Pontifícia Universidade Católica Do Rio Grande Do Sul Pucrs: Faculdade de Direito Mestrado em Direito
Pontifícia Universidade Católica Do Rio Grande Do Sul Pucrs: Faculdade de Direito Mestrado em Direito
Pontifícia Universidade Católica Do Rio Grande Do Sul Pucrs: Faculdade de Direito Mestrado em Direito
FACULDADE DE DIREITO
MESTRADO EM DIREITO
RACIONALIDADE ECOLÓGICA E
PORTO ALEGRE
2006
2
C A RL O S A L BERT O M O L I N A RO
RA C I O N A L I DA DE EC O L Ó G I C A E
D is s e rt aç ão a pre s e n t ad a co m o re qu is it o
p ar c ial p ara a c on c lu s ão e obt e n ç ão d o
t ít ulo d e M e st re e m Dire it o – Cu rs o de
M e s tr ado e m Dir e ito – Pó s -Gra du aç ão e m
D ire it o – F ac uld ad e de D ire it o – Pon t if ícia
U niv e rs idad e Cat ó lica d o R io Gran d e do
S ul – PUC RS
Pr of . Dout or I N G O W O L F G A N G SA RL ET
PORTO ALEGRE
2006
3
A G RA DEC I M EN T O S
M UI T O O BRI G A DO
5
RAZÕES JUSTIFICATÓRIAS
BASSARAB NICOLESCU1
1
Manifesto da Transdisciplinaridade. S. Paulo: Triom, 1999, p.132.
6
2
Observe-se que Crítica (de critiké, κρτική ou o que julga, o julgador para κριτικός, o que
é capaz de julgar) e crise (κρίσις) tem fundamento étimo comum: do verbo grego kríno
(κρίνω) que é separar, distinguir, discernir e interpretar.
7
3
Le visible et l’invisible. Paris: Gallimard, 1964, p. 32
4
(O) segredo, vale dizer, o sentido, o significado oculto de algo que se descobre no
recolhimento.
5
Merleau-Ponty, ob. cit., loc. cit.
6
Jaspers, K., Philosophie (1932), trad. Filosofía. Madrid: Revista de Occidente, 1959, p. 79
8
7
Schelling, F. W. J. ., Philosophies de l’Université, Paris: Payot, 1979, p. 88: devemos a
Schelling, a afirmação que todo o conhecimento deve ser um ultrapassar a forma , uma
ars inveniendi que força o original.
8
Utilizamos o termo por metonímia como prescrição, ordem, disposição, desde a perspec
tiva estética do “olhar por...”
9
9
Do grego νοεμα (noema) uma percepção mental, um pensamento, de nous (νους) men
te; vale dizer, as faculdades para perceber e para sentir, para estimar, para determinar.
Falamos portanto, da faculdade humana para superar as faculdades para perceber e
para sentir, para estimar, para determinar Falamos, portanto, da faculdade humana de
superar o “lugar comum”, e postular novos sentidos ou finalidades à própria ação de
refletir e de atuar.
10
RESUM O
PA LA B RA S -C HA VE : T EO R IA CR Í TI CA A M BI EN T A L. D IR E IT O A M B IE N TA L .
PE RS PE CT IV A A N T RO P OC ÊN T R IC A . PE RS PE CT IV A E CO CÊ N T RI CA . PRI N CÍ PI O S
A M BI EN T A IS . ES T A DO A M BI EN T A L.
11
A BST RA C T
KEY W O R DS : E N VI R ON M E N T A L C RI T ICA L T HE O RY . A N TH RO P OC EN T R IC VI E W .
E CO CE N TR IC V IE W . EN V IR O N M EN T A L LA W . E N VI RO N M E N TA L PR I N CIP LES .
E NV IR O N M EN T A L S TA T E.
12
SUMÁRIO
I N T R OD U Ç ÃO ............................................................................................... 13
P RI M E I RA P AR T E – R A CI O N ALI D AD E E C O L Ó GI C A ......................................... 19
1 . D A RE L AÇ Ã O N AT U RE Z A/ C U L T U R A ........................................................... 22
4 – O SE R H U M AN O E S U A RE L AÇ ÃO C OM O AM B I E N TE ............................... 55
5 – A D I AL É TI C A P O SI Ç ÃO - D I S P O SI Ç ÃO ....................................................... 66
6 – S I S TE M AS D E AD A PT AÇ ÃO , P RO D U T O S C U L T U R AI S E O D I RE I T O .............. 84
C O N C L U S ÃO .............................................................................................. 1173
78
Í N D I C E O N O M ÁS TI C O ................................................................................. 182
Í N D I C E GE R AL ............................................................................................ 196
13
I N T RO DUÇ Ã O
10
SPINOZA, B., Tractatus Theologicus Politicus, in, Opera, vol. III, p. 91, a cargo de Carl
Gebhardt, Heidelberg: Carl Winter, 1972: [...] quicquid enim contra naturam est, id contra
rationem est, & quod contra rationem, id absurdum est, ac proinde etiam refutandi (obra
consultada na Biblioteca Central da Universidade de Coimbra, primeiro semestre de 2003 -
tradução livre de nossa autoria).
11
SPINOZA, B., Ethica, in, Opera, vol. II, p. 52, a cargo de Carl Gebhardt, Heidelberg: Carl
Winter, 1972: Cujuscunque rei assignari debet causa seu ratio, tam cur existit, quam non
exist (destacamos. Obra consultada na Biblioteca Central da Universidade de Coimbra,
primeiro semestre de 2003 - tradução livre de nossa autoria).
12
Cf. MOLINARO, C. A., Mínimo existencial ecológico e proibição de retrocesso ambiental,
monografia de conclusão do curso de especialização em Direito Público Coordenação do
14
Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet, promovido pela Faculdade de Direito da PUCRS, orientada
pelo Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet.
13
Cf. SPINOZA, Ethica, Opera..., vol. II, p. 137
14
Cf. ARISTÓTELES, Metafísica, XII, 4, q. 1070a, in, Obras Completas, Madrid: Aguillar, 1977,
p. 1051
15
Cf. SOTO RIVERA, R., Kairo-teo-ontología en algunos pensadores grecorromanos, in, Kon
vergencias, Bayamón [Puerto Rico]: Impresos GLAEL, año II - Edición Diciembre 2003/Enero
2004, p. 2
16
Aqui cabem três esclarecimentos: o que entendemos por “racionalidade ecológica”, por
“teoria crítica”, e por “agir humano”. Por “racionalidade ecológica” estamos muito próxi
mos do pensamento de Boaventura de Souza Santos em seu trabalho A crítica da razão
indolente. Contra o desperdício da experiência (Porto: Afrontamento, 2000; São Paulo:
Cortez, 2000), vale dizer, uma razão substantiva, preocupada com o outro como um igual e
não como um objeto. Uma racionalidade que se credita de provisoriedade e, por isso
mesmo, reconhece a complexidade de todas as coisas. Fundada numa razão que não
antecipa e que intui a inevitável convivência da ordem com o caos (Boaventura de Souza
Santos, op. cit., p. 75), logo, é prudente e dialogal, ademais de cosmocêntrica. Uma ra
cionalidade que sabe da influência do ambiente e suas transformações sobre a sociedade,
bem como leva em consideração outras dimensões da realidade social notadamente a
cultural, e aí cabe tudo: organização socioambiental, valores, conhecimentos, tecnologias,
etc. Por “teoria crítica” creditamos todo o conhecimento sistematizado cujo fundamento se
assenta seja em observações empíricas, seja em princípios ou postulados racionais, cujo
objetivo é desvelar um conjunto normativo ou de categorias gerais com o fim de ordenar e
classificar os fatos dados desde uma apreciação episte mológica, estética, ética, econô
mica, jurídica ou política sobre o objeto da investigação. Por “agir humano”, tributamos
todo o ato do ser humano objetivando provocar uma reação ou produzir um efeito no seu
entorno, assim mesmo, todo o agir humano está impregnado pela construção das necessi
dades (abundância ou insuficiência são os limites, dados os bens) e por narrações (mitos,
crenças, saberes e pré-compreensões pré-científicas, científicas, etc.).
17
MONTAG, W., Bodies, Masses, Power: Spinoza and his Contemporaries , London/New York:
Verso, 1994
18
MONTAG, W., Bodies, Masses…, p. 4
15
19
Estamos nos referindo ao substantivo “encontro”, mas não podemos esquecer a flexão do
verbo “encontrar”: tomo consciência de...; estou em um lugar, sob condição, em uma
situação ou estado de...; me situo, me localizo...
16
20
DELEUZE, G., e GUATTARI, F., Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia, New York, (1972)
1977, p. 10 e 11
21
Aqui no sentido jurídico stricto, isto é, ceder a favor de outrem o direito ou o domínio de
alguma coisa.
22
Termo latino que significa esforço de, ou esforço para; na filosofia do século XVII, é
utilizado a partir da nova física que, ao demonstrar o princípio de inércia (um corpo
permanece em movimento ou em repouso se nenhum outro corpo atua sobre ele modi
ficando seu estado), torna possível a idéia de que todos os seres do universo possuem a
tendência natural e espontânea para a autoconservação e se esforçam para permanecer
ou persistir como existentes (Cr., Marilena Chauí, Spinosa, uma filosofia da liberdade. São
Paulo: Editora Moderna, 1995, p. 106; cf. também, A nervura do real. Imanência e
Liberdade em Spinoza, Vol. 1 Imanência, São Paulo: Companhia das Letras, 1999).
17
23
O que pretenderemos defender é uma posição que se afaste da lógica binária clássica
de Aristóteles A(~A), e se aproxime da lógica da “teoria dos conjuntos” (como coleção de
objetos, definidos ou definíveis, numa totalidade atributiva), cujo objetivo está em
desenhar uma estratégia que melhor atenda a resolução de conflitos, sempre presen tes
entre os atores que atuam com diferentes objetivos, nos diversos subsistemas do sistema
jurídico. Assim, a concepção de Hart sobre a relativa indeterminação das normas gra
duando esta incerteza numa relação interescalar de princípios e regras (cf. Positivism and
the Separation of Law and Morals, in, Essays in Jurisprudence and Philosophy. Oxford:
Clarendon Press, 1983, p. 61 e s.; e, The Concept of Law. 2ª ed. Oxford: Clarendon Press,
1994, p. 259 e s.)
24
HABERMAS, J., Direito e democracia: entre facticidade e validade. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1997
18
PRI M EI R A PA RT E – RA C I O N A L I DA DE EC O L Ó G I C A
Não apenas cada parte do mundo se faz cada vez mais parte
do mundo, mas o mundo enquanto um todo está cada vez mais
presente em cada uma de suas partes. Isto se verifica não só para as
nações e para os povos, mas também para os indivíduos. Da mesma
forma que cada ponto do holograma contém a informação do todo
de que faz parte, de agora em diante, cada indivíduo também
recebe ou consome as informações e as substâncias vindas de todo
o universo.
Edgar Morin25
25
MORIN, E., Terra-Pátria. Porto Alegre: Sulina, 1995, p. 35
26
Uma perspectiva ecocêntrica moderada não refuta um antropologismo de meios, empre
gando-se aqui antropologismo, não como o faz o materialismo que considera o homem
apenas como uma parte da natureza, sendo dela um produto; não, o que pretendemos
com a expressão antropologismo de meios é significar os meios racionais do homem ao
perceber a realidade que pode compreender; assim, um antropologismo de meios, não
supõe um antropocentrismo de resutados, antes, afirma uma holovisão do mundo da na
tureza e da cultura. Vamos desenvolver esta idéia mais adiante.
27
Uma razão que privilegia as formas impuras e periféricas do pensamento, revela um
compromisso de aprender a apreender, penetrar na dimensão estética e na dimensão
paidética do pensar e do agir, com a possibilidade singular de desenvolver a passagem do
pensamento linear ao pensamento sistêmico e complexo por intermédio do uso de recursos
expressivos que nos fornece a razão sensível, vale dizer, a capacidade humana em captar
e representar as formas cognitivas da realidade, desde uma proporção que reconheça
similitudes e diferenças, diria Aristóteles, a percepção que nós percepcionamos –
atualidade do sensível e do sensitivo ( cf., ARISTÓTELES, Del Alma, 425b, in, Obras
Completas. 2a ed. Madrid: Aguilar, 1967, p. 860).
28
Atente-se, na realidade não há o racional e o irracional fora do conhecimento, pois como
dizia Pontes de Miranda, “a irracionalidade já é conhecer, e há caminhos para conhe cer-
se o irracional como tal: o que não conhecemos é o conteúdo, digamos, do irra cional, mas
por vezes e provavelmente sempre é o que ocorre com o nosso conhecimento” (O
problema fundamental do conhecimento. 2.a ed. Rio de Janeiro: Editor Borsoi, 1972 p. 93).
20
29
E aqui não falamos dos riscos produzidos pela probabilidade de perigo criada pelo
“imaginário” individual ou social.
30
Por fator humano entendemos a multiplicação do que é próprio do ser no jogo humano na
perspectiva de Gadamer (La actualidad de lo bello. Barcelona: Paidós, 1977, p. 66-68 – a
lição de Gadamer vem a calhar pois todos sabemos que o “jogo” veste um símbo lo de
universalidade, pois associa as noções de regra, liberdade e totalidade, qualquer que seja
a ordem destes termos, ao mesmo tempo, no “jogo” substituímos um estado anárquico por
um estado de ordem, metaforicamente se pode dizer que vincula um estado de natureza a
um estado de cultura, ou de um estado expontâneo para um estado de ordem. Talvez a
idéia mais importante de Gadamer nesta obra seja a de que não podemos pensar o
cultural humano sem pensarmos no lúdico. De outro modo, através do “jogo” encontramos
uma história do “movimento”, um automovimento como diz Gadamer, que revela-se no
“jogo” e na “arte”. Ademais, Gadamer nos ensina que na prá tica humana o “jogo” inclui a
“razão”, pois o homem disciplina e ordena seus próprios movimentos “como se tivessem
fins”, diz ele; isto é, uma racionalidade livre de fins. No “jogo” – afirma Gadamer – se exige
um “jogar com...” numa manifestação comunicativa), vale dizer, um jogo que pode incluir
em si mesmo a razão, o caráter distintivo mais próprio do ser humano, consistente em poder
dar-se fins e aspirar a eles conscien temente, e poder ironizar o característico da razão
conforme a fins. Pois a humanidade do jogo humano tem sede em que esse jogo de
movimentos ordena e disciplina, por dizer assim, seus próprios movimentos; movimentos
esses expletivos na combinação de dois outros fatores, o abiótico e o biótico, o primeiro,
representando os agentes físicos, químicos, geológicos, etc., do ambiente; o segundo,
relativo a cada um dos seres vivos da ecosfera; ademais, o fator humano revela-se num
processo cujos pressupostos físicos, bioquímicos e fisiológicos vão integrar mecanismos que
estão na base de um processo histórico e cultural, este essencialíssimo do homem e da
mulher, não encontrado em qualquer outro ser vivo.
21
31
Citação e tradução colhida em PONTES DE MIRANDA , F. C., Sistema de Ciência Positiva do
Direito, vol. I. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editor Borsoi, 1972, p. 205, nota de pé de página 28:
“Nicht nur die Menschheit, sondern auch jeder einzelne findet beim Erwachen zu vollen
Bewusstsein eine fertige Weltansicht in sich vor, zu deren Bildung er nichts absichtlich
beigetragen hat. Diese nimmt er als ein Geschenk der Natur und Kultur hin”
32
Não tratamos, por ora, dos adjetivos: natural e cultural.
33
A respeito cf. PLATÃO, Timeo, in Obras Completas. 2ª ed. Madrid:1969. Platão vincula
kósmos a um “Deus visível” no Timeu 92c (p. 1179), não atraído por um vitalismo, antes pelo
caráter ético que representa; de outro modo, postula, ( Tim. 30c-d) por um kosmos que não
pode ser compreendido pelos sentidos, sim pela inteligência (p. 1134-1136). Aí importante
para a compreensão da dialética platônica a noção de eidos, termo já corrente no
pensamento grego, como “aquilo que se vê”, aparência, natureza constitutiva, idéia,
forma. Platão o consagra, onde os eide estão implícitos e organizados no interior do “ser
vivo e inteligível” (Timeo, 30b, p. 1134).
34
Uma das reservas, com a correção de Platão, está na postura de Protágoras, no repetido:
o homem é a medida de todas as coisas, das que são o que são, e das que não são o que
não são (Pré-Socráticos, in Os Pensadores. São Paulo: Ed. Nova Cultural, 1996, p.32);
contudo tal afirmação não nos leva a um antrocentrismo radical, pelo contrario, ao ser
“metro” (metrón) ele é um instrumento para uma medida das coisas ( o humano além do
Homem, um humano que se coletiviza, que se torna tributário do kósmos (mais tarde do
social). Esta consagração humanizante alcança a todas as coisas, especialmente a
fabulação que incorpora todas as narrativas do (co)existir, pois humanus é o que “convém
ao homem”, pois como ensinava Platão, a teoria do homo mensura protagoriana, deve
expressar, Deus é a medida de todas as coisas (theios nomis – cf. Las leyes, in, loc. cit.,
716c, p. 1340); vale dizer, deus como hólon, expressando todo organismo vivo, universo,
23
35
Esclareça-se que em nossa visão axial natureza/cultura, tomamos em consideração a in
derrogável relação que se estabelece entre natureza como existência física, cosmológica
e positiva, e natureza como representação, já que a metodologia que dispomos para
aceder aquilo que nossos sentidos percebem se dá por meio de representações mentais
que são construídas e reconstruídas a cada momento, segundo o ambiente cultural a que
estamos submetidos, é nesta perspectiva que conceitos como natureza e cultura, ser
humano e sociedade, podem variar e efetivamente variam pendente o sistema cultural
relacionado.
36
PONTES DE MIRANDA, F. C., Introducção á Sociologia Geral. Rio de Janeiro: Pimenta de
Mello & C., 1926
24
38
Marx, K., Misère de la philosophie: réponse à la philosophie de la misère de M. Proudhon ,
in Oeuvres, Paris: Gallimard, 1969, p. 83-84
39
A precisão significativa de “relação” pende de sua contextualidade, identificada esta é
que poderemos melhor encontrar o sintagma nominal que a representa. Para exemplificar
esta afirmativa, basta lembrar o conceito de “relação” em Kant , onde está por um con
ceito “puro” do entendimento desde três bem definidas categorias: substância, causa e re
ciprocidade (para Kant o “juízo” se constitui não por uma relação de afirmação ou nega
ção de alguma coisa; mas, por uma relação entre conceitos pensados), conformando os
25
40
Essas são algumas importantes perguntas que faz Pontes de Miranda em um livro pre
ciosíssimo de gnoseologia, com o título: O Problema Fundamental do Conhecimento, es
crito em 1937, ao qual, em parte, nos perfilaremos (Cf., PONTES DE MIRANDA, F. C., O
Problema..., 2.a edição. Rio de Janeiro: Editor Borsói, 1972, p. 61)
41
Aqui utilizamos a expressão “estado de ser” como aquilo que tem um significado auto-
incluído ou auto-implicado, ou constitutivo mesmo do objeto, assim tudo o que apõe
identidade ou idéia, descritiva, qualificativa, quantitativa ou designificativa. Logo, não tra
tamos das concepções de Aristóteles, Kant ou Hegel, relativamente as essências e a
indeterminabilidade, ou ao heideggerianismo de um ontologismo impermanente.
42
PONTES DE MIRANDA, F. C., O problema..., p. 64.
26
43
Predicado em sentido lógico, vale dizer, termo relacional ou conjunto de termos que lhes
são atribuíveis, através de uma proposição afirmativa ou negativa; predicamento em
sentido classificatório de características comuns que lhe são atribuíveis.
44
46
Por “realidade”, entendemos aqui, tudo o que é constitutivamente material ou repre senta
ção desta materialidade, aquilo que existe de fato, relativo aos bens e às pessoas
individualmente ou relacionadas, independentemente do sujeito que interroga. Desde aí, o
real é o que em cada momento se faz e se desfaz, ou o que está feito, completo, e nada
lhe falta
27
S ão ad je t iv as q ua n do in t e rv ê m n a s re la ç õe s s u bs t an t iv as (p rim árias )
p ara aj u n ta r-lh e s um a qu alid ad e , u m a e x t e n sã o ou ain d a, u m a qu an t id ad e
à qu ilo q ue a re laç ão su bs t a n tiv a s ign ific a.
A cla rad os p ois o s te r mo s da s re laç õe s , n e s t a d is se rt a çã o, va m os t ran
s it ar por d ois mu n d os ; m u n do s q ue e x pre s s am u m a rac ion alid ad e m u lt idi
m e n sio n al. Do is m u n do s, div idid os t ão- só para o bs e rvá -los .
U m m un d o d os fat o s , qu e se c on s t it u i n a so m a de t od os os e ve n t o s d a
n at u re za c o mo se d ão, e u m mu n d o da c u lt ur a, c om s ua s m at riz e s ( c o n )
f orm ado ras da v ida s o cia l.
E squ e m at ic am e n t e as s im po de m s e r obs e rv ado s :
do s f at os so m a do s e v e n to s
M un d os
d a cu lt u ra ma t rize s ( co n ) fo rma do ras
- o h om e m e a m u lh e r
á nt h ro pos - a re a lida de in div idu al
- a n at u rale z a h um an a p rimo rd ial.
- a so c ie dad e
interativo dos
D os f at os so m a do s e v e n to s ethos seres humanos
- a re alid ade c ole t iv a
- o po vo, a n aç ão , o E s ta do
- o e s pa ço n a n a t ure z a
o iko s - o a mb ie n t e d e v ive r
- o t e rrit ó rio e a ca s a
47
Não esqueçamos, por “realidade” entendemos aqui tudo o que é constitutivamente mate
rial ou representação desta materialidade, aquilo que existe de fato, relativo aos bens e às
pessoas individualmente ou relacionadas, independentemente do sujeito que interroga.
Desde aí, o real é o que em cada momento se faz e se desfaz, ou o que está feito,
completo, e nada lhe falta.
48
A expressão apercepção – apperceptio, onis, foi criada por Leibniz, e foi utilizado por ele
no sentido de consciência das próprias percepções; e. g., a percepção da luz, ou da cor
que é composta de pequenas percepções que anotamos: apercepção. Um ruído que
percebemos mas que não damos atenção, todavia se crescer de volume torna-se aper
ceptível. Os animais têm percepções mas não têm apercepções porque as apercepções
são próprias dos homens, já que suas percepções são acompanhadas pela potencia de
refletir. A atividade intelectual é, consequentemente, uma atividade dominantemente
aperceptível, pois conduz a que percebamo-nos como sujeitos perci pientes e assim nos
distinguimos da coisa percebida, empregamos essa capacidade em dimensão
essencialíssima, para definir com rigor ampla gama de representações as quais
emprestamos valor. Mais terde, Kant, vai empregar esta expressão para denominar a
autoconsciência subjetiva que se encontra na dimensão pura ou empírica do
conhecimento.
49
Atente-se que há outra forma de êthos (ηθος) revela o lugar em que estamos inte
riormente (Hesiodo, Opera et Dies, 167, 525; Herodoto, 7, 125; 1.15, 157; Aristoteles, Ética
nicomaquea, 1138a), que deu ήθική, feminino de ήθικός. Ética, Ético.
29
50
Cf. PONTES DE MIRANDA, F. C., Introducção..., 1926, p. 235
51
PONTES DE MIRANDA, op. cit., loc. cit.
52
Aqui empregamos a expressão latina no sentido mais puro de “entrelaçamento”.
30
53
Aqui distinguimos, arbitrariamente, viver de existir apenas para marcar bem o que é do
mundo substancial e o que é do mundo adjetivo. Assim, viver é estar presente e perdurar,
em sentido amplo ocupar um espaço neste mundo, habitar. Por existir, queremos revelar um
extensão consciencial nesta ocupação do mundo, um processo intersubjetivo onde
estamos presentes e participamos como realidade subjetiva particular, pois ao existir, o ser
humano intervém no mundo da vida, uma “região da realidade na qual o homem se
empenha e que pode modificar quando nela opera” (cf. Schutz, Alfred, The Structures of
the Life-World, Evanston: Northwestern University Press, 1973, p. 3).
54
Atente-se que o natural, no sentido utilizado, não acolhe o impermisto.
55
É neste espaço relacional: natural ou cultural que são gerados produtos. Produtos
culturais são, portanto, derivações da relação natural/cultural, são múltiplos relacionais com
as características de densidade específica preponderante de cada termo da relação:
natural ou cultural. O peso específico dos produtos culturais está medido pela maior
preponderância do natural ou do cultural que lhes integram. A linha de interseção dessas
duas grandezas lhes imprimem a identidade; neste aspecto, os produtos culturais sempre são
resultado de proporcionalidades estabelecidas pela causa-razão da matriz constituidora.
Retornaremos ao tema ao tratar do direito como produto cultural.
56
Multívolo pela polissemia que lhe é emprestada, múltivoco pela série de representações
que atribuímos em nosso “olhar”, “perceber”, “entender” e “admirar”.
57
No sentido de faltar com a pertinência, isto é, não parece apropriado ou recolhido a sua
finalidade, por déficit de nossos sentidos ou representações.
31
58
Rigoberta Menchú Tum, Prêmio Nobel da Paz, na Sessão Inaugural do Foro Global
Ministerial del Ambiente, 7ª Sesión Especial del Consejo de Gobierno del PNUMA,
Cartagena, Colombia, 13 de Febrero de 2002 , La diversidad cultural es el espejo de la
diversidad natural, in, Revista Memória, 1.o de junio 2002, podendo ser consultado na
INTERNET através do seguinte endereço: www.rebelion.org/cultura.htm
59
Cisão, vem do perfeito excido (-is, excidi, excisum) que é cortar, separar, passando por
scissio, corte ou divisão. A derivação, por scindo, deu escindir, rescindir, prescindir... Por
isso mesmo, a cisão está no corte que aparta, isola, separa e incomunica. Por outro lado, é
verdade que grande parte de nossos discursos são feitos de cisões, são elas como
“cancros” dos sentidos, agregadas em expressões cujos significantes são para nos irrenun
ciáveis.
60
Caso representativo de cisão está no “tempo”. Tempo é cisão. Se cinde em dois fluxos
identificáveis: um que conserva o pretérito e outro que coleciona todo o pre sente e está
presente também em um virtual futuro. A cisão que é o “tempo” se percebe na “ imagem
cristal” (no espelho) como já revelaram Deleuze e Guattari: “[...] La imagen cristal no era el
tiempo, pero se ve al tiempo en el cristal. Se ve en el cristal la perpetua fundación del
tiempo, el tiempo no cronológico, Cronos y no Cronos. Es la poderosa Vida no orgánica
que encierra al mundo” (DELEUZE, G., E GUATTARI, F., La imagen tiempo. Buenos Aires:
Paidós, 1985, p. 114). Recorde-se, os sonhadores vêem o surgir do tempo, seu desdobrar-se
e cindir-se e calam (isto é, penetram e chegam a compreender o motivo, razão ou segredo
do continuum temporal). Bergson apontava que a cisão do tempo não chega nunca até o
seu final. O cristal vive justo no limite em que o passado já não é senão virtual, e o futuro
imediato não o é ainda. Na imagem cristal, o virtual e o atual são quase indiscerníveis.
61
Entendida como “o concreto de nossas potencialidades”.
33
62
Por isso, Gilles Deleuze dizia que em toda a série de dualismos cartesianos: alma-corpo,
pensamento-extenso, enunciado-enunciação, o único notável e a única pergunta está em
que esse não é o último aspecto, ou a dualidade dos sujeitos do enunciado e dos sujeitos
da enunciação, ou, uma vez mais, sujeitos de enunciado do tipo “eu caminho”, “eu
respiro”, “eu imagino”, sujeitos de enunciação “eu penso”, vale dizer, não é essa dua
lidade que vai informar todos os dualismos da reflexão, e todos os outros dualismos das
substâncias, corpos, etc.?” Essa pergunta faz pensar...
63
Cf., excelente estudo em CANOTILHO, J. J. G., Procedimento administrativo e defesa do
ambiente, in, RLJ – Revista de Legislação e Jurisprudência, Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra, n.o 3794/3799, pág. 290, compulsada na Biblioteca da Faculdade
de Direito da Universidade de Coimbra (2003).
64
SENDIM, J. C., Responsabilidade civil por danos ecológicos. Da reparação do dano
através da restauração natural, Almedina, Coimbra, 1998, consultada na Biblioteca Central
da Universidade de Coimbra (2003).
65
Cf., JONAS, H., El princípio de responsabilidad. Ensayo de una ética para la civilización
tecnológica, Herder, Barcelona, 1995, págs. 34-35, 140, 227-232, 302, 338-341.
34
66
SENDIM, J. C., Responsabilidade..., pág. 94.
67
Lembremos que o substantivo antístrofe revela uma figura estilística de grande impor
tância na comunicação das idéias. Através dela diferenças de sentidos são encontrados
utilizando as mesmas palavras só que invertendo-lhes a ordem, os exemplos clássicos são: a
Arte da Matemática e a Matemática da Arte, ou a Filosofia da Miséria e a Miséria da
Filosofia.
35
68
HEGEL, G. W. F., Femenología del espíritu. México: FCE, 1996, p. 300 (destaque do autor,
no original)
69
Cf., op. cit., p. 300
36
70
PIETRI, U., Sumario de la civilización occidental. Caracas: Edime, 1959, p. 10
71
PONTES DE MIRANDA, F. C., A Sabedoria dos Instintos, in, Obras Literárias – Poesia e Prosa.
Rio de Janeiro: Liv. José Olympio Editora, 1960, p. 102
37
Gladson Mamede73
72
Aqui entendemos racionalidade como domínio consciente da realidade. Pensamos numa
racionalidade funcionalista que reconstrói a razão, pressupondo que certas práticas, apa
rentemente irracionais, podem ser inteligíveis quando se captam suas funções so ciais.
Construir modelos para dar sentido à realidade, por vezes caótica, sempre levando em
consideração que o real é um constructo, que talvez nunca alcance – apesar de ser
construída – uma conclusão, revela-se como soma e resultado do passado (totalidade). O
real hoje que se nos apresenta como verda deiro (um verdadeiro normativo que nos permite
entender e pactuar com o nosso tempo e nosso espa ço), amanhã será apenas parte de
outra verdade (própria de um novo espaço-tempo). Podemos, breve modo, distinguir dois
tipos de racionalidade ou de ações racionais: uma, de acordo com os fins e, outra, de
acordo com valores (em Weber: Zweckrationalität e Wertrationalität, respectivamente). No
primeiro caso estamos frente ao sujeito que define os fins que deseja alcançar e avalia os
meios para alcança-los, carrega consigo, o resultado da avaliação que fez, das condições
previsíveis da sua ação. Já no segundo caso, o sujeito credita-se num valor e por ele pode
dar a sua vida. Ao definir o valor ele age para concretizar o mesmo, independentemente
dos meios e das conseqüências. É o valor o “farol” que ilumina a sua ação. Assim, quando
um sujeito funda seu agir em um valor previa mente elegido sem que lhe importem as con
seqüências de sua ação, Weber apontava para uma “ética da convicção”; e, quando age
de acordo com os fins objetivados – o que implica ter consciência dos efeitos colaterais
derivados – assumindo os eventuais riscos e a responsabilidade pertinente, estamos frente
ao que, o mesmo Weber, denominou de “ética da responsa bilidade” (WEBER, Max, El Polí
tico y el científico. Barcelona: Península, 1989, p. 69).
73
MAMEDE, G., Semiologia e Direito: tópicos para um debate referenciado pela animalidade
e a cultura. Belo Horizonte: Editorial 786, 1995, p. 24
74
Uma razão de um sujeito fronteiriço que acaba por revelar-se um sujeito narrativo: “ Entre
el ser físico y el metafísico, o entre el ser y la nada, o entre el sentido y el sinsentido, halla
el hombre su razón y su significación al constituirse como cópula y como disyunción. Y la
forma ética, o el imperativo ético (Llega ser lo que virtualmente eres, habitante de la
frontera del ser y del sentido), es lo que permite determinar la voluntad, y la consiguiente
acción, hacia el ajuste de la matriz humana con su plena consecución (o finalidad), que es
la vida buena que a la humanidad le corresponde ” (TRÍAS, E., Ética y condición humana.
Barcelona: Península, 2000, p. 63-64)
38
75
Cinde-se a relação substantiva natureza/cultura, com conseqüências que perduram até o
presente.
76
Niccolò Macchiavelli é considerado o pai da Teoria do Estado e da Ciência Política. De
origem florentina viveu entre os anos de 1469 e 1527. Sua principal e mais citada obra po lí
tica é O Príncipe (mas vale a pena ler seu Discorsi sopra la prima deca di Tito Livio e
Mandrágora, nesta última fica clara a noção já declarada em O Príncipe de que os homens
foram sempre e em toda parte os mesmos: “tristi”, isto é perversos, propensos ao mal,
ingratos, volúveis e sempre prontos a mostrar sua natureza vil e corrupta) que dedicou a
Cesar Borgia com a óbvia intenção de obter do mesmo, vários favores políticos. Maquiavel
utiliza pela primeira vez, a palavra Estado para referir-se as tiranias, principados e reinados
em que se encontrava dividida a Europa. Ao largo d’ O Príncipe, se evidencia que a
palavra Estado é utilizada em seu sentido latino statum que advém do verbo estare e cujo
significado se reduz a situação ou condição. O objeto de dito livro é compilar toda uma
série de normas políticas, organizadas conforme uma lógica que permitisse ao monarca
manter a situação que até então havia caracterizado seu poder, e mesmo, para aumentá-
lo e reafirmar sua soberania e presença na nação, sem necessitar modificar as condições
de seu regime de governo. Maquiavel procurava de monstrar que a moral não tem lugar na
política nem na arte de governar, e isto era importante saber para a manutenção no
poder. Maquiavel não se ocupa de definir o que se deve considerar como Estado, não
obstante, ele é o primeiro a utilizar a expressão para referir-se as organizações políticas da
baixa idade média, cujo poder era exercido em parte pelos reis e príncipes, e em outra
facção, por seus terra-tenentes, os senhores feudais.
77
Em O Príncipe fica bem desenhado o significado do poder e o papel que exerce o gover
nante de um Estado. Atente-se, que na Idade Media se havia sintetizado a idéia do Estado,
como a existência de uma ordem natural proporcionada por Deus aos homens. Dita ordem
era, em princípio, inquestionável e se acreditava que só se podia aceder a seu
conhecimento através de níveis de contemplação.
39
3. 1 – Um pouco de hi s t ór i a
78
Daí, as teorias do “contrato social” que pressupunham uma natureza humana investida
de direitos e poderes naturais, de modo tal que o “contrato” passa a ser celebrado entre
pessoas formalmente iguais. Todo o iusnaturalismo, emergente então, leva em consi
deração um modo de “racionalização do Estado” – um racionalismo estatal – que faz com
que sob o domínio da lei – como norma do Estado – esse possa viver o racional,
fomentando-se à liberdade. É assim que a racionalização do agir humano se vincula a
organização política da sociedade. O que se vê, portanto, é uma renovada secularização,
onde Kant recupera a fórmula do contrato social como uma idéia regulativa. Para a
secularização do saber foi um passo, pro movida pela ciência que municiou, inclusive,
novas concepções políticas que, por sua vez, produziram a secularização do poder
simultaneamente com a do dever com assento na filosofia moral dominante
79
Diz-se do pensamento de Cornélio Jansenio (1585-1683), bispo condenado como herege
pela Inquisição, em seus princípios, ademais de negar o livre-arbítrio, estava como núcleo
a afirmação que a natureza humana era por si só, incapaz do bem.
40
80
É desde Kant (1724-1804), pai do idealismo, e de sua “crítica da razão” que se impõe a
pergunta que fez: “Que posso saber?”. A resposta cinde o substantivo “razão” e o adjetivo
“racional”: aí está aberta a porta para transformar a crítica da razão moderna em meta
crítica. Todo o desenvolvimento posterior do pensamento de Kant – que aqui não podemos
ou devemos enfrentar – o leva pensar que, com a sua descoberta das leis uni versais do
pensamento, as estruturas do a priori asseguram a objetividade do conhecimento.
Contudo, quando faz a segunda e terceira perguntas: “Que devo fazer?” e “O que me está
permitido esperar?”, procura estabelecer os usos da razão: razão teórica e razão prática.
Se uma impõe suas condições para o conhecimento, outra estabelece as condi ções para o
agir.
81
É com Hegel (1770-1831) que se dá a marca completória da razão moderna. Com ele e
após ele se inaugura a filosofia contemporânea. Com ele altera-se a perspectiva da ra zão,
agora como razão dialética (Hegel, grande conhecedor do pensamento grego, dele muito
se aproveitou, certamente, muito de Heráclito, onde nos seus fragmentos já se delineia
uma “razão dialética” (cf. KIRK, G. S., RAVEN, J. E. e SCHOFIELD, M., Os Filósofos Pré-
Socráticos – História Crítica com Seleção de Textos , 4.a ed. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1994, p. 193 e ss.). Em seu famoso apotegma, fron tispício de seus Princípios de
filosofia do direito, afirmava: “O que é racional é real, e o que é real é racional”. A
afirmação, sem dúvida, pode proporcionar uma série de críticas, mas não é o lugar aqui
para desenvolvê-las e, por isso, vamos apenas anotar o seguinte (seguindo as aclarações
do próprio Hegel): primeiro, tudo é racional porque todos os aspectos da realidade cabem
dentro da razão, dado que a razão – para Hegel – é temporal, concreta e mundana
(atente-se que para Hegel a razão não está divorciada do mundo, ao contrário, está no
mundo, na natureza e no espírito, está no passado e se desvela num presente contínuo,
impregna o sujeito e as instituições, estabelecendo para isso uma série de configurações
(Cf. Hegel, in, KENNY, A., The Oxford Illustrated History of Western Philosophy. Oxford:
Oxford University Press, 1994)); segundo, o real é racional pois o real é idéia – razão – para
uma mente, vale dizer, para um sujeito que pensa: a realidade é a realidade pensada.
41
82
Cf. ENGELS, F., Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã, in, MARX, K.,
ENGELS, F. Textos Filosóficos. Lisboa: Editorial Presença, Biblioteca de Ciências Humanas,
s/d., p. 24; 27 e s.; 33 e s.; cf., especialmente, El Anti-Dühring – Introducción al estudio del
socialismo. 4ª ed. Buenos Aires: Editorial Claridad, 1972, p. 32: El sistema de Hegel fue un
aborto colosal, el último de su género. Además, adolecía también de una contradicción
interna e incurable; de una parte, su postulado fundamental era la concepción histórica
según la cual la historia de la humanidad es una evolución que en razón de misma
naturaleza no puede hallar su conclusión en el descubrimiento de una verdad absoluta y,
de otra parte, este sistema pretende ser justamente la expresión de esta verdad absoluta.
Un sistema de la naturaleza y de la historia que abarca todo y contiene todo, está en
contradicción con las leyes fundamentales del pensamiento dialéctico; pero esto no se
opone, de otra parte, de ninguna manera, sino por lo contrario, implica que el
conocimiento sistemático del conjunto del mundo exterior haga progresos gigantescos de
generación en generación.
83
Ainda que larga a citação vale reproduzir Engels : Desde el momento que se comprendía
el error total del idealismo alemán, necesariamente se llegaba al materialismo, pero,
entiéndase bien, que no al puramente mecanicista, exclusivo y metafísico del siglo XVIII. En
lugar de condenar pura y simplemente toda la historia pasada, a la manera de los
revolucionarios ingenuos, el materialismo moderno ve en la historia la evolución misma de
la humanidad cuyo movimiento se halla sometido a leyes que es fuerza reconocer. Hegel ,
como los franceses del siglo XVIII, se representa la naturaleza como un todo que
permanece idéntico a sí mismo, se mueve en un movimiento circular dentro de estrechos
límites, un mundo de astros eternos, como los de Newton, y en que los seres organizados
están clasificados en especies invariables, como lo enseño Linneo; por el contrario, el
materialismo sintetiza los procesos recientes de las ciencias naturales, según los cuales la
naturaleza también tiene su historia en el tiempo: los planetas como las especies vivas que
los habitan, si las condiciones exteriores les son favorables, nacen y desaparecen, y las
órbitas que recorren, si aún hay razón para creer sean circulares, tienen dimensiones
infinitamente más considerables de cuanto se suponía. En uno y otro caso, tal materialismo,
esencialmente dialéctico, no implica ninguna filosofía superpuesta a las demás ciencias.
Desde el momento que se pide a cada ciencia se dé cuenta de su posición en el conjunto
total de las cosas y del conocimiento de las cosas, tornase superflua una ciencia especial
del conjunto; lo que subsiste de toda la antigua filosofía y conserva una existencia propia
es la teoría del pensamiento y sus leyes –la lógica formal y la dialéctica–. Todo lo demás se
resuelve en la ciencia positiva de la naturaleza y de la historia (ENGELS, F., El Anti-Dühring –
Introducción al estudio..., p. 32-33).
42
84
Aliás, Clarence Glacken, em livro magnífico, com precisão anota: “Na história do pen
samento ocidental, o homem tem se perguntado sobre sua relação como a terra habi tável.
É a terra uma criação feita de propósito? Tem seus climas, seus relevos e a configuração
de seus continentes alguma influência sobre as características morais e sociais de seus
habitantes, e também sobre o caráter r natureza da cultura humana: em sua larga posse
da terra, e de que maneira a tem transformado o homem? (GLACKEN, C. J., Traces on the
Rhodian Shore. Berkeley: University of California Press, 1967, p. 14).
85
Cf., KIRK, G. S., RAVEN, J. E. e SCHOFIELD, M., Os Filósofos Pré-Socráticos..., p. 3 a 15: até
os deuses são vencidos pela sono (p. 12).
86
Platão apresenta a seguinte genealogia: “Oceano e Tétis foram filhos de de Gaia e
Uranos, e deles nasceram Phorkus, Chronos, Rea e os que vão com eles (PLATÃO , Timeo, o
de la naturaleza, in Obras, 40a-d. 2ª ed. Madrid: Aguilar, 1969, p 1141
87
Cf., SCIACCA, M. F., História da Filosofia. Vol. I., 3ª ed. São Paulo: Mestre Jou, 1967, p. 24
e s.
43
88
Cf. KIRK, G. S., RAVEN, J. E. e SCHOFIELD, M., Os Filósofos Pré-Socráticos..., p. 33
89
Frag. de Simplício, Pgys. 24, 13, citado por KIRK, G. S., RAVEN, J. E. e SCHOFIELD, M., Os
Filósofos Pré-Socráticos..., p. 105-106
90
Auts. cits., op. cit., p. 118
91
No texto, κόρος, quer expressar saciedade, fartura, também, arrogância, altivez, inso
lência (cf., Diccionario Manual Griego Clássico. Barcelona: Vox, 2000)
44
93
No frag. de Censorino: “Anaximandro de Mileto pensou que da água e da terra aquecidas
surgiram os peixes ou sere muito semelhantes aos peixes; entre estes se formou o homem,
sob a forma de embrião retido dentro deles até a puberdade; quando, por fim, os seres
semelhantes a peixes se romperam, deles sairam os homens e as mulheres já capazes de se
alimentarem” (citado e traduzido por Kirk et alli, op. cit., p. 142-143).
94
Cf. Frag. 41, Diógenes Laércio IX, 1, in, KIRK, G. S., RAVEN, J. E., SCHOFIELD, M., Os filósofos
pré-socráticos – História Crítica com Seleção de Textos . 4.a ed., trad. de Carlos A. Louro
Fonseca. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, p. 210
95
Cf., op. cit., p. 210
96
Cf. Frag. 30, Clemente V, 104, 1, in, op. cit., p. 204-205
45
97
HIPOCRÁTES, On Airs, Waters and Places, in Lloyd, W. F., Hippocratic Writings.
Harmondsworth: Penguins Books, 1984, p. 67
98
Strabo (o grego) (63/4 a. C – 24 d. C), historiador, geógrafo e filósofo. Em filosofia era um
estóico e politicamente um defensor do imperialismo romano. Escreveu um tratado
imponente de geografia, uma história descritiva das pessoas e dos lugares de diferentes
regiões do mundo conhecido de sua época (cf. The Columbia Encyclopedia, Sixth Edition.
2001-05, Barleby.com – Graet Books online: www.bartleby.com/br65.html ). Sua Geografia,
pode ser consultada online, nos seguintes endereços:
http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Strabo/home.html;
http://www.perseus.tufts.edu/cgi-bin/ptext?lookup=Strab.+toc; e,
http://members.aol.com/spothecary/editions.html
99
Strabo, citação que colhemos em GLACKEN, C. J., Traces on the Rhodian Shore. Berkeley:
University of California Press, 1967, p. 198
46
100
TOMAS DE AQUINO, Sto., Suma Teologica. Tratado del Hombre. 1q,96 a.3. Tomo III. Madrid:
Biblioteca de Autores Cristianos, 1959, p. 658
101
IBN KHALDOUN (1332-1395), é reconhecido universalmente, como o fundador da
Sociologia e das Ciências Históricas, sua obra mais famosa, o Muqaddimah (Prolegomena).
Seus antepassados eram árabes iemenitas (do Iêmen, sudoeste da Ásia) que se
estabeleceram na Espanha no começo do século oitavo, na Sevilha muçulmana. Grande
pensador, incursionou pelas mais diversas ciências de sua época, estudou o Qur'an, as
tradições de Maomé o profeta, e outros estudos islâmicos, tais como a dialética
teleológica, a shari'a (norma islâmica jurisprudencial da escola de Maliki). Estudou também
literatura, filosofia, matemática e a astronomia árabes.
102
Ensinava Ibn Khaldoun, sobre o espaço físico asiatico: “As zonas quinta, quarta e terceira
ocupam uma posição intermédia. Têm muita moderação, que é justo meio. A quarta zona,
a mais perto do centro, é a mais temperada que pode ser... O físico, o caráter de seus
habitantes são temperados em relação ao alto nível requerido pela composição do ar em
que vivem” (The Muqaddimah, An Introduction to History. Princeton: Princeton University
Press, 1967, p. 310).
103
[...] e pelo que concerne a lassidão que a situação poderia engendrar, deve velar-se
para que as árduas tarefas que o “lugar” não faz cumprir se aplicam por lei; assim como
imitar o exemplo daquelas nações bem formadas que, vivendo nos países mais férteis e
agradáveis que como tais deveriam provavelmente dar lugar a raças apáticas e
afeminadas, ineptas para todas as atividades humanas, para compensar o agravo
47
105
BODIN, J., Los Seis libros de la república. Seleção, estudo preliminar e tradução de Pedro
Bravo Gala. 2.a ed. Madrid: Tecnos, 1992
106
BODIN, J., op. cit., p. 67
48
107
MONTESQUIEU, (Charles de Secondat) Barão de, De l’Esprit des Lois, in, Ouvres Complète.
Paris: Bibliothèque de la Pléiade, 1951, p 248
108
ROUSSEAU, J-J., Emile: or on Education. Harmondsworth: Penguin, 1991, p. 451
49
109
Citação que colhemos em JAMES, P., All Possible Worlds. Illinois: Odyssey Press, 1972, p.
578
110
Citação que colhemos em PEET, R., Radical Geography: Alternative Viewpoints on
Contemporary Social Issues. London: Methuen, 1979, p. 59
111
HUNTINGTON, E., Civilization and Climate. Hamden: Yale University Press, 1971, p. 239
50
113
BOAS, F., Race, Language and Culture. Chicago: Free Press, 1982, p. 257
114
SAUER, C. O., Land and Life. Berkeley: California University Press, 1963, p. 507
51
115
Sir Arthur Tansley (1871-1955), botânico inglês, fundador da British Ecological Society e do
Journal of Ecology.
116
TANSLEY, A., The use and abuse of vegetational concepts and terms. Ecology, 1935, 16, p.
284; mais tarde, em 1939, Tansley cunha o conceito de ecotopos como uma particular
porção do mundo físico que forma a habitação (oikos) para os organismos que nele
subsistentes (cf. TANSLEY, A., The Britsh Isles and Their Vegetation, vol. 1. UK: Cambridge,
1939, p. 228)
117
MARGALEF, R., Perspectives in Ecological Theory. Chicago: University of Chicago Press,
1968, p 3
52
118
SCHNAIBERG, A., The environment: From surplus to scarcity. Oxford: Oxford University
Press,1975
119
BECK, U., The risk Society. London: Sage, 1992; utlizamos a versão espanhola, La sociedad
del riesgo. Barcelona: Paídos, 1998
120
GIDDENS, A., Consecuencias de la modernidad. Madrid: Alianza Ed., 1993
53
Marx e Engels121
E s t am os , e n t ã o, n a pr e se n ç a d o co n t ras t e : s u je it o /o bje t o , qu e co n du z
a o co n fro n t o e pis t ê m ic o d a p os s ibilid ade de c on h e c e r o ob je t o co m o
s uj e it o.
121
Marx, K. e Engels, F., A Ideologia Alemã, Lisboa: Editorial Presença/Livraria Martins Fontes,
1974, Volume I, p. 26
122
Estamos nos referindo ao substantivo “encontro”, mas não podemos esquecer a flexão do
verbo “encontrar”: tomo consciência de...
123
L’être et la néant. Enssai d’ontologie phénoménologique. Gallimard, Paris, 1943
56
124
FOUCAULT, M., Dits et écrits (1954-1988), Vol. IV (1980-1988), Gallimard, Paris, 1994, p. 733,
exemplar consultado na Biblioteca Central da Universidade de Coimbra (2003).
125
Do latim solus ipse, um mesmo só, isto é,, tipo de subjetivismo levado ao extremo, que
entende que só existe, ou só pode ser conhecido o próprio eu; mais além do nós existem
nossas experiências, tudo o que resta é nosso eu presente.
126
Distinguindo-se as sensações dos pensamentos e das percepções.
127
Cf. CASTILLA DEL PINO, C., Teoría de los Sentimientos, Tusquets Editores, Barcelona, 2000,
p. 37-51 e 251-277
57
128
O Problema Fundamental do Conhecimento, Editor Borsoi, Rio de Janeiro, 2.a ed., 1972
129
O grande risco do solipcismo pode ser medido por suas conclusões, vale dizer que nada
existe objetivamente, tudo não passando de imagens construídas, ou por outra, de que a
totalidade de nosso conhecimento é devido as representações culturais.
58
4. 2 – Da r el ação s uj ei t o/ obj et o
131
As totalidades atributivas são aquelas cujas partes estão referidas umas com as outras,
seja simultaneamente, seja sucessivamente, e mais, suas conexões atribu tivas não impli
cam a inseparabilidade. Diz-se, portanto nematológicas, vale dizer, aquelas totalidades
que abarcam uma complexidade de partes ou topoi que se consideram desde a pers pec
59
tiva de seu entrelaçamento por fios ( νεμα, nema, fio) tais que impedem um tratamento
isolado de umas em respeito a outras, segundo o princípio que os gregos denominaram de
“symploké” (συμπλοκώ, isto é “entrelaçamento” das coisas que constituem uma situação,
efêmera ou estável, o “symploké” sublinha efetivamente o momento da des conexão.
Pode-se ver o fenômeno em alguns textos platônicos, v.g., “O Sofista” (251a-253b): o
Estrangeiro de Elea quer dizer a Teeteto – no texto platônico –, que o entre laçamento se
revela como uma formulação de um princípio universal de “symploké” (oposto ao
monismo holista: tudo está vinculado com o todo; assim como, no pluralismo radi cal: nada
está vinculado, ao menos internamente, com nada), por isto se pode consi derar Platão
como o fundador do método crítico filosófico, por oposição ao método da metafí sica
holista ou pluralista da “filosofia acadêmica (Platão, El sofista o del ser, in, Obras Com
pletas, Aguilar, 2.a ed., Madrid, 1969, p. 999-1045, especialmente, 1031-1035).
132
No sentido grego de observar sem nada afirmar.
133
Cf. PONTES DE MIRANDA, O Problema..., p. 97-98.
134
Cf. op. cit., p. 100.
135
Cf., PONTES DE MIRANDA, op. cit., p. 97-105; e, Sistema..., II, p. 253-254.
60
136
PONTES DE MIRANDA, op. cit., loc. cit.
137
Op. cit., loc. cit.
138
PONTES DE MIRANDA, F. C., op. cit., p. 86-88; e, Sistema...., II , p. 254
61
139
Cf. Pontes de Miranda, Problema..., p. 100.
140
Morin, E., e Piattelli-Palmarini, M., La unidad del hombre como fundamento y apro
ximación interdisciplinaria, in, Leo Apostel (y otros), Interdisciplinariedad y ciencias
humanas, Tecnos/Unesco Madrid, 1983, p. 212 (exemplar consultado na Biblioteca Central
da Universidade de Granada – Espanha [2002]).
141
Genéticas, fisiológicas, psíquicas, etc.
142
“Sistema global homo” como prefere Morin.
143
Morin, E.e Piattelli-Palmarini, M., La unidad del hombre..., p. 212.
144
L'unité de l'homme. Invariants biologiques et universaux culturels , Seuil, Paris, 1974, p. 618
(exemplar consultado na Biblioteca Central da Universidade de Granada – Espanha
[2002])
62
145
Morin, E.e Piattelli-Palmarini, M., ob. cit., p. 618
63
147
The evolution of reciprocal altruism, Quarterly Review of Biology 46 (4), 1971:35-57; aliás,
se pode acessar, estando previamente cadastrado, essas revistas a partir do n. o 77 em
http://www.journals.uchicago.edu/QRB/journal/, consultamos a revista na Biblioteca Cen
tral de Universidade de Coimbra (2003).
148
A “agressão moralista” é freqüente entre os primatas (chipanzés, babuínos e outros). Um
tipo de comportamento que se assemelha muito ao sistema de coerção judicial.
149
Os sociobiologistas também relatam “relações” mais complexas muito assemelhadas a
“quase-contratos”. O exemplo que fornecem é o dos ninhos de tenuirrostros africanos (es
pécie de pássaros de bico longo e delgado, semelhantes aos nossos “beija-flores”), neles
se pode observar que se encontram indivíduos da mesma espécie, todavia, não
pertencentes à família proprietária do ninho; no entanto, trabalham, defendem e
64
150
Em grego βιο (vida) e κόινος (abstratamente, aquilo que é “comum”)
151
Apud, CAPRA, F., A teia da vida, Cultrix, São Paulo, 1996, p. 9.
66
5 – A DI A L ÉT I C A PO SI Ç Ã O - DI SPO SI Ç Ã O
Sobreposição
Composição Contraposição
Proposição Descomposição
Subposição
152
Muitas outras são possíveis, como: anteposição, reposição, oposição, interposição,
transposição, predisposição, exposição, etc.
67
estar sob, abaixo de..., no grego já definia uma idéia de subor dina
ção (υποτάσσω);
- em , o prefixo grego δις expressa duas vezes, ou duplo, levando a
idéia de lugar e ordem de potência (Aristóteles), onde disposição153
(διαθεσις, ou τοποθέτηση) ou ordenação revela um topos que con
forma uma atitude ou modo de ser de algo, para o latim, dis-, com
várias acepções: separação, negação, intensidade, ainda revela
ordem, arranjo, seriação, etc.;
- em o prefixo επί forma o verbo επιβαλλω, que é obrigar, forçar,
para o latim impono transliterando o substantivo impositio, para o
verbo imposito particípio de imponere, dando a idéia de atribuir en
cargo, daí imposto nos vários sentidos que, pendente a ciência que
se estuda, adjunta-se compulsoriedade;
- em o prefixo com- como já indicado
- em afirma a coexistência ou conjunto de seres que compõem
algo;
- em do grego αντί (αντίσταση, tomar o partido oposto, con traposi
ção) para o latim contra-, que revela inversão, para o radical con
trapositio, dando a idéia de posição contrária, também, objetar;
- em , do prefixo grego πρό, por adiante ou a causa de, para
πρόταση (fazer uma proposta, proposição), para o latim propositio
(propositum de proponere) revela bem o ato de propor; mais ainda,
o juízo de uma expressão mental falsa ou verdadeira;
- em de(s)-com-posição os prefixos des- indicando negação, e
com-, (cum) reunião, coexistência no tempo e no espaço, junção,
expressa a idéia de negação de algo já organizado ou atitude des
comedida.
153
Do grego διάθεσις indica o repartimento de uma realidade significativa devida na ordem
do real (do todo) como o entendeu Aristóteles, “Se llama disposición al orden de lo que
tiene partes, partes que pueden darse en la relación de lugar, o en el orden de potencia,
o en el de la especie. Es preciso efectivamente, que haya en todo ello cierta posición,
como el nombre mismo de disposición lo indica ” (Aristóteles, Metafísica, 1022b, cap. 19, 2.a
ed., Aguilar, Madrid, 1967, p. 973).
68
DIALÉTICA
POSIÇÃO/DISPOSIÇÃO
EM DIREITO AMBIENTAL
D I G N I D AD E D A P E S S O A H U M AN A
RELAÇÕES COM O
AMBIENTE
Informação Juízo
Ambiental Crítico
Circuito de
DISPOSIÇÃO reação POSIÇÃO
cultural
Espaços de Práxis
Debate Ambiental
Pedagogia Organização
FRATERNIDADE
Ambiental Ambiental
Responsabilidade
Ambiental
Proibição de Retrocesso
Ambiental
S E G U R AN Ç A J U R Í D I C A
C a r l o s A. M o l i n a r o
154
Atente-se: não se trata de uma dialética de elementos contrários, sim de um proce
dimento que busca uma razão dialógica entre interlocutores comprometidos efetivamente
com a busca da veracidade, através da qual o discurso ou a narração possa evoluir
gradativamente das aparências sensíveis às realidades inteligíveis ou idéias. Se pode ver
isso em Platão, no diálogo de Crátilo ou da Exatidão da Palavra, in, Obras Completas,
trad. do grego de vv. aa., Aguilar, Madrid, 1969, q. 390c, p. 513-514.
155
SARLET, I. W., Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição
Federal de 1988, 3.a ed., Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2004, p. 59-60.
70
E st e c on c e it o n os é m u it o ca ro, po is em n os s a tese d ou t or al 1 5 6
d iz íam os :
156
Refutación de la escisión derechos y deberes Humanos, por una deontología radical de
los Derechos Humanos. Sevilla: Universidade Pablo de Olavide de Sevilha, Faculdade de
Direito, Departamento de Filosofia e Direito Público, 2005, p. 656
157
Cf., PONTES DE MIRANDA, F. C., Sistema..., t. IV, p. 194
71
158
Cf., PETERS, F. E., Termos filosóficos gregos, trad. De Beatriz Rodrigues Barbosa, Fundação
Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1983, p. 56-57
72
159
Isto está em Aristóteles, na sua ética nicomaquea, no liv. I, cap. 13, q. 1102b, sobre as
virtudes morais; e, também, no liv. III, cap. 3-5, q. 1113a a que trata das eleições que se
faz; in, Aristóteles, Etica Nicomaquea, in, loc. cit, p.1185, 1200-1202.
160
Ao contrário dos apodícticos que têm a pretensão incondicional de suas certezas, ou de
sua validez necessária (comum na dogmática radical).
161
HART, H. L. A., Punishment and Responsibility: Essay in the Philosophy of Law, 2.a ed.,
73
162
Op. cit., p. 212-214.
163
Em espanhol o termo proximidade tem seus sentidos grafados de duas formas: próximo
derivando proximidad (subs. fem., qualidade de próximo e lugar próximo) e prójimo (subs.
mas., qualquer homem com respeito a outro, considerados sob o conceito da soli
dariedade humana), quando em determinado momento tratamos de relação de proximi
dade, que muito se presta para as relações ambientais, cunhamos o neologismo “ proji
midad” para indicar: “relación de projimidad”, es decir, relación del ser con su prójimo
mientras él [ser] es recíprocamente prójimo también, y puede, además, estar “próximo”.
Assim, muito apropriada a relação de “ projimidad” quando tratamos das re lações fra
ternas dos seres com o ambiente.
74
164
Socioambiental está aí como adjetivo que supera a dicotomia público/privado em maté
ria de direito ambiental.
165
Adiante esclareceremos o uso da expressão vedação.
166
SARLET, I. W., Direitos fundamentais sociais e proibição de retrocesso: algumas notas
sobre o desafio da sobrevivência dos direitos sociais num contexto de crise, in, in, VV.
AA., (Neo)Constitucionalismo – ontem, os Códigos hoje, as Constituições, Revista do
Instituto de Hermenêutica Jurídica, v. I, n. 2, Porto Alegre, 2004, p. 121-168
167
Cf., Os direitos fundamentais sociais na ordem constitucional brasileira, in, VV. AA., Em
busca dos direitos perdidos, Revista do Instituto de Hermenêutica Jurídica, n. 1, Porto
Alegre, 2003
75
168
Para José Joaquim Gomes Canotilho, as “ expressões direitos do homem e direitos fun
damentais são freqüentemente utilizadas como sinónimas. Segundo sua origem e signi
ficado poderíamos distinguí-las da seguinte maneira: direitos do homem são direitos
válidos para todos os povos e em todos os tempos (dimensão jusnaturalista-universalista);
direitos fundamentais são os direitos do homem, jurídico-institucionalmente garantidos e
limitados espacio-temporalmente. Os direitos do homem arrancariam da própria natureza
humana e daí o seu caráter inviolável, intemporal e universal; os direitos fundamentais
seriam os direitos objectivamente vigentes numa ordem jurídica concreta ” (CANOTILHO,
J.J. G., Direito Constitucional e Teoria da Constituição . 2.a ed. Coimbra: Almedina, 1998,
p. 359).
76
170
Observe-se que estamos referindo o adjetivo, o que reflete como o espelho, e não ao
verbo especular.
171
Publicado pela Paidós, Barcelona, 1997
77
c on s ciê n c ia d o pe rigo e , as s im , t e r o d ev e r d e at u ar s e gu in do u m a é t ic a da
re s pon s a bilida de .
N o s so de v e r – a firm a Jo n as – é s a be r qu e t e m o s id o de m as ia do lo n ge ,
e a pre e n d e r n o va m e n t e qu e e x is t e u m de m as iad o lo n ge 1 7 2 .
A s e g ura n ça ju ríd ica n o s c on f ro n t a c om e s t e a pre n d iza do : e x is t e u m
d em as ia do lon g e qu e n ão d e ve m os p e rco rre r; e la é um m e io c am in h o e n t re
o d e s e jáv e l e o po ss ív e l, e st á de m ã os d ada s co m u m ide a l de j us t iç a,
e m e rge cu lt u ralm e n t e de um fa t or ps ic oló gic o m uit o f ort e , a c on v ic ç ão de
s ua e x is t ê n c ia, n ã o a s e c as , ma s re s u lt ad o de u m a ce rt e z a, p ois ad ve rt ia
Pon t e s de M iran d a:
Po r is so , e s s a c on vic ç ão n ã o t e m s e d e e m um a q uim e ra , m as , c om o
d iz ia Pon t e s de M iran d a, e m qu e “a fa ls idad e da le i, v e rific a-s e n a s u a in apli
c aç ão, o fa to d e n un c iad or do de s re s pe it o pop ula r: n ão te m f u n çã o s o cia l,
p or is s o m e s m o qu e n ã o a re s pe it am os h om e n s ” 1 7 4 .
A s e gu ran ç a ju ríd ica po is , e s t á n a co n vic ç ão q ue n ão se af as t a o
n orm a tiv o pro du z ido pe la c o n sc iê n c ia co le t iv a co m o a u x ílio da s n e c e s sid a
d es qu e o de t e rm in ou .
A s e gu ra n ça j uríd ic a é , t a mb é m, t é c n ic a d o d ire it o q ue o t o rn a
im ut á ve l qu a n do co m part e u m a ju s t iç a e q üit a t iva, d e cla rat ó ria, dis t ri b ut iv a
e c o rre t iva, n a liçã o m agis t ra l d e P on t e s de M iran d a:
172
Técnica, medicina e ética. A prática do princípio da responsabilidade, Paidós,
Barcelona, 1997, p. 143.
173
PONTES DE MIRANDA, F. C., À margem do Direito. Ensaio de Psicologia Jurídica,
Campinas: Bookseller, São Paulo, 2002, p. 74
174
Op. cit., p. 104
175
5. 3. 1 – Sí nt es e
177
Sistema de ciência positiva do Direito , reeditado em quatro tomos por Editor Borsói, Rio
de Janeiro, 1972.
178
Introducção à Sociologia Geral [mantivemos a grafia original]. Rio de Janeiro: por
Pimenta de Mello, , 1926.
179
Para Pontes de Miranda, sete são os principais processos de adaptação social: Processo
Religioso, com os critérios do sacro e não sacro, do divino e do profano; Processo Ético,
com os critérios do Moral e do Imoral; Processo Estético, com os critérios do belo e do feio,
do estético e do inestético; Processo Gnoseológico, com os critérios do verdadeiro e do
não verdadeiro, verdade e erro; Processo Jurídico, com os critérios do justo e do injusto, do
legal e do ilegal; Processo Político, com os critérios da ordem e da desordem, organização
social e desorganização social; e, Processo Econômico, com os critérios do útil e no inútil
(Introdução..., pág. 179-234, especialmente o quadro da pág. 235).
85
180
Utilizamos o substantivo equilíbrio com um sentido muito próximo daquilo que Dworkin
chama de equidade (o valor de igual poder de cada indivíduo em uma so ciedade dada),
cf., Dworkin, R., Law’s Empire. Cambridge, Mass.: Belknap Press, 1986, pág. 165 e seguintes.
86
Aí se vê be m a re la çã o p rim ária ( n a t u re za /c u lt ur a) qu e re t ro
re fe rim o s 1 8 1 .
S om os t e rm o s da re laç ão s ub s t an t iva e aí so m os c au s a-lib e rda de ;
c on t u do , q ua n do m e rg ulh am os na re laç ão n at u ral/ c ult u ral, não a ban
d on am os o s t at u s de t e rm os re lac io n ais , s ó qu e ago ra, te r mo s re f e re n c iais d e
u ma s ub re laç ão n at u ral/ c ult u ral: s u je it o -obj e t o; po is , a ce it a m os u m pro du t o
f un da m e n t al d a re laç ão ad je t iv ada : os p od e re s de ô n t ico s qu e re c on h e
c em o s n as n o rm as c on s t it ut iv as e n a s n orm as re g ula do ras ( s u bpro du t os ) q ue
p as s am o s a re s pe it a r; dai, s u ce s s i v am e n t e , s ã o ge r ado s ou t ro s su bp rod u to s ,
v in c u lado s a o u t ros pr o c e s s os ad ap ta t ivo s: o po de r p olít ic o, e c on ô m ico ,
re ligio so , e t c .
E ss e pro du t o c ult u ral qu e é o dire it o s e co n s t rói at ra vé s d e mú lt i p las
n e ce s s id ade s e n ge n d rad as n o de s e n vo lve r d a n os s a vid a so c ial. Pa ct is t as e
n ão -pac t is t as qu e s e ja m os , n ã o pod e m os de ix a r d e re co n h e c er qu e o vín
c ulo qu e n o s un e e m s o ci e d ad e re s ide de m o do in t e n so , n u ma raz ão
b io lógic a ( pro du t o c ult u ra l c om fo rt e a ce n t o n at u ral) , o u n u m p rin c ípio
a nt ró pic o ( c om for te ac e n t o c u lt ura l) in d e rrog áve l.
E ss a in d e rroga b ilid ade e s t á s olid am e n t e a n co rad a n a lin g ua ge m , o ut ro
s ub p ro du t o d a r e laç ão adj e t ivad a, po is é at ra vé s d o d is cu rs o de s t a ra zã o
( bioló gic a) , o u d e s t e p rin cíp io ( an t ró p ico ) , qu e vai s e r co n fo rm ada a m e d ida
d e n os s a c on s c iê n c ia ou in c on s c iê n c ia do s is t e m a so c ial a qu e e s t am o s
s ub me t id os .
D iga -s e b ioló gic o ou an t ró pico , p orqu e o dis c u rs o é s e m pre re s u lt ad o
d e n os s as e m oç õe s e se n t im e n t o s, s e jam raz oá ve is o u n ã o e s s e s e s t ad os . Po r
is so , é m u ito apro priad o d ize r qu e , n a re a lidad e n ão h á o ra cio n al e o
irrac ion a l f ora d o c on h e c im e n t o, pois co m o diz ia Po n t e s d e M ira n da,
181
Cf. p. 22 e ss.
182
Cf. Pontes de Miranda, F. C., O problema fundamental do conhecimento. 2.a ed. Rio de
Janeiro: Editor Borsoi, 1972 p. 93
88
O co rre e s te f e n ôm e n o no in t e rs t íc io de s t a re laç ão , o n de e s t ão
p re s e n t e s n o ú me n o s 1 8 3 da r e laç ão s u bs t an t iva n a t ure z a/ c ult u ra, um e s paç o
in t e rt e x t ua l, on d e o c o n t e úd o d o co n h e c im e n t o e s tá in fo rm ad o a t ravé s d e
p rin c ípio s ap ot é t ic os , n o s e n t id o qu e in fe rim os da m a gn ífic a “t e o ria do j e t o”
d es e n v olvid a po r P on t e s de M iran d a – O P roble m a f un d am e n t al do
184
c on h e c ime n t o –, v ale d ize r, prin c ípio s qu e re c olh e m d o n o s so “m u n do d e
e n t orn o ” os ob je t os , e o s e m an c ipa m d a apre e n s ão do s u je it o p e rce p tiv o.
E s t e p rin cíp io m at riz d a for mu laç ão de qu alqu e r prin c ípio g n os e oló gic o
p ode ser e x p re ss a do pe la re gra ló gic a da s u bs t i t ut ib ilidad e :
∀ x y ( x = y) → Fx ↔ Fy s ign ific an d o qu e do is t e rm os x , y sã o idê n t ic os s e o qu e
é v e rda de de x o é t a mb é m d e y, pe lo qu e s e ria pos s íve l s u bs t it uir u m p e lo
o ut ro , va le d ize r, e s ta ló gic a da id e n t ida de , v ale t an t o qu a n do s e in t e rpre t a
e m u m ca mp o o bje t u al, qu e c o n te m p la a ide n t ida de d e t e rm os o u c las s e s, a
= a, co m o qu an d o s e in t e rp re t a e m u m c am po prop os ic ion a l.
183
No sentido platônico da idéia pensada.
184
Pontes de Miranda, F. C., O problema fundamental do conhecimento. 2.a ed. Rio de
Janeiro: Editor Borsoi, 1972
185
Quando ainda não se dedicava a sociologia e a teoria do conhecimento.
186
O Conflito de Deveres em Direito Criminal, edição datilografada e reprografada,
Coimbra, 1964, compulsada na biblioteca do CES – Centro de Estudos Sociais, da Facul
dade de Economia e Ciências Sociais da Universidade de Coimbra (2003).
187
Em sentido diverso da que a utiliza Boaventura de Souza Santos, in, Por uma sociologia
das ausências e das emergências, Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 63, outubro de
2002, p. 237-280
89
188
SANTOS, B. de S., O Conflito de Deveres em Direito Criminal, cit, p. 12
189
Fractal, de modo genérico é qualquer forma geométrica de aspecto fragmentado que
pode ser subdividida, indefinidamente, em partes idênticas que são cópias reduzidas do
todo; é, basicamente, um instrumento de (holo)dimensão. Fractal é um neologismo criado
pelo matemático Benôit Mandelbrot, advindo do adjetivo latino fractus, do verbo
frangere, significando criar fragmentos, irregulares ou quebrados. São modelos geomé
tricos, abstratos e com formas complexas que se repetem infinitamente, mesmo limitados
a uma área finita. Mandelbrot constatou, ainda, que todas as formas e padrões fractais
possuíam características comuns, existindo uma – surpreendente – curiosa relação entre
esses objetos e aqueles encontrados na natureza. O fractal é gerado através de uma
fórmula matemática bastante simples. Os fractais serão, ou geométricos, repetindo
continuamente um mesmo padrão, ou aleatórios, vale dizer, aqueles criados por sistemas
computacionais, mediante programas específicos. Suas funções são reais e complexas, e
apresentam especificações próprias: autosemelhança, dimensionalidade e complexidade
infinita Relevante é notar que os fractais não estão limitados às matemáticas, eles são
muito importantes para as mais diversas ciências, como a biologia, a física e,
presentemente, para a representação de cenários desenhados nas ciências so ciais (Cf.,
para informação básica, na Internet o endereço:
www.ed.fc.ul.pt/icm99/icm14/index.htm).
90
190
Compositus particípio de componere, no sentido latino, significando heterogeneidade de
elementos, servindo para diversos fins.
91
191
BUBER, M, Eu e Tu, , trad. Newton Zuben, Cortez & Morais, São Paulo, 1977, p. 153.
192
Cf. ELLUL, J., História de las Instituciones de la Antigüedad. Trad. e Notas, F. Tomas y
Valiente. Madrid: Aguilar, 1970, p. 248; JÖRS, P., Derecho Privado Romano. Edição
atualizada por KUNKEL, W., trad. L. Prieto Castro. Barcelona: Labor, 1965, p. 29; El Digesto
de Justiniano, tomo 1. Trad. VV. AA. Pamplona: Ed. Aramzadi, p. 52.
193
Os cimbros constituíam um povo céltico que habitava às margens do Báltico, estabe
lecidos na Germânia, invadiram a Gália e foram detidos pelos romanos nos Alpes e pelos
celtiberos na Espanha.
194
Cf. JÖRS, P., Derecho privado romano. Edición totalmente refundida por WOLFGANG
KUNKEL. Trad., da 2.a Ed. Alemã por L. Prieto Castro. Barcelona: Ed. Labor, 1965; WIEACKER ,
F., História do direito privado moderno. Trad., A. M. Botelho Hespanha. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 1980
92
6. 2 – O di r ei t o des de um a vi s ão cul t ur al i s t a
195
Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda n. o 1 de 1969, 2. a edição, tomo I. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais – RT, , 1970.
196
PONTES DE MIRANDA, Comentários..., t. I, p. 31
197
Cf., LEFEBVRE, H., Lógica formal – lógica dialética, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro,
1975, p. 49.
93
198
Cf., Dialética do concreto, Ed. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1976,p. 26.
199
Apud, MACHADO NETO, A. L., Introdução à ciência do Direito, Ed. Saraiva, São Paulo,
1963, p. 82.
200
Sistema..., t. I, p. XXX
201
TELLES JUNIOR, G., Iniciação na ciência do direito, Saraiva, SãoPaulo, 2001, p. 273.
202
Onde o sujeito tem a permissão e ao mesmo tempo o dever, como no caso específico
dos funcionários públicos.
203
Como é o caso da teoria pura do direito de Kelsen, ou a teoría egológica del derecho de
Cossio. A teoria pura destaca a norma, fazendo depender o direito subjetivo do objetivo,
e a teoria egológica arrazoa, fundamentalmente, sobre a conduta, isto é o direito subje
tivo (faculdade e dever jurídico e não o direito subjetivo em sentido estrito), só que
reconhece ser direito objetivo e subjetivo termos logicamente correlativos (cf. Batalha,
Nova introdução ao direito, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2000, p. 526)
94
204
Gottfried Wilhelm Leibniz (1646 - 1716), definia o direito como “ potentia moralis” ou
ainda, como “facultas seu moralis potentia”: “Qualitas realis [moralis?] in ordinem ad
actionem duplex est: potentia agendi et necessitas agendi; ita potentia moralis dicitur
Jus, necessitas moralis dicitur Obligatio” (“A qualidade real (moral?) ordenada à ação é
dupla: potência de agir e necessidade de agir; assim, a potência moral se chama direito,
a necessidade moral, obrigação”), isto está em Fragmento sem título, in, Textes inédits,
tomo II, Grua, Gastón ed., París, 1948,p. 811; obra consultada na Biblioteca Central de
Universidade de Coimbra (2003); a tradução para o português foi assistida pelo Frei Emílio
Kuntz, nosso professor, em Coimbra, de latim e grego, a quem expressamos nossos
agradecimentos. Em Spinoza, potentia moralis, melhor se expressaria com potestas moralis
205
Que nada tem a ver com a doutrina da supremacia do interesse público sobre o interesse
privado. Ao contrário, realizar o bem comum, ou a máxima vantagem social é con cretizar
a supremacia do interesse social (popular) materializado na sua Constituição, que reside
em participação sócio-política fraterna, desde mecanismos de conscientização para a
ação que deverá ser desenvolvida numa praxis social que irá confrontar as di versas
ideologias dos grupos sociais num ciclo dialético permanente.
206
Sim, podemos pensar a Justiça como uma câmara de compensações (a semelhança de
uma Verrechnungsstelle, ou em inglês: Clearing House) dos títulos inscritos como direitos e
deveres. Quase sempre a Justiça está obscurecida, convenientemente, por aqueles que
podem manipular o poder comunicativo social, mas eles olvidam da grandeza do poder
do ser a que bem se referiu o grande Walt Whintman: I am an acme of things
95
207
Do grigo αuτογνές – autogenés, isto é, que se gera a si mesmo.
208
BAPTISTA MACHADO, J., Introdução ao Direito e ao discurso legitimador, Coimbra: Livraria
Almedina, 1999, p. 42
96
210
Mais precisamente, subicio subiectum, submeter, subordinar
211
Cf., Introdução..., p. 257.
97
6. 4 – O di r ei t o do am bi ent e
212
Note-se que na presente exposição não estamos referindo a expressão permissão (ou seu
plural) o significado que lhe é dado pela lógica deôntica, quando trata das expressões
deônticas: obrigatório, proibido ou permitido, até porque nesses casos a expressão é
sempre ambígua. Contudo, aproximamo-nos de Alchourrón-Bulygin no sentido que “a
capacidade para permitir supõe a capacidade de ordenar”, vale dizer “um indivíduo A
pode permitir a B a realização da conduta p, se e somente se, A pode ordenar a B que
faça ou deixe de fazer p (ALCHOURRÓN C., e BULYGIN, E., Sobre la existência de las
normas jurídicas. Valencia (Venezuela): Universidade de Carabobo, 1979, p. 36). O
importante é ter presente que toda permissão, como a entendemos, deve estar acompa
nhada de competência.
213
Aqui utilizada a expressão no sentido de uma proposição analítica que permanece ver
dadeira, uma vez que o atributo é uma repetição do sujeito
98
214
A propósito, vale lembrar o excelente e precioso estudo de Juliana SANTILLI, Socio
ambientalismo e novos direitos – Proteção jurídica à diversidade biológica e cultural . São
Paulo: Peirópolis, 2005
215
Atente-se que a Carta de 1988, adota a integralidade da adjetivação que se faz da
relação natureza/cultura: natural/cultural ( como a entendemos, cf. retro p. 22 e ss.), pois
sua perspectiva é unitária, holista, tanto aos bens naturais como aos culturais, o que
levou Carlos Marés a escrever: “[...] o meio ambiente entendido em toda a sua plenitude
e de um ponto de vista humanista, compreende a natureza e as transformações que nela
vem introduzindo o ser humano. Assim o meio ambiente é composto pela terra, a água, o
ar, a flora e a fauna, as edificações, as obras de arte e os elementos subjetivos e
evocativos, como a beleza da paisagem ou a lembrança do passado, inscrições, marcos
ou sinais de fatos naturais ou da passagem dos seres humanos. Desta forma, para
compreender o meio ambiente é tão importante a montanha, como a evocação mística
que dela faça o povo. Alguns destes elementos existem independente do homem: os
chamamos de meio ambiente natural; outros são frutos de sua intervenção e os
chamamos de meio ambiente cultural” (MARÉS DE SOUZA FILHO, C. F., Bens culturais e
proteção jurídica. Porto Alegre: Unidade Editorial da Prefeitura, 1997, p. 9).
99
217
Environmental Law, West Publishing Co., St Paul, Minnesota 1977, p. 1; consultado na
Biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de Sevilha (2002).
218
Perspectives for environmental law – Entering the fourth phase, in, Journal of Environmental
law, vol. 1, n.o 1/41, 1989, p. 38; consultado na Biblioteca da Faculdade de Direito da
Universidade de Sevilha (2002): O direito que regula nossa relação com a natureza,
entendida ao mesmo tempo como o mundo ao nosso redor e a própria natureza que
100
219
Environmental Law, Third Edition, Butterworths, Londres, 1996, p. 3
220
Lecciones de Derecho del Medio ambiente, Lex Nova, Valladolid, 1998, p. 49-50; consultado
na Biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de Sevilha (2002).
221
Cf., entre outros, o excelente trabalho de SILVA, J. A. da, Direito Ambiental Constitucional.
5.a ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2003, p. 19-20; pela amplitude do conceito de “meio
ambiente”, FIORILLO, C. A. P., ABELHA RODRIGUES, M., e, ANDRADE NERY, R. M., Direito
Processual Ambiental Brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey, 1996, p. 30-31; complexo
normativo de MILARÉ, E., Direito do Ambiente. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2000,
p. 93; pelo triasico de fontes de ANTUNES., P. de B., Direito Ambiental. 3.a Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 1999, p. 09-10; ou pela função instrumental de MUKAI , T., Direito ambiental
sistematizado. 3.a ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998, p. 32
101
222
Cf. nota 55, retro.
223
Cf., nota 56, retro.
224
Cf., o excelente trabalho de Dieter Birnbacher, D., Sind wir für die Natur Verantwortlich?,
in, BIRNBACHER, D., (org) Ökologie und Ethik, Stuttgart : Reclam, 1983, p. 121, 126, 131-133.
225
Este é um pensador que precisamos recuperar para os estudos ambientais, especialmente
desde um livro escrito em 1923, cuja tradução para o inglês se deve a C.T. Campion,
Civilization and ethics, (Unwin Books, 1967). Com efeito, como afirmava Schweitzer , temos
perdido o contato com as questões elementais relativamente à existência e ao mundo,
que é tarefa do homem de planejar e resolver, e também temos encontrado cada vez
mais satisfação em discutir os problemas de uma natureza puramente acadêmica, e em
um mero virtuosismo de técnica filosófica (Civilization and ethics, prefácio, p. 5-6). Para
Schweitzer um pensamento ético tem compromisso com à vida como “manifestação de
uma relação interior, espiritual, com o mundo”, vigiando para que não “se perca em
pensamentos abstratos”, mas que permaneça como um “elementar propósito”, vale dizer,
“a autodevoção ao mundo como uma autodevoção da vida humana à todas as formas
de seres vivos com os que pode relacionar-se (op. cit., p. 212). Daí, para Schweitzer, “a
ética consiste, [...], em experimentar a compulsão de mostrar a todo o vivo a mesma
veneração que devo a mim mesmo. Assim nos temos dado este princípio básico da moral,
que é uma necessidade do pensamento. É bom manter e fomentar a vida; é mau destruir
a vida ou obstaculizá –la” (op. cit, p. 188)
102
216a
BIRNBACHER, D., Sind wir..., cit., p. 103-140 e s., nuclearmente, p. 104-106
103
É at ra vé s do t e m po q ue o E s t ado t e m e vo lu cio n ad o, e m m ov im e n t os
e lípt ic os alt e rn ad os de pro gre s s os e r e gre s s os . S e u n a s cim e n t o s e dá n a pe r
c ep ç ão da p ólis gre ga , s u a in fân c ia t ran s c orre n o im pé rio rom an o e n o
m e die v o, at é a lca n ç ar su a ju ve n t u de e ma t ur idad e n a mo de rn id ad e . Con
t ud o, é a p art ir da I da de M é dia q ue o E s ta do é e n t e n d ido c om o re s p os t a à
n e ce s s id ad e de o rgan iz aç ão , de u m a fo rm a part ic u lar de org an iza çã o
p olític a.
D uran t e o m e die v o, os in div ídu os q ue por n e ce s s ida de e s t av am
s ub me t id os ao p od e r f e u dal, lut a ram se m p re d e f orm a m ais ou m e n os vis í v e l
p or s u a libe rd ad e . A qu e le s q ue po rve n t u ra alc an ç av am e sc ap ar do s e n c ar
g os se n h o riais , dir igiam -s e as p re cá rias c ida de s qu e à é po ca e ram , par a
d ox alm e n t e , co n s ide ra das c o mo “c om u n id ade s d e h o me n s liv re s ”, n ad a
o bst a n t e e s t are m s ob o d om ín io d o re i.
D e ou t ra pa rt e , a au t o ridad e re al vai c on s o lidan d o- se a pa rt ir d os
“f oros ” , qu e e ram in st ru m e n t os at ra vé s do s qu ais e ram ou t or gad os privilé g ios
a de t e rm in ad as cla s se s ou c idad e s , c on c e de n d o- se , igu alm e n t e a os in div í
d uo s be n e f icia do s , dire it o s e libe rd ad e s a té e n t ão de s c on h e c ido s .
N o S é c u lo X V s e pro du z a c on s olid aç ão do s E st a do s n ac ion ais . E m
p le n o abs o lut is m o a au t o rida de re a l im pe ra s o bre u m a n a çã o ( c on c e it o
a ss oc iad o a u m t e rrit ó rio de lim it a do ) e s urg e a c o n ce pç ão ju rídic o- polít ic o
d e f ron t e ira . Port a n t o, s e vã o c on f igu ran d o o s e le m e n t os c ara ct e rís t ic os d o
E st ad o ( n aç ão, t e rrit ó rio, po pu laç ão , e x é rcit o n ac ion a l) . N a s ce o E s ta do
N ac ion a l.
N o S é cu lo X V II I u m n o vo t ipo de Es t ad o, é p e n s ado e c ara ct e riz ad o:
( a) pe lo s u rgim e n t o d a b urg ue s ia qu e c on f ron t a a n o bre za ; (b ) pe las re v olu
ç õe s b ur gu e sa s e o d e se n v olv im e n to do c ap ita lis mo ; ( c ) p e los e s paç os de
226
Tractatus Theologicus Politicus, cit., p. XVI, p.195: Nam in eo [imperium democraticum]
nemo jus suum naturale ita in alterum transfert, ut nulla sibi imposterum consultatio sit, sed
in majorem totius Societatis partem, cujus ille unam facit. Atque hac ratione omnes
manent, ut antea in statu naturali aequales
104
227
Cf. notas 67 e 68 retro.
105
O m e lh o r e x e m p lo é d ad o po r B is ma rc k n a A le m a n h a do s an o s 1 88 0,
e s t abe le c e n do a s p rime ir as n o rm as de s e gu rida de s oc ial co n h e c idas n o
m un d o (1 89 3) , c om o s e gu ro s aú d e , o d e ac ide n t e s , o de in v alid e z e o d e
ida de ( algu n s au t ore s vê e m aí um e m brion á rio E st a do d e be m -e s t ar) .
É só n e s t e s e n t ido qu e s e po de a t ribu ir à polít ic a s o cia l libe ra l um
m arc o par a a e volu ç ão q ue s e se g uiu co m a c o n ce p çã o m od e rn a de Es t ad o
S oc ial de Dire it o .
O f lore s c im e n t o do E s t ad o S oc ial de Dire it o , f oi ad ub ado co m a s “lu t as
d as c las s e s t ra balh a do ras ”, os prole t á rios de M arx , e a in s t it u içã o do E s t ad o
S oc ialis t a c om a vit ória d e Le n in e T rot s ky n a R ú s s ia, ( R e vo luç ão de abril d e
1 917) e m e rgin d o a Un iã o da s R e pú blic as So c ialis t as So vié t ic as .
I mpo rt an t ís s im a, t am bé m , a Re v olu ç ão me x ic an a de 191 0-1 91 7, c om
s ua Co n s tit u iç ão , a prim e ira n o m u n do a co n fe rir e pro te g e r dir e ito s s oc iais
d os t ra balh a do re s ( art . 12 3) e d ire it os do c am pe s in a t o ( art . 2 7) . S e m e s qu e
c er mo s , é cla ro, da t e n t at iv a de W e im ar qu e d e fin iu co m o ob rigaç ão d o
E st ad o re a lizar aç õ e s po s it ivas par a a sa t isf aç ão d os dire it o s s o cia is .
O E s t ad o S oc ial de Dire it o é u m E s t ad o De m oc rá tic o , e n t e n did a
d em o cra cia c o mo mé t o do d e e le içã o do s g ove r n an t e s e c om o re a lizaç ão
d o p rin cíp io de igu ald ad e n a s o cie d ad e .
N o E s t ad o S o cia l de D ire it o, po rt an t o , o E s t ado n ão s ó é o re s p on s áv e l
p or d irigir o pro c e ss o e c o n ôm ic o, c o mo te m po r o bj e tiv o o s e u d e s e n vo l v i
m e n t o in t e gra l, on d e s e in clu i o po lít ico , s oc ial e c u lt ur al, co n s t it uc ion a l
m e n t e as s e gu rad os . Te m p or o bje t iv o, ain d a, a sa t is faç ão da s n e ce s s id ade s
v it ais e bás ic as do s c ida dão s , e s pe c ialm e n t e os ma is f rac os ; a d is t ribu içã o
d e b e n s e s e rviç os q ue fom e n t e m a lca n ça r os m ais e le v ad os n ív e is de q ua li
d ade de vid a, as s e gu ran do , c om o c o n qu ist a p e rm an e n t e , os d ire it os
e co n ôm ic os , s oc iais e cu lt u rais e a mb ie n t ais , e mp re s t an do -lh e s e fe t iv ida de e
a pe rf e iç oam e n t o .
O q ue s e se g uiu , p or pre s e n t e ao n o s so co t idian o , e po rqu e s o m os os
a to re s n e s t e ce n á rio, v ale diz e r, d e u m Es t ad o qu e p od e s e r qu alif ica do d e
p ós- mo de rn o , is t o é , a su pe ra çã o de u m a m od e rn idad e in co n clu s a qu e s e
ide n t if ica co m o Re n a sc im e n t o e qu e va i s e de b ilita r c om a m ort e d e
N ie t zs c h e e m 19 00 , u m pre c u rs or d a pós -m o de rn id ad e c om o s e u d is cu rs o
f ilo s ófic o e po lít ico ; de po is de le é qu e fo ram po s s íve is as c o n st ru ç õe s d e
H eid e gge r, de S art re de Cam u s , d e U n am u n o, da E s co la de Fra n kfu rt , d e
107
228
A narração supra, está baseada em fichas de leituras que elaboramos em Coimbra na
primavera de 2003, desde o acervo de obras da Biblioteca Central da Universidade de
Coimbra: CHÂTELET F., DUHAMEL, O., e PISIERE, E. (org.) Dictionnaire des oevres politiques.
Paris: PUF, 1986; CASSIRER, E., La Philosophie des Lumières. Paris: Fayard-Presses Pocket,
1996; DELACAMPAGNE, C. La Philosophie politique aujourd’hui – Idées, débats, enjeux.
Paris : Seuil, 2000
229
Vale a pena ouvir Javier de Lucas, quando afirma: “A autêntica vida humana, é autono
mia, autoconstução como experiência moral concebida em linha com a visão socrática
de maiêutica e com a paideia, mais inclusive com a noção de autonomia de Kant e da
Ilustração. Isso faz o ser humano imprevisível, único capaz de um pensamento não
dogmático, sim problemático e, sobretudo, porque é capaz de seguir o sentimento de
empatia, ainda mais, de piedade, mais além do cálculo, da razão, da solidariedade
ditada pelo proximidade” (LUCAS, J., Blade Runner..., p. 35.
230
Como afirma Kloepfer em, Auf dem Weg zum Umweltstaat? Die Umgestaltung des
politischen und wirtschaftlichen Systems der Bundesrepublik Deutschland durch den
Umweltschutz insbesondere aus rechtswissenschaftlicher Sicht; ou, em tradução livre: “A
caminho do Estado-Ambiente? A transformação do sistema político e econômico da Repú
blica Federal de Alemanha através da proteção ambiental especialmente desde a pers
pectiva esclarecedora da ciência jurídica”.
108
231
A versão da Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos (adotada pela Assem
bléia da ONU em Nairobi em 24 de junho de 1981) em português tem versão publicada
na coletânea de Jorge Miranda, Direitos do Homem Principais Textos Internacionais, 2.ª
ed., Lisboa: Petrony, 1989, p. 299 e s.
110
232
Cf. DUSSEL, E., Ética da Libertação. Trad. E. F. Alves e outros. Petrópolis: Editora Vozes,
2000, p. 426.
111
[...] la obra propia del poeta no es tanto narrar las cosas que
realmente han sucedido, cuanto contar aquellas cosas que podrían
haber sucedido y las cosas que son posibles, según una verosimilitud
o una necesidad. (...) Es necesario, tanto en los carac teres como en
el entramado de los hechos, buscar siempre lo necesario o verosímil
que un determinado personaje hable u obre de tal manera y que
luego de tal cosa se puede producir tal otra, o necesaria o vero
símilmente234.
233
É de Stuart Hall a seguinte observação: “Las identidades culturales tienen un origen,
tienen una historia. Pero como todo lo que tienen historia, ellas sufren transformaciones
continuas. Lejos de estar eternamente fijadas en un pasado esencializado, están sujetas al
‘juego’ continuo de la historia, la cultura y el poder, lejos de estar basadas en la mera
‘recuperación’ del pasado, que está esperando que lo descubran y que una vez
descubierto nos daría un sentido eterno de seguridad en nosotros mismos, las identidades
son los nombres que damos a los diferentes modos en que estamos dispuestos por, y nos
disponemos en, la narrativa del pasado” (a citação está em Peter Wade, Identidad y
etnicidad, in ESCOBAR, A. E PEDROSA, A. (editores). Pacífico ¿Desarrollo o diversidad?
Estado, capital y movimientos sociales en el Pacífico colombiano Santafé de Bogotá:
Cerec-Ecofondo, 1996, p. 293).
234
ARISTÓTELES, Poetica, trad. VV.AA., 2.a ed. Madrid: Aguilar, 1967; 1451b e 1454a p. 85 e 90
112
235
Cf. Aristóteles, op. cit., loc. cit.
236
Cf. Aristóteles, op. cit., 1460b, p. 104
237
Editorial Comares, Granada, 2002; a propósito se pode consultar o site na WEB mantido
pelos dois professores: www.ecociudadania.org
113
240
Aguda a observação de Humberto Maturana : “o ser humano é constitutivamente social.
Não existe o humano fora do social. O genético não determina o humano, apenas funda o
humanizável. Para ser humano é necessário crescer humano entre humanos” ( A ontologia
da realidade. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999, p. 205-206).
115
241
HORKHEIMER, M., Anhelo de Justicia. Teoría crítica y religión Trad. J.J Sánchez. Madrid:
Trotta, 2000, p. 226, 235
242
A “segurança jurídica” está ancorada na convicção da estabilidade, do equi líbrio que
um sujeito desfruta no seu entorno, neste “lugar de encontro”, revela-se através dos atos
de fidúcia sobre os próprios recursos, gerados pela certeza de estar incluído na
ambiência social de modo valorizado e respeitado, implica o status em que a satisfação
das necessidades se encontra garantido através de um conjunto de processos e procedi
mentos, de políticas afirmativas de medidas de precaução que asseguram uma relativa
paz social.
116
243
Relativamente ao ser humano, matizemos: o “essencial” é o núcleo duro que confere a
um ser uma identidade, isto é, um caráter distintivo. Refuta a aparência, pois supera os
devaneios do inatingível, e firma a natureza do indivíduo concreto que observa a sua
realidade existencial, não como obra do pensamento abstrato, sim de suas ações par ticu
lares comprometidas com o meio onde coexiste com outros seres.
244
Cf. ÁVILA COIMBRA, J. de, O outro lado do meio ambiente. 2.a ed. Campinas: Millenium
Editora, 2002, p. 25, nota 9. “Esta compreensão de totalidade no conceito de Meio
Ambiente aparece bem clara numa única palavra apropriada pela língua francesa.
Trata-se de Environnement, significando Meio Ambiente, que foi também transposta para
a língua inglesa como Environment. É exatamente a mesma etimologia latina do “ir à
volta”, com as ligeiras mutações gráficas e fonéticas incorporadas ao longo do tempo.
Temos: Amb+ire=ambire (ir à volta) = Ambiente; Env+iron = os arredores = Environnement.
O alemão tem outra raiz etimológica, mas conserva a semântica da expressão: Um+Welt
(à volta+mundo) = Umwwelt.”
245
Quando o naturalista alemão Ernst Haeckel cunhou a expressão ecologia em 1867, difi
cilmente imaginaria a extraordinária difusão que a palavra iria gozar nos últimos anos (Cf.
RAMOS ULGARM. A., El análisis ecologico de datos: cuando, como y para que, in, Derecho
y Sociedad, VV. AA. Valencia: Tirant lo Blanch, 1998, p. 257-272). O conceito de ecologia
ou de meseologia pode ser concebido como o que resulta da relação do ser humano com
a natureza e com os outros seres bióticos ou abióticos, está em oikos (οίκος) e no logos
(λόγος), e está fixado na realidade, pois descobre-se nos ecos sistemas que são interiores
a todas as relações sociais.
117
7. 3 – Um a l ei t ur a de Spi noz a
Spinoza248
C om S pin o za apre e n d e mo s q ue pa ra m an t e r os se r e s h u m an os e m
re lat iv a h arm on ia d e ve m o s s u bm e t e -los a fo rt e s pa ix õe s . N ã o ba st a a ra zã o.
T al c ircu n s t ân c ia n o s le va a c on c lu s ão qu e u ma fic t íc ia pa ss a ge m do
“e s t ad o d e n at u re za ” p ara a “s o cie d ad e civ il” e s t á ma is vin c u lada a
c arac t e rís t ica s n ão rac ion a is 2 4 9 . Por iss o , de ve m o s re c up e rar o po lít ico
246
Cf. DERECHO AL AMBIENTE SANO / DERECHOS FUNDAMENTALES. Núcleo esencial: La
ecología contiene un núcleo esencial, entendiendo por éste aquella parte que le es
absolutamente necesaria para que los intereses jurídicamente protegidos y que le dan
vida resulten reales y efectivamente tutelados. Se rebasa o se desconoce el com tenido
esencial cuando el derecho queda sometido a limitaciones que lo hacen imprac ticable,
lo dificultan más allá de lo razonable o lo despojan de la necesaria protección. Los
derechos al trabajo, a la propiedad privada y a la libertad de empresa, gozan de es
pecial protección, siempre que exista un estricto respeto de la función ecológica, esto
es, el deber de velar por el derecho constitucional fundamental al ambiente. (REF:
Sentencia No. T-411; Expediente Nº T-785, La Sala Cuarta de Revisión de la Corte
Constitucional; Santafé de Bogotá, D.C., 17/06/1992)
247
ROBSINSON, W., Ecological Correlations and the Behavior of Individuals. American
Sociological Review 15, p. 351-357, apud, Ramos Ulgar, El análisis..., p. 265.
248
SPINOZA, Tractatus Theologicus Politicus..., cit., p. 297
249
Cf., nota 19 retro.
118
250
Cf., nota 170 retro.
251
Cf., p. 19 e ss., retro.
252
Cf., Ethica..., cit., p. 182-183
253
SPINOZA, B., Ethica, cit., XI, G.II, p. 54: adeóque Ens absolute infinitum, sive Deum
infinitam absolute potentiam existendi a se habere qui propterea absolute exist.
119
p ois a m an if e st a çã o div in a, c o mo “ e s s ê n c ia qu e a t ua ” d e mo do p an t a
p orico 2 5 4 .
C on t ud o, ad virt a -s e qu e S pin o za a t ribu i pa ra “p ot e n t ia” e po de r
( “po t e st a s” ) f u n çõ e s p rópria s , m as n ão n e c e s sa riam e n t e e m o pos iç ão . Co m
e fe it o , n o liv ro I V d a E th ic a, S pin o za ut iliz a o t e rm o “pot e s t as ” par a af irm ar a
e s sê n c ia h um a n a ( vê - se aí qu e “p ot e s t as ” e st á t om ad o co m o “p ot e n t ia” ) 2 5 5 .
M ais ad ian t e , n o livro V, n ov am e n t e ve m o s a n ã o-o po n ibilida de : “[. . .] O a fe t o
e s t á e s t á m ais e m n o s s o p od e r ( in n os t ra pot e s t at e ) e a M e n t e m e n os
p ad e c e qu a n do e s t e afe t o é m e lh or c on h e c id o” 2 5 6 .
Pot e n t ia , po rt an t o é u m a e x pre s s ão d in âm ica e s e co n cre t iz a n as m ais
d if e re n t e s fo rm as , in cru s t a-s e e m t o do s as via s , n u n c a a rbit rária s , e se m p re
o nt o lógic as , m an if e s ta -s e c om o: p ot e n t ia a ge n di, p ot e n t ia c og it an di ,
p ote n t ia im ag in an d i e p ot e n t ia in t e lige n di.
Para S pin oz a, po rt an t o , p ote n t ia é at rib uíd a a De u s e t o da a e n e rg ia
q ue d e le se irra dia, in clu s ive “in d ivid ua l”. N o T ra ct a t us Th e o log icu s Polit ic u s,
S pin oz a va i a firm ar qu e a p ote n t ia u n iv e rsa l c o n t ida n a N at u re z a co n fo rma o
s om at ó rio da s p ot ê n c ias in d ivid u ais 2 5 7 .
D e ou t ro m o do , “po t e s t as ” fu n da m e n t a co n ce it o s p olít ic os imp or
t an t e s , e st á n a s e n t e n ç a: “ iu s n at u rae e o u sq ue se e x te n d e re , qu o us qu e e j us
p ote n t ia s e e x t e n dit ” 2 5 8 ; S pin o za , re s s alt a os t e rm os iu s ( d ire it o) , p ote s t a s
( pod e r) , c iv it as ( c idad e ) , im pe riu m ( Es t a do , s o be ran ia ) e va i c on s agr ar o
e n t e n dim e n t o qu e t od a o rgan iz aç ão po lít ica ( dire it o , p od e r, Es t ad o e
s obe ra n ia) é o co m pós it o n a tu ra l d a p ot e n t ia de c ad a um . Es t a e n e rgia
b ás ic a e s t á n os in d ivíd uo s qu e de la n u n ca po de m ab dic ar. É po r e s t e m ot ivo
q ue , em Sp in oz a, nunca va mo s e n c o n tr ar opo s içã o e n t re a pot e n t ia
in div idu al e a so c ie dad e , p ois a re laç ão e n t re e s sa s é de c om pro m is so .
N e s t e dia pas ão e m e rge o c on c e it o d e m u lt it ud o c om o f u n dam e n t o
le git im an t e da s o be ran ia , po is qu an d o e x is t e um po de r ( do E s t ad o s obe
ran o ) , e s t e s o m e n te pod e s e r re s u lt ad o d aqu e le qu e t o da m ult id ão de t é m 2 5 9 .
Neste s e n tid o, p ara S p in oz a, só há le git im id ade no p od e r ( do Es t a do
254
255
Cf. op. cit., IV, G. II, p. 234
256
Affectus igitur eo magis in nostra potestate est, et Mens ab eo minus patitur, quo nobis
est notior, in, op. cit., V, prop. III, G. II, p. 282
257
SPINOZA, op. cit., XVI, G. III, p. 189
258
“O direito natural de cada um se extende até onde se estende a potencia de cada um”,
in, Tratactus..., cit., XVI, G.III, p. 189
259
SPINOZA, B., Tractatus..., cit., VIII, § 3, G. III, p. 325
120
7. 3. 1 – Br eve s í nt es e
260
SPINOZA, B., Ethica..., cit., IV, prop. XXXVII, G. II, p. 328
261
“Imanente”, neste contexto, se entende como aquilo que cria, determina, ou transforma
sua própria interioridade, em oposição ao obrar sobre uma realidade externa.
121
262
Cf. SPINOZA, B., Ethica..., cit., Praed.,G. II, p. 138
122
263
Atente-se que para Spinoza, o conatus “nada mais é que o esforço que encontramos em
toda Natureza e nos seus aspectos particulares, que objetivam a manutenção e a
conservação do ser próprio” (isto está em SPINOZA, B., Korte Verhandeling van God, de
Mensch en dezelvs Welstand, na tradução italiana Breve Trattato su Dio, l’Uomo e il suo
Bene. Introdução, tradução e comentário de F. Mignini. Roma: L. U. Japadre, 1986, p. 56);
Assim, é uma expressão latina que significa um esforço de, ou um esforço para, ou ainda
uma tentativa, ou persistência (expressão que preferimos); no pensamento científico do
século XVIII, foi muito utilizado pela “nova física” relativamente ao princípio da inércia
(todo corpo permanece – persiste – em movimento ou em repouso se, e somente se,
nenhum outro atua sobre ele, produzindo assim, modificação em seu estado), desde este
princípio podemos intuir sobre a idéia de que todos os seres do universo possuem a
tendência natural e espontânea para a autoconservação e se esforçam (persistem em...)
para permanecer na existência (cf. CHAUÍ, M., Spinoza, uma filosofia da liberdade, Sao
Paulo: Editora Moderna, 1995, p. 106; cf., nota 13 retro).
123
264
Estamos nos referindo ao substantivo “encontro”, mas não podemos esquecer a flexão do
verbo “encontrar”: tomo consciência de...; estou em um lugar, sob condição, em uma
situação ou estado de...; me situo, me localizo...
265
SPINOZA, B., Tractatus…, cit., XVI, G. III, p. 195, e XX, p. 245
266
Neste sentido, Spinoza, op. cit., p. 195
124
267
Cf. SPINOZA, B., Tractatus…, cit., p. 195
125
David Goldblatt268
268
GOLDBLATT, D., Social Theory and the Environment. Boulder: Westview Press, 1996, p. 199
269
Por “direitos de contaminação” – utilizando um recurso parenético – pretendemos
significar “direitos de propriedade” sobre emissões contaminantes que podem ser
intercambiadas entre diversos países. Incorporam-se em “certificados de emissão”, sobre
gases de efeito estufa, relacionados com o estabelecimento de um mercado mundial de
“direitos de contaminação”, assim como de um “Banco Central” para bônus ecológicos.
Estima-se para este novo e crescente mercado bursátil, que sua atividade econômica
pode superar, facilmente, um volume de transações inicialmente previsto, da ordem de
250 bilhões de dólares norte-americanos anuais.
126
270
Cf., a propósito o ensaio do Prof. Javier de Lucas : Blade Runner – El Dere cho, guardián
de la diferencia. Na coleção dirigida pelo autor, CINEDERECHO. Valencia: Tirant lo
Blanche, 2003
271
Cf. como está magnificamente em Joaquín Herrera Flores (El proceso Cultural – Mate
riales para la creatividad humana. Sevilla: Aconcagua, 2005), livro que acompanhamos
passo a passo o seu desenvolvimento, por vezes, em interlocução (para nós muito provei
tosa) com o autor.
127
272
Cf. HERRERA FLORES, El proceso Cultural... p. 328-329
128
A t ua lm e n t e a dm it e -s e u m n ov o dire it o d e n om in a do , c om o o ut ro s , d e
“d ire it o de co n t am in a çã o” 2 7 3 d e riva çã o s u t il d e u ma po t ê n cia t e mp ora l de f i
n ida p e lo Prot o c olo d e Ky o to .
D ire it o s de c o n ta m in aç ão a fro n t am o s valo re s da c iviliza çã o e , p or
t an t o, a dig n idad e h u m an a, qu an d o se t orn am , c om o é o ca so , in s t ru m e n t os
f in a n ce iro s -m e rca n t is.
O qu e s e pre v iu orig i n aria m e n te fo i a e m is s ão de c e rt ific ad os d e
c on t am in aç ão c om o t ít ulo s libe ra t ório s para apr az ar a s m e did as pro t e t ivas
a mbie n t ais , ain d a q ue , c om is s o , s e e s t iv e ss e c ria n d o u m a dívid a p ara co m
a s ge raç õe s fu t u ras .
E ss as c o ta s de e m is s ão , t ran s f orm aram -s e ra pi d am e n t e e m c om m o
d it ie s a lt am e n t e ap re c iá ve is e s o b am p aro da le gis laç ão am bie n t al. Po r
in t e rm é dio de la s, u m a in d ú st ria po de , po r u m pe río do de t e m po d e t e rmin a
d o, c on t am in ar , de v e n do re gu lar s u as e m is s õe s at é o lim it e d a qu o t a d isp o n í
v el; e m c as o d e n ã o re du z ir s u as e m iss õ e s , po de rá ir ao m e rc ad o c om pra r
m ais dir e ito s ( !) e m v e z de c e s s ar s u as a tiv ida de s , ou re p rogr am ar s e u
p ro ce s s o pro du t iv o.
N a re alid ad e , o qu e s e e s t á fa ze n d o é in tr od uz ir n o m e rca do n o vo s
t ít ulo s n e go ciá ve is , t ran s f e ríve is e p e cu n iar iam e n t e v alios o s . O qu e s e e s tá
e m pre ga n do é u ma ve lh a m áx im a e co n ôm ic a: q uan d o a lgo e st á e s ca ss o
a tribu ir-s e -lh e u m p re ço r e st it u i o e qu ilíb rio e n t re a of e rt a e a de m an d a.
E st e n ov o m e rca do b ur sá t il, é o e s paç o o n de as e mp re s as d e libe ra m e
d ec ide m s u a pos iç ão d a bo lsa d e CO 2 e m f u n çã o do s d ire it os de c on t a
m in aç ão c irc ula n t e s n o m e rc ad o. A s s im , t a l qu a l e m qu alqu e r bo lsa d e
v alore s ( e f ut u ro s) , t om ar u m a pos iç ão c o mp rad ora o u ve n d e do ra ( n o ja rgão
d os in va so re s do s m e rc ado s fin a n ce iro s ) , p as s a a s e r h abit u al n a bo ls a d e
d ire it o s de d ióx id o de c arb on o , s ó qu e ag ora priv at iza n do -s e e at rib uin d o-s e
u m pre ç o n o qu e é d e t od os , m as qu e a pe n a s algu n s s e ap ropria m ( aí s im ,
v ê-s e u m au t ê n t ic o e us u rpa do d ire it o s ub je t ivo ) .
273
Aqui por importante repetimos o que dissemos na nota 260, retro: por “direitos de
contaminação” – utilizando um recurso parenético – pretendemos significar “direitos de
propriedade” sobre emissões contaminantes que podem ser intercambiadas entre diversos
países. Incorporam-se em “certificados de emissão”, sobre gases de efeito estufa,
relacionados com o estabelecimento de um mercado mundial de “direitos de
contaminação”, assim como de um “Banco Central” para bônus ecológicos. Estima-se
para este novo e crescente mercado bursátil, que sua atividade econômica pode superar,
facilmente, um volume de transações inicialmente previsto, da ordem de 250 bilhões de
dólares norte-americanos anuais.
129
E ss e s d ire it os d e co n t am in aç ão , ce rt a me n t e , a te n t a m co n t ra o o bje t o
p rin c ipial: a v ed aç ão d a d eg rada çã o a m bie n t al , m ais a in da, im plic am
d ire t a m e n t e e m vio laç ão do prin c ípio da dign i d ade d a p e ss o a h u m an a e o
d a s o lid arie da de in t e rg erac ion a l.
Lo go , po de m o s af irm ar é qu e a ra zã o dé bil e n ge n d ra a as t ú cia d a
raz ão , “o d ire it o é n e ce s s ár io pa ra a ca bar co m o d ire it o” c om o já a firm o u
Ju an Ra m ón Cap e lla, n u m p re cio s o livrin h o 2 7 4 qu e mu it o lh e c us t o u n o m e io
a cad ê m ico o fic ial d e B arc e lon a .
A s e m is s õe s de ga se s de e fe it o e st u fa , v .g. , d ióx id o d e c arb on o ( C O 2 ) ,
m e t an o (C H 4 ) , e ó x ido n it ros o ( N 2 O ) , a lé m do s clo rad os e flu ora do s do s
h idro c arbo n e t os ( CFC ) , pro du z e m s ign if ica tiv o m u dan ç a c lim át ic a, o q ue
t e m ge r ado um a im e n s a dív ida a mb ie n t al, a d e n om in ad a dív ida d o c arbo n o.
E st a d ívid a qu e d e ve ria s e r pag a pe los qu e ma is c on t a min a m , pa ss a a
s e r at ra vé s da “ra zão as t u t a” um ó t im o n e g óc io; aliá s , d e s de o s an o s s e t e n ta
u ma “raz ão as t u t a” t e m sid o su s t e n t ad a t e o rica me n t e pe los s e gu id ore s d o
m ov ime n t o d o La w an d E co n om ic s , n a de n o m in ada e s c ola d e a n ális e e c o n ô
m ica do dir e ito , n a e s t e ira d e R on a ld C oas e 2 7 5 , Gu id o C alabr e si 2 7 6 , Ric h ard A .
Pos n e r 2 7 7 , Ke n n e t h A rrow 2 7 8 en t re o ut ro s . A t e n t e -s e qu e o s j uris t as im bric ad os
a o Law an d Ec on o m ics ac re d ita m qu e a a n ális e e c on ô m ica s e ja in s t ru m e n t al
e fu n c ion a l, p e rs e gu in do u ma e vo lu çã o f orm al do dire it o . Ma s , n a ve rd ad e ,
e s t a t e or ia s e as s o cia a u m a v e rs ão prag ma t ist a do d ire it o c om f ort e a ce n t o
n a c re n ç a d e u m dire it o fle x ív e l e in t u it ivo. C on t u do , a an á lis e e co n ôm ic a d o
d ire it o , s u por ta da n u m de t e rm in is m o de t ipo c ie n t ífic o, apo n t a s olu çõ e s
a mbiv ale n t e s e in d e te r min a da s m ais pró x ima s d os in t e re s se s c re ma t ís co s d a
e co n om ia m o de rn a .
C ert am e n t e , e s t am os g e ran d o u m a d ívid a e c oló gic a p ara co m as
g eraç õ e s f ut u ras qu e , e v ide n t e m e n t e , n ão vam o s po de r pa gar; va le d ize r,
274
CAPELLA, J. RAMON, Sobre a extinção do direito e a supressão dos juristas . Trad. M. L.
Guerreiro. Coimbra: Centelha Promoção do Livro, 1977
275
COASE, R., The Problem of Social Cost, in, Journal of Law and Economics, 3, 1960, p. 1
(consultado na Biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra,
primavera de 2003).
276
CALABRESI, G., Some Thoughts on Risc Distribution and Law of Torts, in Yale Law Journal,
70, 1961, p. 499 (consultado na Biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de
Coimbra, primavera de 2003).
277
POSNER, R. A., Economic Analysis of Law. Boston: Little, Brown & Co., 1973 (consultado na
Biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, primavera de 2003).
278
ARROW, K., Social Choice and Individual Values. New Haven: Yale University Press, 1970
(consultado na Biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra,
primavera de 2003).
130
8. 3 – O Es t ado Soci oam bi ent al pr i vi l egi a o pr i ncí pi o ant r ópi co, um pr i ncí pi o
que não é i ncom pat í vel com um a vi s ão ecocên t r i ca.
279
Barrow e Tipler, relatam que em 1974, B. Carter introduziu o denominado princípio an
trópico forte, formulado no sentido que em algum momento de sua história o universo
deve reunir aquelas propriedades que possibilitam que a vida se desenvolva ( The
anthropic cosmological principle, Oxford University Press, New York,1986, p. 11)
280
BARROW J. D., e TRIPLER F. J., op. cit,p. 1; livro que consultamos com o Eng. Ronaldo
Medeiros Ilha Moreira, amigo que nos socorre em assuntos das denominadas ciências
duras.
131
281
Como já afirmava Heráclito (cf. p. 44 retro).
282
Cf. Frag. 41, Diógenes Laércio IX, 1, in, KIRK , G. S., RAVEN, J. E., SCHOFIELD, M., Os
filósofos pré-socráticos – História Crítica com Seleção de Textos. 4.a ed., trad. de Carlos A.
Louro Fonseca. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, p. 210
132
283
Cf., op. cit., p. 210
284
Cf. Frag. 30, Clemente V, 104, 1, in, op. cit., p. 204-205
133
286
Desde 1994, Boaventura de Souza Santos já afirmava que “a edificação de um Estado de
Ambiente importa a transformação global, não só dos modos de produção, mas também
dos conhecimentos científicos, dos quadros de vida, das formas de sociabili dade e dos
universos simbólicos e pressupõe, acima de tudo, uma nova paradigmática com a
natureza, que substitua a relação paradigmática moderna (Pela mão de Alice: o social e
o político na pós-modernidade. Porto: Afrontamento, 1994, p. 42).
287
Estamos no momento trabalhando na tradução (com o inestimável auxílio de nossa pro
fessora de alemão Dra. Ingrid H. Rasenack) de um artigo muito interessante do Prof. Dr.
Michael Kloepfer, com o título de Auf dem Weg zum Umweltstaat? Die Umgestaltung des
politischen und wirtschaftlichen Systems der Bundesrepublik Deutschland durch den
Umweltschutz insbesondere aus rechtswissenschaftlicher Sicht; ou, em tradução livre: “A
caminho do Estado-Ambiente? A transformação do sistema político e econômico da
República Federal de Alemanha através da proteção ambiental especialmente desde a
perspectiva esclarecedora da ciência jurídica”. O que ali está contido, por sua impor tân
cia, será acrescentado ao presente, em versão ulterior, quando revisado o trabalho de
tradução e obtida a permissão para a sua utilização.
288
SORIANO, R. e RASILLA, L. de la, Democracia vergonzante y ciudadanos de perfil.
Granada: Ed. Comares, 2002, p. 240 e s., 261 e s.
289
Na excelente articulação de Cristiane Derani: “O direito ao meio ambiente ecologica
mente equilibrado é um direito à vida e à manutenção das bases que a sustentam.
Destaca-se da garantia fundamental a vida exposta nos primórdios da construção dos
direitos fundamentais, porque não é simples garantia à vida, mas este direito fundamental
é uma conquista prática pela conformação das atividades sociais, que devem garantir a
manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, abster-se de sua
deterioração, e construir a melhoria geral das condições de vida na sociedade ” (DERANI,
C., Meio ambiente ecologicamente equilibrado: direito fundamental e princípio da
atividade econômica, in, PURVIN DE FIGUEIREDO, G. J., (org.) Temas de direito ambiental e
urbanístico. São Paulo: Max Limonad, 1998, p. 97).
136
291
O conjunto normativo ambiental está construído através de proposições empíricas
especialíssimas. No percurso de seu desvelamento e submetidas a racionalidade prática
essas proposições se incorporaram em uma série de princípios, ditos princípios am
bientais que se positivaram e, de modo não exaustivo, podem assim ordenar-se: Prin cípio
constitucional de proteção ambiental (CF/88, Art. 225). Princípio da legalidade (CF/88,
Art. 5, II). Princípio da supremacia do interesse público e princípio da indisponibilidade
do interesse público(CF/88, art. 225), temperado pela observância dos direitos funda
mentais e de normas programática a eles referidos. Princípio da obrigatoriedade da
proteção ambiental (idem). Princípio da prevenção e princípio da precaução (CF/88,
225, § 1, IV; Dec. Rio/1992, princípio (15). Princípio da obrigatoriedade de avaliação
prévia de obras potencialmente gravosas (CF/88, 225; EIA, RIMA). Princípio da
publicidade (CF/88, 225; Res. 9 do CONAMA). Princípio da reparabilidade do dano
ambiental (CF/88, 225, § 3; L. 6938, art. 4, VII). Princípio da participação (Declaração
Rio/92, princípio 10; CF/88, 225). Princípio da informação (CF/88, 225; 216, § 2.; L.
6938/81; Dec. 98161/89; L. 8078/90 [CDC]; Agenda 21, cap. 40; e as convenções sobre
Diversidade Biológica e Combate a Desertificação). Princípio da função socioa mbiental
da propriedade (CF/88, art. 5, XXIII, 170, III e 186, II). Princípio do poluidor-pagador
138
(CF/88, art. 225, § 3.;Rio/92, princípio 16; L. 6938/81, art. 4; L. 9433/97). Princípio da
compensação (art. 8, L. 6938/81, atrib. CONAMA). Princípio da responsabilidade (L.
9605/98, crimes ambientais; L. 6938/81 art. 14, responsabilidade objetiva do degradador).
Princípio do desenvolvimento sustentável (Declaração Rio/92, princípio 13., e Agenda
21). Princípio da educação ambiental (CF/88, art. 1.; e, Agenda 21). Princípio da
cooperação internacional (Declaração Rio/92, princípio 2). Princípio da soberania dos
Estados na política ambiental (Agenda 21). Princípio da Prevenção de danos, aqui cabe
uma distinção: princípio da prevenção e princípio da precaução. A distinção está na
natureza do risco, v.g., CF/88, art. 7.o XII prevê: “a redução dos riscos inerentes ao
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. Aplica-se o preceito
constitucional ao cuidado da prevenção ou precaução. Tudo está na natureza do risco.
Sendo o núcleo duro na prevenção, o perigo concreto; na precaução, o perigo abstrato.
Em ambos os casos, o meio ambiente do trabalho deverá contar com as condições
necessárias para minimizá-lo, e contar o trabalhador com a proteção adequado, mesmo
a compensação argentária.
292
Atente-se que Robert Alexy entende o ambiente numa perspectiva de holodimensão, de
“direito fundamental como um todo” (Teoría de los derechos fundamentales. Trad. de
Ernesto Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 3. a reimp.,
2002, p. 240-245), vale dizer, um objeto complexo e de estrutura definida: “as distintas
posições do cidadão e do Estado, e entre estas posições existem relações claramente
determináveis, as relações de precisão, de meio/fim e de ponderação” (op. cit., p. 245).
Mais adiante, afirma Alexy: “Está constituído por um feixe de posições de tipos muito
diferentes. Assim, quem propõe o estabelecimento de um direito funda mental ambiental
ou sua adiscrição interpretativa às disposições iusfundamentais existentes pode, por
exemplo, incluir neste feixe um direito a que o Estado se omita de deter minadas
intervenções no meio ambiente (direito de defesa), um direito a que o Estado proteja o
titular de direito fundamental frente a intervenções de terceiros que dani fiquem o am
biente (direito de proteção), um direito a que o Estado permita participar o titular de di
reito em procedimentos relevantes para o meio ambiente (direito ao procedimento) e um
direito a que o próprio Estado realize medidas fáticas tendentes a melhorar o ambiente
139
(direito a uma prestação fática)” (p. 429); concluindo o ilustre ju rista que essas posições
tratam-se como direitos prima facie ou como direitos definitivos.
293
José Rubens Morato Leite o denomina de um macrobem (Cf. LEITE, J. R. M., Dano Am
biental: do individual ao coletivo extrapatrimonial. 2.a ed. rev., atual., ampl. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2003, p. 81-85), uma concepção que conduz o nosso olhar
para uma dimensão holística, um ver estético que apreenda toda sua totalidade.
140
294
Cf. por todos, BONAVIDES, P., Curso de Direito Constitucional. 8.a ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 1999; ÁVILA, H. B., Teoria dos Princípios – da definição à aplicação dos princípios
jurídicos. 3.a ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2003; ESPÍNDOLA , R. S., Conceito de
Princípios Constitucionais, São Paulo: Ed. RT, 2002; BARCELLOS , A. P. de, A Eficácia
Jurídica dos Princípios Constitucionais, Rio de Janeiro: Renovar, 2002. Sobre o Direito
como sistema de regras e princípios na obra de Dworkin , confira-se o excelente trabalho
de PEREIRA DE SOUZA NETO, C., Jurisdição Constitucional, Democracia e Racionalidade
Prática, Rio de Janeiro: Renovar, 2002. Quanto aos princípios como “supernormas de
Direito”, indispensável consultar o trabalho de AYRES BRITTO, C., Teoria da Constituição,
Rio de Janeiro: Forense, 2003.
295
NIETZSCHE, F., La genealogía de la moral. Trad. A. Sánchez Pascual. Madrid: Alianza,
1998.
296
Atente-se que postulado ou axioma são considerados de premissas necessáriamente evi
dentes e por isso carentes de demonstração, ao contrário, os princípios são tirados das
relações inter-humanas havidas num cronotópos dado, são construídos perma nentemente
nelas e, por isso mesmo, são a cada momento interpretados e reconstruídos.
141
297
PONTES DE MIRANDA, F. C., Sistema de Ciência Positiva do direito. 2.a ed., vol. IV. Rio de
Janeiro: Editor Borsoi, 1972, p. 221-222
298
Cf. PONTES DE MIRANDA, F. C., Sistema..., vol. II, p. 164.
299
Atente-se que valor (άξία) refere-se a utilidade emprestada aos bens, ou a dignidade
prestada aos seres. Portanto, todo valor, mais além de um ser é um dever-ser (sollen),
nasce da afirmação da vida, por isso vital, esse dever-ser está radicado no modo de ser
do homem, sua autêntica possibilidade de escolha, isto já estava em Weber, que acredi
tava no embate constante de diferentes valores à escolha dos homens. Note-se que
Weber, fazia uma distinção lógica entre ser e dever-ser para acreditar seu postulado da
Wertfreiheit (“neutralidade valorativa” – como isenção, liberdade ou autonomia valora
tiva), mas não rechaçava os valores nem o fenômeno mesmo dos valores, negando
apenas o seu caráter absoluto e universal (Cf. FARIÑAS DULCE, M. J., La sociología del
derecho de Max Weber. Madrid: Civitas, 1991, p. 122-128, esp. 128). Os princípios abrigam
valores em conexão com uma situação dada. Aliás, Frondizi insistia na ênfase que se deve
dar a tal conexão, pois concebia o valor como uma cualidad estructural que tem existên
cia e sentido em situações concretas; assim, se apoia duplamente na realidade, pois a
estrutura valiosa surge de qualidades empíricas e o bem a que se incorpora se dá em
situações reais; todavia, advertia que o valor não se esgota em suas rea lizações
concretas, senão que deixa aberta uma larga via à atividade criadora do homem (Cf.
FRONDIZI, R., ¿Qué son los valores? Introducción a la axiología. 3.a, 15.a reimp. México:
Fondo de Cultura Económica, 1999, p. 220-221). Frondizi afirmava que, frente aos objetos
do mundo físico podemos ser indiferentes. Contudo, tão pronto se incorpora a eles um
valor, a indiferença não é possível; nossa reação – e o valor correspondente – serão
positivos ou negativos, de aproximação ou rechaço. Não há obra de arte que seja neutra,
nem pessoa que se mantenha indiferente ao escutar uma sinfonia, ler um poema ou ver
um quadro (op. cit., p. 20).
300
A figura seguinte, parece-nos é expressiva. como pensamos em outro lugar (A Metáfora
do Círculo de Álcman – o direito como produto cultural: uma abordagem culturalista do
princípio da proporcionalidade, p. 25/26): [...] Quando uma norma (texto) com densidade
natural ou cultural (isto é, resultante da adjetivação da relação natureza/cultura), está
dis-posta (θέτις), ordenando a matéria, emerge um percurso (ροπος) onde estão
atribuídos os princípios (αρχή) que delimitam (τέκμορ) os fins (τελος). Assim, os caminhos
142
O t e x t o é c o m o u m c í r c ul o ,
depois que traçado pelo
geômetra, retirado o com-
ARQUÉ/TÉLOS p a s so , n ã o m a i s s e p o d e
T E XT O
identificar o princípi o e o fim
d e se u t r a ç o , q u e p o d e m
remanescer em qualquer
ponto espacial de sua cir-
cunferência.
Só a atividade do intérprete
pode romper este círculo,
atribuindo os limites de um e
outro.
ARQUÉ E n c o n t r a d o s e s t e s, o p o n t o
T E XT O central do círculo é a fonte
TÉLOS de limite do intérprete para
conjugar princípios e fins.
M e i o s e e x t r e m o s.
Textos, como círculos, não são abertos, todos estão cerrados em suas proposições (mesmo
quando estas admitam polissemia), é a atividade do intérprete que estabelece o caminho,
que é como um princípio (não um axioma, ou um postulado), cujos limites são traçados pelo
artífice que elege o espaço de abertura do círculo, priorizando o fim a ser demonstrado.
Quando dois círculos proporcionais estão postos, devendo-se priorizar os limites e a abertura
de cada um deles, a atividade do intérprete traça um percurso para a eleição do prepon
derante, de modo que o caminho é sempre um princípio, um princípio de proporcionalidade
que foi assinalado no discurso do agente, que procura descobrir a finalidade significativa e
os limites de intrusão, que estão na abertura do círculo.
143
N ão h á a çã o qu e n ã o e s t e ja lim it ad a n o t e m po e n o e s paç o. To da a
a tivid ad e h u m an a , fís ic a ou ps íqu ica , e s t á lim it ada e m e x t e n s ão , c on fo r
m an do fro n t e iras q ue n ão pod e m s e r u lt rapa ss a das im pu n e m e n t e . O qu e t e m
lim it e s e s t á de t e rm in ad o, is t o é , e s t á de m ar c ado , e o qu e e st á d e m arc ad o
t e m u t ilid ade , v ale diz e r, é c on v e n ie n t e o u v alio so .
A lín gu a t e u t ô n ica t e m do is t e rmo s m u ito s ign if ica t ivos : Gr e n zb e griff e
Gre n z we rt ; o p rime ir o d e le s , e x p re s sa e m n os s o lé x ico a e x p re ss ã o “c o n ce it o -
lim it e ”; o o u t ro, “v alor -lim ite ” . Em a m b os, o qu e ve m o s é de t e rm in a çã o e
u tilid ad e . A mb os o s t e rm os id e n t ific am o lim it e , s e ja e m re laç ão a c apa ci
d ade de aq uis iç ão d o c on h e c im e n t o , s e ja e m re laç ão a q ua lidad e de s t a
a qu is iç ão. U m co n c e it o-lim it e , fu gin d o d o kan t is m o, é u m c on c e it o c u ja
301
Cf. quadro da página 69 retro.
145
302
O exemplo é de Felix Auerbach, Das Wesen der Materie, Leipzig, 1918, 9., apud,
PONTES DE MIRANDA, F. C., Sistema..., vol I, p. 157
303
PONTES DE MIRANDA, Sistema..., vol. I, p. 157
148
304
Cf. ARISTÓTELES, Física, Lib. IV, 212a, in, Obras Completas, Madrid: Aguilar, 1967, p. 618-
620.
305
O vocábulo apercepção – apperceptio, onis – muito caro a Leibniz, foi utilizado por ele
no sentido de consciência da próprias percepções, e.g., a percepção da luz ou da cor
que é composta de pequenas percepções que conforma a apercepção. Um ruído que
percebemos, mas não damos atenção, todavia, se crescer de volume torna-se
aperceptível. Os animais têm percepções, mas não têm apercepções porque as
apercepções são próprias dos seres humanos, já que suas percepções são acompanhadas
pela potência de refletir. A atividade intelectual é, por conseqüência uma atividade
dominantemente aperceptível, pois além de percebermo-nos como sujeitos percipientes
e, assim, nos distinguirmos da coisa percebida, empregamos esta capacidade em
dimensão especial para definir, com rigor, ampla gama de representações às quais
emprestamos valor.
306
Cf., LEIBNIZ, G. W., Novos ensaios sobre o entendimento humano. Trad. L. J. Baraúna, São
Paulo: Abril Cultural, 1974, p. 297; especialmente, Cf. LEIBNIZ, G. W., Correspondência com
Clarke. Trad. C. L. Mattos. São Paulo: Abril Cultural, 1974, p. 413 s.
149
307
Cf. PONTES DE MIRANDA, F. C., Introducção á Sociologia Geral. Rio de Janeiro: Pimenta
de Mello & C., 1926, p. 92-101, especialmente p. 94-95
308
PONTES DE MIRANDA, F. C., Introducção..., p. 95
150
310
MOLINARO, C. A., Los deberes humanos ante la perspectiva del “diamante ético” de
Joaquín Herrera Flores, 2.a versión. Sevilla: UPO, 2002, p. 85
151
312
PONTES DE MIRANDA, F. C., Introducção..., p. 98; Sistema..., I, p. 151-152. Pontes de
Miranda acrescentava: “onde há espaço social há direito”. Onde dois ou mais homens
conseguem insular-se da ação social do Estado ou pela diversidade dos fins de um e do
outro meio (Estado e Igreja, Estado e maçonaria, etc.), ou pelas impossibilidades físicas
de aplicação do direito de qualquer sociedade constituída, começa a germinar e acaba
por nascer novo direito, que se apresenta sob a forma rudimentar e primitiva de regras
inconscientes e costumeiras ou soluções violentas da nova comunidade. Se quisermos
concretizar o pensamento, basta trazer-se para o mundo social, para a vida comum, a
afirmação concernente ao mundo atmosférico: onde há espaço social há direito, como
onde há espaço atmosférico há corpos sólidos, líquidos ou fluídos que o ocupem. O vácuo
é criação do artifício humano e por isso mesmo imperfeito. Aonde não vai a
dilatabilidade de um direito surge a do outro que preenche o trato de espaço aberto à
vida de relação. E no mundo jurídico, – como no físico, com a expansão dos gases, – é
incompatível a pureza química do ambiente. Todos os sistemas jurídicos são heterogêneos
como o ar atmosférico (Sistema..., tomo I, p. 77).
152
313
SARLET, I. W., Direitos Fundamentais…, loc., cit., p. 163.
314
GUATTARI, F., As três ecologias. Trad. M. C. F. Bittencourt. São Paulo: Papirus, 1990, p. 25.
153
v ez m a is, m ais d e n t ro d o un iv e rs o 3 1 5 .
315
PONTES DE MIRANDA, Sistema..., I, p. 100.
316
Aqui seguimos a lição do primeiro Wittgenstein (Tratado Lógico-filosófico, Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1987), sem deixar de levar em consideração a afirmativa
do segundo, em sua observação: o significado das palavras não depende do fato a que
elas se referem, mas de como elas são utilizadas (Investigações filosóficas, Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1987).
317
Cf. Maturana, A ontologia..., p. 115
318
A propósito afirma Lorite leciona: “La especie homo inaugura, en el proceso de la vida,
una etapa que se puede caracterizar a través de un rasgo dominante: la creación de un
espacio simbólico. Los símbolos, concretados instrumentalmente (ya sea al nivel de ob jetos,
de lenguaje, de normas, creencias, etc.) revisten un carácter mediador y media tizador
entre el hombre y las cosas. En ese espacio se inscribe una dinámica de transfor mación
consciente del contorno vital. Se trata de un cambio cualitativo en la lógica de lo vivo, en
cuanto aparición de un nivel de procesamiento del conocimiento en el cual está incluido
reflexivamente el individuo que lo practica” (Lorite, M. J., El Animal Paradójico,
Fundamentos de Antropología Filosófica. Barcelona: Antropos, 1982, p. 34).
319
Desde representações simbólicas bem delineadas.
154
321
Sintagma aqui é utilizado no sentido de alinhamento, vale dizer coisa alinhada com ou tra
coisa; proposicional, também utilizado no sentido latino de pôr diante, ou expor à vista,
vale dizer, apresentar, propor, oferecer; ou anunciar, declarar; referir, relatar, contar,
narrar; ainda, fixar, marcar, determinar
155
322
O direito humano ao meio ambiente sadio é expressamente reconhecido pela Carta
Africana de Direitos Humanos e dos Povos (arts. 21 e 24). O art. 24 do instrumento africano
declara que “todos os povos devem ter o direito a um meio ambiente satisfatório e
favorável ao seu desenvolvimento”; como os deveres básicos para com o ambiente
correspondem aos limites dos direitos humanos, a Carta Africana, mais adiante vai
esclarecer no seu artigo 27.2 - Os direitos e deveres de cada pessoa se exercem em
respeito ao direito do outro, da seguridade coletiva, da moral e do interesse comum
internacional.
156
323
CANARIS, C-W., Pensamento Sistemático e Conceito de Sistema na Ciência do Direito.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002, p. 23 – referindo-se ao conceito de sistema,
pontificava: “[o] papel do conceito de sistema é [...] o de traduzir e realizar (...) a
adequação valorativa e a unidade interior da ordem jurídica”.
157
325
Reafirme-se, onde se dão a totalidade das relações, vale dizer um espaço físico apro
priado para o exercício das ações socioambientais, promovendo um conjunto complexo
de condições sociais, morais, naturais e culturais que cercam os seres vivos e neles podem
influir decisivamente.
158
326
Cf. KLOEPFER, M., Grundprinzipien..., p. 3; Umweltrecht…, p. 169
327
José Joaquim Gomes Canotilho assim formula uma concepção do princípio de proibição
do retrocesso: “[...] o núcleo essencial dos direitos sociais já realizado e efectivado
através de medidas legislativas (...) deve considerar-se constitucionalmente garantido
sendo inconstitucionais quaisquer medidas estaduais que, sem a criação de outros
esquemas alternativos ou compensatórios, se traduzam na prática numa ‘ anulação’,
‘revogação’ ou ‘aniquilação’ pura e simples desse núcleo essencial. A liberdade de
conformação do legislador e inerente auto-reversibilidade têm como limite o núcleo
essencial já realizado” (CANOTILHO, J. J. G., Direito Constitucional e Teoria da
Constituição. 2ª Ed. Coimbra: Almedina, 1.998, p. 320 e 321).
328
Cf. KLOEPFER, M., Auf dem Weg zum Umweltstaat?… cit., p. 9
159
329
D’ÁVILA LOPES, A. M., Os Direitos Fundamentais como Limites ao Poder de Legislar. Porto
Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2.001, p. 188
330
A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001,
p.353; também cf., p. 371 da 3.a edição.
331
Leciona Juarez Freitas no sentido que é dever do “ intérprete constitucional [...] guardar
vínculo com a excelência ou otimização da efetividade do discurso normativo da Carta,
no que esta possui de eticamente superior e universalizável, conferindo-lhe, assim, a
devida coerência interna – eficácia jurídica – e a não menos eficácia social” (FREITAS, J.,
A interpretação sistemática do direito. 4.a ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2004, P. 223).
332
Cf., SILVA, J. A. da, Aplicabilidade das normas constitucionais. 3. ed., São Paulo:
Malheiros, 1999, p. 65-66
160
333
SARLET, I. W., Os direitos fundamentais sociais na Constituição de 1988.
In, www.direitobancario.com.br/artigos/direitoconstitucional/01mar_151.htm; uma versão
ampliada pode ser compulsada na Revista Diálogo Jurídico, Salvador, CAJ - Centro de
Atualização Jurídica, v. 1, nº. 1, 200.
Disponível na Internet, in, www.direitopublico.com.br
334
Ingo Wolfgang Sarlet, A eficácia dos direitos fundamentais, Porto Alegre, Livraria do
Advogado, 2001, p. 81; p. 83 da edição de 2003
335
SARLET, I. W., A eficácia..., p. 81, p. 83 da edição de 2003
336
A propósito, vale a advertência de Juarez Freitas, no sentido que “Cumpre, sim, nutrir
reservas à reserva do possível. Neste sentido, não é exagero cobrar, em relação à íntegra
dos direitos fundamentais, o imediato reconhecimento do mínimo nuclear de realização, a
afirmativa é válida igualmente para os direitos sociais” (FREITAS, J., A interpretação..., p.
211)
161
predicación” (Cf. ZUBIRI, X., Sobre la esencia. Madrid, Alianza Editorial, 1962, p. 86). Em
Hegel e no racionalismo em geral, essência está identificada com seu conceito, vale
dizer, a essência de alguma coisa será o conceito conforme a coisa. Por isso para Hegel a
estrutura da realidade e a estrutura da razão são uma e a mesma coisa, o que leva a
conclusão que a essência das coisas não é mais que uma essência racional; o mesmo é
dizer que o real se funda no racional, e é o racional que possibilita o real. Atente-se que
a essência como conceito, pois, admite variações: entendida como conceito formal,
perfila-se a posição hegeliana, já entendida como conceito objetivo, vislumbra-se a
posição racionalista estrita. Para Hegel, todo o ser da coisa real, enquanto real, lhe está
conferido pela concepção formal da razão: ser consiste em ser concebido. Hegel
afirmava: “o conceito é a verdade do ser e o ser um momento do conceito ”
(Enciclopédia, § 159 – HEGEL, G. W., F., Enciclopedia delle Scienze Filosofiche in
Compendio. Trad. B. Croce. Bari, 1951). Como se pode observar, tomando-se apenas três
autores: Aristóteles, Zubiri e Hegel, não se pode, como fizemos no início desta nota,
pensarmos numa concepção de essência de modo simplista.
338
VIEIRA DE ANDRADE, J. C., Os direitos fundamentais na Constituição Portuguesa de
1976., 2.a ed. Coimbra: Almedina, 2001, p. 111-112, 129, 138 e s. 149 e s.
163
339
Cf. Carlos Vieira de Andrade, op. cit., p. 270 e s; SARLET, I. W., Direitos fundamentais e
direito privado: algumas considerações em torno da vinculação dos particulares aos
direitos fundamentais, in: A constituição concretizada – Construindo pontes com o público
e o privado, Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2000, p. 107 e s.
340
BÖCKENFÖRDE, E-W., Escritos sobre Derechos fundamentales, Baden-Baden: Nomos Verl.-
Gres, 1993, p. 124 (obra consultada na Biblioteca do Centro de Estudos Sociais, da Facul
dade de Economia e Ciências Sociais da Universidade de Coimbra, 2003).
341
Atente-se para a lição freiteana que afirma: “O intérprete constitucional deve ser o
guardião, por excelência, de uma visão proporcional dos elementos constitutivos da Lei
Fundamental [destacamos], não entendida a proporcionalidade apenas como
adequação meio/fim. Proporcionalidade [destaque de Freitas] significa, sobremodo, que
se está obrigado a sacrificar o mínimo para preservar o máximo dos direitos” (FREITAS, J.,
A Interpretação..., p. 222).
342
A propósito vale lembrar a afirmação de Carlos Roberto Siqueira Castro, no sentido que a
“proporcionalidade encerra, [...] a orientação deontológica de se buscar o meio mais
idôneo ou a menor restrição possível, a fim de que a lesão de um bem da vida não vá
além do que seja necessário ou, pelo menos, defensável em virtude de outro bem ou de
um objetivo jurídico revestido de idoneidade ou reconhecido como de grau superior.
Trata-se, pois, de postulado nuclear que se converte em fio condutor metodológico da
concretização judicial da norma, à qual, segundo Pierre Muller, ‘devem obedecer tanto
os que exercem quanto os que padecem o poder’” (SIQUEIRA CASTRO , C. R., A Cons
tituição Aberta e os Direitos Fundamentais. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p.82).
164
343
Vale a pena transcrever um pouco do que afirmava: “La lucha general en la Naturaleza y
que pertenece a la esencia de la voluntad. Aquella armonía no se extiende más que a lo
indispensable para la existencia duradera del mundo y de sus criaturas, que sin ella
habrían perecido hace mucho tiempo. Por esto se limita a asegurar la conservación de la
especie y de las condiciones generales de existencia y no al de sus individuos” (§ 28, p.
154). "El esfuerzo de la materia puede ser siempre contrarrestado, pero nunca se ve
cumplido y satisfecho. Lo mismo pasa absolutamente con las aspiraciones, en los
fenómenos de la voluntad. Todo fin alcanzado es el punto de partida para un nuevo
esfuerza, y así se continúa indefinidamente. [...] Lo mismo ocurre en la vida de los ani
males; su punto culminante es la procreación; conseguido este fin, la vida del individuo
declina más o menos rápidamente, mientras que un nuevo individuo garantiza a la
Naturaleza la conservación de la especie y repite el mismo fenómeno” (§ 28, p. 156). “La
forma de este fenómeno [a vida] la constituyen el tiempo, el tiempo y la causalidad, y por
lo tanto, la individuación, cuya con secuencia es que el individuo deba nacer y morir;
pero a la voluntad de vivir, de la que el individuo no es, por decirlo así, más que un
ejemplar o un caso singular de manifestación, no le afecta la muerte de un ser individual,
como no altera tampoco el conjunto de la Natu raleza. No es el individuo, sino sólo la
especie lo que le importa a la Naturaleza y aquello cuya conservación procura
seriamente, rodeándolo de verdadero lujo de precauciones con la extraordinaria supera
bundancia de gérmenes y con el poder inmenso del instinto de repro ducción” (§ 54, p. 99-
100). “[...] La Naturaleza está siempre dispuesta a abandonar al in dividuo, que no sólo se
halla en peligro de perecer de mil maneras y por mil causas insignificantes, sino que de
antemano está condenado a la desaparición, y la Naturaleza misma le empuja a ella
desde el instante en que ha cumplido su misión, que es conservar la especie. La
Naturaleza expresa de este modo francamente esa gran verdad de que sólo las Ideas y no
los individuos tienen realidad verdadera, es decir, son la objetivación perfecta de la
voluntad” (§ 54, p. 100). “[...] La Naturaleza, cuya esencia íntima es la voluntad de vivir,
impulsa con todas sus fuerzas al hombre, como al animal, a la reproducción. Y luego,
cuando ha obtenido ya del individuo el resultado que esperaba, se vuel ve indiferente en
absoluto a su destrucción, pues como voluntad de vivir, no se interesa más que por la
conservación de la especie y en modo alguno por el individuo” (§ 60, p.145)
(SCHOPENHAUER, A., El Mundo como Voluntad y Representación, Madrid: Orbis
Hyspamérica, 1985.
344
A propósito, a aguda observação de Juarez Freitas: “O intérprete constitucional precisa
ter clareza de que os direitos fundamentais não devem ser apreendidos separada ou
localizadamente, reconhecendo, além disso, a eficácia direta, no núcleo essencial, dos
direitos de todas as gerações”(FREITAS, J., A Interpretação..., p. 224).
165
348
Vale lembrar a lição de Freitas: “Na hierarquização dos princípios constitucionais, a
interpretação sistemática opera com o ‘metracritério’ hierárquico axiológico, escalo
nando normas quando configurada a antinomia ou para evitá-la, sempre devendo fazer
com que os princípios ocupem o lugar de destaque, situando-os, ao mesmo tempo, na
base e no ápice do sistema, isto é, fundamento e cúpula do mesmo ” (FREITAS, J., A
Interpretação..., p. 222).
167
349
DWORKIN, R., Los derechos en serio. Barcelona: Ariel, 1984, p. 72 e s.
350
Neologismo, adjetivação do substantivo “princípio” com o sufixo “-al”, idicando um co
letivo de princípios.
168
352
Cf. KLOEPFER, M., Umweltrecht…, p. 168 e s, principalmente 173, 185, 189 e s., es pe
cialmente 193 (Umweltpolitiche Funktion); 198 e s.; também, Grundprinzipien und Instru
mente des europäischen und deutschen Umweltrechts, p. 4 e s. 6, 8, 11 e s.; artigo
fornecido pelo Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet que estamos traduzindo com a ines timável
ajuda de nossa professora de alemão, Dra. Dra. Ingrid H. Rasenack, a quem mais uma vez
agradecemos.
353
Umweltrecht..., p. 204 e s.; Grundprizipien..., p. 13 e s.
354
Cf. CANOTILHO, J. J. G., Direito Público do Ambiente. Coimbra: Faculdade de Direito de
Coimbra, 1995, p. 40
355
Cf. KLOEPFER, M., Umweltrechts…, p. 179
356
Onde obteve a seguinte definição: “O Princípio da Precaução é a garantia contra os
riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não po dem ser
ainda identificados. Este Princípio afirma que a ausência da certeza científica formal, a
existência de um risco de um dano sério ou irreversível requer a implementação de
medidas que possam prever este dano.”
357
Como norma de sobredireito, diz o Princípio 15 da Declaração do Rio/92: “De modo a
proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado
pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios
ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como
razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a
degradaçãoambiental.
169
359
Aqui é importante registrar que o princípio do poluidor-pagador, apêndiciado a respon
sabilidade causal, objetiva à internalização dos custos externos da degradação
ambiental, por isso tem uma racionalidade econômica embutida muito importante em po
lítica ambiental, pois persegue a internalização das externalidades negativas provocadas
pelos processos de poluição ambiental. A propósito, objetivando a correção dessas
externalidades, surgiram teorias de economia ambiental (Cf. KLOEPFER, M., Umweltrecht…,
p. 191 e s.), Em 1960, Ronald Coase) apresenta uma proposta analítica ao tratar do
postulado keynesiano no sentido que as externalidades deve riam ser internalizadas pela
intervenção do Estado, através da imposi ção tributária-fiscal aos agentes causantes, e
benefíciários de dita externalidade. Coase acreditava que a solução das externalidades
não devia se dar pela inter venção do Estado no mercado, ao contrário, deveria provir da
radicalização de soluções exclusivamente mercantis. Sua proposta acabou cunhada por
Stigler (STIGLER, G. J. La Teoría de los Precios. 3.a ed., Madrid: Editorial Revista de Derecho
Privado, 1968, p. 136: Note-se que Stigler não levou em consideração que Coase sempre
teve em conta uma perspectiva mais rica e abrangente da realidade institucional, pois
segundo Coase o mais relevante é a comparação dos acordos institucionais, no mais das
vezes, alternativos e imperfeitos. É por isso que vai dizer: “O custo de exercer um direito –
vale dizer, de utilizar um fator de produção – é sempre a perda que se produz na outra
parte como conseqüência do exercício deste direito, impossibilidade de cruzar um
terreno, de estacionar o automóvel, de usufruir de uma paisagem, de respirar ar puro, de
ter paz ou tranqüilidade [COASE, R. H. La empresa, el mercado y la ley. Madrid: Alianza,
1994, p. 163]), de teorema de Coase que pode ser formulado do seguinte modo: “em um
mercado equilibrado, onde existam condições de competência perfeita, e na ausência
de custos de transação, as parte encontraram uma solução eficiente”. A dedução
conseqüente, no Direito, está centrada em garantir que funcione um modelo de com
petência perfeita, isto é, deve reduzir a existência de falhas no mercado, como as
externalidades. Coase não fala em “externalidades”, ele denomina “efeitos externos”. O
conceito de externalidade ou efeito externo, revela-se como o benefício ou prejuízo atri
buído a um agente econômico – seja consumidor ou empresa – como conseqüência do
ato de produção ou consumo de outro. Assim o atingido pela externalidade pode ser um
consumidor ou um produtor e o causador da mesma também, pelo que podemos ter
quatro tipos de externalidades: (a) de produtor a consumidor; (b) de produtor a produtor;
170
360
Cf. CANOTILHO, J. J. G., Direito público..., p. 43
361
Cf. KLOEPFER, M., Umweltrecht…, p. 198 e s.
172
362
A respeito observe-se que o art. 174º, nº 4, do Tratado CE, dispõe que, no domínio do
meio ambiente, a Comunidade e os Estados-membros cooperarão, no âmbito das res pec
tivas atribuições, com os países terceiros e as organizações internacionais competentes.
363
No direito interno brasileiro, vale lembrar a Lei 9985, de 2000 que regulamenta o artigo
225, § 1º, incisos I, II, III E VII, da Constituição de 1988, e institui o sistema nacional de
unidade de conservação da natureza (SNUC, que está formado pelo conjunto das uni
dades de conservação federais, estaduais e municipais).
364
Cf. KLOEPFER, M., Grundprinzipien..., p. 13-14; Umweltrecht…, p. 204 e s.
173
365
Gadamer, H-G., Verdad y Método, vol. II, Salamanca: Sígueme, 1994, p. 83
366
As origens do neoliberalismo podem ser encontradas na teoria econômica liberal do
século XIX, que propugnava por uma limitação das atividades do Estado em sede
econômica. Estava no conhecido laissez faire, laissez passer e se fundamenta na certeza
de que os seres humanos atuam de modo preferencial em seu próprio interesse e em que
existem leis naturais que criam a harmonia através de “mão invisível” do mercado (Adam
Smith, 1723-1790). A idéia se funda em que se aos indivíduos permite-se perseguir seus
interesses (produzindo, comprando ou vendendo), todos se beneficiarão dos resultados.
As leis da oferta e da demanda assegurarão os melhores resultados e o melhor uso do
capital e da mão de obra.
174
367
Mas convenhamos, definir a sociedade civil, neste contexto, como terceiro setor entre o
Estado e o Mercado é, simplesmente, uma sobrestimação equívoca. Certamente, seria
mais fácil, na realidade, falar de um “rato” como terceiro ator, entre o “tigre” do mer
cado empresarial e o “rinoceronte” estatal (cf. BROSWIMMER F., Ecocide. A Short History
of the Mass Extinction of Species. London: Pluto Press, 2002, p. 278)
368
FREITAS, J., Parcerias público-privadas (PPPS): características, regulação e princípios.
Artigo em MS-WORD, cedido pelo autor no Mestrado em Direito, PUC-RS, 2005
175
369
Cf. nota 327, sobre nosso entendimento quanto ao que é essencial, a essência.
370
FREITAS, J., op. cit., loc. cit.
371
Cf. nota 12 retro.
372
Cf. Panikkar, R., El espíritu de la política – Homo politicus. Barcelona: Península, 1999, p.
120 – O autor, na dialética “autoridade-poder”, vai definir democracia, como a arte de
gerir o poder por parte da autoridade, afirmando que se a prática desta arte não
consegue alcançar o seu fim, resulta na degeneração do político em força bruta.
373
374
Cf. pp. 22 e ss., 33 e ss., 87 e ss.
375
Cf., BROSWIMMER F., Ecocide. A Short History of the Mass Extinction of Species. London:
Pluto Press, 2002, p. 178
376
Cf. p. 89 retro.
177
377
Cf., p. 108, retro.
378
Cf., p. 162 e ss., retro.
379
Cf., p. 106, 124 e ss., 142 e ss., 150 e ss., retro.
380
Cf. p. 167 e ss., retro.
178
381
Produzido através de proteínas humanas em bactérias escravas, a Escherichia coli
.
382
Cf. p. 168, retro.
383
Cf. p. 170 e s., retro.
179
C O N C L USÃ O
I may be wrong and you may be right, and by an effort, we may
get nearer to the truth.384
Karl R. Popper
The Open Society and its Enemies
385
FREITAS, J., A substancial inconstitucionalidade da lei injusta. Rio de Janeiro: Vozes, e
Porto Alegre: EDIPUCRS, 1989, p. 30
180
b ala n ço e n tr e n e c e s s id ad es e b e n s .
C - Pe rs is t imo s n a c e rt e z a qu e t o da s as s oc ie da de s t e rão d e a s su m ir as
in va rian t e s in t ran s ige n t e s d a c apa cid ad e de re s ist ê n c ia d o plan e t a,
p ois h á lim it e s e c oló gic os par a o cre s c im e n t o.
t iv a re la çã o n a tu re z a e c u lt u ra, n os le v a a pe n s ar u m a d e m oc rac ia
s o cio am bie n t al d e sd e um a e c oc id ada n ia re s pon s á v el, qu e e x ib e m-
s e c om o u m a “po rt a a be rt a” pa ra a re gu la çã o e g aran t ia da s
c on q uis t a s so c iais ( ob tid as n a s lut a s pe los d ire it os h u m an o s ) ; e n f im ,
u m a a firm aç ão c on s c ie n t e da s up re m a c ia do prin c ípio d a d ign ida de
h u m an a , in d u zin d o a co n c re t iz açã o d e u m dire it o fu n d am e n t al à
s e gu ra n ça e c oló gica qu e e s t e E st a do de A mb ie n t e de v e pro du zir
p ara as pre s e n t e s e f ut u ras ge ra çõ e s .
( 20 ) T am bé m , c om a mo de r aç ão n o f lux o d e be n s , e s e rviç os , im po n d o-
se t a x as ad u an e iras ( a in da qu e t e m porá rias ) pa ra re t ific ar o s
d é fic e s c om e rc iais , imp e dir a fle x ib ilizaç ão d o m e rc ad o d e t rab alh o
n o s p aís e s e m de s e n vo lvim e n t o ; ad e m ais , e s t abe le c e r um s is t e m a
f is ca l pr og re ss iv o.
REF EREN C I A S BI BL I O G RÁ F I C A S 3 8 6 .
1 A BEL HA RO DRI G UES, M . , e ou t ros , D ire it o P roc e s su a l A m bie n t a l B ras ile iro.
B e lo Ho rizo n t e : De l R e y, 19 96
386
Algumas das referências bibliográficas formam parte de nosso fichário pessoal elaborado
durante o período que permanecemos na Universidade Pablo de Olavide de Sevilha, na
Universidade de Granada, na Complutense de Madrid, na Universidade Carlos III de
Madrid, na Universidade de Barcelona em Barcelona, nos anos de 2001 e 2002 e 2004, mais
ainda, no Centro de Estudos Sociais da Universi dade de Coimbra, onde permanecemos no
primeiro semestre de 2003, outras são de livros de acervo próprio.
184
2 9C A N A RI S, C- W ., Pe n s a me n t o S is t e má t ico e C on c e it o d e S is t e ma n a
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DI C I O N Á RI O S DE C O N SUL T A
N oví s i m o di cci onar i o L at i no- Por t uguês Et ym ol ogi co, Pr os odi co, Hi s t ór i co,
G eogr a f i co, M i t ol ógi co, Bi ogr aphi co et c. , org an iza do L . QU ICH ER A T , po r F r.
d os S an t o s SA R A I VA . R io/ Par is: Garn ie r, 19 27
Di cci onar i o G r ego- Por t uguês – Por t uguês - G r ego , Po rt o: Port o E d ito ra, 19 97
Í N DI C E O N O M Á ST I C O
1 -A B ELH A R O DR I GUE S , 1 00
2 -A LC HO U RR Ó N , 9 7
3 -A LE X Y, 1 37
4 -A N A X I M A N DR O , 43 , 4 4
5 -A N D RA D E N E RY, 10 0
6 -A N T UN E S , 1 00
7 -A R I ST Ó TE LE S , 14 , 1 7, 1 9, 2 8, 67, 72 , 11 0, 111 , 1 47, 16 0
8 -A R R O W , 12 8
9 -A U ER BA C H, 1 46
10 -Á V ILA CO I M BR A , 1 15
11 -Á V ILA , 139
12 -A YR E S B RI TT O , 1 39
13 -B A PTI S TA M A CH A DO , 9 5
14 -B A RC ELL O S, 13 9
15 -B A RR O W , 1 29
16 -B A TA LH A ,, 93
17 -B EC K, 52
18 -B IR N BA C HE R, 101 , 102
19 -B O A S, 50
20 -B Ö CKE N FÖ R DE , 16 2
21 -B O DI N , 47
22 -B O N A VID ES , 139
23 -B RO S W I M M ER , 1 75, 17 6
24 -B UB ER , 9 0, 9 1
25 -B ULY GIN , 97
26 -C A LA BR ES I , 1 28
27 -C A M PBE LL, 1 64
28 -C A N A RI S , 15 5
29 -C A N O TI LHO , 3 3, 75, 10 1, 1 57 , 17 0
30 -C A PRA , 65
31 -C A RT ER , 1 29
32 -C A SA L TA N A BA I S , 13 6
33 -C A ST I LLA DE L P IN O , 5 6
34 -C HA UÍ , 1 6
35 -C O A SE , 1 28 , 16 8, 1 69
36 -D ’Á VI LA L O PES , 1 58
37 -D ELE U Z E, 1 5, 16, 32 , 33
38 -D EM Ó CR I TO , 149
39 -D ER A N I , 13 4
40 -D ES CA R T ES , 3 9, 40
41 -D IC K, 12 5
42 -D US S EL , 10 9
43 -D W O RKI N , 8 5, 1 39 , 16 6
44 -E IN S T EI N , 1 48
45 -E LLU L, 9 1
46 -E N GE LS , 41 , 5 5
47 -E S CO BA R , 1 10
48 -E S PÍN D O LA , 1 39
49 -F A RI Ñ A S DUL CE , 14 0
50 -F ER R Y, 1 64
51 -F IO R I LLO , 1 00
52 -F O RD E, 50
53 -F O UC A ULT , 1 5, 5 6
54 -F RE GE , 2 5, 5 8
55 -F RE I TA S , 1 58 , 15 9, 162 , 1 63, 16 5, 174 , 175
196
5 6 -F RO N D IZ I , 1 40
5 7 -GA D A M ER , 2 0, 173
5 8 -GA L ILE U, 39
5 9 -GI DD EN S , 52
6 0 -GL A CKE N , 42 , 4 5
6 1 -GO L DBL A TT , 12 4
6 2 -GU A T TA R I, 15 , 16 , 32 , 1 51
6 3 -H A BE RM A S , 1 7
6 4 -H A EC KEL, 50 , 11 5
6 5 -H A LL, 1 10
6 6 -H A RD T, 15
6 7 -H A RT , 1 7, 7 2
6 8 -H EGE L,
6 9 -H EGE L, 2 5, 35, 40 , 41 , 5 5, 1 61
7 0 -H ER Á CLI T O, 44 , 13 0
7 1 -H ER BE R T, 1 25
7 2 -H ER O DO T O , 28
7 3 -H ER R ER A F LO R ES , 5 2, 125 , 1 26
7 4 -H ES I O DO , 2 8, 4 2
7 5 -H IPÓ C RA T ES , 44, 45 , 46
7 6 -H O BBE S , 6 4
7 7 -H O RKH EI M ER , 1 14
7 8 -H UGU ES , 100
7 9 -H UM E , 56
8 0 -H UN T IN GT O N , 4 9
8 1 -H US S ER L, 5 5, 5 7
8 2 -JA M E S , 4 9
8 3 -JA N S E N IO , 39
8 4 -JO N A S , 33, 76 , 10 1
8 5 -JÖ R S , 9 1
8 6 -KA N T , I , 2 4, 2 5, 38, 39 , 40 , 55 , 5 6, 5 7
8 7 -KA Z A N T Z Á KI S, 13 2, 1 51
8 8 -KE LS E N , 15 8
8 9 -KE N N Y, 4 0
9 0 -KH A LDO U N , 46
9 1 -KI E RKE GA A R D, 1 35
9 2 -KI R K, 40 , 4 2, 4 3, 44, 13 1
9 3 -KL OE PF ER , 1 06 , 13 4, 1 57 , 16 7, 168 , 1 70, 17 1
9 4 -KO R S , 1 36
9 5 -KO S I K, 9 3
9 6 -KÜ N G, 1 64
9 7 -LE F EB VRE , 9 2
9 8 -LE I BN I Z , 28 , 9 4, 9 6, 1 47 ,1 48 , 14 9
9 9 -LE I TE , 1 38
1 00 -LE OP O LD, 1 64
1 01 -LO CKE , 5 6
1 02 -LO R IT E, 152
1 03 -LUC A S , 10 6
1 04 -LUC A S , 12 5
1 05 -M A CCH IA V ELLI , 3 8, 47
1 06 -M A CH, 22
1 07 -M A CHA D O N E T O, 93
1 08 -M A M ED E, 37
1 09 -M A N DE LBR O T, 89
1 10 -M A QUI A VE L, 3 8, 4 6, 47
1 11 -M A RÉ S D E S O UZ A F ILH O , 98
1 12 -M A RG A LEF , 5 1, 1 64
197
1 13 -M A RT I N M A T EO , 170
1 14 -M A RX , 24, 41 , 55
1 15 -M A TU RA N A , 11 3, 1 52
1 16 -M A X -N EF F, 11 2, 1 13
1 17 -M EN C HÚ, 32
1 18 -M ILA R É , 10 0
1 19 -M IR A N DA , 16 5
1 20 -M O LIN A R O , 1 3, 1 49
1 21 -M O N TA G, 14
1 22 -M O N TE S QUI EU , 4 7, 4 8
1 23 -M O RI N , 1 9, 6 1, 62
1 24 -M O RO , 39
1 25 -M UKA I , 1 00
1 26 -N EG RI , 1 5
1 27 -N IE T Z SC HE , 13 9
1 28 -N UN E S J UN I O R, 134
1 29 -O RT E GA A L VA RE Z , 1 00
1 30 -PA S CA L, 39
1 31 -PE DR O SA , 11 0
1 32 -PE ET , 49
1 33 -PE RE IR A DA CÂ M A R A , 95
1 34 -PE RE IR A DE S O U Z A N E TO , 13 9
1 35 -PE RR I, 65
1 36 -PE TE RS , 71
1 37 -PI ET RI , 3 6
1 38 -PLA T Ã O , 22 , 4 2, 5 9, 6 9
1 39 -PO N TE S DE M I RA N D A , 1 9, 2 2, 2 3, 24, 25 , 26 , 2 9, 3 6, 5 7, 58, 59 , 60 , 6 1, 7 0,
7 2, 77 , 7 8, 8 4, 9 3, 87, 88 , 90 , 9 2, 1 39 , 14 0, 1 46 , 14 8, 15 0, 151 ,1 52
1 40 -PO PPE R, 17 4
1 41 -PO S N ER , 1 28
1 42 -PR IGO GI N E , 16 4
1 43 -PR O GO FF , 95
1 44 -PR O TÁ GO R A S , 22
1 45 -R AM Ó N CA PE LLA , 12 8
1 46 -R AS I LLA , 111 , 1 34
1 47 -R AV EN , 40, 42 , 44 , 1 31
1 48 -R ECA S É N S S I CHE S , 9 3
1 49 -R OB S IN S O N , 1 16
1 50 -R OC HA , 1 56
1 51 -R OD GE RS , 9 9
1 52 -R OU S S EA U , 48 , 6 4
1 53 -S A N TI LLI , 98
1 54 -S A N TO S , 1 4, 8 8, 89, 13 4
1 55 -S A RLE T , 69 , 7 4, 7 6, 1 51 , 15 8, 159 , 1 62
1 56 -S A RT R E, J . P, 5 5
1 57 -S A UE R, 50
1 58 -S CHN A I BE R G, 52
1 59 -S CHO F IE LD, 40 , 42 , 4 4, 1 31
1 60 -S CHO PE N HA U ER , 1 63
1 61 -S CHU TZ , 30
1 62 -S CHW E IT Z E R, 101
1 63 -S CI A CCA , 42
1 64 -S EN D IM , 3 3, 34, 10 1
1 65 -S ILV A , 10 0, 158
1 66 -S IN GE R , 16 4
1 67 -S IQU EI R A C A ST R O , 16 2
1 68 -S O RI A N O , 11 1, 134
198
1 69 -S O TO RI VE RA , 14
1 70 -S PIN O Z A , 13, 14 , 16 , 3 9, 5 6, 9 4, 102 , 1 16, 11 7, 1 18 , 11 9, 120 , 1 21, 12 2
1 71 -S TI GLE R, 16 8
1 72 -S TR A BO , 45
1 73 -T AL ES DE M I LE TO , 4 3
1 74 -T AN S LE Y, 5 1
1 75 -T ELLE S J ÚN I O R, 93, 96
1 76 -T IM BE R GEN , 63
1 77 -T IPLE R , 12 9
1 78 -T OM Á S DE A QU I N O, 46
1 79 -T RÍ A S, 37
1 80 -T RI PLE R, 129
1 81 -T RI VER S , 6 3
1 82 -U LG A R, 115
1 83 -V IEI RA D E A N DR A DE , 1 61, 16 2
1 84 -W A DE , 1 10
1 85 -W EB ER , 3 7, 140
1 86 -W HI N TM A N , 94
1 87 -W IE A CKE R , 91
1 88 -W IN T E R, 99
1 89 -W IT T GEN S T EI N , 1 52
1 90 -Z IM M E R, 15 0
Z UB IR I , 16 0, 1 61
199
Í ND IC E
A GR A DE CI ME N T O S...........................................................................................................................4
R AZ Õ E S J US T IF IC A TÓ R IA S ...............................................................................................................5
..................................................................................................................................................................5
Carlos Alberto Molinaro................................................................................................. 9
R ES UM O ...............................................................................................................................................1 0
A BS T RA C T...........................................................................................................................................1 1
S UM Á R IO .............................................................................................................................................1 2
I NT R O DUÇ Ã O ....................................................................................................................................1 3
PR IM E IR A PA RT E – R A CI ON A L ID A DE E CO LÓ GI CA ............................................................ 1 8
1 . DA RE LA ÇÃ O N A T UR EZ A / CU LT UR A .....................................................................................2 1
1 .1 – A R E LA ÇÃ O SU BS T A N TI VA N A TU R EZ A / CU LTU R A ......................................................2 4
1 .2 – A R E LA ÇÃ O A DJE TI VA N A TU R EZ A / CU LTU R A .............................................................3 0
2 . A R EL A ÇÃ O N A TU RA L/ CU LT UR A L E O A MB IE N T E..........................................................3 1
2 .1 – O N A T UR A L E O CUL TU RA L C OM O A N T ÍS T RO F E DO A M BI EN T A L .....................3 3
2 .2 – O N A T UR A L E O CUL TU RA L D A LI N GU A GEM E O A M BI EN T E ............................. 3 5
3 – DA RA Z Ã O M O DE RN A – LIN G UA GE M E CO N S CI ÊN C IA : DA EX A U ST Ã O DA
R AZ Ã O M O DE R N A C ON D IÇ Ã O P A RA A RA C IO N A LI DA D E EC O LÓ GI CA ................. 3 7
3 .1 – UM PO UC O D E HI S TÓ R IA ...................................................................................................3 9
3 .2 – A R A Z Ã O N O Â M BI T O A M B IE N TA L ( N Ú CLE O E S SE N CI A L) .................................. 4 2
3 .3 – UM A RA C IO N A LI DA D E E CO LÓ GI CA ............................................................................5 2
4 – O S E R HU M A N O E S U A R E LA ÇÃ O CO M O A M B IE N TE ................................................5 4
4 .1 – O S I GN IF IC A DO DE “ RE LA ÇÃ O ” E DE “A M B IE N T E” N A PE RS PE CT IV A D O
“E N CO N TR O ” DO S S UJE I TO S / OB JE TO S RE LA CI O N A DO S ................................................ 5 5
4 .2 – DA RE LA ÇÃ O S UJ EI TO / O BJE T O......................................................................................5 7
4 .3 – A S R EL A ÇÕ ES S O CI O- BI O CEN Ó T I CA S D O S E R HU M A N O E O E N TO R N O ..... 6 0
4 .4 – A S R EL A ÇÕ ES E A S RE PR ES E N TA Ç Õ ES QUE D EL A S S E F A Z EM ............................ 6 4
5 – A D IA LÉ T ICA PO S I ÇÃ O -DI S PO S IÇ Ã O ...............................................................................6 5
5 .1 – A S D ER IV A ÇÕ ES DO N ÚC LE O S I GN IF IC A TI VO PO S IÇ Ã O- DI SP O SI ÇÃ O ......... 6 6
5 .2 – A D IA LÉ T IC A PO S I ÇÃ O / DI SP O SI ÇÃ O E O DI RE I TO A M BI EN T A L.........................6 8
5 .3 – PO S IÇÃ O / DI S PO S IÇ Ã O R E LA TI VA M E N TE A O S DI R EI TO S HU MA N O S E D IR EI
T OS FU N DA M E N T AI S D ES D E O S P RI M A DO S DA DI GN ID A DE H UM A N A E D A S E GU
R AN Ç A J UR ÍD IC A E M SE DE A M BI EN T A L ................................................................................7 5
5 .3. 1 – S ÍN T ES E ..................................................................................................................................7 8
5 .3. 2 – FU N DA M E N TO S DO S D IR E IT O S H UM A N O S .............................................................. 7 9
5 .3. 3 – A I M PO R TÂ N C IA DO S DI RE IT O S H UM A N O S , E S PEC IA L ME N T E O S D IR E IT O S
S O CIO A M B IE N TA I S ..........................................................................................................................8 0
5 .3. 4 – DI RE I TO S FU N DA M EN T A I S. DI RE I TO S FU N DA M E N TA I S A M B IE N TA I S ............... 8 0
5 .3. 5 – UT IL IZ A N D O A M ET O DO LO GI A PO S IÇÃ O / DI S PO S IÇ Ã O E M S E DE DE
D IRE I TO S HUM A N O S E DI R EI TO S FU N DA M E N TA I S ............................................................... 8 2
6 – SI S TE M A S D E A DA P TA Ç Ã O, PR O DUT O S C ULT U RA I S E O D IR EI T O......................... 8 4
6 .1 – O D IR EI T O C OM O PR O DU TO CU LTU R A L..................................................................... 8 5
6 .1. 1 – CO M O P RO D UT O C ULT UR A L O D IR E IT O C O N S IS T E N O E QU ILÍ BR I O D O QU E
T EN DE A O PO R -S E ...........................................................................................................................8 8
6 .1. 2 – O D IR E IT O C O MO PR O CE S SO DE A DA PT A ÇÃ O E CO R R IGE N DA DA S R ELA
Ç ÕE S S O CI A IS ..................................................................................................................................8 9
6 .2 – O D IR EI T O D ES DE UM A VI SÃ O CU LT UR A LI ST A .......................................................... 9 1
6 .3 – O D IR EI T O E O A M BI E N TE - O DI RE I TO S Ó O É N O ES PA Ç O S O CI A L. A Í ELE É
PE RM I S SÃ O ........................................................................................................................................ 9 5
6 .4 – O D IR EI T O D O A M B IE N TE ...................................................................................................9 7
6 .4. 1 – O N Ú CLE O D O C O N CE IT O D E DI R EI TO A M BI E N TA L O U DO A M BI E N TE ...... 9 9
6 .4. 2 – O A M B IE N TE UM BE M T UT E LA DO ..............................................................................1 00
S EGU N DA PA R TE – E S TA D O S O CI O A M BI EN T A L E DE M O CR Á TI CO DE DI RE IT O ...1 03
E O S P RI N CÍ PI OS I US A M BI EN T A I S............................................................................................1 03
7 –CO M O N O S I N SE R IM O S N UM ES T A DO S OC IO A M B IE N TA L E D EM O C RÁ T IC O D E
D IRE I TO ............................................................................................................................................1 09
7 .1 – TR IB UT Á R IO S DO SO C IA L: A FI R MA N D O I DE N T ID A DE S........................................ 1 10
200
7 .2 –M ÍN I M O EX I ST E N CI A L E CO LÓ GI CO E GA R A N T IA ...................................................1 13
7 .3 – UM A LEI T UR A D E S PI N O Z A ..............................................................................................1 17
7 .3. 1 – BR EV E S ÍN T ES E ................................................................................................................. 1 20
7 .3. 2 – O QU E A PR O PR IA M O S DE S PI N O Z A N A F O RM U LA ÇÃ O DE U M E S TA D O
S O CIO A M B IE N TA L E DE MO C RÁ T I CO D E D IR EI T O............................................................ 1 22
8 – ES T A DO SO C IO A M BI E N TA L E D EM O CR Á T IC O D E DI R EI TO – ECO L OG IA ,
E XI S TÊ N CI A E DI RE I TO . A PR O IB IÇ Ã O D E R ET RO G RA D A ÇÃ O E O S D IR EI T O S DE
C ON T A M IN A ÇÃ O ......................................................................................................................... 1 24
8 .1 – A F IC ÇÃ O E UM A A ÇÃ O A M BI EN T A LI Z A DA ............................................................1 25
8 .2 – DI RE IT O S D E CO N T A M IN A Ç Ã O : U MA A F RO N T A A O S EX T O PO ST U LA DO DO
E CÓ LO GO ....................................................................................................................................... 1 27
8 .3 – O E S TA D O S O CI O A M BI EN T A L PR IVI LE GIA O PR IN CÍ PI O A N T R Ó PIC O , UM
PR IN C ÍPI O Q UE N Ã O É I N CO M PA T ÍVE L CO M UM A VI SÃ O E CO CÊ N T RI CA . ..........1 30
9 – ES T A DO SO C IO A M BI E N TA L E D EM O CR Á T IC O D E DI R EI TO E A VE DA ÇÃ O DA
D EGR A DA ÇÃ O A M BI EN T A L...................................................................................................... 1 32
9 .1 – A CO R DO SE M Â N TI CO PR ÉV IO .....................................................................................1 39
9 .2 – LIM I TE S DO PRI N CÍ PI O D E PR O IB IÇ Ã O D A R ET R O GRA D A ÇÃ O
S O CIO A M B IE N TA L ....................................................................................................................... 1 44
9 .2. 1 – VE DA ÇÃ O DA DE GR A DA Ç Ã O A M BI E N TA L E T EM P O.......................................1 45
9 .2. 2 – VE DA ÇÃ O DA DE GR A DA Ç Ã O A M BI E N TA L E E S PA ÇO ....................................1 47
9 .2. 3 – O T EM P O E O E SP A ÇO A M B IE N T A L – PE RM A N Ê N CI A , C ON S E R VA ÇÃ O E
M A N UT EN Ç Ã O .............................................................................................................................1 49
9 .3 – A LCA N CE PR IM Á R IO DO PR IN C ÍPI O DE PR O I BI ÇÃ O D A RE TR O GR A DA Ç Ã O
S O CIO A M B IE N T AL .........................................................................................................................1 53
1 0 – M ÍN I M O EX I ST E N CI A L E CO LÓ GI CO , PRO I BI ÇÃ O DA R ET RO G RA D A ÇÃ O E
E ST A DO S O CIO A M B IE N TA L E DE MO C RÁ T I CO D E D IR EI T O – N UM A PE RS PE CT IV A
I US CU LTU RA L IS T A ..........................................................................................................................1 55
1 0.1 – E FE TI VA ÇÃ O DA PR O TE ÇÃ O DO M ÍN I M O EX I ST E N CI A L E CO LÓ GI CO E D A
V EDA ÇÃ O DA DE GR A DA Ç Ã O ...............................................................................................1 58
1 0.2 – PR IN C ÍP IO S IU SA M B IE N T A IS ES T RU TU R A N TE S D O E S TA D O S O CI O A M BI EN T A L
E DE M O CR Á TI CO DE DI RE IT O ..................................................................................................1 67
1 0.3 A E M ER GÊ N CIA D O E S TA D O S O CI O A M BI EN T A L E DE M O CR Á TI CO DE
D IRE I TO ............................................................................................................................................. 1 72
C ON CL US Ã O .................................................................................................................................. 1 78
R EF ER EN C IA S BI BLI O GR Á FI CA S . ..............................................................................................1 83
ÍN D IC E O N O M Á S TI CO .............................................................................................................1 93