Palestra de Direito do Trabalho (29.

04)
Tema: Panorama e Perspectivas do Direito do Trabalho frente à Pandemia de
COVID-19 (Europa)

Júlia Dias de Souza

RA: 22076
Turma: 2DD

PROF.º DAVID LANTARÓN

• Espanha
• Pandemia de COVID-19 configurou-se como uma crise de saúde,
econômica e social
• Pior crise econômica registrada na história
• Afeta principalmente os mais desfavorecidos/ desamparados
• Afeta os autônomos, informais, pequenos e médios empregadores
• Intervencionismo estatal
• Afetação de setores como comércio e turismo
• Legislação Sanitária da China, Coreia do Sul e México
• Proteção ao trabalho à distância: teletrabalho
>> EUA: apenas 7% dos trabalhadores teria possibilidade de trabalhar à
distância
>> Fortalecimento: necessidade de agilidade de decisões unilaterais para
assegurar a proteção ao teletrabalho
• Obrigações principais do contrato de trabalho: manutenção dos salários
durante a pandemia
• Medidas com o objetivo de evitar a rescisão dos contratos de trabalho
• EUA: em uma só semana, na semana do dia 21, as solicitações relatando
desemprego chegaram a números recordes
• ESPANHA acompanhou o crescimento da perda dos postos de trabalho
• Reflexão sobre a realidade de pandemia como uma perspectiva para uma
mudança positiva
 PROF.º FABIANO ZAVANELLA (MODERADOR)
• Brasil
• Auxílio-emergencial de RS600,00 (equivalente a 100 euros) → 70 bilhões
de reais assumidos pelo Estado Br. para assegurar empregos.

PROF.º DUARTE ABRUNHOSA E SOUZA

• Portugal
• Alteração na legislação como reação à pandemia de COVID-19
• Maior parte da legislação é feita em relação aos fatos que, muitas vezes,
não tem correspondência com o texto de lei, ocasionando incerteza
jurídica.
• Direito do trabalho: resposta à proteção das pessoas que efetivamente
estão trabalhando e das necessidades das empresas que precisam fechar
ou que não podem continuar sua atividade diante da pandemia
>> 1ª possibilidade: quem pudesse trabalhar em casa, que assim o fizesse
(imposição do teletrabalho por lei)
>> Legislação trabalhista portuguesa é rigorosa, porém, ela está sendo
aplicada de maneira inadequada nesse momento
• Questão: um dos cônjuges em virtude do teletrabalho → aquele
trabalhador que está em casa, além de trabalhar, precisa tomar conta dos
filhos (homeschooling)
• Direito a receber 66% da remuneração que recebia aqueles trabalhadores
que não podem exercer teletrabalho + 33% da seguridade social
• Isolamento profilático por suspeita de COVID-19: Estado paga 100% do
salário; caso for confirmado, o trabalhador receberá 55% do salário, por
estar incapacitado de trabalhar
• Law Off: em Portugal, é suspensão do contrato de trabalho por motivos
econômicos – trabalhador recebe 70% do salário
• Das 10 milhões de pessoas, 900.000 encontram-se em Law Off → sem
considerar aqueles que foram despedidos ou aqueles que não foram
efetivados
• Controle da ilicitude dos despedimentos
• Retomada da economia: reingresso dos trabalhadores no mercado de
trabalho –questão quanto à possibilidade de fazer esse registro
• Plano de Contingência
• Profissionais de saúde são essenciais estrategicamente nos hospitais no
momento de pandemia, porém eles são os responsáveis legais por
conferir um local seguro de trabalho
• Retorno às atividades será gradual e setorial

PROF. ª LIGIA MUNERATTI (MODERADORA)

PROF.º MICHELE TIRABOSCHI

• Itália
• Intervenção Estatal: análise detalhada quanto à emergência ocupacional
sanitária
• Gravidade da intensidade de epidemia em zonas industriais
• Modelo industrial fortemente invasivo, com ambiente insalubre, contribui
para a disseminação do vírus
• Crise de Direito Laboral: historicamente, a doutrina de direito social
questionava a realidade do pós-fordismo na sociedade industrial
• Atualmente: paradigma interpretativo quanto ao âmbito normativo
(sistema de fontes do direito laboral)
• Política estatal caminha para um sistema mais dirigista: intervenção por
Decreto-Lei do P. Executivo italiano
• 3 aspectos importantes:
a) Questionamento quanto ao elenco de atividades consideradas
essenciais pelo governo central
b) Suspensão do contrato de trabalho: trabalhadores domésticos não tem
uma tutela adequada do Estado
>> A Itália, por exemplo, 60% dos trabalhadores domésticos não são
declarados e não contribuem para a previdência social. Na Espanha e
na França esta taxa é de 30%.
c) Retorno ao trabalho em segurança: diálogo social precário pelo
governo está sendo criticado
• Insegurança do processo produtivo e a distribuição da riqueza deverá ser
repensado pela coletividade, principalmente no âmbito do Direito Laboral

PROF.º MARCEL ZERNIKOW

• França
• Crise sanitária
• 16.03: restrição de movimento
• 23.03: lei instituindo um Estado de Emergência por “Medida Provisória”
• Economia informal representa 20% na Europa e 50% no mundo
• Medidas articuladas para a saída do confinamento
>> Manter o trabalhador no emprego
>> Saúde dos empregados
• Proteção às demissões
• Decreto de 1951: desemprego parcial – proteção ao assalariado +
alternativa à demissão
• 2013: atividade parcial – empregador tem direito a reduzir unilateralmente
jornada de trabalho e salário (medida de suspensão do contrato de
trabalho)
• Crise da COVID-19 alterou o quadro de atividade parcial do trabalhador
• 25.03 e 27.03: Decreto-lei – expansão da proteção aos trabalhadores
domésticos; participação do Estado tornou-se maior e subsídio cobre 70%
da remuneração do empregado, porém ajuda estatal está limitada a 4,5
vezes do salário.
• 22.04: atividade parcial torna-se medida individualizada – empregador
pode colocar apenas parte dos trabalhadores nesse tipo de atividade
• Prazo da MP quanto à atividade parcial: 31.12
• ALEMANHA: adotada a medida de saída da crise, em que a taxa de
remuneração aumente gradualmente, de modo a aproximar-se do valor
do salário
• Medida sanitária: proteção da saúde dos trabalhadores (origem das leis
trabalhistas na França)
• Medidas Específicas em tempo de trabalho e proteção da saúde: derrogar
temporariamente e excepcionalmente a redução da jornada de trabalho e
dos salários das atividades essenciais para a saúde social do país.
• Medidas para a proteção da saúde:
a) Implementação do teletrabalho;
>> Extensão do poder do empregador
>> Discussões quanto ao domicílio enquanto local de trabalho
>> Direito de Retirada: trabalhador pode retirar-se de um local
insalubre de trabalho – não precisa de sanção do empregador
>> Empregador deve se assegurar da proteção do trabalhador
Ex.: Empresa Amazon na França – acionada pelo estabelecimento de
local insalubre
• Instrumento da OIT, de 2019: papel considerável do Direito do Trabalho
no combate à crise econômica.
• Reflexão quanto ao à flexibilidade do contrato de trabalho
• Princípio da Vedação à Flexibilização do Direito do Trabalho: medidas de
flexibilização devem ser temporárias e em caráter excepcional

Pergunta ao Prof.º David:

As medidas instituídas pelos países têm tido eficácia para evitar as
despensas e demissões?
Resp.: A curto prazo, vê-se uma tentativa do Estado em garantir
subsistência para uma parcela dos trabalhadores. Porém, a médio e longo
prazo, necessita-se de reformas estruturais para conter a crise de
desemprego, a fim de garantir renda aos trabalhadores desamparados.

Prof.º Duarte:
Por que Portugal consegue encontrar uma maneira efetiva de lidar
com a pandemia? Que medidas marcam ou diferenciam a forma
como a Espanha adotou?
Resp.: A rapidez de Portugal foi saber lidar com as solicitações da
sociedade civil. Em relação ao diploma legal, que expressa o Estado de
Emergência, a prioridade do governo foi tomar as decisões, não
necessariamente em consenso com os sindicatos, consideradas
apropriadas para frear o aumento no número de casos no país.
Comparando-se à Espanha, Portugal começou a adotar as medidas
quando os casos não eram ainda em grande quantidade (ação direta e
rápida por parte das autoridades), diferentemente da Espanha, que foi
acionar medidas referentes à pandemia apenas após o aumento
significativo no número de casos e agravamento no país.