10.apuração Preliminar PGE CJ

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Apuração Preliminar

Renata Pugliese
Previsão legal
Estatuto dos Servidores (Lei Estadual nº 10.261/1968)

Art. 264. A autoridade que, por qualquer meio, tiver conhecimento


de irregularidade praticada por servidor é obrigada a adotar
providências visando à sua imediata apuração, sem prejuízo das
medidas urgentes que o caso exigir.
Art. 241, V: (É dever do servidor) representar aos superiores
sobre todas as irregularidades de que tiver conhecimento no
exercício de suas funções.
Conhecimento do fato

Autoria não definida Indícios de autoria e


ou infração não materialidade
caracterizada de (conjunto probatório
forma suficiente mínimo)

Determina Verdade
Apuração Preliminar instauração do PAD sabida
ou sindicância

Ex.: Inassiduidade e abandono de


cargo

Art. 265. A autoridade realizará apuração preliminar, de


natureza simplesmente investigativa, quando a infração não
estiver suficientemente caracterizada ou definida a autoria.
Objetivo e Natureza
 Reunir elementos que apontem minimamente um
possível infrator e uma provável conduta ilícita;
esclarecer a verdade dos fatos.

 Art. 3º, I, LC 1183/2012: Elementos suficientes


para se concluir pela existência da falta funcional
e de sua autoria.
Quem e o que!
- Quem é o servidor responsável;
- Qual a infração: Lei 10.261/1968.
Objetivo e Natureza
 É um procedimento investigatório: não
haverá aplicação de sanção;

 Não há a figura do acusado.

Em decorrência:
- Não há direito ao contraditório e ampla
defesa;
- Não há necessidade de defesa técnica.
Manifestação da
autoridade
Procedimento de instauradora.
Apuração Autoridade
Abertura da Determina o competente decide PPD
Apuração - Instalação arquivamento ou a instaurar o PAD, Instauração do
Preliminar instauração de sindicância ou
- Instrução PAD ou Sindicância
sindicância ou arquivar
- Relatório opina pela
instauração do
PAD.
1º. Instauração
 Pressuposto: Conhecimento e/ou Denúncia verbal ou escrita (ainda
que anônima).

 Como? Portaria da autoridade competente, indicando o objeto da


apuração e designando comissão ou responsável pela apuração
- Publicação no Diário Oficial: Publicidade dos atos administrativos
- Necessidade de Comissão? Decisão a cargo da autoridade competente
- Necessário observar o artigo 275 do Estatuto:
Não poderá ser encarregado da apuração, nem atuar como secretário, amigo íntimo ou
inimigo, parente consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau
inclusive, cônjuge, companheiro ou qualquer integrante do núcleo familiar do
denunciante ou do acusado, bem assim o subordinado deste.

 Prazo para conclusão: 30 dias, prorrogável.


- Procedimento para prorrogação
- Prazo impróprio
- Prescrição
1º. Instauração
PRESCRIÇÃO
Art. 261. Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
I – da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão ou multa, em 2 anos;
II – da falta sujeita à pena de demissão, demissão a bem do serviço público e de cassação da
aposentadoria ou disponibilidade, em 5 anos;
III – da falta prevista em lei como infração penal, no prazo de prescrição em abstrato da pena
criminal, se for superior a 5 anos.
§1º. A prescrição começa a correr:
1 – do dia em que a falta for cometida;
2 – do dia em que tenha cessado a continuação ou a permanência, nas faltas continuadas ou
permanentes.
§ 2º Interrompem a prescrição a portaria que instaura sindicância e a que instaura processo
administrativo.
§3º O lapso prescricional corresponde:
1 – na hipótese de desclassificação da infração, ao da pena efetivamente aplicada;
2 – na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena em tese cabível.
§4º A prescrição não corre:
1 – enquanto sobrestado o processo administrativo para aguardar decisão judicial, na forma
do §3º do art. 250;
2 – enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a ser restabelecido.
[...]
§6º A decisão que reconhecer a existência de prescrição deverá desde logo determinar,
quando for o caso, as providências necessárias à apuração da responsabilidade pela sua
ocorrência.
2º. Procedimento de apuração

1. Instauração dos trabalhos: Reunião da Comissão de Apuração Preliminar.

- Análise dos elementos já existentes para definir coleta de provas;


- Lavratura de termo de início dos trabalhos, em que reste especificado o que se
pretende fazer para coletar os elementos necessários à definição da autoria e
materialidade.
2º. Procedimento de apuração
2. Fase instrutória: Coleta de prova documental, testemunhal, pericial etc.
2.1. Prova documental: pode oficiar órgãos administrativos ou instituições privadas solicitando
documentos necessários à apuração da falta funcional.
- Se houver crime, é importante solicitar cópia do boletim de ocorrência ou inquérito policial.
2.2. Prova testemunhal: Oitiva das testemunhas e do denunciante, se houver.
- Deve haver notificação formal das testemunhas, com indicação de data, hora e local para oitiva. A
testemunha deve certificar o recebimento da notificação;
- Pode ser por carta precatória, se residente em outra comarca.
- Quem pode ser ouvido?
a. Menor de 18 anos: pode ser ouvido! Deve ser notificado na pessoa do responsável;
b. Servidores de outras entidades públicas, como Fundação Florestal ou CETESB: podem ser ouvidos. Em
havendo negativa de comparecimento, deve seu Chefe ser notificado;
c. Servidor estatutário: art. 262 prevê suspensão de pagamento se não comparecer sem justificativa.
d. particulares.
- Como ouvir as testemunhas: Havendo suspeita sobre um servidor, é recomendável que este seja o
último a ser ouvido; havendo denunciante, este deve ser o primeiro.
- Os depoimentos devem ser reduzidos a termo, de preferência com os fatos em ordem cronológica, e
assinados pela testemunha.
2.3. Prova pericial
2º. Procedimento de apuração
3. Relatório final e conclusivo:

 Conteúdo mínimo:
I – Descrição pormenorizada dos fatos postos a exame pela autoridade que instaurou a Apuração;
II – Descrição pormenorizada da fase instrutória, indicando as informações relevantes de cada prova
colhida, analisando-as;
III – Conclusão: manifestação sobre ocorrência do fato e identificação de eventuais autores, com
indicação do enquadramento legal.

 Havendo mais de um autor, deve haver a individualização da conduta: indicar o que cada um fez;
 A Comissão apenas deve indicar o enquadramento legal da infração! Não deve indicar a sanção
que deve ser aplicada.
 A Comissão deverá instruir os autos com as fichas funcionais dos servidores envolvidos.
3º. Decisão da Autoridade Competente
Opina pela instauração de Procedimento Administrativo
Disciplinar ou Sindicância:
Art. 251. São penas disciplinares:
Sindicância
I - Repreensão;
II - Suspensão; Art. 272. Pode ser instaurada
por todas as autoridades do
III - Multa;
art. 260 do Estatuto

IV - Demissão
V - Demissão a bem do serviço público PAD
VI - Cassação da aposentadoria
Pode ser instaurada pelas
autoridades do art. 260, até o
inciso IV, do Estatuto

Art. 260. Para aplicação das penalidades previstas no artigo 251, são competentes:
I – o Governador;
II – os Secretários de Estado, Procurador Geral do Estado e os Superintendentes de Autarquia;
III – os Chefes de Gabinete, até a de suspensão;
IV – os Coordenadores, até a de suspensão, limitada a 60 dias;
V – os Diretores de Departamento e Divisão (Diretores II e III), até de suspensão limitada a 30
dias.
3º.Decisão da Autoridade Competente
 Deve opinar pelo arquivamento do processo ou instauração de
PAD ou sindicância;
Art. 265.
§3º Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade deverá opinar
fundamentadamente pelo arquivamento ou pela instauração de
sindicância ou processo administrativo.

 Deve especificar e individualizar a(s) conduta(s) e indicar o


enquadramento legal.

 A Autoridade não está vinculada ao relatório final da Comissão de


Apuração Preliminar; pode solicitar complementação da instrução.

 Pode pugnar pela adoção das providências do art. 266 pelo Chefe
de Gabinete (afastamento do servidor por até 180 dias, designação
do servidor para funções burocráticas, etc)
4º. Submissão à Procuradoria de
Procedimentos Disciplinares

 Art. 271: Os procedimentos disciplinares punitivos


serão realizados pela Procuradoria Geral do
Estado e presididos por Procurador do Estado
confirmado na carreira.

 Lei Complementar nº 1183/2012: Cria a Procuradoria


de Procedimentos Disciplinares.
Sanções Cabíveis: aplicação
Princípio da Adequação Punitiva:
Proporcionalidade

Art. 252. Para aplicação das penas


disciplinares serão consideradas a natureza
e a gravidade da infração e os danos que
dela provierem para o serviço público.
Repreensão (por escrito)

Art. 253. A pena de repreensão será


aplicada por escrito nos casos de
indisciplina ou falta de cumprimento de
deveres.
Suspensão

Art. 254. A pena de suspensão, que não


excederá 90 dias, será aplicada em caso de
falta grave ou de reincidência.

- Pode ser convertida em multa (50% por


dia de vencimento)
Deveres e Proibições
Artigo 241 - São deveres do funcionário:
I - ser assíduo e pontual;
II - cumprir as ordens superiores, representando quando forem manifestamente ilegais;
III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos de que for incumbido;
IV - guardar sigilo sobre os assuntos da repartição e, especialmente, sobre despachos, decisões ou
providências;
V - representar aos superiores sobre todas as irregularidades de que tiver conhecimento no exercício de
suas funções;
VI - tratar com urbanidade as pessoas; (NR)
VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde autorizado;
VIII - providenciar para que esteja sempre em ordem, no assentamento individual, a sua declaração de
família;
IX - zelar pela economia do material do Estado e pela conservação do que for confiado à sua guarda ou
utilização;
X - apresentar -se convenientemente trajado em serviço ou com uniforme determinado, quando for o caso;
XI - atender prontamente, com preferência sobre qualquer outro serviço, às requisições de papéis,
documentos, informações ou providências que lhe forem feitas pelas autoridades judiciárias ou
administrativas, para defesa do Estado, em Juízo;
XII - cooperar e manter espírito de solidariedade com os companheiros de trabalho,
XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regimentos, instruções e ordens de serviço que digam
respeito às suas funções; e
XIV - proceder na vida pública e privada na forma que dignifique a função pública.
Deveres e Proibições
Artigo 242 - Ao funcionário é proibido:
I - Revogado
II - retirar, sem prévia permissão da autoridade competente, qualquer documento ou objeto existente na repartição;
III - entreter-se, durante as horas de trabalho, em palestras, leituras ou outras atividades estranhas ao serviço;
IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa justificada;
V - tratar de interesses particulares na repartição;
VI - promover manifestações de apreço ou desapreço dentro da repartição, ou tornar-se solidário com elas;
VII - exercer comércio entre os companheiros de serviço, promover ou subscrever listas de donativos dentro da repartição; e
VIII - empregar material do serviço público em serviço particular.
Artigo 243 - É proibido ainda, ao funcionário:
I - fazer contratos de natureza comercial e industrial com o Governo, por si, ou como representante de outrem;
II - participar da gerência ou administração de empresas bancárias ou industriais, ou de sociedades comerciais, que mantenham
relações comerciais ou administrativas com o Governo do Estado, sejam por este subvencionadas ou estejam diretamente
relacionadas com a finalidade da repartição ou serviço em que esteja lotado;
III - requerer ou promover a concessão de privilégios, garantias de juros ou outros favores semelhantes, federais, estaduais ou
municipais, exceto privilégio de invenção própria;
IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho, emprego ou função em empresas, estabelecimentos ou instituições que
tenham relações com o Governo, em matéria que se relacione com a finalidade da repartição ou serviço em que esteja lotado;
V - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem autorização do Presidente da República;
VI - comerciar ou ter parte em sociedades comerciais nas condições mencionadas no item II deste artigo, podendo, em
qualquer caso, ser acionista, quotista ou comanditário;
VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos de sabotagem contra o serviço público;
VIII - praticar a usura;
IX - constituir-se procurador de partes ou servir de intermediário perante qualquer repartição pública, exceto quando se
tratar de interesse de cônjuge ou parente até segundo grau;
X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou de entidades fiscalizadas, no País, ou no estrangeiro, mesmo quando estiver
em missão referente à compra de material ou fiscalização de qualquer natureza;
XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para desempenhar atividade estranha às funções ou para lograr, direta ou
indiretamente, qualquer proveito; e
XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer parte.
Parágrafo único — Não está compreendida na proibição dos itens II e VI deste artigo, a participação do funcionário em
sociedades em que o Estado seja acionista, bem assim na direção ou gerência de cooperativas e associações de classe, ou como
seu sócio.
Responsabilidades
Artigo 245 - O funcionário é responsável por todos os prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda Estadual,
por dolo ou culpa, devidamente apurados.
Parágrafo único - Caracteriza-se especialmente a responsabilidade:
I - pela sonegação de valores e objetos confiados à sua guarda ou responsabilidade, ou por não prestar contas, ou
por não as tomar, na forma e no prazo estabelecidos nas leis, regulamentos, regimentos, instruções e ordens de
serviço;
II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros prejuízos que sofrerem os bens e os materiais sob sua guarda, ou
sujeitos a seu exame ou fiscalização;
III - pela falta ou inexatidão das necessárias averbações nas notas de despacho, guias e outros documentos da
receita, ou que tenham com eles relação; e
IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra a Fazenda Estadual.
Artigo 246 - O funcionário que adquirir materiais em desacordo com disposições legais e regulamentares, será
responsabilizado pelo respectivo custo, sem prejuízo das penalidades disciplinares cabíveis, podendo-se proceder
ao desconto no seu vencimento ou remuneração.

Artigo 249 - Será igualmente responsabilizado o funcionário que, fora dos casos expressamente previstos nas leis,
regulamentos ou regimentos, cometer a pessoas estranhas às repartições, o desempenho de encargos que lhe
competirem ou aos seus subordinados.

Artigo 250 - A responsabilidade administrativa não exime o funcionário da responsabilidade civil ou criminal que
no caso couber, nem o pagamento da indenização a que ficar obrigado, na forma dos arts. 247 e 248, o exame da
pena disciplinar em que incorrer.
§ 1º - A responsabilidade administrativa é independente da civil e da criminal.(NR)
§ 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo que ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, o
servidor absolvido pela Justiça, mediante simples comprovação do trânsito em julgado de decisão que negue a
existência de sua autoria ou do fato que deu origem à sua demissão.(NR)
§ 3º - O processo administrativo só poderá ser sobrestado para aguardar decisão judicial por despacho motivado
da autoridade competente para aplicar a pena.(NR)
Multa

Art. 255. A pena de multa será aplicada na


forma e nos casos expressamente previstos
em lei ou regulamento.
Demissão
Art. 256. Será aplicada a pena de demissão nos casos de:
I – abandono de cargo;
II – procedimento irregular, de natureza grave;
III – ineficiência do serviço;
IV – aplicação indevida de dinheiros públicos; e,
V – ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais
de 45 dias, interpoladamente, durante 1 ano.
§1º. Considerar-se-á abandono de cargo, o não
comparecimento do funcionário por mais de 30 dias
consecutivos ex-vi do art. 63.
Demissão a bem do serviço público
Art. 257. Será aplicada a pena de demissão a bem do serviço público ao funcionário que:
I – for convencido de incontinência pública e escandalosa e de vício de jogos proibidos;
II – praticar ato definido como crime contra a administração pública, a fé pública e a Fazenda Estadual, ou
[...];
III – revelar segredos de que tenha conhecimento em razão do cargo, [...];
IV –praticar insubordinação grave;
V – praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcionários ou particulares, salvo se em legítima defesa;
VI – lesar o patrimônio ou os cofres públicos;
VII – receber ou solicitar propinas, comissões, presentes ou vantagens de qualquer espécie [...];
VIII – pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer valores a pessoas que tratem de interesses ou o tenham
na repartição, ou estejam sujeitos a fiscalização;
IX – exercer advocacia administrativa;
X – apresentar com dolo declaração falsa em matéria de salário-família, sem prejuízo da responsabilidade
civil e de procedimento criminal, que no caso couber;
XI – praticar ato definido como crime hediondo, [...];
XII – praticar ato definido como crime contra o sistema financeiro [...];
XIII – praticar ato definido em lei como de improbidade.
Obrigada!

Renata Pugliese
rpugliese@sp.gov.br
(11) 3133.3354

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