Plano Nascente Mearim

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PLANO NASCENTE MEARIM – de

PLANO NASCENTE
Plano de preservação e recuperação
nascentes da bacia do rio Mearim

MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim

2a edição
PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim

Fundamentado na experiência da Codevasf em


recuperação e controle de processos erosivos
Presidente da República
Jair Messias Bolsonaro

Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional


Gustavo Henrique Rigodanzo Canuto

Diretor - Presidente da Codevasf


Marcelo Andrade Moreira Pinto

Diretor da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas


Fábio André Freire Miranda

Diretor da Área de Desenvolvimento Integrado e Infraestrutura


Sérgio Luiz Soares de Souza Costa

Diretor da Área de Gestão de Empreendimentos de Irrigação


Luiz Napoleão Casado Arnaud Neto
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba

Organizadores

Leila Lopes da Mota Alves Porto


Eduardo Jorge de Oliveira Motta
Camilo Cavalcante de Souza

PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim

Fundamentado na experiência da Codevasf em


recuperação e controle de processos erosivos

2a edição

Brasília, DF
Codevasf
2019
© 2019 – Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paranaíba – Codevasf

É permitida a reprodução de dados e de informações contidas nesta publicação, desde que citada a
fonte. Sua comercialização é expressamente proibida.

Disponível também em: <http://www.codevasf.gov.br/principal/publicacoes/publicacoes-atuais>

Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – Codevasf


SGAN 601 – Conj. I – Ed. Manoel Novaes
CEP 70.830-901 Brasília-DF
www.codevasf.gov.br
divulgacao@codevasf.gov.br

Revisão ortográfica e gramatical


Eduardo Jorge de Oliveira Motta
Marta Morosini
Luiz Bezerra de Oliveira
Willibaldo Brás Sallum
Valdemir de Macedo Vieira

Revisão Técnica
Camilo Cavalcante de Souza
Eduardo Jorge de Oliveira Motta
Valdemir de Macedo Vieira

Projeto gráfico e diagramação


Vitor Alvizi Barbuglio - Arcadis
Camila Sena Hott - SEGRAF

Normalização bibliográfica
Nilva Chaves
Edna Sousa Santos
Diana A. F. da Luz

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

P699
Plano Nascente Mearim : plano de preservação e recuperação de nascentes da bacia
hidrográfica do rio Mearim / Organizadores, Leila Lopes da Mota Alves Porto,
Eduardo Jorge de Oliveira Motta, Camilo Cavalcante de Souza. – Brasília :
Codevasf, 2019.
188 p.: il., fotos

ISBN: 978-85-89503-24-2

1. Nascente - preservação. 2. Recuperação ambiental. 3. Processo erosivo - controle. 4. Bacia


hidrográfica. 5. Rio Mearim. I. Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do
Parnaíba.

CDU: 502/504 (Mearim)


Grupo de Trabalho (GT) composto por Analistas em Desenvolvimento
Regional (ADR) da Codevasf para elaborar os “Planos de Preservação
e Recuperação de Nascentes das bacias hidrográficas do Mearim e do
Itapecuru”, Decisão nº 1740/2016, rerratificada pelas Decisões nº 234/2017
e nº 460/2017.

LEILA LOPES DA MOTA ALVES PORTO - Presidente


ADENILSON KERLISSON CARVALHO DE OLIVEIRA
ANDRÉ LUIZ OLIVEIRA SANTOS
ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA NETO
BRÁULIO JORDÃO
CAMILO CAVALCANTE DE SOUZA
EDUARDO JORGE DE OLIVEIRA MOTTA
EMANUELL FLORÊNCIO PASSOS MARTINS
ERICKA ROCHA DA CUNHA
PEDRO CAVALCANTI DOS REIS
RENAN LOUREIRO XAVIER NASCIMENTO
SERGIO LUIZ SOARES DE SOUZA COSTA
VALDEMIR DE MACEDO VIEIRA
PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim

Fundamentado na Experiência da Codevasf em


Recuperação e Controle de Processos Erosivos
Agradecimentos às instituições públicas e privadas, municipais, estaduais e federais,
povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, comunidades tradicionais e a todas as
pessoas que contribuíram na elaboração do PLANO NASCENTE MEARIM.

Eu nasci no Mearim, um rio barrento e lento lá no fundo da memória carcomida,


como a mim corroeu o mesmo tempo e o desalento; também o rio corrompeu,
assoreou.
Um rio perdido ou esquecido
o rio e eu, frente a frente como um eu diante de outro eu,
desconhecendo-se outros eus que ficaram ao longo do caminho todos irreconhecíveis!
Paisagens deformadas agora imperceptíveis
O rio torto e incerto de minha infância esquecida com aquelas palmeiras decapitadas;
eu, ribeirinho assustado, imaginando caminhos nas águas moventes e errantes.

Trecho do Poema “Mearim”


Antônio Lisboa Carvalho de Miranda
(professor e poeta, nasceu em Bacabal/Maranhão em agosto de 1940)

A sua vida vem da minha vinda e a sua sorte é que a minha morte parece levar outra
vida até chegar. Mas não se iluda, meu irmão, pois muito antes do que você pensa,
eu posso apenas evaporar sem mais chover, e assim não lhe dar nem de beber e nem
de comer. Você me necessita, me vê com cobiça, mas me desperdiça; e se de cima eu
tanto chorei e seu corpo eu encharquei, por dentro e por fora, verá que enfim, por
teus olhos derramarei, feito sinal de mágoa, no dia em que for-me embora na forma
da última gota d´água.

Poema “Água”
Maria Eduarda Novaes Guerra
(ex-funcionária da Codevasf e poeta que nasceu em Brasília/DF em setembro de 1978)
PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim

Fundamentado na Experiência da Codevasf em


Recuperação e Controle de Processos Erosivos
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização das bacias hidrográficas maranhenses...................................................................... 36

Figura 2. Regiões hidrográficas do estado do Maranhão.............................................................................. 37

Figura 3. Sistemas aquíferos do Maranhão....................................................................................................... 39

Figura 4. Localização da bacia hidrográfica do rio Mearim........................................................................... 40

Figura 5. Rede hidrográfica da bacia do rio Mearim....................................................................................... 41

Figura 6. Principais tributários da bacia do rio Mearim................................................................................. 42

Figura 7 A a D. A) Rio Mearim nas cidades de: Barra do Corda; B) Vitória do Mearim;
C) Pedreiras e Trizidela do Vale; e D) Rio Buritirana, afluente do rio Pindaré, na cidade
de Buriticupu.............................................................................................................................................................. 43

Figura 8. Fisiografia da bacia do rio Mearim...................................................................................................... 44

Figura 9. Vereda na cabeceira do rio Mearim................................................................................................... 45

Figura 10. Rio Grajaú no município de Grajaú.................................................................................................. 46

Figura 11. Área estuarina com desbarrancamento da margem pela ação da pororoca...................... 47

Figura 12. Nascentes na bacia do rio Mearim................................................................................................... 48

Figura 13. Nascente do rio Mearim...................................................................................................................... 50

Figura 14 A e B. Nascente do rio Grajaú (degradada) e nascente do rio Grajauzinho


(conservada)................................................................................................................................................................ 50

Figura 15. Nascente degradada do rio Pindaré................................................................................................ 51

Figura 16. Nascente do rio Corda......................................................................................................................... 52

Figura 17. Nascente do rio Flores.......................................................................................................................... 53

Figura 18 A a F. Nascentes em bom estado de conservação na bacia do rio Mearim.......................... 54

Figura 19 A e B. Nascentes em estado de degradação na bacia do rio Mearim..................................... 54

Figura 19 C a F. Nascentes em estado de degradação na bacia do rio Mearim..................................... 55

Figura 20 A a D. Veredas em bom estado de preservação na bacia do rio Mearim.............................. 55

Figura 20 E a H. Veredas em bom estado de preservação na bacia do rio Mearim.............................. 56

Figura 21 A a F. Cachoeiras, corredeiras e cânions da bacia do rio Mearim........................................... 57

Figura 22. Precipitação média anual na bacia hidrográfica do rio Mearim.............................................. 59

Figura 23. Climas do estado do Maranhão........................................................................................................ 60

Figura 24. Mapa geomorfológico da bacia do rio Mearim............................................................................. 64

Figura 25. Biomas da bacia do rio Mearim......................................................................................................... 67

Figura 26. Fitofisionomias da bacia do rio Mearim.......................................................................................... 69


Figura 27 A a H. Palmeiras presentes da bacia do rio Mearim..................................................................... 70

Figura 28. Unidades de Conservação e Terras Indígenas na bacia do rio Mearim................................ 72

Figura 29. Reserva Biológica do Gurupi.............................................................................................................. 73

Figura 30. Áreas prioritárias para conservação na bacia do rio Mearim.................................................. 75

Figura 31 A e B. Habitação e escola típicas do meio rural do Maranhão.................................................. 76

Figura 32. Área de abrangência do Matopiba................................................................................................... 77

Figura 33 A e B. Pecuária de corte e produção de grãos na região do Matopiba.................................. 78

Figura 34 A a F: Coco e castanha de babaçu, produção de carvão de babaçu, comercialização


de mel, azeite, pimenta e artesanato.................................................................................................................. 80

Figura 35 A e B: Embarcações de pesca e transporte.................................................................................... 80

Figura 35 C a F: Mercado de peixe de Portinho; estrada de ferro Carajás; polo gesseiro de


Grajaú; transporte e plantio de eucalipto.......................................................................................................... 81

Figura 36 A a D: Pororoca, Lago Açu, encontro dos rios Corda e Mearim, Igreja no morro do
Calvário em Barra do Corda................................................................................................................................... 81

Figura 37 A a D. Povos e comunidades tradicionais quilombolas............................................................... 86

Figura 38 A a D. Povos e comunidades tradicionais indígenas.................................................................... 86

Figura 39 A e B. Rio Grajaú entre os municípios de Satubinha e Bela Vista do Maranhão,


respectivamente, em julho e setembro de 2017.............................................................................................. 87

Figura 40 A e B. Desbarrancamento das margens do rio Mearim e queimada em área de


recarga hídrica............................................................................................................................................................ 87

Figura 41 A e D. Lançamentos de esgoto nos rios Mearim, Corda e Pindaré.......................................... 89

Figura 42. Ciclo hidrológico..................................................................................................................................... 108

Figura 43 A e B. Esquema de representação de bacia hidrográfica: planificada e tridimensional... 109

Figura 44. Redes de drenagem em bacias hidrográficas............................................................................... 110

Figura 45 A e B. Hierarquização de cursos d’água numa bacia (A e B), segundo Sthaler.................... 111

Figura 46. Hierarquização de cursos d’água numa bacia segundo Otto Pfafstetter .............................. 112

Figura 47. Área de recarga hídrica com vegetação nativa............................................................................. 113

Figura 48. Erosão próxima a nascente................................................................................................................ 114

Figura 49. Acúmulo de sedimentos em planície fluvial................................................................................... 115

Figura 50. Formação do lençol freático.............................................................................................................. 116

Figura 51. Tipos mais comuns de nascentes originárias de lençol não confinado: de encosta,
de fundo de vale, de contato e de rio subterrâneo......................................................................................... 117

Figura 52. Nascente sem acúmulo inicial - riacho do Ouro na Serra Negra............................................ 118

Figura 53. Vereda na cabeceira do rio Mearim................................................................................................. 119


Figura 54. Nascente com acúmulo inicial na bacia do rio Mearim.............................................................. 119

Figura 55 A e B. Vegetação de vereda na nascente do rio Grajaú destruída por queimada...................... 122

Figura 56 A e B. Desmatamento e cultivo em margens de rios................................................................... 123

Figura 57 A e B. Nascente pisoteada e lançamento de esgoto.................................................................... 123

Figura 58. Mata ciliar conservada......................................................................................................................... 125

Figura 59. Cercamento de nascente para proteção e regeneração natural da vegetação.................. 127

Figura 60 A e B: Terraceamento em área de recarga hídrica........................................................................ 128

Figura 61 A e B. Obra de construção de bacias para captação (barraginhas) de água de


chuvas e de sedimentos.......................................................................................................................................... 129

Figura 62. Adequação de estrada rural associada à bacia de captação de enxurrada........................ 130

Figura 63 A e B. Cultivos consorciados em quintais produtivos.................................................................. 131

Figura 64 A e B. Sistema de plantio direto com uso de cobertura de vegetação morta para
proteção do solo........................................................................................................................................................ 132

Figura 65 A e B. Plantio de buritis (por indígenas Kanela) e de açaís para a contenção de


processos erosivos e recuperação de nascentes............................................................................................ 133

Figura 66. Representação de recuperação e aproveitamento de nascentes......................................... 148

Figura 67: Modelo de monitoramento comunitário da rede Global Water Watch (GWW).................. 152

Figura 68 A a C. Barraginhas implantadas pela Codevasf em Minas Gerais............................................ 168

Figura 69 A a C. Terraços implantados pela Codevasf em Minas Gerais................................................... 168

Figura 70 A a C. Nascentes e mata ciliar cercadas pela Codevasf em Minas Gerais............................. 169

Figura 71 A a C. Contenção de margens e adequação de estradas na bacia do São Francisco;


e controle de voçoroca na bacia do Parnaíba................................................................................................... 169

Figura 72 A e B. Capacitação de produtores e técnicos extensionistas................................................... 169

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Média das precipitações mensais das 23 estações pluviométricas da bacia
hidrográfica do rio Mearim..................................................................................................................................... 58

Gráfico 2. Classes de solos na bacia do rio Mearim........................................................................................ 65


LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Disponibilidade hídrica da Bacia Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental..................... 38

Quadro 2. Áreas prioritárias e ações recomendadas, por bioma, para conservação da


biodiversidade na bacia do rio Mearim.............................................................................................................. 76

Quadro 3. Comunidades quilombolas na bacia do rio Mearim................................................................... 83

Quadro 4. Terras indígenas no estado do Maranhão..................................................................................... 85

Quadro 5. Classificação de nascentes quanto à vazão.................................................................................. 120

Quadro 6. Resumo executivo do PLANO NASCENTE MEARIM.................................................................... 136

Quadro 7. Intervenções técnicas voltadas à preservação e recuperação de nascentes..................... 145

Quadro 8. Análise SWOT aplicada ao PLANO NASCENTE MEARIM............................................................ 162


LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
AE - Agricultura Ecológica
ANA - Agência Nacional de Águas
APA - Área de Proteção Ambiental
APHA - American Public Health Associatian
APP - Área de Preservação Permanente
ASD - Áreas Susceptíveis à Desertificação
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CAF - Cadastro de Atividade Florestal
CAR - Cadastro Ambiental Rural
CBH - Comitê de Bacia Hidrográfica
CBH-Rio Mearim - Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Mearim
CEPROF-MA - Cadastro de Exploradores e Consumidores
de Produtos Florestais do Estado do Maranhão
CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos
Codevasf - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente
Conerh - Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal
Consema/MA - Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Maranhão
COP - Conferência das Partes
CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Mineraisl
CRQs - Certidões Expedidas às Comunidades Remanescentes de Quilombos
Emater - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPA - Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos
FCC - Fundo Cristão para Crianças
FCP - Fundação Cultural Palmares
GWW - Global Water Watch
Ibama - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
Ibram - Instituto Brasília Ambiental
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
ILPF - Integração Lavoura Pecuária e Floresta
MacroZEE - Macrozoneamento Ecológico-Econômico
Mapa - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Matopiba - Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia
MD - Ministério da Defesa
MDR - Ministério do Desenvolvimento Regional
MI - Ministério da Integração Nacional
Minc - Ministério da Indústria e Comércio
MMA – Ministério do Meio Ambiente
MPOG - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
NuGeo/Uema - Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão
ODS - Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
ONGs - Organizações Não Governamentais
PAC – Programa de Aceleração do Crescimento
PDRH - Plano Diretor de Bacia Hidrográfica
PERH - Plano Estadual de Recursos Hídricos
PESB - Política Estadual de Saneamento Básico
PNRH – Plano Nacional de Recursos Hídricos
PPCDAM - Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal
PRA - Programa de Regularização Ambiental
Prad - Projetos de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas
Resex - Reserva Extrativista
RL - Reserva Legal
RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural
SAF - Sistemas Agroflorestais
Sema - Secretarias Estaduais de Recursos Hídricos
Seuc/MA - Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza do Maranhão
SFB - Serviço Florestal Brasileiro
Sicar - Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural
Singreh - Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
Sisflora/MA - Sistema de Comercialização e Transporte
de Produtos Florestais do Estado do Maranhão
SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
Snuc - Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
SPD - Sistema de Plantio Direto
UC - Unidade de Conservação
UEMA - Universidade Estadual do Maranhão
USA – Estados Unidos da América
SUMÁRIO

PREFÁCIOS

Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional 19

Presidente da Codevasf 21

Diretor da Área de Revitalização de Bacias Hidrográficas da Codevasf 23

RESUMO EXECUTIVO 25

1 INTRODUÇÃO 29

2 DIRETRIZES DO PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE


NASCENTES DA BACIA DO RIO MEARIM 33

3 O ESTADO DO MARANHÃO E A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO


MEARIM 35

3.1 Bacia hidrográfica do rio Mearim 40

3.2 Fisiografia 43

3.3 Nascentes da bacia do rio Mearim 47

3.3.1  Cachoeiras, corredeiras e cânions na bacia do rio Mearim 56

3.4 Precipitação pluviométrica 57

3.5 Clima 60

3.6 Geologia e geomorfologia 62

3.7 Solos 65

3.8 Cobertura vegetal 66

3.9 Unidades de Conservação 71

3.9.1 Áreas prioritárias para conservação 74

3.10 Características socioeconômicas 76

3.11 Povos e comunidades tradicionais 82

3.12 Gestão dos recursos hídricos na bacia do rio Mearim 89

4 ASPECTOS LEGAIS 95
5 BASES TEÓRICAS 107

5.1 Ciclo hidrológico 107

5.2 Conceito de bacia hidrográfica 109

5.3 Nascentes 115

5.4 Degradação de nascentes 121

5.5 Preservação e recuperação de nascentes 123

6 PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA


BACIA DO RIO MEARIM 135

6.1 Arranjo e proposta executiva 135

6.1.1 Comitês Gestores Municipais 137

6.1.2 Comissões comunitárias 138

6.1.3 Empresa de apoio 139

6.1.4 Empresa executora 139

6.1.5 Codevasf 139

6.1.6 Proprietários rurais 139

6.1.7 Comitês de bacias e comissões pró-comitês 139

6.2 Definição de regiões prioritárias para implantação do PLANO


NASCENTE MEARIM 140

6.3 Implantação do plano nas regiões prioritárias da bacia 140

6.3.1 Cadastramento, caracterização e espacialização das nascentes e áreas de recarga


hídrica 141

6.3.2 Execução das intervenções 144

6.4 Capacitação e educação ambiental 149

6.5 Monitoramento e manutenção das intervenções realizadas 150

6.5.1 Monitoramento da quantidade e qualidade da água de nascentes 150

6.5.2 Estrutura do modelo de monitoramento 152

6.5.3 Ferramentas utilizadas no monitoramento da água 156

6.5.4 Avaliação da efetividade das ações executadas 157

6.6 Mecanismos de estímulos à adesão ao plano 158

6.7 Articulação interinstitucionais 158


6.8 Metas do PLANO NASCENTE MEARIM 159

6.8.1 Análise estratégica para consecução das metas do plano 160

6.9 Orçamento 162

6.9.1 Fontes orçamentárias para implantação do plano 163

6.10 Divulgação dos resultados 164

7 O PLANO NASCENTE MEARIM NO CONTEXTO DO PROGRAMA DE


REVITALIZAÇÃO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS 167

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 171

REFERÊNCIAS 173

CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS 185


PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim

Fundamentado na Experiência da Codevasf em


Recuperação e Controle de Processos Erosivos
PREFÁCIO
Ministério do Desenvolvimento Regional

A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parna-


íba (Codevasf) oferece mais uma prova de competência de sua equipe técnica ao
lançar o Plano Nascente da Bacia do Rio Mearim. Em um trabalho de alto padrão, é
possível identificar parâmetros sólidos para a recuperação das áreas degradadas
e a preservação da maior bacia hidrográfica genuinamente maranhense.
Distribuída por mais de 98 mil quilômetros quadrados, a bacia do rio Mea-
rim equivale a 29,8% do Maranhão e supera a extensão de Portugal. Suas águas
desempenham papeis importantes na vida das pessoas e na economia de deze-
nas de comunidades.
A bacia do rio Mearim é vital também para a biodiversidade nos ecossis-
temas que atravessa: floresta equatorial, restingas, mata de transição e floresta
estacional decidual. Na foz, o rio encontra a maior área contínua de mangues do
Brasil, ocupando 30 mil hectares na Ilha dos Caranguejos. É uma riqueza natural,
com espécies da fauna que utilizam o mangue como local de reprodução, fazendo
daquele ambiente um autêntico berçário da vida selvagem.
Ao contrário da maior parte do Nordeste, a paisagem maranhense tem
abundância de recursos hídricos. Faz parte dela também a bacia do rio Itapecu-
ru, com cerca de 53 mil quilômetros quadrados e uma área superior à de países
como Suíça e Holanda. No entanto, a riqueza natural do Maranhão não dispensa a
necessidade de se preservar os mananciais, rios e lagos. No mesmo sentido, não
devemos deixar de agir pela reversão de danos ambientais causados por usos
indevidos das águas e do solo por parte do homem.
É fácil verificar a persistência de práticas agrícolas inadequadas ao longo da
bacia do rio Mearim. O problema tem causado processos erosivos, salinização e,
em alguns casos, formação de áreas desertificadas. A região não apresenta gran-
des problemas em relação à qualidade das águas, porque as ocupações urbanas
predominantes são de pequeno ou médio porte, com parque industrial reduzido.
No entanto, o lançamento de esgotos sem tratamento causa perdas e restringe o
uso da água na região metropolitana de São Luís e em alguns núcleos ribeirinhos.
O quadro indica a importância do Plano Nascente, que mostra como po-
demos avançar de forma eficaz em ações que promovam a saúde do Mearim e
seus afluentes. É um documento dotado do mesmo rigor técnico que a Codevasf
aplicou em planos semelhantes, concebidos para atender às especificidades das
bacias dos rios São Francisco, Parnaíba e Itapecuru. Acredito que, mais uma vez,
o corpo técnico da instituição fornece relevante contribuição para sociedade ao
cuidar do patrimônio hídrico do País.

GUSTAVO HENRIQUE RIGODANZO CANUTO


Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional
PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim

Fundamentado na Experiência da Codevasf em


Recuperação e Controle de Processos Erosivos
PREFÁCIO
Presidência da Codevasf

Para a elaboração do Plano de Preservação e Recuperação de Nascentes da


Bacia Hidrográfica do rio Mearim - PLANO NASCENTE MEARIM, a Companhia de De-
senvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) realizou amplos
estudos e diagnósticos de campo que resultaram em um trabalho da mais alta qua-
lidade técnica e científica. O objetivo do Plano é garantir segurança hídrica à bacia
do rio Mearim, por meio da recuperação e preservação de suas nascentes e do uso
adequado do solo, ações estratégicas para o desenvolvimento regional sustentável.
A Codevasf, empresa pública vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Re-
gional (MDR), promove o desenvolvimento e a revitalização das bacias hidrográficas
de forma integrada, contribuindo para a redução das desigualdades regionais com a
utilização sustentável dos recursos naturais e estruturação de atividades produtivas
visando à promoção econômica e inclusão social dos rios São Francisco, Parnaíba,
Itapecuru e Mearim, além de outras bacias recentemente incorporadas no âmbito
da sua área de jurisdição nos estados de Alagoas, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Mara-
nhão, Pará, Tocantins, Goiás e Mato Grosso.
Para atuar em uma bacia hidrográfica como unidade territorial de planeja-
mento, a Companhia tem como premissa desenvolver planos diretores, planos de
ação, diagnósticos, programas regionais e planos nascentes como este aqui apresen-
tado. A referência para esse trabalho é a disponibilidade hídrica e o uso do solo, ma-
triz vital que tem nas nascentes preservadas sua fonte primordial para implementar
ações de desenvolvimento sustentável.
Como subsídio para atuação no Maranhão de forma direta e por meio de par-
cerias, a Codevasf apresentou, em 2006, o Plano de Ação para o Desenvolvimento
Integrado da Bacia do Parnaíba – PLANAP. Em 2016, a empresa elaborou o Plano de
Preservação e Recuperação de Nascentes da Bacia Hidrográfica do rio Parnaíba - PLA-
NO NASCENTE PARNAÍBA para nortear a atuação da empresa em áreas maranhenses
na parte correspondente àquela bacia hidrográfica.
Agora, a Codevasf disponibiliza o PLANO NASCENTE MEARIM que visa desen-
volver ações na maior bacia genuinamente maranhense. O foco do Plano é a melhoria
das condições sociais, econômicas e ambientais, propondo ações e metas de planeja-
mento a partir da preservação da quantidade e da qualidade de água das nascentes e
da bacia como um todo. A água, insumo estratégico e essencial à vida, se faz presente
em todas as atividades humanas, exigindo cuidados especiais na sua preservação e
na sua valoração econômica.
Apesar da bacia do rio Mearim apresentar ainda considerável abundância
hídrica, onde destacam-se o próprio Mearim, além dos rios Pindaré, Flores e Corda,
dentre outros afluentes apresentados neste trabalho, ela já apresenta locais de avan-
çada degradação de suas nascentes, notadamente na vereda onde nasce o rio Mea-
rim, na região da Serra Negra (porção geográfica que mais contribui com aporte hídri-
co da bacia) e nas nascentes dos rios Grajaú, Pindaré, Flores e nas várias micro bacias
que se encontram impactadas pela supressão de matas ciliares, requerendo especial
atenção por parte da inciativa privada, dos governos federal, estadual e municipais e
da sociedade em geral.
O PLANO NASCENTE MEARIM é um compromisso institucional de políticas
públicas da Codevasf com a população da bacia hidrográfica do rio Mearim e do esta-
do do Maranhão.
MARCELO ANDRADE MOREIRA PINTO
Diretor-Presidente da Codevasf
PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim

Fundamentado na Experiência da Codevasf em


Recuperação e Controle de Processos Erosivos
PREFÁCIO
Diretoria da Área de Revitalização de Bacias Hidrográficas da Codevasf

A ampla discussão que o tema ‘escassez hídrica’ alcançou nos últimos anos
em nível nacional e internacional demonstra a preocupação que a falta desse re-
curso poderá causar, e que a forma como o meio ambiente vem sendo explorado
o tem levado à degradação, causando impacto sobre as condições de vida das
pessoas e comprometendo a segurança hídrica dos biomas, a exemplo de: asso-
reamento das nascentes e dos rios, contaminação da água e do solo, poluição do
ar, erosão e perda de solo fértil nas áreas de recarga hídrica, e perda da biodiver-
sidade. Até onde queremos chegar?
Partindo dessa premissa a Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas
da Codevasf vem desenvolvendo um amplo trabalho com foco na revitalização
hidroambiental das bacias hidrográficas da área de atuação da Empresa, tendo
como pontos de partida para enfrentamento do cenário de degradação a cons-
cientização da população, envolvimento dos gestores públicos, e a atitude política.
O Plano de Preservação e Recuperação de Nascentes do rio Mearim, elabo-
rado pela Codevasf, é uma importante contribuição institucional que busca cons-
cientizar e envolver a população e os setores político e institucional maranhense
na compreensão da importância do rio Mearim para o estado do Maranhão, e
da situação de vulnerabilidade em que se encontram os recursos hídricos dessa
bacia. A partir do conhecimento da realidade, este instrumento apresenta opções
para novas formas de desenvolvimento e ocupação do solo que venham possibi-
litar a transição para um momento diferente, buscando cuidar dos recursos hídri-
cos de forma consciente e responsável a fim de garantir a segurança hídrica na
bacia do rio Mearim.
O PLANO NASCENTE MEARIM propõe a implementação de ações e práticas
de conservação de água e solo que possibilitam a infiltração da água no solo para
recarga dos aquíferos que alimentam as nascentes; a redução do escoamento
dos sedimentos que causam assoreamento das nascentes, lagos e rios; e a pro-
teção das áreas de recarga e de preservação permanente (APP). Paralelamente,
recomenda o desenvolvimento de atividades junto à população visando discutir
as oportunidades e alternativas para reorganização nos sistemas de produção
e disseminação de práticas conservacionistas, sobretudo para conhecimento da
importância da execução e manutenção dessas intervenções, para a redução da
contaminação e melhoria na qualidade da água do rio.
No âmbito político, o empenho institucional da Codevasf na articulação jun-
to aos gestores dos órgãos federal, estadual e municipais busca o fortalecimento
de políticas públicas voltadas à recuperação, conservação e preservação do meio
ambiente, e à elaboração de estudos e estratégias para o desenvolvimento social
e econômico da bacia.
Mas, para que o PLANO NASCENTE MEARIM tenha sucesso, é fundamental
o envolvimento da sociedade da bacia hidrográfica do rio Mearim – produtores
rurais, população urbana, povos e comunidades tradicionais, gestores municipais
e estadual, dentre outros - com o compromisso de, juntamente com a Codevasf,
com protagonismo e apropriação, preservar as nascentes que alimentam o rio e
seus afluentes, e sensibilizar quanto ao conceito essencial de responsabilidade
ambiental.
FÁBIO ANDRÉ FREIRE MIRANDA
Diretor da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas
PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim

Fundamentado na Experiência da Codevasf em


Recuperação e Controle de Processos Erosivos
RESUMO EXECUTIVO

A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parna-


íba (Codevasf) apresenta o Plano de Preservação e Recuperação de Nascentes
da Bacia do Rio Mearim – PLANO NASCENTE MEARIM. O Plano é uma proposta
da Codevasf direcionado à preservação e conservação hidroambiental da bacia
hidrográfica do rio Mearim por meio da realização de intervenções práticas, indis-
pensáveis à recomposição vegetal das Áreas de Preservação Permanente (APPs), à
conservação das áreas de recargas hídricas, e ao uso sustentável da água no meio
rural, tendo como foco a proteção, a preservação e a recuperação de nascentes.
A bacia hidrográfica do rio Mearim faz parte da Região Hidrográfica Atlântico
Nordeste Ocidental, abrangendo o estado do Maranhão e pequena parcela do
estado do Pará. Genuinamente maranhense, o vale do rio Mearim compreende
uma área de 98.289,05 km2, o que corresponde a 29,6 % do território do Mara-
nhão, constituindo-se na maior bacia fluvial do estado. Com cerca de 742 km de
extensão possui uma vazão média total de 557 m3/s, indo desaguar no Oceano
Atlântico na baia de São Marcos, local inclusive onde há a prática de surf nas ondas
que adentram o rio em marés de grandes proporções.
O processo de degradação dos recursos ambientais na bacia não é recente,
embora tenha se acentuado a partir da metade do século passado para abas-
tecimento humano, industrial e produção agropecuária. Verifica-se o avanço do
assoreamento do seu leito e de seus afluentes, da degradação das nascentes, da
destruição de matas ciliares, da vegetação de outras APPs, e geralmente associa-
das ao desmatamento, às queimadas e à poluição por efluentes.
As nascentes e suas áreas de recargas hídricas são fundamentais à vida da
bacia hidrográfica, pois delas dependem a formação dos cursos d’agua e, quando
bem conservadas, contribuem de forma permanente e abundante para as vazões
dos rios e qualidade de suas águas. São, portanto, áreas especiais e de grande
importância para a sustentabilidade da bacia hidrográfica.
Nesse contexto, a proteção das nascentes, associada à promoção do uso
sustentável de suas águas, integra um conjunto de ações fundamentais para ga-
rantir a segurança hídrica na bacia.
O Plano de preservação e recuperação de nascentes do rio Mearim – PLA-
NO NASCENTE MEARIM - tem por objetivo definir uma relação de equilíbrio entre
o desenvolvimento humano e o meio ambiente, pela exploração racional, visando
melhorar a qualidade de vida das populações que vivem ao longo da bacia e dela
dependem. Dentre suas estratégias de maior relevância o Plano busca promover
a integração dos governos federal, estadual e municipais; a iniciativa privada e as
organizações não governamentais, contando, naturalmente, com os interesses e
a participação da sociedade.
As intervenções técnicas voltadas à preservação e recuperação de nascentes
previstas no âmbito do PLANO NASCENTE MEARIM envolvem:

• Cadastramento, georreferenciamento, registro fotográfico, e elaboração


de projetos técnicos de preservação e recuperação de nascentes;
• Cercamento de perímetro da nascente;
• Realização de estímulo à regeneração e enriquecimento da vegetação
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

natural da APP’s no entorno das nascentes;


• Terraceamento na área de recarga da nascente, quando necessário;
• Construção de bacias de captação (barraginhas) na zona de recarga
hídrica da nascente, quando necessário;
• Implantação de sistemas de captação e uso sustentável da água das
nascentes, quando necessário;
• Monitoramento da quantidade e qualidade da água da nascente;
• Adequação ambiental de estradas rurais vicinais que impactam as áreas
de recargas hídricas das nascentes.
Associado às intervenções técnicas, descritas acima, é sempre recomendável
ações de mobilização social, sensibilização, capacitação e educação ambiental.

A estimativa de custos para a implantação do PLANO NASCENTE MEARIM


considerou como premissas:

• O PLANO NASCENTE MEARIM tem um horizonte temporal estimado


inicialmente em 4 anos, iniciando a contagem a partir da data de efetiva
garantia dos recursos orçamentários e financeiros.
• O PLANO NASCENTE MEARIM tem previsão de atuar, inicialmente, em
2.526 nascentes no meio rural na bacia do rio Mearim, considerando o
horizonte temporal acima definido, e conforme o estágio de conservação
caracterizado e registrado por ocasião dos trabalhos de campo.
A bacia hidrográfica do rio Mearim passou a integrar a área de atuação da
Codevasf no ano de 2010, com a entrada em vigor da Lei nº 12.196/2010, fato
esse que requer da instituição a elaboração de estudos, a exemplo deste Plano
Nascente, que garanta com a sua execução a segurança hídrica necessária para a
promoção do desenvolvimento regional gerador de riquezas para a atual e futura
sociedade.
A garantia da disponibilização dos recursos orçamentários necessários à
implantação do PLANO NASCENTE MEARIM poderá ser obtida do próprio Go-
verno Federal, no âmbito, dentre outros, de programas de revitalização de bacias
hidrográficas, dos governos estaduais e municipais, de organismos internacionais
e da iniciativa privada, bem como:
• Orçamento Geral da União (Tesouro Nacional, Emendas Parlamentares
etc.);

• MMA/Fundo Nacional de Meio Ambiente;

• Comitê da Bacia Hidrográfica (quando houver) – via Cobrança pelo Uso


da Água;

• Instituições oficiais de financiamento (BNDES – Fundo Amazônia, Banco


do Brasil, Banco do Nordeste etc.).
Ressalta-se que a entrada em vigor da Lei nº 12.196/2010, que incluiu a ba-
cia hidrográfica do rio Mearim na área de atuação da Codevasf, passou a requerer

26
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

da instituição a elaboração de estudos, a exemplo deste Plano Nascente, nesse


sentido, o plano tem por objetivo dar suporte técnico na implantação de ações de
controle de processos erosivos e ser útil na elaboração de projetos para captação
de recursos destinados à recuperação hidroambiental da bacia.

27
Corredeira do Enjeitado no rio Mearim (1)
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

1 INTRODUÇÃO

A humanidade e os seres vivos em geral têm nos rios o ambiente favorável


para estabelecer suas moradias e meios de sobrevivência pelas facilidades que
esses ambientes proporcionam. No Maranhão não foi diferente. A colonização do
estado por portugueses e franceses entre os séculos XVII e XIX encontraram nos
rios Mearim e Pindaré os principais eixos de povoamento, onde foram fundados
importantes povoados como Cajari, Pindaré-Mirim, e Santa Inês, às margens do rio
Pindaré, e; Vitória do Mearim, Bacabal e Barra do Corda, ao longo do rio Mearim.
Embora caracterizada como um bem imprescindível à vida na Terra, a maior
parte da sociedade brasileira há tempos vem fazendo uso da água de forma ina-
dequada, desenvolvendo hábitos de consumo caracterizados pelo desperdício,
provocando a degradação ambiental de corpos de água e comprometendo a dis-
ponibilidade desse recurso natural. O resultando é representado pela perda de
capacidade de armazenamento de água no solo e nos corpos hídricos, bem como
afetando a qualidade da água disponível.
Estudo realizado por instituições de ensino e pesquisa evidencia numa
acelerada e preocupante degradação dos recursos hídricos em todo o mundo
e defendem a necessidade urgente de mudança na forma como utilizamos esse
patrimônio natural. No Brasil tal afirmativa é ilustrada quando nos deparamos com
os baixos níveis de oferta de água vivenciados por grande parte da população, que
decorrem da associação, perigosa e retroalimentada, entre os frequentes e cada
vez mais duradouros períodos de estiagem e a degradação do meio natural.
A bacia hidrográfica do Mearim é genuinamente maranhense, abrange os
biomas Amazônico e Cerrado, tendo dessa forma, uma ampla composição de
ecossistemas. Apresenta, também, como importante característica a grande dis-
ponibilidade de águas superficiais e subterrâneas.
Embora com relativa fartura de água em quantidade e qualidade, a explora-
ção desses recursos requer orientação adequada para que não venham a degra-
dar-se nem a esgotar-se.
A ocupação da bacia com projetos que preveem a expansão de áreas cul-
tivadas com agropecuária, como o “Plano de Desenvolvimento Agropecuário do
Matopiba” - região que integra a nova fronteira agrícola do País e abrange os es-
tados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia - embora de importância econômica
inquestionável para o desenvolvimento da região, essas ações necessitam de ava-
liações ambientais rigorosas para que sua implantação não ocasione exacerbado
incremento da pressão sobre o ambiente, notadamente, as exercidas sobre os
seguintes recursos naturais: solo e água.
A bacia do rio Mearim vem recebendo grandes quantidades de cargas de
areia e material suspenso (por exemplo, lixo) os quais assoreiam e contaminam o
rio, oriundos de seu leito principal e das áreas de contribuição dos seus afluentes,
ocasionados principalmente pela retirada inadequada da cobertura vegetal para
ampliação de fronteiras agropecuárias tornando o solo vulnerável à erosão, e pelo
despejo de efluentes sem tratamento em suas águas.
O contexto da exploração do meio ambiente no País exige que governos,
sociedade em geral, órgãos ambientalistas, usuários, entre outros, se unam para a
implantação de uma cultura de uso mais sustentável da água, seja no campo, pelo
cumprimento e aperfeiçoamento da legislação ambiental voltada à manutenção
das Áreas de Preservação Permanente e mitigação dos processos erosivos na ati-
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

vidade agropecuária, seja nos centros urbanos, a partir de ações voltadas à redu-
ção da contaminação dos corpos hídricos, bem como ao combate do desperdício
no dia a dia.
As nascentes são fontes importantes de água dentro de uma bacia hidro-
gráfica, pois originam os cursos d’água e, quando bem conservadas, alimentam
os rios de forma abundante e contínua, sendo fundamentais para a manutenção
destes em períodos de estiagem. Além disso, por vezes, constituem a principal
fonte de água em algumas propriedades rurais. São áreas especiais e de extrema
importância para a manutenção da “saúde” da bacia hidrográfica.
Dessa forma, a proteção das nascentes preservadas e a recuperação da-
quelas degradadas, associadas à promoção do uso sustentável de suas águas,
integram um conjunto de ações que devem ser encaradas como fundamentais
para a garantia da segurança hídrica na bacia hidrográfica.
A Codevasf, ciente de que o momento é urgente e oportuno para estancar
e/ou reverter o processo de degradação na bacia hidrográfica do rio Mearim, apre-
senta o Plano de preservação e recuperação de nascentes da bacia hidrográfica
do rio Mearim, que tem como finalidade principal aumentar a quantidade e melho-
rar a qualidade da água da bacia visando garantir a disponibilidade desse recurso
para seus usos múltiplos para as gerações atuais e futuras.
O Plano apresenta as diretrizes adotadas pela Codevasf para a recupera-
ção de áreas degradadas no contexto do Programa de Revitalização de Bacias
Hidrográficas (PRBH), a partir da caracterização da bacia. A estratégia de recu-
peração tem como premissas técnicas o entendimento de ciclo hidrológico, do
conceito de bacia hidrográfica e sua inter-relação com as nascentes, bem como as
causas e consequências da degradação e as propostas de uso conservacionistas
de água e solo utilizados pela Empresa no âmbito do Programa de Revitalização.
Assim, o PLANO NASCENTE MEARIM tem por objetivo contribuir com dife-
rentes estratégias de recuperação hidroambiental da região, mas também sub-
sidiar ações integradas e permanentes capazes de promover o uso sustentável
de recursos naturais, e demonstrar o compromisso da Codevasf com as bacias
que compõe sua área de atuação, promovendo a recuperação de áreas degradas,
buscando aumentar a qualidade e quantidade da água da bacia, visando garantir
a disponibilidade desse recurso para seus usos múltiplos para as gerações atuais
e futuras.
Nessa perspectiva, a execução deste plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia hidrográfica do rio Mearim – PLANO NASCENTE MEARIM,
torna-se estratégica e de grande importância.

30
Serra da Iburana na nascente do rio Corda (2)
Cachoeira Grande em Barra do Corda (3)
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

2 DIRETRIZES DO PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPE-


RAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA DO RIO MEARIM

O Plano de preservação e recuperação de nascentes do rio Mearim tem


como diretrizes:
• Proteção e recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs),
vinculadas às nascentes, tendo como base o cumprimento da Lei nº
12.651/2012 que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e demais
instrumentos correlatos;

• Promoção do uso adequado do solo em áreas de recarga de nascentes;

• Implantação e disseminação de boas práticas de conservação de água e


solo no âmbito do desenvolvimento das atividades produtivas na zona
rural, por meio de extensão rural e educação ambiental;

• Promoção do uso sustentável das águas das nascentes no meio rural;

• Conscientização da sociedade da importância da sustentabilidade no


uso dos recursos hídricos e outros recursos naturais;

• Participação intensiva da sociedade no processo de revitalização da bacia


hidrográfica do rio Mearim por meio da adesão e efetiva participação na
execução do PLANO NASCENTE MEARIM.
Indígena da etnia Kanela (4)
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

3 O ESTADO DO MARANHÃO E A BACIA HIDRO-


GRÁFICA DO RIO MEARIM

O estado do Maranhão possui uma população estimada em 7.000.229 de


habitantes (IBGE,2010), ocupa uma área de 331.983,29 km2, sendo o 8º maior
estado do País em área, abrangendo 217 municípios. Seu litoral se estende por
aproximadamente 940 km, figurando entre um dos maiores do Brasil.
Grande parte do estado está inserido na chamada Amazônia Legal,
abrangendo uma área equivalente a 80% de sua superfície territorial,
compreendendo 188 municípios maranhenses. Porém, observa-se intensa
antropizacão dessas áreas nas regiões do chamado "arco do desmatamento",
especialmente pelo avanço da agropecuária, carvoarias, madeireiras etc
(MARANHÃO, 2011).
O potencial dos recursos naturais do Estado é relevante. A diversidade
de ecossistemas existentes, principalmente nos biomas Cerrado e Amazônico;
a extensão das suas áreas de natureza preservada; a diversidade de povos,
culturas, culinária e de frutos regionais, e o potencial turístico, são importantes
fontes de preservação ambiental e ao mesmo tempo de incremento à economia
do estado e do Brasil.
O Maranhão é também detentor de grande reserva de recursos hídricos,
o que lhe atribui destaque em nível nacional e internacional, e também de
considerável potencial produtivo com áreas agrícolas, pecuária, e de produção
mineral em franca expansão.
A gestão entre crescimento produtivo e preservação ambiental deverá
fazer parte de estudos, investimentos e políticas públicas voltadas para a re-
gião, bem como das intervenções do setor privado.
Apesar de o Estado atuar como regulador e indutor do processo,
é importante que as pessoas tenham consciência que a preservação, e
recuperação do meio ambiente e dos recursos hídricos, também fazem parte
das suas responsabilidades como cidadãos.
Nessa perspectiva, o Plano de Preservação e Recuperação de Nascen-
tes da Bacia do Rio Mearim - PLANO NASCENTE MEARIM - traduz-se em uma
iniciativa que tem por objetivo a preservação e conservação hidroambiental da
bacia hidrográfica do rio Mearim.
O Plano é uma ferramenta importante para entender o contexto
proposto para a recuperação e preservação das nascentes da bacia do rio
Mearim ao apresentar uma análise das características hidrológicas, do(s)
clima(s), dos solos, da vegetação, da socioeconomia, e da população do estado
do Maranhão, e, em especial, da bacia hidrográfica do rio Mearim.
O Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão
(NuGeo/ UEMA), em 2006, delimitou no estado 12 bacias hidrográficas. Divisão
semelhante é definida por meio do Decreto Estadual nº 27.845/2011, do
Governo do Maranhão, que em seu Art. 5º estabeleceu a divisão do estado em
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

12 bacias hidrográficas, conforme mostrado na Figura 1. A área drenada da


bacia do rio Mearim limita-se ao norte com a baía de São Marcos; a leste com
a bacia do rio Itapecuru; a nordeste com a bacia do Gurupi; e a sudoeste com
a bacia do Tocantins e com o divisor de águas do rio Parnaíba.

Figura 1. Localização das bacias hidrográficas maranhenses


Fonte: Elaborada com dados da ANA, 2017; IBGE, 2016.

De acordo com a Resolução n° 32/2003 do Conselho Nacional de Recursos


Hídricos (CNRH) o estado do Maranhão está inserido em três Regiões Hidrográficas:
Atlântico Nordeste Ocidental, Parnaíba e Tocantins-Araguaia, estando os dois
principais rios estaduais, Mearim e Itapecuru, inseridos na primeira região (Figura 2).

36
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 2. Regiões hidrográficas do estado do Maranhão


Fonte: Elaborada com dados da ANA, 2017; do IBGE, 2016.

A Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental abrange a maior área


do estado, e suas principais bacias hidrográficas são as dos rios Gurupi, Mearim e
Itapecuru.
Pode se constatar a partir do Quadro 1 que a disponibilidade hídrica da Re-
gião Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental é de 328,22 m3/s, e que a bacia hi-
drográfica do Mearim apresenta vazão média de 567,18 m3/s, superior às demais
bacias da região, e uma disponibilidade hídrica de 27,85 m3/s. Porém possui uma
vazão específica média de apenas 5,67 l/s/km2.

37
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Disponibilidade
Sub-bacias Nível 1 Sub-bacias Nível 2
Q (m³/s) q (L/s/km²) Q15 (m³/s)

Gurupi 523,32 15,04 111,9


Litoral PA01 120,72 16,95 42,75

Gurupi Litoral PA02 179,64 16,33 62,77


Pericumã 216,54 22,2 7,89

Turiaçu 503,74 21,58 18,41


Itapecuru 267,1 4,98 45,57
Itapecuru Litoral MA01 146,49 10,35 0,58
Munim 158,33 10,35 10,5
Mearim Mearim 567,18 5,67 27,85
Total 2.683,06 123,45 328,22

Quadro 1. Disponibilidade hídrica da Bacia Hidrográfica Atlântico Nordeste Oci-


dental
Fonte: BRASIL, 2006.
Q: vazão média de longo período; q: vazão específica; Q15: vazão com permanência de 95%;
Disponibilidade: considerada igual a Q15.

A água subterrânea tem destaque no Maranhão, uma vez que represen-


ta fonte de abastecimento de muitas cidades e comunidades rurais, haja vista
que muitos rios são intermitentes. Estima-se que mais de 70% das cidades
usam água extraída de poços.
O estado do Maranhão está quase totalmente incluído na bacia sedimen-
tar do Parnaíba, considerada uma das mais importantes províncias hidrogeo-
lógicas do País.
Na bacia do rio Mearim, predominam os sedimentos da bacia Sedimen-
tar do Parnaíba que originam os aquíferos porosos, destacando-se os sistemas
de aquíferos Motuca, Corda e Itapecuru. A recarga dos aquíferos é feita, prin-
cipalmente, por meio de infiltração direta das precipitações pluviométricas e
pelos rios que os drenam (Brasil, 2006).
Por outro lado, o crescimento descontrolado das atividades desenvolvi-
das pelo homem vem contaminando os aquíferos e interferindo na qualidade
e quantidade da água subterrânea.
Depreende-se assim que são indispensáveis para a garantia e manuten-
ção da disponibilidade hídrica da bacia ações que garantam a infiltração da
água da chuva no solo, de modo a possibilitar o reabastecimento do lençol
freático e artesiano. A Figura 3 mostra o sistema de aquíferos do Maranhão.

38
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 3. Sistemas aquíferos do Maranhão


Fonte: Elaborada com dados de BANDEIRA (Org.) 2013; CPRM, 2012; IBGE, 2016.

39
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

3.1 Bacia hidrográfica do rio Mearim


Conhecido pelos índios Guajajaras como “Izu” - rio das águas pardacentas -
o rio Mearim, genuinamente maranhense, corta o estado do Maranhão de sul para
o norte e sua bacia compreende uma extensa área na região central, como mostra
a Figura 4, representando a maior bacia hidrográfica do estado.

Figura 4. Localização da bacia hidrográfica do rio Mearim


Fonte: Elaborada com dados do IBGE, 2016.

Com 742 km de extensão, o rio Mearim nasce no município de Formosa da


Serra Negra nas encostas da Serra da Menina, em altitude de aproximadamen-
te 460 m. Segue um longo trajeto na direção sudoeste-nordeste até a cidade de
Esperantinópolis, onde, após receber as contribuições do rio Flores, direciona-se
para o norte, indo desaguar no Oceano Atlântico pela baía de São Marcos entre as
cidades de São Luís e Alcântara (Figura 5).

40
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

A bacia hidrográfica do Mearim, com uma área de 98.289,05 km2, é a maior


bacia hidrográfica em área do Maranhão ocupando 29,6% da área total do estado
(UEMA, 2016). Compreende 84 municípios, sendo que 50 estão totalmente inseri-
dos no vale, e os demais se situam parcialmente na bacia. Sua população estimada
em 2017, pelo IBGE, era de 2.257.268 habitantes.

Figura 5. Rede hidrográfica da bacia do rio Mearim


Fonte: Elaborada com dados ANA, 2017; da Codevasf, 2012; do IBGE, 2016.

41
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Os principais tributários do rio Mearim pela margem direita são o rio Corda,
com 130,8 km de extensão, e o rio Flores com extensão de 152,8 km. Pela margem
esquerda destacam-se os rios Pindaré com 569,2 km, o mais extenso afluente da
bacia e o rio Grajaú, com 546,3 km (Codevasf, 2017).
A Figura 6 apresenta a divisão hidrográfica da bacia do rio Mearim e seus
principais afluentes, segundo o critério de Ottobacias.

Figura 6. Principais tributários da bacia do rio Mearim


Fonte: Elaborada com dados da ANA, 2017; da CODEVASF, 2017; do IBGE, 2016.

42
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

A bacia possui um regime hidrológico com duas estações bem definidas:


a das águas máximas – cheias – de fevereiro a maio e as mínimas – estiagens ou
vazantes – que se prolongam de agosto a novembro. Fenômenos hidrológicos
como enchentes e secas são recorrentes.
No seu curso principal o rio Mearim banha sedes importantes de muni-
cípios da região, como as cidades de Barra do Corda, no Alto Mearim; Bacabal,
São Luís Gonzaga do Maranhão, Pedreiras, Trizidela do Vale e Esperantinópolis,
no Médio; Arari e Vitória do Mearim, no Baixo curso. As Figuras 7 A a D mos-
tram algumas cidades banhadas por rios da bacia do rio Mearim.

Figura 7 A a D. A) Rio Mearim nas cidades de: Barra do Corda; B) Vitória do


Mearim; C) Pedreiras e Trizidela do Vale; e D) Rio Buritirana, afluente do rio
Pindaré, na cidade de Buriticupu
Fonte: CODEVASF, 2017.

3.2 Fisiografia
A bacia hidrográfica do rio Mearim divide-se em três trechos, identificados
na Figura 8, sendo Alto, Médio e Baixo Mearim.

43
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 8. Fisiografia da bacia do rio Mearim


Fonte: Elaborada com dados ANA, 2017; da CODEVASF, 2012; do IBGE, 2016.

44
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

a) Alto Mearim
O trecho do Alto Mearim corresponde à região delimitada entre as nascen-
tes, na confluência das serras do Almoço, Mearim, Menina, Negra e Imburana, até
seu encontro com a Barragem do rio Flores (Figura 9). Possui extensão de 304,9
km (Codevasf, 2017) e um desnível total cerca de 400 m e uma declividade média
de 1,0 m/km, apresentando elevado número de corredeiras (CUNHA, 2003).

Figura 9. Vereda na cabeceira do rio Mearim


Fonte: CODEVASF, 2017.

b) Médio Mearim
O trecho do Médio Mearim, localizado entre a barra dos rios Flores e Seco
das Almas e com extensão de 156,7 km (Codevasf, 2017). Segundo Cunha (2003),
esse trecho apresenta declividade média de 11 cm/km, com desnível total de cerca
de 20 m e largura entre 50 e 100 m, sendo a navegação nesse trecho dificultada
pelo acúmulo de depósitos aluviais que reduz a profundidade (Figura 10).

45
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 10. Rio Grajaú no município de Grajaú


Fonte: CODEVASF, 2017.

c) Baixo Mearim
O trecho do Baixo Mearim estende-se desde o Seco das Almas/Porto das
Mulatas até a foz, na baía de São Marcos. Compreende um percurso de cerca de
280,4 km (Codevasf, 2017), com desnível total de 12 m onde contorna a ilha dos
Caranguejos (CUNHA, 2003).
Ocorrência significante na parte inferior do rio Mearim é o fenômeno da
‘pororoca’ - ondas que adentram o rio em marés de grandes proporções - local
onde a prática de surfe é realizada, tornando-se atrativo turístico para a região
(Figura 11).
Sua maior característica neste trecho é a o grande número de meandros e a
formação de grandes lagos naturais, como o Lago Açu, o Grajaú, e o Viana, além de
lagoas marginais, que se destacam na manutenção do ciclo biológico de inúmeras
espécies de peixes e, consequentemente, na produção de pescado.
Outra particularidade relevante na foz do Mearim é o fato de possuir a
maior área contínua de mangues do país, com aproximadamente 30 mil hectares,
contornando a região da ilha dos Caranguejos (SOARES, 2005).

46
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 11. Área estuarina com desbarrancamento da margem pela ação da po-
roroca
Fonte: CODEVASF, 2017.

3.3 Nascentes da bacia do rio Mearim


Estimativas obtidas a partir de experiências de trabalhos anteriores realiza-
dos pela equipe técnica da Codevasf para a identificação de nascentes, em espe-
cial na bacia do rio São Francisco, apontam para uma relação entre os ecossiste-
mas presentes e o número de nascentes presentes em determinada área.
Para levantamento do número de nascentes existentes na bacia do rio Me-
arim, a equipe técnica de geoprocessamento da Codevasf elaborou um mosai-
co das cartas topográficas oficiais disponíveis na escala 1:100.000 para compor a
base de hidrografia, a qual foi utilizada como parâmetro básico de referência para
definição do número de nascentes a ser considerado, contabilizando o início de
cada curso representado na cartografia oficial como potencial nascente de afluen-
te de contribuição para a bacia hidrográfica do rio Mearim, obtendo-se a partir
dessa metodologia o quantitativo de 2.526 nascentes, como mostra a Figura 12.

47
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 12. Nascentes na bacia do rio Mearim


Fonte: Elaborada com dados da ANA, 2017; do IBGE, 2016.

48
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Ainda que ocorram distorções decorrentes da acuidade de elaboração da


malha hidrográfica especialmente afetada pela sensibilidade dos responsáveis
pela confecção das cartas para a representação dos cursos d’água, que resultam
ora em áreas de maior adensamento de linhas, ora em áreas de menor, e que,
consequentemente, impactam no número final estimado de pontos de nascentes,
justificou-se a utilização do número alcançado, tendo em vista os fins expeditos do
levantamento.
Com isso, a equipe da Codevasf promoveu deslocamento expedito à bacia
visando registrar a atual condição ambiental da região, comparativamente com
os dados obtidos em literatura, identificando tanto a principal nascente do rio
Mearim, como também das nascentes dos rios de maior contribuição hídrica da
bacia, as serras divisoras das unidades hidrográficas da região e, ainda a condição
de preservação ou de degradação em que se encontra a bacia, em especial as
nascentes, conforme descrição a seguir:

a) Rio Mearim
O rio Mearim nasce no município de Formosa da Serra Negra na confluên-
cia das serras do Almoço, Mearim e Menina, em altitude de cerca de 460 m, nas
imediações do km 38 da rodovia MA-132, que liga os municípios de Fortaleza dos
Nogueiras e São Pedro dos Crentes (Codevasf, 2017). As serras do Mearim e a da
Menina são referência geográfica ao sul do Maranhão por serem divisoras de água
entre a bacia do rio Mearim e a bacia do Tocantins. A serra do Crueira apresenta-
-se como o divisor de águas entre as bacias do Mearim e Itapecuru.
Verificou-se durante a expedição realizada pela Codevasf que a nascente
do rio Mearim está inserida em uma extensa vereda, porém a prática da pecuária
e de atividades agrícolas na região, de forma inadequada para a conservação do
solo e da água, vem assoreando e compactando o solo, e tornando essa nascente
intermitente em alguns períodos do ano (Figura 13).
O rio Mearim em sua formação recebe grande quantidade de água de nas-
centes das Serras Negra e Imburana, região esta considerada a “caixa d'água” do
rio Mearim e seus tributários rios Grajaú, Grajauzinho e Corda.
A serra Negra, situada no município de Formosa da Serra Negra acerca de
500 m de altitude, tem em torno de 60 km de extensão por aproximadamente 2
km de largura. Estima-se existir, no topo e em suas encostas, em torno de 1.200
nascentes, que são fundamentais para a manutenção hídrica da bacia do rio Me-
arim. A mesma é um divisor de águas na bacia do rio Mearim, distribuindo água
de suas nascentes de um lado para o próprio rio Mearim e, de outro, para os rios
Grajaú e Grajauzinho.
Todavia, da mesma forma que a nascente principal do rio Mearim, a serra
Negra vem sofrendo com o expressivo avanço da pecuária. Suas florestas e nas-
centes onde predominam palmeiras de buritis e buritiranas, e grotas com árvores
típicas de terras húmidas, vêm sendo transformadas em pastagens e bebedouros
para o gado, onde já se observam inúmeras nascentes assoreadas e, em alguns
casos, secas.

49
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 13. Nascente do rio Mearim


Fonte: CODEVASF, 2017.

Figura 14 A e B. Nascente do rio Grajaú (degradada) e nascente do rio Grajau-


zinho (conservada)
Fonte: Codevasf, 2017.

b) Rios Grajaú e Grajauzinho


Os rios Grajaú e Grajauzinho possuem suas nascentes situadas, respectiva-
mente, nos municípios de Sítio Novo e São Pedro dos Crentes. Juntos formam um
dos mais importantes afluentes da bacia do rio Mearim: o rio Grajaú.
Todavia, a nascente principal e as áreas de recarga do rio Grajaú apresen-
tam-se degradadas pela ação de queimadas e desmatamento. Essa nascente é
uma das mais impactadas de toda a bacia do rio Mearim, Figura 14 A, cuja situa-
ção, caso não seja revertida, pode levar o rio a uma situação de intermitência.
Quanto ao rio Grajauzinho, sua nascente e área de recarga se encontram
em bom estado de conservação.

50
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

c) Rio Pindaré
Outro importante afluente do Mearim é o rio Pindaré que tem sua nas-
cente principal localizada no município de Amarante do Maranhão. Intercep-
tada pela rodovia MA-280 sua nascente encontra-se assoreada, compactada
pelo acesso de gado, e tendo água apenas no período das chuvas. Adicionado
a isso, as matas ciliares vem sendo desmatadas para diversos fins, como a for-
mação de pastagens e o plantio de eucalipto.
O Alto Pindaré recebe considerável aporte de água de nascentes exis-
tentes na serra do Gurupi, na confluência dos municípios de Montes Altos,
Amarante do Maranhão e Sítio Novo.
No Médio Pindaré encontra-se a Reserva Ecológica do Gurupi, que tem
por objetivo preservar a porção de floresta amazônica da região. Na reserva,
destacam-se, dentre outros, os rios Onças e Mutum, como uns dos principais
mananciais da porção sul da reserva.
Porém, a reserva e as nascentes ali existentes encontram-se antropiza-
das, tendo perdido importantes áreas de vegetação nativa pelo uso e ocupação
desordenado do solo, extração de madeira, e queimadas. A nascente do rio
das Onças foi escavada para o armazenamento de água e as encostas do vale
do rio encontram-se desmatadas, acarretando processo de erosão e assorea-
mento (Figura 15).

Figura 15. Nascente degradada do rio Pindaré


Fonte: CODEVASF, 2017.

51
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

d) Rio Corda
Em outra perspectiva, o rio Corda nasce na confluência das serras da
Imburana e Grande, no município de Fernando Falcão, estando em seu per-
curso inicial com suas nascentes, veredas e matas ciliares preservadas. As
serras da Imburana e Grande são divisoras de águas dentro da bacia do rio
Mearim ao separar o rio Mearim do rio Corda.
No Alto rio Corda (Figura 16) encontram-se alguns importantes brejos,
grotas e riachos afluentes que contribuem para a vazão do rio, destacando-
se os seguintes: pela margem direita - Pintada, Passagem da Lage, Brejinho,
Samabaíba, Catingueiro e Chupé; e pela margem esquerda - Poço do Urubu
e Buritirana.
Uma influência importante ao longo de sua bacia até o seu encontro
com o rio Mearim na cidade de Barra do Corda é a quantidade expressiva de
reservas indígenas – principalmente das etnias Kanela e Guajajara - situadas
respectivamente nos municípios de Fernando Falcão, Grajaú e Barra do Cor-
da, e que contribuem de forma significativa com a preservação da bacia.
Outro fator que contribui para a sua preservação é a existência de uma
Reserva Particular de Compensação Ambiental, localizada na serra da Imbu-
rana.

Figura 16. Nascente do rio Corda


Fonte: CODEVASF, 2017.

52
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

e) Rio Flores
O rio Flores nasce a cerca de 210 metros de altitude, no povoado Brejo do
Cazuza, situado entre os povoados de Galheiro e Vaca Morta, no município de
Fernando Falcão, a 30 km da sede municipal. Sua cabeceira é composta por um
conjunto de veredas que confluem para a formação do rio Flores (Figura 17).
No entanto, essas veredas estão sendo utilizadas para usos múltiplos, o que
pode comprometer a conservação hidroambiental dessas áreas (Figuras 18 A a
F), tendo em vista a utilização do solo em seu entorno para a formação de pasta-
gem para a criação de gado e para agricultura, com destaque para a plantação de
mandioca, milho e feijão, o que implica no desmatamento da área de recarga das
respectivas nascentes.
Além disso, é prática comum à utilização das veredas para a dessedentação
do gado, prática que causa o pisoteio do solo dentro dos buritizais, tornando-o
compactado e, assim, com baixa infiltração de chuva, o que vem contribuindo para
seu secamento durante o período de estiagem (Figura 19 A a F).
A identificação do número de nascentes existentes na bacia hidrográfica
do rio Mearim, bem como da condição ambiental em que se encontram, torna-
se fundamental para o embasamento técnico e econômico para a recuperação
hidroambiental da bacia (Figura 20 A a H).

Figura 17. Nascente do rio Flores


Fonte: CODEVASF, 2017.

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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 18 A a F. Nascentes em bom estado de conservação na bacia do rio Me-


arim
Fonte: CODEVASF, 2017.

Figura 19 A e B. Nascentes em estado de degradação na bacia do rio Mearim


Fonte: CODEVASF, 2017.

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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 19 C a F. Nascentes em estado de degradação na bacia do rio Mearim


Fonte: CODEVASF, 2017.

Figura 20 A a D. Veredas em bom estado de preservação na bacia do rio Mearim


Fonte: CODEVASF, 2017.

55
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 20 E a H. Veredas em bom estado de preservação na bacia do rio Mearim


Fonte: CODEVASF, 2017.

3.3.1 Cachoeiras, corredeiras e cânions na bacia do rio


Mearim
Ao longo de seu curso o rio Mearim possui várias cachoeiras, corredeiras e
cânions na bacia do rio Mearim com fragmentos florestais e matas ciliares preser-
vadas, corpos hídricos não poluídos e com volume d’água considerável mesmo em
época de estiagem, que constituem raras belezas cênicas para a contemplação e
lazer e, em sua ampla maioria desconhecidas pela população maranhense e bra-
sileira em geral.
As cachoeiras, corredeiras e cânions, com planejamento e apoio institucio-
nal e investimento privado, poderão representar pontos de atração para a prática
de lazer e do ecoturismo – pousadas rurais, trilhas, caiaques, saltos, banhos, etc.
- tornando-se uma fonte de renda para as comunidades e proprietários dessas
localidades (Figuras 21 A a F).

56
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 21 A a F. Cachoeiras, corredeiras e cânions da bacia do rio Mearim


Fonte: CODEVASF, 2017.

3.4 Precipitação pluviométrica
A chuva é um dos fatores do ciclo hidrológico que garante a manutenção do
sistema hidroambiental, manutenção das nascentes e rios, produção de alimentos
e dessedentação humana e animal, dentre outros.
De acordo com os dados da Figura 22, a região do Alto Mearim, onde se
encontram as nascentes que dão início aos cursos d’água dos rios da bacia e de
seus afluentes, apresenta os menores índices pluviométricos, se comparados às
demais áreas do estado.
Observa-se no mapa um volume maior de chuvas anuais no litoral norte
do estado, e uma redução gradual no sentido norte-sul. A região do Alto Mearim
apresenta índice médio de 1.200 mm/ano, e na região do Baixo Mearim observa-

57
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

-se que os volumes aumentam, variando entre 1.800 e 2.000 mm/ano, apresen-
tando um volume médio na bacia de 1.550 mm/ano.
Esse é um fato muito importante que denota a necessidade de preservação
das características naturais e de preservação ambiental nessas regiões, devendo
se evitar o desmatamento e a erosão que poderiam causar degradação, redução
da recarga hídrica, e o consequente secamento das nascentes.
O gráfico 1 mostra as precipitações mensais das 23 estações pluviométricas
na bacia do rio Mearim (MARANHÃO, 2014), apresentando um aumento das preci-
pitações nos meses de janeiro a maio, atingindo o pico em abril, decaindo a partir
de maio, com precipitação mínima no mês de agosto.

Gráfico 1. Média das precipitações mensais das 23 estações pluviométricas da


bacia hidrográfica do rio Mearim
Fonte: MARANHÃO, 2014. p. 8.

Observa-se também grande variação nos volumes de chuva durante o ano,


com duas estações bem definidas, sendo uma chuvosa e outra seca. Nessas cir-
cunstâncias a preservação das nascentes contribui com a manutenção de água
disponível para o consumo humano e animal e a garantia da segurança hídrica da
bacia.
Segundo estudos de Brito et. al (2010), as enchentes no rio Mearim são
registradas normalmente nos meses de fevereiro a junho, e estão ligadas, muitas
vezes, à coincidência entre a ocorrência de grandes marés com o aumento do
caudal dos rios, em consequência da elevação do índice pluviométrico no interior
da bacia.
Dados obtidos no Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio Mearim (MARA-
NHÃO, 2014) mostram que entre os anos de 1981 e 2014 foram registrados 132
desastres naturais provocados por seca e/ou estiagem nos municípios da bacia do
rio Mearim, com maior recorrência nos municípios de Santa Luzia, Lagoa Grande
do Maranhão, Grajaú e Lima Campos.

58
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 22. Precipitação média anual na bacia hidrográfica do rio Mearim


Fonte: Elaborada com dados da ANA, 2017; CODEVASF, 2012, 2017; do IBGE, 2016; da UEMA, 2010.1

1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO. Centro de Ciências Agrárias. Núcleo Geoambiental. Mapa de


precipitação pluviométrica anual. 2010. 1 mapa. Arquivo eletrônico shapefile. Disponível em: < https://www.nugeo.
uema.br/>. Acesso em: 24 maio, 2017.

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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

3.5 Clima
Caracterizado como quente, semiúmido, tropical de zona equatorial,
com duas estações distintas que vão de úmida (janeiro a junho) à seca (julho
a dezembro). Apresenta médias térmicas anuais superiores a 22°C por estar
localizado na região Equatorial onde a temperatura do ar é normalmente
elevada e uniforme ao longo do ano. A Figura 23 mostra a caracterização do
clima para o Maranhão.

Figura 23. Climas do estado do Maranhão


Fonte: IBGE, 2001; NUGEO, 2011 apud MARANHÃO, 2011, p. 23.

60
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Os tipos climáticos que ocorrem no Maranhão apresentam as seguin-


tes características, de acordo com a classificação climática de descrita por
Thornthwaite (1948):
• Clima úmido (b2): Com pequena ou nenhuma deficiência de água na
porção noroeste do estado Maranhão, megatérmico, ou seja, tempe-
ratura média mensal sempre superior a 18°C, sendo que a soma da
evapotranspiração potencial nos três meses mais quentes do ano é
inferior a 48% em relação à evapotranspiração potencial anual;
• Clima úmido (b1): Localizado na foz do rio Mearim com moderada de-
ficiência de água no inverno, entre os meses de junho a setembro, me-
gatérmico, ou seja, temperatura média mensal sempre superior a 18°
C, sendo que a soma da evapotranspiração potencial nos três meses
mais quentes do ano é inferior a 48% em relação à evapotranspiração
potencial anual;
• Clima subúmido (c2): Caracteriza o médio curso do rio Mearim com
moderada deficiência de água no inverno, entre os meses de junho a
setembro, megatérmico, ou seja, temperatura média mensal sempre
superior a 18° C, sendo que a soma da evapotranspiração potencial
nos três meses mais quentes do ano é inferior a 48% em relação à eva-
potranspiração potencial anual;
• Clima subúmido seco (c1): Presente ao leste do estado do Maranhão
influenciando a região da nascente e demais contribuintes no Alto Me-
arim, com pouco ou nenhum excesso de água, megatérmico, ou seja,
temperatura média mensal sempre superior a 18° C, sendo que a soma
da evapotranspiração potencial nos três meses mais quentes do ano é
inferior a 48% em relação à evapotranspiração potencial anual.
Altos valores anuais de umidade relativa do ar se verificam na região
Norte do estado do Maranhão, mostrando a influência do mar, o qual é res-
ponsável, em grande parte, pelo incremento de vapor d’água sobre a região.
Por outro lado, nas regiões centrais e leste apresentam os valores anuais de
umidade relativa do ar oscilando entre 73% e 76%. Esses valores de umidade
estão associados à distância em relação ao mar e principalmente às caracte-
rísticas de vegetação, predominantemente de Cerrado e Caatinga, que pouco
contribui na liberação de vapor d’água para a atmosfera pelo processo de
evapotranspiração (UEMA, 2000).
No Alto Mearim, ao longo do trecho que inicia em sua nascente (muni-
cípio de Formosa da Serra Negra), a umidade relativa do ar encontra-se entre
73 e 76%. No Médio Mearim, nas proximidades das cidades de Pedreiras e
Bacabal, há umidade relativa do ar anual compreendida entre 76 e 79%. Já na
área da foz do rio Mearim há áreas com umidade relativa do ar compreendi-
da entre 79 e 82%, sendo que próximo à ilha de São Luís a umidade relativa
anual pode superar 82% (UEMA, 2000).
Com relação à temperatura do ar, em estudo conduzido em 2016 pela
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), a média anual da região em que
está situada a bacia do rio Mearim é de 25,5 °C, onde os menores registros
anuais geralmente se concentram no município de Grajaú (Solta do Carlos),
com registros médios anuais em torno de 19,8 °C. Por outro lado, os maiores
registros térmicos anuais se configuram em torno dos municípios de Presi-
dente Dutra (Flores), Lago da Pedra (Angico), Vitorino Freire (São João de Gra-

61
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

jaú) e Esperantinópolis, com registros médios de 27,8; 27,2 e 27,2 e 27,0°C,


respectivamente.
Observa-se, portanto, uma temperatura média considerável na bacia,
se comparada a outras regiões do Brasil, o que poderá aumentar a taxa de
evaporação dos solos e diminuir a quantidade de águas em nascentes, espe-
cialmente naquelas que estiverem desprovidas de vegetação no seu entorno.
Nesse sentido, a manutenção e conservação da cobertura vegetal no
entorno das nascentes evita a exposição do solo aos raios solares diretamen-
te nas áreas de recarga.

3.6 Geologia e geomorfologia
Quanto à geologia, o estado do Maranhão está quase totalmente inclu-
ído na bacia Sedimentar do Parnaíba, considerada uma das mais importan-
tes províncias hidrogeológicas do país. Por se tratar de uma área de rocha
quase que exclusivamente sedimentares, o Estado apresenta possibilidades
promissoras de armazenamento e exploração de águas subterrâneas (BRA-
SIL, 2006).
Conforme descrito no Plano Diretor do Mearim (MARANHÃO, 2014),
as formações geológicas na área de influência da bacia hidrográfica do rio
Mearim, por ordem de crescente de idade, são: Formação Sambaíba, Forma-
ção Mosquito, Formação Corda, Formação Codó, Formação Grajaú, Grupo
Itapecuru e Formação Ipixuna, além das Coberturas Superficiais Cenozóicas,
que englobam Coberturas Lateríticas Maturas, Grupo Barreiras, Depósitos
Colúvio-Eluviais, Coberturas Lateríticas Imaturas, Depósitos Flúvio-Lagunares,
Depósitos de Pântanos e Mangues, e Depósitos Aluvionares.
Dentre as formações citadas acima, destacamos o grupo Itapecuru, que
tem a maior distribuição espacial na bacia ocorrendo no médio e alto curso.
E também do grupo Formação Codó que aflora no médio curso da bacia do
rio Mearim nas imediações dos municípios de Grajaú e de Presidente Dutra.
Essa unidade é importante sob o ponto de vista econômico, sobretudo pela
extração de calcário e gipsita em Grajaú.
De acordo com a análise voltada à compartimentação dos sistemas na-
turais no estado do Maranhão realizada pelo IBGE (1997), são identificados
três domínios morfoestruturais, onde os fatos geomorfológicos se organizam
de acordo com os aspectos amplos da geologia, sendo estes:
Domínio I - Faixa de Dobramentos Pré-Cambrianos; Domínio II - Bacia
Sedimentar do Rio Paraíba e Coberturas Plio-Pleistocênicas; e Domínio III -
Depósitos Sedimentares Inconsolidados Quaternários. Esses domínios estão
divididos em compartimentos menores, conforme litologia, estilo estrutural e
feições da rede de drenagem.
Na bacia hidrográfica do rio Mearim ocorrem o Domínio II (representa-
do pelos compartimentos nominados com as letras “h, i, p, q e r”) e o Domínio
III (representado pelo compartimento designado apenas pela letra “a”), des-
critos a seguir e de acordo com distribuição espacial, que podem ser visuali-
zados no mapa da geomorfologia da bacia:
1. Domínio II - Bacia Sedimentar do Rio Parnaíba e Coberturas Plio-Pleistocêni-
cas: este domínio abrange quase toda a área estudada. As diferenciações litoes-
truturais que aí ocorrem e que se refletem no relevo, permitiram a identificação

62
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

de 19 compartimentos:

‘h’: Contornando os Chapadões da alta bacia do rio Itapecuru,


a erosão expôs os arenitos da formação Sambaíba, originando
relevos em posição altimétrica inferior aos Chapadões. A
instalação da drenagem do alto Itapecuru, nestas litologias,
originou vales amplos, sedimentados.
‘i’: Na parte central da área estudada, ocorrem os arenitos
friáveis da Formação Grajaú e Coberturas Detríticas-Lateríticas,
originando a Chapada de Barra do Corda, mantida pela presença
de níveis de concreções ferruginosas.
‘p’: Na parte central do Maranhão, destaca-se, numa faixa de
direção norte-sul, um planalto, que dissecou em morros e colinas
a sequência inferior da Formação Itapecuru, onde predomina
uma sequência oxidante de siltitos e argilitos avermelhados. A
drenagem expôs em alguns trechos os folhelhos fossilíferos por
vezes calcíferos da Formação Codó.
‘q’: A ação erosiva sobre coberturas detríticas-lateritícas, que
recobrem a Formação Itapecuru originou um planalto dissecado
que vai do rio Gurupi ao rio Grajaú. A drenagem principal está
orientada na direção SW-NE e N-S.
‘r’: A sequência superior da Formação Itapecuru, representada
por arenitos argilosos oxidados com intercalações de argilitos
e siltitos argilosos, possibilitou a elaboração de uma superfície
plana dissecada em alguns trechos em lombas e colinas. Essa
superfície, que contorna a Baixada Maranhense, estende-se para
oeste até o rio Gurupi.
2. Domínio III - Depósitos Sedimentares Inconsolidados Quaternários: dis-
põem-se ao longo da costa e sua identidade litológica, refletida no relevo, permi-
tiu sua identificação:
‘a’: Corresponde aos depósitos flúvio-marinhos e aos aluviões
holocênicos, que compõem as áreas inundadas e/ou sujeitas
a inundações da Baixada Maranhense, e as planícies flúvio-
marinhas com mangues, que ocorrem ao longo da linha de costa
e na foz dos rios principais.
A evolução morfoestrutural da bacia hidrográfica do rio Mearim ocor-
reu, inicialmente, por meio de erosão ao longo de vales encaixados dos rios
Mearim, Grajaú e Pindaré, controlados, em geral, por falhamentos em eras re-
motas, que foram ampliados pelos processos de pediplanação dos terrenos
sedimentares meso-cenozóicos, formando os três domínios geomorfológicos
atuais: Alto, Médio e Baixo Mearim (Figura 24).
As cabeceiras da bacia são ocupadas por terras altas divisoras de
águas, onde se observa predomínio das formas de relevo geradas a partir de
processos de pediplanação.
Na parte mediana, sobressaem planaltos dissecados de grande exten-
são, com formas tabulares esculpidas em rochas sedimentares.

63
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Na porção final da bacia, predominam extensos terrenos de relevo pla-


no a suavemente ondulado, compostos por litotipos sedimentares variados.
Esses terrenos são alagados, no período das chuvas, e desenvolvem amplos
lagos conectados pelo sistema de canais de drenagem.
O aspecto geral dessa área é de aplainamento pela erosão, onde se
destacam calhas fluviais bem marcadas, que podem estar condicionadas aos
sistemas de falhas de geológicas.

Figura 24. Mapa geomorfológico da bacia do rio Mearim


Fonte: Elaborada com dados da ANA, 2017; da CODEVASF, 2012, 2017; e do IBGE, 2016.

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3.7 Solos
Os solos do estado do Maranhão apresentam-se sob diferentes tipos na
bacia do rio Mearim, segundo o Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Mearim
(MARANHÃO, 2014), predominando solos das classes Latossolo, Plintossolos e Ar-
gissolos, sendo as outras classes com menor ocorrência, conforme as unidades de
mapeamento de solos em proporções apresentadas no gráfico 2.

Gráfico 2. Classes de solos na bacia do rio Mearim


Fonte: MARANHÃO, 2014.

Os dados mostram que, em mais de 76% da área da bacia, predominam as


classes Latossolos, Plintossolos e Argissolos, que somadas recobrem uma área de
174.474,68 km2; seguida da classe Neossolo Litólico com mais de 10%, equivalen-
te a uma área de 23.619,98 km2. Os Gleissolos estão presentes em 6.266,64 km2
da área da bacia, sendo encontrados com grande representação na foz dos rios
Mearim, Pindaré e Grajaú.
Esses solos apresentam as seguintes características (SANTOS et al. 2006):
• Latossolo Amarelo: (predominância em 37% da bacia) apresenta como
característica principal: cor amarelada e vermelho-amarelada, textura mé-
dia, argilosa e muito argilosa, bem drenado, perfil profundo, drenagem boa
a moderada. Os latossolos, apesar de passíveis de utilização para agropecu-
ária, são solos em geral com baixa fertilidade que necessitam de aplicações
adequadas de corretivos e fertilizantes e são suscetíveis à erosão e com-
pactação, requerendo assim tratos conservacionistas e manejo adequado.
• Gleissolo Tiomórfico: (predominância em 22% da bacia) são solos que
ocorrem em baixadas litorâneas sob influência de oscilações de maré. Dis-
tribuem-se nas regiões costeiras e áreas de várzeas e planícies aluvionais,
mal ou muito mal drenadas. Normalmente, as áreas em que estes solos
ocorrem não são apropriadas para uso agrícola, recomendando-se aprovei-
tá-los para preservação.
• Argilossolo Vermelho-Amarelado: (presente em 18% da bacia) ocorre em
áreas de relevos mais acidentados do que os relevos nas áreas de ocorrên-
cia dos Latossolos. As principais restrições são relacionadas à fertilidade

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e, em alguns casos, dificuldade de infiltração de água e susceptibilidade à


erosão.
• Neossolos Litológicos: (presença em 10% da bacia) de textura média a
argilosa são profundos, ou medianamente profundos, de moderada drena-
gem e níveis baixos e médios de fertilidade.
Quanto à erodibilidade dos solos na área da bacia hidrográfica do rio Mea-
rim, as principais causas da degradação ambiental estão associadas à ocupação
e ao uso do solo ocasionando processos de erosão e assoreamento. A bacia é
caracterizada por três domínios geomorfológicos distintos - Alto, Médio e Baixo
Mearim - que possuem diferentes forças ativas, que se manifestam diferente-
mente na erodibilidade do solo.
A região do Alto curso é caracterizada por terrenos mais elevados (maior
declividade) com solos de composição mais arenosa, que têm, portanto, menor
resistência aos processos erosivos e, quando desmatados há ruptura do equilí-
brio natural da paisagem/solo.
O Médio curso possui solo arenoso a areno/argiloso com declividade mais
exposta pela forma de relevo acidentada (colinas e tabuleiros), que se caracteriza
pela presença de processos erosivos ao longo dos terrenos do Grupo Itapecuru
e das coberturas lateríticas imaturas. Possivelmente, as altas taxas de erodibili-
dade dos terrenos estão associadas principalmente ao relevo escarpado e aos
solos do tipo neossolo e cambissolos encontrados ao longo das vertentes encai-
xadas em meio à superfície tabular que predominam nas bordas dos Planaltos.
No Baixo curso predominam solos do tipo Neossolos Quartzarênicos pro-
fundos, Latossolos Vermelho-Escuro e solos Hidromórficos encontrados ao lon-
go das planícies, e são os de menor erodibilidade na bacia.
A dinâmica fluvial também contribui para os processos erosivos, principal-
mente na época de cheia, quando as velocidades das correntes se tornam mais
intensas, podendo desagregar os solos gerados pelas ações de desmoronamen-
to e deslizamentos nas margens e remover e arrastar os solos depositados no
fundo pela perda de energia cinética das partículas (assoreamento).

3.8 Cobertura vegetal
O estado do Maranhão está localizado em uma região de contato entre
o bioma Caatinga e o bioma Cerrado, e entre os biomas Cerrado e Amazônico.
Dessa forma, há uma ampla diversidade de formações vegetais em todo o estado.
A bacia do rio Mearim situa-se entre os biomas Cerrado e Amazônico (Figura 25).

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Figura 25. Biomas da bacia do rio Mearim


Fonte: Elaborada com dados da ANA, 2017; do BRASIL, 2016; do IBGE, 2016.

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Em cada bioma, há um tipo de vegetação predominante, que ocupa a


maior parte da área. Para o bioma Amazônico, conforme IBGE (2012), estão
presentes na bacia hidrográfica do Mearim, as fitofisionomias Floresta Om-
brófila Densa, Formações Pioneiras com Influência Fluvial e Lacustre, Floresta
Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual, vegetação secundária
com ou sem palmeiras e ainda vegetação com influência fluviomarinha (Figu-
ra 26).
Ainda de acordo com IBGE (2012) na área de ocorrência dos Cerra-
dos, as principais formações vegetais que dominam a bacia do rio Mearim são
a Savana Arborizada (Campo Cerrado, Cerrado Ralo, Cerrado Típico e Cerrado
Denso), Savana Parque (Campo Sujo, Cerrado de Pantanal, Campo-de-Murun-
dus e Campo rupestre) e Savana Florestada Cerradão).
Palmeiras ocorrem em extensas áreas, especialmente na porção de
ocorrência do bioma amazônico na bacia, com predomínio das espécies ba-
baçu, carnaúba, açaí e buriti (Figura 27 A a H). Das palmeiras nativas da região,
o babaçu (Attalea speciosa) se destaca como a de maior expressão econômica
e social, devido à extração de coco e a comercialização dos seus produtos.
As áreas com floresta de babaçu são exemplos de vegetação secun-
dária, que surgem como única espécie dominante, principalmente, após a
retirada da floresta estacional perenifólia aberta, sendo denominada Mata de
Cocais (BRASIL, 2006).
Grande parte desses ambientes encontra-se totalmente descaracteri-
zada pela ação antrópica, em função, principalmente, da exploração madei-
reira e da supressão total da vegetação para uso agrícola, pecuário e plantio
de florestas exóticas.
As áreas que foram identificadas como bioma Amazônico encontram-
se muito degradadas, não mais apresentando características originais desse
bioma, sendo, na grande maioria, áreas totalmente fragmentadas com abun-
dância de espécies pioneiras
Ao sul da área da bacia do rio Mearim, encontra-se o bioma Cerrado.
Esse bioma ainda preserva algumas características originais em áreas distan-
tes dos centros urbanos, principalmente nas reservas indígenas. No entanto,
já se observa certa antropização no meio rural (MARANHÃO, 2014).

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Figura 26. Fitofisionomias da bacia do rio Mearim


Fonte: Elaborada com dados da ANA, 2017; do IBGE, 2012.

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Figura 27 A a H. Palmeiras presentes na bacia do rio Mearim


Fonte: CODEVASF, 2017.

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3.9 Unidades de Conservação
Unidade de Conservação (UC) é a denominação dada pelo Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), Lei 9.985/2000, às áreas natu-
rais passíveis de proteção por suas características especiais.
Uma das principais funções das UCs é de salvaguardar a representatividade
de porções significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, ha-
bitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando
o patrimônio biológico existente.
Quanto à sua utilização, as UCs podem ser divididas em dois grupos, confor-
me o SNUC (BRASIL, 2000):
1. Proteção Integral: são aquelas unidades com maior grau de restrição
de uso pelo homem. No estado do Maranhão, englobam as categorias Re-
serva Biológica (REBIO), Parque Nacional (PARNA), e Parque Estadual;
2. Uso Sustentável: permitem um uso menos restrito e, em certos casos a
propriedade privada, abrangendo as categorias Área de Proteção Ambiental
(APA), Reserva Extrativista (RESEX) e Reserva Particular do Patrimônio Natu-
ral (RPPN).
As UCs totalizam cerca de 20% da área do estado. Desse percentual, mais
da metade (56,2%) estão localizadas no bioma Amazônico. Porém, apenas 4,3%
dessas unidades situadas nesse bioma se enquadram na categoria de Proteção
Integral. O restante pertence a categorias de Uso Sustentável.
Para as UCs localizadas no bioma Cerrado, 18,7% fazem parte da categoria
de Proteção Integral e 24,5% de Uso Sustentável.
No bioma Caatinga, as UCs somente são representadas nas categorias Área
de Proteção Ambiental e Reserva Extrativista, ambas de Uso Sustentável, e repre-
sentam apenas 0,6% do total das áreas de UC do estado (BATISTELLA et al., 2013).
De acordo com o mapeamento realizado para a bacia hidrográfica do Mea-
rim foram identificadas 06 (seis) Unidades de Conservação (Figura 28).

a) APA da Baixada Maranhense


Designada como Sítio Ramsar em 2000, a APA da Baixada Maranhense represen-
ta o maior conjunto de bacias lacustres do nordeste. Localiza-se no extremo norte do
Estado do Maranhão, abrange 21 municípios e tem 1.775.035,6 hectares de extensão.
No seu limite norte, encontra-se a APA das Reentrâncias Maranhenses.
A unidade possui uma área rica biodiversidade, pois incorpora uma complexa
interface de ecossistemas, incluindo manguezais, babaçuais, campos abertos e inundá-
veis, estuários, lagunas e matas ciliares.
Esse mosaico de fisionomias e sua extensão na paisagem torna a APA uma uni-
dade de conservação de extrema importância, pois permite a ocorrência de processos
ecológicos de grande escala, além da área de manguezal funcionar como regulador lo-
cal dos estoques pesqueiros. A região é drenada pelos rios Mearim, Pindaré, Grajaú,
Pericumã e afluentes (BRASIL, 2008).

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Figura 28. Unidades de Conservação e Terras Indígenas na bacia do rio Mearim


Fonte: Elaborada com dados da ANA, 2017; do IBGE, 2016; e do MARANHÃO, 2014.

Obs: As RPPNs não aparecem no mapa em decorrência do pequeno tama-


nho das áreas.

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b) Reserva Biológica do Gurupi


A Reserva Biológica do Gurupi - REBIO Gurupi - é uma Unidade de Prote-
ção Integral administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodi-
versidade (ICMBIO). Criada por meio do Decreto nº 95.614/1988 com o objetivo
de preservar a última porção de Floresta Amazônica existente no Maranhão. Está
totalmente inserida no bioma amazônico, na floresta ombrófila densa de terras
baixas, com milhares de espécies vegetais, sendo, por isso, uma das áreas com
altíssima biodiversidade e protege a Serra da Desordem e a Serra do Tiracambu.
Possui uma área total de 271.197,51 ha, tendo mais de 40 % da sua área
(115.572,92 ha) inseridas no interior da bacia do rio Mearim. A REBIO Gurupi
abrange parcialmente os municípios de Centro Novo do Maranhão/MA, Bom Jar-
dim/MA e São João do Caru/MA. Existem na REBIO Gurupi (Figura 29) três bases de
apoio e de fiscalização que são administradas pelo ICMBio, as quais são também
utilizadas por várias entidades parceiras do ICMBio tanto para a fiscalização da
unidade de conservação quanto para pesquisa: Batalhão da Polícia Ambiental do
Maranhão, Museu Paraense Emílio Goeldi, Universidade Estadual do Maranhão,
Universidade Federal do Maranhão, Universidade Federal do Pará, FUNAI, IBAMA,
INCRA e o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia.

Figura 29. Reserva Biológica do Gurupi


Fonte: CODEVASF, 2017.

c) Parque Estadual do Mirador


O Parque Estadual do Mirador, criado em 1.980 por meio do Decreto nº
7.641, teve sua área delimitada por meio da Lei Estadual nº 8.958/2009 e estabele-
ceu em seu Artigo 1º uma área de 766.781 ha e vinculou o Parque à Secretaria de

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Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão. O Parque encontra-se quase


que totalmente inserido na bacia do rio Itapecuru, sendo que apenas 67 ha estão
localizados na área de abrangência da bacia do rio Mearim.
O Parque está localizado no município de Mirador foi criado para assegurar
a conservação das nascentes dos rios Itapecuru e Alpercatas, e de seus afluentes
no perímetro dessa unidade de conservação.

3.9.1 Áreas prioritárias para conservação


As Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade são um instru-
mento de política pública que visa apoiar a tomada de decisão, de forma objetiva
e participativa, cujos resultados vêm sendo utilizados no planejamento e na im-
plementação de ações como criação de unidades de conservação, licenciamento,
fiscalização e fomento ao uso sustentável. Assim, o conhecimento das áreas e das
ações prioritárias para a conservação da biodiversidade brasileira é uma ferra-
menta fundamental para a gestão ambiental (BRASIL, [201-]).
Desta forma, torna-se um instrumento essencial para nortear as ações de
conservação ambiental no estado do Maranhão. A Figura 30 apresenta a localiza-
ção das áreas prioritárias em nível de importância inseridas na bacia hidrográfica
do rio Mearim.
As áreas de importância para a conservação são classificadas em Alta, Muito
Alta e Extremamente Altas. Para a localização das áreas prioritárias foram obtidos
os arquivos vetoriais do Ministério do Meio Ambiente, e sobrepostos sobre a bacia
do rio Mearim.
Pelo mapeamento realizado, foram classificadas estas áreas de acordo com
o bioma encontrado, sendo identificadas para o bioma Amazônia, cinco áreas de
importância alta, quatro áreas de importância muito alta e 14 áreas de importân-
cia extremamente alta. Para o bioma cerrado, foi identificada uma área classificada
como muito alta e outra considerada com prioridade extremamente alta para a
conservação da biodiversidade.
No cômputo das áreas prioritárias, foram considerados apenas os polígo-
nos presentes no interior da bacia do rio Mearim.
Para cada área de importância para a conservação, conforme mostrado no
Quadro 2, são definidas as ações prioritárias para cada área em particular, estabe-
lecendo medidas de práticas conservacionistas e critérios para o reestabelecimen-
to e manutenção destas áreas. Nota-se, em comum, muitas áreas com o objetivo
de realizar a recuperação, manejo, proteção de áreas e criação de unidade de
conservação e corredores ecológicos.
Na Figura 30, observa-se pouca representatividade das áreas prioritárias
para conservação na região que abrange as principais nascentes da bacia do rio
Mearim, o que fortalece a necessidade de estudos para inclusão desses alvos
como relevantes para conservação.

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Figura 30. Áreas prioritárias para conservação na bacia do rio Mearim


Fonte: Elaborada com dados da ANA, 2017; BRASIL, 2016; FUNAI, 2017; IBGE, 2016.

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Bioma Prioridade Área (ha) Ações


UC, Manejo de bacia, Área Protegida,
Extremamente Alta 3.709.537,77
Recuperação.

Amazônia Muito Alta 671.790,60


Área Protegida, recuperação, Mosai-
co/Corredor.
Alta 321.400,83 Recuperação, Área Protegida.

Cerrado Extremamente Alta 169.450,78 UC.


Muito Alta 17.301,52 Ordenamento, CAR.
Alta - -

Quadro 2. Áreas prioritárias e ações recomendadas, por bioma, para conserva-


ção da biodiversidade na bacia do rio Mearim
Fonte: BRASIL, (201-).

3.10 Características socioeconômicas
A população total da bacia hidrográfica do rio Mearim em 2017, segun-
do dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), corresponde a
2.257.268 habitantes, o que representa 32,24% da população maranhense. Com-
preende 84 municípios, sendo que 50 estão totalmente inseridos no vale, e os
demais se situam parcialmente na bacia.
As principais concentrações populacionais urbanas da bacia do rio Mearim
ocorrem nas cidades de Açailândia, Bacabal, Barra do Corda, Grajaú e Santa Inês.
As maiores concentrações de pessoas vivendo na região rural da bacia encon-
tram-se nos municípios de Santa Luzia, Buriticupu, Barra do Corda e Grajaú.
Há uma concentração maior de comunidades rurais na região entre o Mé-
dio e o Baixo Mearim, destacando-se ainda a presença de terras indígenas na
região do Alto Mearim. Outra característica é a distribuição populacional na bacia
ao longo e próximo às margens dos rios.
Em áreas rurais da bacia do rio Mearim, há predominância de residências e
outras construções feitas de taipa e com coberturas de palha de palmeiras (Figura
31 A e B).

Figura 31 A e B. Habitação e escola típicas do meio rural do Maranhão


Fonte: CODEVASF, 2017.

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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

O setor primário constitui-se na base da economia na bacia do rio Mearim,


destacando-se as atividades agropecuárias e de extrativismo vegetal. A maior par-
te do espaço rural do estado do Maranhão está ocupada com atividades agrope-
cuárias.
Grande parte da bacia encontra-se inserida na nova fronteira agrícola do
Brasil denominada MATOPIBA – região entre os estados de Maranhão, Tocantins,
Piauí e Bahia, instituída pelo Decreto nº 8.447/2015, denominado “Plano de Desen-
volvimento Agropecuário do Matopiba” - relevante região de abastecimento de ali-
mentos para consumo humano, principalmente da capital São Luís, e com grande
potencial de crescimento visando principalmente o mercado externo (Figura 32).

Figura 32. Área de abrangência do Matopiba


Fonte: Elaborada com dados da ANA, 2017; da CODEVASF, 2012; do IBGE, 2016.

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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

No restante da bacia, predominam pequenas lavouras de subsistência, prin-


cipalmente nas áreas mais férteis e úmidas, a exemplo de veredas e várzeas, onde
matérias orgânicas são depositadas durante as cheias.
Já na agropecuária prevalece a criação de bovinos de corte em caráter ex-
tensivo, com a implantação de pastagens em extensas áreas (Figura 33 A e B).

Figura 33 A e B. Pecuária de corte e produção de grãos na região do Matopiba


Fonte: CODEVASF, 2017.

Dentre as atividades desenvolvidas pelas comunidades tradicionais do Me-


arim, cabe destaque para a pesca artesanal e para o agroextrativismo, como al-
ternativa de renda principalmente para os que se enquadram como agricultores
familiares. Como produto do extrativismo, destaca-se a exploração da palmeira
babaçu, que ocupa grandes áreas como vegetação primária e secundária e de-
sempenha papel importante na composição da renda familiar com a extração de
amêndoas e azeite, a coleta de frutas nativas e pimentas e a produção de mel e
artesanatos (Figura 34 A a F).
O carvão de coco de babaçu, produzido artesanalmente por extrativistas na
área rural do estado, mostra-se uma alternativa econômica para a região e redu-
zindo a pressão sobre as florestas nativas, que são utilizadas para a produção de
carvão ou lenha.
Outra oportunidade de desenvolvimento regional em maior escala, é o
aproveitamento do azeite de coco de babaçu na culinária, como também pela
indústria, principalmente de cosmético e produtos de limpeza.
O deslocamento pelo rio é cotidiano na vida dos povos indígenas, das co-
munidades tradicionais, dos pescadores e ribeirinhos, e da população em geral
no estado. As embarcações, além de muito utilizadas na atividade pesqueira, são
essenciais para a vida do ribeirinho, uma vez que auxiliam na locomoção, no lazer
e no trabalho (Figura 35 A e B) .
Na bacia do rio Mearim, a pesca é uma atividade de ampla ocorrência e
importância na composição da economia e da alimentação da população, porém,
está substancialmente ameaçada pelo assoreamento dos rios e pela sobrepesca.
Parte importante da pesca artesanal, de água doce e marinha, é comercia-
lizada no Mercado de Peixe de Portinho, em São Luís. Segundo a Associação dos
Distribuidores de Pescado e Marisco de São Luís (ADPEMASL), cerca de 80% do
pescado comercializado nesse mercado são oriundos do estado, com destaque
para a região do Baixo Mearim e Itapecuru, e o restante é proveniente de outros
estados.

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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Ainda de acordo com a ADPEMASL, são comercializadas em Portinho em


média 12 toneladas de pescado por dia, oriundas tanto da pesca artesanal quanto
da aquicultura, e acrescenta que desse total, em torno 70% dos peixes são cap-
turados no Lago Açu, um dos maiores lagos naturais do Maranhão, localizado no
município de Lago Açu, região do Baixo Mearim, e que recebe influência do rio
Grajaú (Figura 35 C).
O Maranhão possui um total de 11 minas de gipsita, ocupando o segundo
lugar no ranking brasileiro em número de minas, perdendo apenas para Pernam-
buco, que possui 55 unidades. No estado a gipsita encontra-se abundantemente
distribuída na região de Grajaú, onde está localizado o Pólo Gesseiro, e em Codó.
É usada, principalmente, na fabricação de: cimento, ácido sulfúrico, giz, vidros, es-
maltes, molde para fundição, desidratante, aglutinante, corretivo de solo, placas,
tijolos e gesso utilizados na construção civil, além de outras aplicações, como na
metalurgia (DNPM, 2015, apud MARANHÃO, 2017).2
A gipsita é usada principalmente na fabricação de cimento, ácido sulfúrico,
giz, vidros, esmaltes, molde para fundição, desidratante, aglutinante, corretivo de
solo (cálcio e enxofre), placas, tijolos e rejunte de gesso utilizado na construção
civil, além de outras aplicações, como na metalurgia.
No município de Grajaú, onde está localizado o polo gesseiro do estado, são
extraídas anualmente em média 583 mil toneladas de gipsita (Figura 35 E), empre-
gando 6.800 pessoas direta e indiretamente, gerando um faturamento anual de
R$ 51,5 milhões (MARANHÃO, 2016).
Na porção centro-sul da bacia, existe reflorestamento de eucalipto para
produção de carvão destinado principalmente ao polo gesseiro (Figura 35 F).
Além disso, na região, ainda se destaca a estrada de ferro Carajás, que é
essencial no escoamento de minério do interior do estado do Pará em direção ao
litoral maranhense com destino ao Porto de Itaqui (Figura 35 D).
Atrações turísticas de grande destaque, conforme o Plano Diretor do Mea-
rim (Figura 36 A a D), a bacia hidrográfica engloba dois polos turísticos importantes
do Maranhão: o dos “Lagos e Campos Floridos”; e o “Serras, Guajajara, Timbira e
Kanela”.
O polo Lagos e Campos Floridos consiste em uma região pantaneira, co-
nhecida como Baixada Maranhense, a qual é formada por vastos campos naturais,
cerrados, cocais, lagos, rios, mangues e estuário. A região se destaca principal-
mente pela ocorrência da “pororoca” no estuário do rio Mearim; e pelo do Lago
Açu, considerado o maior lago em extensão do Maranhão e o de maior produção
pesqueira.
O polo Serras, Guajajara, Timbira e Kanela abrange uma região formada por mor-
ros e serras no centro-sul do estado. O destaque neste polo é a presença de povos
indígenas, principalmente das etnias Guajajara, Timbira, Krikati, Gavião e Kanela.
Em cada cidade da bacia, há características peculiares, a exemplo do encontro
dos rios Corda e Mearim e do “Morro do Calvário”, ambos localizados no município de
Barra do Corda.

2 BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Sumário mineral 2015. Brasília, 2015. v. 35.

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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 34 A a F: Coco e castanha de babaçu, produção de carvão de babaçu,


comercialização de mel, azeite, pimenta e artesanato
Fonte: CODEVASF, 2017.

Figura 35 A e B: Embarcações de pesca e transporte


Fonte: Codevasf, 2017.

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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 35 C a F: Mercado de peixe de Portinho; estrada de ferro Carajás; polo


gesseiro de Grajaú; transporte e plantio de eucalipto
Fonte: Codevasf, 2017.

Figura 36 A a D: Pororoca, Lago Açu, encontro dos rios Corda e Mearim, Igreja
no morro do Calvário em Barra do Corda
Fonte: CODEVASF, 2017.

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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

3.11 Povos e comunidades tradicionais


Populações diretamente relacionadas com o uso sustentável da terra e da
água nos territórios onde vivem, os povos e comunidades tradicionais têm desta-
que no uso e ocupação do território maranhense.
No Maranhão existe uma grande representação de comunidades quilom-
bolas que mantém seus costumes e tradições culturais preservadas.
No que consiste à política afro-brasileira no Brasil, o Governo Federal insti-
tuiu a Fundação Cultural Palmares (FCP), vinculada ao Ministério da Cultura (Minc),
que tem como compromisso, dentre outros, o combate ao racismo, a promoção
da igualdade, a valorização, a difusão e preservação da cultura negra. O Instituto
Nacional de Reforma Agrária (INCRA) é a autarquia competente pela titulação dos
territórios quilombolas. Na esfera estadual tal ação é realizada pelo Instituto de
Colonização e Terras do Maranhão (ITERMA).
No Brasil já foram identificadas cerca de 3 mil comunidades quilombolas.
Dessas, 2.465 comunidades foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares
(FCP), totalizando cerca de 2,2 milhões de pessoas.
A emissão de Certidão de Auto definição (CA) de Comunidade Remanescen-
te de Quilombo (CRQ) atesta que a área e a população que a ocupa têm relação
com os antigos quilombos. A comunidade passa, então, a ter direitos e amparos
legais, estabelecidos pelos artigos nºs 215 e 216 da Constituição Federal, que pre-
veem a defesa e a valorização do patrimônio cultural brasileiro e a obrigação do
poder público em promovê-los e protegê-los.
No estado do Maranhão são 686 comunidades reconhecidas, com 504 Cer-
tidões Emitidas. O Quadro 3 mostra as comunidades que possuem as Certidões
Expedidas às Comunidades Remanescentes de Quilombos (CRQs), até a Portaria
nº 146/2017, localizadas na bacia hidrográfica do Mearim.
Quanto aos Povos Indígenas no estado do Maranhão, a ocupação ocorre,
de forma predominante, na bacia do rio Mearim. A importância da preservação
desse patrimônio assegura a potencialização de sua capacidade autônoma, seu
desenvolvimento econômico, etnodesenvolvimento e a garantia de seus direitos
territoriais.
Em âmbito nacional a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) desenvolve ações
de gestão ambiental, que são norteadas pela Política Nacional de Gestão Territo-
rial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), instituída pelo Decreto nº 7.747,
de 05 de junho de 2012, que tem por objetivo garantir e promover a proteção,
recuperação, conservação e o uso sustentável dos recursos naturais das terras e
territórios indígenas, assegurando a integridade do patrimônio indígena, a melho-
ria da qualidade de vida e as condições plenas de reprodução física e cultural dos
povos indígenas, respeitando sua autonomia sociocultural.

82
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Município Comunidade Remanescente de Quilombola

Anajatuba São Pedro.


Piratininga, Catucá, Guaraciaba, Campo Redondo, São Sebastião
Bacabal dos Pretos.
Brejo Alto Bonito.

Buriti Santa Cruz.

Cajapió Pedreiras, Picadas, Posto Seleção.

Cajari Camaputiua, Bolonha, Santa Maria, São José do Belino, Boa Vista.

Grajaú Santo Antônio dos Pretos.

Igarapé do Meio Jutaí.


Santo Antônio dos Sardinhas, Bom Jesus dos Pretos, Morada Nova,
Lima Campos Nova Luz, Nova Olinda, Queto, São Domingos, São Francisco.
São Francisco, Tanque de Valença, Bom Jesus, Mó São Caetano,
Curral de Varas, Cutia I, Cutia II, Faixa, Graça, Itapera, Os Paulos, Pa-
Matinha lestina, Santa Izabel, São Felipe, São José do Bruno, Preguiça Velha,
Jacuica, Preguiça Nova, Enseada Grande, Santa Maria, Alto da Pedra.
Monção Mata Boi, Outeiro, Castelo.

Pedreiras Lagoa da Onça.


Santo Inácio, Boa Fé, Bornéu, Rio dos Peixes, São João dos Campos,
Pedro do Rosário Pedreiras, Imbiral Cabeça Branca.
Caminho Novo e Formiga, Gapó, Alto Bonito, Santa Rita, Santo Antô-
nio, São Joaquim, São Joaquim e São Joaquinzinho, Cedreiro, Cedrei-
Penalva ro e Simauma, Ponta do Curral, São José, São Miguel do Povoado
Querés.
Santa Inês Povoado Onça, Cuba, Marfim.
Chapada Grande, Boa Fé, Bom Jesus, Palmeral, Ilha dos Poços, Ca-
São João Batista rão, Beirada, Quiriri, Capim-Açu II, Quiá, Nova Brasília, Olho d’Água
dos Bodes.
Monte Alegre, Povoado do Santarém, Santa Cruz, São Pedro, Pro-
missão Velha, Santo Antônio da Costa, Boa Vista dos Freitas, São
São Luiz Gonzaga do Mara- Domingos, Potozinho, Coheb, Pedrinhas, Santana, Morada Nova
nhão Deusdeth, Fazenda Velhoa/Monte Cristo, Potó Velho, Mata Burro/
Santo Antônio dos Vieiras, Centro do Cruz/Bela Vista, Fazenda ,
Conceição, Santa Rosa, Olho d’Água dos Grilos.
Charco, Santa Rosa, Canta Galo I, Chega Tudo, Oratório, São Fran-
cisco de Onório, São Francisco de Onório, Ilha São José, Madureira,
Palmeiralzinho, Cantanhêde, Limão, Outeiro de Maria Justina, Polei-
São Vicente Ferrer ro, Povoado de Pachorra, Santa Bárbara, São Francisco dos Arou-
chas, São Marcos, São Pedro, Soares, Tabocal, Ilha d’Água, Buenos
Aires, São Joaquim.
Satubinha Sapucaia do Albino.
Melhora, Ponte de Tábua, Santa Rosa I, Carro Quebrado, Canarana,
Viana Cacoal, Capoeira, Ipiranga, Mucambo, São Manoel, Ferreira, Con-
tenda, Cajueiro, Carangueijo, Santa Helena II.

Quadro 3. Comunidades quilombolas na bacia do rio Mearim


Fonte: Fundação Cultural Palmares, 2017.

83
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

As principais ações desenvolvidas pela FUNAI em gestão territorial e am-


biental são: a elaboração e a implementação de Planos de Gestão Territorial e
Ambiental de Terras Indígenas (PGTAs), que são instrumentos de diálogo intercul-
tural e de planejamento para a gestão das terras indígenas; a promoção e apoio
ao controle social e participação indígena nas políticas públicas socioambientais; a
articulação com órgãos ambientais federais, estaduais e municipais para apoiar a
gestão das terras indígenas em interface com outras áreas protegidas; a formação
e capacitação de gestores indígenas e não indígenas; o apoio à implementação
dos diferentes mecanismos de pagamento por serviços ambientais; e o apoio a
projetos de conservação e recuperação ambiental nas terras indígenas voltados à
gestão de resíduos sólidos, recuperação de áreas degradadas, manejo ambiental,
dentre outros.
A população indígena do Maranhão ocupa predominantemente a bacia hi-
drográfica do rio Mearim (Figura 38 A a D). Nessa perspectiva, as terras indígenas
possuem função estratégica na conservação ambiental dessa bacia, e a FUNAI, na
qualidade de coordenador da política indigenista, é uma instituição parceira im-
portante na execução do PLANO NASCENTE MEARIM ao criar condições favoráveis
à sobrevivência dos povos indígenas em suas respectivas reservas.
A população indígena do estado do Maranhão, segundo o Censo Demográ-
fico do IBGE em 2010, era de 38.831 indígenas, sendo 29.621 (76,3%) localizados
e domiciliados em terras indígenas, e 9.210 (23,7%) localizados/domiciliados fora
dessas terras. Dados da FUNAI mostram que a presença indígena no Maranhão
está estimada em 42.827 habitantes, como mostra o Quadro 4, e ocupa área total
de 2.477.379,98 hectares.
Conforme o Quadro 4, a área indígena mais populosa é a Arariboia com
população de 7.329 habitantes em uma área de 413.288 hectares. Essa terra indí-
gena abrange os municípios de Amarante do Maranhão, Buriticupu, Arame, Bom
Jesus das Selvas, Grajaú e Santa Luzia. A reserva Canabrava Guajajara é a segunda
maior área com 137.329 hectares, onde vivem 7.158 habitantes, abrangendo os
municípios de Barra do Corda e Grajaú.
Em sua maioria, os povos indígenas do Maranhão vivem basicamente do
extrativismo e da caça, além do artesanato e de culturas de subsistência com o
plantio de milho, feijão, mandioca e da produção de farinha.

84
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Terras Indígenas Área Total População


Etnia Municípios
(TI) (ha) Indígena

Centro do Guilherme, Zé
Doca, Araguanã, Mara-
Alto Turiaçu Ka´apor 530.525 1.929 nhãozinho, Santa Luzia
do Paruá, Centro Novo do
Maranhão.
Amarante, Buriticupu,
Arame, Amarante do
Arariboia Guajá 413.288 7.329
Maranhão, Bom Jesus das
Selvas, Grajaú, Santa Luzia.
São João do Caru, Governa-
dor Newton Bello, Centro
Awá Guajá 116.583 891
Novo do Maranhão, Zé
Doca.
Bacurizinho Guajá 82.432 2.973 Grajaú.
Canabrava Gua- Grajaú, Barra da Corda,
Tenetehara 137.329 7.158
jajara Jenipapo dos Vieiras.
Caru Tenetehara 172.667 379 Bom Jardim.
Geralda Toco Preto Timbira 137.329 163 Arame, Itaipava do Grajaú.
Tenetehara,Gavião
Governador 41.644 1.058 Amarante do Maranhão.
Pukobiê
Barra do Corda, Fernando
Kanela Kanela 125.212 1.865
Falcão.
Amarante do Maranhão,
Krikati Krikati 144.756 1.700 Lajeado Novo, Montes
Altos, Sítio Novo.
Itaipava do Grajaú, Jenipa-
Lagoa Comprida Tenetehara 13.198 808
po dos Veados.
Morro Branco Tenetehara 48,98 587 Grajaú.
Barra do Corda, Fernando
Porquinhos Kanela 79.520 2.600
Falcão.
Rio Pindaré Tenetehara 15.003 775 Bom Jardim, Monção.
Rodeador Tenetehara 2.319 638 Barra do Corda.
Urucu/Juruá Tenetehara 12.697 845 Itaipava e Grajaú.
Kanela Memor- Barra do Corda, Fernando
Kanela 100.221 5.223
tumré Falcão.
Porquinhos dos Kanela 301.000 5.906 Barra do Corda, Fernando
Canela Apãnjekra Falcão, Mirador, Formosa
da Serra Negra.
Total _ 2.425.772 42.827 _

Quadro 4. Terras indígenas no estado do Maranhão


Fonte: Funai, 2017.

*A população DECLARADA da terra indígena Bacurizinho é 134.040 habitantes, sendo que deste
total apenas 82.432 encontra-se em situação REGULARIZADA.

85
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 37 A a D. Povos e comunidades tradicionais quilombolas


Fonte: CODEVASF, 2017.

Figura 38 A a D. Povos e comunidades tradicionais indígenas


Fonte: CODEVASF, 2017.

86
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

No entanto, apesar da importante contribuição da bacia do rio Mearim na eco-


nomia do estado do Maranhão, no processo de crescente integração da região com o
mercado nacional e internacional, existem duas significativas ameaças ambientais:
1) A expansão da agropecuária nas áreas de preservação permanentes:
nascentes, margens de rios e lagos, encostas e topo de morros.
Observa-se em grande parte da bacia a ocupação irregular; o avanço do
desmatamento em importantes áreas de recarga de aquíferos, inclusive pelas áre-
as de nascentes e matas ciliares e o uso e manejo inadequado dos solos, princi-
palmente em função das práticas agropecuárias inadequadas, que acarretam pro-
cessos erosivos, salinização e, em alguns casos, formação de áreas desertificadas.
Estudos realizados a partir do Programa de Ação Estadual de Combate à De-
sertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca no Estado do Maranhão, no ano de 2012,
constatam que há 63 municípios integrantes das Áreas Susceptíveis à Desertificação
– ASD, no Estado.
O processo de desmatamento para formação de lavouras e pastagens, caso
não se adotem os cuidados necessários e haja alguma discordância com a legislação,
acarreta diversos problemas como profunda alteração da paisagem natural, expres-
siva perda de biodiversidade, emissões de gases de efeito estufa, e contribui para um
menor tempo de permanência das águas precipitadas no solo, acelerando escoamen-
to superficial e os processos erosivos com o consequente assoreamento de nascen-
tes, rios e igarapés (Figura 39 A e B; Figura 40 A e B).

Figura 39 A e B. Rio Grajaú entre os municípios de Satubinha e Bela Vista do


Maranhão, respectivamente, em julho e setembro de 2017
Fonte: CODEVASF, 2017.

Figura 40 A e B. Desbarrancamento das margens do rio Mearim e queimada em


área de recarga hídrica
Fonte: CODEVASF, 2017.

87
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

2) Contaminação das águas superficiais e subterrâneas


A água subterrânea é a principal fonte de abastecimento da população do
estado do Maranhão, em especial nas regiões do interior, de clima semiárido, em
que muitos rios são intermitentes (BRASIL, 2006).
Segundo Leite (2011 apud MARANHÃO, 2011, p. 193), 97,2% das águas do
Estado são subterrâneas e somente 2,8% são águas superficiais; 74% das sedes
municipais são abastecidas exclusivamente por mananciais subterrâneos (poços),
enquanto que 21% dos municípios são abastecidos com águas superficiais; os 5%
restantes são abastecidos por sistemas híbridos, mananciais superficiais e subter-
râneos.
Dentre todas as regiões hidrográficas do Brasil, a região Atlântico Nordeste
Ocidental apresenta um dos menores índices de coleta de esgoto. Apenas 28%
do esgoto é coletado, sendo que, de todo esgoto gerado, aproximadamente 8% é
tratado antes de ser lançado nos corpos d'água (BRASIL, 2012 apud ANA, 20154).
Na bacia do rio Mearim, a qualidade das águas superficiais encontra-se
constantemente ameaçada por atividades antrópicas, que degradam o meio am-
biente, tais como: falta de saneamento básico; lançamento de esgotos domésticos
e efluentes industriais não tratados diretamente nos corpos d’água; uso intensivo
de insumos agrícolas próximos às margens dos rios (Figura 41 A a D).
Essa condição mostra a necessidade de implantar, ampliar e melhorar os
sistemas de tratamento de esgotos domésticos e industriais da região de São Luís
e em algumas cidades e núcleos ribeirinhos. Nessas áreas, a contaminação das
águas tem restringido outros usos, principalmente o abastecimento humano, a
pesca, o lazer e o turismo.
A degradação ambiental coloca em risco a sobrevivência e a garantia da
dignidade para que as pessoas permaneçam no meio rural, elevando os riscos de
desabastecimento de água e alimentos, especialmente nos meios urbanos.
Com esta visão, o PLANO NASCENTE MEARIM propõe a mobilização e sensi-
bilização dos múltiplos atores – produtores rurais, sociedade civil, instituições pú-
blicas e privadas, que participam do processo de uso e conservação de água, solo
e recursos florestais – a concentrarem esforços visando à preservação e recupe-
ração de nascentes na bacia hidrográfica do rio Mearim, como forma de garantir a
preservação ambiental e desenvolvimento socioeconômico sustentável da região.

3 LEITE, A. C. A oferta de água no Maranhão. Revista Água do Brasil, v.1, n.3, 2011.
4 BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Sistema Nacional de Infor-
mações sobre Saneamento: diagnóstico dos serviços de água e esgotos – 2012. Brasília: SNSA/MCid, 2014. 164 p.

88
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 41 A a D. Lançamentos de esgoto nos rios Mearim, Corda e Pindaré


Fonte: CODEVASF, 2017.

3.12 Gestão dos recursos hídricos na bacia do rio


Mearim
A Lei Federal nº 9.433/1997 - Lei das Águas - instituiu a Política Nacional
de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (SINGREH). O SINGREH tem como objetivo coordenar a gestão integrada
das águas e é composto pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH);
pela Agência Nacional de Águas (ANA); pelos Conselhos de Recursos Hídricos dos
Estados e do Distrito Federal (CONERH); pelas Secretarias Estaduais de Recursos
Hídricos (SEMA); pelos Comitês de Bacia Hidrográfica (CBHs); pelos órgãos dos
poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais, cujas com-
petências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; e pelas Agências de
Água.
Instituiu também, como instrumento para a gestão dos recursos hídricos de
uma bacia hidrográfica, os Planos de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas.
O Plano de Recursos Hídricos constitui um documento programático que define a
agenda de recursos hídricos de uma região, identificando ações de gestão, planos,
programas, projetos, obras e investimentos prioritários dentro da perspectiva de
construção de uma visão integrada dos usos múltiplos da água com o envolvimen-
to de órgãos governamentais, da sociedade civil, dos usuários e das diferentes
instituições que participam do gerenciamento dos recursos hídricos. Tem como
objetivo estabelecer políticas de conservação, preservação e uso sustentável dos
recursos naturais e pode ser constituído para bacias federais, estaduais, sub-ba-
cias, microbacias etc.

89
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Essa mesma Lei atribuiu ao CBH a competência para elaboração do Plano


de Recursos Hídricos da bacia. Caso a bacia não tenha ainda Comitê constituído,
cabe, para as bacias estaduais, à Secretaria de Recursos Hídricos ou ao Conselho
Estadual de Recursos Hídricos a sua elaboração.
O CBH é um órgão colegiado composto por representantes da sociedade
civil, do poder público e usuários de água, com a função de promover de forma
participativa a discussão e aprovação da Política Estadual Recursos Hídricos e ela-
borar e implementar o Plano de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas.
Suas principais atribuições são: promover o debate das questões relaciona-
das a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; propor
planos, programas e projetos para utilização dos recursos hídricos da respectiva
bacia hidrográfica e aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia; acompanhar a
execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências neces-
sárias ao cumprimento de suas metas; e decidir conflitos entre usuários atuando
como primeira instância de decisão.
O Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Mearim (CBH-Rio Mearim) foi institu-
ído pela Lei Estadual nº 9.957, de 21 de novembro de 2013.
A Lei Estadual nº 8.149/2004, que trata da Política Estadual de Recursos
Hídricos no Estado do Maranhão, instituiu o Sistema Estadual de Gerenciamento
Integrado dos Recursos Hídricos, composto pela SEMA/MA; pelo Conselho Esta-
dual de Recursos Hídricos do Maranhão (CONSEMA/MA); pelos Comitês de Bacias
Hidrográficas; e pelas Agências de Água.
O objetivo principal desse Sistema Estadual é a gestão integrada das águas
e implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos. A Lei instituiu também,
como instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos, o Plano Estadual de
Recursos Hídricos (PERH) e os Planos Diretores de Bacia Hidrográfica (PDRH). Am-
bos objetivam fundamentar e orientar a implementação da Política Estadual de
Recursos Hídricos e o gerenciamento destes recursos.
É atribuição do Estado a elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídri-
cos, em consonância com a Política Nacional e Estadual de Recursos Hídricos, de-
vendo, porém, ser previamente aprovado pelo CONSEMA/MA.
O Decreto Estadual n° 27.845/2011, em seu artigo 5°, para efeito do esta-
belecimento na Política Estadual de Recursos Hídricos, expõe que o estado do
Maranhão está dividido em:
I- três Bacias Hidrográficas Federais:
a) Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba;
b) Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins;
c) Bacia Hidrográfica do Rio Gurupi.

II- sete Bacias Hidrográficas Estaduais:


a) Bacia Hidrográfica do Rio Preguiças;
b) Bacia Hidrográfica do Rio Periá;
c) Bacia Hidrográfica do Rio Munim;
d) Bacia Hidrográfica do Rio Itapecuru;
e) Bacia Hidrográfica do Rio Mearim;
f) Bacia Hidrográfica do Rio Turiaçu;
g) Bacia Hidrográfica do Rio Maracaçumé.

90
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

III- dois Sistemas Hidrográficos Estaduais:


a) Sistema Hidrográfico do Litoral Ocidental;
b) Sistema Hidrográfico das Ilhas Maranhenses.

Dessa forma, a gestão das águas das bacias hidrográficas do estado do Ma-
ranhão é promovida por entidades da esfera federal e estadual que compõem o
Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos: ANA; CNRH; SEMA/MA;
CONSEMA/MA; CBHs; os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais e munici-
pais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos, e pelas
Agências de Água.
O CNRH e a ANA participam, juntamente com CONERH, SEMA, e CBHs, das
questões de gestão de bacias hidrográficas federais – bacias que abrangem mais
de um estado, por exemplo, a bacia hidrográfica do Parnaíba que abrange áreas
dos estados do Maranhão e do Piauí.
O CONERH, a SEMA/MA e os CBHs participam das questões de gestão de
bacias hidrográficas estaduais – bacias inseridas na área do estado, por exemplo,
a bacia do rio Mearim. À estrutura orgânica da SEMA/MA vinculam-se as Superin-
tendências de: i) Gestão Florestal; ii) Fiscalização e Defesa dos Recursos Naturais;
iii) Recursos Naturais; iv) Monitoramento; v) Desenvolvimento; e vi) Educação Am-
biental. A Superintendência de Recursos Naturais, responsável pela emissão de
outorga em formato de autorização de uso dos recursos naturais no âmbito do
estado, constitui-se do Departamento de Planejamento e Estudos Hidrológicos, e
do Departamento de Gestão de Bacias Hidrográficas.
No estado do Maranhão, a implementação do PERH e do PRH-Bacias Hi-
drográficas é importante e estratégico instrumento para gestão dos sistemas de
recursos hídricos e gradualmente vem ganhando relevância. Esses Planos carac-
terizam e avaliam as bacias estaduais; examinam os investimentos previstos nas
esferas federal, estadual e municipal; adaptam iniciativas estaduais a programas
federais; reconhecem conflitos entre usuários e propõem encaminhamentos para
superá-los; realinham prioridades, criando uma escala estadual que leve em conta
as proposições dos planos das bacias e as hierarquizações ali contidas; consoli-
dam fontes de recursos e integram as várias ações em um programa estadual de
investimentos em recursos hídricos.
A bacia hidrográfica do Mearim não possui, até a presente data, Plano de
Recursos Hídricos elaborado, mas encontra-se em andamento articulação en-
tre CBH-Rio Mearim, Codevasf, SEMA/MA e Universidade Estadual do Maranhão
(UEMA) para contratação de empresa para sua elaboração.
O PERH harmoniza-se com os demais PRH-Bacias Hidrográficas, quando es-
ses existem, e supre momentaneamente a ausência dos que ainda faltam, mas
não os substitui. Ele deve ser uma leitura, pela ótica do estado, das oportunidades
e dos problemas existentes no setor de recursos hídricos, podendo desse modo,
identificar as carências dos setores afins, que possuam rebatimento sobre a dis-
ponibilidade hídrica (tanto pelo viés quantitativo quanto qualitativo) e propor com-
pensações e estímulos para redução das desigualdades em termos de recursos
hídricos entre as suas regiões.
A Lei Federal nº 12.196/2010 ampliou a área de atuação da Codevasf para
as bacias hidrográficas dos rios Itapecuru e Mearim, no estado do Maranhão, e
menciona em seu Art. 4º “que a Codevasf tem por finalidade o aproveitamento,
para fins agrícolas, agropecuários e agroindustriais, dos recursos de água e solo
dos vales dos rios São Francisco, Parnaíba, Itapecuru e Mearim, diretamente ou

91
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

por intermédio de entidades públicas e privadas, promovendo o desenvolvimen-


to integrado de áreas prioritárias e a implantação de distritos agroindustriais e
agropecuários, podendo, para esse efeito, coordenar ou executar, diretamente ou
mediante contratação, obras de infraestrutura, particularmente de captação de
água para fins de irrigação, de construção de canais primários ou secundários, e
também obras de saneamento básico, eletrificação e transportes, conforme Plano
Diretor em articulação com os órgãos federais competentes”.
Sendo assim, a Codevasf, mesmo que indiretamente, atua na gestão dos
recursos hídricos das bacias de sua área de atuação, representando mais uma
instituição na ação do desenvolvimento sustentável das bacias hidrográficas do
Maranhão.
Por fim, o PERH, o PRH-Rio Mearim e o PLANO NASCENTE MEARIM devem
desenhar um arranjo institucional e um mapa da sua implementação capaz de
atender às necessidades da gestão conjunta dos recursos hídricos, associado a
um conjunto de diretrizes operacionais para a sua condução. Nesse sentido, esfor-
ços e trabalhos conjuntos devem ser empenhados para sua efetivação.
O PLANO NASCENTE MEARIM é uma proposta da Codevasf em harmonia
com as legislações federal e estadual norteadoras para a elaboração de planos hi-
droambientais, de vital importância para a gestão dos recursos naturais da bacia,
sobretudo, na preservação e conservação dos recursos hídricos e seu atendimen-
to nos usos múltiplos com quantidade e qualidade, incluindo aí as nascentes da
bacia. Representa um importante catalizador das ações a serem implementadas
no âmbito local, tendo como foco as propriedades rurais e as microbacias em que
elas estão inseridas.

92
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Índia Guajajara (5)

93
Savana Grajaú (6)
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

4 ASPECTOS LEGAIS

A partir de 1950 os países começaram a editar normas jurídicas mais rígidas


destinadas à proteção do meio ambiente. Seguindo esse princípio foram criados
ao longo da história do Brasil, diversos dispositivos legais que buscam disciplinar
o uso dos recursos naturais objetivando a sustentabilidade da exploração desses
recursos.
Para se ter uma melhor compreensão a respeito da dimensão jurídica que
trata da preservação e recuperação de nascentes da bacia do rio Mearim é im-
prescindível uma revisão, ainda que breve, da evolução da legislação ambiental
no âmbito da União, do estado do Maranhão e dos municípios que contemplam a
bacia do rio Mearim.
Dos instrumentos no Brasil que delineiam as questões de uso e preserva-
ção do meio ambiente, e que apresentam relação direta com a proposta apresen-
tada no PLANO NASCENTE MEARIM, merecem destaque:

a) Lei nº 1.806/1953:
Dispõe sobre o “Plano de Valorização Econômica da Amazônia”; cria a su-
perintendência da sua execução e dá outras providências; menciona em seu Art.
2o que “a Amazônia brasileira, para efeito de planejamento econômico e execução do
plano definido nesta lei, abrange a região compreendida pelos estados do Pará e do
Amazonas, pelos territórios federais do Acre, Amapá, Guaporé e Rio Branco, e ainda, a
parte do estado de Mato Grosso a norte do paralelo 16º, a do estado de Goiás a norte
do paralelo 13º e do Maranhão a oeste do meridiano de 44º”.
A Amazônia brasileira passa a ser chamada de “Amazônia Legal”. Pela Lei
nº 5.173/1966, a Lei Complementar nº 31/1977, e a Constituição Federal de 1988,
novas áreas foram incorporadas à Amazônia Legal, que atualmente engloba os
estados de Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, To-
cantins, e parte de Goiás e do Maranhão. O Código Florestal Brasileiro apresenta
um diferencial na preservação ambiental da Amazônia Legal ao ampliar as áreas
destinadas para Reserva Legal das propriedades em relação aos demais biomas
do Brasil.

b) Lei nº 4.771/1965 - Código Florestal, revogado pela Lei nº 12.651/2012


- Novo Código Florestal:
Estabelece a Política de Preservação das Florestas Nativas e, para efeito le-
gal, conceitua as diferentes áreas existentes, dentre as quais destacamos:
I - Amazônia Legal: os estados do Acre, Pará, Amazonas, Ro-
raima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso, e as regiões situadas
ao norte do paralelo 13° S, dos estados de Tocantins e Goiás,
e ao oeste do meridiano de 44° W, do estado do Maranhão;
II - Área de Preservação Permanente – APP: área protegida,
coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental
de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações


humanas;
III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma proprie-
dade ou posse rural, delimitada nos termos do Art. 12, com a
função de assegurar o uso econômico de modo sustentável
dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação
e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a con-
servação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção
de fauna silvestre e da flora nativa;
XII - vereda: fitofisionomia de savana, encontrada em solos
hidromórficos, usualmente com a palmeira arbórea Mauritia
flexuosa – buriti emergente, sem formar dossel, em meio a
agrupamentos de espécies arbustivo-herbáceas; (Redação
pela Lei nº 12.727, de 2012);
XIII - manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terre-
nos baixos, sujeitos à ação das marés, formado por vasas lo-
dosas recentes ou arenosas, às quais se associa, predominan-
temente, a vegetação natural conhecida como mangue, com
influência fluviomarinha, típica de solos limosos de regiões
estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa
brasileira, entre os estados do Amapá e de Santa Catarina;
XVII - nascente: afloramento natural do lençol freático que
apresenta perenidade e dá início a um curso d’água;
XVIII - olho d’água: afloramento natural do lençol freático,
mesmo que intermitente;
XIX - leito regular: a calha por onde correm regularmente as
águas do curso d’água durante o ano;
XXI - várzea de inundação ou planície de inundação: áreas
marginais a cursos d’água sujeitas a enchentes e inundações
periódicas;
XXII - faixa de passagem de inundação: área de várzea ou pla-
nície de inundação adjacente a cursos d’água que permite o
escoamento da enchente.
De acordo com o Art. 4º da referida Lei considera-se Área de Preservação
Permanente (APP), em zonas rurais ou urbanas, as seguintes áreas:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural pere-
ne e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da
calha do leito regular,... (Redação dada pela Lei nº 12.727, de
2012);
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais;
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais,
decorrentes de barramento ou represamento de cursos

96
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do em-


preendimento;
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água
perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio
mínimo de 50 metros; (Redação dada pela Lei nº 12.727, de
2012);
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a
45°, equivalente a 100% na linha de maior declive;
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras
de mangues;
VII - os manguezais, em toda a sua extensão;
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de rup-
tura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 metros em pro-
jeções horizontais;
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com al-
tura mínima de 100 metros e inclinação média maior que 25°,
as áreas delimitadas a partir da curva em nível corresponden-
te a 2/3 da altura mínima da elevação sempre em relação à
base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado
por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos on-
dulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da eleva-
ção;
X - as áreas em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que
seja a vegetação;
XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com
largura mínima de 50 metros, a partir do espaço permanen-
temente brejoso e encharcado. (Redação dada pela Lei nº
12.727, de 2012).
A mesma Lei menciona a obrigatoriedade de preservação da vegetação des-
sas áreas:
Art. 7º A vegetação situada em Área de Preservação Perma-
nente deverá ser mantida pelo proprietário da área, possui-
dor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de
direito público ou privado.
§ 1º Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área
de Preservação Permanente, o proprietário da área, possui-
dor ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a
recomposição da vegetação, ressalvados os usos autorizados
previstos nesta Lei.
Art. 8º A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em
Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hi-
póteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo
impacto ambiental previsto nesta Lei.

97
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

§ 1º A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes,


dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de
utilidade pública.

c) Lei nº 6.938/1981:
Estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente que tem por objetivo a pre-
servação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando
assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses
da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos al-
guns princípios, dentre os quais destacamos (Art. 2º):
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológi-
co, considerando o meio ambiente como um patrimônio pú-
blico a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo
em vista o uso coletivo;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas
representativas;
VIII - recuperação de áreas degradadas;
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a
educação da comunidade, objetivando capacitá-la para parti-
cipação ativa na defesa do meio ambiente.

d) Constituição Federal de 1988:


Em seu Art. 225 estabelece que “todos têm direito ao meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo ao poder público e à coletividade, o dever de defendê-lo e pre-
servá-lo para as atuais e futuras gerações”.

e) Lei nº 9.433/1997 – Lei das Águas:


Trata da Política Nacional de Recursos Hídricos e estabelece em seu Art.
1º - Alínea II que a “a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econô-
mico”,... “a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do poder público, dos usuários e das comunidades”.
Em seu Art. 2º menciona que são objetivos da Política Nacional de Recursos
Hídricos:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária dispo-
nibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos
respectivos usos.

98
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

f) Lei nº 9.605/1998 - Lei de Crimes Ambientais:


Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas
e atividades lesivas ao meio ambiente. Menciona em seu Art. 38º que “destruir ou
danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação,
ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena - detenção, de um a três
anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente”.

g) Resolução nº 369/2006 - Conselho Nacional de Meio Ambiente (Cona-


ma):
Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social,
ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de ve-
getação em APPs, com destaque para os seguintes artigos:
Art. 6º Independe de autorização do poder público o plantio
de espécies nativas com a finalidade de recuperação de APP,
respeitadas as obrigações anteriormente acordadas, se exis-
tentes, e as normas e requisitos técnicos aplicáveis.
Art. 11º Considera-se intervenção ou supressão de vegetação,
eventual e de baixo impacto ambiental, em APP:
...
II - implantação de instalações necessárias à captação e con-
dução de água e efluentes tratados, desde que comprovada a
outorga do direito de uso da água, quando couber;
III - implantação de corredor de acesso de pessoas e animais
para obtenção de água.

h) Decreto nº 7.378/2010:
Aprova o Macrozoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia Legal - Ma-
cro ZEE da Amazônia Legal, altera o Decreto no 4.297, de 10 de julho de 2002, e dá
outras providências.

i) Resolução n° 429/2011 – Conama:


Apresenta metodologia de recuperação das APPs, e menciona que:
Art. 1º - Parágrafo único. A recuperação voluntária de APP
com espécies nativas do ecossistema onde ela está inserida,
respeitada metodologia de recuperação estabelecida nesta
Resolução e demais normas aplicáveis, dispensa a autoriza-
ção do órgão ambiental.
Art. 3º - A recuperação de APP poderá ser feita, isolada ou
conjuntamente, pelos seguintes métodos: (Incluído pela Lei nº
12.727, de 2012).
I - condução de regeneração natural de espécies nativas; (In-
cluído pela Lei nº 12.727, de 2012).

99
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

II - plantio de espécies nativas; (Incluído pela Lei nº 12.727, de


2012).
III - plantio de espécies nativas conjugado com a condução da
regeneração natural de espécies nativas; (Incluído pela Lei nº
12.727, de 2012).
IV - plantio intercalado de espécies lenhosas, perenes ou de
ciclo longo, exóticas com nativas de ocorrência regional, em
até 50% da área total a ser recomposta, no caso dos imóveis
a que se refere o inciso V do caput do art. 3o. (Incluído pela Lei
nº 12.727, de 2012).
Art. 4º A recuperação de APP mediante condução da regene-
ração natural de espécies nativas, deve observar os seguintes
requisitos e procedimentos:
I - proteção, quando necessário, das espécies nativas median-
te isolamento ou cercamento da área a ser recuperada, em
casos especiais e tecnicamente justificada;
II - adoção de medidas de controle e erradicação de espécies
vegetais exóticas invasoras de modo a não comprometer a
área em recuperação;
III - adoção de medidas de prevenção, combate e controle do
fogo;
IV - adoção de medidas de controle da erosão, quando ne-
cessário;
V - prevenção e controle do acesso de animais domésticos ou exóticos;
VI - adoção de medidas para conservação e atração de ani-
mais nativos dispersores de sementes.
Parágrafo único. Para os fins de indução da regeneração na-
tural de espécies nativas também deverá ser considerado o
incremento de novas plantas a partir da rebrota.

j) Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Programa de Regularização Am-


biental (PRA):
Outro aspecto importante da Lei nº 12.651/2012, e que tem estreita relação
com o PLANO NASCENTE MEARIM, é a instituição do Cadastro Ambiental Rural
(CAR) e do Programa de Regularização Ambiental (PRA).
O CAR é um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais,
que tem por finalidade integrar as informações ambientais referentes à situação
das áreas de APPs, das áreas de Reserva Legal, das florestas e dos remanescentes
de vegetação nativa, das Áreas de Uso Restrito, e das áreas consolidadas das pro-
priedades e posses rurais do País.
Ao inscrever a propriedade no CAR as informações sobre a situação am-
biental da propriedade são armazenadas no Sistema de Cadastro Ambiental Rural
(SICAR), regulamentado pelo Decreto nº 7.830/2012. A propriedade rural que esti-

100
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

ver ambientalmente irregular perante a Lei nº 12.651/2012, depois de inscrita no


CAR poderá aderir ao PRA, mediante Termo de Compromisso. O PRA compreende
um conjunto de ações ou iniciativas a serem desenvolvidas por proprietários e
posseiros rurais com o objetivo de adequar e promover a regularização ambiental:
§ 9º. A existência das situações previstas no caput deverá ser
informada no CAR para fins de monitoramento, sendo exigida,
nesses casos, a adoção de técnicas de conservação do solo e
da água que visem à mitigação dos eventuais impactos. (Inclu-
ído pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 10. Antes mesmo da disponibilização do CAR, no caso das
intervenções já existentes, é o proprietário ou possuidor rural
responsável pela conservação do solo e da água, por meio
de adoção de boas práticas agronômicas. (Incluído pela Lei nº
12.727, de 2012).
As ações de recuperação ambiental necessárias à regularização das pro-
priedades serão definidas em Projetos de Recomposição de Áreas Degradadas e
Alteradas (PRAD), devendo ser concluídas de acordo com o cronograma previsto
no Termo de Compromisso:
§ 11. A realização das atividades previstas no caput observará
critérios técnicos de conservação do solo e da água indicados
no PRA previsto nesta Lei, sendo vedada a conversão de no-
vas áreas para uso alternativo do solo nesses locais. (Incluído
pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 14. Em todos os casos previstos neste artigo, o poder públi-
co, verificada a existência de risco de agravamento de proces-
sos erosivos ou de inundações, determinará a adoção de me-
didas mitigadoras que garantam a estabilidade das margens e
a qualidade da água, após deliberação do Conselho Estadual
de Meio Ambiente ou de órgão colegiado estadual equivalen-
te. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
No estado do Maranhão os principais instrumentos legais pertinentes aos
recursos naturais compreendem:

1) Decreto n° 7.641/1980:
Cria o Parque Estadual do Mirador, sendo que em seu Art. 1º possui uma
área estimada em 700.000 ha. Estabelece em seu Art. 7º - que estão terminante-
mente proibidos os usos diretos, com quaisquer finalidades, dos recursos naturais
da área, ressalvando-se as atividades cientificas devidamente autorizada pela au-
toridade competente.
Em 2009, por meio da Lei no 8.958/2009 o caput do Art. 1º do Decreto nº
7.641/80 passa a ter a seguinte redação: “Art. 1º Fica criado o Parque Estadual de
Mirador, com uma área de 766.781,00 ha, vinculado administrativamente à Secretaria
Estadual de Meio Ambiente e Recursos Naturais”.

101
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

2) Constituição do Estado do Maranhão de 1989:


A proteção do meio ambiente está previsto no Art. 239 da Constituição
Estadual, que menciona que: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamen-
te saudável e equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade
da vida, impondo-se a todos, e em especial ao Estado e aos Municípios, o dever
de zelar por sua preservação e recuperação em benefício das gerações atuais e
futuras”.

3) Lei Estadual nº 5.405/1992:


Principal instrumento de proteção do meio ambiente que institui o Códi-
go de Proteção de Meio Ambiente e dispõe sobre o Sistema Estadual de Meio
Ambiente e o Uso Adequado dos Recursos Naturais do Estado do Maranhão, e
tem por finalidade a preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do
meio ambiente, como bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, observados os seguintes princípios:
I - melhorar e preservar a qualidade ambiental, assegurando
condições de desenvolvimento do estado, sem prejuízo para
a vida humana;
II - manter o equilíbrio ecológico, considerando o meio am-
biente como um patrimônio público a ser necessariamente
protegido;
III - estabelecer critérios e padrões de qualidade ambiental e
de uso e manejo dos recursos naturais;
IV - organizar e utilizar adequadamente o solo urbano a rural,
com vista a compatibilizar sua ocupação com as condições
exigidas para a conservação e melhoria da qualidade ambien-
tal;
V - promover incentivos fiscais e orientar atividades sociais,
para a manutenção do equilíbrio ecológico;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de en-
sino, adotando medidas voltadas à conscientização ecológica,
para a defesa ambiental.

d) Lei Estadual n° 8.149/2004


Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídrico e traz uma leitura da
Política Nacional de Recursos Hídricos para o estado do Maranhão ao considerar
que a “água é um bem público...” e “dotado de valor econômico”.
E dentre as normas suplementares do Estado, e importantes instrumentos
que também subsidiam a implantação do PLANO NASCENTE MEARIM, podemos
destacar:
• Lei nº 9.985/2000: Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Na-
tureza (SNUC): Regulamenta o Art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Consti-
tuição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza e dá outras providências.

102
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

• Lei nº 8.528/2006: Dispõe sobre a Política Florestal e de Proteção à Biodi-


versidade no estado do Maranhão.
• Decreto nº 123.170/2007: Regulamenta o Capítulo I da Lei no 8.598, de 04
de maio de 2007, que instituiu o Cadastro de Atividade Florestal (CAF), com-
posto pelo Cadastro de Exploradores e Consumidores de Produtos Flores-
tais do Estado do Maranhão (CEPROF/MA) e o Sistema de Comercialização e
Transporte de Produtos Florestais do Estado do Maranhão (SISFLORA/MA),
e dá outras providências.
• Lei nº 8.923/2009: Institui a Política Estadual de Saneamento Básico –
PESB, e disciplina o convênio de cooperação entre entes federados para
autorizar a gestão associada de serviços públicos de saneamento básico e
dá outras providências.
• Lei nº 9.279/2010: Institui a Política Estadual de Educação Ambiental e o
Sistema Estadual de Educação ambiental do Maranhão.
• Lei nº 9.413/2011: Institui o Sistema Estadual de Unidades de Conserva-
ção da Natureza do Maranhão – SEUC e dá outras providências.
• Decreto nº 27.845/2011: Regulamenta a Lei nº 8.149, de 15 de junho de
2004, que institui a Política Estadual de Recursos Hídricos, o Sistema de
Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos, com relação às águas su-
perficiais, e dá outras providências.
• Decreto nº 28.008/2012: Regulamenta a Lei nº 8.149, de 15 de junho de
2004 e a Lei nº 5.405, de 08 de abril de 1992, com relação às águas subter-
râneas e dá outras providências.
• Resolução CONSEMA 003/2013: Define critérios básicos e a tipologia das
atividades sujeitas ao licenciamento ambiental promovido pelos municípios.
• Decreto nº 8.044/2015: Dispõe sobre o Plano de Desenvolvimento Agro-
pecuário do Matopiba e a criação de seu Comitê Gestor.
No âmbito municipal no estado do Maranhão, apesar dos municípios apre-
sentarem competência para legislar conforme reza o Art. 30 (incisos I e II) da Cons-
tituição Federal de 1988, poucos são os que apresentam legislação municipal es-
pecífica na área de meio ambiente, e quando existe estão inseridas na Lei de Uso e
Ocupação do Solo do Município, na Lei Orgânica do Município, e no Plano Diretor.
Depreende-se das disposições acima que a consolidação das políticas am-
bientais no Brasil também depende da sistematização de instrumentos legais (leis
e suas normatizações), pois estes fortalecem as ações ambientais no país.
A delimitação, uso, ocupação, preservação e a recuperação de nascentes,
que constituem objeto de preservação no âmbito do PLANO NASCENTE MEARIM,
encontram-se amparados em primeiro plano nos termos do novo Código Florestal
(Lei nº 12.651/2012) que dispõe sobre a preservação da vegetação nativa, e esta-
belece normas gerais sobre a proteção das APP; áreas de Reserva Legal (RL); a ex-
ploração florestal; o suprimento de matéria-prima florestal; o controle da origem
dos produtos florestais; o controle e prevenção dos incêndios florestais.
Cabe aos usuários deste PLANO NASCENTE MEARIM, sempre que necessá-
rio, promover práticas conservacionistas de uso e ocupação do solo, e tomarem
conhecimento das políticas públicas e legislação pertinente à recuperação de áre-
as degradadas no âmbito federal, estadual e municipal.

103
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

É oportuno ainda registrar que, a respeito das definições apresentadas pela


Lei nº 12.651/2012, o presente plano, apesar de não diferenciar em seu título, con-
templará a execução de intervenções em nascentes, veredas, e em olhos d’água e
pontos de afloramento considerados intermitentes, comuns em períodos de es-
tiagem prolongada.

104
Vereda na Serra da Menina (7)
Palmeira de Buriti (8)
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

5 BASES TEÓRICAS

A conservação de nascentes exige, além da regeneração das características


ambientais, a recuperação e o manejo dos cursos de água degradados, de forma
a controlar os processos erosivos (PARANHOS, 2012). A definição das estratégias
de recuperação de nascentes apresentam diferentes especificidades quanto às
metodologias - práticas edáficas, vegetativas, e mecânicas - a serem utilizadas,
principalmente devido ao gradiente de umidade do solo.
Assim, entender conceitos e temas aplicados ao ciclo hidrológico, à bacia
hidrográfica, às nascentes, e às estratégias de controle de processos erosivos pro-
move o conhecimento técnico necessário para a conservação da água, do solo e
de recursos florestais, de áreas de recarga hídrica, do lençol freático, de áreas de
ocorrência de nascentes (MOTTA; GONÇALVES, 2016).

5.1 Ciclo hidrológico
O ciclo hidrológico é a representação dos diferentes caminhos que a água
percorre na natureza. Entender esse processo é importante para que se possa
fazer uma gestão sustentável dos recursos naturais (Figura 42).
O ciclo hidrológico, ou ciclo da água, é o fenômeno global de circulação
fechada da água entre a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado, fun-
damentalmente, pela energia solar, associada à gravidade e à rotação terrestre
(TUCCI, 2000).
O conceito de ciclo hidrológico, segundo Carvalho e Silva (2006), se refere
ao movimento e à troca de água nos seus diferentes estados físicos que ocorre
entre os oceanos, as calotas de gelo, as águas superficiais, as águas subterrâneas,
e a atmosfera. Esse movimento é permanente e mantido pelo Sol, que fornece a
energia para elevar a água da superfície terrestre para a atmosfera (evaporação), e
pela força da gravidade, que faz com que a água condensada caia (precipitação), e
que, uma vez na superfície, circule na direção das partes mais baixas da paisagem,
através de linhas de água que se reúnem em rios até atingir os oceanos (escoa-
mento superficial), ou se infiltre nos solos e nas rochas, através dos seus poros,
fissuras e fraturas (escoamento subterrâneo).
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 42. Ciclo Hidrológico


Fonte: Fonte: BRASIL, [201-]5.

A água que continua a infiltrar e atinge a zona saturada entra na circulação


subterrânea e contribui para o aumento da água armazenada (recarga dos aquí-
feros) e para a vazão dos rios por meio de um fluxo subterrâneo, ou retorna à
superfície em determinados pontos da superfície da bacia hidrográfica na forma
de nascentes. A água subterrânea pode ser também descarregada diretamente
no oceano.
As nascentes são, portanto, locais ou pontos da bacia hidrográfica onde a
água infiltrada e armazenada nos lençóis e/ou aquíferos, no decorrer do ciclo hi-
drológico, volta à superfície para formar riachos, rios, fontes, lagos e veredas.
Nem toda a água precipitada alcança a superfície terrestre, já que uma par-
te, na sua queda, pode ser interceptada pela vegetação e volta a evaporar. A água
que se infiltra no solo é sujeita à evaporação direta para a atmosfera e é também
absorvida pela vegetação que, através da transpiração, devolve à atmosfera. Esse
processo, chamado evapotranspiração, ocorre no topo da zona não saturada, ou
seja, na zona onde os espaços entre as partículas de solo contêm tanto ar como
água (CARVALHO; SILVA, 2006).
A quantidade de água e a velocidade com que ela circula nas diferentes fa-
ses do ciclo hidrológico são influenciadas por diversos fatores como, por exemplo,
a cobertura vegetal, altitude, topografia, temperatura, tipo de solo e geologia.
A ocupação e o uso do solo das bacias hidrográficas pelo homem interfe-
rem diretamente em elementos importantes do ciclo hidrológico, como infiltração,
escoamento superficial e nas taxas de evapotranspiração e, a depender da forma
como se dá essa alteração da paisagem, poderá trazer consequências positivas

5 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Ciclo hidrológico: água subterrânea e o ciclo hidrológico. [201-].
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/agua/recursoshidricos/aguas-subterraneas/ciclo-hidrologico>. Acesso em:
29 jan. 2018.

108
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

ou negativas para a quantidade e qualidade da água disponível nas nascentes e


cursos d’água, no meio rural e no meio urbano.
Segundo informações da “Avaliação Ambiental Integrada de Bacia Hidrográ-
fica”, elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente (2006), a interface entre solo-
-vegetação-atmosfera tem influência no ciclo hidrológico que na maioria das vezes
são positivas, sendo que nos ambientes naturais há o equilíbrio hidroambiental da
bacia. Por outro lado, o uso e ocupação do solo geralmente causam mudanças no
ciclo hidrológico, por exemplo, o desmatamento de grandes áreas causa o aumen-
to da absorção de radiação, aumento da flutuação de temperatura, diminuição da
evaporação devido à redução da interceptação vegetal, modificações na umidade
das camadas do solo, aumento no escoamento superficial, e diminuição da eva-
potranspiração.

5.2 Conceito de bacia hidrográfica


Segundo Barrella et al. (2001) bacia hidrográfica pode ser definida como um
conjunto de terras delimitadas por divisores topográficos localizados nas partes
mais altas do relevo, drenadas por um rio principal e seus afluentes, onde as águas
pluviais, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram no
solo para formação do lençol freático e de nascentes, de tal modo que toda vazão
efluente desse sistema seja descarregada por uma única saída (exutório), Figura
43 A e B.

Figura 43 A e B. Esquema de representação de bacia hidrográfica: planificada


(A) e tridimensional (B)
Fonte: SEMARH-SE, 20146.

Essas terras, individualizadas pelos seus divisores ou seu interflúvio, fazem a


recepção natural das águas das chuvas de modo que a água que precipita fora da
área de uma bacia não contribui para o escoamento na seção da mesma, mas de
outra bacia adjacente. No interior da bacia hidrográfica os desníveis dos terrenos
orientam os rumos da água sempre da posição mais alta para a mais baixa do
relevo.

6 <http://www.semarh.se.gov.br/comitesbacias/modules/tinyd0/index.php?id=22.>.

109
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

A parcela da água das chuvas que se abate sobre a área de uma bacia,
chamada de precipitação efetiva, transforma-se em escoamento superficial e es-
coamento subterrâneo no seu interior e, por meio da rede hidrográfica, ou rede
de drenagem, que é formada por diversos cursos d’água, formam um rio principal.
O rio principal da bacia recebe a contribuição dos seus afluentes e dos rios que
deságuam nestes últimos, que são chamados subafluentes (Figura 44).

Figura 44. Redes de drenagem em bacias hidrográficas


Fonte: http://web2.ufes.br/educacaodocampo/down/cdrom1/iii_07.html7

Em uma bacia hidrográfica ocorrem os processos de infiltração, armaze-


namento de águas subterrâneas, evapotranspiração, escoamento e formação de
cursos d’água superficiais (riachos, ribeirões e rios). Na bacia hidrográfica, portan-
to, se processam todos os elementos da etapa continental do ciclo hidrológico.
Outro aspecto importante sobre uma bacia hidrográfica é que esta forma
uma rede hidrográfica, ou seja, um conjunto de rios dispostos em hierarquias.
Uma das formas mais conhecidas de classificação de bacias hidrográficas
foi proposta por Strahler (1952), segundo a qual os rios de primeira ordem corres-
pondem aos pequenos cursos formados pelas nascentes, onde o volume de água
ainda é baixo. Os rios de segunda ordem correspondem à junção de dois ou mais
rios de primeira ordem e os rios de terceira ordem, à junção de dois de segunda,
assim sucessivamente, formando uma hierarquia, cujo rio principal pode ter uma
ordem de dezenas (Figura 45 A e B).

7 Disponível em: <http://web2.ufes.br/educacaodocampo/down/cdrom1/iii_07.html>

110
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 45 A e B. Hierarquização de cursos d’água numa bacia (A e B), segundo


Sthaler
Fonte: Adaptado de STRHALER, 1957.

O engenheiro brasileiro Otto Pfafstetter propôs, na década de 1980, um


método de classificação mais robusto, que foi oficialmente adotado no Brasil por
meio da resolução CNRH nº 30/2002 e desde então é utilizado em diversos países
como Austrália, Peru, Estados Unidos, entre outros.
O método Pfasfstetter se baseia na topologia da rede de drenagem e na
área da bacia de contribuição de cada rio (Figura 46). Ao subdividir a bacia hi-
drográfica, qualquer que seja o seu tamanho, determinam-se os quatro maiores
afluentes do rio principal, em termos da área de suas bacias hidrográficas, aos
quais são atribuídos os algarismos pares (2, 4, 6 e 8), de jusante para montante.
Os demais tributários do rio principal são agrupados nas denominadas “in-
terbacias”, que recebem, no mesmo sentido, os algarismos ímpares. Cada bacia
e interbacia pode ser subdividida da mesma forma. Por exemplo, a bacia 2 será
subdividida nas bacias 22, 24, 26 e 28 e interbacias 21, 23, 25, 27 e 29. Da mesma
forma, a interbacia 3 será subdividida nas bacias 32, 34, 36 e 38 e nas interbacias
31, 33, 35, 37 e 39. Esta subdivisão pode continuar de forma contínua, conforme
os detalhes da informação básica e da cartografia disponível.

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Figura 46. Hierarquização de cursos d’água numa bacia segundo Otto Pfafstetter
Fonte: ROMEIRO, 20128.

Podemos destacar como vantagens do método permitir que, conhecendo-


se apenas o código de uma bacia (ou interbacia), seja possível inferir quais aquelas
relacionadas que estão à montante e à jusante, independentemente do nível de
detalhamento (subdivisão) em que esteja facilitando a modelagem computacional
e inferências de parâmetros relacionados à gestão de recursos hídricos.
Os conceitos de sub-bacia e microbacia, portanto, são muito importantes
para a compreensão de uma bacia hidrográfica. Apesar de não haver um consen-
so na literatura técnico-científica a respeito dessas definições, considera-se que
as microbacias são bacias menores que formam as sub-bacias, e cujos rios ou
riachos são tributários do rio principal da sub-bacia.
As sub-bacias, por sua vez, assumem o papel de tributários ou afluentes,
e deságuam diretamente no rio principal da bacia hidrográfica. Os principais tri-
butários do rio Mearim pela margem direita são o rio Corda e o rio Flores; e pela
margem esquerda são o rio Pindaré e o rio Grajaú, que desaguam próximo ao
terço final do rio Mearim, com importante contribuição à sua vazão.

8 ROMEIRO, Francisco. Monitoramento da qualidade de água. Brasília, 2012. Slide 18. Disponível em:
<https://slideplayer.com.br/slide/2821038/>. Acesso em: 29 jun. 2017.

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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

A paisagem de uma bacia hidrográfica é dividida, normalmente, em três zo-


nas hidrogeodinâmicas, segundo Hollanda et al. (2012):

1) Zonas de recarga
São normalmente áreas com solos profundos e permeáveis, com relevo su-
ave, sendo fundamentais para o abastecimento dos lençóis freáticos. Nas diferen-
tes bacias hidrográficas essas áreas podem ser constituídas pelas planícies e cha-
padas. Essas áreas devem, dentro do possível, ser mantidas sob vegetação nativa,
uma vez que as mesmas exercem uma grande influência sobre a redistribuição da
água das chuvas (Figura 47).
Se essas áreas forem utilizadas e ocupadas com atividades agropecuárias,
a função de recarga pode ser prejudicada pela impermeabilização decorrente da
compactação do solo pela mecanização agrícola e pisoteio pelo gado. O uso in-
discriminado de agroquímicos pode levar à contaminação do lençol freático por
serem esses produtos carreados pelas águas que infiltram no solo.

Figura 47. Área de recarga hídrica com vegetação nativa


Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/2821038/9

2) Zonas de erosão
Encontram-se imediatamente abaixo das áreas de recarga, onde se distri-
buem as vertentes em declives e comprimentos de rampas favoráveis a processos
erosivos, e que podem ser acelerados pelo uso impróprio do solo. Nessas áreas
o escoamento superficial tende a predominar sobre o processo de infiltração. Po-

9 Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/2821038/>

113
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

dem ser cultivados com lavouras e pastagens, desde que sistemas de controle à
erosão sejam implantados, com a finalidade de se reduzir o escoamento superfi-
cial e aumentar a infiltração, de forma que os comprimentos de rampas sejam sec-
cionados através de faixas vegetativas de retenção, terraços, bacias de captação,
cordões em contorno e outras medidas adequadas a cada situação e condições
climáticas.
Essas áreas são as principais contribuintes para o carreamento de sedimen-
tos para os cursos d’água e reservatórios, podendo causar assoreamento e eleva-
ção da turbidez das águas superficiais, com consequências adversas, tais como a
diminuição da profundidade dos rios, o aumento das perdas hídricas (evaporação)
e até o desaparecimento de nascentes, entre outras (Figura 48).

Figura 48. Erosão próxima a nascente


Fonte: CODEVASF, 2017.

3) Zonas de sedimentação
Segmento mais baixo das bacias hidrográficas, são as planícies fluviais, vul-
garmente denominadas várzeas, que constituem a zona de sedimentação nas ba-
cias hidrográficas. Principalmente nas regiões mais acidentadas essas planícies
são utilizadas para uso agropecuário, especialmente para a agricultura familiar.
Entretanto, nos períodos de chuva algumas dessas planícies apresentam sérios
riscos de inundações que podem inviabilizar a instalação de infraestruturas e re-
sidências, bem como na utilização agropecuária. Pelo fato do lençol freático si-
tuar-se muito próximo à superfície, cuidados redobrados são exigidos quanto à
instalação de fossas sanitárias, aplicação de agroquímicos, acesso de animais à
água etc (Figura 49).

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Figura 49. Acúmulo de sedimentos em planície fluvial


Fonte: CODEVASF, 2017.

5.3 Nascentes
A Lei Federal no 12.651/2012 define NASCENTE como o “afloramento natu-
ral do lençol freático que apresenta perenidade e dá início a um curso d’água”, e
OLHO D’ÁGUA como afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermi-
tente.
Segundo Valente e Gomes (2004) nascentes são manifestações, em super-
fície, da água subterrânea armazenada em uma zona de saturação do perfil do
solo, normalmente sustentada por uma camada geológica inferior e impermeável.
As nascentes podem dar origem a pequenos cursos d’água e, quando isso ocorre,
esses cursos constituem os córregos que se juntam adiante para formar riachos
e ribeirões e que voltam a se juntar para formar os rios de maior porte. É assim
que surgem tanto os pequenos quanto os grandes rios, por exemplo: Amazonas,
Itapecuru, Mearim e São Francisco.
Nascentes podem também ser definidas como um “momento” do ciclo hi-
drológico em que a água infiltrada retorna à superfície. Dentro de uma bacia hi-
drográfica a água das chuvas apresenta os seguintes destinos: parte é intercepta-
da pelas plantas, evapora e volta para a atmosfera; parte escoa superficialmente
formando as enxurradas e, através de um córrego ou rio, abandona rapidamente
a bacia.
Outra parte, a de maior interesse, é aquela que se infiltra no solo onde uma
parcela é temporariamente retida nos espaços porosos, uma parte é absorvida
pelas plantas ou evaporada através da superfície do solo, e a última alimenta os

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aquíferos que constituem o horizonte saturado do perfil do solo, e que origina as


nascentes (LOUREIRO, 1983).
Essa região saturada pode situar-se próxima à superfície ou a grandes pro-
fundidades, e a água ali presente pode estar ou não sob pressão. De acordo com
Calheiros et al. (2004) quando a região saturada se localiza sobre uma camada
impermeável e possui uma superfície livre sem pressão, a não ser a atmosférica,
tem-se o chamado lençol freático ou lençol não confinado. Quando se localiza
entre camadas impermeáveis e condições especiais que façam a água movimen-
tar-se sob pressão, tem-se o lençol artesiano ou lençol confinado, que originam os
chamados poços artesianos.
Hidrogeologicamente, em sua expressão mais comum, lençol freático é
uma camada saturada de água no subsolo, cujo limite inferior é outra camada
impermeável, geralmente se tratando de um substrato rochoso. Comumente, sua
formação é local e este é delimitado pelos contornos da bacia hidrográfica e se
origina das águas de chuva que se infiltram através das camadas permeáveis do
terreno até encontrar uma camada impermeável ou de permeabilidade muito me-
nor que a superior (CALHEIROS et al., 2004).
Esse local fica em equilíbrio com a gravidade, satura os horizontes de solos
porosos logo acima, deslocando-se de acordo com a configuração geomorfológica
do terreno e a permeabilidade do subsolo (Figura 50).

Figura 50. Formação do lençol freático


Fonte: CALHEIROS et al., 2004.

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Nascentes podem estar localizadas em encostas ou depressões do terreno,


ou ainda, no nível de base representado pelo curso d’água local; podem ser PE-
RENES (de fluxo contínuo), TEMPORÁRIAS (de fluxo apenas na estação chuvosa),
e EFÊMERAS (surgem durante a chuva, permanecendo por apenas alguns dias ou
horas).
É importante ressaltar que nem todas as manifestações superficiais dos len-
çóis subterrâneos chegam a formar cursos d’água, pois podem ficar simplesmente
formando poças ou lagos, ou também formar as veredas (CALHEIROS et al. 2004).
As nascentes são classificadas em três tipos de acordo com o que ocorre
com a água ao aflorar do solo: segundo Kleerekoper (1944), são chamadas RE-
OCRENO nascentes cuja água ao sair do solo forma imediatamente um riacho;
LIMNOCRENO nascentes que formam poça sem correnteza em toda a massa de
água; e; HELOCRENO nascentes cuja área se espalha em uma superfície extensa
de solo, formando um brejo sem superfície de água livre (Figura 51).
Segundo Linsley e Franzini (1978) quando a descarga de um aquífero con-
centra-se em uma pequena área localizada tem-se a nascente ou olho d’água.

Figura 51. Tipos mais comuns de nascentes originárias de lençol não confinado:
de encosta, de fundo de vale, de contato e de rio subterrâneo
Fonte: LINSLEY; FRANZINI, 1978.

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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Esse pode ser o tipo de nascente SEM ACÚMULO D’ÁGUA INICIAL, comum
quando o afloramento ocorre em um terreno declivoso, surgindo em um único
ponto em decorrência da inclinação da camada impermeável ser menor que a da
encosta. São exemplos desse tipo, as nascentes de encosta e de contato (Figura
52).

Figura 52. Nascente sem acúmulo inicial - riacho do Ouro na Serra Negra
Fonte: CODEVASF, 2017.

Por outro lado, quando a superfície freática ou um aquífero artesiano inter-


ceptar a superfície do terreno e o escoamento for espraiado numa área, o aflora-
mento tenderá a ser difuso formando um grande número de pequenas nascentes
por todo o terreno, originando as VEREDAS (Figura 53).
Se a vazão for pequena poderá apenas molhar o terreno, caso contrário,
poderá originar nascente do tipo COM ACÚMULO INICIAL, comum quando a ca-
mada impermeável fica paralela à parte mais baixa do terreno e, estando próximo
à superfície, acaba por formar um lago. Esse tipo de nascente é representado
pelas nascentes de fundo de vale e as originárias de rios subterrâneos (Figura 54).

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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 53. Vereda na cabeceira do rio Mearim


Fonte: CODEVASF, 2017.

Figura 54. Nascente com acúmulo inicial na bacia do rio Mearim


Fonte: CODEVASF, 2017.

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PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Quanto à vazão, a classificação de nascentes possui grande variabilidade


que estão relacionadas às características de clima, da região, e da natureza de for-
mação dessas nascentes (CABRAL DA SILVA et al., 2011). Valente e Gomes (2005)
apresentam uma classificação bastante difundida, proposta por Meinzer (1923), a
qual organiza as nascentes em classes definidas em função dos valores absolutos
de suas vazões, representados em litros por minuto (Quadro 5).

Classe da Nascente Vazão (litros / min.)

1 >170.000
2 17.000 – 170.000
3 1.700 – 17.000
4 380 – 1.700
5 38 – 380
6 4 – 38
7 0,6 – 4
8 < 0,6

Quadro 5. Classificação de nascentes quanto à vazão


Fonte: MEINZER (1923 apud VALENTE; GOMES, 2005).

A nascente ideal é aquela que fornece água de boa qualidade, abundan-


te e contínua, localizada próxima do local de uso, e de cota topográfica elevada,
possibilitando sua distribuição por gravidade, sem gasto de energia. Apesar da
importância que tem a quantidade de água produzida pela nascente é preciso que
ocorra com distribuição constante, ou seja, a variação da vazão situe-se dentro de
um mínimo adequado ao longo do ano.
Esse fato implica que a bacia não deve funcionar como um recipiente im-
permeável, escoando em curto espaço de tempo toda a água recebida durante
uma precipitação pluvial. Ao contrário, a bacia deve absorver boa parte dessa água
através do solo, armazená-la em seu lençol subterrâneo e cedê-la, aos poucos, aos
cursos d’água por meio das nascentes, sobretudo nos períodos de seca.
Fica evidente, nesse contexto, a importância do uso e do manejo adequado
do solo e da água no interior de uma bacia hidrográfica, uma vez que o mecanis-
mo de surgimento e abastecimento de uma nascente é influenciado pelo uso e
ocupação do ambiente pela ação antrópica, podendo interagir negativamente ou
favoravelmente sobre a disponibilidade de água.
No âmbito do PLANO NASCENTE MEARIM adota-se o conceito da Lei no
12.651/2012 e utilizam-se os conceitos acima citados para exemplificar diferentes
conceitos adotados para nascentes.
É importante, porém, que, além da caracterização da APP, a classificação
do estágio de conservação das nascentes para fins de avaliação de estratégias de
recuperação considere a análise integrada do uso e ocupação do solo das proprie-
dades onde estas se localizam.
Quanto ao estado de conservação ou de degradação, ainda que não haja
padrão definido na literatura científica, as nascentes são normalmente classifica-
das como: preservadas, perturbadas (relativamente preservadas), e degradadas,

120
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

considerando-se, sobretudo, o grau de conservação de sua APP. O Programa


“Adote uma Nascente” do governo do estado de São Paulo estabelece a classifica-
ção a seguir, quanto ao seu grau de conservação, e que também adotaremos para
este Plano:

• NASCENTE PRESERVADA: apresentam Área de Proteção Permanente


(APP) sem interferência antrópica;
• NASCENTE RELATIVAMENTE CONSERVADA (PERTURBADA): caracteriza-
da por presença de gramíneas que dificultam a regeneração da mata nativa;
não há presença de gado; há remanescentes de vegetação próximos com
alto índice de biodiversidade;
• NASCENTE DEGRADADA: caracterizada por ser recoberta por espécies
exóticas, sobretudo pastagem; ausência de regeneração natural; ausência
de banco de sementes/plântulas; presença de gado no entorno; solo pobre
em nutrientes; e não há remanescentes significativos de vegetação nas pro-
ximidades.

5.4 Degradação de nascentes
As nascentes são enquadradas tecnicamente como Área de Preservação
Permanente (APP) e são protegidas pela Lei n° 12.651, de 25 de maio de 2012,
que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Essas áreas, cobertas ou não
por vegetação nativa, estão localizadas ao longo das margens dos rios, córregos,
lagos, lagoas, represas e nascentes, e tem a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade, a biodiversidade, o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo, assegurar o bem-estar das populações humanas, e
manter a biodiversidade. Esses sistemas vegetais são essenciais para o equilíbrio
ambiental. Devem representar uma preocupação central para o desenvolvimento
rural sustentável e para o planejamento do desenvolvimento regional.
A realidade, porém, mostra um cenário diferente quanto ao cumprimento
da legislação em todo o país, onde a degradação dos corpos hídricos aumenta à
medida que o homem ocupa e explora o ambiente. O termo “degradar” pode ser
interpretado como estragar, deteriorar, desgastar e, de acordo com Santos (2010),
a degradação dos recursos hídricos vem se destacando em meio à sociedade em
geral, com grande parte dessa preocupação voltada para o estudo e preservação
das nascentes, as quais têm sido degradadas em meio às situações marcadas pelo
conflito, esgotamento e destrutividade, atreladas ao crescimento econômico e à
expansão urbana, demográfica e agropecuária.
Nos centros urbanos, os mananciais e nascentes são os primeiros a expe-
rimentarem os efeitos negativos desses processos. Como fontes de degradação,
podem-se mencionar o aterramento e a impermeabilização dos pontos de aflora-
mento de água para expansão das áreas urbanas e a contaminação desses corpos
d’água por lixo, esgotos domésticos e industriais não tratados.
No meio rural, a degradação das nascentes é causada pelas pressões oriun-
das de diferentes formas de intervenções antrópicas, podendo-se mencionar: a)
atividade agrícola e pecuária sem medidas de conservação de água e solo, sobre-
tudo em áreas de encosta; b) o desmatamento de áreas de preservação perma-
nente e das áreas de recarga; c) a implantação de rodovias ou estradas vicinais mal

121
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

alocadas e mal dimensionadas; d) a adoção de queimadas nas atividades agrope-


cuárias; e) o cultivo agrícola no entorno de nascentes; f) a criação de animais com
livre acesso às nascentes; dentre outras.
Essas práticas, que normalmente se traduzem no descumprimento da le-
gislação ambiental, na maioria das vezes implicam na redução da capacidade de
infiltração das águas das chuvas que abastecem o lençol freático, devido à com-
pactação do solo e/ou pela remoção da vegetação, implicando em aumento do
escoamento superficial, bem como na potencialização de processos erosivos que
carreiam sedimentos para as nascentes e outros corpos d’água, muitas vezes con-
tendo excesso de nutrientes, resíduos de agrotóxicos e dejetos de animais, cau-
sando o assoreamento e a contaminação desses corpos hídricos, extinguindo-os
ou tornando-os inservíveis.
As figuras ilustram algumas dessas pressões exercidas pela atividade huma-
na no meio rural sobre as nascentes e os recursos hídricos de modo geral (Figura
55 A e B; Figura 56 A e B; e Figura 57 A e B).
As Figuras apresentadas indicam que a realidade dos corpos hídricos nos
estabelecimentos rurais precisa ser revista e melhorada a partir da adoção de
técnicas de conservação ambiental e pelo cumprimento dos dispositivos legais. O
uso do solo para fins produtivos deve ser compatibilizado com a preservação do
equilíbrio hidrológico e do meio, e deve ter como uma de suas bases a conserva-
ção de nascentes, visto que estas são parcialmente responsáveis pela origem da
principal e mais acessíveis fonte de recursos hídricos à maioria da população do
campo e das cidades, que são os rios.

Figura 55 A e B. Vegetação de vereda na nascente do rio Grajaú destruída por


queimada
Fonte: CODEVASF, 2017.

122
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Figura 56 A e B. Desmatamento e cultivo em margens de rios


Fonte: http://360graus.terra.com.br/expedicoes/images/w_h/w_h_furnas.jpg (esquerda) e CODE-
VASF, 2017 (direita)10

Figura 57 A e B. Nascente pisoteada e lançamento de esgoto


Fonte: Codevasf, 2017.

5.5 Preservação e recuperação de nascentes


Ao se trabalhar com preservação e recuperação de nascentes deve ser le-
vado em conta que esses sistemas não podem ser considerados de forma isolada.
As intervenções devem seguir uma visão mais ampla e integradora, que conside-
rem fatores biológicos e geológicos responsáveis pelo abastecimento dos lençóis
que formam as nascentes.
Antes de darem origem a um curso d’água, as nascentes são dependen-
tes de processos inerentes ao ciclo hidrológico e, especialmente, da infiltração da
água no solo, sendo esse processo influenciado pelas interações ocorrentes entre
a água e outros recursos naturais, que, por sua vez, são diretamente afetados pela
atividade humana sobre a área da bacia hidrográfica.
De acordo com Valente e Gomes (2011), a conservação de nascentes é uma
tecnologia que também precisa estar baseada em fundamentos hidrológicos. So-
bre tais fundamentos, que variam com as diferenças dos ecossistemas (climáticas,
hidrogeológicas etc.), é que são estabelecidas as tecnologias de manejo da bacia.
Segundo os autores, a princípio toda a superfície de uma pequena bacia é respon-

10 Disponível em: <http://360graus.terra.com.br/expedicoes/images/w_h/w_h_furnas.jpg >

123
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

sável pela formação e manutenção da nascente, mas só uma análise hidrológica


é capaz de definir nessa superfície, com mais precisão, as áreas realmente impor-
tantes para a recarga dos lençóis.
Para nascentes oriundas de lençóis freáticos as áreas que abastecem esses
lençóis estão geralmente próximas ao ponto de afloramento. Já nos casos de nas-
centes formadas de lençóis artesianos, é possível que as áreas de recarga desses
lençóis estejam muito distantes do local de afloramento da água.
Ainda segundo Valente e Gomes (2011), somente o plantio de vegetação
nas APPs, apesar de importante para proteção das nascentes, não pode ser consi-
derado como forma de recuperação desses sistemas visando à promoção do au-
mento de vazão. Na verdade, a vegetação plantada próxima ao olho d’água pode
contribuir para redução da vazão das nascentes em períodos de estiagem, visto
que, nesses períodos, há condições ideais para aumento das taxas de evapotrans-
piração. Daí a importância da escolha de espécies e densidades de plantio ade-
quadas na recomposição de vegetações de APP.
Encostas com declividades acentuadas, (fora da definição de área de pre-
servação permanente), classificadas como de uso restrito, por exemplo, são áreas
importantes para um efetivo trabalho de conservação de nascentes.
Contudo, de um modo geral as nascentes, cursos d’água e represas, embora
distintos entre si por várias particularidades quanto às estratégias de preservação,
apresentam pontos básicos comuns para manutenção da prestação de seus ser-
viços ambientais, tais como: o controle da erosão do solo (por meio de estruturas
físicas e barreiras vegetais de contenção), a minimização de contaminação química
e biológica, ações mitigadoras de perdas de água por evaporação e do seu con-
sumo pelas plantas, e, especialmente, a promoção do aumento da infiltração das
águas pluviais no solo.
A conservação da área de recarga das nascentes e a redução do fluxo super-
ficial da água em áreas de encostas, com vistas ao aumento da infiltração e o rea-
bastecimento do lençol freático, promovem o aumento da vazão, enquanto a pro-
teção do olho d’água evita o assoreamento e a contaminação do mesmo. Quanto à
qualidade da água das nascentes, deve-se salientar que, além da contaminação do
ponto de afloramento, que ocorre geralmente pela deposição de matéria orgânica
diretamente sobre o mesmo, deve ser combatida também a poluição da água por
produtos químicos, resultante da exploração das áreas a montante.
Em um contexto social, a preservação e a recuperação de nascentes devem
também considerar a importância e o tipo de exploração dada às nascentes em
uma propriedade rural, visando à compatibilização da exploração econômica e
social da propriedade e da água das nascentes com a conservação dos recursos
hídricos.
De uma maneira geral, as principais práticas para preservação e recupera-
ção de nascentes são oriundas das técnicas de conservação de solo, as quais vi-
sam manter sua integridade física, química e biológica. O princípio geral em ambos
os casos é aumentar a “rugosidade” da bacia hidrográfica, dificultando a formação
de enxurradas (escoamento superficial) e aumentando a eficiência da infiltração.
Essas técnicas podem ser agrupadas em três categorias: vegetativas; edá-
ficas; e mecânicas; que na maioria dos casos são aplicadas de forma combinada:

124
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

a) Práticas vegetativas
As práticas vegetativas ou vegetacionais, como o próprio nome diz, utilizam
a vegetação de forma racional visando à redução do escoamento superficial. Entre
os efeitos benéficos da cobertura vegetal (Figura 58), podem ser citados: a prote-
ção direta contra o impacto das gotas de chuva; a interceptação do fluxo de água
(evitando o carregamento de partículas de solo) com diminuição da velocidade
de escoamento; a decomposição de suas raízes (formando pequenos canais por
onde a água infiltra); e o aumento da retenção de água no solo (pois melhora a es-
trutura do solo) pelo maior tempo de oportunidade à infiltração que proporciona.
São exemplos de práticas pertencentes a esse grupo: florestamento e reflo-
restamento; plantas de cobertura; cobertura morta; rotação de culturas; formação
e manejo de pastagem; cultura em faixa; faixa de bordadura; quebra-vento; bos-
que sombreador; cordão vegetativo permanente; manejo do mato; alternância de
capinas etc.

Figura 58. Mata ciliar conservada


Fonte: CODEVASF, 2017.
b) Práticas edáficas
As práticas edáficas de conservação do solo utilizam modificações no siste-
ma de cultivo para diminuir as perdas por escoamento superficial. Com técnicas
de cultivo apropriadas ao tipo de solo, à sua profundidade, textura e declividade,
a infiltração de água será bem maior, pois a estrutura do solo será mantida. São
exemplos de práticas pertencentes a esse grupo: cultivo de acordo com a capa-
cidade de uso da terra; controle do fogo; adubação verde, química e orgânica;
calagem etc.

125
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

c) Práticas Mecânicas
As práticas mecânicas de conservação do solo utilizam estruturas construí-
das através da disposição adequada de porções de terra para diminuir a velocida-
de de escoamento da enxurrada, facilitando a infiltração da água. São exemplos
de práticas pertencentes a esse grupo: preparo do solo e plantio em nível; distri-
buição adequada dos caminhos; sulcos e camalhões em pastagens; enleiramento
em contorno; terraceamento; bacias de captação; subsolagem; adequação de es-
tradas rurais etc.
De acordo com Castro e Gomes (2001) quando se trabalha com nascentes
deve-se dar preferência às técnicas vegetativas e mecânicas de conservação de
solo e água.
A seguir são conceituadas algumas dessas principais técnicas aplicadas para
preservação e recuperação de nascentes:

• Cercamento/Isolamento
Consiste na implantação de cercas ao redor das nascentes ou outras a se-
rem recuperadas, objetivando o seu isolamento ou proteção contra os fatores
causadores da degradação, de modo a contribuir com o aceleramento do proces-
so de regeneração natural ou com o estabelecimento de plantios que tenham sido
realizados. Atua de forma complementar às técnicas vegetacionais citadas.

• Condução da regeneração natural


A condução e/ou estímulo à regeneração natural é uma técnica vegetativa
utilizada em situações em que o ambiente apresenta capacidade de se recuperar
de distúrbios naturais e antrópicos, e visa ao restabelecimento da vegetação origi-
nal. No caso de recuperação de nascentes, pode ser utilizada para recomposição
vegetal de suas Áreas de Preservação Permanente e/ou de suas áreas de recarga.
O método de recuperação natural deve ser usado em casos de degrada-
ções de baixo nível, provenientes da abertura natural de uma clareira, de um des-
matamento ou de um incêndio, por promover a colonização da área afetada e,
dessa forma, levar a mesma através de sucessivos estágios de desenvolvimento
vegetal a sua forma original (PINTO, 2003).
Nessa técnica, a recuperação da cobertura vegetal ocorre sem a interven-
ção humana voltada ao plantio de mudas, mas por meio da germinação natural
de sementes e por brotamento espontâneo de tocos e raízes, sendo esses dois
processos naturais responsáveis pela renovação da vegetação.
Contudo, a regeneração natural pode ser estimulada pela ação humana a
partir do isolamento da área a ser recuperada (Figura 59) objetivando eliminar a
fonte impactante, bem como por estratégias que visam à atração de animais dis-
persores de sementes e outros propágulos para a área em recuperação (emprego
de técnicas de nucleação).
É a regeneração natural da vegetação o método mais econômico para res-
tauração de ambientes degradados. Isso porque se usa menos mão de obra e
insumos em comparação com as outras técnicas de recuperação, podendo dessa
forma reduzir significativamente o custo na recuperação de áreas perturbadas,
principalmente áreas de médio e grande porte (BOTELHO; DAVIDE, 2002).
Para que essa técnica tenha sucesso é necessária a ocorrência de algumas
condições, tais como: presença de plântulas, brotações, banco de sementes no

126
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

solo, e transporte de sementes de áreas vizinhas. Tais fatores são determinantes


na velocidade e direção do processo de regeneração natural (ALVARENGA et al.,
2006).

Figura 59. Cercamento de nascente para proteção e regeneração natural da ve-


getação
Fonte: CODEVASF, 2017.

• Plantio de espécies nativas


O método consiste no plantio de mudas de espécies nativas (florestais ou
não) em APPs e áreas de recarga, e na realização das respectivas atividades de
manutenção desses plantios. Deve considerar o tipo de vegetação originalmente
existente no ambiente onde estão inseridas as nascentes, e o conjunto de boas
técnicas agronômicas e florestais necessárias ao correto estabelecimento e desen-
volvimento das mudas, a fim de que haja a ocupação dessas áreas pela vegetação.
A introdução da vegetação tem o objetivo de reter a água das chuvas, re-
duzir o impacto das gotas sobre o solo, atuar como barreira ao carreamento de
sedimentos e promover o aumento da infiltração da água no solo, contribuindo
para o abastecimento dos lençóis e o fortalecimento da vazão das nascentes. É
uma técnica comumente usada em ambientes onde a formação vegetal original foi
parcial ou totalmente destruída e substituída por atividades agropastoris.
É indicada para áreas onde a vegetação no entorno do local a ser recupera-
do está bastante comprometida ou já não existe, não oferecendo condições para
que ocorra a regeneração de forma natural, ou seja, como processo ecológico es-
pontâneo. Vale ressaltar que o emprego dessa técnica para recuperação de APPs
das nascentes deve contemplar alguns cuidados no caso da vegetação original do

127
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

ambiente ser uma formação florestal, devendo-se escolher espécies adequadas,


que possuam baixo consumo de água, e os plantios devem ser realizados com
baixa densidade de indivíduos, podendo-se utilizar mudas ou sementes, de forma
semelhante aos plantios de enriquecimento.
Além disso, deverá ser feito o plantio de espécies pioneiras no primeiro mo-
mento da sucessão vegetal, pois essas espécies apresentam maior tolerância às
condições apresentadas pelas áreas degradadas ou desflorestadas, em que a luz
é mais intensa. A sucessão vegetal se dará pela substituição do grupo de espécies
pioneiras por espécies mais frágeis, representadas por espécies secundárias ini-
ciais, seguidas por espécies tolerantes à sombra (REIS et al., 1999).

• Subsolagem
A subsolagem é uma prática mecânica que faz uso de um equipamento
chamado subsolador acoplado a um trator. Tem por objetivo romper as camadas
compactadas do solo, estejam elas na superfície ou localizadas em maior profun-
didade, geralmente entre 20 cm e 50 cm. A subsolagem visa promover a aeração
e a estruturação do solo de modo a torná-lo mais permeável, favorecendo, assim,
a infiltração de água e a penetração de raízes das plantas, contribuindo para o
sucesso das práticas vegetativas de plantio e de condução da regeneração natural.
A compactação do solo é dependente do modo como ele foi utilizado, po-
dendo ocorrer em função do que nele foi plantado anteriormente, dos equipa-
mentos utilizados e das condições de umidade do solo no momento do preparo
deste, da ocorrência de pisoteio em áreas de criação de animais etc.
Os solos compactados apresentam baixa infiltração, prejudicando o abaste-
cimento do lençol freático e, consequentemente, das nascentes. Além disso, difi-
cultam consideravelmente o estabelecimento da vegetação.

• Terraceamento
É uma prática mecânica de combate à erosão fundamentada na constru-
ção de terraços com uso de máquina motoniveladora (patrol) ou trator (esteiras/
pneus) com arados de discos acoplados, dentre outros equipamentos, com o pro-
pósito de disciplinar o volume de escoamento superficial das águas das chuvas
(WADT, 2003).
O terraço consiste em uma estrutura transversal ao sentido do maior de-
clive do terreno, composta de um dique e um canal e tem a finalidade de reter e
infiltrar a água da chuva, nos terraços em nível, ou escoá-la lentamente para áreas

Figura 60 A e B: Terraceamento em área de recarga hídrica


Fonte: CODEVASF, 2017.

128
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

adjacentes, nos terraços em desnível ou com gradiente. A função do terraço é


a de reduzir o comprimento da rampa, área contínua por onde há escoamento
das águas das chuvas, e, com isso, diminuir a velocidade de escoamento da água
superficial.
O terraceamento é normalmente realizado nas áreas de recarga de nascen-
tes onde são desenvolvidas atividades agropecuárias (Figura 60 A e B).

• Construção de bacias de captação de água da chuva (barraginhas)


Bacias de captação de água da chuva, ou barraginhas, são bacias ou tan-
ques implantados/escavados mecanicamente no solo (escavadeiras), em forma-
to circular, alocadas em pontos estratégicos da área de drenagem ou áreas de
recarga e que, através da redução da velocidade de escoamento, promovem a
sedimentação dos sólidos suspensos nas águas pluviais.
A quantidade e disposição das bacias de captação de água devem conside-
rar o máximo escoamento superficial que pode ocorrer na área de drenagem a ser
conservada e a capacidade de infiltração de água no solo do local que irá receber
o escoamento, a fim de permitir a captação, o armazenamento e posterior infiltra-
ção da água advinda do escoamento superficial.
As barraginhas são importantes formas de retenção e promoção da infil-
tração das águas das enxurradas. Com a precipitação da chuva, essas bacias se
enchem com as enxurradas, evitando que a água escorra rapidamente e provoque
erosões, armazenando-a durante curto período e promovendo uma infiltração
lenta. Ao cessar a chuva, a água que fica retida penetra no solo, abastece o lençol
freático e as nascentes a jusante, e proporciona umidade ao solo por um período
que ultrapassa a estação chuvosa.
As barraginhas podem ser construídas de forma associada com terraços, na
extremidade destes, ou também associadas a estradas rurais, como parte de sua
adequação ambiental (Figura 61 A e B).

Figura 61 A e B. Obra de construção de bacias para captação (barraginhas) de


água de chuvas e de sedimentos
Fonte: CODEVASF, 2017.

• Adequação ambiental de estradas


A adequação de estradas rurais ambientalmente adequadas (Figura 62),
com foco na recuperação de nascentes, envolve um conjunto de práticas com a

129
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

finalidade de recuperação, manutenção e conservação das estradas de terra que


têm interferência direta sobre o escoamento superficial e a ocorrência de proces-
sos erosivos em áreas de recarga de nascentes e em áreas utilizadas para agricul-
tura, pecuária, silvicultura, dentre outros, dentro da propriedade rural.
Essa ação objetiva evitar a erosão do solo, a degradação do meio ambiente,
o carreamento de terra para os cursos d’água e disciplinar as enxurradas provo-
cadas pelas águas das chuvas, visto que as estradas são, normalmente, caminhos
preferenciais das águas das chuvas e grandes desencadeadoras de processos
erosivos graves.
Além disso, a readequação ambiental de estradas ecológicas beneficia mo-
radores do meio rural ao garantir o tráfego normal de veículos, o escoamento da
produção agrícola durante as épocas de chuvas e de secas, além de reduzir os
recursos para a manutenção das estradas rurais.
Dentre as intervenções que podem ser utilizadas para adequação ambien-
tal de estradas vicinais, cita-se: realocação do trecho; quebra de barranco (bota

Figura 62. Adequação de estrada rural associada à bacia de captação de enxurrada


Fonte: CODEVASF, 2017.

dentro); eliminação do banco de areia; eliminação dos buracos; encabeçamento


de terraço com desnível; construção de terraço; construção de lombada; constru-
ção de caixa de retenção ou bacias de captação de águas das chuvas; construção
de caixa dissipadora de energia; construção de bueiro etc.

Parte importante da bacia do rio Mearim encontra-se inserida na região


denominada Amazônia Legal. De acordo com Almeida et al (2006) a degradação

130
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

ambiental da Amazônia apresenta três cenários principais, a saber: pastagens em


grandes propriedades, exploração florestal, e áreas rurais de agricultores familia-
res.
O Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal
(PPCDAM), desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2013) para
o fomento às atividades produtivas sustentáveis no âmbito da Amazônia Legal,
tem por objetivo “incentivar a melhor utilização de áreas já desmatadas visando à
recuperação das áreas degradadas e evitar novos desmatamentos, contemplando
inovação tecnológica e sistemas sustentáveis de produção que possibilitem o au-
mento da produtividade nas áreas abertas, a diminuição dos custos de produção,
e a minimização da pressão sobre as florestas, como: manejo de pastagens, Siste-
mas Agroflorestais (SAF), Agricultura Ecológica (AE), Integração Lavoura Pecuária e
Floresta (ILPF)” (BRASIL, 2013).
Assim, tendo como base o PPCDAM, algumas práticas de controle de pro-
cessos erosivos a serem consideradas no âmbito da implementação do PLANO
NASCENTE MEARIM, em especial na região da Amazônia Legal, são:

• Sistemas Agroflorestais (SAFs), sistemas sustentáveis e consórcio de culturas


Sistema agroflorestal é um conjunto de técnicas que associam espécies flo-
restais com culturas agrícolas e/ou pecuárias, de forma que essas combinações
sejam instaladas e manejadas de maneira simultânea no mesmo espaço, de modo
que o manejo do solo, água e recursos florestais promovam o manejo sustentável
dos recursos naturais e gere benefícios socioeconômicos e ambientais (MACEDO,
2000).
Pode ser utilizado em grandes áreas como em quintais, consorciando cul-
turas de diferentes espécies. É uma alternativa ao sistema agrícola embasado na
monocultura ou sucessão contínua de culturas que, devido à maximização do uso
do solo e à mecanização intensa e desordenada, tem causado a degradação da
capacidade produtiva do solo. A Embrapa vem trabalhando em diferentes meto-
dologias para sistemas agroflorestais e hortas com produção agroecológicas, em
várias regiões do Brasil (Figura 63 A e B).

Figura 63 A e B. Cultivos consorciados em quintais produtivos


Fonte: https://www.google.com.br.11

11 Disponível em: <https://www.google.com.br>. Acesso em: 05 jan. 2018.

131
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

• Sistema de Plantio Direto (SPD)


É um conjunto de tecnologias que tem por objetivo aumentar a produtivida-
de das principais culturas produtoras de grãos, aliado à preservação e melhoria da
capacidade produtiva do solo. Fundamenta-se na manutenção e no ‘não’ revolvi-
mento da cobertura vegetal permanente do solo, e na rotação de culturas (Figura
64 A e B).
Esta prática agrícola evita e/ou diminui perdas econômicas causadas pela
erosão, bem como perdas de solo que são carreadas para os cursos d’água e cau-
sa a degradação dos rios e outros mananciais (SALTON, 1998).
Segundo Galeti (1994) este sistema barateia o custo de implantação das
culturas e promove o controle da erosão, pois com o pouco revolvimento do solo a
sua superfície fica protegida com restos de culturas e ervas daninhas mortas, que
amortecem a queda da água da chuva e o escoamento superficial, favorecendo a
infiltração da água no solo (ciclo hidrológico) e reduzindo poder erosivo das chu-
vas entre 80% a 90%.

Figura 64 A e B. Sistema de plantio direto com uso de cobertura de vegetação


morta para proteção do solo
Fonte: https://www.google.com.br.12

• Agricultura Orgânica
De acordo com a Lei no 10.831/2003, que dispõe sobre a agricultura orgâ-
nica e dá outras providências, considera-se sistema orgânico de produção agro-
pecuária:
[...] todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante à otimização do uso dos
recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comu-
nidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica; à maximização
dos benefícios sociais; à minimização da dependência de energia não renovável, empregando,
sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos em contraposição ao uso de
materiais sintéticos; à eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radia-
ções ionizantes em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamen-
to, distribuição e comercialização; e à proteção do meio ambiente (BRASIL, 2003)
O termo técnico institucionalizado no Brasil foi o “orgânico”, que inclui a ter-
minologia: biodinâmico, natural, biológico, agroecológico, termos estes oriundos
da permacultura (FONSECA, 2009).

12 Disponível em: < https://www.google.com.br>. Acesso em: 15 dez. 2017.

132
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

• Integração Lavoura-Pecuária (ILP)


No caso específico de áreas com pastagem e solo degradados esta alterna-
tiva é indicada porque consorcia as rotações de culturas e as sucessões da lavoura
(por exemplo, de grãos: milho, sorgo, milheto, arroz, soja) com forrageiras tropicais
(por exemplo, a Brachiaria), com a recuperação do solo e da pastagem degradada.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem trabalhan-
do em tecnologias de recuperação da pastagem, baseadas em prática tradicional
adotada por civilizações antigas, bem como por formas de cultivo da terra ligado
aos costumes indígenas, como exemplo o Sistema Santa-Fé, que faz o consórcio
de culturas ou cultivos perenes múltiplos dentro de uma mesma área, e ao mesmo
tempo, no período de um ano, com solos corrigidos, ou parcialmente corrigidos,
em áreas de cerrado (KLUTHCOUSKI&YOKOYAMA, 2001).
Esta interação é indicada porque pastagens bem formadas é uma prática
de conservação do solo, e quanto mais densa for a cobertura do solo, maior será
a proteção contra a erosão (GALETI, 1973).

• Sistemas Silviculturais
É o conjunto de atividades que tem por objetivo manejar a floresta de forma
que o crescimento das árvores seja favorecido a fim de que se possa, num certo
período de tempo, explorar os recursos florestais (madeireiros ou não madeirei-
ros). A atividade silvicultural poderá ser realizada em áreas desmatadas aptas ao
uso alternativo do solo, definida na Lei nº 8.171/1991, que dispõe sobre a política
agrícola. Estas atividades deverão estar em consonância com a Lei nº 12.651/2012.
Dentro deste contexto, os trabalhos a serem desenvolvidos deverão favore-
cer a condução da regeneração natural de florestas, a recuperação da capacidade
produtiva do solo, de forma que haja também a recuperação de áreas produtivas
(exemplo: pastagens degradadas) e a manutenção do florestal a partir de planta-
ções de espécies amazônicas que favoreçam a recuperação de áreas degradadas/
alteradas (Figura 65 A e B), de forma a promover boas práticas silviculturais em
diferentes ecossistemas amazônicos, seja de terra firme, seja de várzea (SABOGAL,
2006).

Figura 65 A e B. Plantio de buritis (por indígenas Kanela) e de açaís para a con-


tenção de processos erosivos e recuperação de nascentes
Fonte: CODEVASF, 2017.

133
Rio Grajaú (9)
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

6 PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE


NASCENTES DA BACIA DO RIO MEARIM

6.1 Arranjo e proposta executiva


O Plano de Preservação e Recuperação de Nascentes representa uma pro-
posta da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas da Codevasf voltada à re-
cuperação hidroambiental da bacia do rio Mearim que contempla a realização, por
meio de intervenções necessárias para recomposição vegetal em Áreas de Preser-
vação Permanente, de conservação das zonas de recarga hídrica, e de promoção
da sustentabilidade no uso da água no meio rural, tendo como foco a proteção,
preservação e recuperação de nascentes.
Trata-se de uma ação importante para a conservação dos recursos hídricos
com uma proposta estratégica para sua execução, composta por intervenções se-
quenciais e concatenadas, pontuais e contínuas, de curto, médio e longo prazo.
Tendo em vista a impreterível necessidade de atuação concreta do poder
público e da sociedade de modo geral objetivando a revitalização das bacias hi-
drográficas, o PLANO NASCENTE MEARIM surge em um momento oportuno. Ainda
que os resultados desse tipo de ação só sejam sentidos em médio e longo prazo,
o Plano representa um passo na direção da sustentabilidade no uso dos recursos
hídricos e da mudança na forma de utilização dos recursos naturais de modo ge-
ral, questões vistas cada vez com maior clareza pela sociedade brasileira.
O mesmo traz como uma de suas premissas a ideia de integrar os governos
- federal, estaduais e municipais - a iniciativa privada, organizações não governa-
mentais e, principalmente, a sociedade da bacia do rio Mearim, com o objetivo
comum de preservação e recuperação de suas nascentes, propondo uma atuação
colaborativa e em sinergia para a consecução de suas metas.
Um dos aspectos mais importantes da proposta executiva ora apresenta-
dos é, sem dúvida, a participação social. A experiência da Codevasf na execução
das ações de recuperação hidroambiental nos últimos anos (2010 – 2017) permite
afirmar que, independente da necessidade e importância das ações voltadas à
preservação e recuperação dos recursos naturais, não há como ter sucesso se
não houver interesse, envolvimento, participação e empoderamento tanto dos
beneficiários (proprietários das áreas) como da população afetada positivamente
pela execução dos projetos.
O desafio, então, reside no desenvolvimento de uma metodologia capaz de
unir ao método técnico-executivo proposto, à efetiva participação social. Nesse
contexto, a estrutura orgânica proposta inclui as figuras dos Comitês Gestores
Municipais (CGMs) e, quando operacionalmente viável, das Comissões Comunitá-
rias (CCs), os quais têm como principal objetivo promover a ligação direta, franca e
participativa, entre o poder público e a sociedade, de forma a promover o entendi-
mento e a colaboração desta última na implementação do Plano.
O Quadro 6 apresenta um resumo da metodologia executiva proposta para o
PLANO NASCENTE MEARIM.

135
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Quadro 6. Resumo executivo do PLANO NASCENTE MEARIM

136
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

A seguir são descritas as formas de participação dos atores envolvidos no


processo de implantação do PLANO NASCENTE MEARIM.

6.1.1 Comitês Gestores Municipais


Os Comitês Gestores Municipais (CGMs) são instrumentos importantes na
implantação do PLANO NASCENTE MEARIM, responsáveis pela realização de algu-
mas etapas de sua fase executiva, bem como serão instrumentos de participação
social ao estabelecerem a comunicação direta entre os beneficiários das interven-
ções (proprietários rurais), a população dos municípios de modo geral e o poder
público.
A criação dos CGMs se dará a partir de celebração de parcerias entre a
Codevasf e os municípios pertencentes às microbacias selecionadas para implan-
tação do PLANO NASCENTE MEARIM, e terão as organizações civis e as prefeituras
como instituições de grande importância para formação e/ ou coordenação des-
ses comitês.
Os CGMs serão formados a partir de reuniões e demais tratativas para apre-
sentação do Plano, as quais serão realizadas com apoio logístico operacional da
empresa de apoio e devem ter sua criação comprovada mediante ata assinada por
seus membros e registrada em cartório. Todos os documentos oriundos de suas
reuniões deverão ser também registrados e terem cópia encaminhada à Codevasf.
Os CGMs deverão atuar como instâncias consultivas formadas por repre-
sentantes da sociedade civil organizada, preferencialmente as organizações vincu-
ladas à temática rural e ambiental (sindicato de trabalhadores rurais, associações
de comunidades rurais, cooperativas, igrejas, entre outras), de organizações não
governamentais, da Polícia Militar Ambiental, escolas, Comitês das sub-bacias e
microbacias hidrográficas a que pertença o município, do poder público municipal
(representado preferencialmente por agentes públicos das secretarias de meio
ambiente, agricultura ou correlatas), além de representantes de instituições esta-
duais ligadas à área de meio ambiente e agricultura (órgãos de extensão rural etc.)
com representação nos municípios.
As atribuições do CGM no âmbito da implantação do PLANO NASCENTE
MEARIM, compreendem:
• Auxiliar a Empresa de Apoio a ser contratada pela Codevasf e os parcei-
ros públicos envolvidos na realização de campanhas de mobilização sociais
voltadas à divulgação e apresentação do Plano ao poder público e às popu-
lações dos municípios;
• Auxiliar a Empresa de Apoio à Fiscalização a ser contratada pela Codevasf
e os parceiros públicos na realização de reuniões específicas com a finalida-
de de apresentar o PLANO NASCENTE MEARIM aos produtores/proprietá-
rios rurais do município com a finalidade de convidá-los a aderirem ao Plano
a partir da indicação de nascente(s) existente(s) em suas propriedades, para
posteriormente ser realizado o cadastramento e intervenções propostas no
âmbito do Plano;
• Acompanhar o processo de validação e cadastramento das nascentes in-
dicadas pelos proprietários rurais mediante Termo de Adesão Voluntária
que deverá ser assinado por estes proprietários;

137
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

• Ajudar na sensibilização e mobilização da comunidade para participar das


oficinas e cursos de capacitação a serem oferecidos aos beneficiários e aos
demais interessados;
• Acompanhar a implementação das intervenções previstas no PLANO NAS-
CENTE MEARIM e comunicar à Codevasf eventuais distorções identificadas;
• Auxiliar os proprietários rurais e as Comissões Comunitárias (CCs) no de-
senvolvimento das atividades de monitoramento da quantidade da água
das nascentes; e
• Registrar em ata própria todas as suas reuniões, decisões e encaminha-
mentos.

6.1.2 Comissões comunitárias
As Comissões Comunitárias (CCs), a exemplo dos CGMs, representam uma
instância de participação direta da sociedade na implantação do PLANO NASCEN-
TE MEARIM, porém, com abrangência específica, restrita ao contexto territorial de
cada comunidade que integra o município.
Uma vez criado o CGM este deverá indicar comunidades existentes nos mu-
nicípios onde exista viabilidade técnica para criação de Comissões Comunitárias. A
viabilidade técnica da criação das CCs deverá ser analisada pela empresa de apoio,
juntamente com a Codevasf, considerando critérios como: existência de nascen-
tes próximas à comunidade, identificação de lideranças comunitárias, contingente
populacional da comunidade, entre outros. Nos casos em que não for possível a
criação das CCs caberá ao CGM cumprir as atribuições das Comissões.
As CCs devem ser criadas até 30 dias após o início dos trabalhos pela em-
presa de apoio nos municípios, e a comprovação de sua criação deverá ser feita
por meio de ata do CGM. Devem contar também com pelo menos três membros
da comunidade, bem como garantir a participação de pelo menos uma mulher e
de um proprietário de terras onde haja nascente. Seus membros devem ser elei-
tos pela própria comunidade na reunião organizada pelo CGM em parceria com a
empresa de apoio para apresentação do Plano.
São atribuições das CCs, respeitadas as diretrizes do PLANO NASCENTE ME-
ARIM, compreendem:
• Receber e orientar localmente as equipes de trabalho social e técnico das
empresas de Apoio e de Execução em todas as suas atribuições;
• Ajudar na mobilização e na realização das oficinas, reuniões, encontros e
visitas, inclusive as de monitoramento e fiscalização;
• Auxiliar na mobilização e organização das famílias para o cadastramento
e elaboração de projetos técnicos de preservação e recuperação, validação
de cadastros, execução do projeto técnico de preservação e recuperação
de nascentes, manutenção das intervenções e monitoramento da quantida-
de da água das nascentes, naquilo que forem capacitadas.

138
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

6.1.3 Empresa de apoio
A empresa de apoio consiste em pessoa jurídica a ser contratada pela Co-
devasf, mediante processo licitatório, com o objetivo de apoiá-la na formação dos
CGMs e CCs; realizar as ações de divulgação do PLANO NASCENTE MEARIM nos
municípios-alvo; cadastrar as nascentes; elaborar projetos técnicos de recupera-
ção das nascentes; elaborar projetos de implantação de sistemas simplificados de
preservação e uso sustentável de água das nascentes; promover ações de sensi-
bilização, mobilização e organização social; ministrar cursos de capacitação para
os CGMs e CCs, notadamente em relação as aferições de qualidade e quantidade
de água das nascentes; monitorar as áreas em recuperação conforme as inter-
venções técnicas escolhidas na execução; realizar monitoramento da qualidade e
quantidade da água; apoiar a fiscalização e realizar a medição dos serviços execu-
tados pela empresa executora.

6.1.4 Empresa executora
A empresa executora deverá ser pessoa jurídica contratada pela Codevasf
mediante processo licitatório com o objetivo de executar as intervenções técnicas
ambientais necessárias à preservação e/ou recuperação de nascentes, tais como,
cercamento, plantios, terraceamento, construção de bacias de captação, adequa-
ção de estradas vicinais.
Ressalta-se que, com base em critérios técnicos e operacionais, poderá ha-
ver a contratação de mais de uma empresa para execução das intervenções em
função da ampla distribuição geográfica das nascentes a serem cadastradas.

6.1.5 Codevasf
A Codevasf será responsável por toda a articulação interinstitucional para
a celebração das parcerias necessárias à implantação do PLANO NASCENTE ME-
ARIM, a exemplo da criação dos CGMs e CCs, bem como deverá realizar contrata-
ções e fazer toda a gestão necessária à implantação do Plano, além de promover
a execução indireta por meio de parcerias.

6.1.6 Proprietários rurais


Os proprietários rurais ou beneficiários consistem nos donos ou ocupan-
tes das propriedades onde estão localizadas as nascentes cadastradas no PLANO
NASCENTE MEARIM. Deverão estar de acordo com as intervenções a serem reali-
zadas em suas propriedades conforme indicações do projeto técnico da empresa
de apoio, mediante Termos de Adesão Voluntária.
Estes deverão receber treinamentos e capacitações, devendo ser responsá-
veis pela manutenção das intervenções realizadas, bem como pelo monitoramen-
to qualiquantitativo das águas das nascentes, tendo, em ambos os casos, o apoio
dos CGMs e das CCs.

6.1.7 Comitês de bacias e comissões pró-comitês


O Comitê de Bacia Hidrográfica (CBH), como um órgão colegiado de gestão
de recursos hídricos, com atribuições de caráter normativo, consultivo e delibe-
rativo e integrante do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
que tem como principais competências: aprovar o Plano de Recursos Hídricos da

139
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Bacia; arbitrar conflitos pelo uso da água em primeira instância administrativa;


estabelecer mecanismos e sugerir os valores da cobrança pelo uso da água; entre
outros (COMITÊ DE BACIAS HIDROGRÁFICAS, 201713), deve contribuir para pro-
mover a conservação e recuperação dos recursos hídricos e garantir a utilização
racional e sustentável das águas em suas áreas de abrangência.
Sendo assim, o Comitê e a Comissão Pró-Comitê da bacia hidrográfica do
rio Mearim, e também das sub-bacias e microbacias (quando de suas formações),
serão instâncias importantes no processo de implantação do PLANO NASCENTE
MEARIM, pois além de participarem como membros dos CGMs, poderão atuar
de forma conjunta com a Codevasf durante todas as suas fases de implantação,
incluindo-se o planejamento e definição de estratégias de execução.

6.2 Definição de regiões prioritárias para implanta-


ção do PLANO NASCENTE MEARIM
Considerando que o PLANO NASCENTE MEARIM pretende, primeiramente,
priorizar a preservação e recuperação das nascentes que possibilitem reflexos
na melhoria da quantidade e qualidade hídrica da bacia, a questão principal a ser
levantada é: “qual região da bacia priorizar?”
Nesse sentido, após a análise de diversos critérios referentes à “saúde” da
bacia do rio Mearim, entende-se que, inicialmente, a implantação do Plano deverá
ter como foco prioritário as nascentes localizadas na região do Alto Mearim, região
em que se encontram as nascentes dos principais cursos d’água formadores da
bacia, passando-se em seguida a ter como foco as nascentes do Médio e do Baixo
Mearim.
Também serão considerados critérios norteadores da seleção de áreas
para implantação do Plano as sub-bacias que possuem maior contribuição hídrica
e produção de sedimentos nas regiões fisiografias do Mearim (Alto, Médio e Baixo
Mearim), considerando-se que a região do Alto Mearim é onde ocorrem os meno-
res índices de chuva na bacia, onde concentram os solos propensos à erosão, e
as nascentes são as primeiras regiões a sofrerem em caso de seca e degradação.

6.3 Implantação do plano nas regiões prioritárias


da bacia
Uma vez identificadas e selecionadas as microbacias prioritárias, partindo-
-se das linhas direcionais mencionadas no item 6.2, essas deverão ser espacial-
mente analisadas, a fim de que sejam identificados os municípios onde deverão
ser executadas as ações de preservação e recuperação de nascentes.
Nesses municípios a identificação e a localização das nascentes deverão
partir de duas fontes principais:

a) Levantamento municipal
A partir da criação dos Comitês Gestores Municipais (CGMs) deverão ser
promovidas, juntamente com a empresa de apoio, campanhas de divulgação do

13 COMITÊ DE BACIAS HIDROGRÁFICAS. O que é um CBH?. Brasília, [2017?]. Disponível em: <http://www.cbh.
gov.br/GestaoComites.aspx>. Acesso em: 13 dez. 2017.

140
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

PLANO NASCENTE MEARIM, de sensibilização e de mobilização social, com o ob-


jetivo de demonstrar aos proprietários rurais e à população do município, todo o
arranjo e o funcionamento do Plano e, principalmente, estimular os proprietários
rurais a apresentarem espontaneamente aos atores responsáveis pela implemen-
tação do Plano (Codevasf, CGM e empresa de apoio etc.) informações sobre a exis-
tência e localização de nascentes no território do município. Ao final dessa etapa
de mobilização inicial deverão ser formadas as Comissões Comunitárias (CCs).
Essas campanhas deverão ocorrer por tempo determinado nos municípios
e terão como objetivo tornar claro o Plano à sociedade. A indicação da existência
de nascente e a prévia manifestação do interesse do proprietário rural de que esta
seja cadastrada e trabalhada, conforme o conjunto de intervenções preconizadas
no PLANO NASCENTE MEARIM, deverão ser levadas ao conhecimento do CGM e
da empresa de apoio em locais específicos a serem estabelecidos no município,
devendo ser preenchida uma ficha pré-cadastral que deverá ser assinada pelo
proprietário.

b) Identificação geoespacial e localização das nascentes


Outra fonte de informações referentes às nascentes nas microbacias prio-
ritárias refere-se aos levantamentos prévios a partir de informações geoespacias,
como é o caso da base de dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) no estado do
Maranhão, e de levantamentos realizados a partir de dados cartográficos oficiais.
Tais informações deverão ser refinadas e analisadas pela Codevasf, bem como
poderão advir da contribuição de instituições parceiras na implantação do PLANO
NASCENTE MEARIM. Depois de identificadas em campo estas nascentes recebe-
rão o mesmo tratamento e passarão pelo mesmo processo de caracterização da-
quelas indicadas pela população dos municípios por meio dos CGMs.

6.3.1 Cadastramento, caracterização e espacialização das


nascentes e áreas de recarga hídrica
Após indicadas de forma espontânea pelos proprietários rurais dos muni-
cípios, cada nascente será visitada por uma equipe técnica da Empresa de Apoio,
com auxílio do CGM e das CCs, e acompanhada dos proprietários. Cada nascente
terá uma ficha cadastral preenchida na qual deverá constar sua caracterização de-
talhada, considerando informações sobre sua localização georreferenciada; tipo
de formação; tipo de acúmulo; seu estágio de conservação; uso e ocupação da
área de recarga; uso e exploração da sua APP; uso de sua água; aferição da quan-
tidade e qualidade da água da nascente por meio de equipamentos adequados;
o detalhamento das intervenções a serem realizadas para recuperar a nascente,
caso necessário, entre outros dados relevantes.
As informações a serem levantadas sobre as nascentes serão estruturadas
da seguinte forma:

a) Dados gerais da nascente


• Endereço detalhado com referências que facilitem sua localização;
• Coordenadas geográficas, por meio de aparelho de GPS (Global Position
System em coordenadas planas - UTM - Datum SIRGAS 2000);
• Identificação do principal curso de água para o qual a água da nascente
conflui;

141
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

• Dominialidade do local – terras públicas ou particulares;


• Tipo de nascente quanto à formação (freática ou artesiana);
• Tipo de nascente quanto à forma de afloramento (pontual ou difusa);
• Tipo de nascente quanto ao fluxo (perene, intermitente e efêmera).

b) Diagnóstico ambiental
• Uso e ocupação da área de recarga e da APP - presença de áreas desma-
tadas, erodidas; presença ou não de vegetação arbustiva, rasteira (gramí-
neas) ou arbórea; espécies vegetais mais comuns na área de preservação;
existência e caracterização da exploração agrícola; existência e caracteriza-
ção da exploração pecuária; presença ou ausência de lixo; ocorrência de
queimadas, presença de formigas cortadeiras, cupinzeiro e quaisquer ou-
tros dados relevantes;
• Vazão da nascente (medida com equipamento simplificado);
• Formas de uso das águas das nascentes (se houver);
• Outras informações relevantes.

c) Diagnóstico dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água


das nascentes
As empresas de apoio serão responsáveis pela aferição das vaiáveis gerais:
temperatura, pH, turbidez, cor, condutividade elétrica, dureza, oxigênio total e nu-
trientes: nitrato, nitrito, amônia, fosfato, fósforo total, nitrogênio total; prioritaria-
mente das nascentes degradadas, por amostragem em cada microbacia.
Os parâmetros de qualidade da água a serem analisados serão seleciona-
dos de acordo com o uso da água e das características ambientais de cada nas-
cente amostrada, podendo incluir:
• Metais traços - alumínio, , bário, cádmio, cromo, cobre, ferro, mercúrio,
manganês, chumbo, zinco;
• Parâmetros orgânicos - pesticidas;
• Indicadores microbiológicos - coliformes fecais, coliformes termotoleran-
tes;
Para os parâmetros que requerem análise laboratorial as amostras de água
deverão ser adequadamente coletadas, identificadas e encaminhadas ao labora-
tório.

d) Diagnóstico socioeconômico da propriedade.


Como parte do cadastramento das nascentes a Empresa de Apoio deverá
coletar informações referentes à socioeconomia das propriedades rurais familia-
res onde essas nascentes estão localizadas, apresentando à Codevasf e aos pro-
prietários em relatório específico, indicações de alternativas de atividades para o
desenvolvimento econômico rural sustentável para cada estabelecimento, obje-
tivando promover a ampliação da capacidade de geração de renda dessas pro-
priedades e a consequente melhoria da qualidade de vida de seus habitantes, de
forma menos impactante ao meio ambiente.

142
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

As informações socioeconômicas adquiridas mediante informações dos


proprietários deverão contemplar no mínimo:
• Avaliação das condições de habitação e saneamento;
• Área das propriedades ;
• Indicação do regime de posse e uso da terra;
• Principais atividades econômicas das propriedades e área utilizada em
função destas;
• Quantidade e sistema de produção de animais (se for o caso);
• Nível tecnológico da exploração;
• Indicação se há a adoção de práticas de conservação do solo;
• Estrutura da renda familiar;
• Origem e quantidade de mão de obra empregada;
• Estimativas da produção (carne, leite, ovos, grãos etc.);
• Destinação da produção;
• Valor médio comercializado;
• Participação dos proprietários em atividades comunitárias, de associativis-
mo ou cooperativismo.

e) Elaboração de projeto
Após a compilação e análise das informações do cadastro a equipe técnica
da Empresa de Apoio deverá elaborar e apresentar um projeto técnico referente
ao conjunto de intervenções previstas no PLANO NASCENTE MEARIM adequado
ao diagnóstico de cada nascente. Para cada nascente cadastrada deverá ser pro-
duzido, obrigatoriamente, registro fotográfico e/ou audiovisual, representativo do
cenário-base (inicial).
O projeto elaborado deverá ser aprovado pelo CGM e pelo proprietário rural
beneficiário, possuidor de área rural com até 4 módulos fiscais, conforme o Novo
Código Florestal, que permite a utilização de recursos públicos, nessa condição. O
proprietário deverá então assinar um Termo de Adesão Voluntária ao PLANO NAS-
CENTE MEARIM manifestando sua concordância com a execução das intervenções
em sua propriedade, bem como com as suas responsabilidades relacionadas à
manutenção das intervenções e ao monitoramento da água das nascentes.
Depois de concluída a etapa de diagnóstico deverão ser produzidos mapas
de espacialização das nascentes que, acompanhados de suas fichas cadastrais,
projetos técnicos, e de Termos de Adesão Voluntária assinados pelos proprietá-
rios, deverão ser repassados à empresa executora contratada para implantação
das intervenções necessárias.
Além das nascentes indicadas pela população dos municípios serão consi-
deradas, para fins de cadastramento e execução de intervenções, aquelas oriun-
das de levantamentos realizados por órgãos estaduais, municipais e demais ins-
tituições parceiras, bem como aquelas nascentes indicadas pelos proprietários
rurais no ato do cadastramento de suas propriedades junto ao Ministério do Meio
Ambiente no âmbito do Cadastro Ambiental Rural (CAR) devendo-se, da mesma
forma, buscar a adesão voluntária dos proprietários das terras onde essas nas-
centes se situam.

143
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

6.3.2 Execução das intervenções


Após o proprietário das terras aceitarem o projeto técnico desenvolvido
pela Empresa de Apoio o mesmo passará a ser implantado pela Empresa Executo-
ra, podendo se enquadrar em duas categorias:

a) Intervenções técnicas voltadas à preservação e recuperação de Nas-


centes
As intervenções técnicas voltadas à preservação e recuperação das nascentes
cadastradas deverão ocorrer considerando a classificação apresentada no Quadro 7,
relativa ao estágio de conservação/degradação das nascentes cadastradas:

144
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

(continua)

ESTÁGIO DE CONSERVAÇÃO DA INTERVENÇÕES A SEREM


NASCENTE(1) REALIZADAS(2)

Nascentes preservadas a) Atividades de Educação Ambiental obje-


tivando conscientizar os moradores/ocu-
Nascentes que possuem APP preservada,
pantes da propriedade a importância da
com presença de cobertura vegetal arbó-
manutenção das nascentes preservadas;
rea ou outro tipo de formação de ocorrên-
cia natural do local, com área de recarga b) Capacitação dos moradores/ocupantes
conservada, ausência de criação de animais da propriedade para operarem os instru-
ou com baixo risco de pisoteio e/ou conta- mentos necessários ao monitoramento da
minação, recoberta por vegetação nativa e/ quantidade da água das nascentes, arma-
ou explorada com atividades de baixo im- zenamento e repasse dos dados ao CGM.
pacto com uso de técnicas de conservação
de solo e água.

Nascentes parcialmente degradadas a) Cercamento/isolamento das APPs das


(perturbadas) nascentes conforme raio mínimo de 50 me-
Nascentes que apresentam relativa co- tros, definido no novo Código Florestal ;
(3)

bertura vegetal natural (arbórea ou outra) b) Intervenções voltadas ao estímulo à re-


ocupando entre 30% e 70% de sua APP, generação natural (técnicas de nucleação,
com área de recarga explorada para agro- controle de plantas invasoras etc.);
pecuária, presença de espécies exóticas, c) Plantio de enriquecimento na área da
sobretudo gramíneas que dificultam a re- APP, se viável;
generação da mata nativa, localizadas em
d) Manutenção dos plantios (controle de
propriedades onde há criação de animais
formigas cortadeiras, controle de plantas
que ofereçam risco de pisoteio e/ou con-
invasoras, adubação de cobertura);
taminação, porém, há remanescentes de
vegetação próximos, com alto índice de e) Práticas mecânicas de conservação de
biodiversidade, que facilitam a regeneração solo e água em áreas de recarga explora-
natural. das para agropecuária (terraceamento e
construção de bacias de captação);
f) Adequação ambiental de estradas rurais
situadas em áreas de recarga;
g) Atividades de Educação Ambiental obje-
tivando internalizar nos moradores / ocu-
pantes da propriedade a importância da
conservação das nascentes;
h) Capacitação dos moradores/ocupantes
da propriedade para realizarem a manu-
tenção dos plantios bem como o monito-
ramento das intervenções realizadas (plan-
tios e práticas mecânicas) relatando ao
CGM quaisquer anormalidades;
i) Capacitação dos moradores/ocupantes
da propriedade para operarem os instru-
mentos necessários ao monitoramento da
quantidade e da água de nascentes.

Quadro 7. Intervenções técnicas voltadas à preservação e recuperação de nascentes

145
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

(conclusão)

ESTÁGIO DE CONSERVAÇÃO DA INTERVENÇÕES A SEREM


NASCENTE(1) REALIZADAS(2)

Nascentes Degradadas a) Cercamento/isolamento das APPs das


nascentes conforme raio mínimo de 50
Nascentes que apresentam sua APP com metros, definido no novo Código Florestal;
baixo ou nenhum tipo de cobertura vegetal
natural (arbórea ou outra local) com ocu- b) Intervenções voltadas ao estímulo à re-
pação entre 0% a 30%, recoberta por gra- generação natural (técnicas de nucleação,
míneas exóticas, ausência de regeneração controle de plantas invasoras etc.);
natural, ausência de banco de sementes/
c) Descompactação e dessasoreamento do
plântulas, criação de animais no entor-
solo/subsolagem (caso necessário);
no – pisoteio/contaminação – ausência de
remanescentes de vegetação nativa signi- d) Plantio de mudas de espécies nativas e/
ficativos nas proximidades, exploração da ou dispersão de sementes na APP e áreas
área de recarga e sinais de assoreamento de recarga, quando viável;
e compactação do solo.
e) Manutenção dos plantios realizados
(controle de formigas cortadeiras, controle
de plantas invasoras, adubação de cober-
tura)(4);

f) Implantação de práticas de conservação


de solo e água em áreas de recarga explo-
radas para agropecuária (terraceamento e
construção de bacias de captação) e estí-
mulo à adoção dessas práticas pelos pro-
prietários(5);

g) Adequação ambiental de estradas rurais


situadas em áreas de recarga;

h) Atividades de Educação Ambiental ob-


jetivando internalizar nos moradores/ocu-
pantes da propriedade a importância da
conservação das nascentes;

i) Capacitação dos moradores/ocupantes


da propriedade para realizarem a manu-
tenção dos plantios bem como o monito-
ramento das intervenções realizadas (plan-
tios e práticas mecânicas) relatando ao
CGM quaisquer anormalidades;

j) Capacitação dos moradores/ocupantes


da propriedade para operarem os instru-
mentos necessários ao monitoramento da
quantidade da água das nascentes, arma-
zenamento e repasse dos dados ao CGM.

Quadro 7. Intervenções técnicas voltadas à preservação e recuperação de nascentes

146
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

(1) A definição do estágio de conservação das nascentes será realizada pela Empresa de Apoio
com base nos dados da ficha cadastral.

(2) Deverão ser executadas conforme projeto técnico elaborado pela Empresa de Apoio.

(3) O cercamento visa, sobretudo, o isolamento das APPs da presença de animais, favorecendo
o processo de regeneração natural e protegendo o olho d’água da contaminação causada por estes.
Deverá ser realizado com fios de arame liso ou farpado e estacas de madeira de florestamento (flores-
tas plantadas) tratada, com números de fios e espaçamento entre as estacas variáveis de acordo com
os tipos de animais criados nas propriedades, dos quais se pretende isolar as nascentes.

(4) Os plantios de mudas ou semeadura com espécies nativas visam restabelecer a cobertura
vegetal das APP’s e de áreas de recarga (quando possível). Deverão seguir a boa técnica agronômico-
-florestal (coveamento, rega, adubação, tutoramento etc.), prezando, principalmente, pela escolha de
espécies adequadas para esses ambientes, bem como deverão adotar baixa densidade de indivíduos.
(5) As práticas de terraceamento e construção de bacias de captação deverão ser realizadas me-
canicamente com uso de trator e/ou implementos necessários, com especificações técnicas e métodos
executivos variáveis conforme declividade, características do solo e uso e ocupação das propriedades
rurais.

147
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

b) Implantação de infraestrutura de uso sustentável das águas de nascen-


tes
Nos casos em que a ficha cadastral indicar que há o uso de água das nas-
centes pelos proprietários poderá ser implantado um Sistema Simplificado de
Aproveitamento Sustentável (SSAS) a fim de que sejam mantidas na propriedade
as atividades dependentes da água das nascentes, contudo, de forma sustentável.
A implantação do Sistema Simplificado de Aproveitamento Sustentável será feita
pela empresa executora.
Para implantação do Sistema Simplificado de Aproveitamento Sustentável
poderá ser utilizado o método descrito por Crispim et al. (2012) que, em termos
gerais, consiste em limpar o entorno das nascentes manualmente retirando mate-
riais orgânicos como raízes, folhas, galhos e lama, e na sequência, coloca-se pedra
preenchendo todo o entorno da nascente com pedras (pedra rachão, por exem-
plo), em seguida instalam-se as tubulações necessárias. A cabeceira é vedada com
uma mistura feita com solo peneirado, cimento e água na proporção de 3x1 (solo-
cimento). As pedras têm o objetivo de filtrar a água (Figura 66).

Figura 66. Representação de recuperação e aproveitamento de nascentes


Fonte: Adaptado de CRISPIM; PAGLIARINI, 2012.

As tubulações servem para permitir o escoamento da água e serão dispos-


tas conforme sua função:
a) Uma tubulação é instalada na parte superior da nascente cujo objetivo é
receber água sanitária para tratamento e desinfecção da água, semestral-
mente, realizada pelo usuário/proprietário;
b) Uma segunda tubulação é instalada logo abaixo e servirá como extrava-
sor (ladrão) disposta de 15 cm a 20 cm acima da tubulação que serve para
fornecimento de água;
c) Uma terceira tubulação enviará água para consumo da propriedade;

148
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

d) Uma quarta servirá para esgotar a nascente no período da desinfecção


semestral.
Trata-se de uma técnica bastante difundida em diversas regiões do país que
deverá ser adaptada às diferentes realidades existentes da bacia do rio Mearim.
As estruturas protetoras das nascentes têm como objetivo evitar a conta-
minação, sobretudo da água para consumo humano já em sua origem, quer por
partículas de solo, ou por matéria orgânica oriunda das plantas circunvizinhas,
animais e outros.
A implantação do sistema deverá ser precedida de limpeza das proximi-
dades da nascente, e em seguida deverá ser construída uma estrutura física de
proteção contra aterramento e contaminação da área, com posterior implantação
de um sistema de condução da água da nascente para fora da APP, onde esta de-
verá ser aproveitada pelos moradores das propriedades rurais, bem como pelos
animais dessas propriedades.
Para o caso de nascentes pontuais, localizadas em encostas, por exemplo,
esse sistema consistirá basicamente na construção de uma estrutura de solo-ci-
mento para proteção do olho-d’água, em conjunto com materiais e ou equipa-
mentos necessários à captação e disponibilização da água.
Para as outras situações relativas ao tipo de afloramento, localização da
nascente na paisagem, propriedades com atividades de pecuária onde esteja
ocorrendo o pisoteamento da nascente pelos animais etc., a metodologia para
limpeza da nascente e implantação do Sistema Simplificado de Aproveitamento
Sustentável de suas águas deverá ser adaptada, incluindo a previsão no projeto
elaborado de bebedouro de água fora da área da nascente (fora do cercamento
a ser realizado).
Por se tratar de uma intervenção em Área de Preservação Permanente a
Empresa de Apoio deverá adotar todas as providências necessárias para, em con-
junto com os proprietários, garantir a regularidade ambiental das intervenções. Em
casos de maior complexidade caberá à Codevasf auxiliar na resolução da questão.

6.4 Capacitação e educação ambiental


Durante a implantação do PLANO NASCENTE MEARIM deverão ser oferta-
dos aos proprietários e demais habitantes das propriedades rurais, aos membros
do CGM, bem como à população do município interessada, eventos de divulga-
ção do Plano e de sensibilização ambiental, cursos e treinamentos voltados à ca-
pacitação. Os cursos/treinamentos deverão contemplar temas variados e afins à
preservação e recuperação de nascentes, como: hidrologia básica; conservação
de recursos hídricos; plantios de espécies nativas; boas práticas de conservação
de solo e água; proteção e captação de água de nascentes, entre outros a serem
definidos conjuntamente com as partes envolvidas.
Deverá ser dada atenção especial à formação de um grupo constituído por
pessoas dos segmentos acima mencionados, o qual deverá ser adequadamente
capacitado para atuar na operação dos instrumentos de medição de vazão e de
coleta, armazenamento, de amostra e aferição de parâmetros físico-químicos de
água de nascentes. Esses membros serão considerados agentes ambientais co-
munitários no âmbito do PLANO NASCENTE MEARIM.
Os cursos/treinamentos serão conduzidos pela empresa de apoio contra-
tada pela Codevasf e deverão ser realizados em diversos momentos/etapas da

149
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

implantação do PLANO NASCENTE MEARIM prevendo-se aos participantes o uso/


distribuição, de forma gratuita, de cartilhas e materiais audiovisuais (vídeo aulas)
que abordem os temas de forma didática, com emissão de certificados. O crono-
grama, o conteúdo e a metodologia deverão ser adequadamente delineados entre
a Codevasf e a empresa de apoio na fase inicial de implantação do Plano.

6.5 Monitoramento e manutenção das intervenções


realizadas
O monitoramento e a manutenção das intervenções realizadas têm como
objetivo assegurar que essas cumpram, por maior tempo possível, as funções a
que se destinam, e consistirão: i) na avaliação contínua do estado de conservação
destas; ii) na verificação do seu funcionamento adequado; e, iii) na realização de
reparos necessários.
Deverá ser de responsabilidade dos proprietários/beneficiários realizar o
monitoramento e a manutenção das intervenções registradas por meio da assi-
natura do Termo de Adesão Voluntária, os quais deverão contar com o apoio dos
CGMs e CCs, bem como capacitação mediante cursos e treinamentos previstos.

6.5.1 Monitoramento da quantidade e qualidade da água de


nascentes
O Controle da qualidade da água deve ser assumido não só pelo poder pú-
blico, mas por todos os usuários, pois a preservação da saúde pública e ambiental
é requisito essencial da qualidade da água. Porém, a qualidade da água pode ser
modificada por contaminação por microorganismos patogênicos e por meio da
mudança das características físicas e químicas dos corpos d’água (MILARÉ, 2001).
Ainda conforme Milaré (2001) a poluição da água tem sido causada princi-
palmente por esgotos domésticos, efluentes industriais, agrotóxicos e pesticidas,
detergentes sintéticos, mineração, poluição térmica e por focos dispersos e não
específicos, os quais geralmente estão relacionados à agricultura e pecuária.
O Brasil sempre dedicou atenção à proteção ao meio ambiente. Especial-
mente a partir da edição da Lei nº 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional
do Meio Ambiente o país vem implementando uma política ambiental de forma
mais efetiva em observância/aplicação dos instrumentos, normas e padrões de
qualidade preconizados/exigidos à manutenção da qualidade do meio ambiente
com vistas ao uso racional dos recursos ambientais.
A Resolução CONAMA nº 357/2005 (CONAMA, 2005) é um exemplo dessa
política ao estabelecer a classificação dos corpos de água, apresentar diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelecer as condições e pa-
drões de lançamento de efluentes. Segundo Amado (2012) este enquadramento
dos corpos d’água em classes, de acordo com o uso preponderante, tem por obje-
tivo assegurar o controle qualiquantitativo dos usos da água, bem como o direito
de acesso à água para os múltiplos usos.
A vigilância sobre a qualidade da água deve ser mais rigorosa consideran-
do-se que os organismos humanos são mais susceptíveis às doenças veiculadas
pela água. Em razão dessa afirmação o Ministério da Saúde editou a Portaria nº
2.914/2011 que estabelece procedimentos de controle de vigilância da qualidade
da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.

150
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Reconhecidamente, as nascentes constituem uma das fontes d’água alter-


nativa utilizada para consumo, incluindo aí os usos para o abastecimento humano.
Logo, cabe destacar o contido nos Art. 3º e 4º da referida Portaria, transcritos a
seguir:
Art. 3° Toda água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente
por meio de sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água,
deve ser objeto de controle e vigilância da qualidade da água.
Art. 4° Toda água destinada ao consumo humano proveniente de solução
alternativa individual de abastecimento de água, independentemente da forma de
acesso da população, está sujeita à vigilância da qualidade da água.
Nesse contexto as nascentes trabalhadas no âmbito do PLANO NASCENTE
MEARIM, independentemente do seu estágio de conservação ou da ocorrência
de uso de suas águas no dia adia da propriedade, deverão ser monitoradas qua-
liquantitativamente de forma permanente por meio da aferição sistemática e pe-
riódica de sua vazão e dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos de suas
águas, conforme o mencionado no item que trata do cadastramento, caracteriza-
ção e espacialização das nascentes e áreas de recarga hídrica.
As aferições dos parâmetros de quantidade e qualidade da água das nas-
centes deverão ser realizadas pelos proprietários rurais com o apoio de integran-
tes dos CGMs, das CCs e/ou outras instâncias colegiadas locais, como por exemplo,
Conselhos de Recursos Hídricos, de meio ambiente, dentre outros, preferencial-
mente com apoio de técnicos das instituições municipais e estaduais parceiras
com domínio do tema, os quais deverão fazer a validação, sempre que necessário,
das informações coletadas.
Para tanto, os proprietários das terras onde estão localizadas as nascentes,
e também os membros dos respectivos CGMs e das CCs, deverão receber treina-
mento e capacitação adequados para a coleta dos dados qualiquantitativos das
nascentes, os quais deverão ser conduzidos pela Empresa de Apoio contratada
pela Codevasf, e/ou por instituições parceiras que adotarem a metodologia pro-
posta neste Plano.
A determinação da vazão poderá ser feita por métodos simples (volumé-
tricos), e os parâmetros de qualidade da água a serem analisados serão selecio-
nados de acordo com o uso da água, os parâmetros indicados para o consumo
humano, a manutenção da vida aquática, a medida da biomassa, e as fontes de
poluição. Todos os procedimentos de coleta, conservação e análise serão efetu-
ados utilizando a metodologia analítica descrita no Standard Methods for the Exa-
mination of Water and Waste water, American Public Health Associatian (APHA, 2005).
A Codevasf deverá estruturar e manter um banco de dados georreferencia-
dos com acesso público e irrestrito via internet, contendo as informações de cada
nascente identificada, cadastrada e/ou trabalhada no âmbito do PLANO NASCEN-
TE MEARIM. Objetiva-se que esse banco de dados seja utilizado para avaliação da
eficácia das ações implantadas no âmbito do plano uma vez que as intervenções
realizadas têm efeito direto sobre a quantidade e a qualidade de água das nascen-
tes e também para o monitoramento ambiental das microbacias de modo mais
amplo.
Além de serem úteis para avaliação do PLANO NASCENTE MEARIM essas
informações também serão de grande importância para a gestão dos recursos
hídricos das sub-bacias onde estão localizadas as nascentes.

151
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

6.5.2 Estrutura do modelo de monitoramento


No âmbito do PLANO NASCENTE MEARIM será adotado o modelo de moni-
toramento comunitário da água conforme metodologia da rede Global Water Wat-
ch (GWW) (DEUTSCH; HARTUP, 2004), representada na Figura 67.

Figura 67: Modelo de monitoramento comunitário da rede Global Water Watch


(GWW)
Fonte: DEUTSCH; HARTUP, 2004.

O Programa Global Water Watch (GWW) surgiu na Universidade de Auburn,


localizada no estado de Alabama nos Estados Unidos da América (USA), e se es-
palhou por diversos países, como Filipinas, Equador, México, Indonésia e Brasil.
No Brasil, teve início pelo vale do rio Jequitinhonha, no estado de Minas Gerais,
com o Fundo Cristão para Crianças (FCC) trabalhando a formação de grupos de
monitores em diversas comunidades rurais, onde muitas famílias se beneficiaram
diretamente dos conhecimentos, instrumentos e metodologias de trabalho até
então desconhecidos, mas essenciais à manutenção da saúde das pessoas e con-
servação e proteção dos recursos hídricos.
Nesse contexto, deverá ser estabelecido pela Empresa de Apoio um Plane-
jamento do Monitoramento de Quantidade e Qualidade da Água das Nascentes,
considerando os aspectos integrantes do modelo GWW, detalhado a seguir:

a) Pessoas
As pessoas são o primeiro elemento do modelo de monitoramento propos-
to. Elas deverão se organizar em grupos responsáveis por “cobrir” todos os pontos
de monitoramento nas propriedades (as nascentes), devendo realizar coleta e ava-
liação da qualidade e quantidade da água, organização dos dados, avaliação dos
problemas encontrados, e definição de estratégias de atuação para solução dos

152
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

problemas. Para tanto, torna-se essencial nesse modelo a participação dos CGMs
e das CCs, ou a existência de lideranças locais que compreendam a importância
da qualidade da água que possuam disposição para o trabalho voluntário e sejam
capazes de organizar e manter grupos de monitoramento.
A formação desses agentes ambientais comunitários, conforme menciona-
do, terá as escolas dos municípios como parceria de extrema importância – haja
vista a necessidade de participação ativa do setor educacional no CGM – uma vez
que o ensino básico é um dos grandes responsáveis na formação das pessoas,
sendo esta a instância ideal para que se obtenham as mudanças necessárias na
forma de pensar sobre o ambiente, e na maneira de melhorar a convivência das
pessoas com o meio em que vivem. A participação de educadores nos cursos de
formação desses agentes de água possibilita um grande ganho na construção da
rede de monitores ambientais.

b) Tecnologia
A tecnologia utilizada caracterizada por ser de baixo custo, simples de ope-
rar, precisa, na imensa maioria dos casos, permitirá a análise dos dados ainda em
campo. Segue um protocolo de coleta e análise da qualidade da água aprovado
pela Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA) para os seguintes parâme-
tros físico-químicos e bacteriológicos: oxigênio dissolvido, pH, alcalinidade, dureza,
turbidez, temperatura, sólidos suspensos totais, Escherichia coli e outros colifor-
mes.
A seleção dos parâmetros a serem monitorados requer conhecimento das
atividades de uso e ocupação do solo na propriedade, qualidade da água local, dos
diferentes usos da mesma pelos proprietários, dos parâmetros e tecnologias dis-
poníveis, e dos procedimentos de análise que assegurem a qualidade dos dados.
Para tanto, torna-se indispensável à participação ativa de especialistas na capaci-
tação de lideranças comunitárias, integrantes da equipe técnica da Empresa de
Apoio, e formação de monitores capazes de avaliar a qualidade da água seguindo
padrões de coleta e de análise preestabelecido.

c) Dados confiáveis
A geração de dados confiáveis requer, além da capacitação dos grupos, a
estruturação de um plano de monitoramento pela comunidade – representada
pelos proprietários rurais e pelos CGMs – que permita direcionar os esforços na
aquisição e interpretação dos dados coletados. O planejamento é indispensável
para a manutenção da participação comunitária uma vez que leva à reflexão dos
objetivos que se almeja atingirem com o monitoramento.
No plano de monitoramento estabelecido devem estar contemplados, além
do objetivo que se pretende alcançar, a definição dos parâmetros, os pontos de
coleta, a forma de estruturação e interpretação dos dados coletados, e os respon-
sáveis pela coleta dos dados.
Usualmente o monitoramento busca avaliar a quantidade e qualidade da
água para o consumo humano, ou aprofundar o conhecimento sobre a dinâmica
dos recursos naturais em uma bacia hidrográfica. A pertinência do foco e dos pa-
râmetros escolhidos possibilita uma atuação efetiva do grupo de monitoramento
na melhoria da qualidade de vida da população e a adequada avaliação dos efeitos
das intervenções implantadas no âmbito do PLANO NASCENTE MEARIM, inclusive
analisando indicadores de possíveis agentes causadores de doenças diarreicas de
veiculação ou transmissão hídrica, responsáveis por elevadas taxas de mortalida-
de infantil em locais com saneamento básico deficiente.

153
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

A organização dos dados obtidos, sua interpretação, e disponibilização aos


demais membros da comunidade é essencial também para definição das ações
necessárias à proteção ambiental visando à remediação dos problemas novos que
venham a surgir. A discussão dos resultados das análises com os municípios será
promovida em seminários que auxiliem nas discussões dos problemas detecta-
dos, levantando possíveis causas e ações que possam contribuir para a melhoria
do sistema hídrico.

d) Utilização de dados locais


Utilizando-se métodos tradicionais de monitoramento a experiência da
rede GWW mostra que somente a participação da população no levantamento das
informações, identificação dos problemas, e nas discussões dos planos de ação,
torna sustentável esse processo de gestão em longo tempo.
Os dados gerados no âmbito do PLANO NASCENTE MEARIM serão utiliza-
dos pelas comunidades, sob a coordenação dos CGMs, na condução de quatro
atividades: educação ambiental, proteção e recuperação ambiental, articulação
institucional, e divulgação dos resultados. Os resultados do monitoramento tam-
bém impulsionarão ações de proteção dos recursos hídricos por meio da adoção
de práticas conservacionistas e preventivas da poluição, além de ações de recupe-
ração de áreas degradadas.
A participação dos grupos de monitoramento junto às instituições gover-
namentais na busca por apoio orçamentário para realização de ações que con-
tribuam para o manejo sustentável dos recursos hídricos, nos municípios ou nas
microrregiões, é outra importante atividade a ser realizada pelos monitores da
qualidade da água.

e) Divulgação
A divulgação ocorre naturalmente quando os resultados alcançados com o
monitoramento contribuem para melhoria da qualidade de vida da comunidade, e
novos membros se interessam em participar do trabalho. Também pode ser o re-
sultado de uma ação para a expansão do PLANO NASCENTE MEARIM, levando-o a
outras bacias. Seja formal ou informal, a ampliação do escopo do monitoramento
requer planejamento para garantia da qualidade no levantamento e interpretação
dos dados, assim como na busca por soluções.
A divulgação das ações e dos resultados alcançados é importante por possi-
bilitar a entrada de novos voluntários, ampliando assim a atuação de grupos exis-
tentes ou formando novos grupos de monitoramento, possibilitando a atuação
em outras bacias hidrográficas.

f) Sustentação das redes


Algumas características, segundo Deutsch e Hartup (2004), são vitais para
sustentabilidade do programa e grupos de monitoramento de águas:
• Liderança: a construção de um programa de monitoramento comunitário
de qualidade e quantidade da água requer uma liderança que reconheça
a importância da ação na melhoria da qualidade de vida, da necessidade
de capacitação dos membros da comunidade, e da formação de parcerias
capazes de fortalecer técnica e financeiramente o programa.

154
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

• Planejamento: o estabelecimento de uma visão comum do que se almeja


obter é essencial para manter o foco das ações e a qualidade dos resulta-
dos.
• Relevância: os grupos de monitoramento devem perceber sua relevância
no contexto sociopolítico e ambiental em que vivem, pois caso contrário,
perdem a motivação no seu trabalho voluntário.
• Flexibilidade com limites: as características sociais e econômicas de cada
país e região tornam necessária a adaptação dos objetivos e da forma de
atuação da rede. Entretanto, os diferentes grupos devem seguir um direcio-
namento comum relativo à garantia da qualidade das informações geradas.
• Parcerias: as parcerias com instituições de ensino e pesquisa, Organiza-
ções Não Governamentais (ONGs), empresas e instituições de financiamen-
to são essenciais na formulação e implementação do programa, garantindo
a qualidade das informações geradas e continuidade das ações de monito-
ramento.

g) Instituições e políticas
A interação dos grupos de monitoramento com instituições políticas é mui-
to importante para formação de parcerias que possam impulsionar os trabalhos
e ampliar as ações. Para tanto, é imprescindível a compreensão pelos grupos da
legislação pertinente aos recursos hídricos e ambientais, assim como o conheci-
mento da política local, para que os resultados do monitoramento possam ser
avaliados e difundidos, e as ações de melhoria da qualidade da água sejam ade-
quadamente tomadas.
Segundo Deutsch e Hartup (2004), o monitoramento comunitário possibilita
às instituições ambientais governamentais e não governamentais o conhecimento
da quantidade e qualidade da água em locais onde antes inexistia informação,
podendo esse trabalho beneficiar não só a comunidade, mas instituições diversas.
No Brasil, trabalho semelhante com qualidade da água foi desenvolvido por
Figueiredo et al (2008), da Embrapa Agroindústria Tropical, no Assentamento Rural
de Santa Bárbara, no município de Jaguaretama no estado do Ceará, conforme
consta no estudo “Monitoramento comunitário da qualidade da água: uma ferra-
menta para a gestão participativa dos recursos hídricos no semiárido”.
Exemplos de programas que adotam metodologias de qualidade de água
podem ser encontrados no Distrito Federal (Programa “Adote uma Nascente” do
Instituto Brasília Ambiental - IBRAM), no estado de São Paulo, a Fundação “SOS
Mata Atlântica”, desde 1993 vem desenvolvendo uma metodologia de monitora-
mento da qualidade da água por meio do Programa Observando os Rios, cujas
publicações apresentam metodologias de análise de qualidade da água a partir da
participação de grupos de voluntários ao longo de toda área de abrangência da
Mata Atlântica e do Distrito Federal. (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA, 201714).
Mais recentemente foi lançado no 8º Fórum Mundial da Água, março de
2018, a publicação do Instituto Mineiro de Gestão das Águas intitulada “Comparti-
lhando experiências das águas de Minas Gerais – Brasil”, volumes 1 e 2, documen-

14 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Observando os rios 2017: o retrato da qualidade da água nas bacias
da Mata Atlântica. [2017?]. 45 f. Relatório. <Disponível em: <https://www.sosma.org.br/wp-content/uploads/2017/03/
SOSMA_Observando-os-Rios-2017_online.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2017

155
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

tos esses que trazem inúmeras ações para a produção de água, as quais contri-
buem principalmente com as estratégias de melhorias dos índices de qualidade da
água a partir da governança de recursos hídricos entre o poder público, usuários,
sociedade civil organizada, instituições de pesquisa, extensão etc. Experiências
essas que podem ser replicadas não somente no estado de Minas Gerais, mas
também em todo o território nacional, os documentos podem ser acessados em
http://www.igam.mg.gov.br/.
Maiores informações sobre o tema podem ser encontrados no Portal de
Qualidade das Águas da Agência Nacional de Águas - http://portalpnqa.ana.gov.br/.

6.5.3 Ferramentas utilizadas no monitoramento da água

a) Medição de vazão
Medição de vazão é todo processo empírico utilizado para determinar a
vazão de um curso d’água. Segundo Santos (2001) os métodos de medição de
vazão são: medição e integração da distribuição de velocidade, método acústico,
método volumétrico, método químico, uso de dispositivos de geometria regular
(vertedores e calhas Parshal15, e medição com flutuadores).
O método volumétrico poderá ser adotado no âmbito do PLANO NASCEN-
TE MEARIM para medição de nascentes pontuais, por ser um método viável para
pequenas vazões. É realizado através da medição do volume escoado durante
um período de tempo estipulado anteriormente, obtendo assim a vazão média
durante esse tempo.
Para a medição dos volumes utilizam-se tanques convenientemente afe-
ridos; e para a contagem do tempo utilizam-se cronômetros (ROCHA, 2011). Nas
nascentes difusas – que possuem vários pontos de afloramento juntos - poderá
ser utilizado o método da calha Parshal.

b) Monitoramento da qualidade da água


O monitoramento da qualidade da água é realizado com uso de kits portá-
teis (conjunto ou estojo) compostos de frascos, reagentes, e outros materiais para
realização de análises físico-químicas, acompanhado de um folheto explicativo so-
bre o modo de usar, abordando a importância ambiental das variáveis analisadas.
Essa ferramenta permitirá aos indivíduos treinados e denominados de
Agentes Ambientais Comunitários monitorarem a qualidade da água nas nascen-
tes do município, localidades onde residem, determinando diversas variáveis físi-
co-químicas com precisão aceitável.
O uso do kit permite atender a grandes áreas, além de proporcionar uma
alta frequência nas análises, tornando a metodologia uma ferramenta auxiliar de
grande importância na avaliação e monitoramento da qualidade da água. É uma
técnica simples e de grande aceitação nos diversos segmentos envolvidos com a
formação dos agentes.

c) Uso de laboratórios regionais


Em casos que se fizerem necessárias análises mais detalhadasas amostras
de água das nascentes serão encaminhadas a laboratórios reconhecidamente

15 Medidor de vazão tipo “Calha Parshall” é um equipamento utilizado na medição contínua de vazão e/ou
mistura rápida de coagulantes em Estações de Tratamento de Água (ETA’s) e Estações de Tratamento de Efluentes
(ETE’s).

156
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

idôneos localizados nos municípios ou regiões onde se localizam as nascentes


trabalhadas no âmbito do PLANO NASCENTE MEARIM. O encaminhamento dessas
amostras será de responsabilidade da Empresa de Apoio, na fase cadastral, e dos
CGMs, na fase de monitoramento pós-execução das intervenções. O uso de labo-
ratórios servirá para dar cobertura a situações das nascentes em que os demais
instrumentos usados apontarão para algum problema de maior amplitude que
necessitem, portanto, de análises mais apuradas.

d) Uso de sondas multiparâmetros


As sondas de medição de qualidade da água possuem diversos sensores
acoplados para medidas de diferentes parâmetros de forma simultânea, e são
de grande utilidade em trabalhos de inventário e monitoramento da qualidade
das águas em extensas áreas geográficas, especialmente em bacias hidrográficas.
Essas sondas são instrumentos de precisão e podem ser usadas de forma estática
(fixas em determinado local) ou de forma dinâmica (conduzidas por quem está
monitorando).
Têm grande capacidade de armazenamento de dados e possibilitam o envio
dos resultados via sistema de telemetria. Quando em modo fixo, podem ser aco-
pladas em sistemas transmissores de dados, possibilitando um monitoramento
em tempo real e de modo contínuo.

6.5.4 Avaliação da efetividade das ações executadas


A avaliação da efetividade das ações deverá ser pautada, sobretudo, em pa-
râmetros de quantidade e qualidade das águas produzidas pelas nascentes. Espe-
ra-se, a partir das intervenções realizadas, que haja o aumento da vazão e melho-
ria das características físico-químicas e microbiológicas das águas das nascentes.
Desse modo, o efeito das intervenções sobre as nascentes deverá ser mo-
nitorada a partir da aferição periódica e continuada da vazão, e de parâmetros de
qualidade da água das nascentes, conforme item 6.3.2. Esses procedimentos per-
mitirão a criação de um banco de informações sólidas e confiáveis que possibilite
avaliar a efetividade das intervenções executadas, inclusive daquelas voltadas ao
envolvimento e sensibilização das populações beneficiadas acerca da preservação
e conservação das nascentes.
A primeira aferição dos dados qualiquantitativos das nascentes, após as in-
tervenções implantadas pela empresa executora, deverá ser realizada por mem-
bros dos CGMs, CCs e proprietários rurais, a título de demonstração. A partir de
então, esses últimos deverão dar continuidade ao monitoramento dos parâmetros
de quantidade e qualidade da água de forma periódica e permanente, contando
com o apoio dos CGMs quando necessário.
Além do apoio técnico aos proprietários, os membros do CGM com for-
mação técnica ligada ao objeto do PLANO NASCENTE MEARIM, deverão fazer a
validação dos dados coletados por esses últimos, sempre que necessário. Ao CGM
caberá, ainda, repassar os dados aferidos semestralmente à Codevasf e/ou a en-
tes públicos parceiros (federais, estaduais ou municipais) responsáveis por fazer a
gestão de recursos hídricos na bacia, os quais deverão fazer a recepção, armaze-
namento, tratamento e interpretação das informações.
Adicionalmente ao monitoramento das águas realizado pontualmente nas
nascentes, a Codevasf poderá com o CGM, e eventualmente com apoio da Agência
Nacional de Águas (ANA) e de instituições estaduais gestoras de recursos hídricos,

157
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

estruturar redes de monitoramento qualiquantitativo de água diretamente nos


cursos d’água formados logo à jusante das nascentes trabalhadas.
As estações de monitoramento que integram a rede deverão coletar in-
formações sobre quantidade e qualidade da água objetivando a verificação, nos
cursos d’água de 1ª ordem (originado das nascentes) e de 2ª ordem (formados
pela confluência de dois ou mais cursos de 1ª ordem), do efeito das intervenções
realizadas no âmbito do PLANO NASCENTE MEARIM. Inicialmente deverá ser ve-
rificada junto à ANA e às instituições estaduais a disposição das estações de mo-
nitoramento já existentes e, nos casos em que estas não existam nos pontos es-
tratégicos desejados, poderão ser implantadas. Caberá aos CGMs dos municípios
onde essas redes serão introduzidas, dotados de condições técnicas e estruturais
necessárias, realizarem as aferições necessárias ao monitoramento continuado
do curso d’água.

6.6 Mecanismos de estímulos à adesão ao plano


A maioria das nascentes está localizada em propriedades rurais dos muni-
cípios, e uma minoria nas áreas urbanas. Para que seja obtido o sucesso almeja-
do com a implantação do Plano de Preservação e Recuperação de Nascentes é
imprescindível que haja a adesão ou aceitação dos proprietários rurais quanto à
execução das intervenções em suas propriedades.
Nesse sentido, deverão ser estabelecidos mecanismos que visem elevar a
adesão dos proprietários quanto à execução de intervenções orientadas pelo PLA-
NO NASCENTE MEARIM, de modo a compatibilizar a preservação e recuperação
de nascentes, nos termos previstos em Lei, com a exploração econômica da pro-
priedade, buscando minimizar situações de conflitos entre os dois pontos de vista.
A maior parte desses mecanismos é hoje definida no próprio “Novo Código
Florestal”, sobretudo, traduzida em possíveis benefícios acessíveis aos proprietá-
rios por meio do Programa de Regularização Ambiental (PRA) e do Programa de
Apoio e Incentivo a Preservação e Recuperação do Meio Ambiente.
Além dos atrativos previstos em Lei o PLANO NASCENTE MEARIM deverá
buscar, mediante as ações de sensibilização e educação ambiental prevista em
seu escopo, demonstrar aos proprietários rurais a importância da proteção de
nascentes como fonte de água para a propriedade e para toda a sociedade.

6.7 Articulação interinstitucionais
Para viabilização da execução do PLANO NASCENTE MEARIM é imprescindí-
vel o engajamento do setor público nas esferas federal, estadual e municipal, bem
como de segmentos organizados da sociedade com capacidade de mobilização e
que possuam afinidade com a temática ambiental. A atuação de parceiros com a
Codevasf deverá ocorrer em dois níveis:

a) Planejamento e apoio à gestão


No nível de planejamento e apoio à gestão a atuação dos parceiros se dará
durante todas as fases do PLANO NASCENTE MEARIM. Deverão ser desenvolvi-
das atividades importantes para o fortalecimento do Plano como política pública,
mediante sua internalização pelos parceiros, objetivando o apoio político, institu-

158
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

cional, legal e orçamentário, como forma de viabilização de sua efetiva implan-


tação, bem como sua compatibilização com outras iniciativas governamentais.
Incluem como parceiros dessa etapa: Ministério da Integração Nacional
(MI); Ministério do Meio Ambiente (MMA), Agência Nacional de Águas (ANA), Ins-
tituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA), Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Serviço Florestal Brasi-
leiro (SFB); Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG); Minis-
tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); Secretaria Especial de
Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário; Ministério da Defesa – Exército
Brasileiro; Ministérios Públicos Estaduais e Federal; Bancos Públicos; Governos
Estaduais; Governos Municipais; Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Mearim
(CBH-Mearim); Comitês das sub-bacias e microbacias; Organizações Interna-
cionais; dentre outros.

b) Executivo
A atuação dos parceiros se dará diretamente na fase de implantação das
ações onde será necessária a participação de instituições públicas (federais,
estaduais e municipais) e privadas, ONGs etc., com capacidade técnica e logís-
tica para apoiar a execução e manutenção das intervenções, bem como, com
capilaridade e capacidade de mobilização social em escala local.
Nessa fase as parcerias estabelecidas serão de extrema importância,
com destaque para as participações de CGMs, os quais deverão congregar di-
ferentes atores e representar diversos segmentos fundamentais para o suces-
so do Plano, das CCs e, principalmente, a sociedade local.
São consideradas instituições importantes para a implantação do PLANO
NASCENTE MEARIM: secretarias estaduais e municipais de meio ambiente; se-
cretarias estaduais e municipais de recursos hídricos; secretarias estaduais e
municipais de agricultura ou afins; Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural (Emater); Comitê de Bacia Hidrográfica; Prefeituras; Igrejas; Associações e
Sindicatos de Produtores Rurais; Companhias de Abastecimento e Saneamen-
to; Comissões Gestoras de Reservatórios existentes na região; dentre outras.
Além disso, é possível obter apoio de fundações que já vêm desenvol-
vendo ações, tanto no âmbito local, estadual quanto nacional, em temas se-
melhantes, como exemplo a Fundação Banco do Brasil (FBB). O importante,
além do aporte financeiro, é que essas instituições, por apoiar projetos no país
inteiro, podem fornecer os elementos que viabilizaram técnica e economica-
mente aqueles desenvolvidos em outras bacias hidrográficas, como subsídio
aos trabalhos do PLANO NASCENTE MEARIM.

6.8 Metas do PLANO NASCENTE MEARIM


O PLANO NASCENTE MEARIM prevê, inicialmente, atuar nas 2.526 nascentes
identificadas pela Codevasf na bacia do rio Mearim, em um horizonte de quatro
anos, objetivando a realização de intervenções voltadas à preservação e recupera-
ção dessas nascentes, iniciando a contagem de tempo a partir da data da efetiva
garantia dos recursos orçamentários e financeiros. Novas nascentes identificadas
poderão ser incluídas ao longo do processo.
Condição necessária ao sucesso das ações do PLANO NASCENTE MEARIM
pressupõe, como contrapartida, que o proprietário seja o responsável direto pela
manutenção das intervenções realizadas.

159
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Entretanto, fica patente que o quantitativo de nascentes a ser trabalhado


apenas será cumprido se houver a participação, além dos produtores e da própria
Codevasf, de outras entidades parceiras executoras, a exemplo do Exército Brasi-
leiro, da Emater, dos estados envolvidos, das secretarias de estado da agricultura,
dos órgãos estaduais de meio ambiente e recursos hídricos, das secretarias esta-
duais de educação e de saúde, entre outras.
Ainda, a experiência da Codevasf demonstra que a recuperação e controle
de processos erosivos exige, para seu pleno êxito, a participação efetiva da inicia-
tiva privada, da sociedade e dos governos, ao condicionarem financiamento ou
outros incentivos à obrigatoriedade de aplicação de boas práticas de manejo de
solo e água nas atividades produtivas desenvolvidas pelos beneficiários.

6.8.1 Análise estratégica para consecução das metas do


plano
O sucesso do PLANO NASCENTE MEARIM depende de uma série de fatores
e está sujeito a um conjunto de riscos, os quais devem ser registrados de modo
que possam ser devidamente trabalhados, onde possível, desde a concepção até
a efetiva implantação do Plano.
Partindo-se dessas premissas são abordados a seguir os principais aspec-
tos relacionados ao êxito das ações atreladas à finalidade do Plano - o aumento
da quantidade e a melhoria da qualidade da água da bacia do rio Mearim - de um
lado abordam-se os fatores mais significativos atrelados ao sucesso do Plano e, de
outro, é tecida uma análise estratégica onde se enfoca os pontos fortes capazes
de contrapor aos pontos fracos, definindo-se diretrizes para aproveitar as oportu-
nidades e enfrentar as ameaças:

a) Fatores críticos de sucesso do plano


As ações e atividades previstas para serem executadas no âmbito do pre-
sente Plano possuem vinculação com outros instrumentos e políticas governa-
mentais, nacionais e internacionais, tais como o Sistema Nacional de Cadastro
Ambiental Rural (SICAR), e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)
adotados em 2015 por ocasião da Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvi-
mento Sustentável, e os compromissos assumidos pelo Brasil durante o Acordo de
Paris resultantes da 21ª Reunião da Cúpula das Nações Unidas para o Desenvol-
vimento Sustentável (COP21) e da COP23, os quais deverão, segundo o Ministério
das Relações Exteriores (Itamaraty) “orientar as políticas nacionais e as atividades
de cooperação internacional nos próximos anos”.
A bacia do rio Mearim tem sofrido um processo desordenado de ocu-
pação do espaço geográfico com grave degradação ambiental, resultado das
ações antrópicas que afetam os recursos hídricos e acarretam processos ero-
sivos. As implicações decorrentes dessa ocupação, na maior parte dos casos,
ocorrem em desacordo com a adoção de boas práticas de conservação de
água e solo, ocasionando assoreamento e esgotamento de nascentes, erosão
do solo, perdas produtivas de solos, contaminação das águas etc.
Neste contexto, é de se esperar ao longo do processo de revitalização
das nascentes, um desafio no sentido de conciliar as atividades previstas no
PLANO NASCENTES MEARIM com as ações de desenvolvimento econômico da

160
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

região, como exemplo aquelas previstas no Plano Desenvolvimento do Matopi-


ba, de modo que o processo se dê de forma sustentável, zelando pela preser-
vação ambiental das áreas de recarga e das APPs.
Do contrário, muito do esforço de recuperação de nascentes com foco
na contribuição para o aumento da quantidade e de boa qualidade de água que
flui para a calha principal do rio Mearim não será percebido pela sociedade, o
que poderá levar a uma interpretação equivocada do seu real valor ambiental.
Muitos são os fatores que se relacionam ao sucesso deste importante
Plano, mas os seus resultados e desempenho dependerão, sobretudo, da mo-
tivação de cada cidadão que aderir a esta causa, quer seja um servidor público,
um pesquisador, um agricultor.
O que motivou a elaboração deste instrumento deverá ser perpetuado
na luta pela conservação e preservação das áreas de recarga, e pela proteção
e recuperação das nascentes e demais áreas de relevante interesse ecológico,
espalhadas por esta região de beleza e riqueza inestimáveis, que formam a
bacia do rio Mearim.
Portanto, a adesão coletiva e o empenho de toda a sociedade para a
implantação do Plano formam, sem dúvida, o principal fator de sucesso para
que a bacia hidrográfica do rio Mearim tenha água em quantidade e qualidade
suficientes para seus usos múltiplos.

b) Análise SWOT
O Quadro 8 apresenta uma análise estratégica de riscos baseada na me-
todologia SWOT (Strengths - Forças; Weaknesses - Fraquezas; Opportunities
- Oportunidades; e Threats - Ameaças), ou metodologia FOFA (Forças; Fraque-
zas; Oportunidades; Ameaças), aplicada ao PLANO NASCENTE MEARIM, que
tem como objetivo elucidar o contexto em que o mesmo está inserido, com a
finalidade de possibilitar o desenvolvimento de estratégias visando construir
pontos fortes, eliminar os pontos fracos, aproveitar oportunidades, e enfrentar
as ameaças.

161
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

FORÇAS FRAQUEZAS

1. Equipe Técnica Capacitada – Codevasf e 1. Fonte orçamentária definida;


Parceiros;
2. Dificuldade de compreensão da importância
2. Capilarida de da Codevasf quando articulada da ação na esfera política, governamental, pro-
com seus entes parceiros; dutores e sociedade civil.

3. Experiência da Codevasf e de parceiros ad-


quirida no âmbito do Programa de Revitalização
entre 2004 e 2017.

OPORTUNIDADES AMEAÇAS

1.          Forte apelo político em relação ao tema 1. Não alocação de orçamento para implanta-
“Nascente” em função da atual crise hídrica e da ção do PLANO NASCENTE MEARIM;
cobrança da população pela revitalização dos 2. Baixa adesão pelos proprietários ao PRA,
mananciais; instituído pela Lei nº 12.651/12;
2.          Necessidade de recomposição e recupe- 3. Proprietários não se interessarem pelo PLA-
ração ambiental de áreas de nascentes e outras NO NASCENTE MEARIM
APP’s por parte dos proprietários rurais, para
fins de regularização ambiental de suas proprie-
dades, a partir de sua inscrição no CAR e adesão
ao PRA, instituídos pela Lei nº 12.651/12;

3. Regulamentação, pelo governo federal, do


Programa de Apoio e Incentivo à Preservação e
Recuperação do Meio Ambiente;

4. Crescente conscientização da sociedade nos


meios urbano e rural quanto à importância da
conservação dos recursos hídricos;

5. Aumento da demanda de utilização de re-


cursos hídricos para atividades produtivas que
dependem da preservação de nascentes.

Quadro 8. Análise SWOT aplicada ao PLANO NASCENTE MEARIM

6.9 Orçamento
O orçamento para consecução das metas dentro do prazo estabelecido
de quatro anos foi estimado considerando as seguintes premissas definidas com
base em dados/estimativas técnicas:
• O PLANO NASCENTE deverá atuar, inicialmente, em 2.526 nascentes no
meio rural na bacia do rio Mearim;
• Desse total de nascentes estima-se que 60% apresentam-se degradadas
e 20% estão moderadamente preservadas/degradadas, sendo essas as nas-
centes passíveis de intervenções práticas voltadas à sua recuperação no
âmbito do PLANO NASCENTE MEARIM, e demandarão intervenções volta-
das ao manejo de solo e água em áreas à montante – no entorno das nas-
centes – com efeito direto sobre sua recarga;
• Estima-se que 20% são o percentual de nascentes preservadas, as quais
poderão não sofrer intervenção prática no âmbito do presente PLANO NAS-

162
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

CENTE MEARIM. Todavia, demandarão ações de educação ambiental volta-


das à manutenção de sua preservação.
Partindo-se dessas premissas deverá ser implantado um conjunto de in-
tervenções visando à preservação e à recuperação dessas nascentes, em con-
formidade com o projeto técnico, que poderá ser executado integralmente ou
parcialmente conforme cada situação listada nas premissas acima, podendo ser:
• Cadastramento, georreferenciamento, registro fotográfico e caracteriza-
ção e elaboração de projetos técnicos de preservação e recuperação das
nascentes;
• Cercamento, quando necessário, do perímetro da APP da nascente com
raio de no mínimo 50 m, conforme legislação;
• Realização de estímulo à regeneração natural em APP’s no entorno de
nascentes, e plantios de enriquecimento, quando necessário;
• Terraceamento, quando necessário, em área mínima de dois hectares lo-
calizada na área de recarga da nascente;
• Construção de bacias de captação (barraginhas), quando necessário, em
uma área de dois hectares situada na zona de recarga da nascente, em con-
formidade com o projeto técnico;
• Implantação de sistemas de captação e uso sustentável da água das nas-
centes, quando necessário;
• Aquisição de equipamentos e monitoramento continuado da quantidade
e qualidade da água de todas as nascentes;
• Adequação ambiental de estradas rurais que impactam as áreas de recar-
ga de nascentes, quando necessário;
• Ações de mobilização social, sensibilização, capacitação e educação am-
biental.
Considerando as premissas estabelecidas para o PLANO NASCENTE MEA-
RIM os tipos e os quantitativos de intervenções a serem realizadas em cada situ-
ação, estima-se um custo unitário por nascente de R$ 18.000,00 – considerando:
termo de referência, edital, licitação, e execução das obras, aquisição de instru-
mentos, incluindo o BDI.
O investimento total para implantação do Plano, considerando o quantita-
tivo de 2.562 nascentes, é de R$ 46.116.000,00 a ser investido em quatro anos,
iniciando a contagem de tempo a partir da data da efetiva garantia dos recursos
orçamentários e financeiros.

6.9.1 Fontes orçamentárias para implantação do plano


Os recursos orçamentários necessários à implantação do PLANO NASCEN-
TES MEARIM poderão ser garantidos pelo próprio Governo Federal no âmbito do
Programa de Revitalização de Bacias Hidrográficas, e ainda pelos governos esta-
dual, municipais, organismos internacionais, iniciativa privada, instituições públicas
de financiamento da agropecuária etc.
São indicadas a seguir possíveis fontes para o orçamento destinado a cobrir
as despesas (correntes e de capital) previstas no PLANO NASCENTE MEARIM:
• Orçamento Geral da União (PAC, Emendas, etc.);
• Agência Nacional de Águas - ANA;

163
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

• MMA/Fundo Nacional de Meio Ambiente;


• Comitês de Bacias Hidrográficas – via recursos de cobrança pelo uso da
água;
• Governo Estadual;
• Iniciativa privada.

6.10 Divulgação dos resultados


A divulgação dos resultados das ações é fundamental como forma de dar
transparência, e possibilitar o conhecimento e a avaliação do PLANO NASCENTE
MEARIM pela sociedade da bacia do rio Mearim e de outras bacias por todo o País,
bem como pelos órgãos de controle.
A divulgação dos resultados auferidos pela implantação, parcial ou total, do
PLANO NASCENTE MEARIM também poderá inspirar, estimular e contribuir para a
realização de ações semelhantes em outras bacias hidrográficas do País, servindo
também, por meio da evidenciação de obstáculos e superações, para o aprimora-
mento de iniciativas semelhantes. Sobretudo, considera-se que a divulgação dos
resultados do PLANO NASCENTE MEARIM será notável pela demonstração dos
benefícios em termos de aumento da quantidade e melhoria da qualidade da água
almejada nesta ação.
Nesse sentido, a divulgação dos resultados do PLANO NASCENTE MEARIM
pode também ser vista como suporte técnico para disseminar o efeito das ações
a serem implantadas, previstas no seu escopo, e conscientizar/sensibilizar os ocu-
pantes do meio rural de todo o País quanto à importância das práticas voltadas
à conservação dos recursos naturais na exploração das suas propriedades e, es-
pecificamente, sobre a importância da preservação/conservação de nascentes.
Outro aspecto importante será a avaliação e o reconhecimento da importância da
participação da sociedade em um processo dessa natureza.
Os resultados da implantação do PLANO NASCENTE MEARIM deverão ser
divulgados mediante produção de documentos técnicos, cartilhas, cartazes, ma-
terial audiovisual, imprensa etc., que deverão contemplar toda a metodologia em-
pregada, bem como a avaliação técnica dos resultados, embasada, sobretudo, nos
dados de monitoramento da água das nascentes.

164
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Transporte típico na bacia do rio Mearim (10)

165
Vereda (11)
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

7 O PLANO NASCENTE MEARIM NO CONTEXTO


DO PROGRAMA DE REVITALIZAÇÃO DAS BACIAS
HIDROGRÁFICAS

O PLANO NASCENTE MEARIM, pela natureza de suas ações, pode ser clas-
sificado como uma ação de fortalecimento e desenvolvimento do Programa de
Revitalização das Bacias Hidrográficas desenvolvido pelo Governo Federal.
A Codevasf desde 2004, quando se deu início ao Programa de Revitalização
das Bacias Hidrográficas, vem executando ações que objetivam a revitalização das
bacias hidrográficas dos rios de sua área de atuação, atuando em diferentes com-
ponentes da estruturação do Programa de Revitalização, como: implantação de
sistemas de esgotamento sanitário; obras voltadas ao abastecimento de água para
consumo humano; coleta, tratamento e destinação de resíduos sólidos; apoio aos
arranjos produtivos locais; produção e conservação de recursos pesqueiros; apoio
à gestão de recursos hídricos; e recuperação de áreas degradadas/perturbadas e
controle de processos erosivos.
As ações de recuperação e controle de processos erosivos visam promover
a revitalização de bacias hidrográficas por meio de proteção, preservação, con-
servação e recuperação hidroambiental, a partir do estímulo ao uso sustentável
dos recursos naturais, sobretudo, solo, água e recursos florestais, associado à me-
lhoria das condições socioeconômicas das populações das bacias de atuação da
Empresa.
Esse tipo de ação consiste essencialmente em intervenções voltadas ao
estabelecimento do manejo adequado de solo e água nas propriedades rurais
visando à redução da perda de solo, à recuperação de áreas degradadas, à con-
servação/preservação dos recursos naturais de modo geral, e à aplicação da le-
gislação florestal, incluindo-se por consequência, a preservação e conservação de
nascentes. São exemplos dessas intervenções:
• Construção de bacias de captação da água da chuva;

• Construção de terraços, associados ou não a bacias de captação;

• Adequação ambiental de estradas rurais;

• Conservação e/ou recuperação, por meio de revegetação e cercamento,


de Áreas de Preservação Permanente (matas ciliares, áreas de topo de
morro, entorno de nascentes), áreas de reserva legal, dentre outras
áreas de vegetação nativa;

• Contenção/estabilização de voçorocas;

• Estabilização de margens de rios;

• Ações de sensibilização e mobilização social, educação ambiental e


capacitação.
Uma das principais finalidades dessas ações é captar e acumular águas das
chuvas aumentando assim sua infiltração no solo e promovendo o abastecimento
dos lençóis freáticos e artesianos. As ações também ajudam a reduzir o escoa-

167
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

mento superficial de água, o que evita o arraste de sedimentos, o empobrecimen-


to do solo e o assoreamento dos cursos d’água.
Até outubro de 2017 a Codevasf empreendeu em ações para revitalização
das bacias hidrográficas de sua área de atuação investimentos de mais de R$ 2,48
bilhões. Especificamente voltados para controle de processos erosivos já foram
investidos cerca de R$ 245 milhões (Figura 68 A a C; Figura 69 A a C; 70 A a C; 71
A a C; e 72 A e B).
Entre as diferentes formas de atuação, tendo como foco o controle de pro-
cessos erosivos, foram executadas pela Codevasf nas bacias do rio São Francisco
e Parnaíba, em parceria com outros órgãos federais, governos estaduais, prefeitu-
ras, associações e outros segmentos organizados, as seguintes intervenções prá-
ticas desde 2007:

1. Implantadas mais de 40 mil bacias de contenção da erosão e recarga hídrica


da chuva (barraginhas)

Figura 68 A a C. Barraginhas implantadas pela Codevasf em Minas Gerais


Fonte: CODEVASF, 2015.

2. Implantados mais de 7,5 mil quilômetros de terraços para contenção da


erosão e recarga hídrica das chuvas

Figura 69 A a C. Terraços implantados pela Codevasf em Minas Gerais


Fonte: CODEVASF, 2015.

168
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

3. Protegidos e/ou revegetados cerca de 20 mil hectares de áreas ciliares, to-


pos de morros, e cerca de 1.300 nascentes protegidas.

Figura 70 A a C. Nascentes e mata ciliar cercadas pela Codevasf em Minas Gerais


Fonte: CODEVASF, 2015.

4. Readequadas ambientalmente estradas rurais, estabilização de voçorocas,


e estabilização de margens de rios.

Figura 71 A a C. Contenção de margens e adequação de estradas na bacia do


São Francisco; e controle de voçoroca na bacia do Parnaíba
Fonte: CODEVASF, 2016.

5. Realização de ações de sensibilização, mobilização, educação ambiental e


capacitação da sociedade das bacias dos Rios São Francisco e Parnaíba.

Figura 72 A e B. Capacitação de produtores e técnicos extensionistas


Fonte: CODEVASF, 2017.

169
Serra Grande na cabeceira do rio Corda (12)
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na avaliação das nascentes e das áreas de recarga hídrica do rio Mearim e


de seus principais afluentes verificou-se, num contexto geral, a vulnerabilidade em
que se encontram importantes áreas mantenedoras da condição hídrica da bacia.
Degradação das nascentes, supressão da vegetação, queimadas, uso incorreto do
solo, assoreamento e contaminação por esgotos sanitários são as observações
mais importantes.
Em vista desse cenário, a preservação, conservação e recuperação dos ma-
nanciais são pontos fundamentais para a manutenção da perenidade dos cursos
d’águas da bacia do rio Mearim. Considerando a possibilidade de agravamento
das chamadas ‘mudanças climáticas’, urge a adoção de medidas que visem a se-
gurança hídrica da bacia, com a participação de todas as partes envolvidas, onde
todos os interessados tenham responsabilidades:

i. Desenvolvimento de um amplo trabalho de educação ambiental e


de uso correto de ocupação do solo com a população local, produtores
e empresários em geral, e envolvendo as esferas de governo – federal,
estadual e prefeituras municipais;
ii. Conscientização e apoio aos proprietários e moradores circunvizi-
nhos das nascentes e áreas de recarga, visando a conscientização para
preservação dos recursos hídricos;
iii. Realização de estudos para o uso correto e ocupação do solo na
bacia, principalmente no Alto e Médio curso, tendo em vista a evolução
do cultivo e o avanço sobre matas ciliares e, principalmente, das veredas
e nascentes;
iv. Criação de unidades de conservação de proteção integral abrangen-
do as áreas do entorno das nascentes formadoras do rio Mearim, como
também dos seus principais tributários, notadamente os rios Pindaré,
Grajaú, Grajauzinho, Corda e Flores;
v. Estabelecimento de parcerias com instituições governamentais, lo-
cais e organizações locais ou regionais, incluindo comunidades tradicio-
nais, para a criação de comitês gestores para a implantação do PLANO
NASCENTE MEARIM, nas áreas escolhidas como prioritárias para a recu-
peração e proteção de nascentes;
vi. Implantação de sistemas de coleta e tratamento de esgotos domés-
ticos e industriais, favorecendo a recuperação da ictiofauna, a diminui-
ção da contaminação da população por doenças de veiculação hídrica e
a melhoria da qualidade da água dos recursos hídricos;
vii. Intensificação da fiscalização e monitoramento de atividades e em-
preendimentos que ocasionam degradação e contaminação dos recur-
sos hídricos da bacia do rio Mearim.
viii. Constituir corredores ecológicos entre as terras indígenas, unidades
de conservação, territórios quilombolas e outras áreas protegidas, como
por exemplo: áreas de preservação permanentes e reservas legais, com
a finalidade de preservar e conservar as principais características socio-
ambientais da bacia hidrográfica do rio Mearim.

171
Rio Buritirana (13)
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

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Copa da vereda do rio Corda (14)

183
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

Cachos de coco babaçu (15)

184
PLANO DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM

CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS

CODEVASF

Sede
Eduardo Jorge de Oliveira Motta:
Capa e Contracapa
Folhas de rosto: 1 a 13
Figuras: 7 A a D ; 9; 10; 11; 13; 14 A e B; 15; 16; 17; 18 A a F; 19 A a F; 20; 21
A a F; 27 A a H; 29; 31 A e B; 33 A e B; 34 A a F; 35 A a F; 36 A a D; 37 A a D;
38 A a D; 40 B; 41 A a D; 47; 48; 49 A e B; 52; 53; 54; 55 A e B; 56 B; 57 B;
58 e 65 A e B.

1ª Superintendência Regional
Arquivo 1ª/GRR/UMA:
59; 60 A e B; 61 A e B; 62; 68 A a C; 69 A a C; 70 A a C; 71 A a C e 72 A e B.

4ª Superintendência Regional
André Luiz Oliveira Santos:
40 A e 56 B.

8ª Superintendência Regional
Emanuell Florêncio Passos Martins
57 A.

185
PLANO NASCENTE
MEARIM
Plano de preservação e recuperação
de nascentes da bacia do rio Mearim

Fundamentado na Experiência da Codevasf em


Recuperação e Controle de Processos Erosivos

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