O Caminho Verdadeiro para Um Awo
O Caminho Verdadeiro para Um Awo
O Caminho Verdadeiro para Um Awo
A ética e a moral certamente esta ligada a este tema, entre valores de conduta
por exemplo. Bem diferenciado do código de conduta judaica, cristã ou
islâmica, o código de valores éticos e morais do povo Yorùbá é bastante
distinto.
Temos muitos brasileiros (as) que se dizem filhos (as) do òrìsà, mais sem uma
vírgula de conduta para tal.
É neste contexto que o culto dos ancestrais nos demonstra sua importância e
reverencia entre os que já se foram com aqueles que ainda estão completando
sua jornada.
Existe um ditado Yorùbá que diz: “Uma arvore solitária não forma uma floresta”.
7
Para um bom entendedor esta frase significa que um indivíduo não existe sem
um grupo, e um grupo só poderá existir por indivíduos. Porém neste caso o
ensinamento corresponde em paciência e tolerância, assim como outras
virtudes.
A quem desejar comer o ovo da ave de rapina, não pode medir esforços para
alcançá-lo.
Vejamos algumas palavras usadas nas parábolas de Ifá que corresponda com
o que estamos lendo:
Daàìsètàn:
Àìsèrú:
Àìsì:
7
Àìsìyèméjì:
Àìsó:
Àìsògo:
Àìsojúsájú:
Òdodo:
Olótó:
Honesto, verdadeiro.
Òré iyóré:
Amigo verdadeiro.
Àtinúwá:
Otó /òóto:
Verdade
Sòtó/sòtító:
Fiel e verdadeiro.
7
Láilotó: infiel, desleal, enganador.
Sàìsòtó: falso
Idàlè: traição
Nestas ultimas palavras, refere-se àquele que conhece a verdade, mas prefere
se calar e deixar que a injustiça ocorra fazendo vista grossa.
Respeite sua própria palavra, se não tem certeza de que estará disposto a
cumprir com o que diz, então não diga! Palavra sem valor, sociedade sem
futuro.
Uma doença para sociedade a tagalerice não exerce críticas sobre o que
verbaliza, fala de tudo e de todos, não guarda segredos e adora histórias
mirabolantes de preferência sobre a vida dos outros. Para aquele que fala de
mais o tagarela ou fofoqueiro estará sempre atraindo para si próprio a ira de
orí, por suas múltiplas formas, está ligada a difamação, bisbilhotice e a
maledicência. Caracterizando irresponsabilidade e falta de compromisso com a
vida, pois o bom uso da palavra demanda consciência e respeito a sua
natureza e função. A fala deve ser funcional, com finalidade especifica, caso
aja um desagrado por alguém este deve ser debatido exclusivamente com seu
degrado. A pessoa humana denominada verborrágica, ou seja, boca aberta,
que não reflete antes de falar, ignora as condições de sua vítima em sobreviver
ao seu bombardeio de palavras. O tagalera é egocêntrico, que não consegue
observar o que esta em sua volta assim como aqueles que o interagem, age
por sua ansiedade irresponsável em maldizer.
7
pratica é muito vergonhosa e desprezível dentro da cultura do Ifá/òrisà
passiva de exclusão do grupo com punição de acordo ao agravo.
São vistos como ladrões da virtude alheia, assim chamado de agbódegbà, que
significam fofoqueiro e ladrão, que sugere uma ação de furto do direito à
privacidade, relacionado ao ato de fofocar. Elélìní denota o fofoqueiro
difamador e caluniador, fenubà é o termo usado para aquele se sente prazer
em difamar e caluniar os outros.
Um breve relato:
Eledunmare pai de Igún a fim de expressar sua gratidão a, por ter salvado a
vida de seu filho, pede para ele escolher um dentre os quatros dons, fertilidade,
longevidade, prosperidade e paciência.
7
para devolver á Eledunmare os outros dons restantes, Igún constata que a
prosperidade, fertilidade e a longevidade retornaram para associar-se a
paciência, pois quem tiver a paciência terá longevidade, fertilidade e
prosperidade, procriará e viverá bem com o que procriar. Terá prosperidade.
Igbá olóore kì n fó
A gratidão:
Assim como descrito no Odù Ìretè Ogbè, a gratidão é uma grande virtude a ser
praticada entre os discípulos de Ifá/òrisà, estimulada por uma benção,
benfeitoria ou algo de bom que alguém nos proporcionou é denominado ore já
o ingrato denomina-se aláìmore. Retribuir é sempre necessário porque as
expressões de gratidão fortalece o dom e restaura a força como, por exemplo,
se uma pessoa recebe ajuda de um amigo e não retribui, ou ainda, na primeira
oportunidade magoa este amigo, essa atitude ira ofender o orì deste amigo.
Isso com toda certeza atrairia ajè para vida do ingrato, enviados pela vingança
do orì de um bem feitor.
7
Há um ditado que diz: Aquele que agradece a graça recebida receberá novas
graças. Quando uma pessoa não agradece o bem recebido o universo entende
que não precisava dele.
Àjesé sujere aquele gospe no prato que comeu, ou come e nega que comeu,
ou seja, não reconhece ou simplesmente ignora o bem recebido.
Entre tantos outros. Isso ocorre porque no Yorùbá é muito mais importante ser
grato e assim expressar essa gratidão do que se atrair a ira do outro orì.
A justiça:
Descrita no Odù Ògúnda Òtúra, é um convite à reflexão sobre esta virtude, cuja
sua prática requer discernimento, liderança e sensatez, agir com imparcialidade
no ato de se julgar.
Se o filho do rei nasce dentuço, não pode pegar os lábios de um escravo para
cobrir seus dentes. “O que se entende como justo”?
Seria justo dar a todos as mesmas coisas? Sabendo que serão distintas as
necessidades e os méritos. De contra partida seria correto exigir a todos as
mesmas coisas, estando cientes as distintas diferentes capacidades e
encargos. Apresento assim, este dilema em se manter a igualdade entre os
seres humanos desiguais.
Lei e justiça enquanto valores e virtudes são coisas distintas e diferentes entre
si, justo é o combate e justa é a desobediência que combate uma injustiça.
7
Assim é Èsù que nos relata neste mesmo Odù a situação em que a escassez
de líderes justos e competentes determina o desrespeito as leis pré-
estabelecidas. Além do ideal de justiça encontramos a nobreza da compaixão.
A quem sente a dor e aflição alheia assim compartilha sua dor também é ter
compaixão. A benevolência deste generoso gesto denomina-se Alanú, o
benevolente, o chamamos de oníyónú.
Todos nós temos nossos pontos frágeis, temos algo dentro de si que possa
trincar, como se fosse um cristal, e o que mais desejamos ao trincar este cristal
é que alguém nos ouça e que se compadeça, que compreenda e que tenha
compaixão por nós.
O Perdão:
7
ofendido, aprisionando suas orì em um infeliz vínculo de sofrimento para
ambos. Onde o único caminho para libertação deste sofrimento é o perdão.
Pode ocorrer que a magoa seja tão profunda incapaz de se perdoar, neste
caso a maior punição será para o ofensor, que estará a deriva do ódio do
ofendido. E assim neste sentido as punições serão tão graves quanto severas
enviadas pela orì do prejudicado. Assim como diz um provérbio Yorùbá:
Orí mi a mú e
Quando um sacerdote fica magoado, não pode ser responsabilizado pelo mal
que ocorrerá a quem o provoca. Quando um sacerdote é magoado por alguém,
sua força mágica briga por ele.
É evidente que é preciso um esforço enorme para perdoar uma ofensa grave,
recorrendo assim a nobreza de sua ori e obter assim, a força necessária para
perdoar e conviver com as cicatrizes, sabendo se que o perdão não neutraliza
7
os prejuízos causados. Quem pede perdão exerce a prática da humildade, a
modéstia, reverencia e a responsabilidade.