FLORICULTURA TROPICAL - Ed01 - 2020
FLORICULTURA TROPICAL - Ed01 - 2020
FLORICULTURA TROPICAL - Ed01 - 2020
Embrapa Amapá
Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
FLORICULTURA
TROPICAL
Técnicas e inovações para
negócios sustentáveis na Amazônia
Embrapa
Brasília, DF
2020
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
1ª edição
Publicação digitalizada (2020)
ISBN 978-85-7035-890-5
CDD 633.34
Capítulo 1
A flora amazônica e as potencialidades de
inovação no agronegócio de flores e plantas ornamentais............................................................. 11
Capítulo 2
Caracterização das condições climáticas na Amazônia.................................................................... 33
Capítulo 3
Características físico-químicas dos principais solos na Amazônia................................................ 43
Capítulo 4
Princípios de nutrição e adubação para flores e plantas ornamentais tropicais...................... 67
Capítulo 5
Multiplicação por cultura de tecidos de flores e plantas ornamentais......................................113
Capítulo 6
Viveiro para produção de mudas de flores e plantas ornamentais.............................................135
Capítulo 7
Evolução em paisagismo e floricultura tropical.................................................................................145
Capítulo 8
Plantas tóxicas utilizadas como ornamentais em jardinagem e paisagismo..........................169
Capítulo 9
Mercado de flores e plantas ornamentais tropicais: estratégias para o
desenvolvimento dos arranjos produtivos da floricultura na Amazônia..................................199
11
Capítulo 1 Introdução
A flora amazônica e A utilização de arranjos de flores e plantas
ornamentais na decoração de locais públi-
as potencialidades cos ou residenciais é fascinante, pois esses
produtos podem modificar todo o ambien-
de inovação no te, criando harmonia e múltiplos significa-
dos para uma decoração, dando vida e mo-
agronegócio de vimento ao conjunto de particularidades
Figura 3. Vista do
ecossistema de Cerrado
no Amapá.
genética, sendo que cada espécie possui As palmeiras são abundantes na Floresta
numerosos usos específicos na economia Tropical, apresentando caule cilíndrico e
indígena, inclusive as medicinais. não ramificado, do tipo estipe, e são procu-
radas para ornamentação pela beleza das
Essa biodiversidade regional apresenta folhas pinadas ou palmadas, com pecíolos
uma relação ecológica e evolutiva muito longos, inseridas em espiral e formando um
ampla, especialmente no que diz respeito aglomerado na forma de coroa. Nessa famí-
aos seus ecossistemas, a saber: Floresta de lia, encontram-se espécies muito conhe-
Terra Firme, Floresta de Várzea, Florestas de cidas, principalmente o açaizeiro (Euterpe
Transição, Campo Cerrado, Campos Inun- oleracea) (Figura 6).
dáveis e Manguezais.
Outras Arecaceae também apresentam
Nos diversos ecossistemas amazônicos, en- potencial ornamental, como bacabeira
contram-se, inclusive, espécies da flora nas (Oenocarpus bacaba e O. distichus), pupu-
quais estão presentes genes com as mais nheira (Bactris gasipaes), bacabi (Oenocarpus
diversas propriedades e, possivelmente, de minor), buritizeiro (Mauritia flexuosa), pa-
tauazeiro (Oenocarpus bataua) (Figura 7).
enorme valor à saúde da humanidade, aos
Ubins, como Geonoma deversa, G. stricta
interesses comerciais, florestais e paisagís-
(Figuras 8A e 8B) e Hyospathe elegans e
ticos.
Bactris schultesii (Figuras 9A e 9B); marajás,
Como exemplo, têm-se diversas espécies como: Bactris elegans e Bactris gastoniana
arbóreas como os ipês, Tabebuia serratifolia (Figuras 10A e 10B), Pyrenogliphis bussuzei-
(Figuras 5A e 5B) e a T. caraiba, as quais ro, Manicaria saccifera, paxiubinha (Iriartella
setigera), paxiúba (Socratea exorrhiza) e Bac-
se encontram dispersas nos mais diver-
tris acanthocarpoide (Figuras 11A e 11B) e
sos ecossistemas, florescendo por toda a
Geonoma sp. (Figura 12).
Amazônia durante os longos períodos de
estiagem, apresentando potencial florísti- Entre as espécies nativas herbáceas da
co, madeireiro e medicinal. Amazônia, destacam-se as espécies da
Fotos: Jorge Segovia
A B
Figura 5. Tabebuia serratifolia: no ecossistema de Floresta de Terra Firme (A); durante a floração (B).
Foto: Jorge Segovia
Foto: Jorge Segovia 16
A B
Figura 8. Palmeiras de baixo porte denominadas de Ubim: Geonoma deversa (A); e Geonoma stricta (B), ambas
crescendo na Floresta Úmida de Terra Firme.
CAPÍTULO 1
A flora amazônica e as potencialidades de inovação 17
no agronegócio de flores e plantas ornamentais
A B
Figura 11. Arecáceas na Floresta de Terra Firme: Bactris acanthocarpoides (A) e Socratea exorrhiza (B), com suas
raízes-escoras crescendo às margens de igarapés.
Figura 13. Heliconia rostrata encontrada nas florestas Figura 15. Heliconia orthotricha crescendo no ecos-
de ecossistema de Várzea, na Amazônia. sistema de Floresta de Várzea Amazônica.
FLORICULTURA TROPICAL
20 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Fotos: Jorge Segovia
Figura 19. Aráceas: Colocasia esculenta var. illustris (W. BULL) Schott (A); e Caladium sp. (B) crescendo em clarei-
ras no ecossistema de Floresta de Terra Firme.
Figura 20. Araceae: Caladium sp. (A); e Spathiphyllum cannifolium (Dryand) Schott (B) crescendo em clareiras no
ecossistema de Floresta de Terra Firme.
Foto: Jorge Segovia
22
A B
Figura 22. Orquidaceae pioneira Epidendrum nocturnum Jacq. (A) crescendo sobre rochas no ecossistema de
Cerrado (A); e orquidácea epífita Catasetum macrocarpum L. C. Rich. (B).
CAPÍTULO 1
A flora amazônica e as potencialidades de inovação 23
no agronegócio de flores e plantas ornamentais
Figura 23. Orquídeas: da espécie Dimerandra emarginata (G. Mey.) Hoehne. (A), com flores lilases; e orquídea
do gênero Cattleya (B), apresentando flores com sépalas e pétalas laterais marrom-claras e labelo branco, com
detalhes lilases.
Figura 24. Miniorquídeas: da espécie Stelis sp., com flores branco-esverdeadas (A); e Rodriguezia
lanceolata Ruiz & Pav., com flores lilases (B).
FLORICULTURA TROPICAL
24 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Fotos: Jorge Segovia
A B
Figura 25. Miniorquídeas: do gênero Ericina (A) e a espécie Polystachya estrellensis (B).
Fotos: Jorge Segovia
A B
Figura 26. Orquídeas são dotadas de flores com sépalas e pétalas esverdeadas: Brassia chloroleuca Barb. Rodr.,
com sépalas manchadas de lilás e labelo largo e esbranquiçado e pinta lilás (A); orquídea do gênero Epidendrum
com labelo albo (branco) e fendilhado (B).
A B
Figura 28. Curcuma zedoaria (A); e Zingiber sp. (B) em floração na Floresta de Terra Firme, na Amazônia.
Fotos: Jorge Segovia
A B
Figura 29. Neoregelia eleutheropetala, com folhas vermelhas com a base expandida púrpura em volta da inflo-
rescência (A); Tillandsia bulbosa Hook., com folhas de coloração verde-escura e a base púrpura (B).
espelhos d’água e vegetação flutuante na- desde o final do período chuvoso (julho)
tiva (Figura 30). e durante o período seco (de agosto a
As espécies das famílias Amaryllidaceae dezembro), na região amazônica. A pri-
Scadoxus multiflorus e Hymenocallis meira crescendo tanto em ecossistemas de
littoralis Jacq. desenvolvem e florescem Floresta de Terra Firme quanto no Cerrado
CAPÍTULO 1
Figura 30. Aguapés (gênero Nymphaea), vegetação flutuante crescendo em habitat aquáticos em lagos e rios
do Amapá.
A B
Figura 31. Espécies da família Amaryllidaceae: Scadoxus multiflorus (A); e Hymenocallis littoralis Jacq. (B), duas
espécies da família Amaryllidaceae em floração no Amapá.
FLORICULTURA TROPICAL
28 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Foto: Jorge Segovia
dos agricultores e atenção às mudanças de década de 1990 e inícios deste século, con-
tendência no mercado. siderando-se os levantamentos do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que
Vale considerar que, para os consumidores mostram que, de 2003 a 2005, a superfície
de flores tropicais, as belezas de coloridos do desmatamento na região soma mais de
e formas encontradas nas diferentes varie- 70.000 km², um território maior que muitas
dades tornam possível o milagre da floricul- Unidades da Federação e alguns países.
tura nessa região. Contudo, a genética e a
seleção das espécies são fundamentais na Esses dados servem de alerta para as ações
oferta de novas variedades para o mercado desordenadas de desenvolvimento regio-
mundial, com lucros compensadores para nal. Vale lembrar que o desmatamento
os agricultores familiares da região amazô- acumulado na Amazônia, calculado pela
nica. metodologia do Inpe, em 2005, chegou a
652.908 km², equivalente a 16,32% da área
amazônica. Isso ocorreu para dar lugar à
expansão da agropecuária, passando pela
Foto: Jorge Segovia
Capítulo 2 Introdução
Caracterização das O crescimento e o desenvolvimento dos
vegetais dependem da inter-relação de di-
condições climáticas versos fatores de natureza genética ou am-
biental, influenciando todos os processos
na Amazônia metabólicos.
fotossíntese, por exemplo, são necessárias Os dados indicam que a vegetação nativa
3.744 calorias para produzir 1 g de glicose. amapaense cresce e se desenvolve em tem-
peraturas médias do ar consideradas eleva-
Conforme a Classificação de Köppen, nos das, com a menor temperatura média men-
estados da Amazônia ocorre, especial-
sal de 25,7 ± 5 °C no período chuvoso (de
mente, tanto o clima do tipo Amw, o qual
janeiro a junho), que ocorre em fevereiro e
é caracterizado como tropical sem estação
março. Observa-se, ainda, que a precipita-
seca definida, quanto o clima Ami, que tem
ção pluvial de janeiro a junho é considera-
um deficit hídrico no período seco que se
da elevada, alcançando o pico máximo em
estende por até 4 meses. Estes são os tipos
abril (387 mm).
de clima quente, úmido e chuvoso predo-
minantes na região. Geralmente, esses valores de precipitação
A Tabela 1 mostra as médias de 30 anos de são maiores do que os valores da evapo-
observação (1961–1990) das normais cli- transpiração de referência nesse período
matológicas do Amapá, como temperatura do ano. A maior temperatura média men-
média mensal, precipitação pluviométrica, sal, de 27,9 ± 5 °C do período seco (de agos-
evapotranspiração de referência e umidade to a dezembro) ocorre em outubro. Neste
relativa do ar. período, observa-se um deficit hídrico, ou
seja, a evapotranspiração é maior que a
precipitação, e induz à deficiência de água,
Tabela 1. Normais climatológicas de tempera- Ca (cálcio) e Mg (magnésio) pelas plantas,
tura média mensal (T), precipitação pluvial (P), reduzindo, assim, o crescimento, a ativida-
evapotranspiração de referência (ETo) e umida- de fotossintética e a produção da maioria
de relativa do ar (UR) no Amapá (1961–1990)(1). das espécies tropicais.
T P ETo UR No Tocantins, os dados climatológicos
Mês
(ºC) (mm) (mm) (%) descritos na Tabela 2 levam a classificá-lo,
Janeiro 26,0 290 170 94 conforme a Classificação de Köppen, em
Fevereiro 25,7 300 152 95 clima Aw (tropical chuvoso). Verifica-se que
Março 25,7 353 169 95 a vegetação nativa do Estado do Tocantins
Abril 25,9 387 164 95 cresce e se desenvolve em temperaturas
Maio 26,1 257 170 94
médias do ar consideradas elevadas, com
temperaturas médias anuais variando, con-
Junho 26,2 164 165 93
forme a localidade, entre 25 °C e 26,4 °C,
Julho 26,1 121 170 92 e precipitação pluvial entre 1.329 mm e
Agosto 26,8 79 173 91 1.754 mm. Já a umidade relativa do ar e a
Setembro 27,5 14 170 89 evapotranspiração variam de 67% a 85% e
Outubro 27,9 12 177 88 de 1.090 mm a 1.772 mm, respectivamente.
Novembro 27,7 51 169 91
Na Tabela 3, são apresentadas médias das
Dezembro 27,0 92 174 91 normais climatológicas em Rio Branco, AC,
Valores da Estação Meteorológica de Macapá – DFA/MA (La-
(1) como temperatura média mensal, precipi-
titude de 00° 02´S, longitude de 51° 03´W e altitude de 14
m); médias estimadas pelo método de Blaney-Criddle.
tação pluviométrica, evapotranspiração de
referência e umidade relativa do ar.
CAPÍTULO 2
Caracterização das condições 35
climáticas na Amazônia
Tabela 2. Normais climatológicas de temperatura média mensal (T), precipitação pluvial (P), evaporação
(E) e umidade relativa do ar (UR) em diferentes municípios do Tocantins (1961–1990).
T P E UR
Estação
(ºC) (mm) (mm) (%)
Conceição do Araguaia 25,7 1.754 1.090 85
Peixe 25,6 1.722 1.592 73
Porto Nacional 26,1 1.667 1.740 72
Taguatinga 24,5 1.665 1.772 67
Paranã 25,0 1.329 1.366 70
Carolina 26,2 1.718 1.678 72
Imperatriz 26,4 1.463 1.460 74
Fonte: Inmet (1992).
Tabela 4. Normais climatológicas de temperatura média mensal (T), precipitação pluvial (P), evaporação
(E) e umidade relativa do ar (UR) no município de Presidente Figueiredo, AM.
T P E(1) UR
Estação
(ºC) (mm) (mm) (%)
Presidente Figueiredo, AM 25,5 2.000-2.500 1.968 85
(1)
Média estimada pelo método de Blaney-Criddle.
A Tabela 5 mostra médias das normais cli- Conforme Larcher (1986), nos vegetais das
matológicas, como temperatura média regiões tropicais, o crescimento só acon-
mensal, precipitação pluviométrica, evapo- tece a partir dos 12 oC a 15 oC, sendo que
transpiração de referência e umidade relati- a temperatura ótima na qual se verifica o
va do ar, em Belém, PA, observando-se que alongamento dos rebentos situa-se entre
as médias de temperatura, precipitação,
30 °C e 40 oC. Portanto, na Amazônia, as
evapotranspiração e umidade relativa do
ar elevadas caracterizam um clima quente condições de temperaturas e de precipi-
e chuvoso. tações elevadas conduzem à obtenção de
boas taxas de fotossíntese e de respiração,
O Pará também apresentou uma elevada
favorecendo a germinação das sementes e
temperatura, precipitação e umidade re-
lativa do ar, que promove o rápido cresci- o desenvolvimento radicular, bem como o
mento vegetal, determinando assim que as crescimento e o desenvolvimento das es-
plantas recebam boas doses de nutrientes pécies, promovendo a manutenção de ca-
para atender a suas necessidades. deias vivas na exuberante Floresta Tropical.
Tabela 5. Normais climatológicas de temperatura média mensal (T), precipitação pluvial (P), evaporação
(E) e umidade relativa do ar (UR) no município de Belém, PA.
T P E(1) UR
Estação
(ºC) (mm) (mm) (%)
Belém, PA 25,9 2.761,6 734,9 86
(1)
Média estimada pelo método de Blaney-Criddle.
Fonte: Inmet (1992).
CAPÍTULO 2
Caracterização das condições 37
climáticas na Amazônia
Figura 1. Esquematização do ciclo de água na Floresta Tropical da Amazônia: precipitação pluvial (A); escoa-
mento superficial (B), armazenamento (C); evapotranspiração (D); condensação (E).
O carbonato (CO32-), igualmente aos fosfa- de água, processo este cuja intensidade e
tos (PO43-), cromatos (CrO42-), sulfetos e hi- eficiência máxima dependem do conteúdo
dróxidos e óxidos metálicos se encontram adequado de umidade nas células dos teci-
entre os compostos insolúveis em água. A dos foliares (Denisen, 1987).
baixa solubilidade em água do carbonato
contido no calcário, por exemplo, faz com Existem diferentes limites de água no solo,
que esse produto tenha que ser bem dis- para que os vegetais se desenvolvam. De
tribuído e incorporado no solo durante as um lado, solos de textura média e os are-
operações de aração e gradagem, de forma nosos apresentam percolação intensa de
a se obter a neutralização do alumínio (al) e água e a remoção de grandes quantidades
do hidrogênio (H) do solo. de nutrientes, prejudicando o desenvol-
vimento regular das plantas. Por outro, a
Tanto a absorção e a translocação de nu- água em excesso, nos solos de várzea e de
trientes, quanto a distribuição dos fo- igapó, limita a quantidade de oxigênio para
tossintatos – no interior dos vegetais – as raízes. Entretanto, as espécies vegetais
dependem, exclusivamente, da água. de várzea e de igapó possuem mecanismos
Da mesma forma, a elongação celular, o de tolerância a esse tipo de estresse.
efeito dilatador sobre a parede celular e
sobre as membranas celulares dependem A enorme disponibilidade de água no Tró-
do incremento do teor de água nas célu- pico Amazônico exerce papel fundamental
las, graças à pressão de turgescência que na adaptação, na reprodução, na multi-
esse líquido exerce (Larcher, 1986). Além do plicação e na distribuição das diversas es-
mais, a fotossíntese não poderia cumprir pécies da flora, com algumas adaptadas a
deu papel sem quantidades consideráveis viver em locais extremamente úmidos, ca-
FLORICULTURA TROPICAL
42 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Capítulo 3 Introdução
Características Conhecer o solo é sempre muito importan-
te. Neste capítulo, são abordadas as carac-
físico-químicas dos terísticas principais dos solos em relação
à produção e como é possível melhorar as
principais solos na condições para cultivo de flores e plantas
ornamentais nas regiões tropicais, desde a
Amazônia classificação e a gênese dos solos até sua
composição físico-química.
Jorge Federico Orellana Segovia Na agricultura, o solo é um conjunto de
Jorge Breno Palheta Orellana substâncias orgânicas e inorgânicas que
Luis Isamu Barros Kanzaki permite o crescimento e a produção de es-
pécies vegetais úteis ao ser humano e/ou à
criação de animais.
O solo é composto por partes sólidas, líqui-
das e gasosas em estado dinâmico, con-
tendo organismos vivos (bactérias, fungos,
minhocas e diversos insetos), onde ocorre
uma série de reações entre a fase sólida, a
solução do solo e a planta.
Nele, ocorre uma série de fenômenos entre
as substâncias químicas existentes, como a
quebra e formação de suas ligações, dando
origem a novas substâncias e compostos.
A camada de solo que pode ser cultivada
constitui-se num reservatório composto
por uma mistura de materiais sólidos, como
a matéria orgânica e as partículas minerais,
e uma parte porosa que contém água e ar.
A Figura 1 mostra restos vegetais em de-
composição sobre um Latossolo de textu-
ra média. Nesse caso, a formação do solo é
considerada um processo dinâmico, ope-
rando, continuamente, sobre as rochas por
meio de ações físicas, químicas e biológicas.
No desenvolvimento do ecossistema e na
formação do solo, além dos agentes intem-
péricos – como o calor do sol e a ação físico-
-química da água – também é igualmente
FLORICULTURA TROPICAL
44 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
A B
C D
E F
Figura 3. Decomposição de restos de material vegetal senescente pelos fungos: Phallus indusiatus Vent. (A);
Trametes modesta (Kunze ex Fr.) (B); Trametes elegans (Spreng.) (C); Leucocoprinus brunneoluteus Capelari &
Gimenes (D); Favolus tenuiculus P. Beauv. (E); e mixomicetos (F).
Deve-se salientar que boa parte dos depó- ção, erosão e concentração – em tempos
sitos minerais, embora relacionados a ro- mais recentes, do Terciário (65 milhões até
chas pré-cambrianas, foi formada por meio 1 milhão de anos) ao Quaternário (1 milhão
de processos de enriquecimento – lateriza- e 600 mil anos e o presente) (Santos, 2002).
CAPÍTULO 3
Características físico-químicas 47
dos principais solos na Amazônia
Latossolo Vermelho
Os Latossolos Vermelhos (Figura 8) estão
localizados em relevo ondulado e de plu-
viosidade elevada, apresentando estádio
avançado de intemperização e processo in-
tenso de lixiviação (Vieira, 1988). São solos
minerais de profundos a muito profundos
(superiores a 2 m), com sequência de hori-
zontes A-Bw-C pouco diferenciados. Con-
Figura 6. Perfil de Latossolo Amarelo, sob cobertura tudo, o horizonte A é ócrico e o horizonte
vegetal de Cerrado. B é argílico, mas de baixa atividade. Podem
CAPÍTULO 3
Características físico-químicas 51
dos principais solos na Amazônia
(Figura 12), cuja coloração reflete as condi- realiza conforme a oscilação do lençol freá-
ções de restrição de drenagem. tico em decorrência do efeito das marés,
conduzindo ao aparecimento de mosquea-
dos avermelhados no perfil (Vieira, 1988).
Foto: Jorge Segovia
Plintossolo
Plintossolos (Figura 13) são solos minerais
hidromórficos, com horizonte plíntico (plin-
tita maior que 15% numa espessura > 15 cm)
com espessura superior a 15 cm e geral-
mente variegada (cores ou tonalidades
variadas) em decorrência dos mosqueados
resultantes de oxirredução dos minerais
Figura 12. Gleissolo Háplico na várzea do Rio Amazo-
de Fe, seja nos 40 cm superficiais, seja em
nas, em Macapá, AP.
profundidades maiores (Vieira, 1988; Prado,
2001).
São solos pouco profundos, com horizon-
tes A, medindo cerca de 50 cm de profun- Esses solos apresentam tonalidade cin-
didade e textura média (branco-amarelada) zenta, indicativa de que, no período seco,
e Bg (restrição de drenagem) com cerca de ocorre redução no perfil com formação de
30 cm a 75 cm de profundidade e de textu- plintitas (Vieira, 1988). São solos constituí-
ra siltosa (cinzentas, azuladas ou esverdea- dos por material mineral, apresentando
das), mal drenados e com aeração deficien- horizonte plíntico ou litoplíntico ou con-
te (Vieira, 1988). crecionário, numa das seguintes condições:
iniciando dentro de 40 cm da superfície ou
Os compostos férricos existentes se redu- iniciando dentro de 200 cm da superfície.
zem a ferrosos (FeO) sob condições anaeró-
bias ou estes se oxidam a férricos (Fe2O3) Os Plintossolos são precedidos de horizon-
sob melhor aeração. Processo este que se te glei, ou imediatamente abaixo do hori-
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54 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Espodossolo
São solos minerais hidromórficos profun-
dos (Figura 14), com horizonte A, horizonte
E álbico (cor clara e com espessura mínima
de 1 cm) e horizonte B espódico (acúmulo
iluvial de material orgânico e óxido de alu-
mínio).
O limite superior do horizonte B espódico é
encontrado a menos de 2 m de profundida-
de e sua base geralmente apresenta-se dura,
compacta e pouco permeável (Ortstein).
Cor do solo
Estado de fertilidade
do solo
Para conhecer o estado de fertilidade de
um solo a ser cultivado, requer-se uma boa Figura 16. Coleta de solo com auxílio de enxada.
amostragem desse solo, conforme instru-
ções a seguir: Não se devem coletar amostras que alte-
rem os resultados das análises laboratoriais,
• Divide-se o campo em áreas uniformes como coleta em formigueiros, em cupinzei-
em cor, textura, topografia e cultivo an- ros, em acúmulos de resíduos orgânicos
terior. (vegetais ou animais).
• As amostras são coletadas com trados Após misturar as subamostras, retira-se
(Figuras 15 e 16), enxada ou enxadeco, e uma amostra composta de 1 kg, a qual
colocadas num balde. é encaminhada ao laboratório num saco
• Coletam-se 20 subamostras para lotes plástico, que deve ser identificando da se-
uniformes de até 20 ha, na profundida- guinte maneira:
de de 0 cm a 20 cm para culturas anuais. • Nome do proprietário.
E mais 20 subamostras de 21 cm a 40 cm
para culturas permanentes. • Endereço.
FLORICULTURA TROPICAL
56 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
pH Al (cmolc/dm3) m (%)
<5 Acidez elevada 0 a 0,3 Baixo 0 a 20 Baixa
5,0 a 5,9 Acidez média 0,4 a 1 Médio 21 a 40 Média
6,0 a 6,9 Acidez fraca >1 Alto > 40 Alta
K (cmolc/dm3) CTC (cmolc/dm3) MO (g/ dm3)
< 0,11 Baixo 0 a 4,5 Baixa 0 a 15 Baixa
0,11 a 0,38 Médio 4,6 a 10 Média 16 a 30 Média
>0,38 Alto > 10 Alta > 30 Alta
Ca + Mg (cmolc/dm ) 3
V(%) P (mg/ dm ) 3
Portanto, nessas plantas tolerantes, há au- Para a maioria dos cultivos tradicionais os
mento da atividade da enzima sintetase do altos teores de Al são tóxicos, bem como na
citrato, a qual catalisa a biossíntese do ácido reação com a água, promovendo a libera-
cítrico. Com isso, essas espécies atenuam ção de íons de hidrogênio no ambiente e
os efeitos negativos do Al, permitindo que tornando os solos mais ácidos.
CAPÍTULO 3
Características físico-químicas 59
dos principais solos na Amazônia
Teores médios a elevados de Al promovem esses solos são considerados de baixa fer-
grande fixação do P disponível, tanto no tilidade natural.
solo como no interior da planta. Com a fixa-
ção do P, em decorrência das elevadas con- A Tabela 16 mostra o resultado da análise fí-
centrações de Al no solo, ocorre a formação sico-química de um Argissolo sob ecossiste-
de plantas nanicas, com folhas, raízes, cau- ma de Floresta de Terra Firme no Acre, onde
les e inflorescências pequenos, retardando pode ser observada a ocorrência de solos va-
o crescimento, a floração e a frutificação de riando de textura arenosa a siltosa, apresen-
diversas espécies. tando uma acidez elevada e teores elevados
de Al. Os teores de K, de P e matéria orgânica
As Tabelas 6 a 8 mostram as características são considerados baixos, e os de Ca e Mg são
físico-químicas de Latossolos sob cobertu- considerados de médios a elevados.
ra de ecossistema de Cerrado do Amapá, de
Roraima e do Tocantins. As Tabelas 17 e 18 mostram que as várzeas
amapaenses e paraenses apresentam Gleis-
Em geral, observa-se que esses Latossolos solo Háplico predominantemente siltosos
Amarelos apresentaram acidez de média a localizados apenas numa faixa estreita ao
elevada, associada principalmente a teores longo do Rio Amazonas e seus afluentes,
médios de Al e a solos de textura entre mé- apresentando fertilidade de média a eleva-
dia e argilosa. Apresentam também teores da. Seus teores de Al são baixos, em decor-
de K, Ca, Mg, P e de matéria orgânica bai- rência das baixas concentrações de argila.
xos, portanto, de baixa fertilidade natural. Entretanto, os teores de silte são elevadís-
simos, conduzindo, dado o maior tamanho
As Tabelas de 9 a 14 mostram as caracterís- dessa partícula em relação à argila, à maior
ticas físico-químicas de Latossolos Amare- disponibilidade de água e nutrientes para
los e Latossolos Vermelhos de ecossistema as plantas. Ou seja, esse mineral promove
de Floresta de Terra Firme dos estados do maior capacidade de troca de cátions no
Amapá, Amazonas, Pará e Acre. Os dados solo. Essa atividade do silte é potencializa-
mostram que esses Latossolos apresentam da pelos teores médios na concentração de
acidez elevada, acarretando em baixa dis- K, teores elevados de Ca e de Mg e os teores
ponibilidade de N, P, K, Ca, Mg, S, B e Mo. de médios a elevados de P.
Geralmente, ainda se observam teores mé-
dios a elevados de Al, associados a uma A Tabela 19 mostra a análise físico-química
textura de média a argilosa dos solos, o que de um Gleissolo sob ecossistema de Várzea,
conduz à fixação de P e sua indisponibilida- em Roraima. Os resultados mostram acidez
de às culturas. Os teores de K, Ca, Mg, P e de elevada, teor de Al médio e teores de K, Ca,
matéria orgânica são baixos, um indicativo Mg, P e de matéria orgânica baixos, indican-
de sua baixa fertilidade. do a baixa fertilidade desse ecossistema e
sua acidez extrema.
A Tabela 15 mostra o resultado da análise
físico-química de Latossolo Amarelo sob Cabe salientar que a fertilização natural das
ecossistema de Floresta de Terra Firme no várzeas amapaenses e paraenses é uma
Pará, onde pode ser observada a ocorrência constante. Esse fato está associado ao fenô-
de solos de textura arenosa, apresentando meno da colmatagem, o qual consiste no
acidez média e teores baixos de Al. Os teo- depósito de coloides minerais e orgânicos
res de K, Ca, Mg e P são baixos. Portanto, nas terras baixas localizadas ao longo do
60
Tabela 6. Análise físico-química de diferentes áreas com Latossolo Amarelo sob ecossistemas de Cerrado, no Amapá.
Tabela 7. Análise físico-química de diferentes áreas com Latossolo Amarelo sob ecossistemas de Cerrado, em Roraima.
Tabela 8. Análise físico-química de diferentes áreas com Latossolo Amarelo sob ecossistemas de Cerrado, no Tocantins.
Rio Negro
dos principais solos na Amazônia
Aparecida do
4,98 0,11 2,76 0,0 5,52 2,9 25,9 21 45 37
Rio Negro
Dianópolis 5,08 0,18 2,03 0,0 0,99 0,9 1,8 11 61 28
Tabela 9. Análise físico-química de diferentes áreas com Latossolo Amarelo sob ecossistemas de Floresta de Terra-Firme, no Amapá.
Tabela 11. Análise físico-química de diferentes áreas com Latossolo Vermelho sob ecossistemas de Floresta de Terra Firme, no Amazonas.
Tabela 12. Análise físico-química de diferentes áreas com Latossolo Amarelo sob ecossistemas de Floresta de Terra Firme, no Amazonas.
Local
H2O (cmolc/dm3) (cmolc/dm3) (cmolc/dm3) (cmolc/dm3) (mg/dm3) (g/dm3) (%) (%) (%)
Castanhal 4,6 0,03 1,1 0,5 - 3 2,03 9 81 10
Características físico-químicas
dos principais solos na Amazônia
Tabela 14. Análise físico-química de diferentes áreas com Latossolo Amarelo sob ecossistema de Floresta de Terra Firme, no Acre.
Tabela 15. Análise físico-química de diferentes áreas com Latossolo Amarelo sob ecossistema de Floresta de Terra Firme, no Pará.
Tabela 17. Análise físico-química de diferentes áreas com Gleissolo Háplico sob ecossistema de Várzea, no Amapá.
Tabela 18. Análise físico-química de diferentes áreas com Gleissolo Háplico sob ecossistema de Várzea, no Pará.
Argila
(%)
aumentando, naturalmente, a fertilidade
-
dessas terras.
Areia
(%) Entretanto, nos solos das várzeas do Ama-
- pá e do Pará, a drenagem é deficiente, prin-
cipalmente no período chuvoso, quando
Silte
(%)
3,2
Considerações finais
(cmolc/dm3)
3,8
Tabela 20. Análise química de um Latossolo Amarelo sob ecossistema de Cerrado, no Amapá.
paisagismo em regiões tropicais. Ela tor- PRADO, H. do. Solos do Brasil: gênese, morfologia,
na-se uma ferramenta da maior relevância, classificação e levantamento. 2. ed. Piracicaba: Esalq,
2001. 220 p.
desde o planejamento da instalação até a
manutenção das diversas espécies de flores RICH, C. I.; THOMAS, B. W. The clay fraction of soils.
Advances in Agronomy, v. 12, p. 1-39, 1960. DOI:
e plantas ornamentais. Torna possível o uso 10.1016/S0065-2113(08)60080-2.
de práticas de manejo racional associado
RODRIGUES, T. E.; OLIVEIRA JUNIOR, R. C. de;
ao desenvolvimento de um programa de SANTOS, P. L. dos; SILVA, P. R. da. Caracterização e
calagem e adubação mais eficientes, e o classificação de solos do município de Presidente
uso de corretivos e fertilizantes minerais e/ Figueiredo, Estado do Acre. Belém, PA: Embrapa
ou orgânicos, que possibilitarão o desen- Amazônia Oriental, 2001. 49 p. (Embrapa Amazônia
Oriental. Documentos, 123).
volvimento de um monitoramento com
avaliação de mudanças dos nutrientes no RODRIGUES, T. E.; GAMA, J. R. N. F.; SILVA, J. M. L.
da; VALENTE, M. A.; SANTOS, E. da S.; ROLIM, P.
solo, podendo possibilitar o aumento da in-
A. M. Caracterização e classificação de solos
tensidade de cultivo de forma sustentável, do município de Plácido de Castro, Estado
evitar gastos exorbitantes ou desnecessá- do Amazonas. Belém, PA: Embrapa Amazônia
rios e ajudar a manter uma boa produtivi- Oriental, 2003. 51 p. (Embrapa Amazônia Oriental.
Documentos, 160).
dade do solo ao longo dos anos.
SANTOS, H. G. dos; JACOMINE, P. K. T.; ANJOS, L. H. C.
dos; OLIVEIRA, V. A. de; OLIVEIRA, J. B. de; COELHO,
Referências M. R.; LUMBRERAS, J. F.; CUNHA, T. J. F. (Ed.). Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos. 2. ed. Rio de
ALVES, R. M. M. Produção, acúmulo e exsudação de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. 306 p.
ácidos orgânicos em dois cultivares de arroz (Oriza
sativa L.) submetidos a níveis tóxicos de alumínio. SISTEMA Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília,
2005. 77 f. Dissertação (Mestrado em Fisiologia DF: Embrapa Produção de Informação; Rio de
Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412 p.
Vegetal) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
STARK, N. M.; JORDAN, C. F. Nutrient retention by the
CARDOSO, E. L.; FERNANDES, F. A.; FERNANDES, A. H.
root mat of an Amazonian rain forest. Ecology, v. 59,
B. M. Análise de solos: finalidade e procedimentos de
p. 3, 434-437, 1978.
amostragem. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2009. 5 p.
(Embrapa Pantanal. Comunicado técnico, 79). SWIFT, M. J. Basidiomycetes as components of
forest ecosystems. In: FRANKLAND, J. C.; HEDGER,
DA COSTA, J. B. Caracterização e constituição do J.; SWIFT, M. J. (Ed.). Decomposer basidiomycetes:
solo. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, their biology and ecology. Cambridge: Cambridge
1985. 527 p. University Press, 1982. p. 307-337.
JORDAN, C. F. Soils of the Amazon rainforest. In: VIEIRA, L. S. Manual da ciência do solo: com ênfase
PRANCE, G. T.; LOVEJOY, T. E. (Ed.). Key environments: aos solos tropicais. 2. ed. São Paulo: Agronômica
Amazonia. Oxford: Pergamon Press, 1985. p. 83-94. Ceres, 1988. 464 p.
67
Capítulo 4 Introdução
Princípios de nutrição Em grande parte, o suporte da vida no pla-
neta Terra é dado no processo fundamental
e adubação de da fotossíntese, com a formação das mais
diversas substâncias orgânicas que servem
flores e plantas de base à sustentação da maior parte das
cadeias alimentares.
ornamentais tropicais Assim, se presume que o metabolismo das
plantas depende do suprimento de subs-
Jorge Federico Orellana Segovia
tâncias químicas e da transformação de
energia radiante em energia química arma-
zenada nas ligações de compostos orgâni-
cos, utilizada na síntese de diversos com-
ponentes necessários aos processos físico-
químicos que ocorrem nas células, tecidos
e órgãos, fundamentais ao crescimento e
ao desenvolvimento de raízes, caules, fo-
lhas, flores, frutos e sementes.
As plantas absorvem nutrientes por meio
de numerosos pelos absorventes existen-
tes nas raízes jovens, as quais se renovam
continuamente. Esses pelos segregam sol-
ventes orgânicos como ácido cítrico e ácido
málico, os quais contribuem na solubiliza-
ção de compostos pouco solúveis, como
fosfatos e carbonatos.
Entre os 16 elementos essenciais existen-
tes no ambiente para as plantas, existem
aqueles que são fornecidos pelo ar (carbo-
no, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio) e a
água (hidrogênio e oxigênio), enquanto os
13 restantes são aportados pelo solo. Esses
elementos nutritivos fornecidos pelo solo
classificam-se em macro e em microele-
mentos, dependendo da necessidade das
plantas em absorver grandes ou pequenas
quantidades desses nutrientes.
Como elementos relevantes à nutrição
vegetal, destacam-se o nitrogênio (N),
FLORICULTURA TROPICAL
68 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
sos compostos. Nesse processo, as plantas sultando na liberação de energia para ou-
também precisam da ação do N, do ar e dos tros processos metabólicos e na eliminação
diferentes minerais contidos no solo, como de dióxido de carbono e água.
N, P, K, Ca, Mg, S, boro (B), molibdênio (Mo)
Durante a respiração fisiológica das plantas,
e zinco (Zn).
a reação química entre as substâncias com-
No processo fotossintético, a energia solar é bustíveis com oxigênio, como carboidratos,
transferida através de várias substâncias pre- lipídios ou proteínas, é controlada ao longo
sentes nos cloroplastos que contêm clorofila, de uma cadeia de enzimas que controlam
formando uma cadeia de transporte de elé- parte da oxidação total. Aqui, uma peque-
trons, os quais vão liberando energia grada- na porção de energia transforma-se em
tivamente. Essa energia é aproveitada para calor, mas a maior parte é aproveitada no
transportar hidrogênio (H) iônico de fora aumento da capacidade de crescimento e
para dentro do cloroplasto, formando-se um no desenvolvimento delas.
fluxo de energia mecânica rotatória, a qual
gira internamente, promovendo a formação Nutrição de plantas
de um composto fosfatado (fosforilação), a
partir do composto denominado adenosina A fertilidade de um solo pode ser avaliada
difosfato. Finalmente, no metabolismo das pela riqueza de nutrientes que possui e
plantas, acumula-se a energia proveniente pela capacidade de produção dos cultivos.
da luz solar, formando o composto denomi-
Os nutrientes podem ser de dois tipos: os
nado adenosina tri-fosfato, o ATP.
macronutrientes e os micronutrientes. A
diferença principal entre eles está na quan-
12H2O + 12NADP + 18ADP + 18P - (luz) →
tidade com que são absorvidos pelos vege-
18ATP + 12NADPH2 + 6O2
tais. Geralmente, considera-se que tanto os
macro como os micronutrientes apresen-
Posteriormente, a planta consome a ener-
tam sua essencialidade para que as princi-
gia armazenada para seu crescimento, pais funções celulares ocorram.
assim como para sintetizar diversos fotos-
sintatos, como os carboidratos (açúcares e
amidos), os lipídios (óleos, gorduras e ce- Macronutrientes
ras), os aminoácidos, as proteínas, as vita-
Macronutrientes são os diversos elementos
minas e os hormônios. químicos que um vegetal necessita absor-
ver, em grande quantidade, para sobreviver
Respiração e desenvolver-se. Entre eles há os não mine-
rais como carbono (C), H e O, e os minerais
As plantas obtêm energia para seus pro- como N, P, K, Ca, Mg e S (Houaiss; Villar, 2001).
cessos metabólicos da respiração, a qual
consiste num conjunto de transformações
Micronutrientes
químicas que ocorrem nos organismos vi-
vos, em que o oxigênio é absorvido pelas Micronutrientes são os diversos elementos
células e usado na oxidação de moléculas químicos que um ser vivo necessita absor-
orgânicas (combustão dos alimentos), re- ver em pequena quantidade para sobrevi-
FLORICULTURA TROPICAL
70 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
ver e desenvolver-se, como o B, ferro (Fe), pontes de H, se sustentam sobre uma dupla
Mo, cobre (Cu) e Zn (Houaiss; Villar, 2001). hélice formada pelo açúcar desoxirribose e o
ácido fosfórico.
Funções dos nutrientes O N promove a formação de muitas enzi-
nas plantas mas e da molécula de clorofila (Figura 3),
essencial no processo da fotossíntese.
A seguir, serão mostradas as funções indi-
O N também é componente de diversas vi-
viduais dos principais nutrientes e os sinto-
mas ou efeitos visuais de sua carência, bem taminas como a biotina, tiamina, niacina e
como as principais fontes desses nutrientes. a riboflavina (Malavolta, 1980; White et al.,
1980; Lopes, 1989).
Nitrogênio As plantas deficientes em N apresentam
clorose ou amarelecimento pela deficiência
Este elemento é assimilado pelas plan-
na formação de clorofila (Figuras 4 e 5).
tas como nitrato (NO3-), ureia [(NH2)2CO] e
como amônia (NH3+). Faz parte da compo- Em brássicas, os sintomas de deficiência de
sição (90%) de diversos aminoácidos e pro- N caracterizam-se por tonalidades amare-
teínas, em especial das bases purínicas e las e púrpura nas folhas velhas e nas nervu-
pirimídicas da estrutura do DNA (Figura 2), ras, e pecíolos rosados.
estimulando o crescimento de diferentes
órgãos (Malavolta, 1980; White et al., 1980; Quando se utiliza matéria orgânica (ester-
Lopes, 1989). co, composto ou serragem) que não esteja
decomposta, seja na adubação, seja na co-
Na formação do DNA, as bases nitrogenadas, bertura morta, e não se faz a devida aplica-
tanto purínicas (adenina e guanina) quan- ção de N nas plantas, pode ocorrer clorose
to pirimídicas (citosina e timina) unidas por induzida, em decorrência da competição
por N entre as bactérias nitrificantes e as
plantas, conduzindo a uma clorose carac-
terística da deficiência desse elemento nas
plantas.
A adubação com N pode ser aplicada com
os seguintes produtos comerciais:
• Sulfato de amônio
21% de N amoniacal.
• Ureia
45% de N amídico.
• Salitre do chile
16% de N nítrico.
A B
C D
Figura 4. Vegetais com clorose foliar, característica de deficiência de N em: Arecaceae (A), Zingiberaceae (B),
Heliconiaceae (C) e Orchidaceae (D).
Funciona como catalisador enzimático no ção de flores e frutos e, muitas vezes, apre-
interior da planta, na redução do nitrato sentando floração e maturação retardadas,
para amônia e na redução de nicotinami- produzindo frutos e sementes pequenas
da adenina e fosfato (NADPH) (Malavolta,
(Ritas et al., 1985). As folhas apresentam
1980; White et al., 1980; Lopes, 1989).
coloração verde-avermelhada, púrpura ou
As plantas deficientes de P (Figura 7) apre- bronzeada.
sentam crescimento retardado ou reduzi-
do, com um sistema radicular raquítico, fo- O P pode ser encontrado, comercialmente,
lhas e caules pequenos, limitando a forma- nas seguintes formas:
CAPÍTULO 4
Princípios de nutrição e adubação de 73
flores e plantas ornamentais tropicais
C D
• Superfosfato simples
Foto: Jorge Segovia
18% de P2O5.
• Superfosfato triplo
45% de P2O5.
• Yoin
30% de P2O5.
Figura 6. Nódulos formados por Rizhobium em angi- • Hiperfosfato de Gafsa (43% solúvel a.c.)
co (Anadenanthera peregrina). 29% de P2O5.
FLORICULTURA TROPICAL
74 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
A B
Figura 8. Sintomas visuais da deficiência de K em espécies da família Arecaceae: clorose e necrose das folhas
mais velhas em Sabal bermudana (A); clorose e necrose das folhas mais velhas em Rhapis excelsa (B); e clorose e
necrose das folhas mais velhas em Chamaerops humilis (C).
FLORICULTURA TROPICAL
76 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Fotos: Jorge Segovia
A B
Figura 9. Sintomas visuais da deficiência de K nas espécies: clorose e necrose das folhas mais velhas em Rave-
nala madagascariensis (A); clorose e necrose das folhas mais velhas em Musa acuminata (B); e clorose e necrose
das folhas mais velhas em Dracaena sanderiana (C).
Figura 10. Sintomas visuais da deficiência de Ca: clorose e necrose da extremidade das folhas mais novas de
lança-de-são-jorge (Sansevieria stuckyi God. Leb.) (A); e de bromélia (B).
Figura 11. Clorose e necrose da extremidade de folhas mais novas em: cebolinha (A); e manchas necrosadas no
ápice das folhas novas de bananeira (B) são sintomas visuais da deficiência de Ca.
ção de vários sistemas enzimáticos (Mala- do a partir das margens foliares, enquanto
volta, 1980; White et al., 1980; Lopes, 1989). as nervuras permanecem verdes (Ritas et al.,
1985).
As plantas deficientes em Mg (Figura 13)
apresentam amarelecimento foliar entre as O Mg pode ser encontrado, comercialmen-
nervuras das folhas mais velhas, começan- te, nas seguintes formas:
FLORICULTURA TROPICAL
78 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
• Calcário dolomítico
• Cal hidratada
53% de OHMg.
• Superfosfato simples
28% de OMg.
Enxofre
• Superfosfato simples
12% de SO3.
Figura 13. A clorose internerval e as nervuras verdes
são sintomas visuais da deficiência de Mg em begô-
• Fosfato natural de Gafsa
nias. 36% de SO3.
CAPÍTULO 4
Princípios de nutrição e adubação de 79
flores e plantas ornamentais tropicais
compor em local coberto com sombrite a a desintegração dos restos vegetais, verifi-
80%. ca-se a formação de substâncias húmicas,
o húmus, o qual se constitui em complexos
No período chuvoso, deve-se evitar o en- compostos orgânicos (Bunting, 1971).
charcamento e a lavagem do esterco, usan-
do uma lona plástica. O esterco curtido se A matéria orgânica decomposta é substrato
transforma numa massa escura, de odor de uma série de organismos que a decom-
agradável. põe, convertendo-a em nutrientes orgâni-
cos em formas inorgânicas, como amônio
Os restos vegetais (folhas, gravetos, flo- (NH4+), fosfato (H2PO4-) e sulfato (SO4-). Esse
res, frutos e raízes) ou estercos de animais, fenômeno é denominado de mineralização
quando decompostos, fornecem detritos (matéria orgânica curtida).
à superfície, que são desintegrados pela
digestão de outros organismos como bac- A Tabela 1 contém os valores médios da
térias, protozoários, insetos, vermes e mi- composição do esterco de diferentes ori-
nhocas, representando fontes de matéria gens (bovino, suíno e aves), bem como da
orgânica que servem para melhoria físico- matéria orgânica, da farinha de ossos e de
química dos solos. peixes, do bagaço de cana e da torta de ma-
mona. Observa-se que, em termos nutricio-
Todos os detritos vegetais são compostos nais, na maioria desses produtos, os apor-
de substâncias orgânicas e inorgânicas. tes de N, de P e de K são pequenos, com
Entre os elementos inorgânicos, têm-se Ca, exceção da farinha de ossos, que apresenta
K, Mg, Fe, P e S. A porção orgânica dos de- teores razoáveis de P.
tritos consiste em amidos, açúcares, ácidos
orgânicos, resinas, óleos, lignina, vitaminas A adição de substâncias orgânicas aos so-
e proteínas, compostos estes que contêm los pobres em matéria orgânica melhora
em sua composição C, O, H, P, N e S. Com seu arejamento, regula a velocidade de in-
Figura 15. Cama de aviário sem curtir e materiais vegetais em processo de decomposição.
Fotos: Jorge Segovia
A B
Figura 16. Pilha de compostagem em camadas de material vegetal (A) e composto curtido (B).
O composto estará pronto para ser usado, preta, além de consistência leve e solta.
quando não apresentar cheiro forte, mas Uma vez pronto, seu volume se reduz a um
apenas um cheiro muito suave, não se con- terço em relação ao volume inicial.
seguindo identificar os componentes que
formaram a pilha, como aparas, serragem, Nas condições climáticas da região ama-
folhas e colmos, galhos e outros compo- zônica, esse processo demora, em média,
nentes vegetais. Nessa etapa, conforme os 3 meses. Por isso, os agricultores devem
componentes usados, o composto pode preparar seus adubos orgânicos 3 meses
apresentar coloração marrom-escura ou antes do plantio.
CAPÍTULO 4
Princípios de nutrição e adubação de 83
flores e plantas ornamentais tropicais
Pode-se destacar como vantagens desse desses dados, pode-se determinar que
tipo de adubação: quantidade deverá ser adicionada para se
obter boas produtividades.
• Adiciona matéria orgânica e melhora a
estrutura do solo.
Coleta e preparo das
• Fixa do ar de 100 kg/ha a 125 kg/ha de N. amostras de solo
• Adiciona N ao solo. Devem ser coletadas 20 subamostras em
um balde plástico, com auxílio de uma pá
• Tem ação benéfica sobre a vida das bac-
reta ou de uma enxada, na profundidade
térias nitrificantes no solo.
da terra arável, ou seja, em torno de 20 cm,
• Protege a superfície do solo. as quais devem ser bem misturadas. Dessa
mistura, deve ser tomada uma amostra de
• Permite melhor infiltração da água do 1 kg para enviar ao laboratório. Cada amos-
solo. tra enviada ao laboratório deve representar
uma área uniforme em termos de colora-
A Tabela 2 mostra os valores médios de ção, textura, declive e presença de pedras.
massa verde produzida por diversas legu-
minosas.
Acidez do solo
Análise do solo O grau de acidez do solo é expresso em
termos de pH, uma expressão matemática
A análise do solo serve para identificar que representa a concentração de íons hi-
quais nutrientes estão faltando, e, por meio drogênio (H+) contido na solução do solo.
Soma de bases
A capacidade de troca de cátions (CTC), V1 = saturação por bases atual do solo (%)
também conhecida como capacidade de (fornecido na análise).
troca de cátions potencial do solo, é de- PRNT = poder relativo de neutralização to-
nominada como a quantidade de cátions tal (%) (parâmetro relativo à granulometria
absorvida a pH 7,0. Sob o ponto de vista e à quantidade de neutralizantes do calcá-
prático, é o nível da CTC de um solo que se- rio).
ria atingido, caso a calagem fosse feita para
elevar o pH a 7,0.
Distribuição do calcário
A CTC também é expressa em centimol
de carga por decímetro cúbico de terra Para que haja uma boa distribuição do
(cmolc/dm³). calcário no perfil do solo, deve-se aplicar
a metade da quantidade de calcário reco-
CTC = SB + H+ + Al3+ mendado a lanço e incorporada com o ara-
FLORICULTURA TROPICAL
92 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Continua...
CAPÍTULO 4
Princípios de nutrição e adubação de 93
flores e plantas ornamentais tropicais
Tabela 3. Continuação.
ções estarem baseadas na análise química em duas vezes, aos 30 e aos 44 dias após a
do solo. semeadura1.
As recomendações de adubação foram Como fonte de cálcio e de magnésio so-
adaptadas e modificadas, tomando como lúvel, devem ser aplicadas duas cobertu-
base a quinta aproximação do uso de cor- ras de 20 g de cal hidratada, aos 37 e aos
retivos e fertilizantes da comissão de ferti- 51 dias após a semeadura.
lidade do solo (Ribeiro et al., 1999), as reco-
mendações de adubação e calagem para o Por sua vez, as pulverizações devem ser
estado do Pará (Cravo et al., 2007) e as con- feitas semanalmente, com cal hidratada
dições climáticas da região amazônica. na dosagem de 80 g por 20 L de água. Para
A Tabela 4 contém os fatores de conversão isso, mistura-se a cal com 3 L de água, num
de N, P e K em fertilizantes químicos. balde plástico, esperando-se 1 minuto até
a borra assentar no fundo do balde. Em
As Tabelas 5 a 19, nas seções a seguir, con- seguida, derrama-se a solução dentro do
têm recomendações de nitrogênio (N), pulverizador, tendo-se o cuidado para que
fósforo (P2O5) e de potássio (K2O), para di- a borra não entre no pulverizador, vindo a
ferentes culturas com potencial florístico e entupir o bico.
ornamental. Esses valores devem ser trans-
formados em fontes de adubo comercial.
Para tanto, as recomendações de adubação Adubação de alpínias
devem ser multiplicadas pelos fatores de
A Tabela 6 contém a recomendação de adu-
conversão apresentados na Tabela 4. Cada
produto tem seu fator de correção corres- bação química para alpínias (Figura 18) ba-
pondente. seada na análise físico-química do solo.
Textura do solo
Disponibilidade Argilosa Média Arenosa K2O N
de P ou K P2O5 (kg/ha) (kg/ha)
(kg/ha)
Baixa 80 60 50 70 20
Média 60 50 40 50 20
Alta 40 30 30 30 20
Fonte: Adaptado de Cravo et al. (2005) e Ribeiro et al. (1999)
Foto: Jorge Segovia
Figura 17. Abóboras ornamentais e comestíveis. Figura 18. Alpinia purpurata – variedade cor-de-rosa.
Disponibilidade de P Disponibilidade de K
N
Época Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto
(g/touceira)
P2O5 (g/touceira) K2O (g/touceira)
1º ano 45 20 7 250 110 40 180
2º ano 45 20 7 350 150 50 250
3º ano 45 20 7 400 190 60 300
Fonte: Adaptado de Cravo et al. (2005) e Ribeiro et al. (1999)
CAPÍTULO 4
Princípios de nutrição e adubação de 97
flores e plantas ornamentais tropicais
Adubação do bastão-
Disponibilidade de P Disponibilidade de K
N
Época Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto
(g/touceira)
P2O5 (g/touceira) K2O (g/touceira)
1º ano 45 20 10 300 150 80 100
2º ano 45 20 10 400 200 100 250
3º ano 45 20 10 450 250 120 300
Fonte: Adaptado de Cravo et al. (2005) e Ribeiro et al. (1999)
FLORICULTURA TROPICAL
98 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Época
Teor de nutriente 2º ano em
Plantio 2º mês 6º mês 9º mês 11º mês
diante
Nitrogênio (kg/ha) - 25 25 25 25 100
Fósforo (kg/ha)
Baixo 40 - - - - 40
Médio 30 - - - - 30
Alto 20 - - - - 20
Potássio (kg/ha)
Baixo - - 150 150 150 450
Médio - - 100 100 100 100
Alto - - 50 50 50 150
Fonte: Adaptado de Cravo et al. (2005) e Ribeiro et al. (1999)
CAPÍTULO 4
Princípios de nutrição e adubação de 99
flores e plantas ornamentais tropicais
Disponibilidade de K
trocável
Disponibilidade
Baixo Médio Alto
de P
N - P2O5 - K2 O
(g/planta)
Baixo 2-30-15 2-30-12 2-30-9
Médio 2-20-15 2-20-12 2-20-9
Alto 2-10-15 2-10-12 2-10-9
Figura 20. Bananeiras ornamentais: Musa acuminata Fonte: Adaptado de Cravo et al. (2005) e Ribeiro et al. (1999)
ssp. zebrina (Monyet).
Figura 21. Brássicas ornamentais: brócolis roxo (Brassica oleraceae L. var. italica) (A); repolho ornamental
(Brasica oleraceae L. var. capitata) (B).
FLORICULTURA TROPICAL
100 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Época
Disponibilidade de
P ou K 2º mês após 6º mês após 9º mês após
transplante transplante transplante
Nitrogênio (kg/ha) 75 85 90
Fósforo (kg/ha)
Baixo 50 - -
Médio 40 - -
Alto 30 - -
Potássio (kg/ha)
Baixo 50 60 70
Médio 40 50 60
Alto 30 40 50
Fonte: Adaptado de Cravo et al. (2005) e Ribeiro et al. (1999)
Fotos: Jorge Segovia
A B
Disponibilidade de P Disponibilidade de K
N
Época Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto
(g/touceira)
P2O5 (g/touceira) K2O (g/touceira)
1º ano 45 20 7 300 120 40 150
2º ano 45 20 7 400 170 60 250
3º ano 45 20 7 450 190 70 300
Fonte: Adaptado de Cravo et al. (2005) e Ribeiro et al. (1999)
FLORICULTURA TROPICAL
102 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Adubação para gramados aos 60, 120,180, após plantio, bem como
pulverizações mensais com cal hidratada
A Tabela 13 contém recomendação de adu- na proporção de 80 g por 20 L de água.
bação química para gramados (Figura 24),
baseada na análise físico-química do solo.
Tabela 13. Recomendação de adubação quími-
Na adubação de base, devem-se colocar duas ca para gramados.
pás de esterco por metro quadrado, todo o P
Dose total
recomendado; 40% do N e 40% do P. Disponibilidade (kg/ha)
de P e K
Na adubação de cobertura, deve-se aplicar P2O5 K2O N
o restante do N e do K, parcelado em três Baixo 150 220 50
vezes, aos 90, 150 e 240 dias após plantio. Médio 100 150 50
Alto 50 80 50
Adubação de helicônias Fonte: Adaptado de Cravo et al. (2005) e Ribeiro et al. (1999)
Disponibilidade de P Disponibilidade de K
N
Época Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto
(g/touceira)
P2O5 (g/touceira) K2O (g/touceira)
1º ano 40 20 10 200 100 50 150
2º ano 40 20 10 300 150 60 250
3º ano 40 20 10 300 150 60 300
Fonte: Adaptado de Cravo et al. (2005) e Ribeiro et al. (1999)
FLORICULTURA TROPICAL
104 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Disponibilidade de P Disponibilidade de K
N
Época Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto
(g/touceira)
P2O5 (g/touceira) K2O (g/touceira)
1º ano 45 20 10 300 150 30 150
2º ano 45 20 10 450 220 100 250
3º ano 45 20 10 450 220 100 300
Fonte: Adaptado de Cravo et al. (2005) e Ribeiro et al. (1999)
Foto: Jorge Segovia
Adubação de pimenta e
Textura do solo
Disponibilidade Argilosa Média Arenosa K 2O N
de P e de K P2O5 (kg/ha) (kg/ha)
(kg/ha)
Baixa 300 250 200 240 150
Média 240 200 150 180 150
Boa 100 100 100 80 150
Fonte: Adaptado de Cravo et al. (2005) e Ribeiro et al. (1999)
2
Não se devem aplicar adubações de cobertura com
N e K junto com aplicações de cal, pois esses dois
primeiros elementos inibem a absorção de Ca.
CAPÍTULO 4
Princípios de nutrição e adubação de 107
flores e plantas ornamentais tropicais
Textura do solo
Disponibilidade Argilosa Média Arenosa K2O N
de P e de K P2O5 (kg/ha) (kg/ha)
(kg/ha)
Baixa 600 500 400 200 120
Média 500 400 300 150 100
Boa 400 300 200 100 80
Fonte: Adaptado de Cravo et al. (2005) e Ribeiro et al. (1999)
Figura 30. Devem-se evitar queimadas, pois elas causam: emissão de CO2 (A); e degradam o solo e reduzem a
fertilidade (B).
Figura 31. Rotação de culturas com milho quebra o ciclo das pragas e aproveita melhor os nutrientes do solo.
FLORICULTURA TROPICAL
110 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
A
Exemplo de transformação
do potássio
0,04 cmolc/dm3 de K/2,5577 = 0,015639
g/dm3 de K
A seguir, multiplica-se este valor por 1.000, de
forma a transformar esse valor em mg/dm3:
0,015639 g/dm3 × 1.000 =
15,639 mg/dm3 de K
Em seguida, multiplica-se por 2 (2 milhões
de dm3/ha), para transformar em kg/ha de K:
B
15,639 mg/dm3 de K × 2 = 31,278 kg/ha de K
Logo, multiplica-se este valor por 1,20461,
para transformar o valor obtido em kg/ha
de K2O:
31,3278 kg/ha de K × 1,20461 =
37,6779 kg/ha de K2O
Como o cloreto de potássio (KCl) apresen-
ta 60% de K2O, para transformar em kg/ha,
basta resolver a seguinte regra de três:
100 kg de KCl contêm 60 kg de K2O
Figura 32. Cultivo direcionado em curvas de nível X kg de KCl contém 37,6779 kg de K2O
(A); preparo do solo com enxada rotativa em curvas
de nível para reduzir a erosão do solo (B). X = 37,6779 × 100/60 = 62,796 kg/ha de KCl
CAPÍTULO 4
Princípios de nutrição e adubação de 111
flores e plantas ornamentais tropicais
MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; de OLIVEIRA, S. A. e fertilizantes em Minas Gerais. Viçosa, MG:
Avaliação do estado nutricional das plantas. Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas
Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Gerais, 1999. 359 p.
Potassa e do Fosfato, 1989. 201 p.
RITAS, J. L.; MELIDA, J. L. El diagnostico de suelos
PEREIRA NETO, J. T. Gerenciamento de resíduos y plantas: metodos de campo y laboratorio. 4. ed.
sólidos em municípios de pequeno porte. Revista Madrid: Mundi Prensa, 1985. 368 p.
Ciência e Ambiente, n. 18, p. 42-52, 1999.
SILVA-SANCHES, S. S. Cidadania ambiental: novos
PEREIRA NETO, J. T. Manual de compostagem. Belo direitos no Brasil. São Paulo: Humanitas, 2000. 203 p.
Horizonte: Unicef, 1996. 56 p.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Plant physiology. 2nd ed.
PRADO, R. de M.; NATALE, W.; CORRÊA, M. C. de Sunderland: Sinauer, 1998. 792 p.
M.; BRAGHIROLLI, L. F. Efeitos da aplicação de
calcário no desenvolvimento, no estado nutricional VAILATI, J. Agricultura alternativa e
e na produção de matéria seca de mudas de comercialização de produtos naturais. Botucatu:
maracujazeiro. Revista Brasileira de Fruticultura, Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural,
v. 26, n. 1, p. 145-149, 2004. DOI: 10.1590/S0100- 1998. 71 p.
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PRIMAVESI, A. Agricultura sustentável. São Paulo: Paulo: Cempre, 1999. 84 p.
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WHITE, W. C.; COLLINS, D. N. Manual de
RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ, V. fertilizantes. 2. ed. São Paulo: The Fertilizer Institute,
V. H. Recomendações para o uso de corretivos 1980. 229 p.
113
Capítulo 5 Introdução
Multiplicação por A inovação tecnológica na Amazônia vem
fortalecendo o crescimento da floricultura
cultura de tecidos de e da produção de plantas ornamentais tro-
picais, criando boas perspectivas para esse
flores e de plantas segmento do agronegócio na região. Tais
oportunidades ensejam a melhoria da qua-
ornamentais lidade de vida das populações amazônicas,
que têm nas plantas tropicais a matéria-pri-
Arlena Maria Guimarães Gato
ma para gerar emprego e renda. E, nesse
contexto, há necessidade de investimen-
Simone da Silva
tos em tecnologias que possibilitem inserir
Magda Celeste Álvares Gonçalves essa população no mercado de produção
de plantas ornamentais tropicais.
Sobre isso, a ciência contemporânea vem
aprimorando a arquitetura e a floração des-
sas espécies vegetais de forma a conquistar
novos mercados. Tais conquistas podem ser
ensejadas por meio da coleta e introdução
de genes de novas espécies da flora brasi-
leira, assim como por sua multiplicação por
meio de processos biotecnológicos e com
a adoção de sistemas de produção susten-
táveis.
É nesse contexto que o Brasil se destaca
porque possui uma diversidade incompa-
rável de espécies nativas de flores e plan-
tas ornamentais tropicais, como orquídeas,
cactos, bromélias, alpínias e helicônias
Contudo, a maioria dessas espécies é pro-
pagada vegetativamente, resultando, fre-
quentemente, na ocorrência de patógenos,
como: vírus (Figura 1), fungos, nematoides
e bactérias. Esse fato causa perdas conside-
ráveis quanto à quantidade e à qualidade
dos materiais produzidos, ocasionando
contaminação de novas áreas de plantio.
Por sua vez, as bromeliáceas, como os aba-
caxis ornamentais, nativos da flora brasi-
leira, vêm sendo bastante utilizados, não
FLORICULTURA TROPICAL
114 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
A B
Figura 1. Bromélia da espécie Neuregelia eleutheropetala, com lesão virótica na folha transmitida por cochonilhas
Dysmicoccus brevipes (A); e necrose foliar causada pelo fungo Fusarium moniliforme var. subglutinans (B).
CAPÍTULO 5
Multiplicação por cultura de tecidos 115
de flores e de plantas ornamentais
A B
A B
Figura 7. Estufas de climatização: estufa coberta com filme de polietileno transparente aditivado, contra radia-
ção ultravioleta e fechada, lateralmente, com tela branca de náilon (A); estufa com irrigação por nebulização
para controle da temperatura (B).
CAPÍTULO 5
Multiplicação por cultura de tecidos 121
de flores e de plantas ornamentais
• Vidraria – Baquetas de vidro, balões volu- poderão ser utilizados, sempre para ga-
métricos, béqueres, erlenmeyers, frascos rantir a qualidade, entre eles o algodão,
diversos, funis, provetas, pipetas, placas esfagno, faixas de polipropileno, fibra de
de petri e tubos de ensaio. O cumpri- coco curtida, filme plástico transparente,
mento das boas normas de esterilização fita adesiva, fita-crepe, papel-filtro, papel
e higiene desses instrumentos possibili- Kraft, pulverizador manual e vermiculita.
tará o êxito do trabalho e da produção
com segurança, bem como a qualidade
da produção. Fases da micropropagação
• Reagentes – Ácido clorídrico ou sulfúrico, O desenvolvimento de etapas sucessivas é
álcool comercial 96° ou 98°, ágar, gelrite necessário para se obter mudas provenien-
ou phytagel, hidróxido de sódio ou de tes de cultura de tecidos. Em razão de cada
potássio, hipoclorito de sódio (água sani- espécie, essas etapas podem ser:
tária comercial) ou hipoclorito de cálcio
(HTH usado em piscinas), hormônios e • Manutenção de plantas-matrizes.
reguladores de crescimento (AIA, ANA,
• Coleta do material vegetal.
AIB, 2,4-D, 6-BAP, KIN, GA3 e Zeatina), sais
que contêm macronutrientes nitrogênio • Esterilização de explantes.
(N), fósforo (P), potássio (K), enxofre (S),
cálcio (Ca), magnésio (Mg) e ferro (Fe); • Inoculação.
N e S e micronutrientes manganês (Mn),
zinco (Zn), boro (B), cobre (Cu), cloro (Cl), • Germinação.
molibdênio (Mo), cobalto (Co) e iodo (I); • Regeneração da plântula (ou parte dela).
sacarose, glicose ou açúcar-cristal de ori-
gem comercial, vitaminas (tiamina, piri- • Multiplicação.
doxina, ácido nicotínico, mio-inositol, gli-
cina) e soluções tampão para aferimento • Alongamento.
de peagâmetro.
• Enraizamento.
• Armazenamento de água – A água utili-
• Aclimatização.
zada na preparação dos meios de cultura
deve ser destilada e deionizada, e arma-
zenada em recipientes de vidro ou de Explantes
plástico de boa qualidade.
Os explantes são secções de folhas, flo-
• Instrumental – Agulhas, bandejas, bistu- res (pétalas, anteras), sementes (embriões
ris (cabos e lâminas), carrinho para trans- imaturos), raízes, rizomas e mesmo dos
porte de material, cestos de arame para meristemas apicais ou laterais das plantas,
autoclavagem, de vidraria e tubos de en-
constituindo-se nos principais pontos de
saio, estiletes, lamparinas, pinças, picetas
coleta de material vegetal para se iniciar o
e tesouras.
processo de multiplicação in vitro que dará
• Outros materiais – Além dos materiais origem a novas plântulas. A redução do ta-
anteriormente mencionados, outros manho dos explantes é muito próxima do
FLORICULTURA TROPICAL
122 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
• Utilizar pinça (ou alicate) para pressionar • Com um bisturi, separar os brotos da plân-
a semente até que os embriões saiam to- tula que devem ser introduzidos num novo
talmente, colocando-os sobre a cerâmica meio de cultura (MS + 3,0 mg/L de BA).
(Figura 8).
• Em seguida, fechar os frascos, que são ar-
mazenados em sala de crescimento, em
temperatura de 25 °C a 27 °C e 16 horas-
Foto: Arlena Gato
Aclimatização
• Nessa fase, lavar as plantas em água cor-
rente, retirando-se bem todo o meio de
cultura aderido nas raízes e folhas velhas
(aplicar jato leve, para não feri-las).
• Em seguida, acondicionar as plantas em
Figura 8. Retirada do embrião de sementes de substrato para enraizarem, deixando-se
helicônia. aproximadamente 3 cm de distância en-
tre elas.
• Na sequência, armazenar as plantas em
• Em seguida, passar o embrião em álcool
casa de vegetação com sistema de nebu-
70% por mais ou menos 30 segundos.
lização, por 30 dias.
• Na sequência, introduzir um embrião em • Após esse período, transferir as plantas
cada tubo de ensaio contendo meio de
para saquinhos de polietileno contendo
cultura (MS0).
terra e húmus na proporção de 2:1.
• Colocar o embrião sempre na posição • Por último, armazenar as plantas em casa
vertical. de vegetação com sistema de irrigação
• Fechar o tubo de ensaio e passar filme por aspersão.
plástico ao redor da tampa.
• Armazenar os tubos em câmaras BOD ou Inoculação de ápice
em sala de crescimento escura, em tem- floral de helicônia
peratura de 25 °C a 27 °C, por 30 dias.
• Colocar uma flor (Figura 9) sobre a cerâ-
mica.
Multiplicação de plântulas
de helicônias provenientes • Com o auxílio da pinça, segurar a extre-
midade inferior da flor e retirar as brác-
de embriões
teas até chegar aos primórdios florais.
• Com uma pinça, retirar a plântula do tubo Com um bisturi, fazer cortes suaves e iso-
de ensaio, colocando-a sobre a cerâmica. lar os primórdios florais.
FLORICULTURA TROPICAL
126 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Foto: Arlena Gato
Aclimatização
• Nessa etapa, lavar as plantas em água
Figura 10. Preparo para assepsia do primórdio floral. corrente, retirando-se bem todo o meio
CAPÍTULO 5
Multiplicação por cultura de tecidos 127
de flores e de plantas ornamentais
de cultura aderido nas raízes e nas folhas • Enxaguá-las três vezes, sucessivamente,
velhas (aplicar jato leve, para não feri-las). com água destilada e esterilizada.
• Em seguida, introduzir as plantas em
substrato, deixando-se aproximadamen- Inoculação
te 3 cm de distância entre elas.
• Com uma pinça, retirar um ápice caulinar
• Na sequência, armazenar as plantas em do béquer, colocando-o sobre a cerâmi-
casa de vegetação com sistema de nebu- ca e, com um bisturi, reduzir as camadas
lização, por 30 dias. desse ápice caulinar até atingir cerca de
3 cm.
• Após esse período, transferir as plantas
para saquinhos de polietileno contendo • Em seguida, passar o ápice em álcool
terra e húmus na proporção de 2:1. 70%, por aproximadamente 30 segun-
• Por último, armazenar as plantas em casa dos.
de vegetação, em sistema de irrigação • Na sequência, introduzir o ápice em meio
por aspersão. de cultura (MS0).
As plantas produzidas são altamente inte- • Enxaguá-las, três vezes, em água destila-
ressantes para programas de reintrodução da esterilizada.
CAPÍTULO 5
Multiplicação por cultura de tecidos 129
de flores e de plantas ornamentais
Multiplicação Metodologia de
Quando da inoculação, devem-se obedecer micropropagação de
as seguintes instruções:
Ananas erectifolius,
• Em câmara de fluxo laminar, com uma Ananas lucidus e
pinça, separar o material germinado de
cada frasco em cinco partes iguais. Ananas comosus
• Em seguida, introduzir cada parte em Adaptou-se a metodologia de micropro-
novo meio de cultura, para multiplicação pagação descrita por Murashigue e Skoog
(MS + 1 mg/L de BA). (1962), Correia et al. (1999), Garita et al.
(2000), Teixeira et al. (2001), Borges et al.
• Fechar os frascos e armazená-los em sala (2003), Carvalho et al. (2009).
de crescimento, em temperatura de 25 °C
a 27 °C e 16 horas-luz de fotoperíodo Material vegetal
(lâmpada fluorescente luz do dia) por
30 dias. • Como explantes, utilizar gemas axilares.
Aclimatização Esterilização
Para promover a aclimatização, devem-se • Coletar a planta inteira no campo e reti-
observar as seguintes instruções: rar as folhas (deixando o caule exposto),
FLORICULTURA TROPICAL
130 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Inoculação
Como proceder à inoculação propriamente Figura 13. Introdução das gemas em meio de cultura.
dita:
• Fechar o frasco e passar o filme plástico
• Colocar uma gema sobre a cerâmica e,
ao redor da tampa (Figura 14).
com o auxílio de um bisturi e de uma
pinça, reduzi-la mais um pouco, limpan- • Armazenar os frascos em sala de cresci-
do ao redor (Figura 12). mento escura, por 40 dias.
CAPÍTULO 5
Multiplicação por cultura de tecidos 131
de flores e de plantas ornamentais
maneira:
• Lavar as plantas em água corrente, re-
tirando-se bem todo o meio de cultura
aderido nas raízes e folhas velhas (usar
jato leve para não feri-las).
• Plantar as bananeiras em substrato.
• Armazenar as plantas em casa de vege-
tação com sistema de nebulização (regu-
Figura 15. Separação das brotações com o auxílio de lada para nebulização de 10 segundos a
uma pinça e de um bisturi. cada 5 minutos), por 20 dias.
FLORICULTURA TROPICAL
132 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Referências
ALLOUFA, M. A. I.; MACÊDO, C. E. C. de; BARROSO,
P. A. V.; BARBALHO, A. D.; OLIVEIRA, C. H. B. de.
Avaliação de dois agentes antioxidantes no
estabelecimento in vitro de inflorescências de
bananeira (Musa spp). Ciência e Agrotecnologia,
Capítulo 6 Introdução
Viveiro para Na Amazônia, a falta de mudas seleciona-
das – à disposição dos produtores – tem
produção de mudas sido um dos maiores entraves no desen-
volvimento da produção de flores e plantas
de flores e plantas ornamentais.
Viveiro
Viveiro é o local onde as mudas são produ-
zidas, dispostas de forma regular, abrigadas
em ambiente favorável, observados os cri-
térios técnicos de instalação, visando obter
material botânico de qualidade para ser
plantado em local definitivo.
Viveiro aramado e
cobertura de sombrite
Esse tipo de viveiro usa o sombrite sobre
uma estrutura de madeira aramada, o que
resulta numa estrutura mais leve e durável e
em maior relação custo-benefício (Figura 1).
Uma vez comparado aos demais tipos, o
viveiro aramado coberto com sombrite
FLORICULTURA TROPICAL
136 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
apresenta algumas vantagens, descritas a por sua utilização em longo prazo (durabili-
seguir. dade) e pela facilidade de instalação.
Estrutura
Os pilares em madeira-de-lei ou de concre-
to oferecem a sustentação necessária, são
de fácil aquisição no mercado, além de boa
durabilidade.
Aramado
Foto: Antônio Carlos Pereira Góes
A sustentação do sombrite é feita sobre
uma armação de arame liso galvanizado
apoiado sobre os esteios e tensionados li-
nha a linha, até os esticadores que ficam
dispostos em todas as laterais do viveiro, a
cada 4 m.
O arame é configurado longitudinalmen-
Figura 1. Viveiro de mudas com esteios de madeira, te, perpendicular e transversal (Figura 3),
com cobertura de sombrite preto. apoiando o sombrite e o sistema de irriga-
ção.
Cobertura
Além da durabilidade e da praticidade da
A cobertura com sombrite de polietileno instalação, esse modo de sustentação ga-
(Figura 2) regula a intensidade de luz ho- rante menor custo em relação à madeira.
mogeneamente através de toda a área do
viveiro; seu custo de instalação pode ser ini-
cialmente um pouco maior, mas compensa Foto: Jorge Segovia
Foto: Antônio Carlos Pereira Góes
Figura 2. Viveiro de mudas com pilares de concreto, Figura 3. Armação de arame liso galvanizado estica-
com cobertura de sombrite preto. da sobre mourões.
CAPÍTULO 6
Viveiro para produção de mudas 137
de flores e plantas ornamentais
Figura 4. Planta-baixa de
um viveiro de mudas.
FLORICULTURA TROPICAL
138 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Declividade do terreno
A inclinação ideal do terreno é de 1% a 2%
(cai 1 m a 2 m em 100 m de lançante), de-
vendo-se evitar declives superiores a 4%
(4 m em 100 m de lançante), uma vez que,
Figura 5. Viveiro com quebra-ventos de Ixora
durante uma chuva, a velocidade da enxur- coccinea L.
rada aumentaria, causando erosão, além de
dificultar o acesso e o trânsito de máquinas
e veículos. minor), as tabocas amazônicas (Guadua
weberbaueri e Bambusa spp.); espécies or-
namentais como a Ixória (Ixora coccinea L.),
Solos ou manter uma faixa de vegetação nativa
tangencial ao vento.
Deve-se dar preferência a solos de textura
leve a média, com boa drenagem, evitando- Quando as espécies quebra-ventos utiliza-
se o acúmulo de água, o que pode acarretar das são de porte alto, a proteção vegetal
o excesso de umidade e o aparecimento de deve ficar no mínimo a 10 m de distância,
pragas no viveiro. Em caso de solos argilo- de forma a evitar sombreamento excessivo.
sos, devem-se construir canais de dreno, de
forma a escoar o excesso de água no perío- Dimensionamento
do chuvoso, cujo acumulo acarretaria o sur-
gimento de determinadas doenças. do viveiro
O tamanho do viveiro a ser construído vai
Proteção do vento depender:
• Açaí.
• Castanha-da-amazônia.
• Cupuaçu.
Figura 6. Projeção da aba nas extremidades do vivei-
• Bacaba. ro com esticadores.
• Graviola.
Sistema de irrigação
• Mangaba, etc.
A irrigação de um viveiro pode ser feita de
O pedilúvio (1,0 m x 1,0 m) deve ser assen- diversas formas, desde a irrigação por sul-
tado na entrada principal do viveiro, de cos, passando-se pelo uso de mangueiras,
modo a permitir o controle fitossanitário na regadores, aspersores, nebulizadores, por
circulação de máquinas e de pessoas. gotejamento, etc. Todos esses sistemas
FLORICULTURA TROPICAL
140 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Legalização do viveiro
A garantia de produção de mudas sadias
e vigorosas depende em grande parte da
obtenção de sementes e propágulos pro-
venientes de matrizes saudáveis, robustas
e de comprovada eficiência produtiva, ado-
tando-se técnicas adequadas de semeio,
plantio e condução das mudas.
Com o advento da Lei nº 10.711, de 5 de
Figura 7. Linhas secundárias de irrigação por aspersão. agosto de 2003 (Brasil, 2003), muita coi-
CAPÍTULO 6
Viveiro para produção de mudas 141
de flores e plantas ornamentais
Tabela 1. Materiais, equipamentos e mão de obra necessários para a montagem da estrutura e do sistema
de irrigação do viveiro de mudas
A produção de muda não certificada, com em viveiro coberto com sombrite localiza-
origem genética comprovada, deverá ser do no Campo Experimental da Fazendinha
oriunda de planta básica, planta matriz, da Embrapa Amapá.
jardim clonal, borbulheira ou muda certifi-
cada. Se não houver a comprovada origem
genética, a muda deverá ser produzida a Referências
partir de materiais previamente avaliados BRASIL. Lei nº 10.711 de 5 de agosto de 2003. Dispõe
e atender a regras específicas estabelecidas sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas e dá
outras providências. Diário Oficial da União, 6 ago. 2003.
em normas complementares.
TRUJILLO NAVARRETE, E. Manejo de semillas,
As Figuras 8 e 9 mostram mudas certifica- viveros y plantación inicial. [S.I.]: Centro de
das de musáceas e de arecáceas produzidas Estudios de Trabajo, [198-]. 151 p.
Foto: Antônio Carlos Pereira Góes
Capítulo 7 Introdução
Evolução em Desde meados do século passado, com o
surgimento dos modernos condomínios
paisagismo e verticais, surgiram grandes jardins suspen-
sos sobre concreto, e, assim, a verticaliza-
floricultura tropical ção dos espaços passou a ser um fenômeno
dos grandes centros urbanos, que se trans-
formou na galinha dos ovos de ouro para
Magda Celeste Álvares Gonçalves
o mercado imobiliário. Pelo visto, esse mo-
Jorge Federico Orellana Segovia dismo veio para ficar, para satisfazer a uma
clientela com laços mais familiares, para
quem as residências passam a ter ambiente
propício à criação de espaços verdes.
Contudo, considera-se que essa transfor-
mação urbana nem sempre é acompa-
nhada de projetos paisagísticos com áreas
verdes, formando praças e/ou jardins, onde
possam ser admiradas paisagens compos-
tas pelas mais variadas formas, tamanhos
e matizes (Figura 1), deixando de trazer os
benefícios das árvores e arbustos, como
sombra, infiltração da água no solo e a libe-
ração de oxigênio no ambiente.
A Amazônia é caracterizada por vigorosa e
abundante vegetação rica em formatos e
nuances das cores tropicais que inspiram
arquitetos e paisagistas na criação de pra-
ças, parques e jardins (Figura 2).
Nesse contexto, insere-se a discussão sobre
o potencial econômico que a diversidade
vegetal apresenta no paisagismo regional,
gerando, inclusive, oportunidades de me-
lhorias da qualidade de vida da população
local. É nessa perspectiva que nesses cin-
turões verdes surgem alternativas de gera-
ção de emprego e renda, a partir do cultivo
de plantas e flores tropicais que possibili-
tem a inserção de atividades referentes ao
paisagismo como alternativas para o agro-
negócio na Amazônia.
FLORICULTURA TROPICAL
146 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Foto: Jorge Segovia
Figura 1. Conjunto de jardim formado por espécies arbustivas, herbáceas, circundadas por gramados.
(H. Wendl.) Beetje & J. Dransf.], pata-de- presentes nas praças, jardins e residências
-vaca (Bahuinia forficata Link), entre outras. na região amazônica. É nesse contexto que
Bärtels (2007) descreve as espécies tropi-
Os contrastes obtidos com gramados bem
cais com potencialidades comerciais.
cuidados, combinando as mais diversas
espécies da família Gramineae, como gra- Com base na descrição desse autor, bus-
ma-esmeralda (Wild Zoysia japonica Steud.), ca-se criar ambientes diferenciados para
grama-bermudas (Cynodun dactylun L. os mais diversos gostos, com ampla varie-
Pers.), grama-batatais (Paspalum notatum dade de matizes e formas de flores e folha-
Flügge), grama-são-carlos (Axonopus affi- gem coloridas, cuja elegância contrasta, na
nis Chase) e grama-coreana (Zoysia tenui- maioria das vezes, com a paisagem natural
folia Trin.), as quais se desenvolvem bem às margens de rios e lagos, de praias ou de
em clima tropical e, combinadas às espé- fontes artificiais (espelhos d’água).
cies arbóreas, embelezam praças e jardins
(Figura 4). Tais contrastes evidenciam a Portanto, na apreciação de paisagem, seja
exuberância das plantas e flores tropicais ela voltada ao litoral atlântico ou às mar-
FLORICULTURA TROPICAL
148 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Foto: Jorge Segovia
Figura 4. Tipos de gramados: arecas (Dypsis lutescens) (A) e lacas (Cyrtostachys Lakka), uma combinação perfeita
de espaço e luz para jardins e praças (B).
gens de rios e lagos amazônicos, seja nos e pequenas empresas que cultivam, mes-
maiores centros urbanos da região, a ten- mo que em pequena escala, para fins co-
dência que permeia a moda da arquitetu- merciais. É nessa direção que Duval (2012)
ra e da decoração atual seria o resgate da aponta para a criação de programa espe-
essência da natureza, combinando diver- cífico que contemple a floricultura como
sas espécies vegetais, compondo estratos um dos segmentos do agronegócio com
emergentes de dossel e de sub-bosques. maiores potencialidades de crescimento e
desenvolvimento econômico do mercado
Assim, a Amazônia compõe um universo interno, bem como para exportação. Assim,
de possibilidades e de inspirações esplên-
didas, mesclando culturas, cores e formas
Foto: Jorge Segovia
Figura 8. Arecáceas contrastam na paisagem com grama-amendoim (Arachis repens Handro), grama-esmeralda
e cravos-de-defunto em Macapá, AP.
Figura 10. Conjunto de palmeiras e helicônias Figura 12. Aguapés (Nymphaea amazonum) e cercas
(Heliconia psittacorum) ornamentando fontes colori- de ixora-vermelha (Ixora coccinea L.) contrastando
das em Manaus, AM. com a arquitetura campestre em Barcarena, PA.
FLORICULTURA TROPICAL
152 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
que a natureza proporciona com suas flores universo forma uma combinação de matizes
e plantas ornamentais, desempenhando na beleza das praças e jardins, como mostra a
um papel importante no planejamento, Figura 18, que mostra a espécie palmeira-
no desenvolvimento e na organização da -de-leque (Licuala grandis), a alamandra-
paisagem, possibilitando maior aprovei- -roxa (Allamanda blanchetti A. DC.), com
tamento e fruição de grandes espaços de suas flores amarelo-ouro crescendo sobre
uso coletivo, seja nas zonas rurais, seja nas solo gramado e as helicônias (Heliconia
cidades ou nos lares que abrigam os mais flamingo) no fundo.
diversos tipos de atividades humanas (Figu-
ras 14 a 16), fazendo sombra e produzindo Atualmente, a produção de flores e plantas
frutos e servindo de suporte a vegetais epí- ornamentais tem crescente importância,
fitos e a espécies da fauna como pássaros constituindo-se num dos baluartes dos ne-
(Figura 17) e insetos polinizadores. Todo esse gócios de base agrária, combinando a bele-
za da natureza com a beleza estética, realça-
da em jardins domésticos ou públicos, em
Foto: Jorge Segovia
sos, folhagem e flores pequenas, havendo, Outro grande desafio para a arquitetura re-
muitas vezes, paralisação do crescimento e gional reside na tendência do metabolismo
um período de latência, o qual pode, às ve- das economias urbanas ao longo do perío-
zes, intensificar a mortalidade dos vegetais. do de consumo crescente de material rela-
cionado, a fortalecer as infraestruturas exi-
Algumas espécies vegetais arbóreas e ar- gidas para melhorar as condições de vida
bustivas, como é o caso dos ipês (Tabebuia da população urbana.
serratifolia e T. caraiba), apresentam me-
canismos de proteção contra o deficit Assim, considera-se que o potencial de re-
hídrico, perdendo sua folhagem para ciclagem usado atualmente na Amazônia
reduzir o estresse. Outras, como a sucuúba é escasso, sugerindo que o mercado de re-
(Himatanthus articulatus), apresentam se- ciclagem pode alcançar, no paisagismo, na
rosidade sobre a folhagem que aumenta a floricultura e na jardinagem, importância
refração da luz solar, reduzindo, assim, sua considerável nos próximos anos (Niza; Fer-
transpiração e, consequentemente, o consu- rão, 2006).
mo de água no período de estiagem. Na Figura 32, observam-se os fluxos dos ci-
Deve-se levar em consideração que certos clos de reciclagem de diversos materiais.
fatores ambientais como vento, baixa umi- Estes ciclos de reciclagem são perfeitamente
adaptáveis em paisagismo e em jardinocultu-
dade relativa do ar, longos fotoperíodos em
ra, onde empresas contemporâneas compro-
determinada época do ano e aumento da
metidas com a sustentabilidade planetária
temperatura promovem a intensidade da
promovem o aproveitamento, tanto do lixo
transpiração nos vegetais.
doméstico como do industrial, dando-lhes
Contudo, a oferta excessiva de água – du- uma destinação para os mais diversos usos.
rante a estação chuvosa ou por irrigação –
Como se pode observar à esquerda da figu-
exerce um efeito adverso pela restrição da ra, na entrada direta de materiais, pode-se
aeração do sistema radicular, o que deter- reciclar tanto materiais domésticos, como
mina redução do crescimento das raízes e importados e ainda reaproveitar materiais
área de absorção de nutrientes menor, li- reciclados e reusados.
mitando o crescimento das plantas, o que
resulta em plantas pouco desenvolvidas, As setas maiores, em negro, indicam o fluxo
anãs e pouco vigorosas. da reciclagem destes materiais, partindo de
elementos (componentes) que podem ser
Portanto, projetos paisagísticos que visem recicláveis, passando desta forma a aumen-
à implantação de áreas com jardins devem tar a taxa de utilização de produtos reusa-
priorizar a implantação de sistemas de irri- dos no processamento de materiais de uso
gação que permitam compensar o deficit de doméstico, reduzindo consequentemente
água dos períodos secos prolongados e dos o acumulo de lixo descartável no ambiente.
veranicos, com quantidades suficientes de Desta forma, se obtém a geração de novos
água que permitam não somente a sobre- produtos de uso domésticos e/ou compo-
vivência das radículas superficiais, mas tam- nentes de exportação. Neste processo, pode
bém das raízes mais profundas, permitindo ocorrer a emissão de materiais usados, ou
a exploração de um volume de solo maior. seja, o material excedente que não é utili-
FLORICULTURA TROPICAL
160 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Figura 32. Ciclos de matéria nos processos produtivos sustentáveis. EDM = entrada direta de materiais; TUP-
Ru = taxa de utilização de produtos reusados; PMUD = processamento de materiais de uso doméstico; DM =
descarte de materiais usados; TUM = tempo de utilização do material; TRP = taxa de reciclagem de produtos.
Fonte: Adaptado de Hashimoto e MoriguchI (2004).
zado no processo, os quais são descartados tos de uso domésticos e/ou componentes
para o meio ambiente (ar, água e/ou terra). de exportação. Desta forma, observa-se uma
tendência de aumento no tempo de utiliza-
As setas menores, em negro, indicam fluxos ção de material.
que os novos produtos de uso domésticos
e/ou componentes de exportação, ao final A nova tendência durante o Processamento
do tempo de utilização do material, podem de Materiais de Uso Doméstico (PMUD) é o
também ser reciclados e gerar novos produ- aumento das Taxas de Utilização de Produ-
CAPÍTULO 7
Evolução em paisagismo 161
e floricultura tropical
tos Reusados (TUPRu). Isso em virtude dos do-se um meio de vida para uma camada
danos ecológicos causados pela Emissão pobre da população. Essa mudança de ten-
de Materiais Usados (EUM) no ambiente, os dência é um reflexo de cunho econômico,
quais vêm se tornando uma problemática que casualmente contribui na questão da
mundial. sustentabilidade ambiental na jardino-
cultura, mas que em grande escala irá de-
A Entrada Direta de Materiais (EDM) no pro- mandar conhecimento técnico para virar
cesso pode ser tanto de recursos domésti- empreendimentos de real impacto na re-
cos como de importados. Entretanto, hoje dução do acúmulo de detritos domésticos
entram nesse formato final materiais reusa- e industriais poluentes, e na promoção da
dos ou reciclados. Assim, parte do problema sustentabilidade nas cidades.
vem sendo contornado, seja pelo aumento
do Tempo de Utilização do Material (TUM), Como exemplo, pode-se citar o reúso de
seja pelo aumento da Taxa de Reciclagem pneus em projetos paisagísticos, substi-
de Produtos (TRP). tuindo um conjunto de vasos de plantas
ornamentais, dando a sensação de um es-
Portanto, a tônica mundial, inclusive no Brasil, paço maior e mais alto, que contrasta com
vem com foco em estados como Minas Ge- cores vibrantes na decoração com plantas
rais, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande arbustivas; contrapondo com o piso, com
do Sul no aumento da quantidade de produ- cobertura de herbáceas (Figuras 34 e 35).
tos reusados. Como exemplo, tem-se o reúso
das garrafas pet na fabricação de aquecedo-
Foto: Jorge Segovia
vivos.
Nesse contexto, os empreendimentos,
como aponta Fujiwara (2012), ligados à flo-
ricultura e jardinagem, devem alicerçar-se
numa maior predisposição na busca por
Figura 35. Reúso de pneus contrastando cores vi-
brantes de espécies arbustivas em contraponto com práticas sustentáveis, compartilhando com
a irreverência do tapete verde de amendoim-brabo, a sociedade a aspiração por um desenvolvi-
em Macapá, AP. mento limpo.
CAPÍTULO 7
Evolução em paisagismo 163
e floricultura tropical
Assim, entre os desafios que se enfrentam já são realidade em outras regiões do País,
para a melhoria das condições de vida em proporcionando à população melhor quali-
várias regiões do mundo, um diz respeito dade de vida.
à mudança de atitude dos seres humanos
para com o meio ambiente e sua maneira Assim, a Constituição Federal de 1988 veio
de utilizar os recursos naturais disponíveis. contribuir para que a educação ambiental
brasileira se tornasse uma exigência cons-
No que diz respeito ao crescimento urbano titucional a ser garantida pelos governos
da Amazônia, as políticas públicas munici- federal, estaduais e municipais (Brasil, 1988,
pais e estaduais de desenvolvimento pode- art. 225, § VI). Por isso, as escolas, as univer-
riam buscar, de forma participativa, a sele- sidades e os centros de pesquisa podem ser
ção de áreas para implantação de espaços considerados locais apropriados para for-
verdes em locais de fácil acesso e de boa talecer o planejamento de projetos paisa-
visibilidade, como praças bem arboriza- gísticos, com a geração de conhecimentos
das, jardins e corredores verdes no sistema científicos voltados ao desenvolvimento e
viário (Figura 37), da mesma forma como à proteção do meio ambiente, construin-
Foto: Jorge Segovia
ramente definidos: devem conter parques in- 1,4 milhão de espécies, sendo 250 mil de
fantis, escolas, centros juvenis ou construções plantas. Esses números poderão aumentar,
de uso comunitário, vinculados intimamente à
sensivelmente, ao serem incluídas espécies
vivenda (Silva, 1997, p. 273).
ainda não descritas, embora muitas delas já
tenham sido coletadas e apresentam valor
Diante disso, o Direito Urbanístico passou socioeconômico potencial.
a se preocupar com os espaços verdes nas
cidades, procurando preservar as áreas Segundo estimativas de Prance (1977), Giu-
existentes em detrimento das eventuais lietti e Forero (1990) e Mcneely et al. (1990),
construções. Atualmente, por meio do zo- o Brasil possui uma expressiva biodiversi-
neamento, tenta-se impedir ou reduzir as dade, com estimativas de 55 mil espécies
áreas edificantes, disciplinando os espaços de plantas superiores que representam
e preservando o meio ambiente. É nos pla- 22% do total planetário.
nos diretores das cidades que se procura
disciplinar os espaços para cada tipo de O Brasil possui grande biodiversidade, e,
ocupação, regulando o uso e o parcela- em termos de Amazônia, o número de es-
mento do solo. Procura-se também ampliar pécies consideradas somente são estimati-
esses espaços, criando-se jardins, praças e vas, em razão da magnitude da biodiversi-
cinturões verdes, com o intuito de minimi- dade regional, o que indica a conveniência
zar ou de separar as zonas industriais das de estimularem-se estudos complementa-
zonas residenciais (Sirvinskas, 1998). res para validar as informações existentes,
pois estima-se que, somente em termos da
No dizer de José Afonso da Silva, é impor- flora, devam existir entre 35 mil e 50 mil es-
tante ressalta que “nem toda área urbana pécies de plantas vasculares, sendo muitas
arborizada entra no conceito de área ver- tanto de interesse econômico quanto me-
de”. Assim, o verde, a vegetação, destinada, dicinais, oleaginosas, alimentícias, pestici-
em regra, à recreação e ao lazer, constitui das naturais, fertilizantes e tóxicas (Gentry,
o aspecto básico do conceito, o que sig- 1982; Salati, 1983).
nifica que, onde isso não ocorrer, teremos
arborização, mas não área verde, como é Os expressivos níveis de biodiversidade
o caso de uma avenida ou de uma alame- apresentados pela Amazônia podem ofere-
da arborizada, porque, aqui, a vegetação é cer grande número de oportunidades e de
acessória, ainda que seja muito importante, alternativas socioeconômicas para uso sus-
visto que também cumpre aquela finalida- tentável de sua diversidade. Por sua vez, se
de de equilíbrio ambiental, além de servir encontra um processo de deterioração dos
de ornamentação da paisagem urbana e de ecossistemas amazônicos, com consequen-
sombreamento à via pública (Silva, 1997). te perda dos recursos da biodiversidade e
graves problemas de aculturação, fazendo
desaparecer ou suprimir etnias nativas, com
Plantas tóxicas irremediável perda de seus conhecimentos
tradicionais sobre o manejo de plantas, seu
Em termos globais, Wilson (1988, 1997) es- aproveitamento e utilização.
tima que existam entre 5 e 30 milhões de
espécies de organismos vivos, embora o É de conhecimento geral que, no reino ve-
número atual de espécies descritas seja de getal, as plantas desempenham as mais
FLORICULTURA TROPICAL
172 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
diferentes funções, com graus variados de mental. Isso se refere tanto ao vegetal in-
utilização. teiro como as partes dele, ou ainda, apenas
a substância ativa extraída por processos
As plantas são seres vivos complexos e, como químicos e ministrada pura ou em combi-
tais, apresentam metabolismo extraordi- nações (Hoehne, 1978).
nário, capaz de produzir grande variedade
de substâncias químicas. Algumas dessas Segundo Fernandes (1995), aplica-se o ter-
substâncias – como as proteínas, os lipídios, mo “veneno” para substâncias que por suas
os carboidratos e os ácidos nucleicos – são propriedades naturais, físicas, químicas ou
comuns a todos os seres vivos e usadas no físico-químicas alteram o conjunto orgâ-
crescimento, na reprodução e na manuten- nico em decorrência da sua incompatibili-
ção dos vegetais (Oliveira et al., 2003). dade vital, conduzindo o organismo vivo a
reações biológicas diversas.
Existem as chamadas plantas medicinais
que têm em sua composição elementos que Para indicar o grau de nocividade de uma
propiciam a cura e que são usadas em forma substância por meio de sua ação fisiológica,
de remédio (caseiro ou não) (Guarim Neto, devem-se relacionar o estado, as condições
1996). e a pré-disposição do indivíduo, que po-
dem aumentar ou atenuar os efeitos tóxi-
No entanto, um número elevado de com- cos da substância e a combinação química
postos químicos produzidos pelos vegetais entre elas, determinando efeitos diretos e
serve a outros propósitos. Os pigmentos imediatos, afetando a vitalidade do orga-
(flavonoides, antocianinas e betalaínas) e nismo (Zanini, 1989).
os óleos essenciais (monoterpenos, ses-
quiterpenos e fenilpropanoides) atraem Com base nesse aspecto, a intoxicação ve-
polinizadores, enquanto algumas outras getal pode ser: fulminante – quando cau-
substâncias, como os taninos, lactonas ses- sa a morte do indivíduo; aguda – quando
quiterpênicas, alcaloides e iridoides, além o organismo apresenta defesa e crônica
de apresentarem sabores desagradáveis, – quando o indivíduo apresenta equilíbrio
podem ser tóxicas e irritantes para outros funcional orgânico que inibe a atividade tó-
organismos. Essas substâncias funcionam xica (Lima et al., 1995).
como dissuasórios alimentares e protegem
as plantas contra predadores e patógenos As plantas tóxicas, muitas das quais são
(Oliveira et al., 2003). ornamentais, podem ser encontradas em
jardins, quintais, parques, vasos, praças, ter-
Têm-se então algumas espécies que não renos baldios. Algumas dessas plantas são
produzem propriedades benéficas, e sim bastante conhecidas e bonitas, mas quan-
prejudiciais à saúde humana (Albuquerque, do colocadas na boca ou manipuladas,
1980). São as chamadas plantas tóxicas ou podem causar graves intoxicações, princi-
plantas venenosas. palmente em crianças menores de 5 anos
(Albuquerque, 1980).
Plantas venenosas ou plantas tóxicas são
aquelas que, após contato ou ingestão por Tais plantas têm sido responsáveis por
animais ou por humanos, podem acarretar grande número de casos de intoxicação em
danos que se refletem na saúde ou na vita- humanos e em animais domésticos em di-
lidade, levando a degenerescência física ou versas regiões do Brasil. Em muitos casos,
CAPÍTULO 8
Plantas tóxicas utilizadas como plantas 173
ornamentais em jardinagem e paisagismo
pouco se conhece sobre a estrutura morfo- tigadas em determinada fase do seu cres-
lógica da espécie, assim como o princípio cimento; outras são tóxicas em qualquer
ativo causador da intoxicação. Para o pro- fase. Assim, tanto a espécie da planta como
fissional farmacêutico, essas informações sua fase de desenvolvimento e a estação do
são de suma importância para auxiliar na ano podem ser importantes na determina-
diferenciação entre espécies que também ção do risco (Oreste; Panizza, 1981).
são citadas como plantas medicinais, aro-
máticas, entre outras. As substâncias tóxicas existentes nas plan-
tas são de natureza química de vários tipos,
Atualmente, existem grupos mais ou me- como: alcaloides, glicosídeos, resinas, fe-
nos definidos de acordo com sua utilida- nóis, álcoois, cristais de oxalato e fitotoxinas
de (ornamentais, comestíveis, forrageiras, (Oreste; Panizza, 1981), mas nem sempre a
medicinais, tóxicas, etc.). Os grupos das substância responsável pela intoxicação é
plantas medicinais e tóxicas ocasionalmen- conhecida (Albuquerque, 1980).
te são tomados indistintamente, já que se
tem o pressuposto de conterem princípios O látex de certas plantas e os ráfides (cris-
ativos, que, dependendo da dose, podem tais aciculares de oxalato de cálcio) agem
ser benéficos ou tóxicos para o organismo provocando irritação na mucosa e na pele,
(Barcellos, 2004). o mesmo acontecendo com os pelos urti-
cantes. Há, ainda, plantas responsáveis por
Na realidade, isso é correto, só que o uso acidentes alérgicos, que provocam asma
inadequado das plantas tem causado e se- brônquica, rinite, urticária e dermatite (Al-
gue causando sérios problemas de intoxi- buquerque, 1980).
cação ou de envenenamento; muitas vezes,
esse envenenamento pode ser mortal ao se O princípio tóxico pode ocorrer em todas as
ingerir parte ou partes de plantas altamen- partes da planta, ou concentra-se num ou
te tóxicas, mesmo em doses baixas (Barcel- noutro órgão, principalmente na semente.
los, 2004). A intoxicação aguda por plantas costuma
manifestar-se por distúrbios digestivos,
A cada ano, grande número de crianças como náusea, vômito, cólica abdominal e
ingere plantas potencialmente venenosas. diarreia; distúrbios cardiovasculares, como
Apesar de a maioria não apresentar sinto- taquicardia (alterações do ritmo cardíaco),
mas que exigem internações, algumas são pulso irregular, além de hipotensão (que-
gravemente e até mortalmente envenena- da de pressão arterial), seguida de colapso
das, geralmente, por quantidades muito cardiovascular; distúrbios neuropsíquicos,
pequenas da parte lesiva (folha, fruto, flor, como movimentos incoordenados, pertur-
raiz ou caule) (Oreste; Panizza, 1981). Na re- bações visuais, hiperexcitabilidade, estado
gião Norte, 57% dos casos de acidentes por de agitação, confusão mental e alucinação
plantas tóxicas ocorrem na faixa etária de 1 (Albuquerque, 1980).
a 4 anos (Fundação Oswaldo Cruz, 2000).
A importância do grupo das plantas tóxi-
Algumas plantas só intoxicam se forem cas não está presente só nos riscos que elas
mastigadas ou ingeridas. Outras causam representam, mas também nos benefícios
alergias, inflamações ou lesões de pele. Al- que podem proporcionar, quando se lhe é
gumas são perigosas, se ingeridas ou mas- dado um uso adequado. Muitos dos com-
FLORICULTURA TROPICAL
174 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Praça
Nome Barão Nossa
Nome científico Família Floriano Veiga
vernacular do Rio Bandeira Senhora de Zagury
Peixoto Cabral
Branco Fátima
Agave americana L. Asparagaceae Agave ● ● ●
Agave angustifolia Haw. Asparagaceae Agave ●
Agave sisalana Perrine Asparagaceae Agave ●
ex Engelm.
Allamanda cathartica L. Apocynaceae Alamanda- ● ● ● ●
-amarela,
dedal-de-dama
Alocasia sp. Araceae Tajá ●
Alocasia macrorrhizos Araceae Tajá, taioba ●
(L.) G. Don
Bidens sulphurea (Cav.) Asteraceae Cosmo-amarelo, ●
Sch. Bip. picão
Bougainvillea spectabilis Nyctaginaceae Primavera, ● ●
Willd. buganvile,
três-marias
Caesalpinia pulcherrima Fabaceae Flamboyant- ● ● ● ●
(L.) Sw. -mirim
Caladium lindenii Araceae Brasileira, tajá- ● ● ●
(André) Madison -brasileirinho
Catharanthus roseus (L.) Apocynaceae Vinca, boa-noite ● ●
G. Don
Codiaeum variegatum Euphorbiaceae Cróton, ●
(L.) Rumph. ex A. Juss. folha-imperial
Cordyline terminalis (L.) Asparagaceae Dracena, dracena- ●
Kunth -vermelha
para negócios sustentáveis
Técnicas e inovações
FLORICULTURA TROPICAL
Continua...
Tabela 1. Continuação.
Praça
Nome Barão Nossa
CAPÍTULO 8
A B
A B
A B
Figura 8. Dieffenbachia picta Schott (A); e Philodendron imbe Schott ex Endl (B).
CAPÍTULO 8
Plantas tóxicas utilizadas como plantas 183
ornamentais em jardinagem e paisagismo
Nome científico: Bidens sulphurea (Cav.) Figura 14. Bidens sulphurea (Cav.) Sch. Bip.
Sch. Bip.
Nome vernacular: cosmo-amarelo e picão Nome científico: Bougainvillea spectabilis
Willd.
Família: Asteraceae
Nome vernacular: buganvile, primavera,
Descrição botânica: planta herbácea anual, três-marias
ereta, muito ramificada, originária do Méxi-
co e intensamente disseminada e naturali- Família: Nyctaginaceae
zada no território brasileiro, de 0,8 m a 1,0 m
de altura. Folhas compostas, membraná- Descrição botânica: arbusto lenhoso, espi-
ceas e pilosas. Flores reunidas em capítulos nhento e escandente, nativo do Leste e do
grandes, simples ou dobradas, muito visto- Nordeste do Brasil, de folhas levemente pu-
sas, geralmente de cor alaranjada, surgindo bescentes. Essa espécie foi intensamente
ocasionalmente a variedade de flores ama- melhorada, existindo atualmente em nosso
relas (Figura 14) (Lorenzi; Souza, 2001). país vasta gama de cultivares com formas
bem diferentes da espécie típica. Suas flo-
Parte tóxica: folhas e flores. res são envolvidas por três brácteas visto-
CAPÍTULO 8
Plantas tóxicas utilizadas como plantas 187
ornamentais em jardinagem e paisagismo
sas, simples ou dobradas, de cores vinho, la- nais sobre brotações novas, vermelhas com
ranja, ferrugem, branco e rósea (Figura 15) estames longos, formados principalmente
(Lorenzi; Souza, 2001). no verão e são vistosas e intensamente vi-
sitadas por borboletas (Figura 16) (Lorenzi;
Parte tóxica: folhas e galhos. Souza, 2001).
Sintomatologia: dermatites provocadas por Parte tóxica: folhas, caules, flores, vagens e
irritação mecânica de suas partes. sementes.
Sintomatologia: predominam sintomas
gastrintestinais: náuseas, cólicas abdomi-
Foto: Jorge Segovia
Parte tóxica: todas as partes da planta con- Sintomatologia: a seiva leitosa causa lesão
têm alcaloides indólicos (Winters, 2000). na pele e nas mucosas, edema (inchaço) de
lábios, boca e língua, dor em queimação
Sintomatologia: a ingestão ou o contato e coceira; o contato com os olhos provoca
com o látex pode causar dor em queimação irritação, lacrimejamento, edema das pál-
na boca, além de salivação, náuseas, vômi- pebras e dificuldades de visão; a ingestão
tos intensos, cólicas abdominais, diarreia, pode causar náuseas, vômitos e diarreia.
tonturas e distúrbios cardíacos, que podem Quando ingeridas, as sementes possuem
levar à morte (Winters, 2000). alcaloide, crotina e a capacidade de levar à
morte (Winters, 2000).
Foto: Jorge Segovia
Polinésia, medindo de 1,0 m a 2,5 m de al- Nome científico: Dieffenbachia picta Schott
tura, com folhas coriáceas e espessas. Exis-
tem inúmeras variedades cujas folhas apre- Nome vernacular: comigo-niguém-pode
sentam variação muito grande de cores e Família: Araceae
formas, conhecidas por nomes hortícolas,
com manchas ou listras vermelhas, verdes, Descrição botânica: planta herbácea pere-
acobreadas, róseas ou esbranquiçadas em ne da Colômbia e da Costa Rica, chegando
combinação com o verde; inflorescências a medir de 0,20 m a 2,0 m de altura, com
longas, terminais, com flores não vistosas caule espesso suculento e folhagem orna-
e pouco significativas (Figura 19) (Lorenzi; mental e coriácea, caule tortuoso, folhas
Souza, 2001). oblongo-elípticas ou oblongo-lanceoladas,
verdes, com máculas brancacentas irregu-
Parte tóxica: Folhas. lares. Flores dispostas em espádice, com as
Sintomatologia: pode provocar anemia he- flores masculinas ocupando a porção supe-
molítica. rior da inflorescência. Os frutos são bagas
vermelho-alaranjadas (Figura 20) (Oliveira
et al., 2003).
Foto: Raullyan Borja Lima e Silva
Figura 19. Cordyline terminalis (L.) Kunth Figura 20. Dieffenbachia picta Schott.
FLORICULTURA TROPICAL
190 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Nome científico: Dracena fragrans (L.) Ker Nome científico: Duranta repens L.
Gawl.
Nome vernacular: duranta, violeteira
Nome vernacular: dracena
Família: Verbenaceae
Família: Asparagaceae
Descrição botânica: arbusto lenhoso, obtido
Descrição botânica: arbusto grande, rara- por trabalhos de seleção hortícolas sobre a
mente ramificado e originário da África, espécie típica, chegando a medir de 1,0 m
medindo de 3 m a 6 m de altura, de tronco a 1,5 m de altura, de ramagem densa e or-
colunar, com roseta de folhas ornamentais namental. As folhas são amarelo-douradas,
coriáceas terminais, espigadas, dotado de principalmente as jovens. As inflorescências
inúmeras flores pequenas e perfumadas são longas e pendentes, com flores peque-
(Figura 21) (Lorenzi; Souza, 2001). nas, azul-arroxeadas ou brancas, formadas
no verão. Os frutos são arredondados e ama-
Parte tóxica: folhas e frutos. relo-ouro (Figura 22) (Lorenzi; Souza, 2001).
Sintomatologia: pode provocar anemia he- Parte tóxica: folhas e frutos.
molítica.
Sintomatologia: quando ingeridas, irritam
as mucosas, provocando relaxamento intes-
Foto: Jorge Segovia
Figura 21. Dracena fragrans (L.) Ker Gawl. Figura 22. Duranta repens L.
CAPÍTULO 8
Plantas tóxicas utilizadas como plantas 191
ornamentais em jardinagem e paisagismo
Nome científico: Euphorbia tirucalli L. a pele, provoca lesões que vão desde leve
coceira, passando pela formação de placas
Nome vernacular: aveloz, árvore-de-são-se- avermelhadas até formar flictenas (bolhas
bastião d’água na pele). Além disso, os ésteres de
Família: Euphobiaceae forbol, contidos na planta, são substâncias
que podem promover tumoração (Oliveira
Descrição botânica: arbusto grande, semi- et al., 2003).
lenhoso, medindo de 3 m a 5 m de altura,
lactescente, com inúmeros ramos verdes,
fazer sua substituição, pois nossa flora, ex- sistemático. Belém, PA: Museu Paraense Emílio
tremamente rica, oferece muitas opções de Goeldi, 1993. 207 p.
aproveitamento dessas espécies. Portanto, CAMINHOÁ, J. M. Elementos de botânica geral e
deve ser feito um levantamento do poten- médica. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1884.
cial de uso da flora nativa, selecionando-se COSTA, A. F. Farmacognosia. 2. ed. Lisboa: Fundação
as espécies com potencial de uso em jardi- Calouste Gulbenkian, 1978.
nagem em paisagismo e sem toxicidade. CRUZ, G. L. da. Livro verde das plantas medicinais
industriais do Brasil. Belo Horizonte: Velloso, 1965.
Outra medida de suma importância seria a
866 p.
elaboração de uma cartilha educativa dire-
cionada à população em geral e às escolas FARNAWORTH, N. R.; AKERELE, O.; BRINGEL, A. S.;
SOEJARTO, D. D.; GUI, Z. Medicinal plants in therapy.
de ensino fundamental e médio, informan-
Bulletin World Health Organ, v. 63, n. 6, p. 965-981,
do sobre os riscos que determinadas espé- 1985.
cies vegetais podem oferecer, com base nas
FERNANDES, A. Noções de toxicologia e plantas
orientações segundo Oliveira et al. (2003),
tóxicas. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha,
para evitar acidentes com plantas veneno- 1995. 80 p.
sas, que são:
FIDALGO, O.; BONONI, V. L. R. Técnicas de coleta,
• Alertar a população sobre os riscos do preservação e herborização de material botânico.
uso indiscriminado de plantas em prepa- São Paulo: Instituto de Botânica, 1989. 62 p.
rações de chás. FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Estatística anual de
casos de intoxicação e envenenamento. Rio de
• Instruir os adultos a educarem as crian- Janeiro: Fiocruz/CICT, 2000. p. 19-32.
ças, de modo que elas não usem plantas
GENTRY, A. H. Neotropical floristic diversity:
em suas brincadeiras. phytogeographical connections between central
and south america, pleistocene limatic fluctuations,
• Fornecer aos profissionais de saúde or an accident of the andean orogeny? Annals of
meios práticos e rápidos de identificar the Missouri Botanical Garden, v. 69, n. 3, p. 557-
plantas tóxicas e sintomas causados por 593, 1982.
elas, para que se possam tratar os dife-
GIULIETTI, A.; FORERO, E. “Workshop” Diversidade
rentes casos apropriadamente. taxonômica e padrões de distribuição das
angiospermas brasileiras: introdução. Acta Botânica
Brasílica, v. 4, n. 1, p. 3-10, 1990.
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199
Capítulo 9 Introdução
Mercado de flores e Na avaliação do desempenho da economia
brasileira, o Tribunal de Contas da União
plantas ornamentais (TCU, 2010), fundamentado em dados do
Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), amos-
tropicais tra que, no último século, o Brasil apresen-
tou uma tendência de crescimento do Pro-
Estratégias para o duto Interno Bruto (PIB), indicando, assim,
evolução no bem-estar da população, sen-
desenvolvimento de do que, a partir da implementação do Pla-
arranjos produtivos da no Real, foram criadas as bases para o País
retomar o crescimento sustentável.
floricultura na Amazônia Conforme o Tribunal de Contas da União
(2010), um dos principais fatores de expli-
Jorge Federico Orellana Segovia cação desse crescimento está relacionado à
Magda Celeste Álvares Gonçalves capacidade de investir na economia, em que
Antonio Claudio Almeida de Carvalho a participação da formação bruta de capital
Francisco Nazaré Ribeiro de Almeida
fixo (investimento) no Produto Nacional Bru-
to (PNB) do Brasil, em 2009, foi de 17%.
Os dados do IBGE (2011) também mostram
que o PIB brasileiro cresceu 7,5% em 2010,
atingindo R$ 3,675 trilhões, ou US$ 2,089 tri-
lhões pelo câmbio médio no ano. Também
denotam que o PIB per capita subiu para
R$ 19.016, ou aproximadamente US$ 10.814,
apresentando alta de 6,5%, em volume, em
relação a 2009, que foi de R$ 16.634.
Apesar da atual crise política e econômica
brasileira e mundial, a situação nacional re-
flete tendências na agricultura que prevale-
cem, positivamente, há vários anos, com o
Brasil emergindo como um poder econômi-
co agrário, figurando entre as dez maiores
economias do mundo, com possibilidades
de crescimento.
Nesse contexto, no período 2008–2011, a
floricultura comercial brasileira cresceu, em
média, de 8% a 10% ao ano, nas quantida-
des ofertadas no mercado, e entre 12% e
15% ao ano, em valor de vendas. Em 2012,
FLORICULTURA TROPICAL
200 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
o mercado brasileiro cresceu entre 7% e 8% em todo o Brasil seja, pelo menos, equiva-
em quantidade, e entre 12% e 15% em va- lente ao dobro do atual, desde que supe-
lor comercializado (Flores..., 2015). radas as restrições geradas por aspectos
econômicos e culturais de amplas parcelas
Além disso, de acordo com o Sebrae (Flo- da população, além da minimização de en-
res..., 2015), o mercado brasileiro de flores traves logísticos importantes ao longo da
e plantas ornamentais movimentou, em cadeia produtiva (Região..., 2010).
2013, um valor bruto de R$ 5,22 bilhões,
com uma taxa de crescimento de 8,3% so- No entanto, observa-se que ocorrem dife-
bre o faturamento do ano anterior. Já em renças nos valores de consumo em diferen-
2014, a estimativa do faturamento setorial tes países, sendo que os maiores valores
foi de R$ 5,64 bilhões, repetindo a perfor- per capita anuais aparecem para as popula-
mance de crescimento de 8%. ções da Suíça, da Holanda, da Noruega, da
Áustria e da Bélgica (Tabela 1).
Consolidou-se assim, no mercado, relativa
estabilização dos índices de crescimento
econômico, acompanhada de aumento dos
índices inflacionários e de endividamento Tabela 1. Consumo per capita anual de flores de
dos consumidores, ao mesmo tempo que corte, em euros, em 2008.
se desaceleram os fenômenos de abertura
Consumo per
de novos mercados e canais de comerciali- País
capita/ano (€)
zação, como os super e hipermercados, que
Suíça 94
já respondem por cerca de 10% de toda a
comercialização varejista de flores e plantas Holanda 60
ornamentais no Brasil. Noruega 58
Áustria 44
Com certa retração na economia brasileira
Bélgica 44
em 2015, merece destaque o fato de que,
mesmo com a crise econômica e financeira Inglaterra 40
mundial, o mercado brasileiro de floricultu- Alemanha 38
ra mantém-se estável até 2014, sendo que Suécia 34
97,5% do valor da comercialização setorial Itália 33
são exclusivamente voltados para o merca- França 33
do interno. Nesses períodos conturbados da
Irlanda 31
economia mundial, o mercado interno de
flores e plantas ornamentais apresentou ta- Estados Unidos 26
xas de crescimento variando entre 9% e 10% Espanha 19
ao ano, em que o valor bruto da produção México 10
(VBP) atingiu R$ 1,49 bilhão em 2013, e cerca Polônia 7
de R$ 1,61 bilhão em 2014 (Flores..., 2015). Rússia 3
Em 2008, o consumo per capita brasileiro Brasil 1,61
de flores e plantas ornamentais alcançou a China < 0,25
cifra de cerca de R$ 17,50 ao ano. Tendo-se Fonte: Região... (2010).
a expectativa de que o potencial de vendas
CAPÍTULO 9
Mercado de flores e plantas ornamentais tropicais: estratégias para o 201
desenvolvimento de arranjos produtivos da floricultura na Amazônia
A B
Figura 3. Ornamentação de praças: ipê ou pau-d’arco-roxo (Tabebuia avellanedae Lor. Ex Griseb.) (A); e ipê-
-amarelo (Tabebuia serratifolia) brindam floradas de belíssimas tonalidades (B).
CAPÍTULO 9
Mercado de flores e plantas ornamentais tropicais: estratégias para o 203
desenvolvimento de arranjos produtivos da floricultura na Amazônia
Foto: Jorge Segovia
A comercialização na
Foto: Jorge Segovia
floricultura brasileira
No Brasil, os principais centros atacadistas
de concentração da oferta e de comerciali-
zação de flores e plantas ornamentais estão
localizados no estado de São Paulo, sendo
constituídos pelo Mercado Permanente de
Flores e Plantas Ornamentais da Ceasa de
Campinas, SP (Figuras 7 e 8), pelo mercado
de flores e plantas da Companhia de En-
trepostos e Armazéns Gerais de São Paulo
(Ceagesp), no Entreposto Terminal de São
Paulo, SP, o maior grau de especialização no
segmento de flores e folhagens envasadas
(Região..., 2010).
No Brasil, os principais arranjos da comer-
cialização no mercado atacadista podem
ser caracterizados por algumas formas (Re-
gião..., 2010) a serem descritas a seguir.
Leilão
O grupo Veiling comercializa a produção
de 400 fornecedores, que representa 45%
Figura 6. Plantas de interiores, como Guzmania do mercado de flores e plantas ornamen-
lingulata (L.) Mez., à frente, Asparagus densiflorus na tais de todo o País. Os números do evento
lateral esquerda e Dracaena sp. Lam., ao fundo. impressionam: em um único dia, chegam a
FLORICULTURA TROPICAL
204 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
Foto: Jorge Segovia
Comércio da floricultura
Comercialização virtual amapaense
Atividade comercial praticada via internet a No Amapá, o comércio de flores e plantas
um banco de dados informatizado sobre os ornamentais é dinamizado pela atuação es-
produtos disponíveis. O sistema é alimen- pecializada de pequeno número de empre-
tado por produtores que disponibilizam sas de médio e de pequeno porte, formal-
informações sobre quantidade, qualidade, mente estabelecidas e organizadas, em sua
preço e prazo de entrega. Atualmente, esse maioria, pela Associação dos Produtores e
sistema é operado na Cooperativa Veiling Distribuidores de Flores, Viveiristas e Paisa-
Holambra e na Floranet/Cooperflora. gistas do Amapá (Equaflora).
FLORICULTURA TROPICAL
206 Técnicas e inovações
para negócios sustentáveis
• Floriculturas (6).
Figura 11. Arranjos florais montados pela associação de produtores em Palmas, TO.
res mais adaptadas aos gostos e às cultu- FLORES e plantas ornamentais do Brasil. Brasília,
ras regionais. DF: Sebrae, 2015. v. 1, 44 p. (Sebrae. Série estudos
mercadológicos).
• Maior potencialização dos custos logís- G1 CAMPINAS. Veiling Holambra prevê alta de
ticos de transporte e movimentação de 4% no faturamento de flores neste finados. 2016.
mercadorias, condicionando maior di- Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/campinas-
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ções regionais. Acesso em: 1 ago. 2017.
• Ampliação do comércio dos produtos da G1 SÃO PAULO. Leilão de flores em Holambra
floricultura amazônica, tanto no âmbito vende até 40 mil rosas vermelhas por dia:
do mercado interno quanto para o exte- produção da cooperativa Veiling corresponde
a 45% do mercado nacional e os Leilões diários
rior. comercializam até um milhão de unidades de flores
de plantas. Disponível em: <http://g1.globo.com/
• Implantação de inovações técnicas, ge-
sao-paulo/noticia/2014/08/leilao-de-flores-em-
renciais e organizacionais do agronegó- holambra-vende-ate-40-mil-rosas-vermelhas-por-
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mar. 2017.
no âmbito do mercado interno quanto para
o comércio exterior, constitui-se numa ação JUNQUEIRA, A. H.; PEETZ, M. da S. A floricultura
brasileira no contexto da crise econômica e
absolutamente vital para garantir a geração
financeira mundial. 2010. Disponível em: <http://
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Impressão e acabamento
Embrapa