Plano Nascente Mearim
Plano Nascente Mearim
Plano Nascente Mearim
PLANO NASCENTE
Plano de preservação e recuperação
nascentes da bacia do rio Mearim
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim
2a edição
PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim
Organizadores
PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim
2a edição
Brasília, DF
Codevasf
2019
© 2019 – Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paranaíba – Codevasf
É permitida a reprodução de dados e de informações contidas nesta publicação, desde que citada a
fonte. Sua comercialização é expressamente proibida.
Revisão Técnica
Camilo Cavalcante de Souza
Eduardo Jorge de Oliveira Motta
Valdemir de Macedo Vieira
Normalização bibliográfica
Nilva Chaves
Edna Sousa Santos
Diana A. F. da Luz
P699
Plano Nascente Mearim : plano de preservação e recuperação de nascentes da bacia
hidrográfica do rio Mearim / Organizadores, Leila Lopes da Mota Alves Porto,
Eduardo Jorge de Oliveira Motta, Camilo Cavalcante de Souza. – Brasília :
Codevasf, 2019.
188 p.: il., fotos
ISBN: 978-85-89503-24-2
A sua vida vem da minha vinda e a sua sorte é que a minha morte parece levar outra
vida até chegar. Mas não se iluda, meu irmão, pois muito antes do que você pensa,
eu posso apenas evaporar sem mais chover, e assim não lhe dar nem de beber e nem
de comer. Você me necessita, me vê com cobiça, mas me desperdiça; e se de cima eu
tanto chorei e seu corpo eu encharquei, por dentro e por fora, verá que enfim, por
teus olhos derramarei, feito sinal de mágoa, no dia em que for-me embora na forma
da última gota d´água.
Poema “Água”
Maria Eduarda Novaes Guerra
(ex-funcionária da Codevasf e poeta que nasceu em Brasília/DF em setembro de 1978)
PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim
Figura 7 A a D. A) Rio Mearim nas cidades de: Barra do Corda; B) Vitória do Mearim;
C) Pedreiras e Trizidela do Vale; e D) Rio Buritirana, afluente do rio Pindaré, na cidade
de Buriticupu.............................................................................................................................................................. 43
Figura 11. Área estuarina com desbarrancamento da margem pela ação da pororoca...................... 47
Figura 36 A a D: Pororoca, Lago Açu, encontro dos rios Corda e Mearim, Igreja no morro do
Calvário em Barra do Corda................................................................................................................................... 81
Figura 45 A e B. Hierarquização de cursos d’água numa bacia (A e B), segundo Sthaler.................... 111
Figura 46. Hierarquização de cursos d’água numa bacia segundo Otto Pfafstetter .............................. 112
Figura 51. Tipos mais comuns de nascentes originárias de lençol não confinado: de encosta,
de fundo de vale, de contato e de rio subterrâneo......................................................................................... 117
Figura 52. Nascente sem acúmulo inicial - riacho do Ouro na Serra Negra............................................ 118
Figura 55 A e B. Vegetação de vereda na nascente do rio Grajaú destruída por queimada...................... 122
Figura 59. Cercamento de nascente para proteção e regeneração natural da vegetação.................. 127
Figura 62. Adequação de estrada rural associada à bacia de captação de enxurrada........................ 130
Figura 64 A e B. Sistema de plantio direto com uso de cobertura de vegetação morta para
proteção do solo........................................................................................................................................................ 132
Figura 67: Modelo de monitoramento comunitário da rede Global Water Watch (GWW).................. 152
Figura 70 A a C. Nascentes e mata ciliar cercadas pela Codevasf em Minas Gerais............................. 169
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Média das precipitações mensais das 23 estações pluviométricas da bacia
hidrográfica do rio Mearim..................................................................................................................................... 58
PREFÁCIOS
Presidente da Codevasf 21
RESUMO EXECUTIVO 25
1 INTRODUÇÃO 29
3.2 Fisiografia 43
3.4 Precipitação pluviométrica 57
3.5 Clima 60
3.6 Geologia e geomorfologia 62
3.7 Solos 65
3.8 Cobertura vegetal 66
3.9 Unidades de Conservação 71
3.10 Características socioeconômicas 76
4 ASPECTOS LEGAIS 95
5 BASES TEÓRICAS 107
5.3 Nascentes 115
6.1.5 Codevasf 139
6.9 Orçamento 162
REFERÊNCIAS 173
A ampla discussão que o tema ‘escassez hídrica’ alcançou nos últimos anos
em nível nacional e internacional demonstra a preocupação que a falta desse re-
curso poderá causar, e que a forma como o meio ambiente vem sendo explorado
o tem levado à degradação, causando impacto sobre as condições de vida das
pessoas e comprometendo a segurança hídrica dos biomas, a exemplo de: asso-
reamento das nascentes e dos rios, contaminação da água e do solo, poluição do
ar, erosão e perda de solo fértil nas áreas de recarga hídrica, e perda da biodiver-
sidade. Até onde queremos chegar?
Partindo dessa premissa a Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas
da Codevasf vem desenvolvendo um amplo trabalho com foco na revitalização
hidroambiental das bacias hidrográficas da área de atuação da Empresa, tendo
como pontos de partida para enfrentamento do cenário de degradação a cons-
cientização da população, envolvimento dos gestores públicos, e a atitude política.
O Plano de Preservação e Recuperação de Nascentes do rio Mearim, elabo-
rado pela Codevasf, é uma importante contribuição institucional que busca cons-
cientizar e envolver a população e os setores político e institucional maranhense
na compreensão da importância do rio Mearim para o estado do Maranhão, e
da situação de vulnerabilidade em que se encontram os recursos hídricos dessa
bacia. A partir do conhecimento da realidade, este instrumento apresenta opções
para novas formas de desenvolvimento e ocupação do solo que venham possibi-
litar a transição para um momento diferente, buscando cuidar dos recursos hídri-
cos de forma consciente e responsável a fim de garantir a segurança hídrica na
bacia do rio Mearim.
O PLANO NASCENTE MEARIM propõe a implementação de ações e práticas
de conservação de água e solo que possibilitam a infiltração da água no solo para
recarga dos aquíferos que alimentam as nascentes; a redução do escoamento
dos sedimentos que causam assoreamento das nascentes, lagos e rios; e a pro-
teção das áreas de recarga e de preservação permanente (APP). Paralelamente,
recomenda o desenvolvimento de atividades junto à população visando discutir
as oportunidades e alternativas para reorganização nos sistemas de produção
e disseminação de práticas conservacionistas, sobretudo para conhecimento da
importância da execução e manutenção dessas intervenções, para a redução da
contaminação e melhoria na qualidade da água do rio.
No âmbito político, o empenho institucional da Codevasf na articulação jun-
to aos gestores dos órgãos federal, estadual e municipais busca o fortalecimento
de políticas públicas voltadas à recuperação, conservação e preservação do meio
ambiente, e à elaboração de estudos e estratégias para o desenvolvimento social
e econômico da bacia.
Mas, para que o PLANO NASCENTE MEARIM tenha sucesso, é fundamental
o envolvimento da sociedade da bacia hidrográfica do rio Mearim – produtores
rurais, população urbana, povos e comunidades tradicionais, gestores municipais
e estadual, dentre outros - com o compromisso de, juntamente com a Codevasf,
com protagonismo e apropriação, preservar as nascentes que alimentam o rio e
seus afluentes, e sensibilizar quanto ao conceito essencial de responsabilidade
ambiental.
FÁBIO ANDRÉ FREIRE MIRANDA
Diretor da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas
PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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Corredeira do Enjeitado no rio Mearim (1)
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
1 INTRODUÇÃO
vidade agropecuária, seja nos centros urbanos, a partir de ações voltadas à redu-
ção da contaminação dos corpos hídricos, bem como ao combate do desperdício
no dia a dia.
As nascentes são fontes importantes de água dentro de uma bacia hidro-
gráfica, pois originam os cursos d’água e, quando bem conservadas, alimentam
os rios de forma abundante e contínua, sendo fundamentais para a manutenção
destes em períodos de estiagem. Além disso, por vezes, constituem a principal
fonte de água em algumas propriedades rurais. São áreas especiais e de extrema
importância para a manutenção da “saúde” da bacia hidrográfica.
Dessa forma, a proteção das nascentes preservadas e a recuperação da-
quelas degradadas, associadas à promoção do uso sustentável de suas águas,
integram um conjunto de ações que devem ser encaradas como fundamentais
para a garantia da segurança hídrica na bacia hidrográfica.
A Codevasf, ciente de que o momento é urgente e oportuno para estancar
e/ou reverter o processo de degradação na bacia hidrográfica do rio Mearim, apre-
senta o Plano de preservação e recuperação de nascentes da bacia hidrográfica
do rio Mearim, que tem como finalidade principal aumentar a quantidade e melho-
rar a qualidade da água da bacia visando garantir a disponibilidade desse recurso
para seus usos múltiplos para as gerações atuais e futuras.
O Plano apresenta as diretrizes adotadas pela Codevasf para a recupera-
ção de áreas degradadas no contexto do Programa de Revitalização de Bacias
Hidrográficas (PRBH), a partir da caracterização da bacia. A estratégia de recu-
peração tem como premissas técnicas o entendimento de ciclo hidrológico, do
conceito de bacia hidrográfica e sua inter-relação com as nascentes, bem como as
causas e consequências da degradação e as propostas de uso conservacionistas
de água e solo utilizados pela Empresa no âmbito do Programa de Revitalização.
Assim, o PLANO NASCENTE MEARIM tem por objetivo contribuir com dife-
rentes estratégias de recuperação hidroambiental da região, mas também sub-
sidiar ações integradas e permanentes capazes de promover o uso sustentável
de recursos naturais, e demonstrar o compromisso da Codevasf com as bacias
que compõe sua área de atuação, promovendo a recuperação de áreas degradas,
buscando aumentar a qualidade e quantidade da água da bacia, visando garantir
a disponibilidade desse recurso para seus usos múltiplos para as gerações atuais
e futuras.
Nessa perspectiva, a execução deste plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia hidrográfica do rio Mearim – PLANO NASCENTE MEARIM,
torna-se estratégica e de grande importância.
30
Serra da Iburana na nascente do rio Corda (2)
Cachoeira Grande em Barra do Corda (3)
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
Disponibilidade
Sub-bacias Nível 1 Sub-bacias Nível 2
Q (m³/s) q (L/s/km²) Q15 (m³/s)
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
Os principais tributários do rio Mearim pela margem direita são o rio Corda,
com 130,8 km de extensão, e o rio Flores com extensão de 152,8 km. Pela margem
esquerda destacam-se os rios Pindaré com 569,2 km, o mais extenso afluente da
bacia e o rio Grajaú, com 546,3 km (Codevasf, 2017).
A Figura 6 apresenta a divisão hidrográfica da bacia do rio Mearim e seus
principais afluentes, segundo o critério de Ottobacias.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
3.2 Fisiografia
A bacia hidrográfica do rio Mearim divide-se em três trechos, identificados
na Figura 8, sendo Alto, Médio e Baixo Mearim.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
a) Alto Mearim
O trecho do Alto Mearim corresponde à região delimitada entre as nascen-
tes, na confluência das serras do Almoço, Mearim, Menina, Negra e Imburana, até
seu encontro com a Barragem do rio Flores (Figura 9). Possui extensão de 304,9
km (Codevasf, 2017) e um desnível total cerca de 400 m e uma declividade média
de 1,0 m/km, apresentando elevado número de corredeiras (CUNHA, 2003).
b) Médio Mearim
O trecho do Médio Mearim, localizado entre a barra dos rios Flores e Seco
das Almas e com extensão de 156,7 km (Codevasf, 2017). Segundo Cunha (2003),
esse trecho apresenta declividade média de 11 cm/km, com desnível total de cerca
de 20 m e largura entre 50 e 100 m, sendo a navegação nesse trecho dificultada
pelo acúmulo de depósitos aluviais que reduz a profundidade (Figura 10).
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
c) Baixo Mearim
O trecho do Baixo Mearim estende-se desde o Seco das Almas/Porto das
Mulatas até a foz, na baía de São Marcos. Compreende um percurso de cerca de
280,4 km (Codevasf, 2017), com desnível total de 12 m onde contorna a ilha dos
Caranguejos (CUNHA, 2003).
Ocorrência significante na parte inferior do rio Mearim é o fenômeno da
‘pororoca’ - ondas que adentram o rio em marés de grandes proporções - local
onde a prática de surfe é realizada, tornando-se atrativo turístico para a região
(Figura 11).
Sua maior característica neste trecho é a o grande número de meandros e a
formação de grandes lagos naturais, como o Lago Açu, o Grajaú, e o Viana, além de
lagoas marginais, que se destacam na manutenção do ciclo biológico de inúmeras
espécies de peixes e, consequentemente, na produção de pescado.
Outra particularidade relevante na foz do Mearim é o fato de possuir a
maior área contínua de mangues do país, com aproximadamente 30 mil hectares,
contornando a região da ilha dos Caranguejos (SOARES, 2005).
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
Figura 11. Área estuarina com desbarrancamento da margem pela ação da po-
roroca
Fonte: CODEVASF, 2017.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
a) Rio Mearim
O rio Mearim nasce no município de Formosa da Serra Negra na confluên-
cia das serras do Almoço, Mearim e Menina, em altitude de cerca de 460 m, nas
imediações do km 38 da rodovia MA-132, que liga os municípios de Fortaleza dos
Nogueiras e São Pedro dos Crentes (Codevasf, 2017). As serras do Mearim e a da
Menina são referência geográfica ao sul do Maranhão por serem divisoras de água
entre a bacia do rio Mearim e a bacia do Tocantins. A serra do Crueira apresenta-
-se como o divisor de águas entre as bacias do Mearim e Itapecuru.
Verificou-se durante a expedição realizada pela Codevasf que a nascente
do rio Mearim está inserida em uma extensa vereda, porém a prática da pecuária
e de atividades agrícolas na região, de forma inadequada para a conservação do
solo e da água, vem assoreando e compactando o solo, e tornando essa nascente
intermitente em alguns períodos do ano (Figura 13).
O rio Mearim em sua formação recebe grande quantidade de água de nas-
centes das Serras Negra e Imburana, região esta considerada a “caixa d'água” do
rio Mearim e seus tributários rios Grajaú, Grajauzinho e Corda.
A serra Negra, situada no município de Formosa da Serra Negra acerca de
500 m de altitude, tem em torno de 60 km de extensão por aproximadamente 2
km de largura. Estima-se existir, no topo e em suas encostas, em torno de 1.200
nascentes, que são fundamentais para a manutenção hídrica da bacia do rio Me-
arim. A mesma é um divisor de águas na bacia do rio Mearim, distribuindo água
de suas nascentes de um lado para o próprio rio Mearim e, de outro, para os rios
Grajaú e Grajauzinho.
Todavia, da mesma forma que a nascente principal do rio Mearim, a serra
Negra vem sofrendo com o expressivo avanço da pecuária. Suas florestas e nas-
centes onde predominam palmeiras de buritis e buritiranas, e grotas com árvores
típicas de terras húmidas, vêm sendo transformadas em pastagens e bebedouros
para o gado, onde já se observam inúmeras nascentes assoreadas e, em alguns
casos, secas.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
c) Rio Pindaré
Outro importante afluente do Mearim é o rio Pindaré que tem sua nas-
cente principal localizada no município de Amarante do Maranhão. Intercep-
tada pela rodovia MA-280 sua nascente encontra-se assoreada, compactada
pelo acesso de gado, e tendo água apenas no período das chuvas. Adicionado
a isso, as matas ciliares vem sendo desmatadas para diversos fins, como a for-
mação de pastagens e o plantio de eucalipto.
O Alto Pindaré recebe considerável aporte de água de nascentes exis-
tentes na serra do Gurupi, na confluência dos municípios de Montes Altos,
Amarante do Maranhão e Sítio Novo.
No Médio Pindaré encontra-se a Reserva Ecológica do Gurupi, que tem
por objetivo preservar a porção de floresta amazônica da região. Na reserva,
destacam-se, dentre outros, os rios Onças e Mutum, como uns dos principais
mananciais da porção sul da reserva.
Porém, a reserva e as nascentes ali existentes encontram-se antropiza-
das, tendo perdido importantes áreas de vegetação nativa pelo uso e ocupação
desordenado do solo, extração de madeira, e queimadas. A nascente do rio
das Onças foi escavada para o armazenamento de água e as encostas do vale
do rio encontram-se desmatadas, acarretando processo de erosão e assorea-
mento (Figura 15).
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
d) Rio Corda
Em outra perspectiva, o rio Corda nasce na confluência das serras da
Imburana e Grande, no município de Fernando Falcão, estando em seu per-
curso inicial com suas nascentes, veredas e matas ciliares preservadas. As
serras da Imburana e Grande são divisoras de águas dentro da bacia do rio
Mearim ao separar o rio Mearim do rio Corda.
No Alto rio Corda (Figura 16) encontram-se alguns importantes brejos,
grotas e riachos afluentes que contribuem para a vazão do rio, destacando-
se os seguintes: pela margem direita - Pintada, Passagem da Lage, Brejinho,
Samabaíba, Catingueiro e Chupé; e pela margem esquerda - Poço do Urubu
e Buritirana.
Uma influência importante ao longo de sua bacia até o seu encontro
com o rio Mearim na cidade de Barra do Corda é a quantidade expressiva de
reservas indígenas – principalmente das etnias Kanela e Guajajara - situadas
respectivamente nos municípios de Fernando Falcão, Grajaú e Barra do Cor-
da, e que contribuem de forma significativa com a preservação da bacia.
Outro fator que contribui para a sua preservação é a existência de uma
Reserva Particular de Compensação Ambiental, localizada na serra da Imbu-
rana.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
e) Rio Flores
O rio Flores nasce a cerca de 210 metros de altitude, no povoado Brejo do
Cazuza, situado entre os povoados de Galheiro e Vaca Morta, no município de
Fernando Falcão, a 30 km da sede municipal. Sua cabeceira é composta por um
conjunto de veredas que confluem para a formação do rio Flores (Figura 17).
No entanto, essas veredas estão sendo utilizadas para usos múltiplos, o que
pode comprometer a conservação hidroambiental dessas áreas (Figuras 18 A a
F), tendo em vista a utilização do solo em seu entorno para a formação de pasta-
gem para a criação de gado e para agricultura, com destaque para a plantação de
mandioca, milho e feijão, o que implica no desmatamento da área de recarga das
respectivas nascentes.
Além disso, é prática comum à utilização das veredas para a dessedentação
do gado, prática que causa o pisoteio do solo dentro dos buritizais, tornando-o
compactado e, assim, com baixa infiltração de chuva, o que vem contribuindo para
seu secamento durante o período de estiagem (Figura 19 A a F).
A identificação do número de nascentes existentes na bacia hidrográfica
do rio Mearim, bem como da condição ambiental em que se encontram, torna-
se fundamental para o embasamento técnico e econômico para a recuperação
hidroambiental da bacia (Figura 20 A a H).
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
3.4 Precipitação pluviométrica
A chuva é um dos fatores do ciclo hidrológico que garante a manutenção do
sistema hidroambiental, manutenção das nascentes e rios, produção de alimentos
e dessedentação humana e animal, dentre outros.
De acordo com os dados da Figura 22, a região do Alto Mearim, onde se
encontram as nascentes que dão início aos cursos d’água dos rios da bacia e de
seus afluentes, apresenta os menores índices pluviométricos, se comparados às
demais áreas do estado.
Observa-se no mapa um volume maior de chuvas anuais no litoral norte
do estado, e uma redução gradual no sentido norte-sul. A região do Alto Mearim
apresenta índice médio de 1.200 mm/ano, e na região do Baixo Mearim observa-
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
-se que os volumes aumentam, variando entre 1.800 e 2.000 mm/ano, apresen-
tando um volume médio na bacia de 1.550 mm/ano.
Esse é um fato muito importante que denota a necessidade de preservação
das características naturais e de preservação ambiental nessas regiões, devendo
se evitar o desmatamento e a erosão que poderiam causar degradação, redução
da recarga hídrica, e o consequente secamento das nascentes.
O gráfico 1 mostra as precipitações mensais das 23 estações pluviométricas
na bacia do rio Mearim (MARANHÃO, 2014), apresentando um aumento das preci-
pitações nos meses de janeiro a maio, atingindo o pico em abril, decaindo a partir
de maio, com precipitação mínima no mês de agosto.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
3.5 Clima
Caracterizado como quente, semiúmido, tropical de zona equatorial,
com duas estações distintas que vão de úmida (janeiro a junho) à seca (julho
a dezembro). Apresenta médias térmicas anuais superiores a 22°C por estar
localizado na região Equatorial onde a temperatura do ar é normalmente
elevada e uniforme ao longo do ano. A Figura 23 mostra a caracterização do
clima para o Maranhão.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
3.6 Geologia e geomorfologia
Quanto à geologia, o estado do Maranhão está quase totalmente inclu-
ído na bacia Sedimentar do Parnaíba, considerada uma das mais importan-
tes províncias hidrogeológicas do país. Por se tratar de uma área de rocha
quase que exclusivamente sedimentares, o Estado apresenta possibilidades
promissoras de armazenamento e exploração de águas subterrâneas (BRA-
SIL, 2006).
Conforme descrito no Plano Diretor do Mearim (MARANHÃO, 2014),
as formações geológicas na área de influência da bacia hidrográfica do rio
Mearim, por ordem de crescente de idade, são: Formação Sambaíba, Forma-
ção Mosquito, Formação Corda, Formação Codó, Formação Grajaú, Grupo
Itapecuru e Formação Ipixuna, além das Coberturas Superficiais Cenozóicas,
que englobam Coberturas Lateríticas Maturas, Grupo Barreiras, Depósitos
Colúvio-Eluviais, Coberturas Lateríticas Imaturas, Depósitos Flúvio-Lagunares,
Depósitos de Pântanos e Mangues, e Depósitos Aluvionares.
Dentre as formações citadas acima, destacamos o grupo Itapecuru, que
tem a maior distribuição espacial na bacia ocorrendo no médio e alto curso.
E também do grupo Formação Codó que aflora no médio curso da bacia do
rio Mearim nas imediações dos municípios de Grajaú e de Presidente Dutra.
Essa unidade é importante sob o ponto de vista econômico, sobretudo pela
extração de calcário e gipsita em Grajaú.
De acordo com a análise voltada à compartimentação dos sistemas na-
turais no estado do Maranhão realizada pelo IBGE (1997), são identificados
três domínios morfoestruturais, onde os fatos geomorfológicos se organizam
de acordo com os aspectos amplos da geologia, sendo estes:
Domínio I - Faixa de Dobramentos Pré-Cambrianos; Domínio II - Bacia
Sedimentar do Rio Paraíba e Coberturas Plio-Pleistocênicas; e Domínio III -
Depósitos Sedimentares Inconsolidados Quaternários. Esses domínios estão
divididos em compartimentos menores, conforme litologia, estilo estrutural e
feições da rede de drenagem.
Na bacia hidrográfica do rio Mearim ocorrem o Domínio II (representa-
do pelos compartimentos nominados com as letras “h, i, p, q e r”) e o Domínio
III (representado pelo compartimento designado apenas pela letra “a”), des-
critos a seguir e de acordo com distribuição espacial, que podem ser visuali-
zados no mapa da geomorfologia da bacia:
1. Domínio II - Bacia Sedimentar do Rio Parnaíba e Coberturas Plio-Pleistocêni-
cas: este domínio abrange quase toda a área estudada. As diferenciações litoes-
truturais que aí ocorrem e que se refletem no relevo, permitiram a identificação
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
de 19 compartimentos:
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
3.7 Solos
Os solos do estado do Maranhão apresentam-se sob diferentes tipos na
bacia do rio Mearim, segundo o Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Mearim
(MARANHÃO, 2014), predominando solos das classes Latossolo, Plintossolos e Ar-
gissolos, sendo as outras classes com menor ocorrência, conforme as unidades de
mapeamento de solos em proporções apresentadas no gráfico 2.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
3.8 Cobertura vegetal
O estado do Maranhão está localizado em uma região de contato entre
o bioma Caatinga e o bioma Cerrado, e entre os biomas Cerrado e Amazônico.
Dessa forma, há uma ampla diversidade de formações vegetais em todo o estado.
A bacia do rio Mearim situa-se entre os biomas Cerrado e Amazônico (Figura 25).
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3.9 Unidades de Conservação
Unidade de Conservação (UC) é a denominação dada pelo Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), Lei 9.985/2000, às áreas natu-
rais passíveis de proteção por suas características especiais.
Uma das principais funções das UCs é de salvaguardar a representatividade
de porções significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, ha-
bitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando
o patrimônio biológico existente.
Quanto à sua utilização, as UCs podem ser divididas em dois grupos, confor-
me o SNUC (BRASIL, 2000):
1. Proteção Integral: são aquelas unidades com maior grau de restrição
de uso pelo homem. No estado do Maranhão, englobam as categorias Re-
serva Biológica (REBIO), Parque Nacional (PARNA), e Parque Estadual;
2. Uso Sustentável: permitem um uso menos restrito e, em certos casos a
propriedade privada, abrangendo as categorias Área de Proteção Ambiental
(APA), Reserva Extrativista (RESEX) e Reserva Particular do Patrimônio Natu-
ral (RPPN).
As UCs totalizam cerca de 20% da área do estado. Desse percentual, mais
da metade (56,2%) estão localizadas no bioma Amazônico. Porém, apenas 4,3%
dessas unidades situadas nesse bioma se enquadram na categoria de Proteção
Integral. O restante pertence a categorias de Uso Sustentável.
Para as UCs localizadas no bioma Cerrado, 18,7% fazem parte da categoria
de Proteção Integral e 24,5% de Uso Sustentável.
No bioma Caatinga, as UCs somente são representadas nas categorias Área
de Proteção Ambiental e Reserva Extrativista, ambas de Uso Sustentável, e repre-
sentam apenas 0,6% do total das áreas de UC do estado (BATISTELLA et al., 2013).
De acordo com o mapeamento realizado para a bacia hidrográfica do Mea-
rim foram identificadas 06 (seis) Unidades de Conservação (Figura 28).
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3.10 Características socioeconômicas
A população total da bacia hidrográfica do rio Mearim em 2017, segun-
do dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), corresponde a
2.257.268 habitantes, o que representa 32,24% da população maranhense. Com-
preende 84 municípios, sendo que 50 estão totalmente inseridos no vale, e os
demais se situam parcialmente na bacia.
As principais concentrações populacionais urbanas da bacia do rio Mearim
ocorrem nas cidades de Açailândia, Bacabal, Barra do Corda, Grajaú e Santa Inês.
As maiores concentrações de pessoas vivendo na região rural da bacia encon-
tram-se nos municípios de Santa Luzia, Buriticupu, Barra do Corda e Grajaú.
Há uma concentração maior de comunidades rurais na região entre o Mé-
dio e o Baixo Mearim, destacando-se ainda a presença de terras indígenas na
região do Alto Mearim. Outra característica é a distribuição populacional na bacia
ao longo e próximo às margens dos rios.
Em áreas rurais da bacia do rio Mearim, há predominância de residências e
outras construções feitas de taipa e com coberturas de palha de palmeiras (Figura
31 A e B).
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2 BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Sumário mineral 2015. Brasília, 2015. v. 35.
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Figura 36 A a D: Pororoca, Lago Açu, encontro dos rios Corda e Mearim, Igreja
no morro do Calvário em Barra do Corda
Fonte: CODEVASF, 2017.
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Cajari Camaputiua, Bolonha, Santa Maria, São José do Belino, Boa Vista.
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Centro do Guilherme, Zé
Doca, Araguanã, Mara-
Alto Turiaçu Ka´apor 530.525 1.929 nhãozinho, Santa Luzia
do Paruá, Centro Novo do
Maranhão.
Amarante, Buriticupu,
Arame, Amarante do
Arariboia Guajá 413.288 7.329
Maranhão, Bom Jesus das
Selvas, Grajaú, Santa Luzia.
São João do Caru, Governa-
dor Newton Bello, Centro
Awá Guajá 116.583 891
Novo do Maranhão, Zé
Doca.
Bacurizinho Guajá 82.432 2.973 Grajaú.
Canabrava Gua- Grajaú, Barra da Corda,
Tenetehara 137.329 7.158
jajara Jenipapo dos Vieiras.
Caru Tenetehara 172.667 379 Bom Jardim.
Geralda Toco Preto Timbira 137.329 163 Arame, Itaipava do Grajaú.
Tenetehara,Gavião
Governador 41.644 1.058 Amarante do Maranhão.
Pukobiê
Barra do Corda, Fernando
Kanela Kanela 125.212 1.865
Falcão.
Amarante do Maranhão,
Krikati Krikati 144.756 1.700 Lajeado Novo, Montes
Altos, Sítio Novo.
Itaipava do Grajaú, Jenipa-
Lagoa Comprida Tenetehara 13.198 808
po dos Veados.
Morro Branco Tenetehara 48,98 587 Grajaú.
Barra do Corda, Fernando
Porquinhos Kanela 79.520 2.600
Falcão.
Rio Pindaré Tenetehara 15.003 775 Bom Jardim, Monção.
Rodeador Tenetehara 2.319 638 Barra do Corda.
Urucu/Juruá Tenetehara 12.697 845 Itaipava e Grajaú.
Kanela Memor- Barra do Corda, Fernando
Kanela 100.221 5.223
tumré Falcão.
Porquinhos dos Kanela 301.000 5.906 Barra do Corda, Fernando
Canela Apãnjekra Falcão, Mirador, Formosa
da Serra Negra.
Total _ 2.425.772 42.827 _
*A população DECLARADA da terra indígena Bacurizinho é 134.040 habitantes, sendo que deste
total apenas 82.432 encontra-se em situação REGULARIZADA.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
3 LEITE, A. C. A oferta de água no Maranhão. Revista Água do Brasil, v.1, n.3, 2011.
4 BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Sistema Nacional de Infor-
mações sobre Saneamento: diagnóstico dos serviços de água e esgotos – 2012. Brasília: SNSA/MCid, 2014. 164 p.
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Dessa forma, a gestão das águas das bacias hidrográficas do estado do Ma-
ranhão é promovida por entidades da esfera federal e estadual que compõem o
Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos: ANA; CNRH; SEMA/MA;
CONSEMA/MA; CBHs; os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais e munici-
pais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos, e pelas
Agências de Água.
O CNRH e a ANA participam, juntamente com CONERH, SEMA, e CBHs, das
questões de gestão de bacias hidrográficas federais – bacias que abrangem mais
de um estado, por exemplo, a bacia hidrográfica do Parnaíba que abrange áreas
dos estados do Maranhão e do Piauí.
O CONERH, a SEMA/MA e os CBHs participam das questões de gestão de
bacias hidrográficas estaduais – bacias inseridas na área do estado, por exemplo,
a bacia do rio Mearim. À estrutura orgânica da SEMA/MA vinculam-se as Superin-
tendências de: i) Gestão Florestal; ii) Fiscalização e Defesa dos Recursos Naturais;
iii) Recursos Naturais; iv) Monitoramento; v) Desenvolvimento; e vi) Educação Am-
biental. A Superintendência de Recursos Naturais, responsável pela emissão de
outorga em formato de autorização de uso dos recursos naturais no âmbito do
estado, constitui-se do Departamento de Planejamento e Estudos Hidrológicos, e
do Departamento de Gestão de Bacias Hidrográficas.
No estado do Maranhão, a implementação do PERH e do PRH-Bacias Hi-
drográficas é importante e estratégico instrumento para gestão dos sistemas de
recursos hídricos e gradualmente vem ganhando relevância. Esses Planos carac-
terizam e avaliam as bacias estaduais; examinam os investimentos previstos nas
esferas federal, estadual e municipal; adaptam iniciativas estaduais a programas
federais; reconhecem conflitos entre usuários e propõem encaminhamentos para
superá-los; realinham prioridades, criando uma escala estadual que leve em conta
as proposições dos planos das bacias e as hierarquizações ali contidas; consoli-
dam fontes de recursos e integram as várias ações em um programa estadual de
investimentos em recursos hídricos.
A bacia hidrográfica do Mearim não possui, até a presente data, Plano de
Recursos Hídricos elaborado, mas encontra-se em andamento articulação en-
tre CBH-Rio Mearim, Codevasf, SEMA/MA e Universidade Estadual do Maranhão
(UEMA) para contratação de empresa para sua elaboração.
O PERH harmoniza-se com os demais PRH-Bacias Hidrográficas, quando es-
ses existem, e supre momentaneamente a ausência dos que ainda faltam, mas
não os substitui. Ele deve ser uma leitura, pela ótica do estado, das oportunidades
e dos problemas existentes no setor de recursos hídricos, podendo desse modo,
identificar as carências dos setores afins, que possuam rebatimento sobre a dis-
ponibilidade hídrica (tanto pelo viés quantitativo quanto qualitativo) e propor com-
pensações e estímulos para redução das desigualdades em termos de recursos
hídricos entre as suas regiões.
A Lei Federal nº 12.196/2010 ampliou a área de atuação da Codevasf para
as bacias hidrográficas dos rios Itapecuru e Mearim, no estado do Maranhão, e
menciona em seu Art. 4º “que a Codevasf tem por finalidade o aproveitamento,
para fins agrícolas, agropecuários e agroindustriais, dos recursos de água e solo
dos vales dos rios São Francisco, Parnaíba, Itapecuru e Mearim, diretamente ou
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Savana Grajaú (6)
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4 ASPECTOS LEGAIS
a) Lei nº 1.806/1953:
Dispõe sobre o “Plano de Valorização Econômica da Amazônia”; cria a su-
perintendência da sua execução e dá outras providências; menciona em seu Art.
2o que “a Amazônia brasileira, para efeito de planejamento econômico e execução do
plano definido nesta lei, abrange a região compreendida pelos estados do Pará e do
Amazonas, pelos territórios federais do Acre, Amapá, Guaporé e Rio Branco, e ainda, a
parte do estado de Mato Grosso a norte do paralelo 16º, a do estado de Goiás a norte
do paralelo 13º e do Maranhão a oeste do meridiano de 44º”.
A Amazônia brasileira passa a ser chamada de “Amazônia Legal”. Pela Lei
nº 5.173/1966, a Lei Complementar nº 31/1977, e a Constituição Federal de 1988,
novas áreas foram incorporadas à Amazônia Legal, que atualmente engloba os
estados de Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, To-
cantins, e parte de Goiás e do Maranhão. O Código Florestal Brasileiro apresenta
um diferencial na preservação ambiental da Amazônia Legal ao ampliar as áreas
destinadas para Reserva Legal das propriedades em relação aos demais biomas
do Brasil.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
c) Lei nº 6.938/1981:
Estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente que tem por objetivo a pre-
servação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando
assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses
da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos al-
guns princípios, dentre os quais destacamos (Art. 2º):
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológi-
co, considerando o meio ambiente como um patrimônio pú-
blico a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo
em vista o uso coletivo;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas
representativas;
VIII - recuperação de áreas degradadas;
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a
educação da comunidade, objetivando capacitá-la para parti-
cipação ativa na defesa do meio ambiente.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
h) Decreto nº 7.378/2010:
Aprova o Macrozoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia Legal - Ma-
cro ZEE da Amazônia Legal, altera o Decreto no 4.297, de 10 de julho de 2002, e dá
outras providências.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
1) Decreto n° 7.641/1980:
Cria o Parque Estadual do Mirador, sendo que em seu Art. 1º possui uma
área estimada em 700.000 ha. Estabelece em seu Art. 7º - que estão terminante-
mente proibidos os usos diretos, com quaisquer finalidades, dos recursos naturais
da área, ressalvando-se as atividades cientificas devidamente autorizada pela au-
toridade competente.
Em 2009, por meio da Lei no 8.958/2009 o caput do Art. 1º do Decreto nº
7.641/80 passa a ter a seguinte redação: “Art. 1º Fica criado o Parque Estadual de
Mirador, com uma área de 766.781,00 ha, vinculado administrativamente à Secretaria
Estadual de Meio Ambiente e Recursos Naturais”.
101
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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104
Vereda na Serra da Menina (7)
Palmeira de Buriti (8)
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
5 BASES TEÓRICAS
5.1 Ciclo hidrológico
O ciclo hidrológico é a representação dos diferentes caminhos que a água
percorre na natureza. Entender esse processo é importante para que se possa
fazer uma gestão sustentável dos recursos naturais (Figura 42).
O ciclo hidrológico, ou ciclo da água, é o fenômeno global de circulação
fechada da água entre a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado, fun-
damentalmente, pela energia solar, associada à gravidade e à rotação terrestre
(TUCCI, 2000).
O conceito de ciclo hidrológico, segundo Carvalho e Silva (2006), se refere
ao movimento e à troca de água nos seus diferentes estados físicos que ocorre
entre os oceanos, as calotas de gelo, as águas superficiais, as águas subterrâneas,
e a atmosfera. Esse movimento é permanente e mantido pelo Sol, que fornece a
energia para elevar a água da superfície terrestre para a atmosfera (evaporação), e
pela força da gravidade, que faz com que a água condensada caia (precipitação), e
que, uma vez na superfície, circule na direção das partes mais baixas da paisagem,
através de linhas de água que se reúnem em rios até atingir os oceanos (escoa-
mento superficial), ou se infiltre nos solos e nas rochas, através dos seus poros,
fissuras e fraturas (escoamento subterrâneo).
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
5 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Ciclo hidrológico: água subterrânea e o ciclo hidrológico. [201-].
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/agua/recursoshidricos/aguas-subterraneas/ciclo-hidrologico>. Acesso em:
29 jan. 2018.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
6 <http://www.semarh.se.gov.br/comitesbacias/modules/tinyd0/index.php?id=22.>.
109
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
A parcela da água das chuvas que se abate sobre a área de uma bacia,
chamada de precipitação efetiva, transforma-se em escoamento superficial e es-
coamento subterrâneo no seu interior e, por meio da rede hidrográfica, ou rede
de drenagem, que é formada por diversos cursos d’água, formam um rio principal.
O rio principal da bacia recebe a contribuição dos seus afluentes e dos rios que
deságuam nestes últimos, que são chamados subafluentes (Figura 44).
110
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
Figura 46. Hierarquização de cursos d’água numa bacia segundo Otto Pfafstetter
Fonte: ROMEIRO, 20128.
8 ROMEIRO, Francisco. Monitoramento da qualidade de água. Brasília, 2012. Slide 18. Disponível em:
<https://slideplayer.com.br/slide/2821038/>. Acesso em: 29 jun. 2017.
112
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
1) Zonas de recarga
São normalmente áreas com solos profundos e permeáveis, com relevo su-
ave, sendo fundamentais para o abastecimento dos lençóis freáticos. Nas diferen-
tes bacias hidrográficas essas áreas podem ser constituídas pelas planícies e cha-
padas. Essas áreas devem, dentro do possível, ser mantidas sob vegetação nativa,
uma vez que as mesmas exercem uma grande influência sobre a redistribuição da
água das chuvas (Figura 47).
Se essas áreas forem utilizadas e ocupadas com atividades agropecuárias,
a função de recarga pode ser prejudicada pela impermeabilização decorrente da
compactação do solo pela mecanização agrícola e pisoteio pelo gado. O uso in-
discriminado de agroquímicos pode levar à contaminação do lençol freático por
serem esses produtos carreados pelas águas que infiltram no solo.
2) Zonas de erosão
Encontram-se imediatamente abaixo das áreas de recarga, onde se distri-
buem as vertentes em declives e comprimentos de rampas favoráveis a processos
erosivos, e que podem ser acelerados pelo uso impróprio do solo. Nessas áreas
o escoamento superficial tende a predominar sobre o processo de infiltração. Po-
113
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
dem ser cultivados com lavouras e pastagens, desde que sistemas de controle à
erosão sejam implantados, com a finalidade de se reduzir o escoamento superfi-
cial e aumentar a infiltração, de forma que os comprimentos de rampas sejam sec-
cionados através de faixas vegetativas de retenção, terraços, bacias de captação,
cordões em contorno e outras medidas adequadas a cada situação e condições
climáticas.
Essas áreas são as principais contribuintes para o carreamento de sedimen-
tos para os cursos d’água e reservatórios, podendo causar assoreamento e eleva-
ção da turbidez das águas superficiais, com consequências adversas, tais como a
diminuição da profundidade dos rios, o aumento das perdas hídricas (evaporação)
e até o desaparecimento de nascentes, entre outras (Figura 48).
3) Zonas de sedimentação
Segmento mais baixo das bacias hidrográficas, são as planícies fluviais, vul-
garmente denominadas várzeas, que constituem a zona de sedimentação nas ba-
cias hidrográficas. Principalmente nas regiões mais acidentadas essas planícies
são utilizadas para uso agropecuário, especialmente para a agricultura familiar.
Entretanto, nos períodos de chuva algumas dessas planícies apresentam sérios
riscos de inundações que podem inviabilizar a instalação de infraestruturas e re-
sidências, bem como na utilização agropecuária. Pelo fato do lençol freático si-
tuar-se muito próximo à superfície, cuidados redobrados são exigidos quanto à
instalação de fossas sanitárias, aplicação de agroquímicos, acesso de animais à
água etc (Figura 49).
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
5.3 Nascentes
A Lei Federal no 12.651/2012 define NASCENTE como o “afloramento natu-
ral do lençol freático que apresenta perenidade e dá início a um curso d’água”, e
OLHO D’ÁGUA como afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermi-
tente.
Segundo Valente e Gomes (2004) nascentes são manifestações, em super-
fície, da água subterrânea armazenada em uma zona de saturação do perfil do
solo, normalmente sustentada por uma camada geológica inferior e impermeável.
As nascentes podem dar origem a pequenos cursos d’água e, quando isso ocorre,
esses cursos constituem os córregos que se juntam adiante para formar riachos
e ribeirões e que voltam a se juntar para formar os rios de maior porte. É assim
que surgem tanto os pequenos quanto os grandes rios, por exemplo: Amazonas,
Itapecuru, Mearim e São Francisco.
Nascentes podem também ser definidas como um “momento” do ciclo hi-
drológico em que a água infiltrada retorna à superfície. Dentro de uma bacia hi-
drográfica a água das chuvas apresenta os seguintes destinos: parte é intercepta-
da pelas plantas, evapora e volta para a atmosfera; parte escoa superficialmente
formando as enxurradas e, através de um córrego ou rio, abandona rapidamente
a bacia.
Outra parte, a de maior interesse, é aquela que se infiltra no solo onde uma
parcela é temporariamente retida nos espaços porosos, uma parte é absorvida
pelas plantas ou evaporada através da superfície do solo, e a última alimenta os
115
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
Figura 51. Tipos mais comuns de nascentes originárias de lençol não confinado:
de encosta, de fundo de vale, de contato e de rio subterrâneo
Fonte: LINSLEY; FRANZINI, 1978.
117
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
Esse pode ser o tipo de nascente SEM ACÚMULO D’ÁGUA INICIAL, comum
quando o afloramento ocorre em um terreno declivoso, surgindo em um único
ponto em decorrência da inclinação da camada impermeável ser menor que a da
encosta. São exemplos desse tipo, as nascentes de encosta e de contato (Figura
52).
Figura 52. Nascente sem acúmulo inicial - riacho do Ouro na Serra Negra
Fonte: CODEVASF, 2017.
118
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
1 >170.000
2 17.000 – 170.000
3 1.700 – 17.000
4 380 – 1.700
5 38 – 380
6 4 – 38
7 0,6 – 4
8 < 0,6
120
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
5.4 Degradação de nascentes
As nascentes são enquadradas tecnicamente como Área de Preservação
Permanente (APP) e são protegidas pela Lei n° 12.651, de 25 de maio de 2012,
que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Essas áreas, cobertas ou não
por vegetação nativa, estão localizadas ao longo das margens dos rios, córregos,
lagos, lagoas, represas e nascentes, e tem a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade, a biodiversidade, o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo, assegurar o bem-estar das populações humanas, e
manter a biodiversidade. Esses sistemas vegetais são essenciais para o equilíbrio
ambiental. Devem representar uma preocupação central para o desenvolvimento
rural sustentável e para o planejamento do desenvolvimento regional.
A realidade, porém, mostra um cenário diferente quanto ao cumprimento
da legislação em todo o país, onde a degradação dos corpos hídricos aumenta à
medida que o homem ocupa e explora o ambiente. O termo “degradar” pode ser
interpretado como estragar, deteriorar, desgastar e, de acordo com Santos (2010),
a degradação dos recursos hídricos vem se destacando em meio à sociedade em
geral, com grande parte dessa preocupação voltada para o estudo e preservação
das nascentes, as quais têm sido degradadas em meio às situações marcadas pelo
conflito, esgotamento e destrutividade, atreladas ao crescimento econômico e à
expansão urbana, demográfica e agropecuária.
Nos centros urbanos, os mananciais e nascentes são os primeiros a expe-
rimentarem os efeitos negativos desses processos. Como fontes de degradação,
podem-se mencionar o aterramento e a impermeabilização dos pontos de aflora-
mento de água para expansão das áreas urbanas e a contaminação desses corpos
d’água por lixo, esgotos domésticos e industriais não tratados.
No meio rural, a degradação das nascentes é causada pelas pressões oriun-
das de diferentes formas de intervenções antrópicas, podendo-se mencionar: a)
atividade agrícola e pecuária sem medidas de conservação de água e solo, sobre-
tudo em áreas de encosta; b) o desmatamento de áreas de preservação perma-
nente e das áreas de recarga; c) a implantação de rodovias ou estradas vicinais mal
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a) Práticas vegetativas
As práticas vegetativas ou vegetacionais, como o próprio nome diz, utilizam
a vegetação de forma racional visando à redução do escoamento superficial. Entre
os efeitos benéficos da cobertura vegetal (Figura 58), podem ser citados: a prote-
ção direta contra o impacto das gotas de chuva; a interceptação do fluxo de água
(evitando o carregamento de partículas de solo) com diminuição da velocidade
de escoamento; a decomposição de suas raízes (formando pequenos canais por
onde a água infiltra); e o aumento da retenção de água no solo (pois melhora a es-
trutura do solo) pelo maior tempo de oportunidade à infiltração que proporciona.
São exemplos de práticas pertencentes a esse grupo: florestamento e reflo-
restamento; plantas de cobertura; cobertura morta; rotação de culturas; formação
e manejo de pastagem; cultura em faixa; faixa de bordadura; quebra-vento; bos-
que sombreador; cordão vegetativo permanente; manejo do mato; alternância de
capinas etc.
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c) Práticas Mecânicas
As práticas mecânicas de conservação do solo utilizam estruturas construí-
das através da disposição adequada de porções de terra para diminuir a velocida-
de de escoamento da enxurrada, facilitando a infiltração da água. São exemplos
de práticas pertencentes a esse grupo: preparo do solo e plantio em nível; distri-
buição adequada dos caminhos; sulcos e camalhões em pastagens; enleiramento
em contorno; terraceamento; bacias de captação; subsolagem; adequação de es-
tradas rurais etc.
De acordo com Castro e Gomes (2001) quando se trabalha com nascentes
deve-se dar preferência às técnicas vegetativas e mecânicas de conservação de
solo e água.
A seguir são conceituadas algumas dessas principais técnicas aplicadas para
preservação e recuperação de nascentes:
• Cercamento/Isolamento
Consiste na implantação de cercas ao redor das nascentes ou outras a se-
rem recuperadas, objetivando o seu isolamento ou proteção contra os fatores
causadores da degradação, de modo a contribuir com o aceleramento do proces-
so de regeneração natural ou com o estabelecimento de plantios que tenham sido
realizados. Atua de forma complementar às técnicas vegetacionais citadas.
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• Subsolagem
A subsolagem é uma prática mecânica que faz uso de um equipamento
chamado subsolador acoplado a um trator. Tem por objetivo romper as camadas
compactadas do solo, estejam elas na superfície ou localizadas em maior profun-
didade, geralmente entre 20 cm e 50 cm. A subsolagem visa promover a aeração
e a estruturação do solo de modo a torná-lo mais permeável, favorecendo, assim,
a infiltração de água e a penetração de raízes das plantas, contribuindo para o
sucesso das práticas vegetativas de plantio e de condução da regeneração natural.
A compactação do solo é dependente do modo como ele foi utilizado, po-
dendo ocorrer em função do que nele foi plantado anteriormente, dos equipa-
mentos utilizados e das condições de umidade do solo no momento do preparo
deste, da ocorrência de pisoteio em áreas de criação de animais etc.
Os solos compactados apresentam baixa infiltração, prejudicando o abaste-
cimento do lençol freático e, consequentemente, das nascentes. Além disso, difi-
cultam consideravelmente o estabelecimento da vegetação.
• Terraceamento
É uma prática mecânica de combate à erosão fundamentada na constru-
ção de terraços com uso de máquina motoniveladora (patrol) ou trator (esteiras/
pneus) com arados de discos acoplados, dentre outros equipamentos, com o pro-
pósito de disciplinar o volume de escoamento superficial das águas das chuvas
(WADT, 2003).
O terraço consiste em uma estrutura transversal ao sentido do maior de-
clive do terreno, composta de um dique e um canal e tem a finalidade de reter e
infiltrar a água da chuva, nos terraços em nível, ou escoá-la lentamente para áreas
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• Agricultura Orgânica
De acordo com a Lei no 10.831/2003, que dispõe sobre a agricultura orgâ-
nica e dá outras providências, considera-se sistema orgânico de produção agro-
pecuária:
[...] todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante à otimização do uso dos
recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comu-
nidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica; à maximização
dos benefícios sociais; à minimização da dependência de energia não renovável, empregando,
sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos em contraposição ao uso de
materiais sintéticos; à eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radia-
ções ionizantes em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamen-
to, distribuição e comercialização; e à proteção do meio ambiente (BRASIL, 2003)
O termo técnico institucionalizado no Brasil foi o “orgânico”, que inclui a ter-
minologia: biodinâmico, natural, biológico, agroecológico, termos estes oriundos
da permacultura (FONSECA, 2009).
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
• Sistemas Silviculturais
É o conjunto de atividades que tem por objetivo manejar a floresta de forma
que o crescimento das árvores seja favorecido a fim de que se possa, num certo
período de tempo, explorar os recursos florestais (madeireiros ou não madeirei-
ros). A atividade silvicultural poderá ser realizada em áreas desmatadas aptas ao
uso alternativo do solo, definida na Lei nº 8.171/1991, que dispõe sobre a política
agrícola. Estas atividades deverão estar em consonância com a Lei nº 12.651/2012.
Dentro deste contexto, os trabalhos a serem desenvolvidos deverão favore-
cer a condução da regeneração natural de florestas, a recuperação da capacidade
produtiva do solo, de forma que haja também a recuperação de áreas produtivas
(exemplo: pastagens degradadas) e a manutenção do florestal a partir de planta-
ções de espécies amazônicas que favoreçam a recuperação de áreas degradadas/
alteradas (Figura 65 A e B), de forma a promover boas práticas silviculturais em
diferentes ecossistemas amazônicos, seja de terra firme, seja de várzea (SABOGAL,
2006).
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Rio Grajaú (9)
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6.1.2 Comissões comunitárias
As Comissões Comunitárias (CCs), a exemplo dos CGMs, representam uma
instância de participação direta da sociedade na implantação do PLANO NASCEN-
TE MEARIM, porém, com abrangência específica, restrita ao contexto territorial de
cada comunidade que integra o município.
Uma vez criado o CGM este deverá indicar comunidades existentes nos mu-
nicípios onde exista viabilidade técnica para criação de Comissões Comunitárias. A
viabilidade técnica da criação das CCs deverá ser analisada pela empresa de apoio,
juntamente com a Codevasf, considerando critérios como: existência de nascen-
tes próximas à comunidade, identificação de lideranças comunitárias, contingente
populacional da comunidade, entre outros. Nos casos em que não for possível a
criação das CCs caberá ao CGM cumprir as atribuições das Comissões.
As CCs devem ser criadas até 30 dias após o início dos trabalhos pela em-
presa de apoio nos municípios, e a comprovação de sua criação deverá ser feita
por meio de ata do CGM. Devem contar também com pelo menos três membros
da comunidade, bem como garantir a participação de pelo menos uma mulher e
de um proprietário de terras onde haja nascente. Seus membros devem ser elei-
tos pela própria comunidade na reunião organizada pelo CGM em parceria com a
empresa de apoio para apresentação do Plano.
São atribuições das CCs, respeitadas as diretrizes do PLANO NASCENTE ME-
ARIM, compreendem:
• Receber e orientar localmente as equipes de trabalho social e técnico das
empresas de Apoio e de Execução em todas as suas atribuições;
• Ajudar na mobilização e na realização das oficinas, reuniões, encontros e
visitas, inclusive as de monitoramento e fiscalização;
• Auxiliar na mobilização e organização das famílias para o cadastramento
e elaboração de projetos técnicos de preservação e recuperação, validação
de cadastros, execução do projeto técnico de preservação e recuperação
de nascentes, manutenção das intervenções e monitoramento da quantida-
de da água das nascentes, naquilo que forem capacitadas.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
6.1.3 Empresa de apoio
A empresa de apoio consiste em pessoa jurídica a ser contratada pela Co-
devasf, mediante processo licitatório, com o objetivo de apoiá-la na formação dos
CGMs e CCs; realizar as ações de divulgação do PLANO NASCENTE MEARIM nos
municípios-alvo; cadastrar as nascentes; elaborar projetos técnicos de recupera-
ção das nascentes; elaborar projetos de implantação de sistemas simplificados de
preservação e uso sustentável de água das nascentes; promover ações de sensi-
bilização, mobilização e organização social; ministrar cursos de capacitação para
os CGMs e CCs, notadamente em relação as aferições de qualidade e quantidade
de água das nascentes; monitorar as áreas em recuperação conforme as inter-
venções técnicas escolhidas na execução; realizar monitoramento da qualidade e
quantidade da água; apoiar a fiscalização e realizar a medição dos serviços execu-
tados pela empresa executora.
6.1.4 Empresa executora
A empresa executora deverá ser pessoa jurídica contratada pela Codevasf
mediante processo licitatório com o objetivo de executar as intervenções técnicas
ambientais necessárias à preservação e/ou recuperação de nascentes, tais como,
cercamento, plantios, terraceamento, construção de bacias de captação, adequa-
ção de estradas vicinais.
Ressalta-se que, com base em critérios técnicos e operacionais, poderá ha-
ver a contratação de mais de uma empresa para execução das intervenções em
função da ampla distribuição geográfica das nascentes a serem cadastradas.
6.1.5 Codevasf
A Codevasf será responsável por toda a articulação interinstitucional para
a celebração das parcerias necessárias à implantação do PLANO NASCENTE ME-
ARIM, a exemplo da criação dos CGMs e CCs, bem como deverá realizar contrata-
ções e fazer toda a gestão necessária à implantação do Plano, além de promover
a execução indireta por meio de parcerias.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
a) Levantamento municipal
A partir da criação dos Comitês Gestores Municipais (CGMs) deverão ser
promovidas, juntamente com a empresa de apoio, campanhas de divulgação do
13 COMITÊ DE BACIAS HIDROGRÁFICAS. O que é um CBH?. Brasília, [2017?]. Disponível em: <http://www.cbh.
gov.br/GestaoComites.aspx>. Acesso em: 13 dez. 2017.
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b) Diagnóstico ambiental
• Uso e ocupação da área de recarga e da APP - presença de áreas desma-
tadas, erodidas; presença ou não de vegetação arbustiva, rasteira (gramí-
neas) ou arbórea; espécies vegetais mais comuns na área de preservação;
existência e caracterização da exploração agrícola; existência e caracteriza-
ção da exploração pecuária; presença ou ausência de lixo; ocorrência de
queimadas, presença de formigas cortadeiras, cupinzeiro e quaisquer ou-
tros dados relevantes;
• Vazão da nascente (medida com equipamento simplificado);
• Formas de uso das águas das nascentes (se houver);
• Outras informações relevantes.
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e) Elaboração de projeto
Após a compilação e análise das informações do cadastro a equipe técnica
da Empresa de Apoio deverá elaborar e apresentar um projeto técnico referente
ao conjunto de intervenções previstas no PLANO NASCENTE MEARIM adequado
ao diagnóstico de cada nascente. Para cada nascente cadastrada deverá ser pro-
duzido, obrigatoriamente, registro fotográfico e/ou audiovisual, representativo do
cenário-base (inicial).
O projeto elaborado deverá ser aprovado pelo CGM e pelo proprietário rural
beneficiário, possuidor de área rural com até 4 módulos fiscais, conforme o Novo
Código Florestal, que permite a utilização de recursos públicos, nessa condição. O
proprietário deverá então assinar um Termo de Adesão Voluntária ao PLANO NAS-
CENTE MEARIM manifestando sua concordância com a execução das intervenções
em sua propriedade, bem como com as suas responsabilidades relacionadas à
manutenção das intervenções e ao monitoramento da água das nascentes.
Depois de concluída a etapa de diagnóstico deverão ser produzidos mapas
de espacialização das nascentes que, acompanhados de suas fichas cadastrais,
projetos técnicos, e de Termos de Adesão Voluntária assinados pelos proprietá-
rios, deverão ser repassados à empresa executora contratada para implantação
das intervenções necessárias.
Além das nascentes indicadas pela população dos municípios serão consi-
deradas, para fins de cadastramento e execução de intervenções, aquelas oriun-
das de levantamentos realizados por órgãos estaduais, municipais e demais ins-
tituições parceiras, bem como aquelas nascentes indicadas pelos proprietários
rurais no ato do cadastramento de suas propriedades junto ao Ministério do Meio
Ambiente no âmbito do Cadastro Ambiental Rural (CAR) devendo-se, da mesma
forma, buscar a adesão voluntária dos proprietários das terras onde essas nas-
centes se situam.
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(continua)
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(conclusão)
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
(1) A definição do estágio de conservação das nascentes será realizada pela Empresa de Apoio
com base nos dados da ficha cadastral.
(2) Deverão ser executadas conforme projeto técnico elaborado pela Empresa de Apoio.
(3) O cercamento visa, sobretudo, o isolamento das APPs da presença de animais, favorecendo
o processo de regeneração natural e protegendo o olho d’água da contaminação causada por estes.
Deverá ser realizado com fios de arame liso ou farpado e estacas de madeira de florestamento (flores-
tas plantadas) tratada, com números de fios e espaçamento entre as estacas variáveis de acordo com
os tipos de animais criados nas propriedades, dos quais se pretende isolar as nascentes.
(4) Os plantios de mudas ou semeadura com espécies nativas visam restabelecer a cobertura
vegetal das APP’s e de áreas de recarga (quando possível). Deverão seguir a boa técnica agronômico-
-florestal (coveamento, rega, adubação, tutoramento etc.), prezando, principalmente, pela escolha de
espécies adequadas para esses ambientes, bem como deverão adotar baixa densidade de indivíduos.
(5) As práticas de terraceamento e construção de bacias de captação deverão ser realizadas me-
canicamente com uso de trator e/ou implementos necessários, com especificações técnicas e métodos
executivos variáveis conforme declividade, características do solo e uso e ocupação das propriedades
rurais.
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a) Pessoas
As pessoas são o primeiro elemento do modelo de monitoramento propos-
to. Elas deverão se organizar em grupos responsáveis por “cobrir” todos os pontos
de monitoramento nas propriedades (as nascentes), devendo realizar coleta e ava-
liação da qualidade e quantidade da água, organização dos dados, avaliação dos
problemas encontrados, e definição de estratégias de atuação para solução dos
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
problemas. Para tanto, torna-se essencial nesse modelo a participação dos CGMs
e das CCs, ou a existência de lideranças locais que compreendam a importância
da qualidade da água que possuam disposição para o trabalho voluntário e sejam
capazes de organizar e manter grupos de monitoramento.
A formação desses agentes ambientais comunitários, conforme menciona-
do, terá as escolas dos municípios como parceria de extrema importância – haja
vista a necessidade de participação ativa do setor educacional no CGM – uma vez
que o ensino básico é um dos grandes responsáveis na formação das pessoas,
sendo esta a instância ideal para que se obtenham as mudanças necessárias na
forma de pensar sobre o ambiente, e na maneira de melhorar a convivência das
pessoas com o meio em que vivem. A participação de educadores nos cursos de
formação desses agentes de água possibilita um grande ganho na construção da
rede de monitores ambientais.
b) Tecnologia
A tecnologia utilizada caracterizada por ser de baixo custo, simples de ope-
rar, precisa, na imensa maioria dos casos, permitirá a análise dos dados ainda em
campo. Segue um protocolo de coleta e análise da qualidade da água aprovado
pela Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA) para os seguintes parâme-
tros físico-químicos e bacteriológicos: oxigênio dissolvido, pH, alcalinidade, dureza,
turbidez, temperatura, sólidos suspensos totais, Escherichia coli e outros colifor-
mes.
A seleção dos parâmetros a serem monitorados requer conhecimento das
atividades de uso e ocupação do solo na propriedade, qualidade da água local, dos
diferentes usos da mesma pelos proprietários, dos parâmetros e tecnologias dis-
poníveis, e dos procedimentos de análise que assegurem a qualidade dos dados.
Para tanto, torna-se indispensável à participação ativa de especialistas na capaci-
tação de lideranças comunitárias, integrantes da equipe técnica da Empresa de
Apoio, e formação de monitores capazes de avaliar a qualidade da água seguindo
padrões de coleta e de análise preestabelecido.
c) Dados confiáveis
A geração de dados confiáveis requer, além da capacitação dos grupos, a
estruturação de um plano de monitoramento pela comunidade – representada
pelos proprietários rurais e pelos CGMs – que permita direcionar os esforços na
aquisição e interpretação dos dados coletados. O planejamento é indispensável
para a manutenção da participação comunitária uma vez que leva à reflexão dos
objetivos que se almeja atingirem com o monitoramento.
No plano de monitoramento estabelecido devem estar contemplados, além
do objetivo que se pretende alcançar, a definição dos parâmetros, os pontos de
coleta, a forma de estruturação e interpretação dos dados coletados, e os respon-
sáveis pela coleta dos dados.
Usualmente o monitoramento busca avaliar a quantidade e qualidade da
água para o consumo humano, ou aprofundar o conhecimento sobre a dinâmica
dos recursos naturais em uma bacia hidrográfica. A pertinência do foco e dos pa-
râmetros escolhidos possibilita uma atuação efetiva do grupo de monitoramento
na melhoria da qualidade de vida da população e a adequada avaliação dos efeitos
das intervenções implantadas no âmbito do PLANO NASCENTE MEARIM, inclusive
analisando indicadores de possíveis agentes causadores de doenças diarreicas de
veiculação ou transmissão hídrica, responsáveis por elevadas taxas de mortalida-
de infantil em locais com saneamento básico deficiente.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
e) Divulgação
A divulgação ocorre naturalmente quando os resultados alcançados com o
monitoramento contribuem para melhoria da qualidade de vida da comunidade, e
novos membros se interessam em participar do trabalho. Também pode ser o re-
sultado de uma ação para a expansão do PLANO NASCENTE MEARIM, levando-o a
outras bacias. Seja formal ou informal, a ampliação do escopo do monitoramento
requer planejamento para garantia da qualidade no levantamento e interpretação
dos dados, assim como na busca por soluções.
A divulgação das ações e dos resultados alcançados é importante por possi-
bilitar a entrada de novos voluntários, ampliando assim a atuação de grupos exis-
tentes ou formando novos grupos de monitoramento, possibilitando a atuação
em outras bacias hidrográficas.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
g) Instituições e políticas
A interação dos grupos de monitoramento com instituições políticas é mui-
to importante para formação de parcerias que possam impulsionar os trabalhos
e ampliar as ações. Para tanto, é imprescindível a compreensão pelos grupos da
legislação pertinente aos recursos hídricos e ambientais, assim como o conheci-
mento da política local, para que os resultados do monitoramento possam ser
avaliados e difundidos, e as ações de melhoria da qualidade da água sejam ade-
quadamente tomadas.
Segundo Deutsch e Hartup (2004), o monitoramento comunitário possibilita
às instituições ambientais governamentais e não governamentais o conhecimento
da quantidade e qualidade da água em locais onde antes inexistia informação,
podendo esse trabalho beneficiar não só a comunidade, mas instituições diversas.
No Brasil, trabalho semelhante com qualidade da água foi desenvolvido por
Figueiredo et al (2008), da Embrapa Agroindústria Tropical, no Assentamento Rural
de Santa Bárbara, no município de Jaguaretama no estado do Ceará, conforme
consta no estudo “Monitoramento comunitário da qualidade da água: uma ferra-
menta para a gestão participativa dos recursos hídricos no semiárido”.
Exemplos de programas que adotam metodologias de qualidade de água
podem ser encontrados no Distrito Federal (Programa “Adote uma Nascente” do
Instituto Brasília Ambiental - IBRAM), no estado de São Paulo, a Fundação “SOS
Mata Atlântica”, desde 1993 vem desenvolvendo uma metodologia de monitora-
mento da qualidade da água por meio do Programa Observando os Rios, cujas
publicações apresentam metodologias de análise de qualidade da água a partir da
participação de grupos de voluntários ao longo de toda área de abrangência da
Mata Atlântica e do Distrito Federal. (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA, 201714).
Mais recentemente foi lançado no 8º Fórum Mundial da Água, março de
2018, a publicação do Instituto Mineiro de Gestão das Águas intitulada “Comparti-
lhando experiências das águas de Minas Gerais – Brasil”, volumes 1 e 2, documen-
14 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Observando os rios 2017: o retrato da qualidade da água nas bacias
da Mata Atlântica. [2017?]. 45 f. Relatório. <Disponível em: <https://www.sosma.org.br/wp-content/uploads/2017/03/
SOSMA_Observando-os-Rios-2017_online.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2017
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
tos esses que trazem inúmeras ações para a produção de água, as quais contri-
buem principalmente com as estratégias de melhorias dos índices de qualidade da
água a partir da governança de recursos hídricos entre o poder público, usuários,
sociedade civil organizada, instituições de pesquisa, extensão etc. Experiências
essas que podem ser replicadas não somente no estado de Minas Gerais, mas
também em todo o território nacional, os documentos podem ser acessados em
http://www.igam.mg.gov.br/.
Maiores informações sobre o tema podem ser encontrados no Portal de
Qualidade das Águas da Agência Nacional de Águas - http://portalpnqa.ana.gov.br/.
a) Medição de vazão
Medição de vazão é todo processo empírico utilizado para determinar a
vazão de um curso d’água. Segundo Santos (2001) os métodos de medição de
vazão são: medição e integração da distribuição de velocidade, método acústico,
método volumétrico, método químico, uso de dispositivos de geometria regular
(vertedores e calhas Parshal15, e medição com flutuadores).
O método volumétrico poderá ser adotado no âmbito do PLANO NASCEN-
TE MEARIM para medição de nascentes pontuais, por ser um método viável para
pequenas vazões. É realizado através da medição do volume escoado durante
um período de tempo estipulado anteriormente, obtendo assim a vazão média
durante esse tempo.
Para a medição dos volumes utilizam-se tanques convenientemente afe-
ridos; e para a contagem do tempo utilizam-se cronômetros (ROCHA, 2011). Nas
nascentes difusas – que possuem vários pontos de afloramento juntos - poderá
ser utilizado o método da calha Parshal.
15 Medidor de vazão tipo “Calha Parshall” é um equipamento utilizado na medição contínua de vazão e/ou
mistura rápida de coagulantes em Estações de Tratamento de Água (ETA’s) e Estações de Tratamento de Efluentes
(ETE’s).
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
6.7 Articulação interinstitucionais
Para viabilização da execução do PLANO NASCENTE MEARIM é imprescindí-
vel o engajamento do setor público nas esferas federal, estadual e municipal, bem
como de segmentos organizados da sociedade com capacidade de mobilização e
que possuam afinidade com a temática ambiental. A atuação de parceiros com a
Codevasf deverá ocorrer em dois níveis:
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
b) Executivo
A atuação dos parceiros se dará diretamente na fase de implantação das
ações onde será necessária a participação de instituições públicas (federais,
estaduais e municipais) e privadas, ONGs etc., com capacidade técnica e logís-
tica para apoiar a execução e manutenção das intervenções, bem como, com
capilaridade e capacidade de mobilização social em escala local.
Nessa fase as parcerias estabelecidas serão de extrema importância,
com destaque para as participações de CGMs, os quais deverão congregar di-
ferentes atores e representar diversos segmentos fundamentais para o suces-
so do Plano, das CCs e, principalmente, a sociedade local.
São consideradas instituições importantes para a implantação do PLANO
NASCENTE MEARIM: secretarias estaduais e municipais de meio ambiente; se-
cretarias estaduais e municipais de recursos hídricos; secretarias estaduais e
municipais de agricultura ou afins; Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural (Emater); Comitê de Bacia Hidrográfica; Prefeituras; Igrejas; Associações e
Sindicatos de Produtores Rurais; Companhias de Abastecimento e Saneamen-
to; Comissões Gestoras de Reservatórios existentes na região; dentre outras.
Além disso, é possível obter apoio de fundações que já vêm desenvol-
vendo ações, tanto no âmbito local, estadual quanto nacional, em temas se-
melhantes, como exemplo a Fundação Banco do Brasil (FBB). O importante,
além do aporte financeiro, é que essas instituições, por apoiar projetos no país
inteiro, podem fornecer os elementos que viabilizaram técnica e economica-
mente aqueles desenvolvidos em outras bacias hidrográficas, como subsídio
aos trabalhos do PLANO NASCENTE MEARIM.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
160
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
b) Análise SWOT
O Quadro 8 apresenta uma análise estratégica de riscos baseada na me-
todologia SWOT (Strengths - Forças; Weaknesses - Fraquezas; Opportunities
- Oportunidades; e Threats - Ameaças), ou metodologia FOFA (Forças; Fraque-
zas; Oportunidades; Ameaças), aplicada ao PLANO NASCENTE MEARIM, que
tem como objetivo elucidar o contexto em que o mesmo está inserido, com a
finalidade de possibilitar o desenvolvimento de estratégias visando construir
pontos fortes, eliminar os pontos fracos, aproveitar oportunidades, e enfrentar
as ameaças.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM
FORÇAS FRAQUEZAS
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
1. Forte apelo político em relação ao tema 1. Não alocação de orçamento para implanta-
“Nascente” em função da atual crise hídrica e da ção do PLANO NASCENTE MEARIM;
cobrança da população pela revitalização dos 2. Baixa adesão pelos proprietários ao PRA,
mananciais; instituído pela Lei nº 12.651/12;
2. Necessidade de recomposição e recupe- 3. Proprietários não se interessarem pelo PLA-
ração ambiental de áreas de nascentes e outras NO NASCENTE MEARIM
APP’s por parte dos proprietários rurais, para
fins de regularização ambiental de suas proprie-
dades, a partir de sua inscrição no CAR e adesão
ao PRA, instituídos pela Lei nº 12.651/12;
6.9 Orçamento
O orçamento para consecução das metas dentro do prazo estabelecido
de quatro anos foi estimado considerando as seguintes premissas definidas com
base em dados/estimativas técnicas:
• O PLANO NASCENTE deverá atuar, inicialmente, em 2.526 nascentes no
meio rural na bacia do rio Mearim;
• Desse total de nascentes estima-se que 60% apresentam-se degradadas
e 20% estão moderadamente preservadas/degradadas, sendo essas as nas-
centes passíveis de intervenções práticas voltadas à sua recuperação no
âmbito do PLANO NASCENTE MEARIM, e demandarão intervenções volta-
das ao manejo de solo e água em áreas à montante – no entorno das nas-
centes – com efeito direto sobre sua recarga;
• Estima-se que 20% são o percentual de nascentes preservadas, as quais
poderão não sofrer intervenção prática no âmbito do presente PLANO NAS-
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Vereda (11)
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O PLANO NASCENTE MEARIM, pela natureza de suas ações, pode ser clas-
sificado como uma ação de fortalecimento e desenvolvimento do Programa de
Revitalização das Bacias Hidrográficas desenvolvido pelo Governo Federal.
A Codevasf desde 2004, quando se deu início ao Programa de Revitalização
das Bacias Hidrográficas, vem executando ações que objetivam a revitalização das
bacias hidrográficas dos rios de sua área de atuação, atuando em diferentes com-
ponentes da estruturação do Programa de Revitalização, como: implantação de
sistemas de esgotamento sanitário; obras voltadas ao abastecimento de água para
consumo humano; coleta, tratamento e destinação de resíduos sólidos; apoio aos
arranjos produtivos locais; produção e conservação de recursos pesqueiros; apoio
à gestão de recursos hídricos; e recuperação de áreas degradadas/perturbadas e
controle de processos erosivos.
As ações de recuperação e controle de processos erosivos visam promover
a revitalização de bacias hidrográficas por meio de proteção, preservação, con-
servação e recuperação hidroambiental, a partir do estímulo ao uso sustentável
dos recursos naturais, sobretudo, solo, água e recursos florestais, associado à me-
lhoria das condições socioeconômicas das populações das bacias de atuação da
Empresa.
Esse tipo de ação consiste essencialmente em intervenções voltadas ao
estabelecimento do manejo adequado de solo e água nas propriedades rurais
visando à redução da perda de solo, à recuperação de áreas degradadas, à con-
servação/preservação dos recursos naturais de modo geral, e à aplicação da le-
gislação florestal, incluindo-se por consequência, a preservação e conservação de
nascentes. São exemplos dessas intervenções:
• Construção de bacias de captação da água da chuva;
• Contenção/estabilização de voçorocas;
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Serra Grande na cabeceira do rio Corda (12)
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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Rio Buritirana (13)
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REFERÊNCIAS
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______. Base cartográfica contínua do Brasil –1:250.000. 2016. In: BRASIL. Mi-
nistério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Secretaria de Tecnologia
da Informação. Portal Brasileiro de Dados Aberto. Disponível em: <http://
dados.gov.br/dataset/ccar_bc250_terra_indigena_a>. Acesso em: 10 maio
2017.
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SALTON, Júlio Cesar; HERMANI, Luís Carlos; FONTES, Clarice Zononi (Org.).
Sistema plantio direto: o produtor pergunta, a Embrapa responde. Brasília:
Embrapa-SPI; Dourados: Embrapa-CPAO, 1998. 248 f. (Coleção 500 perguntas,
500 respostas).
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CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS
CODEVASF
Sede
Eduardo Jorge de Oliveira Motta:
Capa e Contracapa
Folhas de rosto: 1 a 13
Figuras: 7 A a D ; 9; 10; 11; 13; 14 A e B; 15; 16; 17; 18 A a F; 19 A a F; 20; 21
A a F; 27 A a H; 29; 31 A e B; 33 A e B; 34 A a F; 35 A a F; 36 A a D; 37 A a D;
38 A a D; 40 B; 41 A a D; 47; 48; 49 A e B; 52; 53; 54; 55 A e B; 56 B; 57 B;
58 e 65 A e B.
1ª Superintendência Regional
Arquivo 1ª/GRR/UMA:
59; 60 A e B; 61 A e B; 62; 68 A a C; 69 A a C; 70 A a C; 71 A a C e 72 A e B.
4ª Superintendência Regional
André Luiz Oliveira Santos:
40 A e 56 B.
8ª Superintendência Regional
Emanuell Florêncio Passos Martins
57 A.
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PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim