O documento descreve as principais características da uveíte, uma inflamação da úvea que pode acometer os olhos. Apresenta as classificações, sintomas e possíveis causas da uveíte anterior, intermediária e posterior, bem como as formas mais comuns como a associada ao HLA-B27, artrite idiopática juvenil, herpes simples, pars planite, sarcoidose, toxoplasmose e tuberculose. Fornece detalhes sobre o diagnóstico e tratamento destas condições.
O documento descreve as principais características da uveíte, uma inflamação da úvea que pode acometer os olhos. Apresenta as classificações, sintomas e possíveis causas da uveíte anterior, intermediária e posterior, bem como as formas mais comuns como a associada ao HLA-B27, artrite idiopática juvenil, herpes simples, pars planite, sarcoidose, toxoplasmose e tuberculose. Fornece detalhes sobre o diagnóstico e tratamento destas condições.
O documento descreve as principais características da uveíte, uma inflamação da úvea que pode acometer os olhos. Apresenta as classificações, sintomas e possíveis causas da uveíte anterior, intermediária e posterior, bem como as formas mais comuns como a associada ao HLA-B27, artrite idiopática juvenil, herpes simples, pars planite, sarcoidose, toxoplasmose e tuberculose. Fornece detalhes sobre o diagnóstico e tratamento destas condições.
O documento descreve as principais características da uveíte, uma inflamação da úvea que pode acometer os olhos. Apresenta as classificações, sintomas e possíveis causas da uveíte anterior, intermediária e posterior, bem como as formas mais comuns como a associada ao HLA-B27, artrite idiopática juvenil, herpes simples, pars planite, sarcoidose, toxoplasmose e tuberculose. Fornece detalhes sobre o diagnóstico e tratamento destas condições.
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UVEÍTES
Dra. Caroline Franco Machado
INTRODUÇÃO • Significado: inflamação da úvea (íris, corpo ciliar e coroide)
• 10% dos pacientes com cegueira legal no mundo
• Pode acometer pacientes de qualquer idade
• No Brasil: 15,7% dos pacientes que frequentam instituições de
reabilitação visual
• Possíveis causas são: doenças infecciosas, inflamatórias ou
secundárias como trauma, neoplasias, etc CLASSIFICAÇÃO PRECIPITADOS CERÁTICOS (PKs) • Aglomerados celulares localizados na superfície posterior da córnea
• Podem ser granulomatosos e não granulomatosos
• Coloração acinzentada com uma rede de fibrina entre eles
sugere ser recente, enquanto a coloração pigmentada sugere ser mais antigo ATIVIDADE DA INFLAMAÇÃO OCULAR • Pode ser mensurada de acordo com a quantidade de células presentes na câmara anterior
• Para quantificá-la, a luz da lâmpada de fenda é regulada em
sua intensidade máxima, usando-se a fenda de 1x1 mm e direcionando-se o raio de luz em um ângulo oblíquo ao plano iriano de 45-60 graus DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Sinais e sintomas variam de acordo com a causa específica da uveíte e o sítio primário de inflamação
• Uveítes anteriores agudas: dor, fotofobia, hiperemia ocular e
visão embaçada
• Uveítes anteriores crônicas: leve diminuição da acuidade
visual às vezes secundária a complicações como edema macular, catarata ou ceratopatia em faixa DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Uveítes intermediárias: opacidades no campo visual e moscas volantes eventualmente com baixa acuidade visual
• Uveítes posteriores: perda de visão, moscas volantes,
fotopsias, metamorfopsias, escotomas, nictalopia ou uma combinação das queixas anteriores DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • No Brasil, as causas infecciosas são responsáveis pela maioria dos casos de uveítes, seguidas pelas causas inflamatórias
idiopática juvenil, lúpus eritematoso sistêmico, doença de Behçet e sarcoidose podem apresentar a uveíte como primeira e única forma de manifestação ocular
• Causas secundárias, como trauma, síndromes mascaradas
como linfoma intraocular ou metástases podem causar quadros sugestivos de uveíte UVEÍTES ANTERIORES UVEÍTE ANTERIOR ASSOCIADA AO HLA-B27 • Uveíte anterior não granulomatosa, sinequiante bilateral e assimétrica
• Acomete principalmente homens jovens, acometendo
alternadamente os olhos
• Mais de 50% dos pacientes tem uma doença sistêmica
associada como espondilite anquilosante, síndrome de Reiter, doença inflamatória intestinal ou artrite psoriásica
• Além dos sintomas oculares, os pacientes podem queixar-se
de dor lombar, artrite, psoríase, diarreia crônica e uretrite UVEÍTE ANTERIOR ASSOCIADA AO HLA-B27 • A uveíte é aguda e recorrente, mas pode ser crônica
• Sintomas na fase aguda são intensos, com muita hiperemia
conjuntival, fotofobia e dor
• Uma intensa reação de câmara anterior com hipópio
geralmente fibrinoso pode ser observada, assim como sinéquias posteriores
• Tratamento: corticóides tópicos ou perioculares,
midriáticos/cicloplégicos e corticoides sistêmicos ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL • Uveíte anterior bilateral, não granulomatosa, sinequiante, crônica, geralmente assintomática
• Acomete principalmente meninas com artrite idiopática
juvenil oligoarticular
• Pode não ser percebida pela família, pois os olhos não ficam inflamados externamente e não há sintomas dolorosos
• Muitas vezes é diagnosticada somente quando há
complicações como catarata, ceratopatia em faixa e glaucoma
• Tratamento: corticóides e midriáticos tópicos além de
corticóides sistêmicos e imunossupressores HERPES SIMPLES • Uveíte anterior granulomatosa ou não granulomatosa, geralmente unilateral, recorrente
• Edema de córnea com PKs atrás do edema e transiluminação
setorial de íris
• Associada ou não à ceratite e aumento da pressão intraocular
• Tratamento: antivirais sistêmicos e cicloplégicos/midriáticos
• Também pode causar uma uveíte posterior
UVEÍTES INTERMEDIÁRIAS DEFINIÇÃO • São classicamente descritas como aquelas que têm o vítreo como sítio primário de inflamação
• Com frequência apresentam muitas alterações vasculares e de
polo posterior, com edema macular
• Pode apresentar associação com esclerose múltipla,
sarcoidose, tuberculose, doença de Lyme, HTLV-1, sífilis e outras doenças PARS PLANITE • Toda uveíte intermediária idiopática recebe o nome de pars planite
• É o tipo de uveíte mais relacionado ao edema macular
cistóide (complicação)
• Inflamação é muitas vezes assintomática e pode ser percebida
apenas quando há complicações
• Sintomatologia principal é a de opacidades flutuantes no
campo visual PARS PLANITE • Classicamente é uma doença crônica, mais freqüente em mulheres jovens
• Os sinais incluem células vítreas, snowballs, condensações
vítreas arredondadas que se situam principalmente no vítreo inferior e snowbanking, condensação vítrea maciça em forma de bancada na periferia inferior retiniana
• Tratamento: esteróides perioculares ou intraoculares
SARCOIDOSE • Doença granulomatosa sistêmica, crônica, de etiologia desconhecida
• Menos frequente em indivíduos da raça negra
• O acometimento sistêmico é principalmente pulmonar, e em
até 50% dos casos podem ter comprometimento ocular
• Geralmente estes pacientes apresentam anergia ao teste de
PPD e tem história prévia de eritema nodoso ou rash cutâneo SARCOIDOSE • Pode acometer qualquer parte do olho, incluindo pálpebras e glândula lacrimal
• Forma mais comum de acometimento ocular é a uveíte
granulomatosa bilateral, podendo esta ser anterior, intermediária, posterior ou pan-uveíte
• O diagnóstico presumido de sarcoidose ocular é feito quando
não há sinais de doença extraocular e o definitivo é realizado mediante a demonstração de granulomas não caseosos nos tecidos biopsiados
• Esteróides são a base do tratamento
UVEÍTES POSTERIORES TOXOPLASMOSE • Causada pelo Toxoplasma gondii
• Protozoário adquirido pela ingestão de carne de porco ou
frango mal passada, águas e alimentos contaminados por fezes de gato ou via transplacentária
• Principal causa de uveíte posterior no Brasil e no mundo
• Infecção sistêmica: percebida como uma gripe e muitas vezes
é assintomática TOXOPLASMOSE • Toxoplasmose ocular congênita ocorre quando a mãe adquire a infecção durante a gravidez
lesões de retinocoroidite macular em roda de carroça
• Principal forma de evitar a toxoplasmose ocular congênita é
educar as mães sobre a forma de contágio e orientações em relação à alimentação TOXOPLASMOSE • Toxoplasmose ocular adquirida: uveíte posterior com retinocoroidite necrosante exsudativa, classicamente adjacente a uma cicatriz de toxoplasmose prévia, com vitreíte localizada principalmente acima da lesão
• Sintomas visuais dependem da localização da lesão na retina,
mas em geral os pacientes queixam-se de moscas volantes, seguido por baixa acuidade visual TOXOPLASMOSE • Tratamento clássico: sulfadiazina 4g/dia, pirimetamina 25mg/d + ácido folínico e corticóides quando necessário
• Tratamento também pode ser feito com a combinação de
sulfametoxazol 800mg + trimetropim 160mg TUBERCULOSE • Endêmica no Brasil, é uma doença granulomatosa sistêmica causada pelo Mycobacterium tuberculosis
• Principal forma de apresentação é a tuberculose pulmonar,
entretanto, pode disseminar-se via hematogênica e causar infecção em outros órgãos
• Manifestações oculares diversas, e podem envolver pálpebra,
conjuntiva, íris, retina e até o nervo óptico
• Classicamente pode apresentar-se como uma uveíte anterior
granulomatosa, intermediária ou posterior (forma mais comum) TUBERCULOSE • O teste PPD (purified protein derivative) é um teste de triagem que avalia exposição prévia á micobactéria e pode auxiliar no diagnóstico de TB ocular
• PPD> 15mm: considerado positivo em pacientes sem
fatores de risco
• Tratamento para a doença de base
• Ministério da Saúde recomenda tratamento por seis
meses CITOMEGALOVÍRUS • Retinite causada pelo citomegalovírus (CMV) é a principal doença ocular relacionada ao HIV
• Atualmente houve um declínio na incidência, variando de 5 a
10% em diferentes países
• Pacientes que desenvolvem retinite por CMV geralmente
apresentam CD4 <50/µL (média de 17/µL)
• Baixa acuidade visual associada a moscas volantes e perda de
campo visual, mas pode ser assintomática em 15% dos casos CITOMEGALOVÍRUS • Quadro clínico: retinite necrosante não exsudativa que se inicia ao redor dos vasos e progride centrípetamente, geralmente associada a hemorragias (lesão em “queijo com catchup”)
• Comprometimento anterior leve, com pouca ou nenhuma
reação de câmara anterior e PKs finos no endotélio + vitreíte leve
• As lesões cicatrizam deixando a retina atrófica e predispondo
a descolamento de retina
• Tratamento padrão: agentes antivirais como ganciclovir,
foscarnet, cidofovir endovenosos e valganciclovir oral PANUVEÍTES DOENÇA DE BEHÇET • Vasculite oclusiva não granulomatosa sistêmica crônica
• Etiologia desconhecida, associada ao HLA-B51
• Mais frequente na Ásia, oriente médio e também no Brasil
• Diagnóstico é clínico e envolve a presença de úlceras orais
dolorosas, úlceras genitais, uveíte, assim como alterações cutâneas DOENÇA DE BEHÇET • Até cerca de 80% dos pacientes apresentam acometimento ocular
• Geralmente bilateral e assimétrico (95% dos casos)
• Pode acometer segmento anterior (iridociclite), posterior
(vasculite retiniana) ou ambos
• Uveíte, observada em 70% dos pacientes com
comprometimento sistêmico, pode ser o primeiro sintoma da doença
• Geralmente é uma pan-uveíte bilateral com hipópio móvel e
vasculite dos vasos retinianos DOENÇA DE BEHÇET • Doença completa: 4 critérios maiores
• Incompleta: 3 critérios maiores ou 1 critério maior associado a
envolvimento ocular
• Suspeita: 2 critérios maiores sem envolvimento ocular