicas afro-cubanas, antilhas e brasileiras. Há vários ritmos de claves para diferentes tipos
de música cubana, brasileira e da África Ocidental.
Claves – Um par de cilindros de madeira dura, que são usadas para tocar os ritmos de clave.
Conga – O mais importante tambor de mão da música afro-cubana e tem a altura aproximada de 75
cm. O conjunto completo de congas contém três tambores de diferentes diâmetros - quinto, conga e
tumba.
Güira – Um instrumento de percussão usado principalmente no merengue. O som é produzido
arranhando a superfície corrugada com um arranhador de metal em formato de garfo.
Güiro – Instrumento de percussão usado na América Latina, feito de uma cabaça seca e oca, em
cuja superfície são cavadas estrias. O som é produzido arranhando essas estrias com uma vareta.
Güicharo – Instrumento de percussão similar ao güiro, mas geralmente menor e com estrias mais
finas. É tocado com um arranhador de metal com formato de garfo. É usado principalmente na
música porto-riquenha.
Hembra – O maior tambor de um par de bongôs.
Macho – O menor tambor de um par de bongôs.
Maracas – “Guizos ou chocalhos segurados nas mãos, feitos das cabaças, côcos, madeira ou couro
cru e com grãos no interior. Encontrado nas Américas como também na África”. Na Salsa moderna,
as maracas se transformaram nos mais importantes instrumentos de percussão porque elas
adicionam um pulso de condução no espectro de alta freqüência. A importância delas para a Salsa é
como o papel do chimbal e da caixa na bateria da música Pop/Rock.
Merengue – Ritmo e dança oriundos da República Dominicana.
Palito – Baqueta para tocar contra o lado de um tambor na rumba. Outros termos são guagua,
cascara e catá. Os ritmos que eles tocam são leves elaborações na clave. Eles servem ao mesmo
propósito, tocam o mesmo padrão de dois compassos sem variações na música inteira.
Quinto – O menor tambor no set de Conga com o som mais brilhante, com cerca de 28 cm de
diâmetro.
Salsa – Uma combinação de diferentes ritmos e estilos de músicas caribenhas, fortemente
influenciadas pelo Son cubano, que foram divulgados para o mundo a partir de ‘El Barrio’ em Nova
York, durante o início dos anos 60. Dali espalhou-se pelas Américas (Norte, Central e Sul) e então
para todos os outros continentes. Seus instrumentos mais importantes são timbal, conga, bongô,
claves (tudo percussão), trompete/trombone e piano latino.
Son – A raiz cubana de quase todos os estilos afro-cubanos de hoje.
Tambora – Tambor, com duas peles, que é usado principalmente no Merengue.
Timbal – Set de bateria típico de Salsa: consistindo de 2 tambores afináveis em diferentes em tons,
2 cowbells, pratos e blocks. Tocado com duas baquetas.
Tres – Violão cubano com três pares de cordas.
Tumba (ou Salidor) – O maior tambor no set de Conga com o som mais profundo, com cerca de
31,75 cm de diâmetro.
Tumbadora – Termo cubano para congas.
Tumbao – O mais importante ritmo padrão para congas, tocado na tumba e na conga.

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