Determinantes Do Crescimento Económico
Determinantes Do Crescimento Económico
Determinantes Do Crescimento Económico
Tese de Doutoramento em Economia, orientada pelos Professores Doutores Francisco José Alves Coelho
Veiga e Pedro Miguel Avelino Bação e apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Fevereiro de 2015
João António Furtado Brito
Coimbra, 2015
Ilustração da capa: Daianne Brito.
DEDICATÓRIA
Aos meus orientadores, Professor Doutor Francisco José Alves Coelho Veiga e
Professor Doutor Pedro Miguel Avelino Bação, pela disponibilidade e atenção com que
dedicaram no acompanhamento deste trabalho.
À minha mãe Maria Furtado e às minhas irmãs Dilma Lubrano e Edneia Monteiro
pelo carinho, apoio e incentivo demonstrado.
Aos meus colegas das longas noites de estudo e companheirismo na sala de alunos
de doutoramento da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, e aos meus
familiares e todos os meus amigos que sempre me apoiaram e me deram força nesta
caminhada.
FINANCIAMENTO
Este trabalho foi realizado com o apoio financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian.
RESUMO
ix
PIB per capita, não constituem um handicap ao crescimento económico,
comparativamente aos países grandes. Adicionalmente, foi realizado o Growth Diagnostic
da economia cabo-verdiana, com recurso ao modelo desenvolvido por Hausmann, Rodrik e
Velasco (2005). Desta análise foram identificados vários fatores que têm dificultado os
investimentos/crescimento económico em Cabo Verde, como a fraca intermediação
financeira, deficientes infraestruturas, altos custos nas ligações entre as ilhas, ineficiente
fornecimento de energia elétrica e desvios entre as necessidades de capital humano e as
áreas de formação do ensino secundário e terciário. Assim, as políticas do Governo devem
ser direcionadas no sentido de ultrapassar estas barreiras.
x
ABSTRACT
The groups of small states and large states were defined using the statistical
technique cluster analysis and the variables population and area. The empirical analysis
was conducted reconciling the generic formula of the economic growth model (which
includes the augmented Solow model and additional variables) with the system-GMM
estimator. The impact of the variables of interest Foreign Direct Investment, External
Trade, Political, Social and Economic Institutions, Geography, Social Cohesion and
Environmental Vulnerability on the growth rate of GDP per capita in small and large states
was analyzed empirically for the period 1970-2010. The research was also directed to
identify the transmission channels (human capital, physical capital and productivity)
through which the variables of interest affect the growth rate of GDP per capita, and the
contribution of these variables to the convergence rate between the countries of each
group.
The results indicate a balance between the number of variables of interest whose
impact on economic growth in small and large countries is significantly different, and
those whose effects are essentially the same in both groups of countries. Productivity
(TFP) was identified as the main transmission channel through which the variables of
interest affects the growth rate of GDP per capita in the two groups of countries. The
results indicated a higher β convergence rate in small states, but the difference between the
coefficients is not statistically significant. The overall conclusion was that small country
size influences the impact of some factors on the growth rate of GDP per capita, but it is
not a handicap for economic growth relative to large country size. Additionally, a Growth
xi
Diagnostic of the Cape Verdean economy was undertaken using the model developed by
Hausmann, Rodrik and Velasco (2005). Several factors that having hindered
investment/growth in Cape Verde were identified, such as weak financial intermediation,
poor infrastructure, high costs of travel (boats and planes) across islands, inefficient supply
of electricity and deviations between the human capital needs and the areas of formation
(manly secondary and tertiary schools). Thus, the Government's policies should be directed
towards overcoming these constraints.
Keywords: Country Size, Economic Growth, System-GMM, Small Countries and Cape
Verde.
xii
SIGLAS E ACRÓNIMOS
BACE – Bayesian Averaging of Classical Estimates
BCA – Banco Comercial do Atlântico
BCN – Banco Cabo-verdiano de Negócios
BCV – Banco de Cabo Verde
BI – Banco Interatlântico
BNT – Barreiras Não-Tarifárias
CECV – Caixa Económica de Cabo Verde
CEDEAO – Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
CES – Elasticidade de Substituição Constante
CIA – Central Intelligence Agency
CNTS – Cross National Time Series
EBA – Extreme Bounds Analysis
EM-DAT – Emergency Events Database
EUA – Estados Unidos da América
FMI – Fundo Monetário Internacional
GMM – Método dos Momentos Generalizados
HRV – Modelo Hausmann, Rodrik e Velasco
I&D – Investigação e Desenvolvimento
ICA – Investment Climate Assessment
IDE – Investimento Direto Estrangeiro
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
IHH – Índice de Herfindahl e Hirshman
IMF – International Monetary Fund
INE – Instituto Nacional de Estatística (Cabo Verde)
IV – Instrumentals Variables
OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico
OLS – Ordinary Least Squares
ONU – Organização da Nações Unidas
ONUDI – Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo
PIB – Produto Interno Bruto
xiii
PIB (PPC) – Produto Interno Bruto (Paridade do Poder de Compra)
PNB – Produto Nacional Bruto
PND – Plano Nacional de Desenvolvimento
PRMB – Países de Rendimento Médio e Baixo
PSI – Policy Support Instrument
PWT – Penn World Table
RNB – Rendimento Nacional Bruto
SIDS – Small Island Developing States
SOP – Saldo Orçamental Primário
SPSS – Statistical Package for the Social Sciences
TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação
UAAA – União Aduaneira da África Austral
UAE – United Arab Emirates
UCDP/PRIO – Dados do Uppsala Conflit Data Program/Peace Research Institute Oslo
UN – United Nations
UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development
UNDRO – United Nations Disaster Relief Office
UNEP – United Nations Environment Programme
UPI – Unidades de Produção Informal
US – United States
VAB – Valor Acrescentado Bruto
VIF – Variance Inflation Factors
WDI – World Development Indicators
xiv
LISTA DE FIGURAS
Figura II.1: Os clusters..................................................................................................................... 55
Figura II.2: Média do PIB per capita e da População (1970-2010) ................................................. 59
Figura II.3: Média do PIB per capita e da Área (1970-2010).......................................................... 60
Figura II.4: Taxa de crescimento e nível do PIB per capita e Investimento (% PIB) ..................... 61
Figura II.5: Exportações e importações (% PIB) ............................................................................. 62
Figura II.6: Setores económicos (Agricultura, Indústria e Serviços em % do PIB)......................... 63
Figura III.1: Nível e taxa de crescimento do PIB per capita, países grandes e países pequenos ... 145
Figura III.2: Convergência σ nos países grandes e nos países pequenos ....................................... 149
Figura IV.1: PIB per capita (log) de países pequenos Africanos (1970-2011) ............................. 164
Figura IV.2: Evolução do PIB real, ótica das despesas .................................................................. 165
Figura IV.3: Evolução do PIB real, ótica da produção .................................................................. 167
Figura IV.4: Evolução e composição das exportações ................................................................... 168
Figura IV.5: Componentes das exportações dos serviços .............................................................. 168
Figura IV.6: Árvore do Growth Diagnostic ................................................................................... 174
Figura IV.7: Evolução do investimento privado (% PIB) .............................................................. 175
Figura IV.8: Evolução das taxas de juro real ................................................................................. 176
Figura IV.9: Evolução do EXPY ................................................................................................... 188
Figura A.1: Sensibilidade da dívida à variação no crescimento real do PIB ................................. 263
Figura A.2: Sensibilidade da dívida à variação na taxa de juro efetiva ......................................... 263
xv
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Tabela II.1: Indicadores económicos dos países pequenos e dos países grandes (1980-2009) ........ 65
Tabela II.2: Indicadores económicos dos países pequenos (2000-2009) ......................................... 74
xvii
Tabela A.17: Evolução da dívida pública (%PIB).......................................................................... 262
Tabela A.18: Sustentabilidade da dívida externa ........................................................................... 264
xviii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1
Apresentação e justificação do tema .............................................................................................. 1
Objetivos do estudo ........................................................................................................................ 2
Metodologia ................................................................................................................................... 3
Estrutura do trabalho ...................................................................................................................... 4
xix
5 – DESEMPENHO ECONÓMICO DE PAÍSES PEQUENOS ...................................................... 71
5.1 – Considerações introdutórias ................................................................................................ 71
5.2 – Países pequenos: alto rendimento vs baixo rendimento ...................................................... 72
6 – CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 77
6.1 ‒ Políticas e estratégias ........................................................................................................... 77
6.2 ‒ Conclusão ............................................................................................................................ 78
xx
3.8 – Modelo completo .............................................................................................................. 122
3.8.1 – Resultados e interpretações das estimações ............................................................... 122
3.8.2 – Análises de sensibilidade ........................................................................................... 124
3.8.2.1 – Grupo de países grandes...................................................................................... 125
3.8.2.2 – Grupo de países pequenos ................................................................................... 126
4 – CANAIS DE TRANSMISSÃO ............................................................................................... 129
4.1 – Definição das equações ..................................................................................................... 129
4.2 – Dados e metodologia econométrica .................................................................................. 131
4.3 – Resultados e interpretações das estimações ...................................................................... 132
4.3.1 – Crescimento do capital humano ................................................................................. 132
4.3.2 – Crescimento do capital físico ..................................................................................... 135
4.3.3 – Crescimento da produtividade.................................................................................... 137
4.4 – Efeitos nos canais de transmissão ..................................................................................... 138
5 – CONVERGÊNCIA β E σ ......................................................................................................... 143
5.1 – Considerações introdutórias .............................................................................................. 143
5.2 – Convergência β ................................................................................................................. 144
5.2.1 – Definição do modelo .................................................................................................. 145
5.2.2 – Dados, resultados e interpretações das estimações .................................................... 147
5.3 – Convergência σ.................................................................................................................. 148
5.4 – Taxa de convergência β e as variáveis de interesse .......................................................... 150
6 – CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 157
xxi
3.3.2.2 – Baixa apropriação do retorno do investimento .................................................... 184
3.3.2.2.1 – Falhas do Governo ........................................................................................ 184
3.3.2.2.2 – Falhas do mercado: autodescoberta e coordenação de externalidades ......... 187
4 – CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 189
CONCLUSÃO................................................................................................................................ 195
Resumo das discussões e conclusões.......................................................................................... 195
Recomendações de políticas e estratégias a adotar..................................................................... 200
Contributos do estudo ................................................................................................................. 201
Limitações do estudo e pesquisas futuras ................................................................................... 202
xxii
INTRODUÇÃO
Introdução
INTRODUÇÃO
Sendo o autor originário de um país pequeno e insular, Cabo Verde, que apesar de
alguns progressos económicos, continua com grandes desafios, é pertinente e desafiante
1
Introdução
Este trabalho constitui, ainda, uma mais-valia para o seguimento dos objetivos
profissionais e científicos de uma carreira de docente universitário, e da realização de
investigações em áreas de desenvolvimento/crescimento económico, com especial atenção
para os países pequenos.
Assim, pelo exposto, achamos relevante este estudo, numa área onde escasseiam
trabalhos e ainda há muito para investigar.
Objetivos do estudo
1
Brito, João (2009) Sistema Financeiro e Caracterização Económica de Pequena Economia Insular: Cabo
Verde, Determinantes Financeiros do Investimento. Tese de Mestrado em Economia Financeira.
Universidade de Coimbra.
2
Introdução
pequenos? Quais são os principais canais de transmissão dos efeitos dos fatores no
crescimento económico e os seus impactos na taxa de convergência, nos países pequenos e
nos países grandes? Como tem evoluído a economia Cabo-verdiana? Quais são as
principais limitações ao crescimento económico de Cabo Verde? Que políticas e medidas
deveriam ser adotadas para ultrapassar estas limitações e barreiras?
Metodologia
A parte empírica foi concretizada com recurso à fórmula genérica utilizada nos
estudos de crescimento económico, que engloba o modelo de Solow aumentado e
acrescido de outras variáveis determinantes do crescimento, ao estimador econométrico
system-GMM (Sistema de Métodos dos Momentos Generalizados) e ao programa
econométrico Stata 12.0 para realização das estimações. A maioria dos nossos dados é
referente ao período 1970-2010. As variáveis usadas foram divididas em básicas (as
variáveis consideradas principais determinantes do crescimento económico dos países), e
de interesse (as variáveis indicadas como principais determinantes do crescimento
económico nos países pequenos), sendo as variáveis básicas mantidas em todas as
regressões e as de interesse alteradas consoante o fator económico a ser analisado. A
dificuldade em conseguir dados sobre os países pequenos obrigou à consulta exaustiva de
3
Introdução
várias bases de dados. Parte destas pesquisas foram realizadas na School of International
Relations and Pacific Studies – University of California, San Diego.
Estrutura do trabalho
4
Introdução
5
PARTE I – EFEITOS DA DIMENSÃO DO PAÍS
NO CRESCIMENTO ECONÓMICO: REVISÃO
DA LITERATURA TEÓRICA E EMPÍRICA
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
1 – INTRODUÇÃO
9
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
10
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
2
Na parte II desta tese falamos com mais detalhes sobre as medidas da dimensão do país.
11
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
12
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
13
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
14
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
grande dimensão. Para Bray (1992) e Castello e Ozawa (1999), os países pequenos tendem
a desenvolver uma sociedade muito integrada e com uma rede de relacionamento muito
complexa, devido à reduzida distância geográfica e maior frequência de contacto cara-a-
cara. Isto permite um alto grau de comunicação interpessoal e eficientes fluxos de
informações entre governo e empresas, que são importantes para fortalecer o
relacionamento exigido entre os dois setores. Estes comportamentos têm impactos
positivos no crescimento económico (Armstrong e Read, 2003).
b) Homogeneidade da população
Alesina e Spolaore (1997) e Alesina (2003) consideram que maior população
pode implicar menor homogeneidade, porque a média cultural ou a distância entre as
preferências dos indivíduos, provavelmente têm correlação positiva com a dimensão do
país, pelo que, num país pequeno as escolhas públicas estão mais próximas das
preferências do indivíduo médio. A estabilidade de muitos Governos nacionais tem sido
ameaçada por conflitos domésticos graves, associados à heterogeneidade racial, religiosa e
linguística. Assim quanto maior é a homogeneidade social mais estável é o Governo.
15
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
Pelo referido, a forte coesão social parece ser o principal benefício resultante da
reduzida dimensão dos países. Mas, Briguglio (1995) defende que esta grande coesão nos
países pequenos pode criar problemas administrativos, pois as pessoas se conhecem bem e
relacionam-se muitas vezes, o que pode ir contra a imparcialidade e a eficiência na
administração pública e dificultar as políticas de promoção e recrutamento da força de
trabalho com base no mérito. Armstrong e Read (2003) salientam, também, que o
comportamento económico nos países pequenos pode ser influenciado negativamente pelos
laços familiares ou nepotismo, devido ao relacionamento muito próximo entre os
tomadores de decisão e os constituintes.
16
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
Nos parágrafos acima constatámos que os países pequenos, de um modo geral, são
caraterizados por grande abertura ao comércio externo, reduzido mercado interno, alta
volatilidade do PIB, fraca diversificação dos mercados de exportações e produtos
exportados, forte coesão social, grande flexibilidade nas tomadas de decisões e alto custo
per capita de alguns bens e serviços. Assim, é pertinente verificar as conclusões dos
trabalhos empíricos sobre os efeitos da dimensão no crescimento económico.
Briguglio (1998) utilizou a variável população para definir a dimensão dos países.
O autor analisou o efeito das economias de escala no setor industrial de 43 países de
17
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
diferentes dimensões, com dados refentes ao ano 1993. Com recurso a uma função de
produção tipo CES (Elasticidade de Substituição Constante) e permitindo a possibilidade
de retornos não constantes à escala, concluiu que com o aumento de 1% no fator trabalho e
capital, o produto cresce em 1,29%. Isto significa que os países de maior dimensão
(população) apresentam taxas de crescimento superiores. Porém, esta conclusão apresenta
algumas limitações na interpretação, devido à utilização de dados cross-section que pode
conduzir a resultados enviesados, pela omissão de variáveis que medem efeitos específicos
dos países e o efeito do tempo. Por outro lado, Backus et al. (1992) demonstraram que
existe fraca evidência da relação entre a taxa de crescimento do PIB per capita e os efeitos
das economias de escala.
3
O termo “Dutch Disease” foi criado pela revista The Economist, em 26 de Novembro de 1977, para
descrever o processo da descoberta do gás natural na Holanda na década de sessenta, que se traduziu num
rápido crescimento da exploração e exportação no setor do gás natural, acompanhado de declínio substancial
no setor industrial Holandês (Corden, 1984).
18
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
19
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
20
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
a robustez dos resultados com recurso a uma variável dummy e com uso de uma base de
dados alternativa, e os resultados não se diferenciaram materialmente dos obtidos
anteriormente. Pelo que, concluíram que a dimensão do país não tem influência
significativa nas taxas de crescimento económico. Os autores explicam a performance
económica de países pequenos por alguns serem ricos em recursos naturais, especializados
em turismo e serviços financeiros/negócios e estarem localizados em regiões
economicamente ricas.
A falta das economias de escala em vários bens e serviços é indicada como uma
das principais desvantagens de países pequenos. Rose (2006) procurou a existência de
efeitos negativos associados à falta das economias de escala nos países, pela análise do
impacto da dimensão do país nos fenómenos económicos e sociais (como: nível de
rendimento, inflação, abertura comercial, saúde, educação, qualidade das instituições e
heterogeneidade). A medida da dimensão do país utilizada foi a população. O autor
utilizou dados em painel, com 208 países, para o período 1960 a 2000. Rose não encontrou
21
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
22
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
23
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
rácio capital/produto (k).4 Assumindo que a economia é fechada, o investimento total (It) é
igual à poupança total (St):
(I.1)
(I.2)
∗ ⟺G (I.3)
Solow (1956) crítica o trabalho de Harrod por ter escolhido estudar um fenómeno
de longo prazo, usando técnicas de curto prazo, como a que requer coeficientes técnicos de
produção constantes. Barro e Sala-i-Martin (2004) consideram que apesar de o modelo
Harrod-Damor ter sido aceite, simpaticamente, por muitos economistas na época, pelo
facto de ter sido escrito imediatamente após a Grande Depressão, muito pouco do modelo
desempenha um papel relevante no pensamento atual.
4
O rácio capital/produto depende do progresso tecnológico e da natureza dos bens constituintes do
incremento do produto. Varia com o crescimento do rendimento e com as diferentes fases dos ciclos
comerciais. E, pode também depender, moderadamente, da taxa de juro (Harrod, 1939).
5
A taxa de crescimento garantida é a taxa que deixa todas as partes satisfeitas, que produziram nem mais nem
menos do que a quantia certa. É uma taxa instável, diferente da taxa de equilíbrio que é estável. A taxa da
poupança (s) varia com a dimensão do rendimento, mudanças de instituições, ciclos comerciais, etc.
24
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
, com 0 1 (I.4)
6
Apresentamos no apêndice I o desenvolvimento completo do modelo.
25
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
(I.5)
(I.6)
∗ ∗
O estado de equilíbrio implica que 0, logo: .
∗ ∗
(I.7)
26
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
(I.8)
Mankiw et al. (1992) consideram que A0 varia entre os países, pois além de
tecnologia, também representa o clima, as instituições, entre outros fatores, e o gt é
assumido como constante entre os países. Assim, definiriam: , onde: a – é
uma constante; ε – efeito específico de cada país.
a (I.9)
∗
1 1 (I.10)
Seguimos Islam (1995) que contrariamente a Mankiw et al. (1992), considera que
a taxa de progresso tecnológico diferencia os países, assim temos:
27
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
∗
Substituindo da equação I.8, na equação I.10 e considerando o produto por
trabalhador, a equação da taxa de crescimento do logaritmo do produto por trabalhador, é
dada por:
1 1
1
1 1 (I.11)
(I.12)
1 1
1 1
1 1
1 1 (I.13)
7
Apresentamos no apêndice I o desenvolvimento completo do modelo.
28
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
, , , ∑ , , (I.14)
onde: 1 ; 1 ; 1 ;
1 ; , ; , ; , ;
29
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
O modelo apresentado por Romer (1990) está dividido em três setores: o setor da
investigação – usa o capital humano e o stock de conhecimento existente, para produzir
novos conhecimentos; o setor dos bens intermédios – baseia-se nos designs do setor da
investigação e nas sobras de produção, para produzir um grande número de bens duráveis,
que são usados na produção do bem final; e, o setor de bens finais – combina trabalho,
capital humano e um conjunto de produtos duráveis, para produção do bem final. O
produto final pode ser consumido ou poupado como novo capital.
Romer (1990) considera uma função de produção com 4 variáveis básicas: capital
(K), trabalho (L), capital humano (H) e índice de nível tecnológico (A). O capital é medido
30
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
, , (I.15)
onde: HY – capital humano dedicado à produção final; x – lista de inputs usados pelas
empresas na produção do bem final.
(I.16)
⟺ (I.17)
(I.18)
8
O consumo ótimo intertemporal resulta da otimização da função de utilidade intertemporal com elasticidade
∞
constante: com , sendo ∈ 0; ∞ .
31
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
H
g com
1 1
Uma das conclusões mais importantes do modelo, segundo Romer (1990), é que
os países com maior capital humano (H) e abertos ao comércio externo crescem mais
rápido.
32
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
é uma função positiva do esforço dedicado à produção de novos bens, conhecido por
modelo “learning-by-doing”. No presente trabalho, apresentamos apenas a primeira
situação de crescimento do capital humano.
Na sua análise, Lucas considera uma economia fechada, com população a crescer
à taxa fixa, λ, e a função de utilidade é dada por:
∞
(I.19)
A força efetiva de trabalho (Ne) na produção corrente e o produto são dados por:
∞
(I.20)
, (I.21)
onde: Nh é o total de trabalhadores, com nível de habilidades, h, que varia entre zero e
infinito. O trabalhador dedica a fração de tempo não-lazer, uh, na produção corrente e o
restante 1 na acumulação do capital humano.
Assumindo que todos os trabalhadores são idênticos, ou seja, todos têm o mesmo
nível de habilidade, h, e a mesma fração de tempo dedicada à produção corrente, u, então a
força efetiva de trabalho na economia passa a ser: . A função produção é dada
por:
(I.22)
33
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
Lucas adota a formulação de Uzawa (1965) e Rosen (1976) para evitar o retorno
decrescente na acumulação do capital humano. O crescimento do capital humano e do
capital físico são dados por:
Para encontrar o estado de crescimento ótimo, Lucas define que é preciso escolher
ct, Kt, Hat, ht e ut que maximizem a função de utilidade, e assumir que ht = hat. Para o
estado de equilíbrio é preciso escolher kt, ct, ht e ut que maximizem a função de utilidade,
considerando hat determinado a nível exógeno. Quando o nível de habilidade dos
trabalhadores, ht, coincide com o efeito externo do capital humano, hat, temos a situação de
equilíbrio. Nos estados de crescimento ótimo e de equilíbrio verificam-se os seguintes:
consumo, capital humano e capital físico crescem à taxa constante; os preços do capital
humano e capital físico decrescem à taxa constante; e, o tempo dedicado à produção, ut, é
constante.
∗ λ
(I.23)
λ
(I.24)
Se o efeito externo for nulo (γ = 0) a taxa ótima será igual à taxa de equilíbrio (v*
= v). Nas duas equações a taxa de crescimento do capital humano aumenta com a eficácia
do investimento no capital humano, δ, e diminui com a taxa de retorno, ρ, e do coeficiente
de aversão ao risco, σ.
34
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
35
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
Nestas últimas décadas, têm surgido vários trabalhos teóricos e empíricos que
procuram explicar as diferenças de crescimento existente entre os países ou grupos de
países. A falta de consenso em torno do melhor modelo ou metodologia para explicar o
crescimento económico e o uso de diferentes proxies para medir o mesmo fator, têm
conduzido a resultados empíricos, muitas vezes, contraditórios. Mas, encontrámos um
grupo de variáveis que têm tido, praticamente, o mesmo comportamento em relação à taxa
de crescimento económico nos inúmeros estudos empíricos existentes, como os casos de:
nível inicial do PIB per capita (efeito negativo), capital humano (efeito positivo),
investimento (efeito positivo) e taxa de crescimento da população (efeito negativo).
37
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
38
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
39
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
Armstrong et al. (1998) definiram os países pequenos como tendo limite superior
de 3 milhões de habitantes. Os autores analisaram as variáveis que explicam a performance
económica de países pequenos no período 1980-1993. Concluíram que as variáveis turismo
(impacto positivo), serviços financeiros (impacto positivo) e setor agrícola (impacto
negativo) são as mais significativas para explicar o PIB/PNB per capita de países
pequenos. Os resultados apontaram a performance económica de países pequenos como
sendo influenciada positivamente pelas variáveis recursos exportáveis e setor industrial,
embora o efeito do setor industrial seja menos significativo. A variável localização
regional desempenha um papel importante e a variável insularidade parece não exercer
influência na explicação do PIB per capita nos países pequenos.
40
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
Deparámos ainda, com alguns estudos que explicam o crescimento económico nos
países pequenos, mas os fatores são analisados de modo mais específico:
a) O turismo é apontado por vários estudos como sendo de extrema importância
para o crescimento de países pequenos, em especial os países pequenos ilhas. Narayan et
al. (2010) encontraram impacto positivo e robusto do turismo no crescimento económico
de quatro ilhas do Pacífico. Seetanah (2011) identificou, também, impacto positivo e
significativo do turismo no crescimento económico de 19 países ilhas (dos quais 18 são
41
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
Assim, concluímos que as variáveis identificadas como básicas (nível do PIB per
capita inicial, educação, crescimento da população e investimento) na explicação do
crescimento económico têm o comportamento estatístico e económico semelhante no
grupo de países pequenos e dos países no geral. Não existe grande consenso sobre os
determinantes do crescimento económico nos países pequenos, assim como nos países em
geral, pois encontramos algumas alterações quanto às variáveis indicadas como as mais
robustas na explicação do crescimento económico, e parecem ser influenciadas,
principalmente, pelos grupos de países em análise e pela metodologia utilizada.
Porém, verificamos que em relação aos países pequenos existe uma certa
aceitação em identificar a variável geografia (distância do país em relação ao principal
mercado) como principal determinante do crescimento económico. Este facto pode estar
42
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
associado ao forte impacto positivo do comércio externo, IDE, remessa dos emigrantes e
turismo no crescimento económico de países pequenos, pois quanto maior for a distância
em relação ao principal mercado, maiores serão os custos de exportações, importações,
deslocações em turismo e investimento, e mais difícil a emigração. Estes custos superiores
podem complicar a competitividade dos produtos exportados e, por outro lado, constituir
desincentivos para investimentos externos e turismo. Outros fatores que parecem ser
importantes na explicação do crescimento económico nos países pequenos são os laços
políticos e económicos com a metrópole principal e o setor agrícola. O facto de alguns
países pequenos serem ilhas ou conjuntos de ilhas são considerados teoricamente
desfavorecidos, mas pelos estudos empíricos verificámos que as variáveis insularidade,
arquipélago e montanha têm impactos insignificativo no crescimento económico. A
insignificância do impacto do consumo do governo no crescimento económico de países
pequenos, apesar do elevado consumo per capita, é outro facto a ser apontado.
43
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
6 – CONCLUSÃO
45
Parte I – Efeitos da Dimensão do País no Crescimento Económico: Revisão da Literatura Teórica e
Empírica
46
PARTE II – CLASSIFICAÇÃO DOS PAÍSES E
ANÁLISE DESCRITIVA DE PAÍSES PEQUENOS
E DE PAÍSES GRANDES
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
1 – INTRODUÇÃO
Assim, nesta parte do nosso trabalho procuramos definir a dimensão dos países
recorrendo às variáveis população e área total, e investigar se a reduzida dimensão do país
representa uma desvantagem para o crescimento económico, através de uma análise
descritiva de algumas variáveis económicas e ambientais entre os países pequenos e os
países grandes. Propomos pesquisar, ainda, alguns fatores que possam explicar a diferença
da performance económica entre os países pequenos.
49
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
Os critérios usados para definir a dimensão dos países são vários, como
população, área geográfica, PIB total, trocas comerciais ou recursos diplomáticos, mas não
existe um consenso quanto ao melhor e mais completo critério a ser aplicado. Para
Amstrup (1976), isto deve-se a duas razões principais: primeiro, a dimensão é um conceito
muito vago e pode facilmente conduzir a diferentes interpretações; segundo, as discussões
sobre o conceito, quase exclusivamente, preocupam-se com uma única variável
independente e têm negligenciado a variável dependente. No entanto, a dimensão da
população é o mais comum. Segundo Read (2001), o uso generalizado da população como
medida de definição dos países deve-se à ampla disponibilidade de dados sobre a
população e a forma fácil como os limites podem ser estabelecidos. Porém, não
encontramos autores que apresentem uma justificação teórica ou estatística para o uso de
um determinado limite.
A dimensão da população usada para definir países pequenos tem vindo a variar
ao longo do tempo. Nas décadas de 70 e 80 foi 5 milhões (Jalan, 1982; Lloyd e Sundrum,
1982), na década de 90 e primeira década deste século foram 1,5 milhões (Commonwealth
Secretariat, 1997) e 3 milhões (Armstrong et al., 1998). Crowards (2002) justifica esta
redução no limite da população que define os países pequenos, com os seguintes factos:
Aumento do número de países, particularmente os pequenos, com a
descolonização, pelo que, um limite alto irá incluir a maioria dos países na
categoria dos pequenos;
51
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
52
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
Outra forma de medir a dimensão dos países consiste na utilização das despesas
militares, que funciona como indicador da capacidade militar do país. Segundo
Thorhallsson (2006), os “micro” países correspondem aos países com despesas militares
inferiores a 400 milhões de US dólares.
Posto isso, podemos dizer que será difícil conseguir um indicador que inclua todas
as características que definem os países grandes, médios, pequenos ou micro, pelo que, o
uso de um determinador indicador ou indicadores estão ligados ao objeto de estudo do
investigador, e os grupos de países constituídos serão sempre homogéneos em algumas
características e heterogéneos noutras.
Existem várias técnicas, métodos e medidas que podem ser aplicados nas análises
de clusters, dependendo do tipo de dados e do objetivo do estudo. Assim, para o nosso
estudo como o número de objetos é reduzido, usamos a técnica hierárquica das análises de
clusters (que é o mais indicado para o nosso caso) associada à medida Quadrado da
Distância Euclidiana e ao método between-groups linkage. 9 O programa estatístico
utilizado para efetuar os cálculos foi SPSS 17.0.
9
Os detalhes sobre a análise de clusters efetuada estão no apêndice II.
53
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
Na figura II.1 podemos ver uma aproximação dos 4 clusters identificados pela
combinação das variáveis área e população. As variáveis foram transformadas em
logaritmos e depois normalizadas, onde Zscore (ln_pop) corresponde à dimensão da
população e Zscore (ln_area) à dimensão da área.
10
Dados consultados em Novembro de 2011.
11
No apêndice II temos a lista dos países pequenos e dos grandes. Descrevemos no apêndice III algumas
instituições ligadas, especificamente, aos países pequenos.
54
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
12
Os 7 países que não constam na base de dados de 1965: Ilha da Curação, Palau, São Martinho (Parte
Holandesa), Cisjordânia & Gaza, Ilhas Marshall, Mariana do Norte e Sérvia.
55
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
Classificámos, também, os países com base em apenas uma das variáveis. Para a
variável população obtivemos 76 países pequenos, tendo o país mais populoso cerca de 2,3
milhões de habitantes.13 No caso da variável área, encontrámos 83 países pequenos, sendo
a maior área de 33.800 km2. 14 Nestes casos em que usámos as variáveis separadas,
constatámos uma maior heterogeneidade nos países em relação à variável que não foi
incluída na análise. Ao comparar os três critérios (área, população e população e área)
encontrámos 66 países classificados como pequenos em todos os três critérios, com os
limites superiores de 2,2 milhões de pessoas e 30.360 km2.
No nosso entender, o uso da técnica das análises de clusters com conjugação das
variáveis área e população permite uma classificação mais homogénea do que uma mera
indicação de um limite superior de população. Mas, por outro lado, tem a desvantagem de
ser mais difícil e complexa a sua utilização. Porém, consideramos reduzido o limite de 1,5
milhões de pessoas usados por algumas instituições e estudos, para classificar os países
pequenos, pois há países com população superior que se encaixam perfeitamente neste
grupo.
56
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
inferior a 3 milhões, mas, no nosso estudo, estão incluídos no grupo de países grandes.
Consideramos, ainda, o trabalho de Crowards (2002), que utiliza a técnica das análises de
clusters e as variáveis população, área e PIB. O autor identificou 79 países pequenos, que
diferencia-se dos nossos resultados nos seguintes casos: no estudo de Crowards, 4 países
(Eritreia, Ruanda, Serra Leoa e Haiti) foram classificados como pequenos, mas no nosso
fazem parte de países grandes; e classificámos 7 países (Eslovénia, Hong Kong, Singapura,
Porto Rico, Líbano, Letónia e Kuwait) como pequenos, mas no trabalho de Crowards
fazem parte do grupo de países de dimensão média.
57
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
As figuras II.2 e II.3 demonstram uma tendência decrescente, apesar de não muito
acentuada, entre o nível do PIB per capita e a dimensão do país, em termos de população e
área, no período 1970-2010. Isto deixa assim transparecer, que a reduzida dimensão do
país não é sinal de menor desenvolvimento económico.
2 4 6 8 10 12 14
log_POP
95% CI Fitted values
16
População em 2009.
59
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
3 5 7 9 11 13 15 17
log_area
95% CI Fitted values
60
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
longo do período em análise, e esta superioridade tem sido crescente. Mesmo eliminando
os 5 países pequenos (Bermudas, Brunei, Kuwait, Luxemburgo e Qatar) com maior média
do nível do PIB per capita no período 1980-2009, a média do grupo dos países pequenos
mantém superior à média do grupo de países grandes.
Figura II.4: Taxa de crescimento e nível do PIB per capita e Investimento (% PIB)
35% 18000
30% 16000
25% 14000
12000
20% I$, PPC, 2005
10000
15%
8000
10%
6000
5% 4000
0% 2000
1980_84 1985_89 1990_94 1995_99 2000_04 2005_09
-5% 0
PIBpc_gr_GD PIBpc_gr_PQ Inv_GD Inv_PQ PIBpc_GD PIBpc_PQ
Notas: Significado das siglas: PIBpc_gr – crescimento do PIB per capita, Inv – investimento,
PIBpc – nível do PIB per capita, _GD – grupo de países grandes, _PQ – grupo de países pequenos.
Fonte: Cálculos do autor.
61
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
ao facto do setor de serviços, o principal setor nos países pequenos, não empregar grande
quantidade da mão-de-obra em comparação com o setor agrícola ou industrial (setores com
maior peso no grupo de países grandes).
Notas: Significado das siglas: Exp – exportações, Imp – importações, _GD – grupo de países
grandes, _PQ – grupo de países pequenos. Fonte: Cálculos do autor.
62
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
países grandes a média foi de apenas 7,97% do PIB. As médias anuais destes influxos de
capitais são significativamente superiores no grupo de países pequenos.
Notas: Significado das siglas: Agri – agricultura, Ind – indústria, Serv – serviços, _GD – grupo de
países grandes, _PQ – grupo de países pequenos. Fonte: Cálculos do autor.
63
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
maiores riscos externos, pois o governo procura mitigar a exposição aos riscos pelo
aumento do consumo doméstico.
Resumo
Com esta análise, concluímos que a reduzida dimensão não está associada ao pior
desempenho económico e social, pois os países pequenos, em média, apresentam níveis e
taxas de crescimento do PIB per capita superior, possuem maior peso do investimento no
PIB e melhor qualidade do capital humano. No entanto, este melhor desempenho não se
traduz em menores taxas de desemprego para os países pequenos e, por outro lado, no
último período, o investimento nos países pequenos parece estar ligado aos setores menos
produtivos. Constatámos, também, que os países pequenos apresentam maior abertura ao
comércio externo e maior défice da balança comercial, que tem sido compensado, em
parte, pelos influxos de capitais estrangeiros (IDE, turismo, remessas e ajudas ao
desenvolvimento). O setor dos serviços tem maior peso no PIB de países pequenos e os
setores industriais e agrícolas no PIB de países grandes. Os países pequenos apresentam
maior rácio das despesas do governo no PIB, que é explicado, em parte, pela necessidade
de uma dimensão mínima do Governo para poder funcionar. Adicionalmente, os países
pequenos possuem maior coesão social.
17
Dados do Uppsala Conflict Data Program/Peace Research Institute Oslo (UCDP/PRIO) Armed Conflict
Dataset, versão 4 - 2011: www.ucdp.uu.se.
64
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
Tabela II.1: Indicadores económicos dos países pequenos e dos países grandes (1980-2009)
Pequenos Países Países Grandes T_test
Variáveis18 Média Min Max Desv. Pd Média Min Max Desv. Pd (p_value)
PIBpc real (% crescimento anual)19 1,91 -47,73 76,75 7,47 1,52 -44,40 64,20 6,36 0.0631
PIB pc (2005, PPC, I$)20 12.978,5 616,74 118.835,4 14.755,9 8.738,4 160,80 65.878,9 10.873,3 0.0000
Investimento (%PIB) 27,76 1,63 153,45 14,12 21,38 -2,42 70,23 7,56 0.0000
Taxa de desemprego (%) 10,73 0,30 39,30 8,37 8,50 0,60 37,60 5,49 0.0000
Exportações (% PIB) 49,94 1,47 295,75 37,31 31,63 0,11 186,35 19,85 0.0000
Importações (% PIB) 67,72 11,66 424,82 39,03 35,35 0,07 174,10 18,63 0.0000
Índice concentração exportações21 0,42 0,08 0,95 0,21 0,32 0,04 0,99 0,22 0.0000
IDE, influxos (% PIB) 4,78 -55,07 90,46 7,74 2,39 -65,41 85,96 4,83 0.0000
Remessas (% PIB) 7,87 0,00 106,48 12,85 2,46 0,00 49,74 4,40 0.0000
Turismo (%PIB) 14,52 0,23 98,25 15,64 3,12 0,004 20,53 2,96 0.0000
Agricultura (% PIB) 12,33 0,00 63,96 13,05 19,30 0,49 93,98 15,76 0.0000
Indústria (% PIB) 24,75 3,23 101,73 14,44 30,55 1,88 93,13 11,77 0.0000
Serviços (% PIB) 62,92 -3,31 95,37 17,00 50,17 4,14 79,58 13,31 0.0000
Despesas do Governo (% PIB) 21,66 2,75 84,51 12,26 15,55 1,38 69,54 6,59 0.0000
Distância (log, km2) 8,17 5,60 9,16 0,65 8,10 5,39 9,12 0,77 0.0011
Secundário (taxa da matrícula) 72,64 3,76 124,75 28,39 63,90 2.344 162.348 34.333 0.0000
Índice de diversidade linguística22 0,41 0,00 0,97 0,28 0,48 0,00 0,99 0,31 0.0881
Fontes: Banco Mundial - WDI, PWT (Penn World Tables) 7.1, United Nations – National Accounts Main Aggregates Database, Ethnologue Language of the World
(Lewis, 2009), United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD), e cálculos do autor. Realizamos o t-test para aferir a significância estatística da
diferença entre as médias dos dois grupos.
18
As variáveis estão definidas no apêndice XI e as respetivas fontes.
19
Dados da PWT 7.1.
20
Dados da PWT 7.1.
21
Índice de concentração da UNCTAD. Varia entre 0 e 1. Valores próximos de 1 significam maior concentração da exportação. Período 1995-2009.
22
Refere-se apenas a dados de 2009.
65
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
4 – VULNERABILIDADE
67
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
i) Vulnerabilidade ambiental
Comparamos a vulnerabilidade ambiental entre os países pequenos e países
grandes, pela análise dos dados referentes às pessoas afetadas ou mortas e às estimativas
dos custos dos danos causados pelos desastres naturais. Os dados são da Emergency Events
Database (EM-DAT) para o período 1980-2009. 23 Os dados das pessoas afetadas ou
mortas foram divididos pela população do país, referente ao ano anterior, e as estimativas
dos custos pelo PIB do ano anterior, para podermos comparar os efeitos entre os dois
grupos de países.
23
Um desastre é considerado na base de dados da EM-DAT se pelo menos se verificar um dos seguintes
critérios: dez (10) ou mais pessoas mortas; cem (100) ou mais pessoas afetadas; declaração de estado de
emergência; ou, ligação para assistência internacional. Os desastres naturais podem ser: seca, terramoto,
epidemia, temperatura extrema, inundação, infestação de insetos, movimento de massa seca, movimento de
massa húmida, tempestade, erupção vulcânica e incêndios florestais.
24
T-test: Pr(|T| > |t|) = 0.0878 - Rejeita a hipótese nula de igualdade das médias.
25
T-test: Pr(|T| > |t|) = 0.2959 - Aceita a hipótese nula de igualdade das médias.
68
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
superior nos países pequenos (0,63% do PIB) em comparação com os países grandes
(0,14% do PIB).26
Resumo
Com esta análise, concluímos que, apesar do número de desastres ser
significativamente superior no grupo de países grandes, não existe uma nítida
superioridade do grupo com maior impacto negativo dos efeitos da vulnerabilidade
26
T-test: Pr(|T| > |t|) = 0.0007 - Rejeita a hipótese nula de igualdade das médias.
27
Foi utilizado o grupo de países pequenos definido neste estudo.
69
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
28
Os dez países: Luxemburgo, Qatar, Brunei Darussalam, Bermudas, Kuwait, Singapura, Islândia, Hong
Kong, Macau e Bahamas.
29
Os dez países: Kiribati, Ilhas Salomão, Moldávia, Djibuti, S.T. e Príncipe, Lesoto, Gâmbia, Comores,
Guiné-Bissau e Timor-Leste.
70
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
Existe uma certa discrepância entre os países pequenos em termos do nível do PIB
per capita. Ao compararmos o PIB per capita (PPC, 2005, I$) entre os países pequenos,
para o ano 2009, verificamos que o país com menor valor (Comores) corresponde a apenas
0,72% do país com maior valor (Qatar). Neste capítulo analisamos alguns fatores que
possam explicar esta diferença de rendimento entre os países pequenos.
Com a análise do crescimento económico nos dois grupos, para o período 2000-
2009, verificámos que as taxas médias de crescimento do PIB per capita foram 2,5% e
0,15% para o primeiro e o segundo grupo, respetivamente. No grupo de alto rendimento,
Qatar foi o país com maior média de crescimento do PIB per capita (6,77%) e no de baixo
rendimento, foi o Lesoto com 2,94%.
30
Para a hierarquização económica dos países utilizámos o PIB per capita em PPC e não em moeda comum
(dólares), de modo a podermos refletir os níveis de preços, que são importantes quando comparamos países
com graus de desenvolvimento bastante diferentes. Os dados do PIB per capita são da fonte PWT 7.1, para o
período 2000-2009.
71
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
1) Muitos países pequenos têm optado por ligar a sua taxa de câmbio a uma
moeda forte ou juntar-se a uma zona monetária forte. Isto proporciona algum isolamento
contra a vulnerabilidade externa, reduz a volatilidade da taxa de câmbio e mantém as taxas
de inflação baixas (Armstrong e Read, 2003). A taxa média de inflação no primeiro grupo
(5,73%) é inferior ao do segundo grupo (6,63%), mas esta diferença não tem significância
estatística. A maioria dos países dos dois grupos tem as suas moedas indexadas a moedas
mais estáveis ou utilizam moedas fortes como o Euro, o Dólar Americano e o Rand Sul-
Africano, o que ajuda a manter baixas taxas de inflação e facilita nas trocas comerciais.
72
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
6) Gwartney et al. (1998) defendem que quanto maior for o governo (avaliado
através das despesas de consumo do governo) mais lento será o crescimento económico,
pois o alargamento da dimensão do governo implica aumento dos impostos e empréstimos.
No primeiro grupo, a média do peso do consumo do governo é 18,09% do PIB e no
segundo grupo 25,68% do PIB. Esta diferença é estatisticamente significativa. O maior
peso do consumo do governo no segundo grupo deve-se fortemente às percentagens
73
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
Luxemburgo 0,51 17,49 81,99 157,22 131,62 0,133 16,09 2,84 71.999
Brunei 0,95 67,19 31,86 70,29 32,82 0,636 22,80 6,63 48.324
Kuwait 0,33 58,26 41,41 58,06 30,52 0,652 18,87 7,76 44.649
Bermuda 0,81 9,96 89,22 44,50 50,70 0,555 17,76 3,09 43.874
Lesoto 9,59 34,28 56,13 52,76 127,55 0,412 36,35 7,48 1.222
Segundo Grupo
Gâmbia 24,84 14,21 60,94 28,44 39,51 0,316 9,08 6,12 1.184
Timor-Leste 27,55 13,86 58,58 9,39 127,76 0,622 45,90 4,57 1.035
Comores 48,38 11,85 39,77 15,23 37,04 0,673 14,67 4,27 934
Guiné-Bissau 46,97 13,38 39,65 16,58 27,40 0,791 15,39 10,50 792
t-test 0,000 0,000 0,333 0,000 0,067 0,233 0,003 0,694
Fontes: PWT7.1, Banco Mundial – WDI, Central Intelligence Agency (CIA) – The World Factbook, United
Nations – National Accounts Main Aggregates Database, International Monetary Fund - IMF (2011, 2012),
UNDP – United Nations Development Programme, e cálculos do autor.
31
Analisando as relações comercias dos dois grupos de países, verificámos que, os principais parceiros das
exportações/importações para os países do primeiro grupo são: Luxemburgo (Alemanha, França, Bélgica,
Reino Unido, e Itália); Qatar (Japão, EUA, Correia do Sul, Itália, Alemanha, U.A.E., Singapura, e Índia);
Brunei (Japão, Indonésia, Austrália, Singapura, Malásia, EUA, China e Correia do Sul); Bermudas (EUA,
Canada, Reino Unido, Alemanha, Espanha e Itália); e, Kuwait (Japão, Correia do Sul, EUA, Singapura,
China e Alemanha). Os principais parceiros para os países do segundo grupo são: Lesoto (EUA, Índia,
Bélgica e União Aduaneira da África Austral - UAAA); Comores (França, África do Sul, Paquistão e
Singapura); Guiné-Bissau (Índia, Portugal, Senegal e Nigéria); Gâmbia (Índia, China, Senegal, França e
Reino Unido); e, Timor Leste (Alemanha, EUA, Singapura, Austrália e Indonésia).
74
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
na hierarquização do PIB per capita para o período 2000-2009. A Islândia apresenta uma
média do PIB per capita para o período superior à média de Macau, mas não considerámos
este país na nossa análise, pois foi fortemente afetado pela recente crise mundial, o que
deixa transparecer que as políticas económicas seguidas e o nível de crescimento
económico alcançado não eram robustos. Assim, analisámos o comportamento de algumas
variáveis económicas nestes três países:
2) Macau, Hong Kong e Singapura são caracterizados por uma certa estabilidade
macroeconómica, sendo a média da taxa de inflação para os três países de 1,22% e a
volatilidade do crescimento (medida pelo desvio-padrão na taxa de crescimento do PIB) de
5,24. O peso médio do consumo do governo nestes três países é de 10,36% do PIB.
3) As médias das exportações e importações dos três países, para o período 2000-
2009, são 161,41% do PIB e 139,19% do PIB, respetivamente. O índice de concentração
das exportações é baixo, com valor médio de 0,233 para os três países. Macau, Hong Kong
e Singapura têm localização próxima de mercados desenvolvidos como China, Japão e
EUA, e no caso de Hong Kong e Singapura são caracterizados como economias entre as
mais livres do mundo. Estes factos são importantes para dinamizar as trocas comerciais, o
turismo e os serviços financeiros.
75
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
76
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
6 – CONCLUSÃO
Na parte I desta tese e nos capítulos anteriores desta parte, identificámos várias
características comuns para os países pequenos, no entanto, encontrámos diferenças entre
os países pequenos ao nível social, económico, político e geográfico. Assim, atendendo à
especificidade de cada país, existem várias políticas e estratégias que podem ser adotadas,
no sentido de, por um lado, aproveitar as oportunidades e evitar ou minimizar os efeitos
das ameaças e, por outro lado, maximizar os pontos fortes e reduzir os pontos fracos.
Recorrendo ao relatório da Commission on Growth and Development (2008), aos trabalhos
de Bhaduri et al. (1982), Briguglio (1995), Peters (2001), Armstrong e Read (2002), Prasad
(2003), Jayaraman (2006), Favaro (2008), Aiyar (2008) e a algumas das nossas conclusões
encontradas nos capítulos anteriores, apresentamos políticas e estratégias que os países
pequenos podem seguir para ultrapassarem as suas limitações:
a) Investir em portos e infraestruturas marítimas, nos casos de países ilhas ou com
costas, de modo a incentivar o desenvolvimento de negócios marítimos.
b) Atrair IDE, que pode ser conseguido pela promoção da estabilidade política e
macroeconómica, construção de infraestrutura física e social adequada, estabelecimento de
um quadro regulador sólido, formação de recursos humanos de qualidade e implementação
de políticas monetárias e fiscais atrativas ao investimento externo.
c) Investir em infraestruturas que promovam o turismo. O turismo pode converter
as tradicionais desvantagens do afastamento e isolamento em vantagens.
d) Recorrer ao outsourcing para reduzir alguns custos no setor público e
ultrapassar a falta de experiência em alguns setores.
77
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
6.2 ‒ Conclusão
Com este trabalho, concluímos que não existe um conceito de países pequenos
que seja amplamente aceite. O tamanho da população é o principal indicador utilizado, e
isto deve-se à ampla disponibilidade dos dados e à facilidade no estabelecimento dos
limites. Os outros indicadores utilizados são: área geográfica, PIB total, troca comerciais,
capacidade militar ou recursos diplomáticos. Os estudos indicam diferentes limites para
cada indicador utilizado.
78
Parte II – Classificação dos Países e Análise Descritiva de Países Pequenos e de Países Grandes
79
PARTE III – DETERMINANTES DO
CRESCIMENTO ECONÓMICO: ANÁLISE
EMPÍRICA DE PAÍSES PEQUENOS E DE
PAÍSES GRANDES
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
1 – INTRODUÇÃO
Estas teorias têm sido aplicadas na sua maioria a todos os países no geral, mas a
nossa hipótese inicial é que alguns determinantes do crescimento económico podem ter
impactos significativamente diferentes nos países pequenos em comparação com os países
grandes, devido às características específicas associadas à reduzida dimensão do país.
83
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
dicotómicos, alguns destes constrangimentos podem ser vistos como benefícios para os
países de grande dimensão. Destacamos as seguintes: i) Pequena dimensão do mercado
doméstico – o que limita os benefícios das economias de escala, reduz as opções
disponíveis para o desenvolvimento económico e aumenta o custo unitário da produção de
muitos bens e serviços públicos em comparação com países de maior dimensão; ii) Forte
coesão social – faculta uma maior abertura às mudanças, favorece a integração política e
melhora a preparação para enfrentar as incertezas e os choques externos; iii) Localização
geográfica – muitos países pequenos estão localizados em regiões bastantes fustigadas por
desastres naturais e, por outro lado, estão distantes dos principais mercados, o que aumenta
os custos de transporte internacional, com consequências negativas nas atividades
económicas.
84
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
85
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
2 – MODELO EMPÍRICO
32
Ver o desenvolvimento do modelo de Solow aumentado no apêndice I.
87
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
indivíduos e do tempo (o que permite controlar os efeitos das variáveis não observadas ou
em falta e faculta uma análise dinâmica da relação entre a variável dependente e as
variáveis explicativas) (Hsiao, 2007).
, , , , , , (III.1)
onde: , – logaritmo do PIB per capita real do país i no período t; , – conjunto das
variáveis básicas (taxa de matrícula no ensino secundário, crescimento da população e taxa
de investimento); , – variáveis de interesse (alteram consoante o determinante que
estivermos a analisar); – efeito específico de cada país i; – efeito específico do
tempo; , – termo de erro; γ, , e θ – coeficientes a serem estimados; i = 1,…,N; t =
2,…,T.
, , , , , (III.2)
88
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
∆ , ∆ , ∆ , ∆ , ∆ ∆ , (III.3)
, ∆ 0; ∀ 2, … , 1 ; 3, … ,
, ∆ 0; ∀ 2, … , 1 ; 3, … , (III.4)
, ∆ 0; ∀ 2, … , 1 ; 3, … ,
33
Variáveis pré-determinadas: , ∆ , 0 e , ∆ , 0; ∀ .
34
Variáveis estritamente exógenas: , ∆ , 0 e , ∆ , 0; ∀ , .
89
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
uma vez que, em equação de primeira diferença o valor desfasado da variável explicativa
em nível é um fraco instrumento.
∆ , , 0; ∀ 1, … , 2 ; 3, … ,
∆ , , 0; ∀ 1, … , 2 ; 3, … , (III.5)
∆ , , 0; ∀ 1, … , 2 ; 3, … ,
35
No apêndice IV temos o desenvolvimento do estimador system-GMM.
90
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
∆ , ∆ , ∆ , ∆ , ∗ ∆ , ∗ ∆ ∆ , (III.6)
36
Teste de Hansen: a hipótese nula do teste de Hansen define que sobre-identificação das restrições são
válidas, isto é, as variáveis instrumentais não estão correlacionadas com o termo de erro. O teste estatístico é
simplesmente o produto da dimensão da amostra pelo valor obtido para a função objetiva na estimação GMM
(chamado de J). A estatística do teste de Hansen é distribuída como chi-quadrado com graus de liberdade
iguais ao número das condições de momentos menos o número de parâmetros a serem estimados (Levine et
al., 2000; Roodman, 2009b).
91
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
A nossa fonte de dados principal é a PWT 7.1. Apesar de existir uma versão mais
recente, a PWT 8.0, optamos pela PWT 7.1, pois houve uma redução de dados dos países
na PWT 8.0 em relação à PWT 7.1, e esta redução ocorreu principalmente no grupo de
países que identificamos como pequenos no nosso estudo. As variáveis básicas do modelo
são:
PIBpc inicial (log) - PIB per capita inicial (PPC, I$, 2005) – fonte PWT 7.1 –
valores em logaritmo do PIB per capita real, desfasado um período de 5 anos.
Esperamos coeficiente negativo, inferior a 1, indicando assim a existência da
convergência condicional entre os países.
37
No apêndice V temos o resumo dos dados estatísticos. A classificação dos países, refere-se à classificação
efetuada na parte II deste trabalho, em que os países foram agrupados, segundo a população e a área, com
recurso à técnica estatística das análises de clusters. No apêndice II temos a explicação da técnica das
análises de clusters e os países que compõem cada grupo. No apêndice XI estão as definições e as fontes das
variáveis utilizadas nesta tese.
38
Exemplos de trabalho que usaram a técnica rolling windows: Blanchard e Simon (2001), Barrell e
Gottschalk (2004) e Klomp e de Haan (2009).
92
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
39
No nosso estudo, por termos usado a técnica rolling windows, havia a hipótese de usarmos dummy
temporal anual, mas isto implicaria um grande aumento do número de instrumentos e variáveis explicativas,
criando assim problemas nas estimações. Uma outra hipótese foi o uso de termo de tendência em forma de
polinómio de terceiro grau. Realizamos estimações com o termo de tendência e comparamos os resultados
com os obtidos com a utilização de dummies temporais em períodos de 5 anos não sobrepostos. E, como não
houve diferenças significativas entre os dois resultados, optamos por apresentar os resultados com dummies
temporais em períodos de 5 anos não sobrepostos. Exemplos de estimações com o termo de tendência e as
dummies temporais estão no apêndice VII.
40
A opção collapse faz a seguinte transformação na matriz de instrumentos (Roodman, 2009b):
0 0 0 0 0 0 … 0 0 0 …
, 0 0 0 0 0 … , 0 0 …
De: 0 , , 0 0 0 … para : , , 0 …
0 0 0 , , , … , , , …
⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮ ⋮ ⋱
41
Explicações do teste VIF e exemplos de alguns resultados estão no apêndice VI.
93
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
94
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
95
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
como Benacek et al. (2000), Nicoletti et al. (2003) e Moosa e Cardak (2006) é um
fator importante na determinação do influxo do IDE, principalmente o IDE
vertical.
Forte coesão social – coesão social favorece a estabilidade política. A
instabilidade política pode criar o receio de nacionalização total ou parcial das
empresas, constituindo um desincentivo para as empresas estrangeiras se
instalarem no país (Schneider e Frey, 1985). Assim, quanto maior é a estabilidade
política do país, maior é a probabilidade de receber IDE.
Integração regional – os países pequenos na sua maioria são ex-colónias ou
pertencem a uma organização de integração regional, o que facilita as trocas
comerciais com a ex-metrópole e com países vizinhos. Uppenberg e Riess (2004)
consideram integração regional como excelente incentivo para atrair IDE
horizontal.
Reduzida dimensão da área – a reduzida dimensão da área conduz as empresas e
os serviços a localizarem-se próximos uns dos outros, constituindo assim
aglomerações económicas. A aglomeração económica é vista como um fator
importante para atrair IDE, pois permite beneficiar de externalidades positivas
(como bens intermédios e especialização laboral) de outras empresas já instaladas
na região (Kinoshita e Campos, 2003).
96
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
3.1.2.1 – Dados
97
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
dimensão do país, ou seja, o reduzido mercado interno de países pequenos parece não
constituir desincentivo para o influxo do IDE.
98
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
comércio internacional, pelo critério definido por Sachs e Warner (1995), e em 2000 esta
percentagem passou para 73% dos países.43
A variável mais comum para medir o grau de abertura é o rácio das exportações
mais importações pelo PIB. As políticas comerciais medidas pela média das barreiras
tarifárias e não tarifárias constituem outro indicador de abertura comercial muito utilizado.
43
Um país é considerado fechado se apresenta, pelo menos, uma das seguintes características: Barreiras não-
tarifárias (BNT) cobrindo 40 por cento ou mais do comércio; Tarifas médias de 40 por cento ou mais; A taxa
de câmbio do mercado negro depreciada em 20 por cento ou mais, em relação à taxa de câmbio oficial; Um
sistema económico socialista (como o definido por Kornai, 1992); e, Monopólio estatal sobre as principais
exportações.
99
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Vários estudos (como Edwards, 1992; Harrison, 1996; Dollar e Kraay, 2004; Alesina et al.,
2005; Panahi, 2010) indicam impacto positivo e significativo da abertura comercial no
crescimento económico. Harrison (1996) usou sete proxies diferentes para medir a abertura
comercial (i – Índice da liberdade comercial, medido pela taxa de câmbio e políticas
comercias; ii – Índice de liberdade comercial, medido pelas barreiras tarifárias e não
tarifárias; iii – Prémio do mercado negro, medido pelo desvio da taxa do mercado negro
em relação à taxa de câmbio oficial; iv – Rácio das exportações mais importações pelo
PIB; v – Índice de movimentos em direção ao preço internacional, medido pelo preço
relativo de bens comercializados pelo país; vi – Índice de distorção de preços; vii –
Enviesamento indireto devido à proteção do setor agrícola e industrial da sobrevalorização
da taxa de câmbio), e encontrou, com exceção da variável rácio das exportações mais
importações pelo PIB, forte relação e com os sinais esperado das proxies no crescimento
económico. No entanto, Rodriguez e Rodrik (2001) mediram o impacto da abertura
comercial no crescimento económico através das barreiras tarifárias e não tarifárias, e
ficaram céticos em relação ao grande impacto negativo sugerido pela literatura.
3.2.2.1 – Dados
100
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Consideramos estas proxies endógenas ao modelo, visto que, o nível do PIB per
capita influencia as trocas comerciais.
Na tabela III.2 temos os resultados das estimações. Após o controlo das variáveis
básicas do modelo, verificamos que a proxy Abertura (% PIB) tem coeficientes positivos
nos dois grupos de países (colunas 3 e 4), mas é significativo apenas no grupo de países
pequenos (coluna 4). A variável índice de liberdade comercial tem coeficientes positivos e
significativos nos dois grupos de países (colunas 1 e 2). O teste de Hansen não rejeita a
validade dos instrumentos utilizados, o teste de Autocorrelação rejeita a existência de
autocorrelação de segunda ordem, o teste de diferença de Hansen não rejeita a validade dos
subconjuntos de instrumentos e o teste VIF não evidencia existência de multicolinearidade,
pelo que, os resultados das estimações são aceitáveis.
44
Resultado do teste de Wald: chi2(1) = 7.05; Prob > chi2 = 0.0079.
101
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Difference-in-Hansen tests
(p-value)
Instrumentos níveis 0.875 0.190 0.829 0.364 0.699 1.000
Dummies período 0.538 0.340 0.959 0.688 0.726 0.870
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB per capita real (PIBgr). Significado das siglas
usadas: _GD – grupo de países grandes, _PQ – grupo de países pequenos, _T – todos os países, PIBpc – PIB
per capita inicial e POP_gr – crescimento da população. Entre parênteses está a estatística-t. Nível de
significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * - 10%.
102
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
103
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
104
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
3.3.2.1 – Dados
105
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
106
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Difference-in-Han-
sen tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.731 0.523 0.986 0.272 0.985 0.996
Dummies período 0.548 0.697 0.654 0.405 0.893 0.643
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB per capita real (PIBgr). Significado das siglas
usadas: _GD – grupo de países grandes, _PQ – grupo de países pequenos, _T – todos os países, PIBpc – PIB
per capita inicial e POP_gr – crescimento da população. Entre parênteses está a estatística-t. Nível de
significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * - 10%.
47
Resultado do teste de Wald: chi2(1) = 2.20; Prob > chi2 = 0.1379 – Instituições sociais; chi2(1) = 1.82;
Prob > chi2 = 0.1769 – Instituições políticas.
48
Resultado do teste de Wald: chi2(1) = 0.04; Prob > chi2 = 0.8351.
107
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Com isto, concluímos que a dimensão do país parece não influenciar o impacto
das instituições na taxa de crescimento do PIB per capita. O nosso resultado vai ao
encontro do trabalho de Rodrik et al. (2002), segundo o qual, a dimensão do país não
influencia o impacto das instituições no crescimento económico.
Nos estudos existentes são usadas diferentes medidas como proxy da coesão
social, na avaliação do seu impacto no crescimento económico. Knack e Keefer (1997)
mediram a coesão social pelo grau de confiança existente na sociedade, e o resultado foi
um impacto positivo e significativo no crescimento económico.49 Easterly e Levine (1997)
usaram a diversidade etnolinguística como proxy para a coesão social, e encontraram
relação inversa da proxy com o crescimento económico. Montalvo e Reynal-Querol (2005)
consideraram a heterogeneidade religiosa para avaliar a coesão social, e constatam um
efeito negativo da variável no crescimento económico.
Na parte I deste trabalho verificámos que a coesão social é indicada como um dos
principais benefícios associados à reduzida dimensão do país. Os países pequenos,
49
A confiança foi medida através do inquérito realizado pelo World Values Survey, no qual foi feita a
seguinte pergunta às pessoas: "De modo geral, você diria que a maioria das pessoas pode ser confiável, ou
que você não precisa ser muito cuidadoso ao lidar com as pessoas?"
108
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
3.4.2.1 – Dados
50
Fonte: Marshall, M. C. (2013) Major Episodes of Political Violence (MEPV) and Conflict Regions. Center
for Systemic Peace: www.systemicpeace.org.
51
Fonte: International Country Risk Guide (ICRG): https://www.prsgroup.com/about-us/our-two-
methodologies/icrg.
109
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
A variável guerra civil tem efeito negativo no grupo de países pequenos, mas sem
significância estatística (coluna 4), e na estimação para comparação dos coeficientes
(coluna 6), a variável continua sem significância estatística, mas o efeito passou a ser
positivo. Para os países grandes, a guerra civil tem impacto negativo e com significância
estatística (colunas 3 e 6). Com isto, concluímos que a proxy guerra civil parece ter efeito
incerto nos países pequenos, no entanto, em nenhum dos casos apresenta significância
estatística, e nos países grandes, o efeito é negativo e significativo. Definimos menor
guerra civil como indicador de maior coesão social, e os países pequenos são
caracterizados por maior coesão social, o que pode justificar a falta de significância
52
Resultado do teste de Wald: chi2(1) = 0.14; Prob > chi2 = 0.7062.
110
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
estatística da variável neste grupo de países. Analisando os dados para o período 1970-
2010, verificámos que a média dos anos com guerra civil no grupo de países pequenos
(0,055) é significativamente inferior em comparação com os países grandes (0,227).53
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.182 0.830 0.658 0.345 0.909 0.203
Dummies período 0.651 0.170 0.302 0.147 0.488
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB per capita real (PIBgr). Significado das siglas
usadas: _GD – grupo de países grandes, _PQ – grupo de países pequenos, _T – todos os países, PIBpc – PIB
per capita inicial e POP_gr – crescimento da população. Entre parênteses está a estatística-t. Nível de
significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * - 10%.
53
Resultado do teste t-test: Pr(|T| > |t|) = 0.0000; Rejeita a hipótese nula de igualdade entre as médias.
111
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Posto isto, podemos dizer que, no geral, o efeito da coesão social parece ser
influenciado pela dimensão dos países, e o impacto negativo da falta de coesão social
(medida pela proxy guerra civil) é significativamente maior no grupo dos países grandes.
3.5 – Geografia
Na parte I deste trabalho, verificámos que existe um certo consenso nos trabalhos
empíricos, em identificar a localização distante dos principais mercados, como um dos
principais impulsionadores da performance económica de países pequenos. Os países
pequenos têm outras características geográficas específicas, que podem influenciar o
crescimento económico de modo diferente em comparação com os países grandes, pois a
112
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
maioria são ilhas (aumenta os custos de transporte e infraestruturação do país) e com forte
concentração da população junto das zonas costeiras (facilita as trocas comerciais
internacionais). Assim, analisamos empiricamente se o fator geografia tem impacto
significativamente diferente entre os dois grupos de países.
3.5.2.1 – Dados
Assumimos as proxies usadas como exógenas ao modelo, uma vez que, o PIB per
capita não tem efeito sobre elas. Nas estimações, estas proxies foram consideradas apenas
nas equações em níveis, por serem exógenas e não variarem ao longo do tempo.
113
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Difference-in-Han-
sen tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.502 0.722 0.599 0.994 0.925 0.544
Dummies período 0.972 0.854 0.922 0.924 0.927 0.993
Variável geografia 0.276 0.733 0.368 0.693 0.796 0.994
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB per capita real (PIBgr). Significado das siglas
usadas: _GD – grupo de países grandes, _PQ – grupo de países pequenos, _T – todos os países, PIBpc – PIB
per capita inicial e POP_gr – crescimento da população. Entre parênteses está a estatística-t. Nível de
significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * - 10%.
54
Resultado do teste de Wald: chi2( 1) = 1.57; Prob > chi2 = 0.2106.
114
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Na tabela acima, verificámos que a proxy ilha tem efeito negativo nos dois grupos
de países, mas com significância estatística apenas no grupo de países pequenos (coluna 4).
Na coluna 5 temos os resultados da comparação entre os coeficientes dos dois grupos de
países, e constatámos que a proxy ilha continua com efeito negativo nos dois grupos de
países, mas com significância estatística apenas nos países pequenos. Isto indica, que o
impacto significativo da insularidade na taxa de crescimento do PIB per capita depende da
dimensão do país, sendo os mais pequenos os mais afetados. O nosso resultado contraria o
de Armstrong et al. (1998), segundo o qual, a insularidade parece não exercer influência na
explicação do PIB per capita nos países pequenos.
Na parte II deste trabalho vimos que existem várias fontes de vulnerabilidade, mas
devido à limitação dos dados, analisamos empiricamente, apenas os efeitos da
vulnerabilidade ambiental no crescimento económico. Guillaumont (2010) considera a
vulnerabilidade de um país como resultado de três componentes: dimensão e frequência
dos choques exógenos (observados ou antecipados); exposição aos choques; e, a
capacidade de reagir aos choques.
115
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
3.6.2.1 – Dados
55
Um desastre é considerado na base de dados da EM-DAT quando se verifica pelo menos um dos seguintes
critérios: dez (10) ou mais pessoas mortas; cem (100) ou mais pessoas afetadas; declaração de estado de
emergência; ou, ligação para assistência internacional. Os desastres naturais podem ser: seca, terramoto,
epidemia, temperatura extrema, inundação, infestação de insetos, movimento de massa seca, movimento de
massa húmida, tempestade, erupção vulcânica e incêndios florestais.
56
A variável pessoas afetadas inclui pessoas que sofreram lesões físicas, trauma ou uma doença que requer
tratamento médico como um resultado direto de um desastre, pessoas que necessitam de assistência imediata
para o abrigo e pessoas que necessitam de assistência imediata durante um período de emergência, mas
também pode incluir pessoas deslocadas ou evacuadas.
116
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
57
Resultado do teste de Wald: chi2(1) = 2.14; Prob > chi2 = 0.1436.
117
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Nº observações 3,632 1,056 3,632 1,056 3,632 1,056 4,688 4,688 4,688
Nº países 127 54 127 54 127 54 181 181 181
Nº instrumentos 83 53 113 53 83 43 134 134 110
Hansen test (p-value) 0.150 0.186 0.237 0.374 0.277 0.487 0.314 0.190 0.137
AR1 test (p- value) 0.387 0.910 0.287 0.409 0.0506 0.114 0.0720 0.0295 0.0368
AR2 test (p- value) 0.352 0.375 0.142 0.603 0.968 0.793 0.297 0.638 0.323
Difference-in Han-
sen tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.300 0.368 0.378 0.377 0.647 0.366 0.157 0.161 0.496
Dummies período 0.781 0.106 0.861 0.668 0.862 0.931 0.269 0.275 0.231
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB per capita real (PIBgr). Significado das siglas
usadas: _GD – grupo de países grandes, _PQ – grupo de países pequenos, _T – todos os países, PIBpc – PIB
per capita inicial, pop – população e POP_gr – crescimento da população. Entre parênteses está a estatística-
t. Nível de significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * - 10%.
118
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
119
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
120
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
significativos nos dois grupos de países, e as diferenças entre os coeficientes não são
estatisticamente significativas pelo teste de Wald. A proxy guerra civil não tem
significância estatística no grupo dos países pequenos e, no grupo dos países grandes, os
coeficientes são negativos e a maioria com significância estatística. Estes resultados vão ao
encontro dos obtidos no subcapítulo anterior (tabela III.4).
121
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Começamos por estimar, para cada grupo de países, um modelo geral inicial, que
inclui as variáveis básicas e de interesse, excluindo as variáveis com elevada correlação
entre si. Procuramos chegar a um modelo final constituído por 6 ou 7 variáveis
independentes, sendo 3 ou 4 variáveis básicas e 3 ou 4 variáveis de interesse. Optamos por
estes números de variáveis por seguirmos Levine e Renelt (1992) e Sala-i-Martin (1997)
que nas suas estimações consideraram regressões com 7 variáveis independentes e,
também, por algumas variáveis terem número reduzido de observações e assim evitamos
que o número de instrumentos seja superior ao número de países.
122
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
As variáveis básicas que explicam os dois grupos de países são idênticas, o que
reforça a nossa opção pela escolha destas variáveis como básicas e comuns em todas as
estimações. Em relação às variáveis de interesse, existe uma certa diferença entre os dois
grupos de países, o que deixa transparecer que há características específicas ligadas à
dimensão dos países que influenciam os seus principais determinantes do crescimento
económico.
123
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
124
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Por último, excluímos 7 países (China, EUA, Indonésia, Rússia, Brasil, Canadá e
Austrália) que identificámos como outliers (coluna 9) devido à dimensão da população e
da área. Os resultados obtidos são idênticos aos da regressão inicial, pelo que, não são
impulsionados pelos outliers.
125
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Nº observações 3,226 3,051 2,966 2,091 2,749 2,531 2,219 2,821 2,841
Nº países 119 108 107 97 110 88 82 98 102
Nº instrumentos 110 104 92 96 31 74 73 86 32
Hansen test (p-value) 0.236 0.207 0.236 0.353 0.197 0.117 0.370 0.104 0.476
AR1 test (p- value) 0.272 0.132 0.115 0.859 0.253 0.0126 0.238 0.389 0.655
AR2 test (p- value) 0.717 0.650 0.369 0.458 0.296 0.591 0.584 0.787 0.944
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.414 0.804 0.908 0.260 0.148 0.958 0.330 0.156 0.445
Dummies período 0.732 0.592 0.184 0.744 0.906 0.166 0.220 0.272 0.753
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB per capita real (PIBgr). Significado das siglas
usadas: PIBpc – PIB per capita inicial e POP_gr – crescimento da população. Entre parênteses está a
estatística-t. Nível de significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * - 10%.
126
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
modelo inicial. No geral, podemos dizer que o modelo apresenta razoável robustez às
alterações dos períodos de análise.
Nº observações 1,084 1,363 1,416 884 1,116 1,195 1,201 1,264 1,089
Nº países 39 51 51 41 50 47 46 48 43
Nº instrumentos 38 23 28 36 28 43 38 38 23
Hansen test (p-value) 0.160 0.121 0.180 0.211 0.138 0.252 0.233 0.156 0.158
AR1 test (p- value) 0.104 0.0122 0.0956 0.0193 0.187 0.0112 0.0235 0.0312 0.0151
AR2 test (p- value) 0.937 0.944 0.463 0.217 0.429 0.548 0.418 0.357 0.451
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.851 0.333 0.179 0.829 0.649 0.569 0.784 0.556 0.101
Dummies período 0.811 0.464 0.346 0.819 0.442 0.354 0.316 0.214 0.183
Dummy ilha 0.395 0.925 0.635 0.896 0.892 0.184 0.298 0.239 0.713
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB per capita real (PIBgr). Significado das siglas
usadas: PIBpc – PIB per capita inicial e POP_gr – crescimento da população. Entre parênteses está a
estatística-t. Nível de significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * - 10%.
127
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
128
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
4 – CANAIS DE TRANSMISSÃO
(III.7)
∅
(III.8)
61
O valor da elasticidade é o sugerido por Hall e Jones (1999).
129
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
1 (III.9)
Aderindo à prática padrão, o stock inicial de capital físico (K0) é dado por:
(III.10)
(III.11)
∗
Assumindo ⁄ e ⁄ , reescrevemos a função:
∗ ⁄
(III.12)
∗
⁄
(III.13)
62
É o valor sugerido por Hall e Jones (1999) e pela literatura em geral.
130
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Dividindo a equação (III.7) pela população temos uma equação convencional para
a contabilidade do produto (ver: Hsieh e Klenow, 2010; Aisen e Veiga, 2013):
(III.14)
onde: – PIB per capita real do país i; – stock de capital físico per capita; – stock de
capital humano per capita; – produtividade.
1 1 (III.15)
63
O resumo dos dados estatísticos está no apêndice V.
131
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
64
Nome das variáveis na PWT 7. 1: rgdpch – PIB per capita, serie Chain (PPC, I$, 2005); pop – população
em milhares; rgdpwok – PIB por trabalhador, serie Chain (PPC, I$, 2005); ki – investimento (% PIB); rgdpl –
PIB per capita, serie Laspeyres (PPC, I$, 2005).
132
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Difference-in-Hansen tests
(p-value)
Instrumentos níveis 0.206 0.166 0.917 0.873 0.996 0.738
Dummies período 0.122 0.984 0.792 0.722 0.996
Variável distância (log, km) 0.646
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do Capital Humano per capita (HCAP_gr). Entre
parênteses está a estatística-t. Nível de significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * -
10%.
133
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Difference-in-Hansen tests
(p-value)
Instrumentos níveis 0.334 0.717 0.961 0.974 0.125 0.613
Dummies período 0.164 0.980 0.855 0.164
Variável distância (log, km) 0.609
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do Capital Humano per capita (HCAP_gr). Entre
parênteses está a estatística-t. Nível de significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * -
10%.
134
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Difference-in-Hansen tests
(p-value)
Instrumentos níveis 0.337 0.380 0.686 0.823 0.424 0.691
Dummies período 0.341 0.455 0.956 0.666 0.419 0.915
Variável distância (log, km) 0.857
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do Capital Físico per capita (FCAP_gr). Entre
parênteses está a estatística-t. Nível de significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * -
10%.
135
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Difference-in-Hansen tests
(p-value)
Instrumentos níveis 0.352 0.453 0.569 0.732 0.539 0.729
Dummies período 0.460 0.649 0.353 0.603 0.854
Variável distância (log, km) 0.716
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do Capital Físico per capita (FCAP_gr). Entre
parênteses está a estatística-t. Nível de significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * -
10%.
136
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Difference-in-Hansen tests
(p-value)
Instrumentos níveis 0.718 0.968 0.978 0.598 0.341 0.949
Dummies período 0.667 0.908 0.998 0.871 0.409 0.850
Variável distância (log, km) 0.501
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento da Produtividade Total dos Fatores (TFP_gr). Entre
parênteses está a estatística-t. Nível de significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * -
10%.
137
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Difference-in-Hansen tests
(p-value)
Instrumentos níveis 0.992 0.646 0.773 0.700 0.887 0.626
Dummies período 0.962 0.401 0.329 0.934 0.483
Variável distância (log, km) 0.797
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento da Produtividade Total dos Fatores (TFP_gr). Entre
parênteses está a estatística-t. Nível de significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * -
10%.
138
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Como vimos, no geral, não existe diferença entre os países pequenos e os países
grandes, quanto ao principal canal de transmissão das variáveis de interesse no crescimento
do PIB per capita. Mas, numa análise individual das variáveis, encontramos diferenças
mais acentuadas entre os dois grupos de países, e estas diferenças vão ao encontro das
características específicas de cada grupo. Assim, temos:
IDE (% PIB) – O efeito positivo do IDE no crescimento do PIB per capita nos
países pequenos ocorre principalmente pela acumulação do capital físico. Isto pode ser
justificado, em parte, pelo facto dos investimentos em infraestruturas turísticas e centros
financeiros constituírem grande proporção dos influxos do IDE nos países pequenos. Os
serviços associados a estes investimentos, normalmente, exigem mão-de-obra qualificada,
o que explica o elevado efeito do IDE via acumulação do capital humano. Os principais
canais de transmissão do IDE nos países grandes são produtividade e acumulação do
capital físico, e os valores estão próximos. A insignificância estatística do coeficiente no
139
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
capital humano pode estar ligada, ao facto dos investimentos externos nos países grandes
serem, normalmente, mais trabalho-intensivo, e a variável utilizada para identificação do
capital humano estar mais ligada à sua qualidade do que à quantidade.
Coesão social (proxy pela tensão étnica) – O efeito positivo do índice (ausência
de riscos de tensão étnica) no crescimento do PIB per capita, ocorre em maior
percentagem através da produtividade nos dois grupos de países. Este resultado era
esperado, pois as divisões raciais, nacionalidades e línguas exercem forte influência
negativa no nível de produtividade existente nos países.
140
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
estatística no crescimento do PIB per capita. No grupo de países grandes, o principal canal
de transmissão dos efeitos negativos da distância no crescimento do PIB per capita é a
produtividade. A distância tem grande impacto negativo na acumulação do capital físico,
mas sem significância estatística, e na acumulação do capital humano o efeito é negativo e
reduzido, mas significativo.
141
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
5 – CONVERGÊNCIA β E σ
143
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
(Barro e Sala-i-Martin, 1992). Isto é explicado pelo facto do modelo neoclássico defender
a teoria dos rendimentos decrescentes para o capital, e as economias pobres terem altas
taxas de retorno, por conseguinte, o crescimento é tendencialmente mais rápido do que nas
economias ricas.
5.2 – Convergência β
144
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
os países grandes e os países pequenos. Verificamos nas duas imagens uma relação
negativa entre o nível inicial e a taxa média anual de crescimento do PIB per capita, o que
deixa transparecer a existência de convergência nos dois grupos de países. No grupo de
países grandes a linha da tendência tem menor grau de inclinação negativa, o que é
indicativo de uma menor taxa de convergência, em comparação com o grupo de países
pequenos (a linha da tendência tem maior grau de inclinação negativa).
Figura III.1: Nível e taxa de crescimento do PIB per capita, países grandes e países
pequenos
0,1
0,08 0,06
capita (1971-2010)
capita (1971-2010)
0,06 0,04
0,04
0,02
0,02
0
0 5 7 9 11
5 7 9 11 13 -0,02
-0,02
-0,04 -0,04
Log PIB per capita inicial Log PIB per capita inicial
∗
1 1 (III.16)
onde: – PIB por trabalhador efetivo no período t; – PIB por trabalhador efetivo no
∗
início do período; – PIB por trabalhador efetivo no estado estacionário; – taxa de
convergência; T – intervalo temporal das observações; 1 .
,
, , , (III.17)
,
65
O desenvolvimento da equação está no apêndice I.
145
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
onde: , – PIB per capita do país i no período t; , – PIB per capita do país i no
momento inicial; , – vetor de determinantes do crescimento económico; – efeito
específico de cada país i; – efeito específico do tempo; , – termo de erro; γ e –
coeficientes das variáveis a serem estimadas.
nosso estudo como os dados estão em médias anuais, não dividimos por T.
Half-life
, , (III.18)
∗
,
, (III.19)
∗
∗ , ∗ ∗
, , , ln 2 ln 2 (III.20)
(III.21)
146
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
147
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
absoluto, no grupo de países pequenos, mas esta superioridade não é significativa pelo
teste de Wald.66 Os testes de especificação suportam a validade os resultados apresentados.
5.3 – Convergência σ
66
Resultado do teste de Wald: chi2(1)= 0.00; Prob > chi2 = 0.9602.
148
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Tabela III.18: Coeficiente de variação nos países pequenos e nos países grandes
Países Grandes Países Pequenos
Período Desvio-padrão Média Coef.variação Desvio-padrão Média Coef.variação
1971-1975 1,2048 7,9582 0,1514 1,0892 8,4245 0,1293
1976-1980 1,2410 8,0600 0,1540 1,0977 8,5550 0,1283
1981-1985 1,2603 8,0912 0,1558 1,1021 8,6016 0,1281
1986-1990 1,3149 8,1981 0,1604 1,1398 8,7785 0,1298
1991-1995 1,3427 8,2030 0,1637 1,1386 8,8141 0,1292
1996-2000 1,3596 8,2825 0,1642 1,1276 8,9112 0,1265
2001-2005 1,3708 8,3916 0,1634 1,1633 8,9995 0,1293
2006-2010 1,3677 8,5580 0,1598 1,1832 9,1472 0,1294
Fonte: Cálculos do autor
67
Resultados do teste t-test: Pr(|T| > |t|) = 0.0000; Rejeita a hipóteses nula de igualdade.
149
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Resumo
,
, , , , ∗ , , (III.22)
,
∆ ,
, (III.23)
∆ ,
Os resultados das estimações estão nas tabelas III.19, III.20 e III.21. O PIB per
capita inicial tem coeficientes negativos e estatisticamente significativos em todas as
regressões (tabelas III.19, III.20 e III.21), o que significa existência de convergência β
condicionada. A maioria das variáveis tem o comportamento esperado e com significância
estatística. Os testes de especificação validam os resultados encontrados. Nas
interpretações focamos na análise do impacto dos termos de interação do PIB per capita
inicial com a variável de interesse, no aumento ou redução da taxa de convergência β, e na
150
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
comparação dos coeficientes dos termos de interação entre o grupo de países pequenos e de
países grandes.
68
Resultado do teste de Wald: chi2(1)= 4.42; Prob > chi2 = 0.0355. Países grandes: contributo do IDE no
PIB per capita inicial, θZi,t = - 0.0021*2.1= - 0.00441. Países pequenos: contributo do IDE no PIB per capita
inicial, θZi,t = - 0.0018*4.887= - 0.0088. O valor usado para Zi,t corresponde à média do IDE na amostra
usada. O mesmo procedimento será usado para as restantes variáveis de interesse.
69
Resultado do teste de Wald: chi2(1) = 0.10; Prob > chi2 = 0.7542.
70
Países pequenos: taxa de convergência: γ+θZi,t =-0.0209*-0.000538*103.896=-0.0768; Implica β = 7.99%.
Países grandes: taxa de convergência: γ+θZi,t =-0.00961*-0.000608*59.256=-0.0456; Implica β = 4.67%.
71
Resultado do teste de Wald: chi2(1) = 5.21; Prob > chi2 = 0.0225.
72
Países grandes: contributo da Abertura (% PIB) no PIB per capita inicial, , - 0.000448* 59.256 = -
0.0265. Países pequenos: contributo da Abertura (% PIB) no PIB per capita inicial, , = -
0.000413*103.896= - 0.0429.
151
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Nº observações 3,779 1,295 3,379 613 4,169 1,621 5,074 3,992 5,790
Nº países 128 56 113 25 129 57 184 138 186
Nº instrumentos 115 43 103 25 115 43 161 119 168
Hansen test (p-value) 0.116 0.565 0.161 0.416 0.158 0.102 0.111 0.153 0.136
AR1 test (p- value) 0.979 0.0661 0.00537 0.829 0.772 0.352 0.0246 0.210 0.341
AR2 test (p- value) 0.553 0.843 0.746 0.993 0.804 0.980 0.612 0.755 0.772
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.828 0.949 0.644 0.879 0.970 0.323 0.991 0.741 0.975
Dummies período 0.978 0.332 0.946 0.565 0.931 0.870 0.968 0.964 0.996
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB per capita real (PIBgr). Significado das siglas
usadas: _GD – grupo de países grandes, _PQ – grupo de países pequenos, _T – todos os países, PIBpc – PIB
per capita inicial e POP_gr – crescimento da população. Entre parênteses está a estatística-t. Nível de
significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * - 10%.
152
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
73
Resultado do teste de Wald: chi2(1) = 1.48; Prob > chi2 = 0.2235.
153
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
Verificamos na tabela III.21 que os termos de interação do PIB per capita inicial
com a vulnerabilidade ambiental (proxy danos, colunas 1 e 2) e com a geografia (dummy
ilha, colunas 3 e 4) têm efeitos positivos, mas o termo de interação com a dummy ilha não é
significativo no grupo de países grandes (coluna 3). Pelo que, a vulnerabilidade ambiental
contribui para a redução da taxa de convergência nos dois grupos de países e a insularidade
apenas no grupo de países pequenos.
Difference-in-Hansen tests
(p-value)
Instrumentos níveis 0.233 0.352 0.692 0.598 0.833 0.229
Dummies período 0.520 0.568 0.932 0.741 0.808 0.748
Dummy ilha 0.491 0.499 0.514
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB per capita real (PIBgr). Significado das siglas
usadas: _GD – grupo de países grandes, _PQ – grupo de países pequenos, _T – todos os países, PIBpc – PIB
per capita inicial e POP_gr – crescimento da população. Entre parênteses está a estatística-t. Nível de
significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * - 10%. O programa econométrico
utilizado para estimar os modelos foi Stata 12.0.
154
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
74
Resultado do teste de Wald: chi2(1) = 3.56; Prob > chi2 = 0.0594. Países grandes: contributo dos Danos
(% PIB) no PIB per capita inicial - , 0.373* .0031= 0.00116. Países pequenos: contributo dos Danos
(% PIB) no PIB per capita inicial - , = 0.311*.0283= 0.0088.
155
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
6 – CONCLUSÃO
157
Parte III – Determinantes do Crescimento Económico: Análise Empírica de Países Pequenos e de
Países Grandes
158
PARTE IV – GROWTH DIAGNOSTIC DA
ECONOMIA CABO-VERDIANA
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
1 – INTRODUÇÃO
Nas partes anteriores desta tese focámos as nossas análises nos países pequenos
em geral, e achamos pertinente fazer, também, uma investigação particular do
comportamento económico de um país pequeno.
Assim, fazemos nesta parte uma análise dos principais fatores, que impulsionaram
o crescimento da economia de um país pequeno e insular, Cabo Verde, no período 1970-
2011, e também identificamos os principais obstáculos ao investimento/crescimento
económico, de modo a sugerir políticas que podem ajudar a ultrapassar estas barreiras. O
diagnóstico da economia cabo-verdiana é conduzido com recurso ao modelo Hausmann,
Rodrik e Velasco (HRV) desenvolvido por Hausmann, Rodrik e Velasco (2005).
161
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
Cabo Verde, com PIB per capita (PPC, 2005) de US$3.616, em 2011, foi o 116º
país com maior valor, num total 172 países a nível mundial (com dados disponíveis em
2011), e o 16º em relação ao continente Africano.75 As posições do PIB per capita (PPC,
2005) a nível mundial dos outros países pequenos Africanos, usados neste estudo para
comparar com a economia cabo-verdiana são: Guiné Equatorial 23ª (US$32.026),
Seychelles 35ª (US$23.172), Ilhas Maurícias 63ª (US$12.737), Suazilândia 97ª
(US$5.349), Djibuti 134ª (US$2.087, valor de 2009), Gâmbia 139ª (US$1.873), S.T.
Príncipe 140ª (US$1.805), Lesoto 146ª (US$1.504), Guiné-Bissau 155ª (US$1.097) e
Comores 159ª (US$980). Os valores médios do PIB per capita de alguns grupos de países
dos quais Cabo Verde faz parte, e que foram usados para fazer comparações são: África
Subsariana (US$2.073), Países de Rendimento Médio (US$6.232), Países Pequenos
(US$7.751) e a média Mundial (US$10.061).76
75
Fonte de dados: Banco Mundial, WDI.
76
O grupo de Países de Rendimento Médio inclui os países com RNB per capita, em 2010, compreendido
entre US$ 1.006 e US$12.275. O grupo de Países Pequenos inclui os países com população inferior a 1,5
milhões de habitantes. Seguimos a classificação do Banco Mundial.
163
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
Figura IV.1: PIB per capita (log) de países pequenos Africanos (1970-2011)
10 Cabo Verde
9,5
Comores
9
Djibouti
8,5
(log, US$, 2005)
8 G. Equatorial
7,5 Gâmbia
7 Guiné-Bissau
6,5
Lesoto
6
Maurícias
5,5
5 S. T. Príncipe
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
Seychelles
Suazilândia
Fonte: UNCTAD
O PIB per capita de Cabo Verde, em 2011, foi superior à média do grupo de
países da África Subsariana e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO), no entanto em 1970 os valores eram semelhantes. Em 1970 o PIB per capita
de Países Pequenos Ilhas em Desenvolvimento (sigla em Inglês SIDS – Small Island
Developing States) e a média Mundial eram 3,5 e 5,3, vezes superiores, respetivamente, ao
de Cabo Verde, mas em 2011, a diferença passou para apenas 1,3 e 2,7 vezes.77
77
O grupo SIDS – Small Island Developing States é o definido pela UNCTAD. Inclui os países: Antiga e
Barbuda, Ilhas Marshall, Bahamas, Ilhas Maurícias, Barbados, Grenada, Micronésia F. S., Palau, Cabo
Verde, Samoa, Comores, Papua Nova Guiné, São Tomé e Príncipe, Seychelles, Nauru, Dominica, Ilhas
Salomão, São Cristóvão e Neves, Fiji, Sta. Lúcia, São Vicente e Granadinas, Timor-Leste, Tonga, Jamaica,
Trindade e Tobago, Kiribati, Tuvalu, Vanuatu e Maldivas.
164
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
4
Consumo governo
2
1,14
0 Consumo família
-2 1971-1980 1981-1990 1991-2000 2001-2010
-4 PIB
-6
165
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
Década 1971-1980 – O VAB cresceu à taxa média anual real de 1,18%. O setor
com maior taxa média anual de crescimento real foi o agrícola (3,7%). O fraco
desempenho do setor produtivo está associado ao facto da administração Colonial ter
deixado Cabo Verde com alta taxa de analfabetismo (cerca de 50%), fraco aparelho
produtivo, infraestruturas económicas praticamente inexistentes, alta taxa de subutilização
da força de trabalho (60%) e nível de satisfação das necessidades básicas bastante baixo (I
Plano Nacional de Desenvolvimento – I PND – 1982-1985).
Década 1981-1990 – O VAB cresceu à taxa média anual real de 5,32%. O setor
industrial apresentou a maior taxa média anual de crescimento (9,8%), seguido do setor
dos transportes e comunicações (8,9%). O crescimento do setor industrial esteve associado
aos investimentos feitos, principalmente, pelo governo no seguimento da política de
industrialização para substituição das importações. O nível de crescimento no ramo dos
transportes e comunicações, deve-se aos investimentos realizados (aeroporto do Sal e
estaleiro de reparação naval em São Vicente), que permitiram maior prestação de serviços
ligados ao tráfego aéreo e marítimo.
Década 1991-2000 – O VAB cresceu à taxa média anual real de 6,49%. O setor
com maior taxa média anual de crescimento foi transportes e comunicações (12,8%). O
aumento do turismo e da prestação de serviços ligado ao tráfego aéreo, foram os principais
impulsionadores deste nível de crescimento. O setor industrial cresceu à taxa média anual
de 7,8%, motivado pelo surgimento de novas empresas industriais (de capitais internos e
externos) e pela modernização das unidades existentes, com a liberalização económica e a
promoção do setor privado.
166
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
Década 2001-2010 – O VAB cresceu à taxa média anual real de 5,67%. O ramo
de comércio, restaurantes e hotéis foi o que mais cresceu (8,4%), seguido da construção
(7,5%). O crescimento do setor do comércio, restaurantes e hotéis está associado ao grande
dinamismo e desenvolvimento do turismo ao longo da década. O crescimento no setor da
construção está ligado à política de infraestruturação do país, seguida pelo Governo, e ao
IDE (construções de hotéis e resorts).
7
6,49 Transportes, armazanamento e
6 comunicação
5,67
5,32 Restaurantes, hotéis e
5 comércio
(%)
4 Construção
3
Mina e indústrias
2
1 1,18 Agricultura, caça e floresta
0 VAB
1971-1980 1981-1990 1991-2000 2001-2010
167
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
nas exportações, cerca de 89%. As exportações dos serviços e das mercadorias cresceram à
taxa média anual de 16,2% e 14,5%, respetivamente (ver a figura IV.4).
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
-20
i) Exportações de serviços
Verificamos na figura IV.5, que os transportes tiveram peso médio anual de
51,7% das exportações de serviços, no período 1980-2010, constituindo a maior parcela.78
Quanto à taxa média anual de crescimento, o setor das viagens foi o que mais cresceu
(28,3%). Este maior contributo nas exportações de serviços pelas viagens, deve-se ao
aumento considerável do peso do turismo na economia cabo-verdiana nos últimos anos. No
período 2000-2010 a média anual das receitas do turismo foi de 20,1% do PIB. As receitas
do turismo cresceram à taxa média anual de 20,9% (dados do Banco Mundial).
80%
60%
40%
20%
0%
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Fonte: UNCTAD
78
A rúbrica transportes abrange transporte de passageiros, frete de movimento de mercadorias, serviços à
tripulação e serviços de apoio relacionados.
168
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
Verificamos, ainda, que entre 2 a 5 produtos constituem entre 70% a 90% do total
das mercadorias exportadas. E vários destes produtos são reexportados. No período 2000-
2010, a média anual dos produtos reexportados foi 69% das exportações de mercadorias.
As exportações cabo-verdianas estão bastante concentradas em termos de mercados de
destino e a Europa é o principal mercado. No período 2000-2010 cerca de 83% das
exportações foram para Europa, e destas exportações, 73% para o mercado Português.
Segue-se o continente Americano, que absorveu cerca de 10% das exportações cabo-
verdianas no mesmo período, e destas exportações 95% foram para os EUA. Por último
temos o mercado Africano que recebeu apenas 5,5% das exportações.
169
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
170
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
Cabo Verde, pelas suas características (como: reduzido mercado interno, estado
insular e escassez de recursos naturais), apresenta um nível de crescimento económico
satisfatório no período 1970-2010, e foi o quarto país, entre os países pequenos Africanos,
com maior taxa média anual de crescimento do PIB per capita (3,3%).
Na ótica das despesas, o consumo das famílias foi a parcela com maior peso no
crescimento do PIB, no período 1971-2000, e na década 2001-2010 foi a formação bruta
do capital, traduzindo assim numa maior afetação dos recursos ao investimento em
detrimento do consumo presente. Na ótica da produção, o crescimento do VAB é
explicado, principalmente, pelo setor dos serviços, e dentro deste setor o maior contributo é
do ramo de transportes e comunicações, mas atualmente o maior impacto tem sido dos
serviços ligados às viagens.
171
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
3 – DIAGNÓSTICO DO CRESCIMENTO
79
World Bank Investment Climate Assessments - neste inquérito participaram 156 empresas industriais e de
serviços, localizadas nas ilhas de S. Vicente, Sal e Santiago, sendo 79 pequenas empresas (5-19
trabalhadores), 52 empresas médias (20-99 trabalhadores) e 25 empresas grande (mais de 100 trabalhadores).
Enterprise Surveys (http://www.enterprisesurveys.org), The World Bank.
80
O inquérito foi realizado em Setembro de 2010 pela Organização das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial (ONUDI) em cooperação com a Organização das Nações Unidas para a
Igualdade de Género e Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres).
173
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
g
1 *
r
`crescimento
apropriação retorno social custo financiamento
retorno privado
onde: τ – taxa de imposto sobre capital, atual ou esperado, formal ou informal; r – taxa de
juro mundial; ρ – taxa de retorno sobre capital; σ – elasticidade intertemporal do consumo;
g – taxa de crescimento da economia.
Hausmann et al. (2008) propuseram uma árvore de decisão (figura IV.6) para o
exercício do “Growth Diagnostic” baseada no modelo apresentado, que consiste em
identificar os fatores que possam justificar o fraco crescimento económico, fazendo uma
série de questões, e apresentando possíveis hipóteses à medida que se avança pelos ramos
da árvore. O principal desafio está em encontrar o fator que constitui maior obstáculo ao
crescimento económico e uma vez identificado, deve merecer grande atenção dos decisores
políticos.
174
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
20 20
%
%
10 10
0 0
-10
Fonte: WDI
81
Definições e fontes de algumas variáveis utilizadas estão no apêndice XI.
175
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
i) As taxas de juro
Pela figura IV.8 constatamos que em Cabo Verde, a média anual da taxa de juro
real ativa, no período 2000-2011, foi de 9,8% e com tendência decrescente. 82 Em
comparação com os países pequenos Africanos, Cabo Verde é o quarto com maior média
anual da taxa de juro. A média cabo-verdiana é inferior à média das Ilhas Maurícias, mas é
cerca de 7 pontos percentuais superior à média das Seychelles, que tem a menor taxa de
juro (2,58%).
8 10
7
%
6 5
5
4 0
3
2
1
0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Fonte: WDI
82
A taxa de juro corresponde à média dos juros de curto e médio prazo.
176
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
outras aquisições) e 43% para empresas não financeiras (as empresas com maiores créditos
estão ligadas ao comércio, restaurantes e hotéis – 10,6%).
Posto isto, concluímos que em Cabo Verde, nos últimos anos, a taxa de juro real
ativa reduziu e o crédito doméstico ao setor privado aumentou, mas grande parte do crédito
é utilizada em aquisição de habitações. Em termos comparativos com os outros países
pequenos Africanos e os grupos de países, o custo de financiamento é elevado em Cabo
Verde. No inquérito ICA de 2009, o acesso ao financiamento é apontado como o segundo
maior obstáculo para negócios, e nos relatórios da “Global Competitiveness Report 2010-
2011”- Schwab (2010) e “Global Competitiveness Report 2011-2012” - Schwab (2011), o
acesso ao financiamento é indicado como o fator mais problemático para fazer negócios
em Cabo Verde.
177
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
outros países pequenos Africanos. A baixa poupança doméstica parece ser compensada
pelo fácil acesso ao capital externo, pelo que, a disponibilidade financeira não parece ser a
causa do elevado custo de financiamento em Cabo Verde.
A fraca intermediação financeira doméstica, pelo modelo HRV, pode ser resultado
de baixo nível de concorrência, alto risco ou elevado custo no setor bancário.
i) Spread
Elevado valor do spread entre a taxa de juro dos depósitos e empréstimos, é o
primeiro indicador de fraca intermediação financeira doméstica (Hausmann et al., 2008). A
média anual do spread em Cabo Verde (7,8%), no período 2000-2010, foi superior às
médias da Suazilândia (6,6%) e Seychelles (6,8%). A média do grupo de países da África
Subsariana (11,2%) é superior à média de Cabo Verde (7,8%), e as médias dos PRMB
(7,9%) e de Países Pequenos (7,5%) estão próximas. Porém, o valor do spread em Cabo
Verde é elevado, pelo que, indica a existência de fraca intermediação financeira.
83
Fonte de dados: Gâmbia - African Economic Outlook (2012); Suazilândia, Lesoto, Maurícias e Seychelles
- relatório da Secretariat of the Committee of Central Bank Governors (2011).
178
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
84
Em 2011, o sistema financeiro cabo-verdiano contava no mercado onshore com: oito instituições de
créditos, uma sociedade gestora de capital de risco, três agências de câmbios, uma sociedade emissora de
cartões de crédito e de intermediação bancária do sistema de pagamentos, uma sociedade de leasing, três
sociedades gestoras de fundos mobiliários e uma agência de transferência de dinheiro. E no offshore com:
oito instituições em atividades bancárias e uma instituição em sociedade de gestão de fundos.
85
Os dados são referentes aos seguintes bancos comerciais: Banco Comercial do Atlântico, Caixa Económica
de Cabo Verde, Banco Interatlântico e Banco Cabo-verdiano de Negócios.
86
O índice de Herfindahl-Hirshman varia entre 0 e 10.000. Mercados com valores inferior a 1.000 são
competitivos, com valores entre 1.000 e 1.800 têm alguma concentração no mercado e valores superior a
1.800 são muito concentrados (Calkins, 1983).
179
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
Esta análise sugere que, em Cabo Verde, o elevado custo de financiamento está
associado à intermediação financeira doméstica fraca, que é observada pelo elevado nível
de spread, que pode ser justificado pela alta taxa da disponibilidade mínima de caixa,
sistema bancário doméstico muito concentrado (dominado praticamente por dois bancos) e
forte risco de concentração do crédito.
Fraco retorno social pode ser justificado por vários fatores, mas no modelo HRV
são indicados como principais causas: inadequado capital humano ou infraestruturação
deficiente.
180
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
181
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
outros países pequenos Africanos, Cabo Verde tem a pior classificação, sendo ultrapassado
por Gâmbia (31ª), Maurícias (40ª), Lesoto (88ª) e Suazilândia (92ª). Em Cabo Verde, no
ano 2009, apenas 16,6% das empresas investiram na formação/treino dos seus
trabalhadores, e é uma percentagem baixa comparativamente aos outros países pequenos
Africanos, como Lesoto (42,5%) e Suazilândia (25,6%).
Esta situação do capital humano em Cabo Verde pode levar a duas interpretações:
i – o capital humano de facto não causa baixo retorno social em Cabo Verde e as empresas
consideram como suficientes as habilitações dos seus empregados, por isso, não investem
na sua capacitação; ou, ii – as empresas consideram o capital humano de baixa qualidade,
mas preferem investir em outros fatores, que constituem maior obstáculo às suas
atividades.
Pelo exposto, o capital humano não parece ser o principal responsável pelo baixo
retorno social em Cabo Verde, porém é possível que alguns setores específicos sofram de
escassez de capital humano especializado, e há um desfasamento entre a formação e a
necessidade do mercado, pois a taxa de desemprego é elevada na classe com ensino
superior.
3.3.2.1.2 – Infraestruturas
Estradas
Comparativamente aos outros países pequenos Africanos (dados do Banco
Mundial para ano 2001) a densidade de estradas (medida por cada 100 km2 de terra) em
Cabo Verde (33 km) é inferior à densidade em Seychelles (100 km), Maurícias (99 km) e
Comores (39 km), mas superior ou igual à densidade de Guiné Equatorial (10 km), Guiné-
Bissau (12 km), Djibuti (14 km), Suazilândia (21 km), S. Tomé e Príncipe (33 km) e
Gâmbia (33 km). No entanto, convém salientar que o Governo realizou grandes
182
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
investimentos nas estradas nestes últimos anos, pelo que, a posição de Cabo Verde já
melhorou.
Portos e Aeroportos
Todas as nove ilhas cabo-verdianas dispõem de portos, e três (Porto da Praia,
Porto Grande e Porto da Palmeira) recebem tráfico internacional. No relatório da “Global
Competitiveness Report 2011-2012” - Schwab (2011), a qualidade das infraestruturas
portuárias em Cabo Verde está numa posição inferior à média (92ª). No inquérito realizado
pela ONUDI (2011) os empresários consideram os transportes marítimos entre as ilhas
como grande obstáculo para os negócios.
Eletricidade
Em Cabo Verde, no ano 2005 (dados do Banco Mundial), cerca de 70,7% da
população tinha ligação elétrica e o custo de produção era de $23,34/kwh. Em 2006 os
cortes de energia causaram perdas de 8,8% das vendas nas empresas. Os dados da média
do grupo de países de rendimento médio em África e da CEDEAO são 22,13% e 14,82%
da população com ligação elétrica, $14,83/kwh e $21,21/kwh do custo de produção e
prejuízos de 1,6% e 6,8% nas vendas das empresas, respetivamente.
183
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
88
ELECTRA é uma empresa pública de produção e abastecimento de água e eletricidade.
89
Dados do Banco Mundial – Africa Development Indicators.
184
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
i) Riscos macroeconómicos:
Dívida Externa
No período 1990-2011 a média anual do stock da dívida externa em Cabo Verde
(47,7% PIB), foi superior à dos PRMB (32,01% PIB), mas inferior à dos outros países
pequenos Africanos, com exceção das Ilhas Maurícias (22,1% PIB) e Suazilândia (18,4%
PBI). Apesar da dívida pública estar acima do limite de 44% do PIB, segundo os estudos
realizado pelos técnicos do FMI, FMI (2012), o Relatório e Contas do BCV (2011) e a
nossa análise feita (os cálculos estão no apêndice IX), o serviço da dívida pública cabo-
verdiana é sustentável, considerando o nível das exportações e das receitas internas.90
Saldo orçamental
O défice orçamental, excluindo donativos, tem sido elevado em Cabo Verde. No
período 2001-2011 a média anual foi de -11,4% do PIB. Mas, ao considerarmos apenas as
receitas correntes, estas têm sido suficientes para cobrir as despesas correntes, gerando
saldo corrente positivo médio de 2,5% do PIB, no período 2001-2011.
90
O limite da dívida pública de 44% do PIB está definido no estudo realizado pelo World Bank e
International Monetary Fund (2012) “Revisiting the Debt Sustainability Framework for Low-Income
Countries”.
185
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
Ambiente de negócios
Pelos dados dos relatórios “Doing Business”, verificámos que, em 2007, Cabo
Verde estava numa posição intermédia em relação aos outros países pequenos Africanos
(era o sexto melhor classificado), mas distanciava bastante dos dois países melhor
classificados, Ilhas Maurícias e Suazilândia. Posteriormente, em 2012, Cabo Verde passou
para o terceiro melhor classificado. Este progresso deve-se às reformas introduzidas em
2009/2010 e 2010/2011, no pagamento de impostos, registo de propriedades, obtenção de
créditos e resolução de insolvências. Cabo Verde estava entre os 10 países a nível mundial,
com maior progresso na facilidade de fazer negócios em 2009/10 e 2010/2011.91
Setor informal
O setor informal é indicado (principalmente pelas pequenas e médias empresas)
no inquérito ICA de 2009, como o principal obstáculo ao negócio em Cabo Verde, uma
vez que, representa concorrência desleal para as empresas formais.
186
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
setores de atividade, 51,6% das UPI dedicam-se ao comércio, 33,9% à indústria e 14,5%
aos outros serviços. Os capitais das UPI são financiados em cerca de 92,5% por
donativos/poupanças/heranças e apenas 2% pelo crédito bancário.
As UPI constituem o principal emprego para 90% dos proprietários. Porém as UPI
representam concorrência desleal para as unidades legalizadas, uma vez que, não cumprem
as obrigações fiscais e outras formalidades que representam custos, assim os produtos que
fornecem são tendencialmente mais baratos. As UPI pela sua natureza constituem ameaças,
principalmente, para as pequenas e médias empresas.
93
Explicações sobre os índices PRODY e EXPY estão no apêndice X.
187
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
Na figura IV.9 observamos que Cabo Verde é o quinto país com maior média do
PIB per capita (PPC), US$ 2.532, no período 1995-2011, e o terceiro com maior média
anual do nível do EXPY (US$10.508). Pelo que, o grau de sofisticação das exportações em
Cabo Verde é superior ao que se esperava, tendo em conta o nível de desenvolvimento
(medido pelo PIB per capita, PPC) e comparativamente aos outros países pequenos
Africanos. Assim, as falhas do mercado não parecem constituir obstáculos ao crescimento.
12500
11000
10000
10000 7500
9000 5000
2500
8000 0
7000
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Cabo Verde PIB pc (PPP US$ 2005, 1995-2011) EXPY (PPP US$,1995-2011)
94
Estes aumentos e reduções foram causados, principalmente pelas oscilações nos produtos: [334] Petróleo
ou minerais betuminosos, [034] Peixe fresco (vivo ou morto), refrigerado ou congelado, [641] Papel e cartão
e [699] Produtos de metais comuns.
95
Os 6 produtos: [034] Peixe fresco (vivo ou morto), refrigerado ou congelado, [036] Crustáceos, moluscos e
invertebrados aquáticos, [112] Bebidas alcoólicas, [334] Petróleo ou minerais betuminosos, [841] Vestuário
dos homens e tecidos não malha e [851] Calçado. O produto [334] Petróleo ou minerais betuminosos diminui
consideravelmente o peso nas exportações nos últimos três anos.
188
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
4 – CONCLUSÃO
O PIB real em Cabo Verde cresceu a uma taxa média anual razoável em
comparação à média dos grupos de países de que faz parte e à média dos outros países
pequenos Africanos, apesar de alguns constrangimentos (como: escassez de recursos
naturais e insularidade).
189
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
190
Parte IV – Growth Diagnostic da economia Cabo-verdiana
impacto desta falha não parece afetar profundamente a economia, uma vez que, a aposta do
Governo tem sido no setor dos serviços, mais concretamente, o turismo.
191
CONCLUSÃO
Conclusão
CONCLUSÃO
A primeira parte desta tese foi dedicada à revisão da literatura, teórica e empírica,
dos efeitos da dimensão do país no crescimento económico. Esta revisão possibilitou
identificar algumas lacunas existentes nos estudos empíricos, e assim focalizámos o nosso
estudo no sentido de ultrapassar estas limitações.
195
Conclusão
196
Conclusão
verificámos que, apesar dos países pequenos serem identificados por vários estudos
teóricos como os mais desfavorecidos no processo económico, apresentam maiores valores
do nível do PIB per capita, da taxa de crescimento do PIB per capita, do investimento (%
PIB), da abertura comercial (importações mais exportações em função do PIB) e do nível
do capital humano, mas por outro lado, enfrentam maiores taxas de desemprego,
dependência dos capitais externos, concentração das exportações e vulnerabilidade
económica. Em relação à vulnerabilidade ambiental não existe superioridade de um dos
grupos.
197
Conclusão
índice de liberdade comercial. Ambas as proxies tiveram efeitos positivos nos dois grupos
de países, e estes efeitos são influenciados pela dimensão dos países, sendo os países
pequenos os que usufruem de maior impacto positivo. Os principais canais de transmissão
dos efeitos do comércio externo nos países pequenos são o capital humano e a
produtividade e nos países grandes é o capital físico. Encontrámos, também, diferença no
contributo do comércio externo para o aumento taxa de convergência β, e este contributo é
significativamente superior no grupo de países pequenos.
c) As instituições políticas, sociais e económicas têm relação positiva com a taxa
de crescimento do PIB per capita nos dois grupos de países, e não é influenciada pela
dimensão do país. Não verificámos diferença entre os dois grupos de países, quanto ao
principal canal de transmissão (a produtividade) e ao contributo no aumento da taxa de
convergência β.
d) Os efeitos da coesão social na taxa de crescimento do PIB per capita foram
medidos por duas proxies: índice de menor tensão étnica, que tem efeito positivo nos dois
grupos de países e não é influenciado pela dimensão do país; e, guerra civil, que tem
impacto incerto no grupo de países pequenos, e coeficiente negativo e estatisticamente
significativo no grupo de países grandes. O efeito da proxy guerra civil é influenciado pela
dimensão do país, e os países grandes sofrem significativamente maior impacto negativo
da falta de coesão social. Quanto aos canais de transmissão, a produtividade é o principal
canal nos dois grupos de países. Em relação à taxa de convergência β, o contributo da
coesão social não tem significância estatística no aumento da taxa de convergência nos
dois grupos de países.
e) Considerámos duas proxies para a análise dos efeitos da geografia na taxa de
crescimento do PIB per capita. A proxy distância tem efeito negativo nos dois grupos de
países e não é influenciada significativamente pela dimensão do país. A proxy ilha tem
efeito negativo nos dois grupos de países e é influenciada significativamente pela dimensão
do país, sendo os países pequenos os mais atingidos. Quanto aos canais de transmissão, o
capital físico é o principal canal nos países pequenos, e a produtividade nos países grandes.
No que tange à taxa de convergência β, também existe diferença entre os dois grupos de
países, pois o contributo na redução da taxa é significativo apenas no grupo de países
pequenos.
198
Conclusão
199
Conclusão
200
Conclusão
Contributos do estudo
201
Conclusão
países pequenos e nos países grandes. Neste trabalho conseguimos colmatar esta lacuna, ao
analisar os dois grupos de países simultaneamente.
Esta tese apresenta uma maior amplitude de análise dos efeitos da dimensão do
país no crescimento económico, o que permite uma conclusão mais robusta sobre os
impactos da dimensão, visto que, além dos efeitos na taxa de crescimento do PIB per
capita, estudámos os impactos na taxa de convergência e os principais canais de
transmissão dos efeitos das variáveis na taxa de crescimento do PIB per capita. Por outro
lado, a análise dos canais de transmissão permite um melhor conhecimento da forma como
os fatores estudados, afetam o crescimento económico nos países pequenos e nos países
grandes, e isto ajuda na elaboração de políticas e estratégias.
Esperamos, também, com este estudo reforçar e/ou despertar o interesse de outros
investigadores para esta área (os países pequenos), e suportar algumas políticas e decisões
económicas nos países pequenos.
202
Conclusão
países pequenos e de países grandes, o que facilitaria na elaboração das políticas de atração
do IDE. Os países pequenos são caracterizados por maior concentração das exportações de
serviços, e os países grandes por exportações de bens, pelo que, seria pertinente um estudo,
onde comparássemos os efeitos das exportações dos serviços e das exportações dos bens
no crescimento económico destes grupos de países. Achamos também, que seria
importante um estudo, onde fosse considerado um terceiro grupo de países, constituído por
países de dimensão média e, assim, a comparação do comportamento das variáveis nos três
grupos de países permitiria uma conclusão mais robusta dos efeitos da dimensão do país no
processo de crescimento económico. Um outro estudo que seria interessante realizar, é a
análise do comportamento das variáveis influenciadas pela dimensão do país, consoante o
nível económico do país ou as principais fontes de rendimentos.
203
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230
APÊNDICES
Apêndices
(A.3)
(A.5)
233
Apêndices
(A.6)
(A.7)
(A.8)
como , temos:
(A.9)
O estado de equilíbrio implica que 0, logo:
∗ ∗
(A.10)
Em equilíbrio o valor de k* e y* é dado por:
∗ ∗
(A.11)
(A.12)
(A.13)
234
Apêndices
a (A.14)
Convergência β
Um dos princípios importantes do modelo de Solow é a convergência entre os
países, ou seja, os países com PIB per capita inicial menor tendem a crescer mais rápido
que os países com PIB per capita inicial superior. Assim, definimos o modelo para análise
da velocidade de convergência β.
Considerando a função de acumulação do capital, equação A.9, linearizamos
em torno do estado estacionário, k*. A primeira ordem de aproximação da serie de Taylor
de em torno de kt=k* é dada por:
∗ ∗ ∗
≅ (A.15)
∗ ∗
sendo 0, passamos para o cálculo de .
(A.16)
∗
Calcular a equação A.16 no ponto , temos:
1 (A.17)
Substituindo na equação A.15 e definindo 1 temos:
∗
≅
A expressão significa que kt se aproxima de k* a uma taxa constante, β, na
vizinhança do estado estacionário. Assim a expressão anterior é equivalente a:
∗ ∗
≅ (A.18)
onde: k0 – valor inicial do k; β – taxa da convergência.
235
Apêndices
desta igualdade concluímos que y cresce em direção ao y* à mesma taxa que k em direção
ao k*, pelo que podemos considerar o seguinte:
∗ ∗
≅ (A.19)
Com: – produto por unidade efetiva do trabalho no momento inicial; –
produto por unidade efetiva do trabalho no momento t1; , podemos deduzir a
equação seguinte:
∗ ∗
⟺
∗
1 (A.20)
∗
1 1 (A.21)
1 1 1
1 1 (A.22)
236
Apêndices
∗ ∗
(A.25)
(A.26)
Mankiw et al. (1992) propõe uma forma alternativa de representar a função, para
os casos em que os dados para capital humano correspondem ao nível do capital humano e
não à taxa de acumulação.
∗
(A.27)
237
Apêndices
1 1
1 1 1
1 (A.28)
, , , ∑ , , (A.29)
onde: 1 ; 1 ; 1 ;
1 ; , ; , ; , ;
238
Apêndices
Metodologia
A nossa base de dados é composta por 215 países, assim a técnica hierárquica é a
mais indicada. Usamos duas variáveis, população e área, para classificar os países em
clusters. Para que as variáveis tivessem iguais contribuições na definição dos clusters
transformamos os valores em logaritmos e depois foram estandardizados, através da opção
Z-scores do SPSS, pois para o nosso estudo não é relevante considerar a amplitude das
variáveis nos clusters.
̅
239
Apêndices
métodos existentes, para verificar a robustez das classificações e identificar, assim, aqueles
que apresentam clusters com maior homogeneidade. Tivemos classificações idênticas
quando alterámos as medidas, com exceção da medida correlação de Pearson, que
apresentou grupos muito heterogéneos. Tendo encontrado resultados semelhantes entre as
várias medidas, optámos pela medida “Quadrado da distância Euclidiana”. E em relação
aos métodos, tivemos as mesmas classificações dos países para between-groups linkage,
furthest neighbor, centroid clustering e Ward's. Mas, em relação within-groups linkage,
nearest neighbor e median clustering, as classificações foram bastantes diferentes das dos
outros métodos e constatámos uma maior heterogeneidade entre os elementos dos clusters.
Assim, aplicámos a medida Quadrado da Distância Euclidiana e o método between-groups
linkage. O Quadrado da distância Euclidiana mede a distância entre duas observações num
espaço p-dimensional. Para p-variáveis a distância entre os sujeitos i e j é dada por:
Número de clusters
Definimos um intervalo inicial de 2 a 8 clusters e usando o critério do R-
Quadrado (definido por Maroco, 2003) com auxílio da ANOVA one-way, testámos o
número de clusters mais aceitável para a nossa base de dados. Seguem os resultados do
teste efetuado:
Nº de clusters R- Quadrado
2 0,592787
3 0,645596
4 0,818738
5 0,829203
6 0,834605
7 0,849154
8 0,852049
240
Apêndices
para testar as possíveis alterações nas classificações. Constatámos que não houve
alterações significativas. Também aplicámos a técnica K-means, apesar de não ser a mais
indicada para estudos com base de dados reduzidos, e tivemos apenas dois países (Letónia
e Moldova) classificados em grupos diferentes dos resultados do agrupamento hierárquico.
Segue os quadros com os países e respetivas classificações de clusters obtidas:
241
Apêndices
242
Apêndices
4) United Nations Office of the High Representative for the Least Developed
Countries, Landlocked Developing Countries and Small Island Developing States (UN –
OHRLLS) – contém informações sobre os pequenos países ilhas em desenvolvimento.
Site: http://www.unohrlls.org/en/home/
243
Apêndices
244
Apêndices
∆ , ∆ , ∆ , (A.33)
∆ , , , , ,
245
Apêndices
, ∆ 0; ∀ 2, … , 1 ; 3, … , (A.34)
′ ′ ′ ′
∆ ∆ ∆ ∆ (A.37)
′ ′
com: ∆ ∆ ,…,∆ é um vector 2 ;∆ , ∆ ,…,∆ é um vetor
2 .
é uma matriz positiva e segundo Arellano e Bond (1991), é dada por:
2 1 … 0
1 2 … 0
Sendo H uma matriz 2 2 : 0 1 … 0
… … … …
0 0 … 2
246
Apêndices
∆ , 0; ∀ 1, … , 2 ; 3, … , (A.39)
′ ′ ′ ′
(A.42)
′ ′ ′ ′ ′
onde: , ,…, é uma matriz 2 ; ,…, é um vector
′
2 e , ,…, é um vetor 2 .
247
Apêndices
, ∆ 0 ∀ 2, … , 1 ; 3, … ,
∆ , 0, ∀ 1, … , 2 ; 3, … ,
E, podem ser escritas de forma conjunta e compacta, como:
′
0 (A.43)
Com:
0 0 … 0
0 ∆ , 0 … 0
0 ∆
= 0 0 ∆ , … 0 (A.44)
0
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
0 0 0 … ∆ ,
′ ′ ′ ′
(A.45)
′ ′ ′
onde: ∆ ′, ; , ∆ ′
, , ′
, .
248
Apêndices
249
Apêndices
250
Apêndices
Como não é possível realizar o teste VIF a seguir a uma estimação system-GMM,
então recorremos ao estimador OLS, e de seguida aplicamos o teste. As tabelas seguintes
demonstram alguns exemplos dos nossos resultados.
251
Apêndices
252
Apêndices
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.913 0.578 0.562 0.914 0.132 0.143
Dummies período 0.985 0.419 0.330
Termo de tendência 0.978 0.607 0.513
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB per capita real (PIBgr). Significado das siglas
usadas: _GD – grupo dos países grandes, _PQ – grupo dos países pequenos, _T – todos os países, PIBpc –
PIB per capita inicial e POP_gr – crescimento da população. Entre parênteses está a estatística-t. Nível de
significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * - 10%.
253
Apêndices
Difference-in-Hansen tests
(p-value)
Instrumentos níveis 0.986 0.708 0.272 0.213 0.996 0.859
Dummies período 0.654 0.405 0.643
Termo de tendência 0.554 0.404 0.553
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB per capita real (PIBgr). Significado das siglas
usadas: _GD – grupo dos países grandes, _PQ – grupo dos países pequenos, _T – todos os países, PIBpc –
PIB per capita inicial e POP_gr – crescimento da população. Entre parênteses está a estatística-t. Nível de
significância para rejeição da hipótese nula: *** - 1%, ** - 5% e * - 10%.
254
Apêndices
Nº observações 5,074 5,074 5,074 3,399 4,366 4,171 3,633 4,591 4,699
Nº países 184 184 184 171 184 152 134 166 169
Nº instrumentos 146 146 146 156 151 134 116 134 139
Hansen test (p-value) 0.302 0.299 0.239 0.230 0.385 0.214 0.625 0.116 0.305
AR1 test (p- value) 0.0348 0.0286 0.0541 0.971 0.917 0.0430 0.762 0.517 0.0379
AR2 test (p- value) 0.834 0.820 0.866 0.934 0.197 0.994 0.877 0.505 0.652
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.192 0.170 0.114 0.557 0.915 0.166 0.880 0.953 0.118
Dummies período 0.435 0.262 0.267 0.593 0.563 0.867 0.582 0.357 0.332
Nº observações 5,790 3,992 5,790 3,992 5,790 3,992 4,100 2,777 4,674
Nº países 186 138 186 138 186 138 180 120 186
Nº instrumentos 164 122 164 122 164 122 162 108 163
Hansen test (p-value) 0.147 0.123 0.124 0.108 0.157 0.102 0.269 0.140 0.118
AR1 test (p- value) 0.305 0.192 0.277 0.0766 0.296 0.0143 0.159 0.0197 0.862
AR2 test (p- value) 0.736 0.656 0.799 0.599 0.751 0.337 0.486 0.367 0.343
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.739 0.938 0.768 0.958 0.793 0.850 0.959 0.844 0.888
Dummies período 0.796 0.516 0.735 0.916 0.925 0.903 0.746 0.945 0.969
255
Apêndices
Nº observações 3,302 4,748 3,374 4,141 2,557 5,272 3,605 5,328 3,628
Nº países 138 153 114 135 95 168 124 170 125
Nº instrumentos 127 122 98 128 86 152 110 158 116
Hansen test (p-value) 0.139 0.130 0.133 0.358 0.103 0.285 0.189 0.221 0.151
AR1 test (p- value) 0.244 0.262 0.675 0.589 0.0101 0.257 0.00867 0.383 0.00640
AR2 test (p- value) 0.948 0.673 0.658 0.557 0.456 0.657 0.900 0.152 0.742
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.994 0.593 0.933 0.576 0.966 0.409 0.967 0.986 0.710
Dummies período 0.456 0.376 0.957 0.364 0.791 0.324 0.843 0.926 0.952
Nº observações 3,854 3,854 3,854 2,639 3,330 3,260 2,423 3,471 3,496
Nº países 138 138 138 120 138 114 95 124 125
Nº instrumentos 128 128 128 108 127 104 86 110 116
Hansen test (p-value) 0.186 0.173 0.277 0.128 0.147 0.135 0.153 0.208 0.153
AR1 test (p- value) 0.155 0.158 0.359 0.132 0.210 0.256 0.0414 0.00468 0.0336
AR2 test (p- value) 0.844 0.845 0.815 0.761 0.988 0.756 0.455 0.922 0.531
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.616 0.522 0.656 0.865 0.833 0.997 0.749 0.866 0.629
Dummies período 0.898 0.827 0.381 0.933 0.851 0.663 0.927 0.884 0.916
256
Apêndices
Difference-in-Hansen tests
(p-value)
Instrumentos níveis 0.848 0.986 0.995 0.985 0.897 0.825 0.995 0.957
Dummies período 0.960 0.851 0.941 0.893 0.583 0.833 0.967 0.986
Nº observações 3,067 5,008 3,067 5,008 3,067 5,008 3,568 3,067 4,032
Nº países 136 159 136 159 136 159 154 136 159
Nº instrumentos 30 110 30 110 30 110 105 30 103
Hansen test (p-value) 0.395 0.288 0.699 0.298 0.389 0.264 0.398 0.433 0.204
AR1 test (p- value) 0.188 0.0841 0.527 0.160 0.331 0.378 0.133 0.138 0.592
AR2 test (p- value) 0.120 0.840 0.305 0.942 0.291 0.824 0.855 0.136 0.225
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.984 0.589 0.999 0.311 0.994 0.139 0.284 0.909 0.151
Dummies período 0.110 0.292 0.287 0.475 0.151 0.589 0.537 0.147 0.665
257
Apêndices
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.685 0.646 0.539 0.621 0.401 0.243 0.577 0.542
Dummies período 0.867 0.598 0.431 0.394 0.394 0.734 0.148 0.226
Nº observações 5,488 5,488 5,488 3,888 4,433 4,446 4,047 4,970 5,105
Nº países 176 176 176 171 176 143 132 158 163
Nº instrumentos 162 162 162 156 157 138 122 146 154
Hansen test (p-value) 0.340 0.227 0.326 0.259 0.151 0.162 0.238 0.153 0.223
AR1 test (p- value) 0.0973 0.287 0.112 0.170 0.670 0.279 0.0154 0.0927 0.261
AR2 test (p- value) 0.359 0.681 0.326 0.339 0.279 0.608 0.743 0.887 0.241
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.566 0.125 0.530 0.646 0.688 0.334 0.465 0.240 0.960
Dummies período 0.996 0.668 0.989 0.647 0.941 0.109 0.929 0.988 0.992
Variável geografia 0.936 0.385 0.994 0.725 0.639 0.113 0.144 0.772 0.839
258
Apêndices
Nº observações 5,790 5,790 5,790 4,100 4,674 4,748 4,141 5,272 5,328
Nº países 186 186 186 180 186 153 135 168 170
Nº instrumentos 164 164 164 152 165 129 117 149 158
Hansen test (p-value) 0.115 0.115 0.115 0.124 0.175 0.148 0.245 0.105 0.233
AR1 test (p- value) 0.000255 0.000252 0.000251 0.00648 0.877 6.38e-06 0.00262 0.00341 0.0222
AR2 test (p- value) 0.835 0.835 0.835 0.181 0.119 0.928 0.978 0.860 0.558
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.914 0.918 0.926 0.245 0.892 0.579 0.632 0.932 0.870
Dummies período 0.927 0.926 0.923 0.404 0.993 0.769 0.707 0.997 0.741
Variável geografia 0.714 0.777 0.790 0.151 0.879 0.291 0.775 0.908 0.175
Nº observações 4,688 4,688 4,688 3,166 4,019 3,778 3,508 4,316 4,292
Nº países 181 181 181 170 181 148 133 166 165
Nº instrumentos 134 134 134 132 145 116 116 116 110
Hansen test (p-value) 0.242 0.158 0.191 0.168 0.219 0.288 0.337 0.241 0.202
AR1 test (p- value) 0.0262 0.0324 0.0384 0.253 0.205 0.0104 0.142 0.0178 0.145
AR2 test (p- value) 0.611 0.648 0.422 0.857 0.290 0.322 0.700 0.887 0.395
Difference-in-Hansen
tests (p-value)
Instrumentos níveis 0.225 0.169 0.139 0.809 0.403 0.535 0.130 0.101 0.177
Dummies período 0.273 0.170 0.236 0.769 0.579 0.701 0.709 0.637 0.891
259
Apêndices
261
Apêndices
Com o fim dos empréstimos concessionais (em princípio a partir de 2015), Cabo
Verde irá enfrentar taxas de juro dos empréstimos externos maiores e com prazos dos
reembolsos menores, o que significa aumento do encargo com as dívidas externas no
orçamento do Estado. No Relatório do FMI (2012) nº12/29 está previsto, a partir de 2017,
taxas de juro efetivas médias anuais de 3,7% e taxa de crescimento médio anual do PIB
real de 5,5%. Considerando um cenário com saldo primário nulo (que não é o caso previsto
no relatório, onde se espera um saldo primário negativo de -3% do PIB em 2021 e de -1%
do PIB em 2031), a dívida pública atingirá o limite de 60% do PIB apenas em 2034,
consoante o cenário básico da figura A.1. Mas, caso o saldo primário seja igual ao previsto
no relatório, ou seja, uma média anual de -1,9% do PIB no período 2017-2031, para evitar
uma situação explosiva da dívida pública, o crescimento médio anual do PIB real terá que
ser no mínimo de 6,5%, mantendo a taxa de juro efetiva à volta dos 3,7%, ou então, no
caso de o ajuste ser ao nível da taxa de juro, esta deve ser no máximo 3%, com taxa de
crescimento médio anual do PIB real de 5,5%.
Considerando a hipótese do PIB real crescer à uma média de 2 pontos percentuais
inferior ao previsto, o rácio da dívida pública em função do PIB assume uma trajetória
crescente, transformando-se num processo explosivo. E, se o PIB real crescer apenas 1
ponto percentual abaixo do previsto, o rácio da dívida pública em função do PIB passa a
ter comportamento decrescente, mas muito lento (ver figura A.1).
262
Apêndices
80
60
%
40
20
0
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025
2026
2027
2028
2029
2030
2031
2032
2033
2034
2035
2036
2037
2038
2039
2040
- 1 p.p. PIB + 1 p.p. PIB
+ 2 p.p. PIB - 2 p.p. PIB
Cenário basico (juro= 3,7% e PIB= 5,5%)
80
60
%
40
20
0
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025
2026
2027
2028
2029
2030
2031
2032
2033
2034
2035
2036
2037
2038
2039
2040
- 0,7 p.p. taxa de juro + 0,7 p.p. taxa de juro Cenário basico (juro= 3,7% e PIB= 5,5%)
263
Apêndices
relação às exportações é inferior ao limite estabelecido. Nos últimos dois anos (2010 e
2011), o stock da dívida externa teve crescimento considerável, mas o seu peso nas
exportações não apresenta grandes alterações, pois foi acompanhado de aumento nas
exportações, mas para o rácio da receita interna, há redução nas receitas (principalmente,
receitas ficais) levando assim o stock da dívida a ultrapassar o limite em 2011 (ver tabela
A.18).
Quanto à liquidez, o serviço da dívida é inferior aos limites estabelecidos, tanto
em relação ao rácio das exportações como das receitas internas. Isto deve-se ao facto de
80% das dívidas externas serem concessionais com reduzida taxa de juro e longo período
de amortização. Assim, Cabo Verde apresenta liquidez suficiente para assumir os seus
compromissos em relação às dívidas externas.
96
Apesar da diminuição na classificação do índice CPIA (Country Policy and Institutional Assessment) de
4,5 em 2010 para 4,0 em 2011, a pontuação cabo-verdiana continua na classe de qualidade forte. Se o índice
CPIA for menor do que 3,25 a qualidade é pobre e se for superior a 3,75, é forte.
264
Apêndices
Definindo o PIB per capita do país “i” por “Yi”, o nível de produtividade
associado ao produto “k”, PRODYk é dado por:
do peso do produto no total das exportações para todos os países que exportam o produto.
O nível de produtividade associado as exportações do país “i”, EXPYi, é definido
por:
265
Apêndices
267
Apêndices
268
Apêndices
Rendimentos Banco É a soma dos rendimentos do petróleo, gás natural, carvão, minérios e
dos recursos Mundial floresta.
naturais (WDI)
Exportações UNCTAD Inclui bens e serviços adquiridos numa economia por não residentes viajantes
de serviços de durante visitas inferiores a um ano.
viagens
Exportações UNCTAD Abrange de transporte de passageiros, frete de movimento de mercadorias,
de serviços de serviços à tripulação e serviços de apoio relacionados. Exclui seguro e frete,
transporte que está incluído com serviços de seguros. Exclui bens adquiridos em portos
por transportadores não residentes e reparos em equipamentos de transporte,
que são incluídos em bens.
Exportações UNCTAD Inclui todas as outras categorias de serviços, exceto serviços de transporte e
outros de viagens.
serviços
Formação Banco É composto por despesas sobre ativos fixos da economia mais variações
bruta de Mundial líquidas no nível de inventários. Os ativos fixos incluem melhoramento nos
capital fixo (WDI); UN terrenos, compra de máquinas, equipamentos e instalações, e construções de
(Investimento estradas, ferrovias e similares, escolas, escritórios, hospitais, habitações
s) particulares residenciais e comerciais e edifícios industriais. As aquisições
líquidas de objetos de valor também são consideradas formação de capital.
Índice de UNCTAD Mostra como exportações de países individuais ou grupos de países estão
concentração concentrados em diversos produtos ou distribuído de forma mais homogénea
das entre uma série de produtos. Varia entre 0 e 1. Valores próximos de 1
exportações significam maior concentração das exportações
Investimento Banco Cálculos do autor. Corresponde a diferença entre o investimento total e o
público Mundial privado.
(WDI)
Investimento Banco Corresponde as entradas líquidas de investimentos para adquirir uma
Direto Mundial participação (10% ou mais do capital) duradoura numa empresa que opera
Estrangeiro (WDI); numa economia diferente do investidor. É a soma do capital próprio,
UNCTAD; reinvestimentos dos lucros e outros capitais de curto e longo prazo. Mostra os
Banco de influxos líquidos (entrada de novos investimentos menos os
Cabo Verde desinvestimentos) na economia por investidores externos.
Investimento Banco Inclui as despesas brutas do sector privado (incluindo agências privadas sem
privado bruto Mundial fins lucrativos) adicionado dos ativos fixos domésticos.
(WDI)
Investimento Banco Cálculos do autor. Corresponde a diferença entre o investimento privado e o
doméstico Mundial IDE.
(WDI)
Índice de EthnologueRepresenta a probabilidade de duas pessoas do mesmo país selecionadas
diversidade de Language of
aleatoriamente terem língua materna diferente. O valor mais alto possível, 1,
linguagem the World indica a diversidade total (isto é, duas pessoas não têm a mesma língua
materna), e o menor valor possível, 0, indica que não há diversidade (isto é,
todos têm a mesma língua materna). O cálculo do índice baseia-se na
população de cada idioma como uma proporção da população total.
Índice de Human Mede o desempenho médio em três dimensões básicas do desenvolvimento
Desenvolvime Development humano: uma vida longa e saudável (medido pela esperança de vida ao
nto Humano Report 2009, nascer), acesso ao conhecimento (medido pelo ano médio de escolaridade e
UNDP. anos esperados de escolaridade) e um padrão de vida decente (medido pelo
PIB per capita (PPC).
Desastres Emergency Um desastre é considerado na base de dados da EM-DAT se pelo menos se
naturais Events verificar um dos seguintes critérios: dez (10) ou mais pessoas mortas; cem
Database (100) ou mais pessoas afetadas; declaração de estado de emergência; ou,
(EM-DAT) ligação para assistência internacional. Os desastres naturais podem ser: seca,
terramoto, epidemia, temperatura extrema, inundação, infestação de insetos,
movimento de massa seca, movimento de massa húmida, tempestade,
269
Apêndices
Dívida Banco É definida como empréstimos com um elemento concessão original de 25 por
externa Mundial cento ou mais. O elemento de subvenção de um empréstimo é o equivalente
concessional (WDI) de subvenção, expresso em percentagem do montante autorizado. Ele é
utilizado como uma medida do custo total de um empréstimo. É valor
presente dos empréstimos menos o valor presente descontado do serviço de
dívida contratual.
Anos de Barro e Lee Anos de escolaridade da população com 25 ou mais anos de idade.
escolaridade (2010)
Stock da Banco É dívida para com não residentes reembolsáveis em moeda estrangeira, bens
dívida externa Mundial ou serviços. A dívida externa total é a soma de público, com garantia pública,
(WDI) e dívida privada de longo prazo não garantida, o uso de crédito do FMI, e
dívida de curto prazo. Dívida de curto prazo inclui toda a dívida com um
vencimento original de um ano ou menos, e juros de mora sobre dívida de
longo prazo.
Poupança Banco É calculada como PIB menos as despesas de consumo final (consumo total).
doméstica Mundial
bruta (WDI)
270
Apêndices
Dívida do Banco São todos os direitos do governo de obrigações contratuais a prazo fixo com
governo Mundial terceiros numa determinada data. Inclui os passivos nacionais e estrangeiros
(WDI); ONU como moedas, depósitos e títulos exceto ações e empréstimos. É o montante
bruto do passivo do governo deduzido da quantidade de capital e derivativos
financeiros detidos pelo governo. É medido a partir de uma determinada data,
normalmente, o último dia do ano fiscal.
Taxa de juro Banco É a taxa paga pelos bancos comerciais ou similares para a procura, o tempo,
de depósitos Mundial ou depósitos de poupança. Os termos e condições inerentes a essas taxas
(WDI) variam consoante o país.
Spread da Banco É a taxa de juros cobrada pelos bancos em empréstimos à clientes do sector
taxa de juro Mundial privado menos a taxa de juros pago pelos bancos comerciais ou similar para a
(WDI) procura, o tempo, ou depósitos de poupança. Os termos e condições inerentes
a essas taxas variam consoante o país.
Inflação, Banco Reflete a variação percentual anual no custo médio do consumidor pela
preços do Mundial aquisição de uma cesta de bens e serviços que podem ser fixados ou alterados
consumo (WDI) em intervalos específicos, como anual. É geralmente usado a fórmula de
Laspeyres.
Liberdade Economic É o índice da área 4, que compõe o índice de liberdade económica. Tem em
Comercial Freedom conta taxas no comércio internacional, leis sobre barreiras comerciais, taxa de
Dataset câmbio no mercado negro, controlo do mercado de capital internacional e
dimensão do setor comercial em relação ao esperado. Varia entre 0 (menor
liberdade) e 10 (maior liberdade).
Instituições Economic É o índice de liberdade económica. Engloba os seguintes componentes:
económicas Freedom dimensão do governo (área 1), estrutura legal e segurança dos direitos de
Dataset propriedade (área 2), acesso a uma moeda sólida (área 3), liberdade de
comércio internacional (área 4) e regulação de crédito, trabalho e negócios
(área 5). O índice varia entre 0 e 10.
Literacia Cross É a taxa de literacia do país.
National Time
Series
(CNTS)
Qualidade dos The World Mede a perceção da capacidade do governo em formular e implementar
Regulamentos Bank, políticas e regulamentos que permitem e promovem o desenvolvimento do
Worldwide setor privado. A estimativa dá a pontuação do país para o indicador agregado,
Governance varia entre -2,5 e 2,5 e segue uma distribuição normal, com média zero e
Indicators desvio padrão 1. O maior valor corresponde à maior qualidade dos
regulamentos
Estado de The World Capta a perceção da confiança e respeito pelas regras da sociedade, em
Direito Bank, particular a qualidade da execução dos contratos, direitos de propriedade, as
Worldwide polícias e os tribunais, bem como a probabilidade de crimes e violência. A
Governance estimativa dá a pontuação do país para o indicador agregado, varia entre -2,5
Indicators e 2,5 e segue uma distribuição normal, com média zero e desvio padrão 1. O
maior valor corresponde ao melhor Estado de Direito.
Guerra Civil Center for Refere-se aos anos em que o país teve situações de guerra étnica ou civil ou
Systemic violência civil.
Peace
Tensão étnica International Mede o grau de tensão dentro de um país causado pelas divisões raciais,
Country Risk nacionalidades ou línguas. O índice varia entre 0 e 6, onde classificações
Guide (ICRG) baixas correspondem aos países com maiores tensões.
Distância Gleditsch e Mede a distância mínima (em termos de km2) do país em relação a um dos
Ward (2001) principais mercados (EUA, Japão e Holanda).
Ilha United Identifica se o país é uma ilha ou conjunto de ilhas.
Nations
Environment
Programme
(UNEP)
271