Branding Digital: o Desafio Das Marcas Na Atualidade
Branding Digital: o Desafio Das Marcas Na Atualidade
Branding Digital: o Desafio Das Marcas Na Atualidade
RESUMO
O presente artigo apresenta um estudo sobre o cenário atual da web e das marcas, buscando refletir sobre
como atuar e quais os desafios das marcas no desenvolvimento do branding digital. Realiza-se um estudo
geral sobre a evolução da comunicação sob o ponto de vista da comunicação visual e sobre a evolução do
conceito e da revolução da internet na sociedade. Ao mesmo tempo, faz-se um estudo sobre a evolução do
conceito de marca, chegando-se ao branding internet a partir da configuração da web 2.0 e das mídias
sociais como ferramentas de comunicacao para as marcas. A partir da pesquisa foi possível perceber que a
atual configuração da web, com o surgimento das mídias sociais e a alteração da relação dos usuários na
rede, alterou de maneira intensa a relação do consumidor com as marcas, pois, ele deixa de ser apenas o
consumidor para contribuir com a construção de conteúdos da marca. E é neste sentido é que se
encontram os maiores desafios do branding digital.
1 INTRODUÇÃO
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Trabalho apresentado no DT 6 – Interfaces Comunicacionais do XIII Congresso de Ciências da Comunicação na
Região Sul realizado de 31 de maio a 2 de junho de 2012.
2
Artigo desenvolvido pela pós-graduada Valéria Casaroto Feijó (e-mail para contato:
valeria_f@unochapeco.edu.br.), do Curso de Design e Gestão de Imagem da Universidade Comunitária da Região de
Chapecó – Unochapecó, sob orientação do Prof. Dr. Luiz Salomão Ribas Gomez.
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A Arpanet foi a primeira rede de computadores construída entre a Universidade da Califórnia – Los
Angeles - SRI - Stanford Research Institute - Universidade de Utah e Universidade da Califórnia – Santa
Bárbara, em 1969. O sistema utilizava uma rede telefônica normal e no início a atividade principal que se
desenvolvia na comunidade virtual da Arpanet era o que o atualmente chamamos de correio eletrônico, e-
mail (CASTELLS, 2003).
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Somente por volta de 1987 o uso comercial da internet seria liberado nos
Estados Unidos; e, no início da década de 1990, ela começou a se expandir em muitas
redes ao redor do mundo.
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não é nada estruturado pelas marcas. Neste sentido, faz-se necessário entender o
conceito de marca e, ainda, entender a evolução deste conceito para o cenário atual, a
fim de compreender como a internet pode ser usada como ferramenta para o
desenvolvimento do branding digital.
3 MARCAS
As marcas como conhecemos hoje têm cerca de um século, mas, por volta de
1890, a maioria dos países industrializados já possuía uma legislação específica sobre
proteção e uso das marcas.
A American Marketing Association (AMA) conceitua o termo “marca” de uma
forma básica: a marca é um nome, termo ou sinal, símbolo, ou uma combinação com a
função de identificar bens ou serviços de um vendedor, ou de um grupo de vendedores,
diferenciando-os de seus concorrentes.
Sampaio (1999) explica que a marca adiciona sentimentos, personalidade,
exclusividade ao produto. A marca dura muito mais que um simples produto, é a única
que possui uma propriedade eterna.
Tavares (1998) diz que a marca estabelece um relacionamento e uma troca de
intangíveis entre pessoas e produtos. O produto é o que a empresa fabrica, o que o
consumidor compra é a marca.
Para Randazzo (1997, p. 25), “[...] sem marca, um produto é uma coisa – uma
mercadoria, um saquinho de café ou uma lata de sopa.” Desta maneira, o consumidor
terá como percepção apenas o produto sob a condição de coisa, por seus atributos
funcionais e racionais.
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Neste sentido, Martins (1999) suscita a questão de que existe uma predisposição
natural de as pessoas darem mais valor ao que as agrada, seja o nome, seja o design, e,
além disso, se houver elementos emocionais adequados às demais características da
marca, esse público agregará ao produto um valor muito maior e uma percepção muito
melhor.
Compreender a marca na sociedade contemporânea é compreender a evolução
não somente dos mercados, mas a de toda sociedade e da cultura. O consumidor
contemporâneo busca mais do que um produto, busca um universo capaz de envolvê-lo.
Levando-se em consideração a questão de que o consumidor busca mais do que
benefícios físicos, passa-se a entender que a marca, na sociedade contemporânea, “[...]
existe num espaço psicológico, na mente do consumidor. É uma entidade perceptual,
com um conteúdo psíquico definido que é maleável e dinâmico.” (RANDAZZO, 1996,
p. 27).
Destaca-se, assim, que todo produto ou serviço possui também um espírito
natural, que é resultado das associações entre imagens e sentimentos do inconsciente
coletivo da humanidade. Martins (1999) afirma que um dos fatores principais de marcas
bem-sucedidas deve-se à associação do produto à emoção que existe no imaginário
coletivo.
Assim, pode-se dizer que a marca é o conjunto de tudo o que ela representa na
mente do consumidor, a imagem da marca. Essa imagem contém, ao mesmo tempo,
componentes do produto e perceptuais que irão compor o universo mágico do mundo
possível da marca.
Dentro desta perspectiva de criação do universo da marca é que a internet, junto
com toda a revolução da tecnologia, emerge e apresenta-se como uma ferramenta de
grande potencial.
A internet aproxima a marca de seus públicos, viabiliza a cocriação de produtos
e conteúdo, ajuda na disseminação da imagem da marca e reforça o contato com o
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A Web 2.0 pode ser considerada uma nova concepção, que passa agora a ser descentralizada e na qual o sujeito
torna-se um ser ativo e participante sobre a criação, seleção e troca de conteúdo. O termo Web 2.0 foi usado pela
primeira vez em outubro de 2004 pela O’Reilly Media para designar uma segunda geração de comunidades e serviços
baseados na plataforma Web, como wikis, redes sociais, sites de busca e blogs. (TELLES, 2010, p. 39).
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Neste novo cenário, o que se pode pressupor é que o objetivo deva ser fazer o
que o consumidor espera da empresa e integrá-lo aos processos. E o consumidor quer
ser ouvido, quer participar dos processos da empresa. Afinal, os produtos são feitos para
ele (BRETZKE, 2000).
Assim, pode-se perceber que, como no ambiente offline, os consumidores não
estão interessados na tecnologia por trás das páginas ou nas ferramentas utilizadas pelas
marcas, mas apenas nos benefícios que estas trarão para suas vidas, complicadas e
estressantes.
De acordo com Limeira (2003), o mais importante para as pessoas são as
experiências do aqui e agora. As ações diante da tela produzem aspirações e ideias,
imediatamente. As ideias não mais precedem a sua realização, já que nesse mundo as
ideias não são mais uma propriedade dos criativos: ao contrário, as ideias nascem do
inter-relacionamento entre as pessoas, as máquinas e as sensações que experimentam,
em cada navegação.
Assim, o que de fato conta é a experiência sensorial das pessoas, a realização das
suas viagens no ciberespaço, de preferência para lugares bem distantes do mundo
rotineiro e convencional que elas estão acostumadas a ver em outras mídias.
De fato, com o surgimento da internet, as marcas adquiriram uma nova
dinâmica, não se altera apenas a gestão delas, mas também a forma como elas são
interpretadas e construídas pelos consumidores.
Com o crescimento e a evolução da internet, muitas empresas não compreendem
processo de branding e posicionamento digital, acabam cometendo erros no processo de
gestão da marca neste universo. Sabe-se que, por não haver barreiras geográficas e
temporais, os consumidores estão expostos a um maior número de propagandas,
promoções e diversidade de marcas.
De acordo com Aaker e Joachimsthaler (2000), assim como no cenário offline,
as marcas precisam criar experiências que as construam na internet, e isso requer novas
perspectivas, habilidades e compreensão das particularidades da web.
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Neste sentido, a utilização do branding digital fará com que a relação das
pessoas com suas marcas seja o conjunto de experiências, trocas, percepções, tentativa e
erro, pensamento e experiência, tudo simultaneamente, no mesmo lugar.
Assim sendo, o sucesso de uma marca na internet é condicionado pela
capacidade dela de interagir com consumidores e usuários. “Na internet, o usuário é
quem decide com qual mensagem deseja interagir. O controle é dele.” (LAS CASAS;
OLIVEIRA, 2010, p. 136).
Segundo Ciaco (2008), já é possível perceber o entendimento por parte de alguns
gestores de marcas em relação ao papel do branding digital, no sentido de que, a partir
de agora, não se trata apenas de construir marcas, mas sim de gerenciar a construção
delas em ambientes interativos, com os consumidores como cocriadores do processo.
Muito se tem ouvido falar sobre as questões das marcas na web, nas mídias
sociais e nos ambientes virtuais, discussões em torno do assunto buscam respostas de
como atuar da melhor forma; o que se verifica é que inúmeras marcas vêm conseguindo
isso a partir da sensibilidade, da observação e da utilização das estratégias de branding
geradas offline.
Há uma falsa impressão de que estar na web, com perfis em todas as mídias
sociais, já é suficiente para que a marca se relacione com o consumidor. Entretanto,
5
Ricardo de Paula. A magia e a maldição das mídias sociais. Disponível em:
<http://www.midiassociais.net/2011/04/a-magia-e-a-maldicao-das-midias-sociais>. Acesso em: 13 mar.
2011.
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estar presente na web é de fato conversar, partilhar informações, ouvir e ser ouvido,
construir um relacionamento e, acima de tudo, gerar experiências sensoriais.
De fato, é importante destacar que de nada adianta a marca partir para a
plataforma web sem que os alicerces básicos de marketing e branding sejam trabalhados
antes, pois assim a marca estará apenas migrando para uma nova plataforma, sem ao
menos saber como se relacionar com seus consumidores fora do ambiente digital.
Portanto, é importante para as empresas perceber que muitos são os desafios e as
ferramentas para a construção de marcas na internet. E, apesar de sua linguagem, suas
características e especificidades, esses desafios e ferramentas não estão muito distantes
do que é necessário para construir marcas no cenário offline.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Assim, de acordo com Laudon e Laudon (2004), existe uma promessa secreta,
embutida na mente de todos os usuários da internet: a liberdade infinita para essas
pessoas, liberdade é quando se vive em um mundo de conceitos e não em um mundo de
ações. O grande desafio na atualidade é tornar o mundo rotineiro e igualitário do
consumidor em um mundo inovador; e, no ciberespaço, o consumidor espera que as
marcas ofereçam algo a mais, que propiciem a ele viagens e experiências sensoriais
ilimitadas. Este é o principal desafio das marcas dentro desta perspectiva de web 2.0.
O branding é essencial nesse contexto, pois é a partir dele que as marcas
permitem que, através do consumo, se possa viver em um mundo de ficção, mágico, no
qual o consumidor pode se transformar naquilo que quiser, o mundo da marca. Na
internet, esse conceito se mantém. E, através das ações da marca na web, o consumidor
deverá sentir-se parte daquele universo, experimentar, experienciar a marca e tudo o que
ela pode proporcionar.
A partir do momento em que os consumidores se identificam com a marca na
web, envolvem-se, acreditam e vivenciam o universo perceptual da marca, passam a ser
fiéis a ela, trazendo para si próprios individualmente, ou para seu grupo, os conceitos
inerentes à marca, fazendo-a funcionar como religião, transformando-a em cultura de
marca.
Vale ressaltar que muito ainda precisa ser estudado sobre o assunto, pois trata-se
de um tema relativamente novo e que muito ainda tem a evoluir. Porém, é importante
afirmar que, a partir das discussões realizadas neste estudo, é possivel perceber que as
marcas e empresas que estão ganhando destaque no branding digital muitas vezes não
são aquelas que estão fazendo altos investimentos no meio digital, mas sim aquelas que
entendem o meio e seus consumidores e que perceberam que o que acontece no mundo
real influencia a percepção no mundo virtual.
REFERÊNCIAS
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CIACO, João Batista. Blogar é preciso. Navegar não é preciso. Webinsider (on-line),
São Paulo, UOL, setembro de 2008. Disponível em:
<http://webinsider.uol.com.br/index.php/2008/09/18/blogar-e-preciso-navegar-nao-e-
preciso>. Acesso em: 1 maio 2011.
FLUSSER, Vilém. Ensaio sobre a fotografia: para uma filosofia da técnica. Lisboa:
Relógio D'Agua, 1998.
LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing: conceitos, exercícios e casos. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 1997.
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PAULA, Ricardo de. A magia e a maldição das mídias sociais. Disponível em:
<http://www.midiassociais.net/2011/04/a-magia-e-a-maldicao-das-midias-sociais>.
Acesso em: 13 mar. 2011.
SPYER, Juliano. Conectado: o que a internet faz com você e o que você pode fazer
com ela. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.
TAVARES, Mauro Calixta. A força da marca: como construir e manter marcas fortes.
Rio de Janeiro: Campus, 2001.
TELLES, André. A revolução das mídias sociais: cases, conceitos, dicas e ferramentas.
São Paulo: M. Books do Brasil, 2010.
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