Frozen 2 - A Floresta Sombria PDF
Frozen 2 - A Floresta Sombria PDF
Frozen 2 - A Floresta Sombria PDF
Kamilla Benko
O medo inimigo.
será seu — Vovô Pabbie
Prólogo
Selvagem, desperta!
Ventania e neve!
Planta a semente
E ela crescerá em breve!
Diga este feitiço,
E verá de repente
Todos os seus sonhos
Surgirem à sua frente!
NATTMARA
R-E-V-O-L-U-T-A
Finalmente, Anna tinha uma resposta. A razão pela qual Elsa não
a convidara para a grande viagem. Não era porque pensava que
Anna era incompetente. Era porque sabia que Anna seria útil e
precisava que ela permanecesse em casa para ficar de olho nas
coisas. Claro que Elsa não queria que Anna saísse de Arendelle.
Arendelle precisava de Anna, assim como Anna precisava de
Arendelle.
– Isso é amor verdadeiro – Olaf disse, inclinando a cabeça para
conseguir ler.
– É sim – Anna respondeu, com um sorriso triste. Todo esse
tempo, Anna havia pensado que Elsa a considerava inútil, mas
talvez não fosse isso. Talvez a única pessoa que a considerava inútil
fosse… ela mesma.
Ela lembrou-se da bolha de gelo em que Elsa a cercara. Ela
pensou que Elsa estivesse fazendo mais um ato protetor de irmã
mais velha, mas e se fosse para ser mais do que isso? E se Elsa
não estivesse tentando proteger Anna, mas estivesse preparando-a,
forçando-a a esperar e a assistir, porque confiava que ela
descobriria a solução se o pior acontecesse?
– Olaf – Anna disse –, você se importaria de chamar Tuva aqui?
Não temos muito tempo.
Meia hora depois, porém, a frágil esperança de Anna se desfez
novamente. Ela colocou os pedaços da Revoluta em cima da mesa
de Elsa para ver se Tuva poderia juntá-los, mas a ferreira balançou
a cabeça.
– Os pedaços são pequenos demais, e o metal… nunca vi algo
assim antes. Talvez eu conseguisse fazer se Ada – ela suspirou ao
falar o nome de sua esposa – estivesse aqui e eu tivesse acesso à
nossa ferraria, mas não tenho como arrumar a tempo, e
definitivamente não nesse navio, sem as ferramentas certas.
– Por que você queria consertar? – Wael indagou da porta. – A
espada não funcionou da primeira vez. O que a faz pensar que
funcionaria agora?
– Porque… – Anna disse, de olho na portinhola. O céu da noite
estaria ficando mais claro? – Você só pode derrotar um mito com
algum objeto do mito, e a Revoluta é definitivamente um objeto do
mito. Além disso… – Ela virou a cabeça para olhar o mapa de
Arendelle preso na parede. Parecia o mapa que ela havia
encontrado no quarto secreto, onde sua mãe escrevera um dos
vários ditados que seu pai dizia. – Meu pai costumava afirmar que o
passado encontra uma forma de retornar.
– E tudo que vai volta, como um espirro no vento – Olaf
acrescentou. Ele se sentou na mesa, examinando os pedaços da
espada – Talvez você devesse olhar para o passado da Revoluta e
de Aren.
Anna suspirou.
– Eu gostaria, mas não tenho exatamente uma cópia da Saga de
Aren no momento, e Elsa não está aqui para nos contar.
– Ahm-ham – Wael tossiu. – Elsa não é a única que estudou os
clássicos.
– Desculpe, Wael – Anna disse. – Por favor, conte-nos, mas
rápido. – A inquietação tomou conta dela, mas ela conseguiu se
controlar. – Estamos ficando sem tempo.
– Lua revoluta e sol giratório forjaram uma lâmina crescente… –
Wael começou, e Anna ouvia, verificando os outros documentos que
poderiam ser úteis.
– Ei, Anna – Olaf disse –, você não acha engraçado como pode
encontrar amor nos lugares mais curiosos?
Anna tentou não suspirar. Ela adorava quando Olaf discutia
filosofia – normalmente –, mas agora, poucos minutos antes do
nascer do sol, não era a hora.
– Sim, claro que acho. Por quê?
– Porque – Olaf disse – ele está sentado aqui na mesa.
Anna olhou, tentando ver do que ele estava falando. Ela não havia
percebido que Olaf estava reorganizando os pedaços quebrados de
Revoluta, especificamente a parte superior da lâmina que continha a
inscrição do nome da espada, onde agora se lia:
L-O-V-E R-E-T-U
ANNA SONHOU.
Na escuridão, uma única brasa pairava. Ela caiu sem parar pelo
vazio até, finalmente, enredar-se em galhos negros. Pulsou uma
vez, duas vezes, e depois a centelha aumentou. Como uma
salamandra, o fogo se espalhou e as chamas começaram a rastejar,
arrastando-se e iluminando uma floresta inteira. Primeiro um ramo,
depois um galho e depois uma árvore. Uma árvore, depois uma
floresta, depois um mundo. Fumaça e calor esbranquiçado e quente
envolviam as árvores, fitas idênticas que se apertavam e
escureciam, pressionavam e engasgavam. Gritos subiram, e toda a
floresta desapareceu em uma nuvem de fumaça espessa, e então…
Uma mudança.
Anna sonhou.
De volta ao vazio e, dessa vez, a escuridão se movia.
Escorregava e deslizava, e um sussurro áspero raspou em sua
orelha. A escuridão não era escura, era na verdade um deserto sem
fim de areia negra. Seus ouvidos, olhos, nariz, boca se encheram de
areia. Ela entrou, incapaz de ver, incapaz de respirar, incapaz de
saber, e então… Uma mudança.
Anna sonhou.
Não mais áspera, a areia derreteu, tornando-se líquida, ficando
pesada e caindo sob a forma de uma suave chuva negra em uma
grande cratera, até transbordar, derramando-se. A escuridão era um
oceano agora. Cada onda que quebrava deixava uma espuma
rodopiante, branca, brilhante contra a água negra. Brilhante em
relação à crina gotejante de um cavalo da meia-noite. O garanhão
empinou, nas profundezas mais obscuras do Mar Negro, gritando
sua liberdade enquanto se afastava do peso do oceano e
atravessava a galopes as ondas para ir em sua direção. Seus
cascos pesados batiam em um ritmo que tomava conta de seu
coração e, então, ele se sacodiu, e não era Anna que o cavalo
perseguia, mas Elsa. Seus olhos brilharam brancos quando
adentraram sua irmã…
Anna acordou.
Seu coração batia contra o peito como se ela estivesse correndo,
e as perguntas perpassaram sua mente: estaria acontecendo de
novo? O pesadelo voltou? Anna se sentiu um pouco desorientada.
Demorou um pouco para perceber que não estava em seu próprio
quarto. Estava no quarto dos pais. Isso mesmo. Ela e Elsa haviam
adormecido juntas depois que Anna cantou uma das antigas
canções de ninar de sua mãe, uma de suas favoritas, sobre um rio
secreto. Elsa parecia distraída e pensativa durante a noite de jogos
de charadas, então Anna cantou para trazer um pouco de leveza de
volta ao coração de sua irmã.
Anna olhou para o dossel bufante da cama e desviou o olhar.
Parecia muito com a espuma branca do mar que o cavalo expelira
enquanto galopava em sua direção. Um cavalo de água, ela
percebeu, lembrando-se da estátua do lado de fora da sala secreta.
Continue sonhando!