DIU Febrasgo
DIU Febrasgo
DIU Febrasgo
E RECOMENDAÇÕES
FEBRASGO
NO 1 • 2018
USO DE DISPOSITIVOS
INTRAUTERINOS (DIU)
EM NULÍPARAS
Machado, Rogério Bonassi. Uso de dispositivos intrauterinos (DIU) em
nulíparas - - São Paulo: Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2017. (Série Orientações e
Recomendações FEBRASGO, no. 1/Comissão Nacional Especializada
em Anticoncepção).
13p.
i
COMISSÃO NACIONAL
ESPECIALIZADA EM ANTICONCEPÇÃO
Presidente
Rogério Bonassi Machado
Vice-Presidente
Ilza Maria Urbano Monteiro
Secretário
Jarbas Magalhães
Membros
Carlos Alberto Politano
Cristina Aparecida Falbo Guazzelli
Dalton Ferreira
Jaqueline Neves Lubianca
Luis Carlos Sakamoto
Maria Auxiliadora Budib
Marta Curado Carvalho Franco Finotti
Milena Bastos Brito
Sheldon Rodrigo Botogoski
Sílvio Antônio Franceschini
Tereza Maria Pereira Fontes
Zsuzsanna Ilona Katalin Jármy Di Bella
ii
SÉRIE ORIENTAÇÕES E RECOMENDAÇÕES FEBRASGO
USO DE DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS (DIU) EM NULÍPARAS
Apresentação
Os Dispositivos Intrauterinos (DIUs) em uso na prática diária , tanto o de cobre quanto o Sis-
tema Intrauterino com Levonorgestrel (SIULNG) são métodos seguros e bem tolerados, com
taxas de falha na vida real semelhantes à esterilização cirúrgica feminina.
Nos critérios de elegibilidade para uso dos métodos contraceptivos, propostos pela OMS ,
para orientação dos médicos e profissionais da saúde, os DIUs , tem um amplo espectro para
sua indicação, com escassas situações onde não devem ser utilizados. Basicamente estas se
restringem às mulheres que sangram muito ou têm cólicas, miomas grandes ou tumores
no útero. Durante décadas o seu uso foi contraindicado para mulheres nulíparas, estando
estas listadas no rol de contraindicações relativas. Com o evoluir da tecnologia de fabricação
e com as novas publicações a respeito, oferecendo resultados altamente positivos, tem se
verificado um crescimento do uso do DIU nestas pacientes, em todo mundo.
Nesta revisão bibliográfica realizada pelo Prof Rogério Bonassi e referendada pela Comissão
Nacional Especializada de Anticoncepção da Febrasgo, o autor foca especificamente uma
situação que os médicos se deparam com muita frequência na sua prática diária que é a
escolha de um método contraceptivo de longa duração para pacientes jovens , adolescentes
e nulíparas. Nestas situações os DIUs tem um lugar especial nas indicações. O conteúdo do
texto mostra claramente que esta pode ser uma boa opção para o ginecologista.
Prof. Dr. Marcos Felipe Silva de Sá Prof. Dr. César Eduardo Fernandes
Diretor Científico Presidente
iii
Como citar:
Machado RB. Uso de dispositivos intrauterinos (DIU) em nulíparas. In: São Paulo: Federação das
Associações Brasileiras de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. 13 p. (Série, Orientações e
Recomendações FEBRASGO; no. 1/Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção)
iv
USO DE DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS (DIU) EM NULÍPARAS
RESUMO
Objetivo: Avaliar as evidências para o uso de dispositivos intrauterinos (DIUs) em
mulheres nulíparas
Descritores
Dispositivo intrauterino; Contracepção intrauterina; Sistema intrauterino; DIU;
SIU; Nulíparas
1
Highlights
A contracepção intrauterina, representada pelo dispositivo intrauterino (DIU) de
cobre e pelo sistema intrauterino de levonorgestrel (SIU-LNG), embora apresen-
tem elevada eficácia, vem há tempos tendo seu uso questionado, particularmen-
te entre nulíparas. Aspectos relacionados à segurança, como o maior número de
complicações decorrentes da inserção, bem como maior impacto sobre a doença
inflamatória pélvica e repercussões sobre a fertilidade figuram entre as principais
controvérsias diante da indicação de um DIU em mulheres nulíparas. A análise
da literatura, baseada em publicações nos últimos 8 anos, refletiram-se em evi-
dências suficientes para a indicação segura dos contraceptivos intrauterinos em
nulíparas, suportando o oferta e o emprego rotineiro dos DIUs nesse grupo de
mulheres.
INTRODUÇÃO
Os contraceptivos intrauterinos, também conhecidos como DIUs (dispositivos in-
trauterinos) compreendem os dispositivos intrauterinos contendo cobre e o sistema
intrauterino de levonorgestrel (SIU-LNG) (Figura 1). Nos últimos 8 anos, houve au-
mento significativo de publicações acerca da utilização de DIUs em nulíparas, par-
ticularmente abordando aspectos referentes à eficácia, aceitação e baixa ou igual
número de complicações do uso, em comparação com multíparas (B).(1) Por outro
lado, ainda persistem dúvidas e equívocos entre profissionais de saúde e pacientes,
mostrando que a falta de informação e conhecimento representam a maior barreira
para o uso em larga escala dos DIUs em mulheres que não tiveram filhos (B).(1)
10 Uso perfeito
9 9 9
Uso típico
8
Taxa por 100 mulheres
6
6
2
0.6 0.8
0.05 0.05 0.2 0.2 0.2 0.3 0.3 0.3
0
Implante SIU- LNG DIU Injetável COCs Patch Anel vaginal
Figura 2. Taxas de eficácia na vida real (uso típico) e uso perfeito dos
métodos contraceptivos.(2)
O uso dos DIUs tem aumentado nos últimos anos. Nos Estados Unidos, onde
2% das mulheres eram usuárias de DIUs em 2002, observou-se aumento para
10,3% no período entre 2011-2013 (B).(3) O percentual de uso dos DIUs em nulí-
paras, no ano de 2002, era de 0,5%, passando para 4,8% em 2011-2013 (B).(3) No
Brasil, a utilização de DIUs, incluindo multíparas e nulíparas, permanece com taxa
próxima a 3% (B).(4)
A crença de que mulheres seriam elegíveis para o uso dos DIUs somente após
um parto permanece como a principal barreira para a contracepção intrauterina em
nulíparas. Pesquisa com ginecologistas-obstetras nos Estados Unidos revelou que
dois terços consideraram adequado o uso de DIUs em nulíparas (C).(5) Em outro estu-
do baseado em questionário envolvendo médicos e enfermeiras mostrou que 30%
tinham equívocos conceituais quanto à segurança do uso de DIUs em nulíparas (C).(5)
Dúvidas quanto ao risco de doença inflamatória pélvica, infertilidade e dificuldades
de inserção são frequentemente citados (C).(6)
3
disponível no Brasil (Mirena®) possui ainda em bula a recomendação para o uso do
método em mulheres que já tiveram um filho.(7) Por sua vez, o DIU de cobre mais
utilizado em nosso país, o T380A, seguiu a orientação de bula norte americana e
somente a partir de 2005 retirou a recomendação do uso para multíparas.(8)
MÉTODOS
Esse estudo consiste na revisão da literatura com objetivo de oferecer conhecimen-
to teórico e prático sobre os contraceptivos intrauterinos em mulheres nulíparas.
PUBMED, MEDLINE e Cochrane Database foram as principais plataformas de pes-
quisa utilizados, onde selecionaram-se publicações relacionados ao uso de DIUs em
nulíparas no período entre 1980-2018. Publicações relevantes foram selecionadas
utilizando-se as palavras chave Contraceptive Agents, Intrauterine Contraception,
Intrauterine Device, IUD, long acting reversible contraceptive, Intrauterine System,
Levonorgestrel intrauterine system, SIU-LNG, adolescent e nulliparous.
4
clínicos randomizados); (B) estudos observacionais ou experimentais de menor con-
sistência (outros ensaios clínicos não-randomizados ou estudos observacionais ou
estudos caso-controle); (C) relatos ou séries de casos (estudos não-controlados); (D)
opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos
ou modelos animais.
RESULTADOS
As principais publicações envolvendo os DIUs em nulíparas abordaram aspectos re-
lacionados à eficácia, aceitação e continuidade de uso, efeitos adversos, dificuldade
de inserção e riscos de doença inflamatória pélvica e infertilidade. O uso da contra-
cepção intrauterina em adolescentes também foi considerado.
Comparações nas taxas de falha dos DIUs de acordo com a paridade foram
incialmente reportados por Sivin e Stern (B),(13) que analisaram 11 estudos com o
DIU de cobre T380A, gerenciados pelo Population Council no início dos anos 70.
Cerca de 64% das participantes eram nulíparas, e não foram encontradas diferen-
ças nas taxas de falha de acordo com a paridade. Estudo mais recente envolvendo
2138 mulheres entre 13-35 anos que usaram DIU de cobre T380A ou SIU-LNG
também não encontrou diferenças significativas nas taxas de gestações entre mu-
lheres conforme a paridade (B).(14) Estudo randomizado comparou a eficácia do
SIU-LNG aos contraceptivos orais, e nenhuma gravidez ocorreu entre 94 nulíparas
alocadas para o uso do SIU-LNG em um ano de observação (A).(15) Outros estu-
dos piloto não demonstraram falhas entre nulíparas que utilizaram DIU de cobre
T380A e SIU-LNG (C).(16,17)
No que se refere a aceitação dos DIUs, estudo avaliando 109 estudantes nu-
liparas demonstrou que 85% afirmaram estar “feliz” ou “muito feliz” com o DIU,
e 87% relataram que seria “provável” ou “muito provável” que recomendariam o
método para uma amiga. Não houve diferença significativa entre o grau de satisfa-
ção entre usuárias do SIU-LNG e o DIU de cobre T380A nessa amostra (C).(18)
5
entre nulíparas foram menores para o SIU-LNG em comparação às usuárias de DIU
de cobre T380A (A).(20)
6
A inserção dos DIUs foi avaliada quanto à dificuldade e dor entre nulíparas.
Médias de dor verificadas por meio de escala visual analógica (EVA) mostraram que
nulíparas apresentaram maior nível de dor quando comparadas às mulheres que
já realizado algum parto (média de 51.2 mm versus 34.7 mm, p=.009) (B).(27) Por
outro lado, o uso de medicações como antiinflamatórios não hormonais antes da
inserção de DIUs visando reduzir o desconforto parece não ser efetivo (A).(28) Estudo
prospectivo após 996 inserções de DIUs na Nova Zelândia, os fatores associados
com o abandono do uso incluíram a nuliparidade e dificuldades técnicas durante a
inserção em nulíparas, embora em 80% das vezes a inserção foi considerada fácil
pelo médico. A taxa de insucesso na inserção em nulíparas foi de 11.2%, compara-
da a 2.3% em mulheres que tiveram parto vaginal (p<.001) (B).(29)
DISCUSSÃO
O uso de DIUs em nulíparas é discutido há tempos. Boa parte das informações que
geram controvérsias são provenientes de constatações baseadas em relatos antigos.
As evidências atuais, baseadas em estudos com metodologia consistente, procuram
minimizar aspectos polêmicos que poderiam trazer dúvidas diante de situações de
cunho eminentemente prático. As principais questões clínicas inerentes ao uso dos
DIUs em nulíparas referem-se, primariamente, à própria indicação, no sentido de
que os contraceptivos intrauterinos poderiam associar-se a menor eficácia, maior
número de complicações e eventos adversos e, em última análise, não serem ade-
quados para mulheres que não tiveram parto anterior.
7
que utilizaram o SIU-LNG demonstraram taxas de falha de 0,14% e 0,55% em
seguimento de um e três anos, respectivamente (A).(33)
8
Outros efeitos adversos, como o sangramento, expulsão e perfuração com o
emprego dos DIUs em nulíparas apresentam taxas semelhantes as encontradas entre
multíparas (A),(15) (C),(16) (C).(22) Dados mais recentes do estudo CHOICE, avaliando
adolescentes entre 14 e 19 anos, mostrou taxa relativamente elevada de expulsões
(18%), sendo que o risco de expulsão com o DIU de cobre e com o SIU-LNG foram
3 e 2 vezes maiores, respectivamente, em comparação às mulheres de outras faixas
etárias (A).(20) Todavia, não houve diferença nas taxas de expulsão entre as adoles-
centes de acordo com a paridade. Ressalte-se que, na amostra total desse mesmo
estudo, o número de expulsões entre as nulíparas foi significativamente menor do
que o encontrado entre multíparas (A).(20) No mesmo sentido, não são encontradas
evidencias acerca do aumento no risco de DIP, tampouco maior tempo de retorno à
fertilidade com o uso de DIUs em nulíparas (A),(23) (B).(24-26)
CONCLUSÃO
O uso de DIUs em nulíparas pode ser indicado, com benefícios que superam os
riscos suportados por evidencias consistentes, incluindo elevada eficácia, aceitação
e segurança. A nuliparidade associa-se a maior intensidade da dor e dificuldades
técnicas decorrentes da inserção. Entretanto, a maior parte das inserções são bem
toleradas, refletindo-se em elevada continuidade e taxas de expulsão menores do
que as encontradas em multíparas. Não há aumento no risco de perfuração, doença
inflamatória pélvica e infertilidade com o uso dos DIUs em nulíparas.
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13
O NÚMERO 1
em PREFERÊNCIA das mulheres Eficácia e
do projeto CHOICE 1 comodidade
Mirena® foi o método mais escolhido do da adolescência
projeto e as mulheres que utilizaram à menopausa.2,3
tiveram a maior taxa de satisfação e
continuidade entre todos os métodos.1*
MIRENA® - LEVONORGESTREL. REG. MS-1.0020.0087. INDICAÇÕES: CONTRACEPÇÃO, MENORRAGIA IDIOPÁTICA, PREVENÇÃO DA HIPERPLASIA ENDOMETRIAL NA TERAPIA DE REPOSIÇÃO ESTROGÊNICA.
CONTRA-INDICAÇÕES: SUSPEITA OU DIAGNÓSTICO DE GRAVIDEZ; DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA ATUAL OU RECORRENTE; INFECÇÃO DO TRATO GENITAL INFERIOR; ENDOMETRITE PÓS-PARTO; ABORTO INFECTADO
DURANTE OS ÚLTIMOS 3 MESES; CERVICITE; DISPLASIA CERVICAL; TUMOR MALIGNO UTERINO OU CERVICAL; TUMORES PROGESTÓGENO – DEPENDENTES; SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL NÃO-DIAGNOSTICADO;
ANOMALIA UTERINA CONGÊNITA OU ADQUIRIDA QUE CAUSAM DEFORMAÇÃO DA CAVIDADE UTERINA; CONDIÇÕES ASSOCIADAS COM AUMENTO DE SUSCEPTIBILIDADE A INFECÇÕES; DOENÇA HEPÁTICA AGUDA OU
TUMOR HEPÁTICO; HIPERSENSIBILIDADE AO PRINCÍPIO ATIVO OU A QUALQUER UM DOS EXCIPIENTES. CUIDADOS E ADVERTÊNCIAS: ENXAQUECA FOCAL COM PERDA VISUAL ASSIMÉTRICA OU OUTROS SINTOMAS
INDICATIVOS DE ISQUEMIA CEREBRAL TRANSITÓRIA; CEFALEIA EXCEPCIONALMENTE INTENSA; ICTERÍCIA; AUMENTO ACENTUADO DA PRESSÃO ARTERIAL; DOENÇA ARTERIAL GRAVE, CARDIOPATIA CONGÊNITA OU
VALVULOPATIA. A GLICEMIA DEVE SER CONTROLADA EM PACIENTES DIABÉTICAS. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: INDUTORES DE ENZIMAS DO CITOTOCROMO P450, NÃO SE ESPERA QUE SEJA DE MAIOR
IMPORTÂNCIA, CONSIDERANDO O MECANISMO DE AÇÃO LOCAL DE MIRENA®. EVENTOS ADVERSOS: HIPERSENSIBILIDADE, HUMOR DEPRIMIDO, DEPRESSÃO, CEFALEIA, ENXAQUECA, ACNE, HIRSUTISMO, ALOPECIA, DOR
NAS COSTAS, ALTERAÇÕES NO PADRÃO DE SANGRAMENTO, INFECÇÃO DO TRATO GENITAL SUPERIOR, CISTOS OVARIANOS, DISMENORREIA, MASTALGIA, PERFURAÇÃO UTERINA, EXPULSÃO, VULVOVAGINITES, AUMENTO
DA PRESSÃO ARTERIAL.POSOLOGIA: INSERIR UMA UNIDADE DE MIRENA® NA CAVIDADE UTERINA. CADA ADMINISTRAÇÃO É EFICAZ POR 5 ANOS. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SAC 08007021241.