O Que É A Cultura Visual?
O Que É A Cultura Visual?
O Que É A Cultura Visual?
Cultura Visual
PERGUNTA UM
DISCUTA A NOÇÃO DE CULTURA VISUAL,
ANALISANDO AS TESES DE MEDEIROS,
MIZOEFF E MARQUARD SMITH.
EXEMPLIFIQUE A PARTIR DO FILME “UN
CHEIN ANDALOU” DE LUÍS BUÑUEL.
Cultura Visual
De acordo com Margarida Medeiros, os objetos de estudo dos Estudos Visuais são
todas as imagens provenientes dos meios de comunicação de massa contemporâneos: a
televisão, o vídeo, o cinema, a fotografia, a publicidade, a banda desenhada, entre outros,
destacando a importância da “visualidade” e do “visual” para os mesmos. No entanto, os
objetos não são apenas coisas materiais, mas também englobam maneiras de ser, ver e
experienciar dentro de diferentes formas de subjetividade. Com a globalização e o
surgimento de cada vez mais objetos visuais, como a internet, os programas e canais
televisivos globais, são abertas novas possibilidades e necessidades de estudo.
Deste modo, as partes constituintes da Cultura Visual não estão definidas pelo
meio, mas sim pela interação entre o espectador e o que ele observa, ao que Mirzoeff
chama de acontecimento visual. Para ele, esta área é um estudo crítico, ou até uma tática,
para estudar a genealogia, a definição e as funções da vida quotidiana da pós-modernidade
tendo em conta a perspetiva do consumidor em primeiro lugar, e só depois do produtor.
Levando em consideração, que o estudo do campo visual e da sua cultura é transformado
pelas diversas possibilidades de ação do espectador, por exemplo, o olhar, o fixar o olhar,
e as práticas de observação, que podem ser tão problemáticas quanto as diversas formas
de leitura como a descodificação e a interpretação (Mitchell, 2009).Ou seja, uma imagem
pode ser interpretada de diferenças maneiras, daí esta e a escrita estarem inteiramente
relacionadas. Assim sendo, este é um dos motivos pelos quais a noção de Cultura Visual
está diretamente relacionada ao filme de Luís Buñuel e Salvador Dalí.
“Un Chien Andalou” foi o primeiro filme de Buñuel e corresponde a uma curta-
metragem surrealista. Este surgiu da iniciativa de filmar uma história feita de imagens
originadas em sonhos, ou seja, estas não poderiam ter uma explicação racional, de modo
a que o espectador tivesse uma experiência única e de livres associações, despromovidas
de racionalidade. Para isso, a utilização da escrita só surge em cinco momentos do filme:
“Era uma vez…”, “Oito anos mais tarde”, “Por volta das três da manhã”, “Dezasseis anos
antes” e “Na primavera”, não fazendo qualquer referência à imagem, deixando-a
totalmente aberta à interpretação do visualizador.
A principal característica deste filme, e um
dos motivos para a sua associação com o conceito de
Cultura Visual, é a não linearidade da história. O
facto de, como afirmado anteriormente, cada cena
estar aberta a uma interpretação totalmente livre e
diferente entre espectadores, faz com que o objetivo
pretendido do surrealismo, a relação entre o
inconsciente e a racionalidade, e consequentemente
as diferentes respostas às mesmas questões, neste
caso as cenas do filme, seja cumprido.
Em relação ao filme, apesar de ter sido feito sem qualquer intuito de atribuir um
significado às imagens retratadas, é inevitável associar o que vemos aos conhecimentos
que detemos, tentando obter um significado ou uma simbologia para certo acontecimento.
Este filme pode despertar vários sentimentos nos mais diversos espectadores, desde a
bizarrice ou maluquice aparecentes, até à diversão das imagens confusas e sem nexo, e é
por este motivo que a Cultura Visual não é apenas aquilo que visualizamos, mas a forma
como cada um de nós interpreta essas mesmas coisas.
Bibliografia