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GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA


UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM LINGUÍSTICA

Edital n°. 003/2019-PPGL Prova Escrita

Nome: ___________________________________________________ (28/11/2019)

Questão 1 - Questão geral (comum para todas as linhas de pesquisa)


Leia os trechos de texto abaixo (retirados do Curso de Linguística Geral de Saussure
(organizado por Charlles Bally e Albert Secheahaye).
“O papel característico da língua frente ao pensamento não é criar um meio fônico
material para a expressão das ideias, mas servir de intermediário entre o pensamento
e o som, em condições tais que uma união conduza necessariamente a delimitações
recíprocas de unidades. O pensamento, caótico por natureza, é forçado a precisar-se
ao se decompor. Não há, pois nem materialização de pensamento, nem
espiritualização de sons; trata-se antes, do fato, de certo modo misterioso, de o
“pensamento-som” implicar divisões e de a língua elaborar suas unidades
constituindo-se entre duas massas amorfas.
A língua é comparável a uma folha de papel: o pensamento é o anverso e o som o
verso; não se pode cortar um sem cortar, ao mesmo tempo, o outro; assim tampouco,
na língua, se poderia isolar o som do pensamento, ou o pensamento do som.” (p. 131)
Quando se fala do valor de uma palavra, pensa-se geralmente, e antes de tudo, na
propriedade que tem de representar uma ideia, e nisso está, com efeito, um dos
aspectos do valor linguístico.
(...)
O valor, tomado em seu aspecto conceitual, constitui, sem dúvida, um elemento da
significação, e é dificílimo saber como esta se distingue dele, apesar de estar sob sua
dependência. É necessário contudo esclarecer esta questão, sob pena de reduzir a
língua a uma simples nomenclatura” (p. 132-133).
No Interior de uma mesma língua, todas as palavras que exprimem ideias vizinhas
se limitam reciprocamente: sinônimos como recear, temer, ter medo só têm valor
próprio pela oposição; se recear não existisse todo seu conteúdo iria para os seus
concorrentes. Inversamente, existem termos que se enriquecem pelo contato com
outros. (...) Assim o valor de qualquer termo que seja está determinado por aquilo que
o rodeia; nem sequer da palavra que significa “sol” se pode fixar imediatamente o valor
sem levar em conta o que lhe existe em redor; línguas há em que é impossível dizer
“sentar-se ao sol”.
(...)
Se as palavras estivessem encarregadas de representar os conceitos dados de
antemão, cada uma delas teria, de uma língua para outra, correspondentes exatos
para o sentido; Mas não ocorre assim. O francês diz indiferentemente louer (une
maison – uma casa) e em português se diz alugar, para significar dar ou tomar em
aluguel, enquanto o alemão emprega dois termos mieten e vermieten; não há pois,
correspondência exata de valores. (p. 134-135)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM LINGUÍSTICA


Cidade Universitária: Bloco do Centro de Pesquisa e Pós-graduação em Linguagem
Av. Santos Dumont, S/nº; Bairro: DNER; CEP: 78.200-000; Cáceres-MT
Tel/Fax: (65) 3223-1466; E-mail: ppgl@unemat.br
Site: portal.unemat.br/linguistica
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Agora responda às questões abaixo, segundo o que está colocado nos trechos
acima da obra de Saussure.
a) Qual o papel da língua em relação ao pensamento?
b) Nos trechos acima, o que é apresentado como uma diferença entre as línguas?
c) Como está caracterizado acima o sentido da noção de valor?
d) Como você compreende a seguinte passagem do texto de Saussure:
“A língua é comparável a uma folha de papel: o pensamento é o anverso e o som o verso; não
se pode cortar um sem cortar, ao mesmo tempo, o outro; assim tampouco, na língua, se
poderia isolar o som do pensamento, ou o pensamento do som.”

Questão 2 – Linha de pesquisa: Estudo de Processos Discursivos


Eni Orlandi, no livro “Análise de discurso: princípios e procedimentos”, apresenta as
filiações teóricas que deram suporte para que Michel Pêcheux fizesse a proposta de
uma teoria discursiva. Assim, considere o seguinte excerto:
“[...] se a Análise do Discurso é herdeira das três regiões de conhecimento –
Psicanálise, Linguística, Marxismo – não o é de modo servil e trabalha uma noção – a
de discurso – que não se reduz ao objeto da Linguística, nem se deixa absorver pela
Teoria Marxista e tampouco corresponde ao que teoriza a Psicanálise”.
ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 4. ed. Campinas/SP: Pontes, 2002.

A partir do que expõe Orlandi, faça uma discussão em que constem os conceitos
herdados de cada filiação teórica e a maneira como a Análise de Discurso faz
deslocamentos para construir seu próprio objeto: o discurso.

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Questão 1 - Questão geral (comum para todas as linhas de pesquisa)


Leia os trechos de texto abaixo (retirados do Curso de Linguística Geral de Saussure
(organizado por Charlles Bally e Albert Secheahaye).
“O papel característico da língua frente ao pensamento não é criar um meio fônico
material para a expressão das ideias, mas servir de intermediário entre o pensamento
e o som, em condições tais que uma união conduza necessariamente a delimitações
recíprocas de unidades. O pensamento, caótico por natureza, é forçado a precisar-se
ao se decompor. Não há, pois nem materialização de pensamento, nem
espiritualização de sons; trata-se antes, do fato, de certo modo misterioso, de o
“pensamento-som” implicar divisões e de a língua elaborar suas unidades
constituindo-se entre duas massas amorfas.
A língua é comparável a uma folha de papel: o pensamento é o anverso e o som o
verso; não se pode cortar um sem cortar, ao mesmo tempo, o outro; assim tampouco,
na língua, se poderia isolar o som do pensamento, ou o pensamento do som.” (p. 131)
Quando se fala do valor de uma palavra, pensa-se geralmente, e antes de tudo, na
propriedade que tem de representar uma ideia, e nisso está, com efeito, um dos
aspectos do valor linguístico.
(...)
O valor, tomado em seu aspecto conceitual, constitui, sem dúvida, um elemento da
significação, e é dificílimo saber como esta se distingue dele, apesar de estar sob sua
dependência. É necessário contudo esclarecer esta questão, sob pena de reduzir a
língua a uma simples nomenclatura” (p. 132-133).
No Interior de uma mesma língua, todas as palavras que exprimem ideias vizinhas
se limitam reciprocamente: sinônimos como recear, temer, ter medo só têm valor
próprio pela oposição; se recear não existisse todo seu conteúdo iria para os seus
concorrentes. Inversamente, existem termos que se enriquecem pelo contato com
outros. (...) Assim o valor de qualquer termo que seja está determinado por aquilo que
o rodeia; nem sequer da palavra que significa “sol” se pode fixar imediatamente o valor
sem levar em conta o que lhe existe em redor; línguas há em que é impossível dizer
“sentar-se ao sol”.
(...)
Se as palavras estivessem encarregadas de representar os conceitos dados de
antemão, cada uma delas teria, de uma língua para outra, correspondentes exatos
para o sentido; Mas não ocorre assim. O francês diz indiferentemente louer (une
maison – uma casa) e em português se diz alugar, para significar dar ou tomar em
aluguel, enquanto o alemão emprega dois termos mieten e vermieten; não há pois,
correspondência exata de valores. (p. 134-135)

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Agora responda às questões abaixo, segundo o que está colocado nos trechos acima da
obra de Saussure.
a) Qual o papel da língua em relação ao pensamento?
b) Nos trechos acima, o que é apresentado como uma diferença entre as línguas?
c) Como está caracterizado acima o sentido da noção de valor?
d) Como você compreende a seguinte passagem do texto de Saussure:
“A língua é comparável a uma folha de papel: o pensamento é o anverso e o som o verso; não se pode
cortar um sem cortar, ao mesmo tempo, o outro; assim tampouco, na língua, se poderia isolar o som do
pensamento, ou o pensamento do som.”

Questão 2 – Linha de pesquisa: Estudo de Processos Descritivos, de Análise e de


Documentação de Línguas Indígenas
Sobre os povos ancestrais brasileiros, Rodrigues (1994), diz que:
“... os índios do Brasil não são um povo, são muitos povos, diferentes de nós e diferentes
entre si. Cada qual tem usos e costumes próprios, com habilidades tecnológicas, atitudes
estéticas, crenças religiosas, organização social e filosofia peculiares, resultantes e
experiências de vida acumuladas e desenvolvidas em milhares de anos. E distinguem-se
também de nós e entre si por falarem diferentes línguas. Como todas as demais, as línguas
dos povos indígenas do Brasil são inteiramente adequadas à plena expressão individual e
social no meio físico e social em que tradicionalmente têm vivido esses povos. Embora
diferentes, elas compartilham do que todas as quase seis mil línguas do mundo têm em
comum: são manifestações da mesma capacidade de comunicar-se pela linguagem. Essa
capacidade é uma qualidade desenvolvida pela espécie humana e se caracteriza por
princípios e propriedades que, presentes em todo homem, facultam a qualquer criança
desenvolver o domínio de qualquer língua, sempre que exposta ao contato com falantes desse
língua. Da mesma forma, permitem a qualquer adulto, com maior ou menor esforço, aprender
línguas diferentes da sua própria ...” (1994, p.17)
“... as línguas indígenas diferem entre si e se distinguem das línguas europeias e demais
línguas do mundo no conjunto de sons de que se servem (fonética), e nas regras pelas quais
combinam esses sons (fonologia), nas regras de formação e variação das palavras
(morfologia), e de associação destas na constituição das frases (sintaxe), assim como na
maneira como refletem em seu vocabulário e em suas categorias gramaticais, um recorte do
mundo real e imaginário (semântica) ...” (1994, p. 23)
“... as línguas do mundo são classificadas em famílias segundo o critério genético. De acordo
com esse critério, uma família linguística é um grupo de línguas para as quais se formula a
hipótese de que têm uma origem comum, no sentido de que todas as línguas são
manifestações diversas, alteradas no correr do tempo, de uma só língua anterior.’ (1994, p.
29)
RODRIGUES, A. D. Línguas Brasileiras: para o conhecimento das Línguas Indígenas. São Paulo:
Loyola, 1994.

Com base na classificação linguística proposta por Rodrigues (1994, 1996) para as
línguas indígenas brasileiras, descreva, a partir da família e tronco linguístico aos quais
a língua indígena proposta para sua pesquisa está associada alguns aspectos da
gramática dessa mesma língua.

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Questão 1 - Questão geral (comum para todas as linhas de pesquisa)


Leia os trechos de texto abaixo (retirados do Curso de Linguística Geral de Saussure
(organizado por Charlles Bally e Albert Secheahaye).
“O papel característico da língua frente ao pensamento não é criar um meio fônico
material para a expressão das ideias, mas servir de intermediário entre o pensamento
e o som, em condições tais que uma união conduza necessariamente a delimitações
recíprocas de unidades. O pensamento, caótico por natureza, é forçado a precisar-se
ao se decompor. Não há, pois nem materialização de pensamento, nem
espiritualização de sons; trata-se antes, do fato, de certo modo misterioso, de o
“pensamento-som” implicar divisões e de a língua elaborar suas unidades
constituindo-se entre duas massas amorfas.
A língua é comparável a uma folha de papel: o pensamento é o anverso e o som o
verso; não se pode cortar um sem cortar, ao mesmo tempo, o outro; assim tampouco,
na língua, se poderia isolar o som do pensamento, ou o pensamento do som.” (p. 131)
Quando se fala do valor de uma palavra, pensa-se geralmente, e antes de tudo, na
propriedade que tem de representar uma ideia, e nisso está, com efeito, um dos
aspectos do valor linguístico.
(...)
O valor, tomado em seu aspecto conceitual, constitui, sem dúvida, um elemento da
significação, e é dificílimo saber como esta se distingue dele, apesar de estar sob sua
dependência. É necessário contudo esclarecer esta questão, sob pena de reduzir a
língua a uma simples nomenclatura” (p. 132-133).
No Interior de uma mesma língua, todas as palavras que exprimem ideias vizinhas
se limitam reciprocamente: sinônimos como recear, temer, ter medo só têm valor
próprio pela oposição; se recear não existisse todo seu conteúdo iria para os seus
concorrentes. Inversamente, existem termos que se enriquecem pelo contato com
outros. (...) Assim o valor de qualquer termo que seja está determinado por aquilo que
o rodeia; nem sequer da palavra que significa “sol” se pode fixar imediatamente o valor
sem levar em conta o que lhe existe em redor; línguas há em que é impossível dizer
“sentar-se ao sol”.
(...)
Se as palavras estivessem encarregadas de representar os conceitos dados de
antemão, cada uma delas teria, de uma língua para outra, correspondentes exatos
para o sentido; Mas não ocorre assim. O francês diz indiferentemente louer (une
maison – uma casa) e em português se diz alugar, para significar dar ou tomar em
aluguel, enquanto o alemão emprega dois termos mieten e vermieten; não há pois,
correspondência exata de valores. (p. 134-135)

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Agora responda às questões abaixo, segundo o que está colocado nos trechos
acima da obra de Saussure.
a) Qual o papel da língua em relação ao pensamento?
b) Nos trechos acima, o que é apresentado como uma diferença entre as línguas?
c) Como está caracterizado acima o sentido da noção de valor?
d) Como você compreende a seguinte passagem do texto de Saussure:
“A língua é comparável a uma folha de papel: o pensamento é o anverso e o som o verso; não
se pode cortar um sem cortar, ao mesmo tempo, o outro; assim tampouco, na língua, se
poderia isolar o som do pensamento, ou o pensamento do som.”

Questão 2 – Linha de pesquisa: Estudo de Processos de Práticas Sociais da


Linguagem
No capítulo 3, “Linguística Aplicada e vida contemporânea”, da obra “Por uma
Linguística Aplicada Indisciplinar”, Moita Lopes (2006) propõe como parte de uma
agenda ética de investigação no campo da Linguística Aplicada (LA), um processo de
renarração da vida privada, que situe o trabalho do linguista aplicado no mundo
contemporâneo. Como argumento, critica a tradição de produção de conhecimento
separada do ser social, frente ao objeto da pesquisa em LA - o estudo de práticas
específicas de uso da linguagem em contextos específicos – e salienta que as
“mudanças radicais da vida contemporânea” exigem formas alternativas de produção
de conhecimento. Segundo Moita Lopes,
Seria pertinente perguntar: o que mudou foi o mundo social ou a forma de produzir
conhecimento sobre ele? Por um lado, são patentes as mudanças de natureza social, cultural,
econômica e tecnológica nas sociedades em que vivemos, que têm levado a caracterizá-las
como líquidas (Bauman, 2000; 2003) ou reflexivas (Giddens, Beck & Lash, 1997) ou de risco de
descontrole (Giddens, 2000), ou também como sociedades do medo, sobre as quais cada vez
mais se fala na imprensa e que, em muitas de nossas cidades, sabemos o que significa. O
argumento de Denzin (1997: xii) sobre a metodologia qualitativa de pesquisa é de que “o
projeto etnográfico mudou por que o mundo que a etnografia confronta mudou”. Ele segue a
ideia de que a forma de produzir conhecimento foi alterada por que o mundo mudou.
MOITA LOPES, L. P. Linguística Aplicada e Vida Contemporânea: problematização dos construtos que
têm orientado a pesquisa. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar.
São Paulo: Parábola, 2006, p. 85-107.

Discorra sobre as mudanças destacadas por Moita Lopes e sobre o papel da área
de LA na produção de conhecimento, neste cenário. Para tanto, apresente
estudos e temas que fundamentam o argumento apresentado, conforme as
indicações do autor do capítulo.

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Leia os trechos de texto abaixo (retirados do Curso de Linguística Geral de Saussure
(organizado por Charlles Bally e Albert Secheahaye).
“O papel característico da língua frente ao pensamento não é criar um meio fônico
material para a expressão das ideias, mas servir de intermediário entre o pensamento
e o som, em condições tais que uma união conduza necessariamente a delimitações
recíprocas de unidades. O pensamento, caótico por natureza, é forçado a precisar-se
ao se decompor. Não há, pois nem materialização de pensamento, nem
espiritualização de sons; trata-se antes, do fato, de certo modo misterioso, de o
“pensamento-som” implicar divisões e de a língua elaborar suas unidades
constituindo-se entre duas massas amorfas.
A língua é comparável a uma folha de papel: o pensamento é o anverso e o som o
verso; não se pode cortar um sem cortar, ao mesmo tempo, o outro; assim tampouco,
na língua, se poderia isolar o som do pensamento, ou o pensamento do som.” (p. 131)
Quando se fala do valor de uma palavra, pensa-se geralmente, e antes de tudo, na
propriedade que tem de representar uma ideia, e nisso está, com efeito, um dos
aspectos do valor linguístico.
(...)
O valor, tomado em seu aspecto conceitual, constitui, sem dúvida, um elemento da
significação, e é dificílimo saber como esta se distingue dele, apesar de estar sob sua
dependência. É necessário contudo esclarecer esta questão, sob pena de reduzir a
língua a uma simples nomenclatura” (p. 132-133).
No Interior de uma mesma língua, todas as palavras que exprimem ideias vizinhas
se limitam reciprocamente: sinônimos como recear, temer, ter medo só têm valor
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Agora responda às questões abaixo, segundo o que está colocado nos trechos
acima da obra de Saussure.
a) Qual o papel da língua em relação ao pensamento?
b) Nos trechos acima, o que é apresentado como uma diferença entre as línguas?
c) Como está caracterizado acima o sentido da noção de valor?
d) Como você compreende a seguinte passagem do texto de Saussure:
“A língua é comparável a uma folha de papel: o pensamento é o anverso e o som o verso; não
se pode cortar um sem cortar, ao mesmo tempo, o outro; assim tampouco, na língua, se
poderia isolar o som do pensamento, ou o pensamento do som.”

Questão 2 – Linha de pesquisa: Estudo de Processos de Significação


Os limites da semântica, conforme os autores, são estabelecidos a partir da delimitação
do seu objeto de estudos. Porém, “as posições sobre o que é significação são
inúmeras” (p. 5), além da metodologia de análise e até dos modos que se concebe a
linguagem serem diversos. No excerto a seguir os autores abordam essa questão:
“A palavra ciência evoca domínios de investigação claramente definidos, a respeito
dos quais os cientistas aperfeiçoaram métodos de análise unanimemente aceitos e
elaboraram conhecimentos coerentemente articulados e fieis aos fatos. Ao contrário
disso, a semântica é um domínio de investigação de limites movediços; semanticistas
de diferentes escolas utilizam conceitos e jargões sem medida comum, explorando em
suas análises fenômenos cujas relações não são sempre claras: em oposição à
imagem integrada que a palavra ciência evoca, a semântica aparece, em suma, não
como um corpo de doutrina, mas como o terreno em que se debatem problemas cujas
conexões não são sempre óbvias” (p. 6).
ILLARI, Rodolfo, GERALDI, João Wanderley. Semântica. 10 ed. São Paulo: Ática, 1999.

Diante do exposto por Illari e Geraldi (1999), comente sobre o objeto de estudo da
semântica apresentando exemplos de como ele pode ser compreendido. Para tanto,
considere as propostas de estudo dos sentidos apresentadas pelos autores: nas
palavras, nas construções gramaticais e na enunciação.

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na língua, se poderia isolar o som do pensamento, ou o pensamento do som.” (p. 131)
Quando se fala do valor de uma palavra, pensa-se geralmente, e antes de tudo, na
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(...)
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outros. (...) Assim o valor de qualquer termo que seja está determinado por aquilo que
o rodeia; nem sequer da palavra que significa “sol” se pode fixar imediatamente o valor
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acima da obra de Saussure.
a) Qual o papel da língua em relação ao pensamento?
b) Nos trechos acima, o que é apresentado como uma diferença entre as línguas?
c) Como está caracterizado acima o sentido da noção de valor?
d) Como você compreende a seguinte passagem do texto de Saussure:
“A língua é comparável a uma folha de papel: o pensamento é o anverso e o som o verso; não
se pode cortar um sem cortar, ao mesmo tempo, o outro; assim tampouco, na língua, se
poderia isolar o som do pensamento, ou o pensamento do som.”

Questão 2 – Linha de pesquisa: Estudo de Processos de Variação e Mudança


Uma vez que as regras de nossa gramática serão variáveis, como então incorporar a
noção de universais linguísticos em nosso modelo de análise? Não serão universais e
regras variáveis mutuamente excludentes? A resposta a essa pergunta é negativa. As
duas noções não só podem como devem ser aproximadas. Essa aproximação trará
uma nova luz à célebre dicotomia “competência e desempenho”. A primeira deverá ser
expandida afim de incluir o aspecto comunicativo da linguagem: falaremos, por
conseguinte, de “competência comunicativa”. Nesse sentido, será universal aquilo que
for mais ou menos frequentemente condicionado em relação a um item de variação.
[...] Uma teoria geral de mudança linguística para ser satisfatória deverá dar conta das
condições que determinam o início, a velocidade, a direção, a propagação e o término
de uma determinada mudança, e, eventualmente, a partir de dados analisados de
vários sistemas, generalizar o conjunto de tais condições para a mudança linguística.
De que universais linguísticos então podemos falar? Exatamente daqueles fatores
condicionadores, linguísticos e não-linguísticos, que aceleram um processo de
mudança.
TARALLO, F. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 1997.

A concepção dos universais linguísticos presentes a priori na seleção e organização


dos dados linguísticos, em Chomsky, não são necessariamente encontrados em toda e
qualquer língua particular (CHOMSKY, 2002, p. 136). Em Tarallo (1997), encontra-se o
seguinte questionamento: “[...] como então incorporar a noção de universais linguísticos
em nosso modelo de análise?”.
Discuta o conceito de universais linguísticos nos modelos de análise
sociolinguística. Para tanto, leve em consideração Tarallo (1997).

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM LINGUÍSTICA


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