Book Revista TRT 61
Book Revista TRT 61
Book Revista TRT 61
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Revista do
Tribunal Regional
do Trabalho
da 1ª Região
Doutrina – Jurisprudência – Legislação
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
PROIBIDA A VENDA
Semestral.
Mensal, n. 1-10; irregular, n. 11-31; quadrimestral, n. 32-38; semestral, n. 39-44; anual, 45-46;
semestral, n. 47-56; anual, n. 57; semestral, n. 58-59; anual, n. 60.
Edições de n. 39 (jan./jun. 2005)-n. 46 (2009) têm o título: Revista do TRT/EMATRA-1ª Região.
Vol. 25. Edição Especial – Estudos em Homenagem a Délio Maranhão.
Vol. 27. Edição Especial – 100 anos Arnaldo Lopes Süssekind: homenagem ao centenário do
seu nascimento.
ISSN 2178-5651
CDDir 342.605
APRESENTAÇÃO...................................................................................................5
INSTITUCIONAL....................................................................................................7
COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL........................................................................................ 9
GALERIA DE FOTOS..................................................................................................... 19
DOUTRINA.................................................................................................................. 57
As custas de conhecimento no Processo do Trabalho, após a Lei nº 13.467/2017, e o
acesso à Justiça.......................................................................................................... 59
Eduardo Henrique Raymundo von Adamovich
DECISÕES DA 2ª INSTÂNCIA............................................................................197
SÚMULAS..........................................................................................................227
EMENTÁRIO......................................................................................................249
ÍNDICES.............................................................................................................275
PRESIDENTE
Desembargador Fernando Antonio Zorzenon da Silva
VICE-PRESIDENTE
Desembargadora Rosana Salim Villela Travesedo
CORREGEDOR
Desembargador José Nascimento Araujo Netto
VICE-CORREGEDOR
Desembargadora Mery Bucker Caminha
ÓRGÃO ESPECIAL
Des. Maria das Graças Cabral Viegas Paranhos
Des. José da Fonseca Martins Junior
Des. Tania da Silva Garcia
Des. Ana Maria Soares de Moraes
Des. Fernando Antonio Zorzenon da Silva (Presidente)
Des. José Nascimento Araujo Netto
Des. Edith Maria Corrêa Tourinho
Des. Mário Sérgio Medeiros Pinheiro
Des. Luiz Alfredo Mafra Lino
Des. Mery Bucker Caminha
Des. Antônio Carlos de Azevedo Rodrigues
Des. Marcos de Oliveira Cavalcante
Des. Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva
Des. Enoque Ribeiro dos Santos
Des. Leonardo Dias Borges
Des. Mônica Batista Vieira Puglia
Des. Rogério Lucas Martins
Des. Alvaro Luiz Carvalho Moreira
Des. Claudia Regina Vianna Marques Barrozo
Des. Marcelo Antero de Carvalho
Des. Theocrito Borges dos Santos Filho
Des. Antonio Cesar Coutinho Daiha
PRIMEIRA TURMA
Des. Ana Maria Soares de Moraes (Presidente)
Des. Gustavo Tadeu Alkmim
Des. Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha
Des. Mário Sérgio Medeiros Pinheiro
Des. Bruno Losada Albuquerque Lopes
SEGUNDA TURMA
Des. Maria das Graças Cabral Viegas Paranhos (Presidente)
Des. Valmir de Araujo Carvalho Des. José Antonio Piton
Des. Glaucia Zuccari Fernandes Braga
Des. Marcos Pinto da Cruz
TERCEIRA TURMA
Des. Jorge Fernando Gonçalves da Fonte
Des. Rildo Albuquerque Mousinho de Brito (Presidente)
Des. Antonio Cesar Coutinho Daiha
Des. Mônica Batista Vieira Puglia
Des. Carina Rodrigues Bicalho
QUARTA TURMA
Des. Tania da Silva Garcia (Presidente)
Des. Luiz Alfredo Mafra Lino
Des. Cesar Marques Carvalho
Des. Angela Fiorencio Soares da Cunha
Des. Alvaro Luiz Carvalho Moreira
QUINTA TURMA
Des. Evandro Pereira Valadão Lopes (Presidente)
Des. Marcelo Augusto Souto de Oliveira
Des. Márcia Leite Nery
Des. Roberto Norris
Des. Enoque Ribeiro dos Santos
SEXTA TURMA
Des. Marcos de Oliveira Cavalcante (Presidente)
Des. Leonardo da Silveira Pacheco
Des. Angelo Galvão Zamorano
Des. Claudia Regina Vianna Marques Barrozo
Des. Maria Helena Motta
SÉTIMA TURMA
Des. Theocrito Borges dos Santos Filho (Presidente)
Des. Rogério Lucas Martins
Des. Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva
Des. Giselle Bondim Lopes Ribeiro
Des. José Luis Campos Xavier
OITAVA TURMA
Des. José Antonio Teixeira da Silva (Presidente)
Des. Maria Aparecida Coutinho Magalhães
Des. Roque Lucarelli Dattoli
Des. Jorge Orlando Sereno Ramos
Des. Eduardo Henrique Raymundo Von Adamovich
NONA TURMA
Des. José da Fonseca Martins Junior (Presidente)
Des. Antônio Carlos de Azevedo Rodrigues
Des. Célio Juaçaba Cavalcante
Des. Claudia de Souza Gomes Freire
Des. Ivan da Costa Alemão Ferreira
DÉCIMA TURMA
Des. Edith Maria Corrêa Tourinho (Presidente)
Des. Flávio Ernesto Rodrigues Silva
Des. Dalva Amélia de Oliveira
Des. Marcelo Antero de Carvalho
Des. Leonardo Dias Borges
DESEMBARGADORES1
Maria das Graças Cabral Viegas Paranhos
José da Fonseca Martins Junior
Tania da Silva Garcia
Ana Maria Soares de Moraes
Fernando Antonio Zorzenon da Silva
José Nascimento Araujo Netto
Edith Maria Corrêa Tourinho
Luiz Alfredo Mafra Lino
Rosana Salim Villela Travesedo
José Antonio Teixeira da Silva
Mery Bucker Caminha
Cesar Marques Carvalho
Antônio Carlos de Azevedo Rodrigues
Flávio Ernesto Rodrigues Silva
Jorge Fernando Gonçalves da Fonte
Gustavo Tadeu Alkmim
Evandro Pereira Valadão Lopes
Theocrito Borges dos Santos Filho
Valmir de Araujo Carvalho
Angela Fiorencio Soares da Cunha
Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha
Marcos de Oliveira Cavalcante
Maria Aparecida Coutinho Magalhães
Célio Juaçaba Cavalcante
Roque Lucarelli Dattoli
Marcelo Augusto Souto de Oliveira
Rildo Albuquerque Mousinho de Brito
Mário Sérgio Medeiros Pinheiro
Rogério Lucas Martins
Márcia Leite Nery
Roberto Norris
Claudia de Souza Gomes Freire
Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva
José Antonio Piton
Bruno Losada Albuquerque Lopes
Dalva Amélia de Oliveira
Marcelo Antero de Carvalho
Ivan da Costa Alemão Ferreira
Giselle Bondim Lopes Ribeiro
1
Por ordem de antiguidade.
JUÍZES TITULARES2
Nuria de Andrade Peris
Carlos Henrique Chernicharo
Daniela Collomb Michetti
Raquel de Oliveira Maciel
Alba Valéria Guedes Fernandes da Silva
Antonio Paes Araujo
Maurício Caetano Lourenço
Marise Costa Rodrigues
Cláudia Maria Samy Pereira da Silva
Sérgio Rodrigues Heckler
Alvaro Antonio Borges Faria
Evelyn Corrêa de Guamá Guimarães
Cláudio José Montesso
Moises Luis Gerstel
Heloisa Juncken Rodrigues
Márcia Regina Leal Campos
Rosane Ribeiro Catrib
Dalva Macedo
José Monteiro Lopes
José Mateus Alexandre Romano
Marcel da Costa Roman Bispo
José Horta de Souza Miranda
Roberto da Silva Fragale Filho
José Saba Filho
Rosangela Kraus de Oliveira Moreli
Mauricio Paes Barreto Pizarro Drummond
André Gustavo Bittencourt Villela
Henrique da Conceição Freitas Santos
Marcelo Segal
Nélie Oliveira Perbeils
Luiz Nelcy Pires Caravieri de Souza
2
Por ordem de antiguidade.
JUÍZES SUBSTITUTOS3
Airton da Silva Vargas
Elisabeth Manhães Nascimento Borges
Juliana Pinheiro de Toledo Piza
Neila Costa de Mendonça
Marco Antonio Mattos de Lemos
Paula Cristina Netto Gonçalves Guerra Gama
Roberta Lima Carvalho
Leonardo Saggese Fonseca
Leandro Nascimento Soares
Glaucia Alves Gomes
Helen Marques Peixoto
Rossana Tinoco Novaes
Maria Gabriela Nuti
Roberta Torres da Rocha Guimarães
Denise Mendonça Vieites
Raquel Fernandes Martins
Diane Rocha Trocoli Ahlert
Marly Costa da Silveira
Anelise Haase de Miranda
Marcela de Miranda Jordão
Michael Pinheiro McCloghrie
Luciana Muniz Vanoni
Elisangela Figueiredo da Silva
Maria Candida Rosmaninho Soares
Raphael Viga Castro
Admar Lino da Silva
Eduardo Almeida Jeronimo
Filipe Bernardo da Silva
Patricia Lampert Gomes
Delano de Barros Guaicurus
Elisa Torres Sanvicente
Fabiano de Lima Caetano
Ana Paula Almeida Ferreira
Adriana Leandro de Sousa Freitas
Luís Guilherme Bueno Bonin
Camila Leal Lima
3
Por ordem de antiguidade.
Bruno Magliari
Eduardo Mussi Dietrich Filho
Bárbara de Moraes Ribeiro Soares Ferrito
Felipe Rollemberg Lopes Lemos da Silva
Maíra Automare
Ana Larissa Lopes Caraciki
Natalia dos Santos Medeiros
Adriana Meireles Melonio
Clarissa Souza Polizeli
Thiago Mafra da Silva
Christiane Zanin
Andressa Campana Tedesco Valentim
Roberta Salles de Oliveira
Ana Regina Figueroa Ferreira de Barros
Flávia Buaes Rodrigues
Rachel Ferreira Cazotti Gonçalves Fernandes
Giselle Bringel de Oliveira Lima David
Najla Rodrigues Abbude
Erika Cristina Ferreira Gomes
Tallita Massucci Toledo Foresti
Bianca da Rocha Dalla Vedova
Dalila Soares Silveira
Andrea Galvão Rocha Detoni
Marcelo Fisch Teixeira e Silva
Mariane Bastos Scorsato
Anne Schwanz Sparremberger
Gabriela Battasini
Anelisa Marcos de Medeiros
Mariana Oliveira Neves Ramos
Filipe Olmo de Abreu Marcelino
Priscila Cristiane Morgan
Danusa Berta Malfatti
Laís Ribeiro de Souza Bezerra
Marcelo Luiz Nunes Melim
Rafael Vieira Bruno Tavares
Mateus Carlesso Diogo
Carolina Ferreira Trevizani
Marcelo Rodrigues Lanzana Ferreira
Guilherme da Silva Gonçalves Cerqueira
Luciana Mendes Assumpção
Nikolai Nowosh
Mateus Brandão Pereira
GALERIA DE FOTOS
(AIC)
Entre 17 e 19 de janeiro de 2018, o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/
RJ) sediou a oitava edição do Fórum Gestão Judiciária. Realização anual do Comitê
Regional de Priorização do Primeiro Grau de Jurisdição, da Escola Judicial do TRT/RJ (EJ1)
e da Associação dos Magistrados do Trabalho da 1ª Região (AMATRA1), reúne todos os
magistrados de primeira instância, e, como convidados, os desembargadores do Regional.
Na edição de 2018, debateu-se o tema A Reforma Trabalhista e seu impacto na jurisdição.
Durante três dias foram organizados painéis com palestras, debates e grupos de trabalho
que sistematizaram propostas, das quais, ao final, 22 foram aprovadas em plenária,
fixadas como diretrizes de Direito Processual e material do Trabalho, cujo conteúdo
pode ser encontrado no link <https://www.trt1.jus.br/escola-judicial/foruns-gestao>.
Foto (da esq. para dir.): Na mesa de abertura do Fórum, os magistrados José Mateus
Alexandre Romano, presidente do Comitê de Priorização do 1º Grau de Jurisdição; José
Nascimento Araujo Netto, desembargador Corregedor; Fernando Antonio Zorzenon da
Silva, desembargador Presidente do TRT/RJ; desembargador Marcelo Augusto Souto de
Oliveira, diretor da Escola Judicial (EJ1) e Ronaldo Callado, presidente da Amatra1.
05/2018 Não se considera contrato intermitente aquele que prevê dias e carga horária
previamente estabelecidos.
06/2018 A parte final do parágrafo 5º do artigo 611-A da CLT interpreta-se de forma
sistemática de maneira a assegurar a apreciação, incidenter tantum, em ação individual,
de lesão ou ameaça a direito.
07/2018 O parágrafo 6º do artigo 442-B da CLT encontra-se em consonância com os
artigos 3º e 9º, também da CLT, admitindo o reconhecimento de fraude na contratação
do trabalhador autônomo.
08/2018 Quando a prestação de serviços é contínua, sem alternância de períodos de
execução e de inatividade, fica descaracterizado o contrato intermitente.
09/2018 É facultativa a criação da comissão de empregados prevista no artigo 510-A da
CLT, sendo destes a sua iniciativa.
10/2018 Não se presume o vício de consentimento, que deve ser sempre provado.
11/2018 A excludente do artigo 62, inciso III, da CLT não se aplica se o empregado em
teletrabalho estiver sujeito a controle de jornada, ainda que indireto.
12/2018 O contrato de trabalho deve dispor sobre a estrutura e a forma de reembolso
de despesas do teletrabalho, mas não pode transferir para o empregado seus custos,
que devem ser suportados exclusivamente pelo empregador.
13/2018 A mera subscrição, pelo trabalhador, de termo de responsabilidade em que se
compromete a seguir as instruções fornecidas pelo empregador, previsto no artigo 75-
E, parágrafo único, da CLT, não exime o empregador de eventual responsabilidade por
danos decorrentes dos riscos ambientais do teletrabalho.
14/2018 Não há vedação de criação de uma comissão de empregados em cada
estabelecimento da empresa ainda que no mesmo Estado.
15/2018 O parágrafo 3º do artigo 8º da CLT não exclui a análise de compatibilidade de
cláusulas de acordo ou convenção coletiva com as leis federais, a Constituição Federal e
as normas internacionais.
16/2018 A parte deverá justificar a impossibilidade de liquidação do pedido e, nessa
hipótese, o pedido poderá ser liquidado ainda que por estimativa.
17/2018 É possível a desistência do pedido sem anuência da parte contrária em
audiência, desde que anterior ao recebimento da defesa pelo Juízo.
18/2018 O contrato intermitente garante todos os direitos previstos no artigo 7º da
CRFB. Os direitos contidos no artigo 452-A, § 6º, da CLT são meramente exemplificativos.
19/2018 Para os procedimentos típicos do CPC/15, persistem as regras e formalidades
previstas neste diploma processual, por possuírem regramento próprio (artigos 947 e
976 a 987 do CPC/15), não lhes sendo aplicáveis as novas restrições do artigo 702 da CLT,
sob pena de incoerência do Sistema de Formação e Revisão de Precedentes Judiciais.
20/2018 O pagamento de férias e décimo-terceiro salário no trabalho intermitente
deverá considerar a integração do repouso semanal remunerado.
21/2018 É inconstitucional a nova redação do artigo 702, § 4º, da CLT, por ofensa à
autonomia dos Tribunais prevista no artigo 96, inciso I, alínea ‘a’ da CRFB/88.
22/2018 Não cabe correição parcial para impugnar atos jurisdicionais relativos à
interpretação sobre a reforma trabalhista.
(AIC)
Em 1º/2/2018 foram inauguradas as instalações do Centro Judiciário de Métodos
Consensuais de Soluções de Disputas da Capital (Cejusc-CAP) do TRT/RJ, no 10º andar do
fórum da Lavradio. A cerimônia aconteceu com a presença de magistrados, advogados e
servidores. O Cejusc-CAP, que se divide em primeiro e segundo graus, sediará audiências
para tentativas de conciliação e de mediação em demandas em curso em primeiro grau
de jurisdição, em fase de conhecimento e de execução, desde a fase inicial até a de feitos
que aguardam processamento de recurso de revista ou de agravo de instrumento em
recurso de revista.
A Resolução CSJT nº 174/2016, a fim de cumprir a política nacional de tratamento
adequado das disputas no âmbito do Poder Judiciário Trabalhista, determinou a criação
de Centros Judiciários de Métodos Consensuais de Soluções de Disputas em todos os
Tribunais Regionais. Neles, além da conciliação, utiliza-se a técnica da mediação (meio
alternativo de resolução de conflitos em que as partes confiam a uma terceira pessoa a
função de orientá-las na elaboração de um acordo).
Foto (a partir da esq.): O juiz Epílogo Baptista, a vice-presidente do TRT/RJ e coordenadora
do Cejusc-CAP de segundo grau, desembargadora Rosana Salim, o presidente do TRT/
RJ, desembargador Fernando Antonio Zorzenon da Silva, o corregedor do TRT/RJ,
desembargador José Nascimento Araujo Netto, e a diretora dos fóruns da Lavradio e
Gomes Freire, juíza Cláudia Samy.
(AIC)
Em 2/2/2018 foi oficializada a aquisição, pela União, de três imóveis destinados para uso
do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ): o Edifício Marquês do Lavradio
(Fórum da Lavradio); o edifício da Avenida Gomes Freire (Fórum Advogado Eugenio
Roberto Haddock Lobo); e o Fórum Juiz Azulino de Andrade, onde se situam as Varas do
Trabalho do município de Nova Iguaçu.
Esses imóveis já estavam em uso, mas o TRT/RJ pagava aluguel pelo seu uso. Com a sua
incorporação ao patrimônio da União, o Regional poderá direcionar esses recursos para
sua atividade-fim e, também, realizar obras e melhorias nos prédios.
Foto (a partir da esq.): O presidente do TST, ministro Ives Gandra da Silva Martins e
o presidente do TRT/RJ, desembargador Fernando Antonio Zorzenon da Silva, no
descerramento da placa de incorporação do Fórum da Lavradio ao patrimônio da União.
(AIC)
(TRT/RN)
No dia 20/4/2018, em Natal, Rio Grande do Norte, o presidente do Tribunal Regional
do Trabalho da 1ª Região, desembargador Fernando Antonio Zorzenon da Silva, foi
laureado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT/RN) com a comenda
da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho Djalma Aranha Marinho e do Mérito
Profissional e Funcional Miguel Seabra Fagundes, no grau Grande Oficial. O presidente
do TRT/RJ recebeu a insígnia das mãos da presidente e corregedora daquele Regional,
desembargadora Maria Auxiliadora Barros de Medeiros Rodrigues.
Na mesma cerimônia, a juíza do Trabalho Substituta do TRT/RJ Laís Ribeiro de Sousa Bezerra
também foi homenageada com a comenda do TRT/RN no grau Comendador, entregue
pelo desembargador José Barbosa Filho.
Ao todo foram 43 personalidades homenageadas, incluindo os ministros do Tribunal
Superior do Trabalho Alexandre de Souza Agra Belmonte, Renato de Lacerda Paiva e
Walmir Oliveira da Costa.
Fotos (a partir da esq.): A desembargadora presidente do TRT/RN, Maria Auxiliadora
Rodrigues, condecora o desembargador presidente do TRT/RJ Fernando Zorzenon. Ao
lado, o desembargador do Tribunal potiguar José Barbosa Filho e a juíza Laís Bezerra.
(AIC)
O 2º Seminário de Prevenção de Acidentes e Doenças do Trabalho realizou-se em
26/4/2018 no 4º andar do prédio-sede do TRT/RJ. O evento foi produzido em parceria
do Regional fluminense com o Ministério Público do Trabalho (MPT), e fez parte
da programação do Abril Verde, movimento nacional de prevenção de acidentes e
doenças laborais.
A programação foi composta de quatro palestras temáticas, enriquecida também com
filmes e material multimídia: “Aspectos técnicos da exposição humana aos campos
eletromagnéticos de alta frequência – telefonia celular” (proferida pelo físico nuclear,
diretor técnico, pesquisador e presidente substituto da Fundacentro Robson Spinelli);
“A responsabilidade do tomador de serviços pela preservação do meio ambiente
de trabalho” (pelo Procurador-Chefe do Ministério Público do Trabalho no Estado
do Rio de Janeiro, Fabio Goulart Villela); “O sono e a realidade virtual. Avanços para
a redução de acidentes” (pela médica do Trabalho e diretora técnica do Programa
Atenção Integral à Saúde do Trabalhador – PAIST Macaé/RJ, Maria Christina Rodrigues
Menezes); “Sustentabilidade da Mineração no Brasil” (pela engenheira civil e diretora da
Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Cláudia do Rosário
Vaz Morgado).
Foto (a partir da esq.): na mesa de abertura do Seminário, o superintendente Regional
de Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro (SRTE/RJ), Adriano Bernardo; a vice-presidente
do TRT/RJ, desembargadora Rosana Salim Villela Travesedo; o procurador-chefe do
MPT/RJ, Fabio Goulart Villela; a procuradora do Trabalho e integrante da Coordenadoria
Regional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho (Codemat), Juliane Mombelli.
(AIC)
Em 8/6/2018, no auditório do prédio-sede do TRT/RJ, realizou-se a audiência pública
“Demandas Repetitivas e Grandes Litigantes”, evento organizado pela Escola Judicial
(EJ1). De todas as empresas ou instituições acionadas na Justiça do Trabalho da 1ª
Região, apenas dez delas são responsáveis por 9,4% das ações que ingressaram na
primeira instância no triênio 2015-2017 − o que equivale a 76.141 novos processos
trabalhistas. Foram convidados a participar da audiência pública representantes dos
maiores litigantes da 1ª Região, bem como sindicatos de empregados, o Ministério
Público do Trabalho e a Ordem dos Advogados do Brasil.
O diretor da EJ1, desembargador Marcelo Augusto Souto de Oliveira, enfatizou a
relevância do debate sobre o tema e a possibilidade que a audiência pública oferece de
o Tribunal se abrir, ouvir e se deixar influenciar pela sociedade, levando em consideração
a opinião pública para tentar entender o fenômeno da grande litigiosidade.
O corregedor Regional do TRT/RJ, desembargador José Nascimento Araujo Netto, gestor
regional das Metas Nacionais do Poder Judiciário no âmbito do Tribunal, esclareceu
que, em 2018, a Meta 7 da Justiça do Trabalho é priorizar o julgamento dos processos
dos maiores litigantes e dos recursos repetitivos, identificando e reduzindo em 2,5% o
acervo dos dez maiores litigantes em relação ao ano anterior.
O diretor da Secretaria de Desenvolvimento Institucional do TRT/RJ, Bruno Fonseca,
apresentou números e cruzamentos de dados, demonstrando o montante do orçamento do
TRT/RJ empregado para atendimento à demanda dos dez maiores litigantes, superior a R$
190 milhões (abrangendo gastos com pessoal, infraestrutura, tecnologia e outras despesas).
Nesse contexto, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) estabeleceu a gestão das demandas
repetitivas e dos grandes litigantes como um dos macrodesafios do Poder Judiciário no
período 2015-2020. O Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), no mesmo sentido,
definiu o tema como objetivo estratégico da Justiça do Trabalho nesse mesmo intervalo.
Também compuseram a mesa de abertura o vice-procurador-chefe do Ministério Público
do Trabalho no Rio de Janeiro, João Batista Berthier, e o secretário-geral da Ordem dos
Advogados do Brasil – Seccional Rio de Janeiro, Marcus Vinícius Cordeiro.
Foto (a partir da esq.): o procurador do Trabalho João Berthier, o diretor da EJ1,
desembagador Marcelo Augusto Souto de Oliveira, e o corregedor do TRT/RJ José
Nascimento Araujo Netto.
(AIC)
Em 11/6/2018 o TRT/RJ realizou a segunda Reunião de Análise da Estratégia em 2018. Os
membros do Conselho de Gestão Estratégica (CGE) examinaram resultados dos indicadores
e metas estratégicas do período de janeiro a abril de 2018. Também foram analisadas as
demandas oriundas dos responsáveis pelos Projetos Estratégicos em andamento no Tribunal.
Alguns indicadores vinculados ao Planejamento Estratégico do TRT/RJ estão positivos,
já tendo sido superadas, em abril, as respectivas metas estipuladas para todo o exercício
de 2018, como, por exemplo: – Indicador 7 – tempo médio de tramitação, na Justiça do
Trabalho, dos processos originários do 1º grau (em dias). A meta é reduzir, ao menos, para
1.231 dias, o prazo médio (desde o ajuizamento da ação até o arquivamento definitivo).
Resultado acumulado: 1.140 dias (desempenho de 108%); – Indicador 8.1 – índice de
processos julgados (1º grau). A meta é julgar pelo menos 92% da quantidade de processos
de conhecimento distribuídos no período. Resultado acumulado: 155,9% (desempenho de
169,5%); – Indicador 13 – índice de redução do acervo dos maiores litigantes. A meta é reduzir,
ao menos, para 20.894 a quantidade de processos dos 10 maiores litigantes em tramitação.
Resultado acumulado: acervo de 18.837 processos (desempenho da meta de 110,3%).
Outros indicadores, entretanto, ainda não apresentaram resultado satisfatório, como o
“índice de conciliação – fase de conhecimento”, cuja meta é aumentar para, no mínimo,
para 45,37%, o índice de conciliação na fase de conhecimento em relação à média
do biênio 2013/2014, tendo o resultado acumulado sido de 40,62% (desempenho de
89,53%). O indicador “índice de execução”, que possui como meta “baixar pelo menos
92% da quantidade de execuções iniciadas no período”, também não atingiu a meta
estabelecida, apresentando resultado acumulado de 75% (desempenho de 81,65%).
As Reuniões de Análise da Estratégia (RAE) têm por objetivo acompanhar os resultados
dos indicadores, em relação às metas correlatas, promovendo ajustes, assim como
monitorar os projetos em andamento no Regional. Os objetivos e metas que o TRT/RJ
pretende alcançar, por sua vez, estão descritos no Plano Estratégico 2015-2020, alinhado
às diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça e pelo Conselho Superior
da Justiça do Trabalho.
(AIC)
O I Fórum sobre Acessibilidade e Inclusão Social do TRT/RJ realizou-se em 20/7/2018
no auditório do prédio-sede. Produzido em parceria entre a Comissão Permanente de
Responsabilidade Socioambiental (CPRSA), a Comissão Permanente de Acessibilidade
e Inclusão e a Escola Judicial do Tribunal (EJ1), o evento teve como escopo ampliar o
conhecimento de magistrados, servidores, especialistas e público em geral sobre os aspectos
legais relacionados ao dia a dia da pessoa com deficiência.
As palestras contaram com participação voluntária de duas intérpretes da Língua Brasileira
de Sinais (Libras), além do oferecimento da audiodescrição − recurso de acessibilidade que
amplia a compreensão e a participação das pessoas com deficiência visual e consiste na
tradução das imagens em palavras, por meio de uma descrição objetiva, transmitida por
fones de ouvido. A vice-presidente do TRT/RJ e o presidente do Tribunal Regional Federal da
2ª Região (TRF2), desembargador André Fontes, também integraram a mesa de abertura.
O presidente da Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão do TRT/RJ,
desembargador Antonio Cesar Coutinho Daiha, fez menção aos 2 anos de existência da
CPRSA, completados em julho de 2018. “Sempre buscamos dar visibilidade ao tema e voz
às pessoas com deficiência, ampliando a participação de todos. Muitos já entenderam a
importância da acessibilidade e, aqui no Tribunal, temos pessoas com altíssimo valor técnico
e capacidade laborativa”.
Izabel Maria Madeira de Loureiro Maior, integrante do Conselho Municipal de Defesa dos
Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro, discorreu sobre “As mudanças de
paradigmas trazidas pela Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência”.
Segundo a expositora, a convenção é resultado de uma luta antiga das pessoas com deficiência,
assim como a ratificação do documento, pelo Brasil, por meio do Decreto nº 6.949/2009.
Foto (a partir da esq.): a servidora Tany Mary Andrade, intérprete de Libras; Izabel Loureiro
Maior, do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de
Janeiro; o desembargador presidente do TRF2, André Fontes; a vice-presidente do TRT/RJ,
Rosana Salim, e o desembargador Antonio Daiha, presidente da CPRSA do Regional.
(AIC)
Em 7/8/2018, o TRT/RJ tomou parte em evento realizado pelo Ministério Público do
Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) em comemoração aos 12 anos da Lei Maria da Penha. A
ação social ocorreu no estacionamento do Shopping Nova América, em Del Castilho, Zona
Norte. Promulgada em 7 de agosto de 2006, a Lei nº 11.340 deu visibilidade à questão
do combate à violência doméstica, estabeleceu punições mais rígidas aos agressores e
inovou com a adoção de medidas protetivas mais eficazes para as mulheres.
O TRT/RJ foi representado por seu ouvidor suplente e gestor regional de segundo grau
do Programa Nacional de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem,
desembargador José Luís Campos Xavier, além de servidores da Ouvidoria e da
Coordenadoria de Disseminação da Segurança no Trabalho e de Responsabilidade
Socioambiental (Cdis).
Representantes da Ouvidoria do TRT/RJ e da Cdis distribuíram revistas temáticas da
Turma da Mônica, como o tema “Trabalho infantil nem de brincadeira!”, e cartilhas
com 50 perguntas e respostas sobre trabalho infantil, proteção ao trabalho decente
do adolescente e aprendizagem. Também foram realizados atendimentos no ônibus da
Ouvidoria itinerante do MPRJ, onde foram recebidas comunicações de crime.
Foto: O desembargador José Luís Campos Xavier, ouvidor suplente e gestor regional de
segundo grau do Programa Nacional de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à
Aprendizagem (segundo a partir da esquerda) durante o evento.
(AIC)
(AIC)
Em 22/8/2018 a Presidência do TRT/RJ celebrou termo de cooperação técnica com o
Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT/RJ), prevendo intercâmbio e
compartilhamento de informações entre as instituições, além da realização de cursos de
especialização e aperfeiçoamento profissional, seminários e outros eventos de interesse
comum. Firmaram o instrumento o presidente do TRT/RJ, desembargador Fernando
Antonio Zorzenon da Silva, e o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho
da 1ª Região, Fabio Goulart Villela.
O MPT/RJ terá acesso a dados de segurança do Sistema de Inteligência Módulo
Ocorrências de Segurança (Simos), aplicação desenvolvida pelo TRT/RJ para auxiliar os
oficiais de justiça a registrarem e obterem informações sobre as condições de segurança
dos locais de diligências. Por outro lado, serão disponibilizadas para o Tribunal vagas
em cursos de formação e aperfeiçoamento profissional ministrados pela Procuradoria
Regional do Trabalho da 1ª Região, além da permissão de acesso a informações inerentes
de interesse do Regional fluminense.
A administração do convênio, prevista para durar 60 meses, ficará a cargo, no Regional
fluminense, da Coordenadoria de Apoio Externo e Institucional (Caei). A cooperação
técnica não envolverá transferência de recursos orçamentários nem ônus para
as instituições.
Foto: o desembargador presidente do TRT/RJ, Fernando Zorzenon, e o procurador-chefe
do MPT/RJ, Fabio Villela, assinam o instrumento do termo de cooperação técnica.
(AIC)
Em 28/8/2018, o TRT/RJ sediou audiência pública reunindo empresários e sindicatos,
versando sobre aprendizagem, evento realizado pelo Ministério Público do Trabalho do
Rio de Janeiro (MPT/RJ) para trazer a debate convenções e acordos coletivos celebrados
transgredindo a base de cálculo legal da aprendizagem prevista na Lei nº 10.097/2000.
A iniciativa da ação foi da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho
da Criança e do Adolescente, do Ministério Público do Trabalho.
O desembargador do TRT/RJ José Luís Campos Xavier, gestor regional de 2º grau do
Programa Nacional de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo a Aprendizagem,
reforçou a importância do cumprimento da Lei da Aprendizagem: “Ele não deve ser um
fardo, e sim uma necessidade da própria sociedade”.
Ao final da audiência, foi recomendada adequação das cláusulas de normas coletivas
vigentes que transacionam a base de cálculo dos jovens aprendizes, e a abstenção de
pactos semelhantes em instrumentos normativos futuros.
Foto (a partir da esq.): na mesa da audiência pública, as procuradoras do Trabalho
Maria Vitória Sussekind Rocha e Danielle Cramer; o desembargador do TRT/RJ José Luís
Campos Xavier e o auditor fiscal do Trabalho Ramon Santos.
Em 29/8/2018 a 4ª Vara do Trabalho de Duque de Caxias (4ª VT/DC) colheu, por meio de
sistema de videoconferência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ),
o depoimento de uma parte que se encontra encarcerada. O procedimento é fruto de
convênio que será formalizado em breve entre o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª
Região (TRT/RJ) e o TJ-RJ.
O TRT/RJ não tem sistema de carceragem, portanto seria necessária uma complexa
logística de deslocamento e vigilância para a produção da prova nas dependências do
Regional, o que a inovação tecnológica permite superar.
O preso ouvido pela 4ª VT/DC está encarcerado em São Gonçalo e foi transferido para
o Complexo de Bangu, onde fica o sistema de videoconferência do TJ-RJ. Servidores
do setor de informática e da Secretaria Geral Judiciária (SGJ) acompanharam e deram
suporte à audiência, na qual foi utilizado um notebook da Secretaria da Vara do Trabalho,
habilitado para o acesso à rede do TJ-RJ.
A juíza Titular da 4ª VT/DC, Mauren Xavier Seeling conduziu a audiência, mostrou-se
satisfeita com o resultado: “O sistema adotado para a oitiva do reclamante por meio
de videoconferência foi adequado e satisfatório, permitindo ao juízo o diálogo com o
autor e, inclusive, a conversa particular deste com seu patrono para fins de avaliação
e direcionamento da causa. Mostrou-se a técnica adotada apta para a realização da
audiência, assegurando-se o acesso à justiça”.
(AIC)
Em 30/8/2018 foi ratificada perante o Órgão Especial a posse dos magistrados Jorge
Orlando Sereno Ramos e Maria Helena Motta como desembargadores do Tribunal
Regional do Trabalho da 1ª Região. Suas nomeações por decretos da Presidência da
República foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU) de 20/7 e 27/7/2018,
respectivamente.
O desembargador Jorge Orlando Sereno Ramos foi promovido pelo critério de
merecimento, em vaga decorrente da aposentadoria do desembargador José Geraldo da
Fonseca; a desembargadora Maria Helena Motta, pelo critério de antiguidade, em vaga
decorrente da aposentadoria do desembargador Paulo Marcelo de Miranda Serrano.
Ambos os magistrados iniciaram carreira como juízes substitutos no TRT/RJ em 1993 e
foram promovidos a juízes titulares em 1995. Embora atuando como convocados em
2ª instância há anos, os desembargadores Jorge Orlando Ramos e Maria Helena Motta
eram titulares, respectivamente, da 1ª Vara do Trabalho de Maricá e da 81ª Vara do
Trabalho da Capital.
Foto (a partir da esq.): os desembargadores Jorge Orlando Sereno Ramos; Fernando
Zorzenon, presidente do Regional, e Maria Helena Motta, durante a cerimônia em
sessão do Órgão Especial.
CONHECIMENTO
LIQUIDAÇÃO
EXECUÇÃO
(SGJ)
Em 8/10/2018 realizou-se o IX Encontro de Diretores de Secretaria de Vara do Trabalho
do Estado do Rio de Janeiro, evento anual que reúne os servidores que atuam como
gestores das varas trabalhistas da capital e do interior, fruto de parceria entre o Tribunal
Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ), por meio da Secretaria-Geral Judiciária (SGJ),
e a Associação dos Diretores e Chefes de Secretaria da Justiça do Trabalho da 1ª Região
(Adics). Neste ano, o local do evento foi a cidade de Armação dos Búzios.
O presidente do TRT/RJ, desembargador Fernando Antonio Zorzenon da Silva, falou
sobre sua satisfação em apoiar a realização do evento, tendo em vista a oportunidade
que ele representa para troca de experiências e boas práticas relativas ao dia a dia das
varas do trabalho. O magistrado citou diversas mudanças realizadas na atual gestão com
o objetivo de melhorar a prestação jurisdicional na primeira instância e a própria rotina
de trabalho de juízes e servidores.
Entre as inovações da gestão figuram a criação do Centro Judiciário de Métodos
Consensuais de Solução de Disputas da Capital (Cejusc-CAP), voltado à prestação de
apoio às varas trabalhistas e ao incentivo à conciliação, tendo como consequência o
alívio das pautas de audiências; a ampliação da estrutura da antiga Coordenadoria de
Apoio à Efetividade Processual (Caep), atual Secretaria de Apoio à Efetividade Processual
(SAE), que tem entre suas atribuições prestar suporte operacional ao Núcleo Permanente
de Métodos Consensuais de Solução de Disputas (Nupemec-JT) e aos Cejusc; a criação
do Núcleo de Gerenciamento de Precedentes (Nugep); e a implementação do e-Carta,
uma ferramenta dos Correios que poupa tempo e trabalho dos servidores que atuam
nas varas, visto que as notificações iniciais são impressas e postadas diretamente
nos Correios.
Outra mudança que também está tendo impacto positivo na rotina das varas do
trabalho é a migração dos processos físicos em fase de liquidação e execução, para o
meio eletrônico, por meio do Cadastro de Liquidação e Execução do Processo Judicial
Eletrônico (PJe).
(AIC)
Em 8 e 9/10/2018 realizou-se o seminário internacional “O Direito do Trabalho em 2030:
novas regulações para o mundo do trabalho”, promovido pela Escola Judicial do TRT/RJ
(EJ1), em parceria com a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 1ª Região
(Amatra1). O seminário ocorreu no prédio-sede do Regional, de forma coordenada com
o 32º Encontro dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 1ª Região (Emat), e, além de
professores e juristas nacionais, contou com palestrantes estrangeiros.
Na abertura, o presidente da Amatra1, juiz Ronaldo Callado, explicou o tema escolhido
para o seminário. “A referência é a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável
aprovada pela ONU, centrada no crescimento econômico sustentável, no emprego pleno
e produtivo e no trabalho decente”.
Foto (a partir da esq.): o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho do Rio
de Janeiro (MPT/RJ), Fabio Villela; o diretor da Escola Judicial, desembargador Marcelo
Augusto de Oliveira; o presidente da Amatra1, juiz Ronaldo Callado, e o corregedor do
TRT/RJ, desembargador José Nascimento Araujo Netto.
(AIC)
Em 8/11/2018, o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ) definiu sua
nova administração para o biênio 2019/2021. Em sessão ordinária do Tribunal Pleno,
no plenário Délio Maranhão (prédio-sede), foram eleitos os ocupantes dos principais
cargos de direção do Tribunal. Para assumir a Presidência, foi escolhido pela Corte o
desembargador José da Fonseca Martins Junior, segundo mais antigo do Tribunal,
conquistando 31 votos.
A sessão foi conduzida pelo presidente do Regional fluminense, desembargador
Fernando Antonio Zorzenon da Silva. Foram eleitos, também, os desembargadores Cesar
Marques Carvalho, como vice-presidente; Mery Bucker Caminha, como corregedora;
e Luiz Alfredo Mafra Lino, como vice-corregedor. Para os cargos de diretor da Escola
Judicial, ouvidor e suplente da Ouvidoria, foram reeleitos os desembargadores Marcelo
Augusto Souto de Oliveira, Leonardo da Silveira Pacheco e José Luís Campos Xavier,
respectivamente. Para a Seção Especializada em Dissídios Individuais (Sedi), foi escolhido
o desembargador Ivan da Costa Alemão Ferreira.
O desembargador José da Fonseca Martins Junior tomou posse em 21/10/1999 no cargo
de desembargador, pelo quinto constitucional (vaga do Ministério Público). Natural do
Rio de Janeiro, ele formou-se em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(Uerj) em 1979, é pós-graduado em Direito Empresarial e Contratual pela Fundação
Getúlio Vargas/RJ, advogou na área trabalhista de 1979 até maio de 1988, ocasião em
que, tendo sido aprovado em concurso público de provas e títulos, tomou posse no
cargo de procurador do Trabalho.
O magistrado exerce a presidência da 9ª Turma desde 2006 e atua, desde 2007, como
presidente da Comissão de Jurisprudência e Gestão de Precedentes do TRT/RJ. Em abril
de 2018, foi eleito coordenador do Comitê Gestor Local de Gestão de Pessoas.
A posse da nova administração está prevista para janeiro de 2019.
Foto (a partir da esq.): o presidente eleito, desembargador José da Fonseca Martins
Junior; o presidente da gestão 2017/2019, desembargador Fernando Antonio Zorzenon
da Silva, e a desembargadora Mery Bucker Caminha, futura corregedora.
(AIC)
Em 28/11/2018, o presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ),
desembargador Fernando Antonio Zorzenon da Silva, foi homenageado com a medalha
da Ordem do Mérito do Trabalho Getúlio Vargas, no grau Grã-Cruz. A comenda foi
entregue pelo ministro do Trabalho, Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello, e a cerimônia
aconteceu no plenário Ministro Arnaldo Süssekind, na sede do Tribunal Superior do
Trabalho (TST), em Brasília. Cerca de 100 autoridades foram agraciadas na solenidade,
também prestigiada pelo presidente da República, Michel Temer.
Foto (a partir da esq.): o ministro do Trabalho, Caio Vieira de Mello, e o presidente do
TRT/RJ, Fernando Zorzenon, durante a solenidade.
(AIC)
Em 29/11/2018, em sessão do Órgão Especial do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª
Região (TRT/RJ), foi realizada a solenidade de ratificação de compromisso e posse do juiz
do Trabalho Eduardo Henrique Raymundo von Adamovich no cargo de desembargador
do Regional fluminense.
Eduardo Adamovich era titular da 77ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro e foi promovido
por merecimento, em vaga decorrente da aposentadoria da desembargadora Vólia
Bomfim Cassar. Seu nome integrava a lista tríplice que foi aprovada pelo Tribunal Pleno,
no dia 18/10.
O novo desembargador ingressou no TRT/RJ como juiz do Trabalho substituto em abril
de 1993, mediante aprovação em concurso público de provas e títulos. Em 1995, foi
promovido a juiz Titular de Vara do Trabalho, tendo atuado em São Gonçalo, Niterói, Rio
de Janeiro, Nilópolis e São João de Meriti. Atuava desde 2014 como juiz convocado na
segunda instância, totalizando mais de quatro anos de dedicação ao segundo grau de
jurisdição. É mestre e doutor em Direito, professor adjunto da Faculdade de Direito da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), nos cursos de graduação, mestrado e
doutorado. Também foi professor de outras universidades no país, como a Universidade
Gama Filho, o Centro Universitário Bennett, a Universidade Cândido Mendes e a
Fundação Getúlio Vargas. Foi professor visitante na Universidade de Barcelona. Também
é autor de 17 livros, artigos doutrinários e capítulos em obras coletivas.
Foto (da esq. para a dir.): o desembargador Eduardo Adamovich e a vice-presidente do
TRT/RJ, Rosana Salim, durante a solenidade em sessão do Órgão Especial.
(Editora JC)
(AIC)
Em 18/4/2018 foi publicado o decreto presidencial que concedeu aposentadoria ao
desembargador do Trabalho Paulo Marcelo de Miranda Serrano. O magistrado era
integrante do Órgão Especial e da 6ª Turma do TRT/RJ, além de presidir o Conselho da Revista
do Regional. Em 2017, também presidiu a comissão organizadora das comemorações do
centenário de nascimento do jurista Arnaldo Süssekind, realizadas pelo Tribunal.
Engenheiro e arquiteto de formação, em 1981, pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), Paulo Marcelo de Miranda Serrano concluiu o curso de Direito na
Universidade Cândido Mendes, em 1987. Aprovado em sétimo lugar no concurso do
Regional fluminense, entrou em exercício em 1993, e foi promovido por merecimento a
juiz Titular no ano seguinte, tendo atuado nas 24ª, 29ª e 48ª Varas do Trabalho do Rio de
Janeiro e na Vara do Trabalho de Angra dos Reis. Em novembro de 2012 foi promovido a
desembargador, também por merecimento.
O magistrado é mestre e doutor em Ciências Sociais, e ainda, professor de Direito
da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Mestre em Direito
Comparado, pela University of Miami School of Law (UMSL) e especialista em Relações
Jurídicas de Trabalho pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Escola de Magistratura
da Justiça do Trabalho no Estado do Rio de Janeiro (EMATRA-RJ). O magistrado concluiu
o curso Doctorado em Derechos Sociales da Faculdad de Derecho y Ciencias Sociales
da Universidad Castilha La Mancha (UCLM), na Espanha, o curso de pós-graduação em
Administração Judiciária, promovido pela Fundação Getúlio Vargas, bem como, o curso
de Economia Teórica e Aplicada, pela Escola de pós-graduação em Economia (EPGE/FGV).
Em seu último dia de trabalho, o desembargador Paulo Marcelo Serrano presidiu a sessão
de julgamento na 6ª Turma do Tribunal.
(AIC)
Em 10/8/2018 foi publicado o decreto presidencial que concedeu aposentadoria à
desembargadora do Trabalho Vólia Bomfim Cassar. A magistrada era integrante da 9ª
Turma do TRT/RJ e da Seção Especializada em Dissídios Individuais II (Sedi-II).
A desembargadora Vólia Bomfim Cassar concluiu o curso de Direito nas Faculdades
Integradas Bennett, em 1988, além de duas pós-graduações na Universidade Gama Filho:
Direito do Trabalho e Processo Civil e Processo do Trabalho. É mestre em Direito Público
pela Universidade Estácio de Sá e doutora em Direito e Economia pela Universidade
Gama Filho. A magistrada também é professora de Direito do Trabalho da UFRJ.
Aprovada em concurso de 1993, ingressou no TRT/RJ como juíza do Trabalho substituta.
A promoção a juíza Titular aconteceu em junho de 1994, quando assumiu a 23ª Junta de
Conciliação e Julgamento da Capital. Foi titular também das 43ª e 75ª Varas do Trabalho
do Rio de Janeiro. Escreveu diversos artigos jurídicos, além de três livros.
A partir de junho de 2011 passou a atuar na 2ª instância do TRT/RJ como juíza
convocada, e, em abril de 2013, foi promovida, pelo critério de merecimento, ao cargo
de desembargadora, em vaga decorrente da nomeação do desembargador Alexandre de
Souza Agra Belmonte para o cargo de ministro do Tribunal Superior do Trabalho.
1
Servidora do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região.
2
AUDÁCIA de nazista – Embarcou para a Alemanha para lutar contra o Brasil e agora quer receber a paga da
traição. Diário da Noite, 5 nov. 1948, edição 04797, p. 13. Disponível em: <http://memoria.bn.br/DocReader/
DocReader.aspx?bib=221961_02&PagFis=47549>. Acesso em: 9 nov. 2018.
sobre o país, inclusive a movimentação de navios nos portos – o que explicava o sucesso
dos torpedeamentos alemães em mar territorial brasileiro entre 1942 e 1943.
Expostos esses elementos fáticos, analisa-se a solução jurídica levada a efeito
pelo Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, sob relatoria do juiz Celso Lanna.
A despeito da animosidade da época contra alemães ou colaboradores da
Alemanha, o julgamento ponderou que, diante do desaparecimento do empregado, que
não retornou da licença de 6 meses concedida, a empresa Theodor Wille teria errado
por não ajuizar inquérito ao tempo dos fatos, para apuração de falta grave (abandono
de emprego), já que o empregado era estável. Citou, para tanto, os artigos 492 e 494 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Ora, o suposto abandono teria acontecido em 1939, antes da promulgação da
Consolidação, em 1943. Como exigir que uma regra fosse cumprida antes de existir…?
Conquanto possa ser questionado esse detalhe da fundamentação, a
apreciação de mérito tinha amparo na legislação que precedeu a CLT. De fato, a Lei
nº 62, de 5 de junho de 1935 (que ampliou as categorias beneficiárias da estabilidade
decenal, antes só reconhecida a alguns setores do operariado), já previa um “processo
de investigação” da acusação de prática de falta grave:
Art. 13. O empregado que for accusado de falta grave poderá ser
suspenso, até decisão final do processo de investigação.
Paragrapho unico. Provada a inexistencia de falta grave, o
empregado readmittido receberá integralmente os vencimentos
e vantagens a que teria direito se não houvesse sido suspenso.
(grafia original)
SECÇÃO II
Dos julgamento de inquéritos administrativos
Art. 50. O inquérito administrativo, instaurado contra empregado
garantido com estabilidade, será depositado pelo empregador na
Secretaria da Junta, ou no Cartório do Juízo, em cuja jurisdição
estiver o local de trabalho do empregado, afim de serem ambos
convocados para a conciliação.
Dessa forma, a rescisão por justa causa (abandono de emprego) não foi
reconhecida por não ter sido objeto de oportuno inquérito para apuração de falta grave.
Em consequência, foi mantido o deferimento de indenização por demissão sem justa
causa, paga em dobro, em razão da extinção da empresa, como previa o art. 497 da CLT:
O tempo admitido para base de cálculo, todavia, foi apenas aquele em que
efetivamente houve prestação de serviços (1922 a 1939), não sendo provido o recurso
do reclamante, que pretendia receber indenização em dobro pelo tempo em que esteve
fora do país, com paradeiro ignorado. Nada mais lógico, aliás.
Essa lide tardia, mas ainda decorrente da guerra de 1939/1945, exemplifica
como os casos submetidos à Justiça do Trabalho registravam, com precisão de detalhes,
a vida social e econômica dessa época marcada pelo grande conflito.
As custas de conhecimento no
Processo do Trabalho, após a Lei
nº 13.467/2017, e o acesso à Justiça
Eduardo Henrique Raymundo von Adamovich1
1. Introdução
Tem sido grande a polêmica à volta da Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017,
denominada Reforma Trabalhista, em diversos temas. Se é certo que em alguns deles
o legislador mereça críticas, pois, por exemplo, poderia ter avançado mais em Direito
Coletivo, libertando as entidades sindicais das amarras de origem corporativista,
ou quanto à definição de categoria profissional (que não é constitucional e poderia
ser alargada pelo legislador infraconstitucional), parece que, no terreno das custas
processuais, essas críticas têm-se revelado equivocadas ou até mesmo exageradas. Tem-
se dito que o alargamento de certas bases de cobrança de custas e despesas processuais
funcionará como indevido óbice ao acesso à Justiça, o que foi mesmo objeto de ação
declaratória de inconstitucionalidade movida pela Procuradoria Geral da República. Sem
discutirem-se especificamente os termos dessa ação, que deverá ser objeto de decisão
pelo Supremo Tribunal Federal, mas olhando-se para a experiência na seara trabalhista
e para o quadro já antes existente, não parece ser possível concluir da mesma maneira
que as críticas que têm sido veiculadas pelos diversos meios acadêmicos ou mesmo da
mídia popular.
Digladiam-se, em síntese, dois lados com inspirações ideológicas distintas,
levantando ambos um sem-fim de dados e estatísticas na tentativa de confirmar sua
argumentação que, quase sempre, é mais política do que jurídica. Afirma-se, de um lado,
que haveria um monumental número de ações trabalhistas, o qual seria produto de uma
cultura de exageros postulatórios, fomentada pela facilidade excessiva na distribuição
dos ônus do processo para os trabalhadores. Sustenta-se, de outra parte, que o número
de ações julgadas improcedentes seria mínimo, o que denunciaria a desnecessidade de
imposição de maiores ônus para os trabalhadores. Há aí, contudo, diversos equívocos,
no mais das vezes produtos da falta de experiência diária com a torrente de ações
que inunda os foros trabalhistas do país; este, sim, é um dado incontestável, sem que,
ao constatá-lo se apresente nenhum juízo de valor em favor de qualquer dos lados
da polêmica.
É fato, para os conhecedores dos aspectos sociológicos das relações de
trabalho no país, que há uma fratura entre o direito legislado e a realidade social,
fratura essa que é produto de diversos fatores, desde as sucessivas crises econômicas e
a excessiva oneração das relações formais de trabalho (que incentivam o empresariado,
sobretudo aquele incipiente ou de pequeno porte, à informalidade ou à semiformalidade
1
Juiz do Trabalho, titular da 77ª VT/RJ; mestre e doutor em Direito; professor adjunto da Faculdade de Direito
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), nos cursos de graduação e pós-graduação stricto sensu.
por obstar ou dificultar esse acesso amplo à Justiça, que tem uma natureza de liberdade
pública, pode ser havido como inconstitucional. Tratar-se-ia de afronta ao princípio da
capacidade contributiva (TORRES, 1995, p. 181). Assim, por exemplo, a Súmula nº 667,
do Supremo Tribunal Federal (STF), em relação ao cálculo da taxa judiciária sem limite
sobre o valor da causa.
Considerada a natureza jurídica tributária das custas, só através de lei se
poderia conceber a concessão de isenção do seu pagamento (Constituição, art. 150, § 6º).
Essa hipótese não se confunde com a dispensa da sua cobrança, hipótese essa escorada
no princípio da eficiência econômica do Estado, inscrito no art. 37, caput, também da
Carta, sabendo-se que situações há em que o proveito econômico propiciado pelo
valor das custas que porventura tenham sido objeto de condenação revela-se inferior
ao montante de gastos que seriam necessários para a sua execução. São conhecidas
normas regulamentares da Fazenda Pública em diversos níveis, federal, estadual ou
municipal, estabelecendo limites até os quais não se procede à execução, porquanto
economicamente desaconselhável fazê-lo, dada a evidente constatação da maior perda
do que proveito ao Erário com o valor que viesse a ser obtido do devedor. Deixe-se já
registrado que essa hipótese corresponde a considerável número de condenações em
custas incidentes sobre trabalhadores quando vencidos em reclamações trabalhistas.
Se não há propriamente um registro específico desses números, é intuitivo que custas
de valores inferiores a R$ 1.000,00 (mil reais)2 não se mostram passíveis de execução,
porquanto, no desenrolar dos gastos do Erário e do tempo necessário para ter sucesso
na empreitada – se é que esse sucesso viria – são provavelmente mais onerosos que
esse valor.
O Direito Processual do Trabalho, até mesmo por força da letra do art. 789,
da Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943
– CLT), seja na redação antiga ou naquela outra que lhe deu a Lei nº 13.467/2017,
segue a regra geral da gratuidade dos atos do processo até a sentença. Nesse ponto
parece residir o primeiro dos equívocos do debate que vem sendo levantado sobre o
tema após a aludida lei reformadora. Tem-se sustentado que as modificações operadas
desestimulariam os trabalhadores, em sua maioria hipossuficientes economicamente,
a ajuizarem novas ações. Se é verdade que dados já notórios, e que aqui seriam de
ociosa repetição, dão conta mesmo de alguma redução do número de demandas nos
primeiros meses de vigência da última lei mencionada, não parece que isso se possa
tomar por uma tendência já formada, nem que esse seja o propósito da lei. Haveria
evidentemente esse intento, em maltrato à regra do art. 5º, XXXV, da Constituição, se se
tivesse determinado o pagamento adiantado de custas, à semelhança do que ocorre na
Justiça comum. Dada a redação vigente dos artigos 789 e 790-B, da CLT, a rigor, não faria
sentido nem mesmo insistir em requerimento de gratuidade de Justiça antes da sentença,
porquanto, até lá, não há imposição legal de adiantamento de custas ou quaisquer
despesas pelo trabalhador. Confirma esse pensamento a Orientação Jurisprudencial nº
269, da Subseção I da Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI-I), do Tribunal
2
Cite-se, por exemplo, a Portaria nº 75, de 22 de março de 2012, do Ministério da Fazenda, e suas modificações,
tratando de temas como a não inscrição na dívida ativa, de um lado, ou, de outro, do não ajuizamento de
execuções fiscais quando aquém de certos limites de valor.
Superior do Trabalho (TST), que admite, como não poderia deixar de ser, o requerimento
de gratuidade no prazo recursal.
Causa espécie, por isso, a insistência em dizer que a restrição a algumas
hipóteses de gratuidade de Justiça e alguma elevação que pudesse ter havido com a Lei nº
13.467/2017 seriam suficientes para causar poderosa retração no ajuizamento de ações.
Se foram estabelecidas de forma mais clara custas para as hipóteses de extinção sem
exame de mérito, ou se a instituição de honorários da sucumbência para os advogados
no art. 791-A, da CLT, e ainda a imposição mais efetiva e realística da estimativa de
valores das obrigações em causa na nova redação do art. 840, § 1º, com a sanção que
a sua inobservância, no § 3º do mesmo artigo. Estas sim podem ser causas de alguma
retração, temorosos que podem estar os trabalhadores da interpretação e da extensão
que daria a Justiça do Trabalho a essas alegadas inovações. Remarque-se, contudo, que
nenhuma delas exatamente poderia ser havida como tal, pois a instituição de honorários
da sucumbência, apesar de representar verdadeira marcha de assimilação do Processo
do Trabalho por aquele outro civil, dada a identidade que a partir daí aumenta, sempre foi
bandeira reivindicatória da classe dos advogados trabalhistas, assim como a estimativa
mais precisa dos valores em discussão, em uma interpretação rigorosamente lógica da
lei, foi instituída desde o advento da Lei nº 9.957, de 12 de janeiro de 2000, que criou o
chamado rito sumaríssimo, utilizando como critério para o seu manejo o valor da causa
inferior a quarenta salários mínimos. A partir daí, a rigor, todas as reclamações deveriam
ter precisado o valor de cada uma das obrigações em discussão, não obstante, tenha
prevalecido na doutrina juslaboralista o entendimento de que isso se faria meramente
pelo valor total atribuído à causa pelo autor, afirmando-se ainda, paradoxalmente, que
o rito processual seria de ordem pública.
Posto o quadro acima delineado, o que se vê é que a constatada retração
parece ter sido mais um produto da incompreensão geral do quadro jurídico em questão
e a difusão de diversos equívocos, do que propriamente de excesso de rigor da nova
lei. Considerada ainda a tão propalada afirmação do caráter paternalista da Justiça
do Trabalho, não faria sentido o dito temor, porque, verdadeira fosse essa afirmação,
haveriam de prevalecer interpretações atenuadoras do rigor da lei. Ao que tudo indica,
o choque da suposta novidade pode ter provocado na maior parte dos operadores
do Direito um estado de incerteza e incompreensão, que é mais produto de leituras
ideológicas do que técnico-jurídicas. Não se trata, que fique bem claro, de isentar de
críticas a chamada Reforma Trabalhista, nem, no extremo ideológico oposto, de tecer
louvores meramente empíricos a ela. Trata-se de tentar entender tudo à luz do quadro
de normas e valores sobre o qual se ergue nosso ordenamento e que deve ser orientado
pela experiência anterior de seus operadores, tendo atenção para as novas ideias e o seu
enquadramento nesse universo.
Considerada a regra de gratuidade de Justiça contida na nova redação do art.
790, § 3º, tem-se uma sistematização mais realística do que a anterior, limitando-se a
dispensa automática, ainda passível de ser concedida até mesmo de ofício, àqueles que
percebam até 40% do limite do teto de benefícios da Previdência Social, algo em torno
de R$ 2.258,32, considerado o teto para este ano de R$ 5.645,80. A experiência mostra
que esse limite já alcança considerável parcela dos trabalhadores que litigam na Justiça
do Trabalho, para os quais não haverá, portanto, qualquer alteração em tema de custas.
Diferentemente, em tema de honorários advocatícios, mas, ainda assim, com
as limitações do novo art. 791-A, § 4º, se é lícito fazer prognósticos para o futuro e
ressalvada a duvidosa constitucionalidade da regra de compensação entre débito de
honorários e créditos trabalhistas futuros, a situação de indigência da maior parte dos
trabalhadores que nesses limites remuneratórios se enquadrem é claro sinal de que
seus débitos de honorários, na prática, terminarão extintos, sem qualquer efeito contra
eles que não aqueles de ordem moral, a pesar-lhes sobre os ombros no lapso bienal
estipulado para a aludida extinção de obrigações. É provável que os credores não se
interessem nem mesmo pela inscrição deles no Banco de Devedores ou em entidades
proteção ao crédito, dado que o aprofundamento das restrições ao crédito haverá de
retirar-lhes ainda mais a capacidade de pagamento.
Superado esse limite de gratuidade, para aqueles que aufiram renda superior,
exige o § 4º a comprovação da insuficiência de recursos financeiros, seja a parte
trabalhadora ou empresária. Trata-se aqui também de nova medida mais realística,
pois não fazia nenhum sentido, no sistema anterior, conceder o benefício por simples
declaração a empregados de quadros superiores, alguns com elevados salários, negando-
os a microempresários ou empresários informais cujo estado de necessidade por vezes
era mais evidente. Na forma atual, tudo ficará ao prudente arbítrio do juiz, sujeito ao
duplo grau de jurisdição, a recomendar maior responsabilidade às partes em pleitos da
espécie e maior cautela aos juízes, para que não incentivem tanto postulações infundadas
de trabalhadores quanto resistências meramente emulativas de empresários. Litigar
exige responsabilidade e não se pode onerar excessivamente o Estado com excessos,
sejam eles postulatórios ou de resistência. É interessante perceber neste ponto, que
o irresponsável requerimento de gratuidade, seja de que parte for, poderá agora ser
avaliado pelo juiz à luz de provas que deverão trazer e, se temerário, poderá não só ser
objeto de indeferimento como também de condenação por litigância de má-fé.
Arremate-se ao perceber que o legislador, dentro da mesma linha de
tornar mais responsáveis as postulações, cuidou ainda da hipótese do ajuizamento
descompromissado de ações, sobrecarregando indevidamente a pauta de audiências
dos diversos juízos, ao impor custas aos arquivamentos decorrentes de ausências
injustificadas do trabalhador, na nova redação do art. 844, § 2º, da CLT. É verdade que a
norma em questão demandaria uma regulamentação aperfeiçoada, pois, ao mencionar o
prazo de 15 dias para liberação do trabalhador da condenação em custas, não considera
que o prazo para recurso ordinário da sentença de arquivamento é de oito dias (CLT, art.
895, I) e que, transitada em julgado esta, a condenação em custas constitui capítulo dela
e, logicamente não poderá mais ser alterada (DINAMARCO, 2002, p. 63, nota 32). Na
conjugação de ambas as normas, a única solução que parece razoável é entender-se que,
não havendo recurso e justificando-se nos quinze dias mencionados pelo novo texto,
ocorrerá dispensa de cobrança das custas cuja condenação, como capítulo da sentença,
continuará existindo, porém destituída, no particular, de qualquer efeito.
3. Conclusão
O exame do quadro acima descrito deixa claro que a existência de normas que
onerem um pouco mais as postulações individuais na Justiça do Trabalho não é, em si,
infensa ao sistema tutelar e de justiça social erigido pelo art. 3º, da Carta, procurando, na
verdade desincumbir-se da difícil tarefa de conciliação do valor social do trabalho com a
liberdade de iniciativa, erigidos no mesmo plano no art. 1º, IV, também da Constituição.
As novas normas juslaboralistas, em sede de custas, constituem um estímulo à
postulação responsável e ao empenho na sua defesa, no seu desenrolar no processo. Ao
atribuir honorários advocatícios da sucumbência aos advogados, se distancia o Processo
do Trabalho de suas origens equitativas e o aproxima do ramo processual comum; se por
um lado poderá constituir mais um entrave ao rápido andamento das execuções, tem
também a vantagem de fazer com que esses profissionais mais se especializem e melhor
desenvolvam suas tarefas, beneficiados por novas possibilidades de rendimentos.
É importante constatar também que o processo individual não deve ser a sede
principal de ataque a lesões em série ou ao descumprimento sistemático de normas por
parte de certos empregadores, pois esta é a sede própria da negociação coletiva ou
nas ações coletivas pelas entidades sindicais em matéria de interesses disponíveis e de
atuação reparadora e inibitória do Ministério Público do Trabalho na seara do processo
coletivo, valendo-se dos instrumentos do Código de Defesa do Consumidor e da ação
civil pública. O terreno da edificação de uma justiça geral, pela didática das virtudes
e a implementação do direito objetivo, diminuindo o número de ações individuais e
reparando a fratura entre o direito legislado e a realidade social é esse dos direitos
transindividuais e das ações a ele referentes, no qual poderia bem interferir e oferecer
bons resultados o Poder Executivo, se implementasse instrumentos de efetivação e
cumprimento pelos litigantes das normas coletivas e da legislação, dentro de um espírito
de boa-fé objetiva das partes envolvidas, obrigadas a descrever comportamentos cujo
resultado prático seja a implementação dos valores constitucionalmente assegurados,
cumpriria também decisivo papel. Cite-se, a propósito, a experiência dos Estados Unidos
da América com o seu National Labor Relations Board, uma agência governamental
independente, encarregada de promover o cumprimento da lei em tema de negociação
coletiva e de combater as práticas laborais desleais.
A existência e o prestígio a um organismo como esse, norte-americano,
certamente é razão da diminuição dos conflitos trabalhistas, que é questão mais de
efetividade do direito objetivo do que de restrição ou ampliação das oportunidades de
litigio individual na Justiça. Se é lícito fazer essa leitura, sabendo o quanto o pensamento
de Montesquieu influenciou, em suas origens, os Estados Unidos da América, pode-se
talvez imaginar que a clássica lição do Barão de la Brède, afirmando que o Judiciário
deveria ser um poder neutro, poderia ser lida menos por entender-se que ele devesse
exercer um papel mimético em relação à legislação positiva e mais por compreender-
se está doente uma sociedade em que tudo ou quase tudo somente se assenta se,
individualmente, resolvido pelo Poder Judiciário.
Em síntese, uma sociedade em que se vai à Justiça por inúmeras relações
individuais, em que uns fazem disso uma fonte de distribuição indevida de renda e outros
4. Bibliografia
CHIOVENDA, Giuseppe. Saggi di diritto processuale civile. Milão: Giuffrè, 1993, v. III.
1. Introdução
Petição inicial, peça de ingresso ou peça exordial. Esses são alguns dos nomes
dados ao primeiro de muitos outros atos sequenciais que constituirão o processo2. Trata-
se do “exórdio” ou do início do discurso jurídico. É a partir desse começo, desse ato de
comunicação originário, que se estabelece a demanda, retira-se o Poder Judiciário da
sua inércia institucional e deflagra-se a movimentação de todo o maquinário estatal em
busca de uma solução para o problema que lhe é apresentado. Afinal de contas, se não
foi possível a composição autônoma dos interesses em conflito e os meios alternativos
não foram utilizados ou, se o foram, não se mostraram suficientes, só resta aos litigantes
recorrerem ao processo judicial, a fim de darem um ponto final ao imbróglio antes de se
voltarem para as vias de fato.
No processo comum, a verbalização das pretensões em juízo vinha cercada de
cuidados formais, mas essas exigências foram bastante abrandadas com o novo Código
de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 – CPC) e as suas generosas
brechas para que o erro, o lapso ou a má redação pudessem ser corrigidos nos mesmos
autos3. Entretanto, na esfera processual trabalhista, parece que as coisas caminharam
no sentido contrário.
De fato, a combinação de alguns fragmentos do novo CPC com a Lei nº
13.467, de 13 de julho de 2017 (Reforma Trabalhista), transformaram o Processo do
Trabalho de maneira paradigmática. Parafraseando Thomas Kuhn, na medida em
que as anomalias criadas pelas clássicas teorias vão se acumulando e diante de sua
incapacidade de lidar com fenômenos ocorridos nas suas entranhas, aduba-se o terreno
para o surgimento das mais variadas crises e de novas ideias para resolvê-las (KUHN,
1998). Essas revoluções científicas não acontecem vagarosamente, a passo de tartaruga.
Elas vêm num rompante, influenciadas pelos contextos sociais, históricos e psicológicos
do observador e levam de uma só vez toda a velha estrutura teórica carcomida, a qual
apenas aparentemente se mantinha de pé. E foi precisamente isso o que se deu com o
Direito Processual do Trabalho.
Novos conceitos, novos procedimentos e novas crenças permeiam um
renovado Processo do Trabalho. As resistências a essa ruptura são previsíveis, e é bom
que assim sejam, pois nem sempre a novidade é para melhor. É importante questioná-la,
1
Juiz titular da 41ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro. Mestre e doutor em Direito Público pela Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor adjunto de Direito Processual do Trabalho e Prática Jurídica da
UERJ e Coordenador Pedagógico da Escola Associativa dos Juízes do Trabalho (EJUTRA).
2
Cf., por todos, SCHIAVI, 2014, p. 503-505.
3
Por exemplo, o art. 321 do CPC, que impõe ao juiz de direito o dever de conceder prazo para emendar a
inicial e, não satisfeito, o dever de indicar com precisão o que deve ser corrigido ou complementado (criando
a carinhosa figura da “babá processual”). Mais à frente retornarei a esse ponto.
2.2. O detalhe que torna a tarefa do advogado um caso à parte está na sua necessária
vinculação aos preceitos éticos e de busca da cooperação, além de sua imaginação
não estar livre, leve e solta, devendo-se ater às informações relevantes, limitar-se às
evidências produzidas e valer-se de critérios normativos válidos e eficazes. Isso tudo sem
se esquecer, obviamente, do uso da linguagem técnica, por vezes imprescindível.
4
Lawyers are storytellers (tradução livre). Cf. MEYER, 2014, p. 3. Nota do autor: como se trata de um e-book, a
numeração das páginas não corresponde exatamente ao similar em papel.
5
Como exemplo, menciono TARUFFO, 2012.
6
Law and Literature (CARDOZO, 1947, p. 339). Cf. também Silva, 2001.
2.3. Não somente no Brasil, mas também nos Estados Unidos da América (EUA) e,
provavelmente, em muitos outros países, o desenvolvimento dessas habilidades
narrativas é bastante rarefeito nas faculdades de Direito (MEYER, 2014, p. 4). Quando
muito, aprendemos a redigir peças processuais, com um roteiro (ou um esqueleto)
pré-estabelecido em manuais de prática forense, conferindo-se pouca ou quase
nenhuma relevância à maneira como os fatos devem ser descritos. Quais devem ser os
componentes de sua sinopse? Quais são os gêneros de prosa mais utilizados ou os mais
importantes para o seu caso? Como os personagens devem ser descritos e trabalhados
na sua história? Como manipular estrategicamente o contexto e o período de tempo em
que o evento se estabeleceu?_Essas são dúvidas relacionadas ao estilo de redação. Qual
é o correto? Qual é o melhor? Qual deve ser o seu?
Sobre essas questões, apesar de o ato de criação do discurso ser personalíssimo
e de, por isso, inexistir uma única resposta correta, uma coisa é certa: a “virtude soberana”
de todo aquele que se aventura a escrever (sobre) direito deve ser a clareza (CARDOZO,
7
Benjamin Cardozo sugere a classificação dos métodos em (1) magistral ou imperativo, (2) lacônico ou
sentencioso, (3) conversacional ou caseiro, (4) refinado ou artificial, (5) demonstrativo ou persuasivo e (6)
aglutinante (1947, p. 342).
8
Respectivamente: SHECAIRA, 2016, e STRUCHINER, 2015.
9
“Five Key Terms of Dramatism […] 1. Scene 2. Cast and Character 3. Plot 4. Time Frame 5. Human Plight”
(tradução livre de MEYER, 2014, p. 5).
1947, p. 341)! Um texto bem redigido possui os atributos da linguagem “precisa, direta,
culta e clara” (RODRÍGUEZ, 2015, p. 232); é aquele cuja seleção constante e coerente de
termos claros e precisos consiga “enunciar a ideia que se quer transmitir ao interlocutor”
(MEYER, 2014, p. 233). E como o fazer-se entender é o objetivo número um de qualquer
jurisconsulto, a este pequeno ensaio não deve faltar a advertência colocada no topo da
lista dos “Don’ts” de Cardozo: não se alongue demais (CARDOZO, 1947, p. 355)!
Talvez a crença equivocada de que tais habilidades comunicativas sejam
intuitivas, ou que não possam ser ensinadas, esteja na origem dessa deficiência da nossa
formação profissional (MEYER, 2014, p. 233). Especulando sobre a conjuntura brasileira,
talvez a nossa tradição bacharelesca de nos expressarmos de modo empolado – usando
e abusando de jargões empoeirados (o famigerado “juridiquês”) –, somada ao nosso
hábito de copiar e colar ementas de julgamentos, fragmentos de doutrina e até mesmo
o conteúdo de peças anteriores, tenham, ambos, nos levado ao atual estado de coisas:
petições iniciais que ou não dizem nada, ou que falam em demasia.
3.2. Pois bem. Passearei rapidamente por alguns dos requisitos legais positivados até
chegar nos dois mais importantes: a causa de pedir (“breve exposição dos fatos”) e
o pedido.
O endereçamento da petição inicial deve ser feito para o juiz competente
(material, funcional e territorialmente) e imparcial. Onde devo demandar? A que órgão
10
Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/IRAC>. Acesso em: 31 maio 2018.
judicial devo me dirigir para falar sobre o problema que tenho em mãos? Mas para
responder a essas perguntas, devo, antes, solucionar algumas outras questões: qual
a espécie de relação jurídica? Qual foi o local da prestação do trabalho ou o tipo de
trabalho executado? Qual a natureza da pretensão que se busca? Em face de quem será
a contenda? Quem é a pessoa responsável pelo julgamento? Eis algumas arestas que
devem ser aparadas pelo advogado, antes de distribuir sua petição inicial.
Quanto à qualificação das partes, ela deve atender a formalidades tais como
a indicação do nome completo (se pessoa física) ou da razão social (se pessoa jurídica);
da personalidade jurídica de direito público ou privado (se pessoa jurídica); do endereço
completo, residencial (se pessoa física), do trabalho (se militar), da sede da empresa
(se pessoa jurídica) ou do administrador judicial (se massa falida); da nacionalidade
(se pessoa física), do estado civil (se pessoa física), do número do Cadastro de Pessoas
Físicas – CPF (se pessoa física) ou do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ (se
pessoa jurídica), e por aí vai.
Logo, o advogado deve fazer, ele próprio, essa primeira filtragem técnica,
segundo os critérios estipulados em lei e em resoluções administrativas11. Até porque,
sem a qualificação adequada das partes, torna-se impossível finalizar o protocolo da
petição inicial no sistema do processo judicial eletrônico (PJe-JT).
3.3. Feito isso, chega-se ao “coração” da petição inicial: a causa de pedir. É aqui onde
mora a história a ser contada.
Entretanto, apesar de a diretriz simplificadora do Processo do Trabalho
merecer elogios e ser digna de aplausos, a elocução “breve exposição dos fatos”, quando
a ela associada, gerou uma anomalia ao mesmo tempo técnica e jurídica.
De um lado, sob a perspectiva da técnica redacional, abriram-se as comportas
da Justiça do Trabalho para uma enxurrada de ações estilo “embalagem para qualquer
produto”. Ao serem lidas, encontrávamos falácias a granel, sendo a mais comum a da
generalização esvaziada de conteúdo12. Por exemplo: Fulano de Tal foi coagido a pedir
demissão e, por consequência, pleiteia a declaração de nulidade da rescisão. Ora: quem
coagiu? Quando coagiu? Como coagiu? Onde coagiu? Por que coagiu? Definitivamente,
não foi contada uma história. Muitos se escudavam em ideias genéricas. O recurso ao
lugar-comum era frequente, tal como o de que o empregado, por ser sempre o mais
vulnerável, jamais seria capaz de decidir romper o contrato por sua livre e espontânea
vontade. A petição inicial vinha desprovida de uma mínima circunstanciação, de
uma narrativa minimamente atenta aos “Five W’s”, aos “Cincos Termos-Chave da
Dramaturgia”. Não se preocupavam com a clareza (e a credibilidade) da escrita.
De outra parte, ainda na linha da composição do texto, a mesma leitura
romântica da causa de pedir trabalhista deu ensejo ao efeito diametralmente oposto
ao anterior: petições volumosas, com dezenas de páginas de redação. Todavia, após a
leitura atenta desses calhamaços, via de regra encontrávamos escassa pormenorização
da realidade vivenciada pelo autor. O que havia aos montes eram citações de doutrina,
11
Cf. artigos 75 e 319, II do CPC, Lei nº 11.419, de 19 de dezembro de 2006, e Resolução nº 94/2012 do
Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT).
12
Sobre a presença de falácias na argumentação, cf. RODRÍGUEZ, 2015, p. 241-245.
3.4. Sob a ótica jurídica, havia uma grave confusão sobre a modelagem da causa de
pedir no Processo do Trabalho. Isso porque, no Processo Civil, pacificou-se a ideia
de que o Código de Processo Civil de 1973 (Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973)
e também o atual, de 2015 (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), assimilaram a
teoria da substanciação13. Segundo essa corrente, a demanda é definida pelos fatos
alegados na petição inicial. Para cada fato, uma demanda; logo, alterando-se o fato, a
demanda passava a ser outra. Esta sutileza hermenêutica suscitava efeitos jurídicos de
alta densidade processual, como, por exemplo, a impossibilidade de se arguir a coisa
julgada em uma ação posterior. Para facilitar a compreensão, transcreverei o exemplo
do professor Ovídio Baptista:
Diante desse caso, a pergunta que não quer calar é a seguinte: malsucedido na
primeira ação, poderá o locador ajuizar uma segunda, apenas alterando o fato constante
da nova causa de pedir? Antes, a ausência do muro; agora, a ausência de remodelação
do sistema elétrico.
De acordo com a teoria da substanciação a resposta é sim. Como a demanda
se define pelos fatos nela descritos, não haverá identidade com a outra cuja causa de
pedir traz fatos distintos. Mas o que tem isso a ver com o Processo do Trabalho?
Como nele admite-se a capacidade postulatória da parte (jus postulandi),
pensou-se em um formato de petição no qual a causa de pedir não seria exauriente.
Ou seja, ao reclamante bastaria narrar, por alto, a sua relação jurídica com a parte
contrária. Estaria autorizado a trazer uma história mal contada, pois eventuais lacunas
seriam sanadas em juízo. “Breve exposição dos fatos”, portanto, significaria uma rápida
pincelada da realidade, sem a preocupação de pormenorizar os tons e sobretons
13
Nesse sentido, por todos, DIDIER JÚNIOR, 2015, p. 552.
inerentes às complexidades das relações humanas. Abraçava-se, com gosto e ainda que
inconscientemente, a teoria da individuação. Para que não se diga que estou exagerando,
leia-se, por favor, a ementa abaixo:
Pronto. Com base em uma regra que se tornou exceção na vida forense
trabalhista – visto que, especialmente em tempos de PJe, são raríssimos os casos em
que a parte atua em causa própria – transmutaram a nossa causa de pedir. Na prática, o
peticionante não deveria mais se amofinar com a descrição precisa do fato lesivo à sua
esfera jurídica ou com a justificativa jurídica de sua pretensão (causa próxima) e nem,
tampouco, com o relato detalhado do seu passado com o demandado (causa remota). A
formalização clara, fluida e minuciosa do pleito era apenas “para inglês ver”.
Ocorre que, paradoxalmente, as coisas julgadas continuaram a abarcar
estritamente os fatos mencionados nas iniciais14. Evitou-se, com isso, o efeito mais
draconiano desta linha de pensamento: a “coisa julgada faz-se sobre toda a lide, quer as
partes a tenham efetivamente controvertido, quer não.” (SILVA; GOMES, 2002, p. 241)
Reparou na embrulhada? Na ponta de partida: teoria da individuação; na de
chegada: teoria da substanciação. Permite-se a petição enigmática e os imprevisíveis
complementos narrativos ao longo da instrução, mas, simultaneamente, restringem-se
seus efeitos aos fatos escritos no papel. Se essa é uma bipolaridade processual difícil de
entender, quanto mais de explicar.
3.5. E no tocante ao pedido? Deveria ele também ser certo e determinado, à moda do CPC?
Mais ou menos.
Veja este caso concreto e retire as suas próprias conclusões:
15
Por todos, mais uma vez, DIDIER JÚNIOR, 2015, p. 566-567.
16
DIDIER JÚNIOR, 2015, p. 566-567. Frise-se que, para esse festejado autor baiano, o pedido deve ser certo,
determinando, claro e coerente.
17
“Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive
os honorários advocatícios”.
maiores juristas brasileiros, Wilson de Souza Campos Batalha, cuja obra foi dedicada em
grande parte ao estudo do Direito Processual do Trabalho (BATALHA, 1995).
Juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (São Paulo) por mais
de trinta e cinco anos, Campos Batalha possuía o talento necessário para harmonizar
suas ideias e sua vasta experiência com grande afinação. E – é importante registrar –
o conteúdo de suas obras percorria tanto a Filosofia do Direito, a Teoria do Direito, o
Direito Civil e o Direito do Trabalho, como também o Direito Internacional Privado e o
Direito Comercial e Societário. Escreveu até mesmo sobre automação (BATALHA, 1961).
Portanto, não é excessivo afirmar que o Direito Processual do Trabalho brasileiro foi
premiado com a sua dedicação intelectual.
E o que dizia esse autor sobre a petição inicial?
4.2. De plano, ele realçou a maior leveza de suas exigências formais pelo fato de a
CLT permitir “a leigos postularem em juízo” (BATALHA, 1995, p. 8). Como vimos, esse
argumento atravessou os acórdãos do TST simpáticos à teoria da individuação: petição
mais simples para o peticionante amador. Mas, não obstante isso, o professor Campos
Batalha foi na contramão daquelas decisões. Na sua opinião, mesmo o leigo não deveria
estar isento de apresentar uma inicial “clara e explícita, enunciando a postulação com
todas as suas características: os fatos, minuciosamente descritos, e o pedido”. E o
motivo era de enorme envergadura principiológica: o caráter contraditório do processo
(BATALHA, 1995). Sendo assim, caso o reclamante não fosse cuidadoso na apresentação
dos fatos, veria indeferida a sua petição inicial por inépcia.
4.3. Aproveitando o ensejo, outra lição merecedora de nota é a distinção entre a inépcia
e a “mera deficiência” da peça de ingresso. Apenas esta daria margem para a emenda,
ao passo que, verificada a inépcia, “a inicial deverá ser sumariamente indeferida”
(BATALHA, 1995, p. 10).
Parênteses: a Súmula nº 263 do TST, mesmo com a sua nova redação
promovida pela Resolução nº 208/2016, parece adotar o mesmo entendimento do
saudoso professor. Veja o seu enunciado: “Salvo nas hipóteses do art. 330 do CPC de
2015 (art. 295 do CPC de 1973), o indeferimento da petição inicial, por encontrar-se
desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou não preencher
outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a irregularidade
em 15 (quinze) dias, mediante indicação precisa do que deve ser corrigido ou
complementado, a parte não o fizer (art. 321 do CPC de 2015)”.
Lido com atenção o verbete, as similaridades afloram espontaneamente:
(1) ressalvou-se o dispositivo legal que cuida exatamente das hipóteses de inépcia, o
que, a contrario sensu, permite-nos concluir que, para elas, não há obrigatoriedade de
concessão de prazo para correção/complemento; (2) fala em “suprir a irregularidade”, o
que vai ao encontro da distinção entre inépcia e mera deficiência ensinada por Campos
Batalha; (3) exemplifica quando há irregularidade (ou mera deficiência) da inicial com a
ausência de documento indispensável (e.g., com uma norma coletiva) e repete o texto
positivado ao falar em “outro requisito legal” (v.g., como o do atual art. 844, § 2º da CLT,
ao exigir o pagamento das custas para a propositura de outra ação, quando a anterior for
arquivada e não houver justificativa nos 15 dias úteis subsequentes20).
Depreende-se, pois, que esse modelo de petição inicial defendido pelo professor
Campos Batalha não era passível de emenda, rectius, não era passível de emenda após
a citação (BATALHA, 1995, p. 10). Referindo-se aos artigos 264 e 294 do CPC de 1973, ele
sublinhou esse marco temporal e falou, por mais de uma vez, ser a petição inicial (e, por
derivação, também o pedido) inalterável post citationem (BATALHA, 1995, p. 10).
Fazendo menção ao autor italiano Gian Antonio Micheli, ele elencou as
seguintes situações abrangidas pela proibição: (1) modificação dos fatos (novidade
objetiva); e/ou (2) ampliação do pedido (nova demanda).
Em seguida, apresentou alterações excepcionalmente permitidas, porque
sem prejuízo para o réu (diga-se para o exercício do contraditório): (1) mudança de nome
jurídico ou das razões jurídicas, desde que não se desfigure a causa de pedir (até porque,
mesmo no Processo Civil, o juiz não está limitado pela fundamentação jurídica do autor
– iura novit curia); (2) redução dos pedidos; (3) mudança dos fatos e/ou ampliação
dos pedidos com a concordância do réu; (4) revelia (desde que haja nova citação);
(5) reconvenção (quando o autor/reconvindo poderá complementar a sua história na
contestação); e (6) fato superveniente relevante (BATALHA, 1995, p. 11-12).
4.4. Por fim, destaco ainda três lições do juiz e professor Wilson de Souza Campos Batalha.
Em primeiro lugar, lembrava ele que os pedidos implícitos admissíveis são
apenas aqueles “taxativamente enunciados na lei” e que aqueles certificados nos autos
devem ser “interpretados restritivamente” (BATALHA, 1995, p. 13).
Em segundo lugar, foi destacado que a argumentação elaborada pelo autor
“não comporta alegações contraditórias, devendo ser considerado como simplesmente
jocoso o exemplo clássico, lembrado por Couture (p. 133): “Primeiro, não deste dinheiro
algum; segundo, já o devolvi faz um ano; terceiro, disseste que era um presente; e,
finalmente, já prescreveu…” (BATALHA, 1995, p. 39).
Fazendo um paralelo, essas são ideias muito próximas às de outro jurista de
mão cheia: Neil MacCormick. Em seu livro “Retórica e Estado de Direito”, esse professor
escocês salientou a importância da coerência narrativa durante o discurso jurídico (a
necessária observância do fluxo de eventos no tempo). E, no caminho oposto, lecionou
como as incoerências narrativas frustram qualquer laivo de credibilidade à história
contada em juízo (2008, p. 298-306).
A bem de ver, a contradição discursiva equivale a um suicídio processual,
pois o próprio postulante entra em rota de colisão consigo mesmo, mediante um
zigue-zague argumentativo que, além de cansativo e insustentável, torna sua história
completamente sem pé nem cabeça. Se os ares de verdade das alegações genéricas
20
Esse dispositivo está sub judice perante o Supremo Tribunal Federal por força da ADI nº 5.677, ajuizada
pela Procuradoria Geral da República. Foi proferido voto pela improcedência do pedido (com alguns
condicionamentos) pelo ministro relator, Luis Roberto Barroso, e outro pela integral procedência do
pedido, antecipado pelo ministro Luiz Edson Fachin. Em seguida, houve suspensão do julgamento em razão
da vista dos autos, postulada pelo ministro Luiz Fux. Disponível em: <http://stf.jus.br/portal/processo/
verProcessoAndamento.asp?incidente=5250582>. Acesso em: 4 jun. 2018.
5.1. O “se” do último parágrafo era, até bem pouco tempo atrás, o sonho de uma noite
de verão. Uma aspiração ingênua de quem desejava uma petição inicial apta a constituir
um processo mais ordenado, previsível, transparente, sinceramente dialógico; enfim,
mais legítimo.
Noções elementares não eram encontradas nas petições iniciais, esvaziadas
de vida real e repleta de platitudes. Para além de dificultarem a compreensão e a solução
dos conflitos, elas estimulavam o aparecimento de falsos problemas. Isso porque, a par
das naturais omissões de histórias inexistentes, havia o estímulo à sonegação maliciosa
de fatos que, se contados, atrapalhariam os planos do postulante movido pela má-
fé. Não foram poucas as vezes em que me deparei com petições contendo pedido de
pagamento de horas extraordinárias, tendo o autor omitido, na causa de pedir, o fato de
que, dos últimos cinco anos do contrato, não trabalhou durante quatro, porque afastado
e recebendo auxílio-doença previdenciário. Ou com iniciais postulando reconhecimento
de vínculo empregatício, mas calando sobre a circunstância de o reclamante ter recebido
seguro-desemprego durante esse período.
Sicrano laborou na mesma função que Fulano, logo requeiro o pagamento de diferenças
salariais. Quais as tarefas de Sicrano? Quais as tarefas de Fulano? Quanto Fulano recebia?
Fatos triviais que deveriam ser declinados na causa de pedir para a realização de uma
comparação minimamente aceitável entre ambos, como também para a confrontação
dessa versão da realidade com as provas a serem produzidas mais adiante.
Entretanto, nada feito. O velho Processo do Trabalho satisfazia-se com esses
vazios narrativos, deixando que não mais as partes, mas as testemunhas ditassem ao
seu bel-prazer os rumos da história. Na prática, descriminalizou-se o falso testemunho
tipificado no art. 342 do Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 – CP). Não havendo outro meio de prova disponível, pergunto: como saber se ela
contou a história verdadeira? Como saber se ela mentiu (ou se o autor mentiu)? A rigor,
a testemunha sequer precisava conhecer os fatos, pois a petição inicial “em branco”
seria preenchida por ela mesma, um terceiro com ampla liberdade de decidir o destino
do processo alheio.
Como já nos ensinava o professor Calmon de Passos:
O thema probandum […] deve estar expresso e ser bem preciso. Seja
qual for o meio de prova a utilizar-se, deve a prova vincular-se a fato
determinado, não sendo admissível se faça do ônus de provar ou do
direito à contraprova algo abstrato, que na prática se traduz em arma
para a chicana e para o desvirtuamento das finalidades de justiça do
processo. Se se pretende a ouvida de testemunhas, fato concreto,
relevante e pertinente deve ser indicado como do conhecimento
dessas testemunhas, o mesmo se podendo afirmar no tocante
à prova pericial e documental. […] Não mais se admitiria fossem
arroladas pura e simplesmente testemunhas para serem ouvidas
sobre o pedido ou sobre a defesa, sem a mais mínima indicação do
que sabem e das razões desse conhecimento. (2016, p. 73-74)
5.3. Quanto aos pedidos e ao valor da causa, o esmorecimento do rigor formal da petição
inicial a transformou numa peça de ficção macabra, cujo final não era conhecido nem
mesmo pelo seu autor. Se os pleitos invisíveis eram aceitos, revelando-se apenas no
momento do julgamento, absolutamente ninguém conseguiria antecipar o que estava
por vir. Ora, se o pedido incerto era bem-vindo, qual seria a “bitola” da atuação judicial?
E mais: determinação da pretensão ou dimensionamento econômico da demanda?
Pesadelo de uma fria noite de inverno.
Gestou-se ali o ovo da serpente a respeito da (im)parcialidade da Justiça
do Trabalho.
21
Nesse mesmo sentido, cf. SOUZA, 2018, p. 390.
Sob o prisma da petição inicial, houve uma única alteração legal, mas cujos
efeitos sistêmicos são alvissareiros.
Consoante o novo art. 840, § 1º da CLT, “Sendo escrita, a reclamação deverá
conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de
que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação
de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante”. E no seu
§ 3º prescreveu: “Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1º deste artigo serão
julgados extintos sem resolução de mérito”.
A partir de 11 de novembro de 2017, todas as petições iniciais no Processo
do Trabalho deverão trazer pedidos líquidos, independentemente de o somatório global
(do valor da causa) totalizar mais, ou menos de quarenta salários mínimos. Rito ordinário
ou rito sumaríssimo? Não importa. Para ambos, a quantificação aritmética da pretensão
tornou-se um requisito legal obrigatório.
5.5. Consequências mais imediatas dessa alteração? Antevejo algumas. Por exemplo:
agora não é mais interessante enxertar o pedido de indenização por danos morais em toda
e qualquer petição inicial, com o intuito de afugentar as agruras do rito sumaríssimo22.
Muito ao contrário. Como o novo art. 791-A da CLT prevê o pagamento de honorários
advocatícios de sucumbência, calculados à base de 5% a 15% do proveito econômico
obtido ou do valor atualizado da causa, o demandante deverá pensar duas vezes antes de
se aventurar em pedidos descolados da realidade. Esse é mais um dos resultados obtidos:
maior prudência no ajuizamento das ações. Apesar de ser uma alteração legislativa muito
recente, não vejo outro motivo para o decréscimo de aproximadamente 50% do volume
de ações após a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017 (LAGUNA; RINALDI, 2018).
Vê-se, assim, que a modificação do art. 840 da CLT não deve ser interpretada
isoladamente, pois cuida-se de uma das várias engrenagens desse renovado sistema
processual trabalhista. A exigência de liquidação não é uma maldade arbitrária, pensada
apenas para criar dificuldades. Na minha modesta opinião, ela foi fruto do rol de
anomalias criadas pelo modelo anterior. Seu objetivo é o de arrumar a casa, tanto sob
o ponto de vista técnico, como sob o aspecto ético. Afinal de contas, não devemos nos
esquecer de outra novidade: a internalização de uma seção novinha em folha, talhada
para resgatar a ética no manuseio do Direito Processual do Trabalho23.
5.6. Exigências severas ou mais severas do que as encontradas no Processo Civil? Talvez,
mas nada impossível de serem experimentadas. De frente para o quadro dantesco no qual
nos encontrávamos, cabe aqui trazer à memória a terceira lei (processual) de Newton:
a toda ação corresponde uma reação igual e contrária. Levaram a desorganização do
sistema a um nível tamanho que o efeito rebote veio com uma força nada desprezível.
Mas há boas notícias. Por exemplo: as válvulas de escape. Aquelas mesmas
previstas no art. 324, § 1º do CPC podem e devem ser usadas nesse renovado Processo
22
Verbi gratia, proibição de citação por edital e menor número de testemunhas do que no rito ordinário
(artigos 852-B, II e 852-H, § 2º da CLT).
23
Sobre esse assunto, cf. GOMES, 2017, p. 121 e seguintes.
do Trabalho (art. 15 do CPC c/c o art. 769 da CLT)24. Contudo, como boas exceções
que são, devem ser utilizadas parcimoniosamente e interpretadas restritivamente
(MAXIMILIANO, 2001, p. 167 e 186-187).
Uma coisa é a parte deparar-se com impossibilidades fáticas de fazer contas
sobre a sua pretensão, porque não consegue individualizar os bens integrantes de
universalidades de fato ou de direito, porque não consegue determinar as consequências
dos atos ou do fato descrito ou porque tal determinação depende de ato complementar,
a ser praticado pelo réu (DIDIER JÚNIOR, 2015, p. 579-582). Todas são situações cuja
possibilidade de quantificação da pretensão (do quantum debeatur) foge claramente ao
seu controle. Outra hipótese, bem diferente, é a de não ter certeza do seu direito (do an
debeatur) e, na dúvida, pagar para ver.
Imagine que o autor se considera discriminado, pois suspeita que seu colega
de trabalho recebe um salário superior ao seu, apesar de ambos executarem idênticas
atividades. Ao procurar o advogado, ele externaliza o seu inconformismo, mas não lhe
fornece subsídios para o ajuizamento da ação. Como fazê-lo se o cliente não dispõe do
valor do salário do potencial paradigma? Nesse caso, o patrono estaria autorizado a
pedir sem liquidar a pretensão?
Entendo que não. Penso desta maneira porque o problema não está na
impossibilidade factual de calcular a diferença, mas, sim, no conhecimento prévio dessa
diferença. A parte simplesmente não sabe quanto ganha o outro empregado. Por isso, em
situações como essa, o advogado trabalhista acabará se tornando um habitué da ação de
antecipação de provas, prevista nos artigos 381 a 383 do CPC. Curiosamente, sua origem
está no discovery do Direito Processual norte-americano, cuja finalidade é justamente
a de permitir ao interessado conhecer as provas em poder da parte potencialmente
contrária, antes de se decidir pelo ajuizamento da ação propriamente dita (trial)25.
5.7. Daí porque, com todas as vênias do mundo, digo que a Comissão de Regulamentação
da Lei nº 13.467/2017, composta por diversos Ministros do TST, errou feio: liquidação
por estimativa não é liquidação26. Estimar significa achar, opinar sobre algo de que não
se tem certeza, isto é, possui o mesmo sentido de indeterminação. Será isso razoável?
Será que estamos perante uma legislação lampedusiana, que tudo muda para que
permaneçamos no mesmo lugar? Certamente que não. E se você discorda de mim,
sugiro a leitura dos relatórios do deputado federal Rogério Marinho27 e do Senador
Ricardo Ferraço28, responsáveis pelos projetos que deram ensejo à Reforma Trabalhista.
Com o perdão da analogia, mas estimar, tal como ventilado pela Comissão de
Ministros, também pode ser entendido como “chutar para o alto”, algo que não requer
nem mesmo o talento de um centro-avante, quanto mais de um advogado. Brincadeiras
24
TUPINAMBÁ, 2018, p. 103.
25
Cf. HAZARD; TARUFFO, 1993, p. 87-88 e 114-118.
26
No art. 12, § 2º da proposta de Instrução Normativa prescreveu-se que: “Para fim do que dispõe o art. 840, §§
1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos artigos 291 a 293 do
Código de Processo Civil”. Para o inteiro teor da proposição, cf. <http://www.tst.jus.br/documents/10157/2374827/
Parecer+Comissão.pdf/adfce987-afaf-c083-89ea-459f08f25209>. Acesso em: 5 jun. 2018.
27
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1544961>. Acesso em: 5 jun. 2018.
28
<https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=5302372&disposition=inline>. Acesso em: 5 jun. 2018.
à parte, daqui para frente, esse profissional deverá fazer a conta aritmética com amparo
nos parâmetros objetivos por ele próprio descritos na sua causa de pedir, ou então terá
se colocado em uma constrangedora armadilha: como é logicamente explicável que a
história por ele contada não sirva para nada?
Ora bolas, foi exatamente o que eu disse linhas atrás, aqui mesmo neste
capítulo e no final do capítulo 3. O Direito Processual do Trabalho convive com a exigência
legal de liquidação dos pedidos há mais de 18 anos, através do art. 852-B da CLT, e, ao
que me consta, nunca suscitaram a sua inconstitucionalidade. Por que, agora, mudar
de opinião e apenas em relação ao renovado § 1º do art. 840 da CLT? Como legitimar a
aplicação de dois pesos e duas medidas para situações normativamente idênticas?
Na verdade, no modelo anterior, muitos advogados conseguiram ludibriar
o sistema, refestelando-se nos pedidos desenfreados de dano moral. Como a Lei nº
13.467/2017 fechou essa brecha, não restou outra escapatória, que não a de arguir-
se a inconstitucionalidade da nova lei. No entanto, soa muito mal essa duplicidade de
critérios, virulenta em relação ao art. 840, § 1º da CLT e tacitamente obsequiosa com o
art. 852-B da CLT, apesar de ambos possuírem conteúdos praticamente iguais.
29
MS nº 0020054-24.2018.5.04.0000, relator des. João Paulo Lucena. Para uma leitura completa dos votos, cf.
<http://www.espacovital.com.br/arquivos/1_35979_5aec448dc171b.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2018.
5.9. O valor da causa também cresceu e apareceu, ou melhor, passou a ser um fenômeno
processual de verdade. Com pedidos liquidados, ele representa o seu somatório, o seu
ponto final. Não cabe mais colocar nesse tópico um valor qualquer ou o seu número da
sorte, totalmente desconectados do potencial econômico do que se pretende30. Tem-
se, portanto, para ambas as partes, o dimensionamento real, palpável do tamanho da
encrenca. Isso faz com que ganhem protagonismo as consequências e os riscos que dela
se avizinham: o pagamento de honorários de sucumbência, de honorários periciais, de
multa por litigância de má-fé e das custas.
Antes de concluir, mais um pequeno adendo. Faço questão de me colocar na
mesma frequência de onda do professor Campos Batalha, em relação a um ponto não
enfrentado diretamente pela Reforma: a qualidade da causa de pedir. Apesar de ter
sido revirado pelo avesso ao longo deste artigo, nunca é demais insistir nesse assunto,
até mesmo para demonstrar que nem todas as transições do multiverso processual
necessitam ser a fórceps legislativo. Como ensinava outro gigante do Direito Processual
brasileiro, tão ou mais importante do que a reorganização judiciária, a eficiência da
administração dos órgãos da Justiça e as alterações da lei formal, é a mudança da
mentalidade dos juízes, da sua atitude perante o processo (MOREIRA, 1989, p. 5)!
Por essa razão, concordo com o professor Campos Batalha, quando afirmava
ser incabível a emenda à petição inicial depois de realizada a citação. À época, ele se
respaldava nos artigos 264 e 294 do CPC de 1973, além da lacuna normativa da CLT, para
sustentar a sua posição. Agora, aparentemente, seria mais difícil a defesa desse ponto
de vista, em razão do art. 321 do CPC de 2015, segundo o qual:
30
Sobre o tema, cf. TUPINAMBÁ, 2018, p. 69-70.
Para o professor Fredie Didier Júnior, o novo CPC trouxe um caminho de ferro
para o juiz: sua única opção é conceder o prazo para emenda. A rigor, seria um direito
subjetivo da parte, com dois deveres jurídicos correlatos do magistrado: (1) de prevenção
(de dar oportunidade de correção do defeito) e (2) de esclarecimento (cabendo-lhe dizer
precisamente qual foi o defeito identificado. DIDIER JÚNIOR, p. 558). Na sua opinião, não
existiria sequer preclusão temporal para a emenda feita fora do prazo, nem, tampouco,
preclusão consumativa para a emenda que ficou pior do que o soneto (DIDIER JÚNIOR,
p. 557). Pelo que entendi, em ambas as hipóteses, o julgador deverá buscar sanar o
defeito de qualquer jeito, ainda que ao preço de fechar os olhos para a inobservância
arbitrária do tempo por ele concedido ou de permitir a emenda da emenda da emenda
da emenda. De fato, para os advogados, o paraíso processual está aqui.
5.10. Pretendo rebater esses argumentos em duas frentes: uma, com três proposições
normativas, e outra, com uma constatação pragmática. Mas antes, estabelecerei duas
premissas para essas justificativas.
Logo de plano, é importante não perdermos de vista a nossa geografia
normativa: o Processo do Trabalho positivado na CLT. Essa é a nossa ilha discursiva. É a
partir desse microssistema que desbravaremos outros continentes em busca da matéria-
prima de que não dispomos. Por isso, como bons ilhéus, devemos, antes de mais nada,
analisar a questão da emenda à petição inicial com os instrumentos disponíveis em nosso
recanto jurídico. Só depois de constatarmos a inexistência de regramento próprio, ou a
sua existência de modo insuficiente, é que devemos içar velas para atravessar o “enorme
fosso” que nos separa do Processo Civil, a fim de nele buscarmos subsidiariamente o que
não temos (art. 769 da CLT) ou supletivamente o que nos falta (art. 15 do CPC)31.
Estabelecida essa primeira premissa, relembrarei uma segunda: o
procedimento trabalhista não prevê o saneamento do processo. E por que esse é um
detalhe importante? Porque não há uma omissão legislativa, mas, sim, um silêncio
eloquente, entendido como uma “[…] situação na qual a hipótese contemplada é a única
a que se aplica o preceito legal, não se admitindo, portanto, aí o emprego da analogia
(STF, in RE 0130.552-5, AC. 1ª T., rel. min. Moreira Alves, in LTr 55-12/1.442) ou de
qualquer regra supletiva ou subsidiária.” (MEIRELES, 2015, p. 42-43)
5.11. O traçado do Processo do Trabalho foi feito para torná-lo mais veloz, simples, prático
e efetivo do que o processo comum. E como nele há, desde sempre, a previsão do jus
postulandi, não faria sentido o juiz determinar o saneamento dos defeitos a uma parte
desprovida dos conhecimentos técnicos para fazê-lo. Assim, a petição inicial trabalhista
não sofre esse desvio de percurso. Ela vai, numa linha reta, do protocolo à audiência
inaugural. E quando falo em retidão, imagino a figura de um trem-bala procedimental,
pois nem mesmo o famoso despacho de “cite-se”, do Processo Civil, existe no Processo
do Trabalho, onde a citação é feita automaticamente pela serventia da Vara (art. 841,
caput da CLT).
31
Em sentido semelhante, MEIRELES, 2015, p. 37-41.
5.12. Agora veja bem. O art. 329 do CPC demarca dois momentos para a válida
constituição do Processo Civil: no inciso I, permite a adição ou a alteração do pedido ou
da causa de pedir até a citação; no inciso II, admite a adição ou a alteração do pedido
ou da causa de pedir, mas apenas mediante consentimento do réu e até o saneamento.
Assim, juntando tudo o que foi dito nos últimos parágrafos, creio ser possível
convencê-lo de que a possibilidade de emenda da petição inicial no Processo do Trabalho
deve sofrer temperamentos. Nesse passo, entendo que até a realização da citação pelo
“escrivão ou secretário”, o reclamante estará autorizado a modificar a sua história
e os pedidos dela decorrentes, como também poderá adicionar novos fatos e novas
pretensões. A lógica embutida é cristalina: não haverá custo algum para o Estado (que
ainda não emitiu a comunicação processual) ou, tampouco, para o futuro réu, pois como
não teve ciência da existência da demanda, ainda não produziu defesa ou contratou
advogado. E, sem prejuízo, não haverá nulidade (art. 794 da CLT).
e sem qualquer critério faz com que a duração razoável do processo seja mais uma das
nossas várias normas “para inglês ver”. Isso sem falar da imprevisibilidade acarretada por
essas abruptas guinadas processuais, pois o demandado quase nunca poderá ter certeza
se aquela petição que tem em mãos é a definitiva. A majoração dos custos do processo
para a parte contrária também não deve ser esquecida (o seu advogado terá que preparar
outra defesa, com novo nível de complexidade, e comparecer a mais uma audiência), já
que, em decorrência disso, cria-se uma assimetria de tratamento desproporcional.
6. Conclusão
O Brasil não passa por um tempo de euforia ou de desesperança. Estamos na
era da perplexidade. Nada será como antes e não se sabe o que virá no curto, médio ou
longo prazo. E foi nesse momento conturbado que surgiu a Lei nº 13.467/2017.
Como toda e qualquer reforma legislativa, esta não é neutra e não se propõe
a resolver todos os nossos problemas em uma única penada (PASSOS, 2016b, p. 385). A
bem de ver, ela serviu para duas coisas muito importantes, dentro de um processo de
amadurecimento civilizatório.
De um lado, a reforma veio a realçar a imbricação visceral entre o poder
político e o Direito, e como ambos devem manter sintonia fina com a realidade, sob
pena de serem brutalmente atropelados pelos fatos34.
De outra parte, ela nos mostra como o olhar puramente técnico do processo
é ilusório. Sendo um canal para a manifestação do poder estatal, o processo constitui
fenômeno político, suprindo omissões do legislador e do administrador, definindo os
rumos da sociedade e impactando a economia.
32
Cf. <http://www.cnj.jus.br/gestao-e-planejamento/metas/justica-do-trabalho>. Acesso em: 5 jun. 2018.
33
Em sentido semelhante, J. J. Calmon de Passos: “Porque capaz de opção, o homem fez-se responsável. Tendo
condições de fazer acontecer o que sem seu agir jamais teria acontecido, tornou-se obrigado a responder pelas
consequências de seus atos”. (2014, p. 601).
34
PASSOS, 2016b, p. 380-381. Cf. também, nesse mesmo sentido, DIMOULIS, 2018, p. 61-66.
6. Referências bibliográficas
BATALHA. Wilson de Souza Campos. Tratado de Direito Judiciário do Trabalho. 3. ed.
São Paulo: LTr, 1995, v. I e II.
CARDOZO, Benjamin Nathan. Selected writings of Benjamin Nathan Cardozo: the choice
of Tycho Brahe. New York: Fallon Law Book Company, 1947.
DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao Direito Processual
Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. 17. ed. Salvador: Juspodivm, 2015.
KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. Tradução Beatriz Vianna Boeira e
Nelson Boeira. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1998.
LAGUNA, Eduardo; RINALDI, Caio. Ações trabalhistas caem mais de 50% após
reforma. O Estado de São Paulo, São Paulo, 3 fev. 2018. Disponível em: <https://
economia.estadao.com.br/noticias/geral,acoes-trabalhistas-caem-mais-de-50-apos-
reforma,70002176586>. Acesso em: 5 jun. 2018.
MEYER. Philip N. Storytelling for lawyers. New York: Oxford University Press, 2014.
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Temas de Direito Processual: quarta série. São Paulo:
Saraiva, 1989.
PASSOS, J. J. Calmon de. O imoral nas indenizações por dano moral. In: PASSOS, J. J.
Calmon de. Ensaios e artigos. Salvador: Juspodivm, 2014, v. I.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2014.
TARUFFO, Michele. Uma simples verdade: o juiz e a construção dos fatos. Tradução
Vitor de Paula Ramos. São Paulo: Marcial Pons, 2012.
1. Nota introdutória
O art. 793-D, introduzido na Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei
nº 5.452, de 1º de maio de 1943 – CLT) pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, prevê
a possibilidade de aplicação da multa prevista no art. 793-C2 do mesmo diploma legal à
testemunha que intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir fatos essenciais
ao julgamento da causa. O parágrafo único do art. 793-D estatui, ainda, que a execução
da multa prevista nesse artigo dar-se-á nos mesmos autos.
Nas próximas linhas, será analisada a compatibilidade da nova previsão
legal com a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 (CF), e com as Convenções
Internacionais ratificadas pelo Brasil, notadamente à luz da concepção moderna do
princípio do contraditório, tal como concretizado no ordenamento jurídico brasileiro.
Além disso, será demonstrada a perplexidade teórica e prática que pode resultar da
aplicação do dispositivo legal.
5
Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB),
art. 2º, § 2º: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem
modifica a lei anterior”.
aduz que o reclamante trabalhava das 8h às 19h, e a testemunha declara que o horário
de trabalho do reclamante era das 7h às 20h.
No entanto, é evidente que a mentira (má-fé, intenção de alterar a verdade
dos fatos) pode estar exatamente na petição inicial ou em outra manifestação processual
feita pela parte (contestação, depoimentos pessoais, réplica etc.), e não no depoimento
da testemunha.
Punir a testemunha é se esquecer completamente desse aspecto e aplicar
punição de modo medievalesco, muito próximo ao que se fazia na Santa Inquisição: a
pessoa é punida de forma unilateral, sem possibilidade de se defender e de demonstrar
que falou a verdade. É por isso que todo o nosso ordenamento jurídico é pautado na
ideia de impossibilidade de punição sem contraditório prévio, conforme se demonstrará
no próximo item.
6
Art. 30. A autoridade competente determinará de ofício, ou a requerimento do interessado, a realização de
diligências necessárias à apuração dos fatos, indeferindo as que considerar procrastinatórias.
7
Perito. Legitimidade para recorrer. Precedentes da Segunda Seção. 1. Os precedentes da Segunda Seção
assentam que o perito não tem legitimidade para recorrer, não sendo considerado terceiro prejudicado (…)
(REsp 513.573/SP, rel. min. Carlos Alberto Menezes Direito, Terceira Turma, julg. 20/11/2003, DJ 1º/3/2004,
p. 182).
8
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO POR PERITO JUDICIAL. LEGITIMIDADE PARA RECORRER. AUSÊNCIA.
O perito judicial não detém legitimidade para recorrer visando ao pagamento de honorários periciais, não
sendo considerado terceiro prejudicado, na forma do art. 499 do CPC, e sim auxiliar da justiça (CPC, art. 139).
Precedentes do TST e do STJ. Recurso de revista de que não se conhece. (TST, RR-24300-15.2000.5.09.0660. 1ª
Turma, rel. min. Walmir Oliveira da Costa, julg. 21/9/2011).
9
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será
afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos
termos do § 2º deste artigo.
10
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal
expressamente decidida.
§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no
processo, se:
I – dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II – a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;
III – o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal.
§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que
impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.
11
PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PAGAMENTO DE HONORÁRIOS PERICIAIS COM CHEQUE SEM
PROVISÃO DE FUNDOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. PERITO. AUXILIAR DA JUSTIÇA. INTERESSE DA UNIÃO.
CONFIGURAÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
1. Atinge interesse da União a conduta consistente em emitir cheque sem provisão de fundos para pagamento
de honorários periciais perante a Justiça do Trabalho.
2. O perito é órgão auxiliar da Justiça e presta serviços ao juízo, e não às partes do processo.
3. Havendo interesse da União, nos termos constitucionais, impõe-se a competência da Justiça Federal.
4. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Federal da 1ª Vara da Subseção Judiciária de
Chapecó/SC, suscitante. (CC 43.894/SC, rel. min. Arnaldo Esteves Lima, 3ª Seção, julgado em 13/12/2004, DJ
1º/2/2005, p. 404).
10. Bibliografia
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2016.
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Comentários ao Código de Processo Civil. 15. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2009.
1. Introdução
O texto tem por finalidade dirimir as principais controvérsias em torno do
caráter facultativo da contribuição sindical, e que agora passou a estar previsto pela
Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, que instituiu a Reforma Trabalhista. Debate
em torno da aplicação prática do princípio da autonomia privada coletiva de trabalho
que encontra limites em garantias constitucionais, preservando o patrimônio mínimo
de direitos de indisponibilidade absoluta, e que foram reproduzidos taxativamente no
artigo 611-B do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 (Consolidação da Leis do
Trabalho – CLT). O texto pugna pela defesa da ilicitude de procedimentos adotados em
assembleias sindicais, com o propósito de substituir, coletivamente, a vontade prévia
e por escrito dos trabalhadores. Ademais, os benefícios normativos conquistados pelo
sindicato profissional aproveitam a todos os seus representados, justamente por fazerem
parte da categoria. Já a judicialização pelo desconto compulsório fere as liberdades de
associação e filiação sindicais, não se podendo conferir nenhuma penalidade, inclusive
mediante a imposição de multas, aos trabalhadores e às empresas que se limitaram a
dar cumprimento ao rigor da lei.
2. Contextualização
Temática de maior relevância no atual cenário das relações trabalhistas e
sindicais diz respeito à celeuma do chamado “imposto sindical”, afinal:
(i) a contribuição sindical ainda existe no ordenamento jurídico?
(ii) a contribuição continua sendo obrigatória ou passou a ser facultativa?
(iii) a assembleia convocada pelo sindicato profissional, autorizando o desconto
em nome dos representados, substitui a vontade prévia e por escrito dos trabalhadores?
(iv) se não houver o desconto e o repasse da contribuição ao sindicato, o
empregado perderá o direito de ser beneficiado pelas normas coletivas de trabalho?
(v) o não recolhimento da contribuição, em tempo e modo, obrigará o
trabalhador a pagar a contribuição acrescida de multa, caso haja futura decisão judicial
favorável ao desconto obtida pelo sindicato profissional?
1
Professor de pós-graduação e de cursos jurídicos. Instrutor de treinamentos In Company. Palestrante em
eventos corporativos. Mestrando em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP). Pós-
graduado em Direito Processual Civil pela Escola Paulista da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo (EPM do TJ/SP). Especialista em Direito Social pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Membro
do Instituto Brasileiro de Direito Social Cesarino Júnior (IBDSCJ), da Associação Brasileira de Direito Processual
Constitucional (ABDPC), do Centro de Estudos Avançados de Processo (CEAPRO), da Associação Brasileira
de Direito Processual (ABDPro), da Associação Brasileira de Direito Constitucional (ABDConst), do Instituto
Brasileiro de Direito Aplicado (IDA) e do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo (IBDD.)
Assim, não é correto afirmar que, desde o dia 11 de novembro de 2017, data
de início da vigência da nova legislação, a contribuição sindical teria sido extinta da
Consolidação das Leis do Trabalho. Ao revés, o chamado “imposto sindical” continua sim
previsto e regulamentado pelas normas celetistas, mas seu desconto e repasse para os
sindicatos agora dependem de prévia e expressa autorização individual do funcionário.
Não por outra razão que o próprio Constituinte Originário de 1988 trouxe
hipóteses permissivas à validade do negociado sobre o legislado, em casos nos quais
as normas coletivas venham a dirimir controvérsias em torno de temas como salário e
jornada de trabalho.
Destaca-se, nesse sentido, o teor dos incisos VI, XIII e XVI, do artigo 7º, da
Constituição Federal:
3
Súmula Vinculante nº 40 do STF: “A contribuição confederativa de que trata o artigo 8º, IV, da Constituição
Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo”.
A par do exposto, não há que ser feita confusão entre a contribuição sindical
e a confederativa, uma vez que apenas essa última é estabelecida por deliberação em
assembleia do sindicato, ao passo que a primeira já está expressamente prevista nas
normas celetistas. E a partir da reforma trabalhista, o pagamento da contribuição sindical
se tornou facultativo, cuja legalidade do desconto está condicionada à prévia e expressa
autorização individual do trabalhador, que não pode ser substituída pela deliberação
do sindicato.
Deste modo, o legislador reformador, ao tornar a contribuição sindical
facultativa, se pautou no princípio da liberdade de associação que está previsto no
ordenamento jurídico brasileiro desde a Constituição de 1891, sendo que a liberdade de
contribuição é mero corolário lógico do direito de associar-se ou não. Esses, inclusive,
são os ditames contidos no inciso V do artigo 8º da atual Constituição Federal4.
Vale destacar, inclusive, que para significativa parcela da doutrina, a imposição
de contribuição obrigatória a todos trabalhadores viola a liberdade sindical, afinal:
4
Artigo 8º, da CRFB/1988: “É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: […] V – ninguém
será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato”.
Claro está, portanto, que a autonomia negocial deve respeitar o “núcleo duro”
do Direito do Trabalho, formado por normas de fonte estatal (imperativas e de ordem
pública), pautadas pelos princípios da proteção e da irrenunciabilidade. Exemplos disso
são os direitos relativos à liberdade e à livre associação sindicais, cuja supressão e/ou
redução não podem ser objeto de negociação coletiva.
Neste ponto, a Reforma Trabalhista encampou expressamente a clássica
distinção já feita no âmbito da jurisprudência entre normas de indisponibilidade
absoluta e normas de indisponibilidade relativa. As primeiras, como acima mencionado,
englobam o patamar mínimo civilizatório dos trabalhadores, insuscetíveis, portanto, de
modificação pela via da negociação coletiva. Já as segundas conferem efetividade ao
princípio da adequação setorial negociada, mas, para sua legitimação, em tese, seria
necessário garantir ao menos um mínimo de contraprestação, além de se estabelecer
um patamar superior de direitos, de acordo com o princípio constitucional da
progressividade dos direitos sociais.5
E com supedâneo em tal norma constitucional, contida na cabeça do artigo
7º da Lei Maior, é que se justifica aqui a aplicação do princípio da norma mais favorável
ao empregado, o que orienta a todos que “a Constituição deve ser interpretada
como um conjunto de direitos mínimos e não de máximos, de modo que nela mesma
se encontra o comando para que os direitos mais favoráveis ao trabalhador venham
a ser fixados através da lei ou das convenções coletivas” (NASCIMENTO, 1991, p. 40).
Essa é visão do professor e advogado José Affonso Dallegrave Neto, ao afirmar que “o
negociado somente prevalecerá sobre o legislado quando trouxer melhores condições ao
trabalhador” (2002, p. 3).
E mais que a feição bilateral da negociação, a transação de direitos não se
perpetua frente àqueles considerados de indisponibilidade absoluta, que se traduzem
em parcelas imantadas por tutela de interesse público, insuscetível de pactuação pelas
partes acordantes, e que agora estão taxativamente enumerados no artigo 611-B da CLT.
Pelo exposto, afigura-se oportuno asseverar que o Direito do Trabalho atua
como instrumento mediador e institucionalizador na solução de conflitos entre o trabalho
assalariado e o capital. Desta forma, mesmo com a Reforma Trabalhista, acredita-se na
subsistência de importantes dispositivos protetivos, mesmo porque “a proteção é o fator
de maior produtividade e de paz social, que interessam ao capitalismo” (SILVA, L., 1999).
5
CF/88, Artigo 7º: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social”.
de ser contemplado, por exemplo, com o reajuste normativo da data-base, com o vale-
refeição, a cesta básica e outros tantos benefícios previstos em acordos e/ou convenções
coletivas de trabalho?
E para essa pergunta, frise-se, a resposta deve ser peremptoriamente
negativa, afinal, todo empregado fará jus aos benefícios normativos obtidos por seu
sindicato profissional, independentemente de autorizar o desconto da contribuição
sindical, ou, ainda, de efetuar o pagamento de quaisquer contribuições a título de taxa
para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento
sindical e outras da mesma espécie.
Logo, como todo empregado pertence à certa categoria profissional, esse
fato, por si só, já o qualifica a ser contemplado pelos benefícios econômicos que sejam
porventura estabelecidos pelo seu sindicato quando da elaboração dos acordos e/ou
convenções coletivas de trabalho.
Ainda que assim não fosse, na prática, seria impossível identificar os
trabalhadores que não tivessem recolhido a contribuição sindical e, mais, repassar tal
informação ao sindicato da categoria profissional para que a entidade pudesse, por sua
vez, excluir aludidos trabalhadores dos benefícios normativos conquistados por meio da
negociação coletiva, até porque a grande maioria nem sequer é filiada aos sindicatos.
Bem por isso, a negativa da autorização do desconto da contribuição sindical
pelos trabalhadores não traz nenhuma penalização em seu contrato, a ponto de afetar
os benefícios normativos previstos nos instrumentos coletivos de trabalho.
7
Artigo 146, da CRFB/1988. “Cabe à lei complementar: […] III – estabelecer normas gerais em matéria de
legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em
relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento
tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas; d) definição de tratamento diferenciado
e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou
simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13,
e da contribuição a que se refere o art. 239.”
8
Artigo 150, da CRFB/1988. “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: […] 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de
cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só
poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as
matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art.
155, § 2º, XII, g.”
9
ADI 5.794 – Confederação dos trabalhadores em transporte aquaviário (Conttmaf); ADI 5.810 –
Central das Entidades de Servidores Públicos (Cesp); ADI 5.811 – Confederação dos Trabalhadores
de Logística; ADI 5.813 – Federação dos trabalhadores de postos (Fenepospetro); ADI 5.815 – Federação dos
Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações (Fenattel); ADI 5.850 – Confederação dos Trabalhadores
em Comunicações e Publicidade (Contcop); ADI 5.859 – Confederação Nacional do Turismo; ADI 5.865 –
Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB); ADI 5.887 – Federação das Entidades Sindicais dos
Oficiais de Justiça (Fesajus); e ADI 5.888 – Grupo de quatro confederações nacionais: Trabalhadores na Indústria
(CNTI), em Estabelecimentos de Ensino (CNTE), em Transporte Terrestre (CNTT) e em Turismo (Contratu).
10
Artigo 580, da CLT. “A contribuição sindical será recolhida, de uma só vez, anualmente, e consistirá: I – Na
importância correspondente à remuneração de um dia de trabalho, para os empregados, qualquer que seja a
forma da referida remuneração”.
que sobrevenha decisão judicial em sentido contrário. Bem por isso, ninguém poderá ser
penalizado, ainda mais com imposição de multa pelo sindicato, por simplesmente seguir
o rigor da lei que, reitere-se, afastou o caráter cogente e obrigatório do recolhimento do
imposto sindical.
9. Conclusão
Este trabalho se dedicou ao estudo dos impactos da Reforma Trabalhista nas
relações coletivas, em particular quanto à problemática de grande importância relativa
ao caráter facultativo da contribuição sindical, e que agora passou a estar prevista na
legislação consolidada.
Por essa razão, procurou-se dirimir todas as controvérsias em torno do chamado
“imposto sindical”, reforçando-se o entendimento de que o legislador reformador não
tornou extinta a aludida contribuição, principal fonte de custeio das entidades sindicais,
mas apenas, e tão-somente, condicionou seu recolhimento mediante prévia e expressa
autorização por escrito pelos trabalhadores.
Ademais disso, ficou assentado que o princípio da autonomia privada coletiva
encontra limites na própria Carta de Outono de 1988, sendo que esses foram reproduzidos,
textualmente, no rol trazido pelo atual artigo 611-B da CLT, ao reputar como ilícitas,
para efeitos da negociação coletiva, as cláusulas normativas que venham a suprimir ou
reduzir os direitos de indisponibilidade absoluta ali pormenorizadamente descritos.
De mais a mais, rechaçou-se a posição adotada por muitos sindicatos de
convocarem assembleias específicas, com o fim de autorizar o desconto coletivo da
contribuição sindical em nome de todos os trabalhadores por eles representados, uma vez
que dito procedimento não substitui a vontade prévia e por escrito de cada substituído.
Ainda, foi dirimida a tormentosa problemática dos benefícios normativos,
porquanto o fato de o trabalhador não contribuir para o sindicato, por si só, não o afasta
das conquistas obtidas pela categoria profissional, cuja divisão do sistema sindical em
categorias possui assento constitucional.
Em arremate, a intensa judicialização fomentada pelos sindicatos quanto à
obrigatoriedade do desconto da contribuição sindical demonstra que, na situação do
direito brasileiro, há nítida ofensa às liberdades de livre associação e sindicalização
sindicais previstas na Carta da República Federativa do Brasil.
10. Bibliografia
ADORNO JUNIOR, Hélcio Luiz. A estrutura sindical brasileira e a transição do sistema
corporativista para o democrático nas relações coletivas do trabalho. Revista Magister de
Direito Trabalhista e Previdenciário, v. 37, Porto alegre, Magister, p. 25-40, jul./ago. 2010.
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de direito do trabalho. 10. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2016.
MELEK, Marlos Augusto. Trabalhista! O que mudou! Reforma Trabalhista 2017. Curitiba:
Estudo Imediato, 2017.
MORAES FILHO, Evaristo de. O problema do sindicato Único no Brasil: seus fundamentos
sociológicos. 2. ed. São Paulo: Alfa-Ômega, 1978.
REALE, Miguel. A globalização da economia e do direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1997.
ROBORTELLA, Luiz Carlos Amorim. O moderno direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1994.
1. Introdução
Tem o presente texto o objetivo de dialogar a experiência da militância da
advocacia trabalhista de quase três décadas e do ensino do Direito material e Processual
do Trabalho com o texto da denominada Reforma Trabalhista, Lei nº 13.467, de 13 de
julho de 2017, e que eu opto por chamar de “deforma” trabalhista. Utilizo a letra crítica
da música de Eduardo Dusek, Nostradamus cantada de forma irreverente pelo artista,
porque nesses tempos estranhos, a música “caiu como uma luva”.
Me permito escrever na primeira pessoa pelo formato irônico que darei
ao texto, embora de contorno técnico, tendo como suporte teórico obras de autores
clássicos e atuais.
O objetivo é fazer uma análise após seis meses da vigência da Lei, partir da
violação do princípio do acesso à Justiça, tendo como base a redução do número de ações
e as maquiavélicas formas de inibir o empregado de buscar a tutela jurisdicional contra
a lesão de seus direitos, aliados ao reducionismo da liberdade do magistrado trabalhista.
A militância dos anos nessa seara me permite análise e constatação da
mudança de paradigma no trato com o cliente e no filtro das ações, embora baseadas em
lesões. Segundo a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Delaíde Arantes2, as
razões das demandas na Justiça do Trabalho são inadimplência, desrespeito aos direitos
alimentares básicos como verbas rescisórias, indenização por dano moral, salários,
diferenças salariais e seguro-desemprego.
O Direito Processual do Trabalho sempre garantiu ao trabalhador buscar a
reparação da lesão sem ser apenado pela própria lei. A Lei nº 13.467/2017, pensada
para precarizar os direitos e inibir o acesso à Justiça, devora o ânimo do trabalhador de
buscar o Judiciário, mediante as sanções de multas, limitação da gratuidade de justiça;
honorário de sucumbência recíproca, dentre outros.
Após seis meses – escrevo este texto em maio de 2018 –, durante os
quais a colisão de teses resultou num Judiciário Trabalhista fragilizado, ameaçado e
desprestigiado, a modificação da legislação elevou o índice de insegurança jurídica,
1
Advogada trabalhista; professora de Direito material e Processual do Trabalho; doutora em Direito e Sociologia
pela Universidade Federal Fluminense (UFF); mestra em Direito Público pela Faculdade de Direito de Campos
(FDC); membro da Comissão de Direito do Trabalho do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB); presidente da
direção geral da Associação Luso-brasileira de Juristas do Trabalho (JUTRA) no biênio 2016-2018.
2
Conferência de encerramento proferida pela ministra Delaíde Arantes no XIV JUTRA, Cascais, Portugal,
em 23/3/2018.
Naquela manhã
Eu acordei tarde, de bode
Com tudo que sei
Acendi uma vela
Abri a janela
E pasmei
Alguns edifícios explodiam
Pessoas corriam
Eu disse bom dia
E ignorei
Telefonei
Pr’um toque tenha qualquer
E não tinha
Ninguém respondeu
Eu disse: “Deus, Nostradamus
Forças do bem e da maldade
Vudu, calamidade, juízo final
Então és tu?”
De repente na minha frente
A esquadria de alumínio caiu
Junto com vidro fumê
O que fazer? Tudo ruiu
Começou tudo a carcomer
Gritei, ninguém ouviu
E olha que eu ainda fiz psiu!
O dia ficou noite
O sol foi pro além
Eu preciso de alguém
Vou até a cozinha
Encontro Carlota, a cozinheira, morta
Diante do meu pé, Zé
Eu falei, eu gritei, eu implorei:
“Levanta e serve um café
Que o mundo acabou!”
No relatório do próprio projeto consta que seu objetivo era reduzir o número
de ações na Justiça do Trabalho e também o desemprego, o que foi comemorado pelo ex-
presidente do TST, ministro Ives Gandra Martins. O primeiro objetivo foi atingido, mas,
em relação ao segundo, o efeito foi contrário, já que grassam na sociedade brasileira
altos índices de desemprego e de pessoas em busca de postos de trabalho.
Necessário retomar a origem de toda essa mudança para trazer dialeticidade
ao texto, embora muito conhecidos de todos os leitores os precedentes políticos
relacionados à edição da referida lei.
Advogados do Brasil (OAB) afirmou, à época, que essas mudanças “não podem ser
debatidas de forma açodada”, pois a falta de aprofundamento pelos legisladores “pode
vir a causar danos irreparáveis.”3 Várias foram as notas técnicas e de repúdio de autoria
da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA), da
Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas (ABRAT); da Associação Luso-brasileira
de Juristas do Trabalho (JUTRA); da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho
(ANPT) e outras entidades de defesa das conquistas e contra retrocessos.
Então, para aquela manhã de 13 de julho do “ano para ser esquecido” do
ponto de vista jurídico, era bem adequada a letra do artista irreverente, cujos versos
servem para traduzir o inconformismo reacionário dos que assistiram ao rápido processo
legislativo desprovido de qualquer atenção quanto a ofensas à Constituição Federal de 5
de outubro de 1988 (CF) e normas internacionais. Volta-se à música Nostradamus:
Naquela manhã
Eu acordei tarde, de bode
Com tudo que sei
Acendi uma vela
Abri a janela
E pasmei
Alguns edifícios explodiam
Pessoas corriam
Eu disse bom dia
E ignorei
Telefonei
Pr’um toque tenha qualquer
E não tinha
Ninguém respondeu
Eu disse: “Deus, Nostradamus”…
Não parou por aí, uma vez que pouco depois das graves violações positivadas,
decorreram apenas três dias após o início da vigência da Lei nº 13.467/2017 (11/11/2017)
para nova alteração, com o advento da Medida Provisória (MPV) nº 808, de 14 de
novembro de 2017. Esta última tentava minimizar a afronta ao texto constitucional, mas,
embora reeditada, não foi convertida em lei pela Câmara dos Deputados, em razão de
disputas políticas entre os Poderes, perdendo, com isso, a eficácia. Tentou o sr. Ministro
do Trabalho, através da Portaria nº 349/2018, apaziguar algumas lacunas da lei.
O momento político no Brasil é extremamente grave, estando à frente do país
um presidente que não foi eleito pelo voto direto e, portanto, com pouca legitimidade;
ascensão do Estado mínimo e supremacia do capital dominante, sobretudo o estrangeiro,
que pressiona cada vez mais os membros dos Poderes Legislativo e Executivo. Aliás essa
foi a tônica que teve como resposta a Lei nº 13.467/2017, com benefícios aos grandes
capitais nacional e estrangeiro.
3
Mensagem alusiva ao Dia do Trabalho da Diretoria do Conselho Federal da OAB. Disponível em: <http://
www.oab.org.br/noticia/55023/mensagem-alusiva-ao-dia-do-trabalho>. Acesso em: 31 out. 2017.
Pensando nisso uma onda de diplomas legais veio surgindo ao longo das
últimas décadas, tanto no Brasil como em outros países, trazendo mecanismos de
mudanças dos procedimentos judiciais em geral, em especial para ações de pequenas
causas, direitos do consumidor, difusos e homogêneos.
A lei denominada de Reforma Trabalhista vem na contramão desse cuidado
com o acesso à Justiça. Passemos à análise dos preceitos constitucionais no Brasil,
no particular.
4
BUNN, Andrea Cristina de Souza Haus, apud SCHIAVI, Mauro. A Reforma Trabalhista e o Processo do
Trabalho: aspectos processuais da Lei nº 13.467/17. 1. ed. São Paulo: LTr, 2017, p. 85. In 2ª JORNADA DE
DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL DA ANAMATRA. Disponível em: <https://www.anamatra.org.br/imprensa/
noticias/25797-reforma-trabalhista-anamatra-divulga-integra-dos-enunciados-aprovados-na-2-jornada>.
Acesso em: 20 nov.2017
Conclusão
Encerro com o final da letra de Dusek, Nostradamus:
Será?
A se seguir a Lei sem que haja um posicionamento pelos TRTs, TST ou STF em
sentido contrário à proposição literal, continuarão as estatísticas demonstrando uma
visível queda no número de ações em razão da inibição do acesso à Justiça, portanto,
uma parte da encomenda feita ao Legislativo e ao Executivo brasileiros está entregue.
É evidente a violação aos dispositivos constitucionais do acesso à Justiça e do
amplo direito de defesa. E a Reforma também subverte toda a compreensão do instituto
da gratuidade de justiça, além dos princípios informadores da Justiça do Trabalho.
A referência que deve ser adotada é mesmo de valorar que os trabalhadores,
sobretudo aqueles de ganho pequeno e médio – sem excluir os demais – devem ser
detentores de todos os benefícios da gratuidade da Justiça, nela se inserindo o conjunto
de despesas que fazem parte do processo.
Sem desmerecer o trabalho do advogado, parece razoável sustentar que
aquele que for beneficiário da gratuidade de justiça fique dispensado, igualmente, do
pagamento dos honorários advocatícios nas hipóteses de não obter êxito no pedido.
Por último, de se conclamar a advocacia trabalhista a não se intimidar, a não
recear na criação e sustentação das boas teses, a fazer uso da pena e da hermenêutica
jurídica. Reagir é a palavra de ordem, afinal, advocacia não é profissão de fracos e
covardes, tampouco as Carlotas estão mortas ao chão, pois o mundo não acabou!
Referências
2ª JORNADA DE DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL DA ANAMATRA. Disponível em:
<https://www.anamatra.org.br/imprensa/noticias/25797-reforma-trabalhista-anamatra-
divulga-integra-dos-enunciados-aprovados-na-2-jornada->. Acesso em: 20 nov. 2017.
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryan. Acesso à Justiça. Tradução Ellen Gracie Northfleet.
Porto Alegre: Fabris, 1988.
MEDEIROS. Benizete Ramos de. Velhos hábitos, nova roupagem – uma reforma sob
encomenda e a luta das Associações e Instituições para evitar os retrocessos. Disponível
em: <http://revistaeletronica.oabrj.org.br/?page_id=1017>. Acesso em: jun. 2018.
1. Introdução
O atual espectro político brasileiro evidencia, ao menos no período pós-
ditatorial, o mais grave retrocesso no plano dos direitos sociais. Assentado em
profundas alterações constitucionais e legais, que passam por contenções e ajustes
fiscais, além de reformas, dentre outras, como as do ensino médio, da previdência
e da legislação trabalhista, desenha um cenário perigosamente antissocial e põe em
relevo a ilegitimidade das ações governamentais e legiferantes, ressaltando sua baixa
gradação democrática2, sublinhada pelo descompasso com o desejo popular. Tendo
por base esse contexto histórico, o presente trabalho se vale do complexo de reformas
que se entendeu por denominar de trabalhistas, analisando especificamente o iter de
discussões parlamentares em torno do Projeto de Lei nº 4.302/1998, que deu ensejo à
Lei nº 13.429, de 31 de março de 2017, para apontar, ao final, a correlação de forças e de
interesses que não populares, como veio, único a determinar a edição de atos normativos.
“Câmara aprova projeto que permite terceirização irrestrita” (CARAM;
CALGARO, 2017). “Temer sanciona lei que permite terceirização irrestrita” (TEMER…,
2017). Essas são apenas duas das numerosas notícias veiculadas na mídia eletrônica
imediatamente após a aprovação do Projeto de Lei (PL) nº 4.302/1998 e respectiva
sanção presidencial, que deu origem à Lei nº 13.429/2017, primeiro grande movimento
legal em direção à ampla reformulação precarizante das relações de trabalho que
ainda estava por vir. Divulgação descuidada, vale ressaltar, que serve tão somente à
proliferação de uma ideia artificiosa, a ofuscar a obviedade da carência de legitimação
de suas proposições.
Pautando-se nesse fato, o presente trabalho pretende dimensionar o atual
cenário político nacional; parte da premissa de que os direitos sociais, perenemente
assimétricos, recrudesceram profunda e rapidamente no Brasil, identificando a atual
legislatura (2015/2018) como o período mais importante da história político-social
brasileira, considerado o conjunto de propostas e projetos apresentados, que visam a
1
Analista judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região. Bacharel em Direito e licenciado em
História. Pós-graduado em Direito pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ/RJ) e em
Direito e Processo do Trabalho pela Escola de Magistratura da Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro (EMATRA/
RJ). Mestrando em Direito e Políticas Públicas pela Universidade Federal do Estado Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Utiliza-se, aqui, a gradação democrática trabalhada por Dahl (2005).
3
Com vacatio legis de 120 dias, e afora o nítido retrocesso social implementado às relações de trabalho, a
Lei nº 13.467/2017 constitui um claro exemplo do descompasso entre os Poderes Executivo e Legislativo e
a sociedade. A tanto basta superficial análise: 1 – da desproporção e transformação do projeto enviado pelo
Executivo à Câmara dos Deputados, em comparação com aquele aprovado pela Câmara e enviado ao Senado
Federal; 2 – da tramitação, dos mecanismos utilizados para coalizão de forças e dos desvios no devido processo
legal legislativo, sobretudo a promessa presidencial, com vistas à aprovação integral no Senado, de veto ou
regulamentação posterior, mediante medida provisória, dos pontos controvertidos. V. Governo divulga minuta
de MP com mudanças na reforma trabalhista (AGUIAR, 2017) e Comissão de juristas irá editar uma nova CLT
(MURAKAWA; LIMA, 2017); 3 – das várias ações que questionam sua constitucionalidade etc.
4
Nova pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), publicada no dia 28/9/17,
aponta que a aprovação do governo de Michel Temer, com 3%, é a pior desde o fim da ditadura. Disponível em:
<http://www.portaldaindustria.com.br/cni/>. Acesso em: 29 jul. 2017.
5
Conforme dados divulgados em março de 2017 pelo PNUD – Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento, o Brasil ocupa a septuagésima nona posição entre 188 países no ranking do IDH – índice
de desenvolvimento humano. “Ao elaborar o relatório de desenvolvimento humano, o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento também divulga o IDH ajustado à desigualdade. Nem todos os países têm
esse índice medido pela ONU. No caso do Brasil, o PNUD afirma que, se for levado em conta o IDH ajustado
à desigualdade, o índice de desenvolvimento humano do país cairia de 0,754 para 0,561 e o Brasil cairia 19
posições no ranking mundial” (MATOSO, 2017).
na responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, desde que hajam
participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (redação original: Res.
23/1993, DJ 21, 28/12/1993 e 4/1/1994).
8
Seguindo o mesmo padrão das notícias que inauguram este artigo, a página eletrônica G1 divulgou no dia
30 de março de 2017, imediatamente após a sessão plenária do Supremo Tribunal Federal que julgou o RE
760.931-DF, a equivocada notícia de que “STF decide que administração pública não é responsável por dívidas
de terceirizadas”, considerando que a Corte Suprema havia apenas definido o encargo probatório atinente à
obrigação fiscalizatória do ente público contratante (COSTA, 2017).
9
Diário da Câmara dos Deputados: 24 mar. 1998.
10
Dentre elas, podem ser citadas as ações diretas de inconstitucionalidade (ADI) 5685 (ajuizada pela Rede
Sustentabilidade), 5686 (ajuizada pela Confederação Nacional das Profissões Liberais – CNPL), 5687 (ajuizada
pelo PT e pelo PCdoB), 5695 (ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria Química
– CNTQ e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados –
Conaccovest) e 5735 (ajuizada pelo Procurador-Geral da República).
11
O Congresso Nacional não tem representatividade para legislar de forma tão profunda sobre temas tão
sensíveis, sem sequer dispor de forma clara à sociedade acerca do elemento fundamental e necessário a início
de discussões sobre as reformas que pretende impor. As tentativas de auditoria da dívida pública fracassaram,
o mesmo Congresso inviabilizou as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para tanto instauradas.
Às vésperas da votação de uma PEC extremamente antissocial, o governo fecha os olhos para o clamor
básico, simples, quanto à discussão a respeito da realidade das contas da previdência, a ponto de demandar
numerosos movimentos sociais, de ocasionar “racha” no âmbito do próprio Congresso, com a apresentação de
pedido de CPI assinado por nada menos que 60 senadores.
5. Conclusão
A variação na intensidade das tensões na disputa pelo fundo público, antes
demonstra apenas a conhecida dinâmica circular das crises do modelo de produção
adotado, com suas modulações de expropriação e acumulação que, referendadas ou
não, em maior ou menor grau, pelo ideal partidário governante, compõem um conjunto
de políticas públicas que podem apontar para extremos opostos, sublinhando direitos
e conquistas sociais, ou privilegiando mecanismos de acumulação de riqueza. Os
ventos favoráveis da economia global no início dos anos 2000, sobretudo a valorização
generalizada do preço das commodities, associados a uma governança que ao menos se
intitulava “dos Trabalhadores”, possibilitou ao Brasil avançar no plano dos direitos sociais.
Indicadores notórios e incontroversamente conhecidos não deixam dúvidas. Avanço, é
bem verdade, que conviveu harmoniosa e estranhamente com a cumulação de riqueza
no topo da pirâmide social e que, portanto, não representou melhora significativa13.
Alquimia possível porque praticada na contra-crista do movimento ondular das crises
do capitalismo, momento que permitiu a adoração a dois senhores ontologicamente
opostos. Fenômeno bem à feição de um partido de trabalhadores demasiadamente
identificado com a direita. Ao contrário de muitas opiniões tidas por tendenciosas, o povo
brasileiro jamais experimentou uma real valorização de seus direitos sociais. Simples
análise do momento atual, da agudeza do patamar de endividamento e de corrupção
alcançado, é o suficiente. O cenário de austeridade às custas do povo e o retrocesso
são visíveis diante das numerosas propostas de alterações legislativas. É nesse ambiente
que tornam à cena, com maior protagonismo, as discussões acerca da terceirização de
serviços e da Reforma Trabalhista.
12
Tamanha a crise de legitimidade a que chegou o parlamento nacional, que esta postura claramente anti-
democrática, violadora do devido processo legal legislativo, foi reiterada pelo Senado Federal quando da
aprovação do PLC nº 38/2017, projeto que deu ensejo à edição da Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017,
denominada Reforma Trabalhista. Abrindo mão de seu papel constitucional como casa revisora, aprovou
integralmente o texto enviado pela Câmara dos Deputados, diante da promessa do presidente da República de
que vetaria os dispositivos referentes a temas controversos, ou os regulamentaria posteriormente por meio
de medidas provisórias. Em carta aos senadores, Temer garante veto a pontos polêmicos da reforma (EM
CARTA…, 2017).
13
Nesse sentido, v.g., dentre outros, POCHMANN, 2013 e DEMIER, 2017, etc.
Referência bibliográfica
AGUIAR, Adriana. Comissão de juristas irá editar uma nova CLT. Valor Econômico, São
Paulo, 29 set. 2017. Disponível em: <http://www.valor.com.br/legislacao/5138024/
comissao-de-juristas-ira-editar-uma-nova-clt>. Acesso em: 29 set. 2017.
COSTA, Fabiano. STF decide que administração pública não é responsável por dívidas
de terceirizadas. G1, Brasília, 30 mar. 2017. Disponível em: <http://g1.globo.com/
politica/noticia/stf-decide-que-administracao-publica-nao-e-responsavel-por-dividas-
de-terceirizadas.ghtml>. Acesso em: 30 mar. 2017.
DAHL, Robert Alan. Poliarquia e oposição. São Paulo: Editora USP, 2005.
TEMER sanciona lei que permite terceirização irrestrita. Congresso em foco, Brasília,
1º abr. 2017. Disponível em: <https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/
temer-sanciona-lei-que-permite-terceirizacao-irrestrita/>. Acesso em: 1º abr. 2017.
1. Introdução
Apesar de já transcorrido um bom tempo após a vigência da Lei nº 13.467,
de 13 de julho de 2017 (Reforma Trabalhista) são inevitáveis algumas reflexões sobre a
referida norma. Daí o presente artigo2.
Como diziam os antigos: “a pressa é inimiga da perfeição”. No caso da tão
discutida Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017) isso – permitam-me – ficou evidente.
Aliás, não é a primeira vez que algo assim acontece. Também na edição da Lei nº 12.506,
de 11 de outubro de 2011, que trata do aviso-prévio proporcional, o açodamento trouxe
mais dúvida que certeza. Parece até – lamentavelmente – algum descaso com o Direito
do Trabalho.
Essa lastimável conclusão tem, salvo engano, algum fundamento. Vejam
que na elaboração do atual Código de Processo Civil, Lei nº 13.105, de 16 de março de
2015 (CPC/2015), houve um procedimento mais adequado para a atualização da regra
processual. O mesmo, em certa medida, ocorreu com o Código Civil em vigor, Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (CC/2002). Sabe-se, quanto a este, do alongado debate
em torno de sua revisão, mas isso, agora, não vem ao caso. O importante é que para os
dois diplomas legais houve tempo e debate oportunos para a maturação das propostas
de alteração dos respectivos códigos.
Diga-se, ainda, que as atualizações dos referidos diplomas legais (CPC/2015
e CC/2002) foram orientadas por dois expoentes da ciência jurídica (Luiz Fux e Miguel
Reale, respectivamente). No caso da Reforma Trabalhista, ao que se saiba, isso não
ocorreu. Talvez tenha faltado uma voz marcante para, direta e objetivamente, orientar a
dita modernização do compêndio trabalhista. Nomes de prestígio em nosso âmbito, por
certo, há. É sempre oportuno um farol em terra firme para guiar o timoneiro quando a
noite chega no mar incerto.
De outra banda, não se ignora que muitos interesses permeiam a relação
capital-trabalho. Talvez tenham prevalecido interesses outros (para dizer o mínimo) que
não os verdadeiramente técnico-jurídicos. Faltou debate, técnica e isenção. A matéria,
pela repercussão social, merecia melhor trato.
De toda sorte, a Reforma está aí. Como lei, vigente desde 11/11/2017, deve
então ser observada (ao menos no tocante àquilo que não for declarado inconstitucional).
É certo que sua imediata aplicação requer cautela. Não se pode ignorar que o Direito é
um sistema. Mister atentar para os valores e princípios que norteiam a escorreita prática
jurídica como se demonstrará brevemente a seguir.
1
Analista Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região.
2
Artigo redigido em junho de 2018.
4. Conclusão
A experiência confirma: toda mudança, no início, sempre gera alguma
apreensão. Com o advento do novo Código de Processo Civil (CPC/2015) não foi diferente.
Muita coisa, então, foi dita. Fundadas preocupações, à época, foram apresentadas.
Contudo, com o passar do tempo, as coisas foram – digamos – se acomodando, de
sorte que atualmente, ao menos em nosso âmbito, quase não se nota a mudança dos
paradigmas processuais. Efeitos apaziguadores do tempo.
Talvez com a Reforma Trabalhista ocorra o mesmo. Espera-se, ao menos no
plano processual, que as novidades trazidas pela Lei nº 13.467/2017, com o decorrer do
tempo, mostrem-se menos prejudiciais ao equilíbrio das relações jurídico-trabalhistas.
Por certo, a abalizada jurisprudência e a proficiente doutrina, com isenção,
técnica e equilíbrio, qualidades que lhes são inerentes, apresentarão, ao longo do
tempo, soluções para as questões que agora causam algum tormento. Para isso, é só dar
tempo ao próprio tempo.
5. Referências Bibliográficas
DELGADO, Maurício Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A Reforma Trabalhista no
Brasil com os comentários à Lei 13.467/2017. São Paulo: LTr, 2017.
FONSECA, José Geraldo da. É o rabo que abana o cachorro. Revista Justiça e Cidadania,
Rio de Janeiro, n. 208, p. 40-42, dez. 2017.
NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil
Comentado. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
1. Isonomia processual
No ordenamento jurídico brasileiro, a fonte primária do Direito é a lei, cultura
esta conhecida como civil law; entretanto, com o advento do novo Código de Processo
Civil (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 – CPC), surgiu uma nova valorização dos
precedentes jurisprudenciais como forma de conferir maior segurança jurídica à
resolução das demandas judiciais, pois não basta que haja uma decisão, seja sentença
ou acórdão, é importante que ela seja justa e signifique a entrega efetiva da prestação
jurisdicional às partes que litigam no processo.
Ao proferir-se decisão judicial divergente de outras de mesmo cunho, exaradas
em casos análogos, viola-se o direito constitucional à isonomia das partes que litigam, visto
que o fato de controvérsias similares resultarem em julgamentos de mérito diferentes
implica afronta à isonomia, privando desta forma os litigantes de se beneficiarem da
segurança jurídica que se espera das decisões do Poder Judiciário. Ademais, o uso dos
precedentes fortalece não apenas a confiança que se espera deste Poder da República
mas, também, a observância daqueles é necessária ao desenvolvimento do Estado
democrático de direito.
Expressivo, sob tal tema, o douto magistério de Alexandre Freitas Câmara:
Tal como apontado pelo eminente doutrinador, casos iguais devem receber
decisões iguais para que se aplique, assim, o princípio constitucional da igualdade/
isonomia.
1
Advogado. Especialista em Direito do Trabalho, Direito Previdenciário e Processo do Trabalho pela
Universidade Cândido Mendes. Pós-graduado em Direito Processual Civil pela Universidade Cândido Mendes.
Conclusão
A segurança jurídica será alcançada através da isonomia que os precedentes
proporcionam aos litigantes, tendo em vista que, com a racionalização das teses e seu
efeito vinculante, os atores processuais terão plena ciência do caminho a ser trilhado
dentro da demanda. Se por um lado, em tese, haverá certo “trabalho mecânico” na
aplicação dos precedentes a casos judicializados, por outro, a parte não terá mera
expectativa de direito, mas sim plausibilidade jurídica de que seu processo estará dentro
de um contexto uniforme, com sua pretensão amparada na garantia da efetividade de
seu acesso ao Judiciário, para solução do litígio.
A celeridade será garantida, ao passo que o trabalho dos magistrados estará
facilitado pela existência de um precedente vinculante sobre determinado tema,
visto que, conforme apontado, não é incomum que a mesma matéria de direito seja
repetidamente levada ao Judiciário, muitas vezes com alteração, tão somente, do polo
ativo da demanda. Dessa forma, uma tese firmada em favor ou desfavor de uma das
partes racionaliza o trabalho do julgador, permitindo que dirija esforços maiores para
solução de outras sortes de demandas (como ações civis públicas, por exemplo, que
em geral tratam de matérias de maior envergadura, como direitos coletivos ou difusos).
A desarmonia interna causada por jurisprudências conflitantes e antagônicas
representa um risco à prestação jurisdicional, criando insegurança jurídica e violando a
isonomia que deve haver entre os sujeitos processuais. Da mesma maneira, decisões
conflitantes baseadas em jurisprudência desarmônica ensejarão não apenas ações
discutindo a mesma matéria, como recursos objetivando reforma de julgados baseados
nesses conflitos, o que acaba por gerar a chamada morosidade judicial.
Assim sendo, é importante a aplicação dos precedentes para conferir às
partes não apenas isonomia processual como segurança jurídica, além de atribuir maior
credibilidade à atuação do Judiciário, desestimulando, dentre outros embaraços, a
propositura de demandas em massa sobre mesmo objeto.
Referências
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso extraordinário nº 435.256. Rel. min. Marco
Aurélio, julg. 26/5/2009, 1ª Turma, DJE 21/8/2009. Disponível em: <http://redir.stf.jus.
br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=601233>. Acesso em: 21 jun. 2018.
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2018.
MARINONI, Luiz Guilherme. Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2017.
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; NASCIMENTO, Bruno Dantas. Recurso especial, recurso
extraordinário e a nova função dos tribunais superiores no direito brasileiro. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2016.
1. Introdução
O presente artigo tem por escopo reflexão acerca do trabalho infantil artístico
no Brasil, sendo objeto deste estudo o histórico do aludido tema pelo mundo e a atual
regulamentação jurídica da matéria. Muito se defende a erradicação do trabalho infantil,
pois crianças e adolescentes devem ter outras prioridades nessa fase da vida, como
estudar e brincar, não sendo o trabalho uma boa opção para o desenvolvimento dos
jovens. Contudo, a sociedade muitas vezes enxerga com outros olhos essa atividade,
sendo constantemente aplaudido e incentivado pelos familiares das crianças e dos
adolescentes que comumente buscam, na fama dos filhos, uma possibilidade de
melhoria da condição financeira da família.
Esse trabalho é visto, por grande parte da população, como uma excelente
oportunidade, até mesmo para crianças e adolescentes, pois eles estariam desenvolvendo
dons naturais, não sentindo o labor como uma tarefa árdua e sim algo muito prazeroso.
Porém, qualquer trabalho infantil traz marcas às vidas dos envolvidos, mesmo
sendo exercido de forma artística e é importante que se analise os pormenores dessa
prática. Esse tipo de atividade, muitas vezes, prejudica o desenvolvimento psicossocial do
menor, frente à fragilidade de sua personalidade que ainda está em fase de construção,
além da dificuldade de se discernir fantasia de realidade. Por fim, costuma ser realmente
prejudicial a sua vida escolar, pois a criança ou o adolescente precisa trabalhar de 5
(cinco) a 10 (dez) horas diárias, dependendo do destaque de sua participação artística.
Embora este tema seja de absoluta importância, o Brasil é muito carente de
regulamentação que trate especificamente desta questão que nos cerca há décadas e
tem vários interesses conflitantes. De um lado, a criança tem o direito de se desenvolver
através de brincadeiras e atividades escolares, tendo que ter tempo para se divertir e
para realizar as tarefas do colégio. Por outro, é inegável que algumas, desde muito cedo,
demonstram talento para encenações, carreira artística e até vocação para ser atleta
ou modelo. Essas profissões em geral exigem, muitas vezes, um início na infância para
serem exitosos e alcançarem melhores resultados.
O presente trabalho visa tratar, juridicamente, desse tema de salutar relevância
para a sociedade que ainda não sabe como lidar com as possíveis consequências
dolorosas de um incentivo equivocado ao início precoce de uma carreira artística.
Além do mais, o Direito tem a obrigação de regular a relação entre a criança e
o adolescente e seu meio de trabalho, através das autorizações dadas para que menores
participem de espetáculos artísticos e da fiscalização da execução dos mesmos, a fim de
que não esteja atrapalhando o desenvolvimento típico dessa fase da vida.
1
Advogada. Bacharel em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.
2. O trabalho infantil
O trabalho infantil tem origem remota. O uso de mão de obra infanto-
juvenil foi muito utilizado nas grandes civilizações, como a grega, a egípcia e a romana
(LIBERATI; DIAS, 2006, p. 12). Contudo, a exploração infantil de fato se operou durante
a Revolução Industrial. Já nessa época, em que a miséria era predominante, o trabalho
infantil começou a ser considerado como renda extra da família2, além de já se ter a
ideia de que quanto mais cedo a criança entrasse para o mercado de trabalho, menos
chances teriam de se encaminhar para a criminalidade. A regulamentação do trabalho
infantil foi o que originou o Direito do Trabalho, visto que a legislação procurou proteger
primeiro as crianças e os adolescentes, para só depois estender seus direitos ao resto
dos trabalhadores (CASSOL, 2008).
Mais especificamente no Brasil, o trabalho infantil surgiu antes mesmo
das caravelas portuguesas desembarcarem no território tupiniquim. A bordo das
embarcações já se podia perceber crianças e adolescentes, entre nove e dezesseis
anos, que eram submetidos ao trabalho, conhecidos como pequenos grumetes. Com
a abolição da escravatura, houve uma grande massa de ex-escravos sem emprego e,
consequentemente, muitas crianças foram abandonadas o que deu origem ao processo
de marginalização de crianças pobres, drama vivenciado até hoje pela sociedade
brasileira. Diante de uma alta taxa de criminalidade, o trabalho infantil era visto pela
sociedade com grande virtude, já que ajudava na construção do caráter das crianças.
O Protocolo Adicional à Convenção Americana (Protocolo de San Salvador)
tratou sobre o tema em análise, em seu artigo sétimo, alínea f3, vedando o trabalho
noturno, perigoso, insalubre e que possa trazer riscos de danos à saúde, segurança e
moral dos menores de 18 anos. Interessante o Protocolo informar que o trabalho para
menores de 16 anos só seria permitido se fizesse parte da grade curricular do sistema de
ensino, o que não é o que acontece no caso do trabalho infantil artístico. O Protocolo foi
internalizado no ordenamento jurídico brasileiro, através do Decreto nº 3.321, de 31 de
dezembro de 1999, devendo, portanto, ser a referida regra cumprida.
Atualmente, no Brasil, o jovem encontra uma legislação formalmente bem
protetiva. Contudo, no cenário fático, ainda se percebe bastante dificuldade em aplicar
efetivamente essas leis.
2
Leo Huberman destaca que as crianças trabalhavam, pois os salários de seus pais não eram suficientes para
sustentarem a família. Nas palavras do autor: “A princípio, os donos das fábricas compravam o trabalho de
crianças pobres, nos orfanatos; mais tarde, como os salários do pai operário e da mãe operária não eram
suficientes para manter a família, também as crianças que tinham casa foram obrigadas a trabalhar nas
fábricas e minas.” HUBERMAN, Leo, História da Riqueza do Homem, 22. ed., São Paulo: LTC, p. 178.
3
Artigo Sétimo do Protocolo de San Salvador: Os Estados Partes neste Protocolo reconhecem que o direito
ao trabalho, a que se refere o artigo anterior, pressupõe que toda pessoa goze do mesmo em condições justas,
equitativas e satisfatórias, para o que esses Estados garantirão em suas legislações, de maneira particular:
[…]
f) Proibição de trabalho noturno ou em atividades insalubres ou perigosas para os menores de 18 anos e, em
geral, de todo trabalho que possa pôr em perigo sua saúde, segurança ou moral. Quando se tratar de menores
de 16 anos, a jornada de trabalho deverá subordinar‑se às disposições sobre ensino obrigatório e, em nenhum
caso, poderá constituir impedimento à assistência escolar ou limitação para beneficiar‑se da instrução recebida.
artístico é uma atividade que ocorre em contexto profissional, com contrato assinado
que prevê multa rescisória, descontos por falta e o recebimento de valores financeiros
significativos decorrentes da experiência. Com isso, há uma obrigação a cumprir, além
de envolver dinheiro, o que muda, em muito, o comportamento dos pais.
A Convenção nº 138 da OIT trata justamente do trabalho infantil e da idade
mínima para tal, permite-o ainda que não expressamente, visto que em sua redação
autoriza que as autoridades competentes concedam licenças, em casos individuais,
para participação em representações artísticas. Tais licenças, segundo a Convenção,
determinarão a carga horária da criança e do adolescente, assim como as condições
para a realização do referido trabalho7.
Com isso, conclui-se que a Convenção teve tanta cautela com a idade mínima
para o trabalho geral, parece não enxergar o trabalho artístico como sendo, efetivamente,
um trabalho. Com base nesse permissivo, internalizado através do decreto nº 4.134,
de 15 de fevereiro de 2002, o Poder Judiciário vem autorizando o trabalho infantil
artístico, em comunhão com o artigo 149, II, a e b do ECA que também prevê o alvará
para participação de crianças e adolescentes em espetáculos, ensaios e certames de
beleza. É necessário enfatizar a necessidade de uma ponderação sobre o assunto, pois
a criança, na qualidade de ser em desenvolvimento, não tem discernimento para lidar
com as consequências de um mundo glamouroso e também suas frustrações, além de
ter maior dificuldade de diferenciar fantasia do que é realidade.
Mesmo o trabalho artístico sendo considerado atividade “mais leve” pela
sociedade, não merece tratamento diferenciado ao dado pelo constituinte. É notório
que trabalhos como telenovelas pressupõem dedicação intensa durante meses, e se não
for muito bem trabalhado pelos pais e pela emissora, acaba por dificultar a permanência
dos atores mirins em colégios.
Nessa seara, destaca-se o trabalho infantil circense, em que as crianças
e adolescentes, normalmente se apresentam aos finais de semana e treinam
exaustivamente durante os dias da semana, o que dificulta a possível regularidade nas
folgas semanais. Além disso, nos circos há alta variação dos espaços de apresentação,
sendo habitual a mudança de cidades, o que corrobora para a dificuldade de manutenção
escolar. Sem estudos aumentam as chances de não ser possível o aprendizado de
outra profissão.
Importante destacar que os circos também estão sujeitos à concessão de
alvarás de autorização especial da Justiça da Infância e da Adolescência para que haja
participações mirins. Os scripts de espetáculos de teatro e televisão são submetidos
à análise do Ministério Público e só são concedidos os alvarás se cumprirem certas
condições, como a especificação da carga horária, das condições climáticas, apresentação
de atestado de saúde, autorização dos pais ou responsáveis, comprovação de matrícula
em instituição de ensino, entre outras.
7
Artigo 8 da Convenção 138 da OIT. 1. A autoridade competente poderá conceder, mediante prévia consulta às
organizações interessadas de empregadores e de trabalhadores, quando tais organizações existirem, por meio
de permissões individuais, exceções à proibição de ser admitido ao emprego ou de trabalhar, que prevê o artigo
2º da presente Convenção, no caso de finalidades tais como as de participar em representações artísticas.
29 da referida norma trata também da documentação que deve ser trazida no pedido de
concessão de alvará, sendo ele ainda mais específico que o artigo 25 da portaria do ano
de 2003. Importante destacar que pela redação do artigo 3011, o prazo para realização da
participação é de cento e oitenta dias, caso a decisão não determinar outro.
6. Conclusão
O trabalho infantil artístico é o único tipo de trabalho legalmente permitido
para menores de quatorze anos, por força da Convenção nº 138 da OIT, devidamente
internalizada no ordenamento jurídico brasileiro.
física ou psíquica ou que de qualquer maneira viole princípio emanado da Lei nº 8.069/1990; IV – observar
o horário escolar ou que extrapole o horário adequado para a sua faixa etária indicado nesta Portaria, salvo
indicação expressa no alvará; V – observar que a criança ou adolescente participante esteja vestido de acordo
com a moral e bons costumes, colocando-o a salvo de qualquer constrangimento.
11
Art. 30. Deferido o pedido, será expedido o respectivo alvará pelo prazo de 180 dias, salvo disposição
expressa na decisão.
7. Bibliografia
ARAÚJO, Francisco Fernandes. Do trabalhador menor na nova Constituição. Justitia,
São Paulo, out/dez. 1989.
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Tradução Dora Flaksman. 2. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2014.
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Disponível em: <https://www.
cidh.oas.org/basicos/portugues/e.Protocolo_de_San_Salvador.htm>. Acesso em: 17
abr. 2018.
______ . Disponível em: <https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao
americana.htm>. Acesso em: 17 abr. 2018.
CRUZ, Lucas Coelho; PEREIRA, Edlla Karina Gomes; TELES, Camila Filgueira Sampaio.
Regulamentação Jurídica do Trabalho Infantil Artístico. Boletim Jurídico. mai. 2013.
Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=2999>.
Acesso em: 17 abr. 2018.
LIBERATI, Wilson Donizeti; DIAS, Fábio Muller Dutra. Trabalho Infantil. São Paulo:
Malheiros, 2006.
PLATÃO. As leis, ou da legislação e epinomis. Tradução Edson Bini. 2. ed. Bauro. SP:
Edipro, v. VII, 2010.
SOUZA, Meire Cristina de. Idades mínimas para o trabalho: aspectos jurídicos,
pedagógicos e psicológicos do trabalho artístico infantil, uma abordagem
interdisciplinar. Revista do Direito Constitucional e Internacional. São Paulo: RT, v. 95,
ano 24, 2016.
TEIXEIRA, Francisco. Revolução Industrial. 12. ed. São Paulo: Ática, 2014.
1. Introdução
O presente trabalho tem por finalidade análise da condição dos migrantes
e refugiados no ordenamento jurídico brasileiro, sob a ótica dos direitos humanos e
analisando a nova legislação pátria sobre a matéria.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988
garante direitos fundamentais àqueles que aqui permanecem, trafegam ou passeiam. A
partir da matriz constitucional, a legislação ordinária regulamenta direitos indispensáveis
aos estrangeiros, a exemplo da recente Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017 (Lei de
Migração), que surge em meio à questão pulsante dos refugiados.
A legislação busca abordagem “inovadora”, desvinculando a imigração da
segurança nacional e transferindo-a para uma perspectiva dos direitos humanos, o qual
é importante instrumento para a garantia dos direitos dos Migrantes. A lei, ao entrar
em vigor, trouxe consigo muitas críticas. Ao mesmo passo que a doutrina enxerga no
novo diploma essa perspectiva mais humanizada no tratamento dessas pessoas, deixa
a cargo de decretos regulamentares partes primordiais para a efetivação dos direitos
fundamentais a eles conferidos. Ademais, o próprio decreto em questão pode ir de
encontro à lei, principalmente no que tange à regularização de vistos, concessão de asilo
político e às hipóteses de expulsão do migrante.
Em contrapartida, ainda que trate superficialmente da questão dos refugiados,
tal dispositivo não se confunde e tampouco se sobrepõe à Lei nº 9.474, de 22 de julho
de 1997, que define o mecanismo para implantação do Estatuto dos Refugiados, relativa
à Convenção concluída em Genebra em 28 de julho de 1951 e regulamentada em nosso
ordenamento jurídico através do Decreto nº 50.215, de 28 de janeiro de 1961, devendo-se
esclarecer que ambos os conceitos se diferem, sendo dois institutos jurídicos diferentes.
Dito isso, é evidente que o assunto é extremamente recente e carece de
análises pormenorizadas, a fim de se observar o que, de fato, mudou e quais benefícios
foram estendidos àqueles que desembarcam em terras brasileiras.
nacional, tanto que tal diploma legal estabelecia como condição de validade das leis a
pacificidade nacional, resguardada pela expressão “tempo de paz”, contida no artigo 1º
de referido estatuto.
Ocorre que não tinha como finalidade a definição dos direitos e dos deveres
dos estrangeiros em território nacional, mas adotava uma postura de afastamento dos
regimes internacionais de direitos humanos e fechamento às migrações e ao recebimento
de refugiados como forma de proteção nacional. O estatuto era discriminatório e
criminalizada a migração, tendo em vista que tratava o migrante como uma ameaça à
segurança nacional.
Com a redemocratização e a aproximação dos tratados e organizações
internacionais de proteção aos direitos humanos, o estatuto do estrangeiro se
demonstrou preconceituoso, desatualizado e insuficiente para regular as relações
dos migrantes no Brasil. É importante ressaltar que o Programa Nacional de Direitos
Humanos em 1996 (Decreto nº 1.904, de 13 de maio de 1996) previa a necessidade de
reformulação do Estatuto e a criação de uma legislação para os refugiados.
Diante de tal necessidade, a Lei da Migração surge com um espírito
completamente distinto do Estatuto do Estrangeiro. A situação do imigrante no
Brasil passa a ser o principal, com base nos direitos humanos e nos próprios direitos
constitucionais, deixando de ser um estranho que representa afronta a soberania
nacional e a proteção da sociedade. Essa lei tem caráter mais humanitário e trata o
imigrante como um cidadão global, com direitos universais garantidos.
A Lei da Migração repudia qualquer tipo de discriminação ou preconceito e
xenofobia para com os imigrantes, diferentemente do Estatuto. A lei prevê a condição
de igualdade dos imigrantes com os nacionais, e define a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, entre outros princípios e garantias do artigo 3º da Lei
da Migração.
Além de disciplinar acerca dos direitos e deveres dos estrangeiros no território
nacional, regula também a situação do brasileiro em territórios estrangeiros.
É válido ressaltar algumas alterações específicas trazidas por ela perante o
Estatuto do Estrangeiro, tais como: (i) a descriminalização da migração, sendo certo que
é vedada a prisão de qualquer imigrante mesmo que esteja de forma irregular no Brasil;
(ii) a possiblidade de extradição apenas quando o imigrante cometer crime ou quando
estiver respondendo por investigatório ou tiver sido condenado em seu país de origem,
diferentemente do estatuto que previa por várias outras circunstâncias; (iii) o direito de
associação e sindicalização dos imigrantes; (iv) a facilitação do processo de obtenção de
documentos para legalizar a permanência do imigrante no Brasil, bem como o acesso ao
mercado de trabalho regular e serviços públicos; e (v) a proteção aos apátridas.
participação política em grupos sociais, não podendo ou não querendo retornar ao seu
país de origem.
Já na ótica da ONU, foram consideradas definições mais amplas, passando-se
a interpretar como refugiadas as pessoas que são obrigadas a deixar seu país por conta
de conflitos armados, violação massiva dos direitos humanos e violência generalizada.
Em maio de 2017, foi publicado o acórdão nos autos do Recurso Especial nº
1.475.580 sob a relatoria do Ministro Luis Felipe Salomão, através do qual o Superior
Tribunal de Justiça (STJ) consignou que o entendimento de refugiado no ordenamento
jurídico brasileiro segue o disposto no art. 1º da Lei nº 9.474/1997. É ver:
2
O Superior Tribunal de Justiça sustentou este entendimento em sede de manifestação na problemática do
nascimento de crianças refugiadas (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2017).
5. Conclusão
Este trabalho abordou brevemente pontos cruciais sobre a condição dos
migrantes em geral, tratando ainda especificamente dos refugiados, em âmbito
internacional e no Brasil, conceituando o migrante e o refugiado à luz das normatizações
a eles referidas. Discorremos sobre sua admissão no território brasileiro, seus direitos
e deveres em nosso ordenamento jurídico, expondo os nós críticos, a situação atual, a
perspectiva futura, refletindo sobre o assunto no âmbito do Direito Internacional.
No cenário internacional, as crises políticas, econômicas e sociais geram um
movimento migratório e dão origem a uma questão global: os refugiados dispersam-se
pelo mundo, em situação de vulnerabilidade extrema, ferindo a dignidade humana, à
deriva de um porto seguro para reestruturar a vida, na maioria das vezes, ameaçada no
país de origem.
Na contramão de alguns países do mundo, como os Estados Unidos, que
fecham suas fronteiras e aumentam as restrições à imigração, o Brasil optou por olhar o
imigrante na perspectiva dos direitos humanos. Assim, adotou política humanitária e viu
crescer em solo nacional o número de refugiados de distintas nacionalidades.
Ao discorrermos sobre o antigo Estatuto do Estrangeiro e a atual Lei de
Migração, contextualizamos o cenário social que preocupava cada época, evidenciado a
mudança na visão acerca do estrangeiro, antes visto com restrições à segurança nacional,
e agora, numa perspectiva ampliada como detentor de direitos fundamentais, tais como
os positivados em nossa Carta Magna.
O pioneirismo do Brasil em elaborar lei específica para o tema da migração
respeita a definição ampliada de refugiado que os organismos humanitários internacionais
veiculam. Nossa legislação tem abordagem inovadora, destaca a aquisição e gozo dos
direitos civis, individuais e sociais, capitaneados em nossa Constituição, e como estes
alcançam os refugiados na busca pela efetivação de um tratamento equânime entre
nacionais ou não.
Dentre os pontos positivos, pode-se dizer que a reformulação ampliou
o olhar sobre a migração, vendo o migrante como sujeito de direitos, pautados na
lógica dos direitos humanos, visando diminuir as discrepâncias no tratamento de
nacionais e estrangeiros, pela perspectiva da dignidade da pessoa humana, como
princípio fundamental.
Apesar dos pontos salutares, há que se tecer críticas sobre o novel diploma
legal. O legislador permaneceu conservador no que tange aos direitos políticos e à
possibilidade de interpretação em desfavor do migrante. No primeiro caso, a lei não pode
avançar por questões constitucionais – os direitos políticos são versados na Constituição,
o que, de plano, inviabiliza a sua modificação via normativa infraconstitucional. No
Referências bibliográficas
ACCIOLY, H; SILVA G.E; NASCIMENTO E; CASELLA, P. B. Manual de Direito Internacional
Público. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
BRASIL, 1988. Constituição (1988). Diário Oficial da União. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 3 jan. 2018.
______. Lei nº 10.402, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial da União.
Brasília, DF, 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 3 jan. 2018.
______. Lei 13.445, de 24 de maio de 2017. Institui a Lei de Migração. Diário Oficial da
União. Brasília, DF, 24 de maio de 2017. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13445.htm>. Acesso em: 3 jan. 2018.
DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado (Parte Geral). Rio de Janeiro: Renovar,
2005.
GARCEZ, Jose Maria Rossani. Curso de Direito Internacional Privado. Rio de Janeiro:
Forense, 2001.
1
Advogada com atuação em Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Processo Civil. Graduada em Direito
pela Universidade do Grande Rio José de Souza Herdy. Pós-graduada em Direito do Trabalho e Processo do
Trabalho pela Universidade Cândido Mendes.
são inúmeras regiões distintas, com suas características singulares, não sendo possível
tornar-se universal a execução dos atos processuais, conforme determinação legal.
Observe-se que ainda existem regiões que até hoje não adaptaram seus
Tribunais de acordo com a nova era tecnológica, se utilizando da antiga e ultrapassada
internet discada. Deste modo, inaplicável seria a obrigatoriedade de submeterem-se
tais regionais aos mesmos atos processuais aplicados a tribunais localizados em regiões
mais avançadas.
Inegável dizer que esse retrato não é de maioria absoluta. A maior parte
da Justiça brasileira utiliza-se essencialmente do processo judicial eletrônico, cabendo
ressaltar que a expectativa do Judiciário era de eliminar os autos físicos até o fim de
2018. Esse desígnio trará inúmeros benefícios para as partes e, igualmente, para todos os
que necessitam se utilizar desse sistema, sejam eles serventuários, juízes ou advogados.
Como nem todos os frutos são sempre benéficos, muito ainda terá que ser
feito para se chegar à perfeição que a jurisdição brasileira almeja, pois a implantação do
processo judicial eletrônico trouxe muitos aspectos que se contrapõem aos princípios
basilares da CF/1988, bem como a preceitos do Processo Civil em geral.
Apesar da promulgação da Lei nº 11.419 em 2006, até hoje muitos operadores
do Direito ainda apresentam resistência à informatização do processo, tendo em vista
diversos questionamentos às garantias fundamentais de caráter processual.
Observa-se que a relevante obrigatoriedade que a comentada lei impõe mitiga
a ausência de aplicabilidade do princípio da isonomia e a dificuldade de acesso à justiça.
Em virtude do exposto, a sociedade ainda irá percorrer um caminho longo em
busca da adequação ao crescente avanço tecnológico. Todavia, há extrema necessidade
de incorporar essa conquista tecnológica, que contribui para que o acesso à informação
se torne algo veloz e hábil. Frise-se que é compromisso do Estado, de uma forma geral,
deliberar sobre modos de progresso tecnológico perante os sistemas processuais, em
favor daqueles que carecem de acesso à justiça.
2
Ulteriormente revogada pela Resolução do CSJT nº 185, de 24 de março de 2017.
Dito isso, inegável que para toda matéria no âmbito da Justiça, necessário
é, a priori, o estudo dos princípios, pois estes vão oferecer base para a origem do
conhecimento. Dada a grande relevância e o vasto impacto que o processo eletrônico
trouxe para toda a sociedade, este teve a obrigação de caminhar em conjunto com os
princípios gerais, processuais e, principalmente, os fundamentais do direito.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos desta Constituição;
[…]
Nesta mesma linha de ideia, por que não remanejar esses agentes
administrativos para funções técnicas específicas do sistema PJe? Disponibilizando,
para todos, auxílio prático, de modo que se estenda o acesso à justiça, bem como se
reduzam as filas, na maioria das vezes enormes, que os Tribunais apresentam. Tamanha
aglomeração, na maior parte do tempo, resume-se em pessoas, sejam elas advogados
ou partes, com dificuldades em acessar e utilizar o sistema informatizado PJe. Desse
modo, a aplicação do binômio custo-benefício teria maior alcance.
Conclui-se que o jus postulandi está em vigor, pois mesmo com a Reforma,
entendeu-se necessário permanecer com o instituto no diploma legal do trabalho.
Todavia, ressalta-se a sua precária aplicação diante da evolução processual que a
sociedade está vivenciando, mediante a implantação do sistema informatizado do PJe,
restando claro que nos dias atuais é impossível um cidadão comum pleitear direitos que
lhe entendem terem sidos subtraídos, necessitando do auxílio técnico de um advogado.
6. Conclusão
Em vista dos argumentos apresentados, conclui-se que a implantação do PJe
na Justiça do Trabalho aprimorou a razoável duração do processo, no que concerne aos
atos processuais feitos obrigatoriamente de forma eletrônica.
Todavia, muito ainda tem que ser executado para alcançar-se o objetivo
principal da implantação do PJe, qual seja, findar a morosidade processual. Nessa mesma
linha de ideia, diante do princípio do jus postulandi, consideramos que, na teoria, esse
instituto ainda é aceito. Todavia, na prática, não é mais utilizado, seja pela imposição
constitucional que ora se prevê no art. 133 da Carta Magna, seja pela implantação do
PJe e sua obrigatoriedade de uso.
Portanto, quem deseja propor uma reclamação trabalhista tem que
obrigatoriamente inserir sua petição no sistema informatizado. Em razão do exposto,
inegável que, para aqueles que estão desassistidos, surge dificuldade de acesso à justiça.
Logo, conclui-se que o PJe não observou alguns dos princípios basilares ao
acesso à justiça, bem como, com o advento do sistema informatizado, o instituto do jus
postulandi foi definitivamente excluído da prática processual trabalhista, motivos estes
que trouxeram complexidades acerca do alcance da jurisdição, em detrimento da ausência
de efetivação das garantias e direitos individuais dispostos na Constituição Federal.
Referências
ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direito do Trabalho: Material, Processual e Legislação
especial. São Paulo: Rideel, 2014.
ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo e Conexões Humanas. Rio de Janeiro:
IBDE, 2014.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. São Paulo: LTr, 2011.
SILVA, Homero Batista Mateus da. Curso de Direito do Trabalho Aplicado. Processo do
Trabalho. 1. ed. São Paulo: Elsevier, 2010.
SOUZA, Denis Kevlin Doria de. O princípio do jus postulandi e a violação dos
princípios constitucionais e infraconstitucionais. Disponível em: <https://jus.com.br/
artigos/41797/o-principio-jus-postulandi-e-a-violacao-dos-principios-constitucionais-e-
infraconstitucionais>. Acesso em: 3 maio 2017.
1. Síntese do caso
O presente caso trata da situação de trabalhadores rurais resgatados no ano
de 2000 da Fazenda Brasil Verde, no município de Sapucaia (Pará), em virtude da prática
de escravidão, servidão por dívidas, trabalho forçado, tráfico de pessoas e exploração do
trabalho sob condições degradantes. Tais ocorrências datam do ano de 1988, quando as
primeiras denúncias foram feitas à Polícia Federal.
Os trabalhadores, aliciados pelos “gatos”, provinham das regiões mais pobres
do país. Em sua maior parte analfabetos e afrodescendentes, tinham entre 15 e 40 anos
de idade. Algo os unia: a busca premente por trabalho. O que não imaginavam é que
seriam vítimas de um sistema cruel que encarava sua força de trabalho tão somente
como investimento a serviço do lucro desmesurado.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) assim se manifestou acerca dos conflitos
da terra, no ano de 1994, apud Dimenstein (1996, p. 166):
1
Servidora do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região; lotada na Divisão de Apoio e Manutenção Predial –
Capital 2(DMANP-CAP2), com pós-graduação em Direito material e processual do Trabalho.
2
Sentença de 20 de outubro de 2016. Disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/
seriec_318_por.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2018.
3
Por exemplo, Declaração Universal de Direitos Humanos, 1948, art. 4; Convenção Suplementar sobre a
Abolição da Escravatura, 1956, art. 1; Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, 1966, art. 8; Convenção
Europeia de Direitos do Homem, 1950, art. 4; Estatuto de Roma da Corte Penal Internacional, 1998, art. 7;
Convenção nº 182 da OIT, 1999, art. 3; Carta Africana de Direitos Humanos e dos Povos, 1981, art. 5; Convenção
Americana sobre Direitos Humanos, 1969, art. 6.
Por fim, além dos tratados de âmbito regional e universal acima mencionados,
outros documentos jurídicos igualmente relevantes refletem a proibição da escravidão
e suas formas análogas. Assim é que proíbem a escravidão como crime contra a
humanidade: i) o Estatuto do Tribunal Militar Internacional de Nuremberg, de 1945; ii)
o Tribunal Militar de Tóquio, de 1946; iii) o Tribunal Penal Internacional Ad Hoc para
a antiga Iugoslávia – o “TPIY”; iv) os Estatutos, tanto do Tribunal Internacional para
Ruanda, de 1994, como do Tribunal Especial para Serra Leoa, de 2000; v) Finalmente, o
Estatuto de Roma da Corte Penal Internacional, de 1998.
Neste sentido, com Paiva (2017, p. 631), “A Corte IDH decidiu que deve ser
dada uma interpretação ampla à expressão “tráfico de escravos e de mulheres” prevista
no art. 6.1 da Convenção Americana, para abranger toda e qualquer pessoa. Assim, a
Corte IDH entendeu que “[…] a Corte não poderia limitar a proteção conferida por esse
artigo unicamente às mulheres ou aos chamados ‘escravos’, sob a ótica da interpretação
mais favorável ao ser humano e do princípio pro personae” (§ 289, p. 76-77).
Desse modo, assevera a Corte IDH ser insuficiente que “os Estados se
abstenham de violar direitos”, mas que devem antes assumir uma postura ativa e
positiva na proteção dos sujeitos de direitos, com políticas de prevenção integral, que
previnam os fatores de risco e fortaleçam as instituições para que possam proporcionar
uma resposta efetiva ao fenômeno da escravidão contemporânea […]. “Essa obrigação
é reforçada em virtude do caráter de norma imperativa de Direito Internacional da
proibição da escravidão e da gravidade e intensidade da violação de direitos ocasionada
por essa prática” (§§ 316, 320, p. 83-84).
9. Discriminação estrutural
A Corte IDH determina que os Estados estão obrigados a adotar medidas
positivas para reverter ou alterar situações discriminatórias existentes em suas
sociedades, sejam elas de jure ou de facto, considerando o “dever especial de proteção
que o Estado deve exercer com respeito a atuações e práticas de terceiros que,
sob sua tolerância ou aquiescência, criem, mantenham ou favoreçam as situações
discriminatórias” (§ 336, p. 88).
Tais medidas positivas afiguram-se ainda mais impositivas “em função das
particulares necessidades de proteção do sujeito de direito, seja por sua condição
pessoal ou pela situação específica em que se encontre, como a extrema pobreza ou a
marginalização” (§ 337, p. 88).
A partir desse contexto, conforme afirmou o juiz Mac-Gregor em seu voto,
apud Paiva (2017, p. 627):
11. Conclusão
Última nação independente a abolir a escravidão, no Brasil ela ainda deita
marcas até hoje enraizadas. Apenas transmudou-se numa aparência com novo aspecto.
A coisificação do ser humano, encarado como investimento a serviço da engrenagem
financeira, despersonalizou-o de sua condição humana.
Para Bernardo Guimarães, “[…] A lei no escravo só vê a propriedade, e quase
que prescinde nele inteiramente da natureza humana. O senhor tem direito absoluto de
Referências Bibliográficas
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2004.
GARBELLINI FILHO, Luiz Henrique; BORGES, Paulo César Corrêa. O trabalho escravo
à luz do princípio da dignidade da pessoa humana. In BARBOZA, Márcia Noll (Org.).
Escravidão contemporânea. 2ª Câmara de Coordenação e Revisão. Brasília: Ministério
Público Federal , 2017.
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. 10. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
I – RELATÓRIO
Na forma regimental, adoto o relatório apresentado na sessão de julgamento
pelo Excelentíssimo Senhor Desembargador Relator:
[…] RELATÓRIO
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do agravo de
petição em que são partes Construtora Norberto Odebrecht S/A,
como agravante, e Ministério Público do Trabalho, como agravado.
Inconformada com a decisão de id. d0b540b, complementada pela
decisão de embargos de declaração de id. 888b49b, prolatada pelo
Magistrado José Dantas Diniz Neto, da 39ª Vara do Trabalho do Rio
II – FUNDAMENTAÇÃO
Do conhecimento
Peço vênia para adotar as razões apresentadas pelo Excelentíssimo
Desembargador Relator:
Admissibilidade
Preenchidos os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de
admissibilidade, conheço do agravo de petição.
mim, não há cerceamento porque a embargante, ora agravante, não requereu prova
alguma. Protestar por produção de prova na petição de embargos não é o mesmo que
requerer uma prova específica. De outro lado, toda a prova documental que ela queria
produzir foi juntada aos autos com os embargos e até mesmo antes, com a exceção de
pré-executividade. Litteris:
decorrente de uma obrigação assumida no TAC, possui como dies a quo, termo inicial, a
data da celebração do Termo de Ajustamento de Conduta.
Assim, enquanto vigentes as cláusulas inseridas em um Termo de Ajustamento
de Conduta e a legislação que lhe dá suporte, isto é, que ensejou ao Ministério Público do
Trabalho instaurar um Inquérito Civil e concluir pela adequação da conduta do devedor,
sequer é possível falar-se, de acordo com os critérios da actio nata, em início do prazo
prescricional. E isso porque, conquanto válidas as cláusulas, a lesão somente surge no
momento em que se torna inequívoco que o devedor violou as condições ajustadas no
Termo de Ajustamento de Conduta e, somente a partir daí, poder-se-á falar em início
do prazo prescricional, desde que observadas as demais exigências legais, como, por
exemplo, o conhecimento da lesão por parte daquele ofereceu a possibilidade de o
devedor da obrigação primária ajustar-se às exigências legais.
No mesmo sentido, são valiosas lições apresentas pelo eminente Procurador
do Trabalho aposentado e ilustre professor, Raimundo Simão de Melo, que assim
discorreu sobre o tema:
executória, distribuída em 26/11/2015. Isso não quer dizer que, a partir do trânsito
em julgado, esses mesmos processos não possam ser objeto de nova ação executiva,
no futuro.
Resumindo: se não havia trânsito em julgado, não ocorreu, pelo menos,
nesse momento, o descumprimento da obrigação assumida no TAC.
Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao apelo, no item, apenas
para excluir da execução as multas decorrentes das ações individuais que, na data do
ajuizamento da presente demanda, não tinham ainda transitado em julgado.
III – DISPOSITIVO
ACORDAM os Desembargadores que compõem a 5ª Turma do Tribunal
Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, em CONHECER do recurso; REJEITAR
as preliminares de (i) nulidade da sentença por negativa de prestação jurisdicional;
(ii) nulidade da sentença por cerceamento de defesa e (iii) inépcia da petição inicial;
REJEITAR as prejudiciais de prescrição extintiva, e, no mérito, por maioria, DAR-LHE
PARCIAL PROVIMENTO, para afastar da execução as infrações ocorridas há mais de
5 (cinco) anos do ajuizamento da ação civil pública. Esse prazo seria contado a partir
do trânsito em julgado das sentenças individuais condenatórias que reconheceram o
vínculo de emprego, bem como para excluir da execução as ações individuais que, na
data do ajuizamento, não tinham ainda transitado em julgado, tudo nos termos do voto
do Desembargador Marcelo Augusto Souto de Oliveira, que redige o acórdão. Vencido o
Desembargador Relator, que lhe negava provimento.
SÚMULA Nº 1
Cooperativa. Fraude. Vínculo de emprego. Responsabilidade subsidiária da administração
pública. Quando arregimenta, de forma fraudulenta, associados para prestar serviços a terceiros,
a cooperativa distancia-se de seu escopo, transmutando a relação jurídica mantida com o
pseudocooperado em autêntico contrato de emprego, implicando a responsabilidade subsidiária
da Administração Pública, beneficiária direta pela prestação laboral do trabalhador, ainda que a
contratação haja ocorrido com base na Lei de Licitações.
SÚMULA Nº 2
Corretor de seguros. Vínculo de emprego. É empregado, e não corretor autônomo de seguros, o
trabalhador que reúna os requisitos do art. 3º da CLT.
SÚMULA Nº 3 CANCELADA
Bloqueio de proventos de aposentadoria, salários, pensões e honorários profissionais. Absoluta
impenhorabilidade. Vedação legal. São os proventos de aposentadoria, salários, remunerações,
pensões e honorários laboratícios, a exemplo dos vencimentos, subsídios, pecúlios e montepios,
absoluta e integralmente impenhoráveis, ante disposição legal expressa do inciso IV do art. 649 do
CPC, com a redação conferida pela Lei nº 11.382/2006, de 6 de dezembro de 2006.
SÚMULA Nº 4
Contagem de juros. Depósito garantidor da dívida ou adimplemento total da obrigação. Cessação
da contagem. CLT e lei de execução fiscal. I – A incidência de juros de mora, assim como da
correção monetária, sobre o crédito trabalhista é regulada integralmente pela Lei 8.177/1991 e,
portanto, nesse aspecto, não é aplicável o artigo 9º, § 4º, da Lei de Executivo Fiscal. II – Somente
o adimplemento integral da dívida, assim considerado o depósito que propicia o imediato
levantamento, fará cessar a contagem de juros moratórios.
SÚMULA Nº 5
Cedae. Teto remuneratório. Inaplicabilidade. A Cedae não está submetida ao limite remuneratório
estabelecido no art. 37, inciso XI, da CRFB, por não se inserir na hipótese prevista em seu § 9º, visto
que não recebe recursos públicos para pagamento de despesas de pessoal ou custeio em geral.
SÚMULA Nº 6
Cedae. Progressão horizontal por antiguidade e por merecimento. I – A Cedae é sociedade de
economia mista regida pelo art. 173, § 1º, da Carta Magna, dispondo de orçamento por ela própria
elaborado, não autorizando a falta de disponibilidade financeira a omissão nas progressões
horizontais por antiguidade. II – A progressão horizontal por antiguidade não viola o princípio
concursivo, por não acarretar a alteração do cargo. III – Cabível a concessão das progressões
horizontais por antiguidade, uma vez por ano, sempre no mês de agosto e nos anos ímpares,
observando-se o interstício mínimo de 24 meses na faixa anterior do cargo ocupado, conforme
regras estabelecidas no PCCS. IV – A concessão das progressões horizontais por merecimento
envolve critérios subjetivos, o que obsta a sua apreciação pelo Poder Judiciário, que não pode
substituir o poder conferido ao empregador na avaliação de seus subordinados.
SÚMULA Nº 7
Aviso prévio indenizado. Não incidência de contribuição previdenciária. O salário-de-contribuição
não é integrado pelo aviso prévio indenizado, mas tão somente pelas parcelas que remuneram o
SÚMULA Nº 8
Trabalhador portuário avulso. Vale-transporte. É assegurado ao trabalhador portuário avulso o
direito aos vales-transporte relativos aos dias efetivamente laborados.
SÚMULA Nº 9
Vale-transporte. Não incidência da contribuição previdenciária. A parcela correspondente ao vale-
transporte, quando exigível por força de decisão ou acordo judicial, assume caráter eminentemente
indenizatório, não constituindo base de cálculo para a contribuição previdenciária.
SÚMULA Nº 10
Cedae. “Plus salarial”. Vantagem concedida de forma irregular. Negativa do princípio isonômico
aos servidores públicos de nível universitário da sociedade de economia mista estadual. I – Se
houve contratação irregular de servidor com remuneração superior aos demais servidores na
mesma situação profissional, fato isolado e violador dos princípios da legalidade e da moralidade
administrativa, a vantagem verificada não pode servir de parâmetro remuneratório para todos
os empregados públicos de nível universitário da companhia. II – O “plus salarial” recebido por
alguns por força de decisão judicial também não pode ser estendido a outros servidores, ante
o que dispõe o art. 37, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988, que veda a equiparação de
qualquer natureza para efeito de remuneração de pessoal do serviço público, sendo juridicamente
impossível a aplicação da norma contida no art. 461 da CLT.
SÚMULA Nº 11
Execução definitiva. Penhora em dinheiro. Ordem preferencial. Em se tratando de execução
definitiva, a determinação de penhora em dinheiro, para garantir crédito exequendo, não fere
direito do executado, já que obedecida a gradação prevista no art. 655 do Código de Processo Civil,
de aplicação subsidiária ao processo trabalhista.
SÚMULA Nº 12
Impossibilidade de satisfação do débito trabalhista pelo devedor principal. Execução imediata do
devedor subsidiário. Frustrada a execução em face do devedor principal, o juiz deve direcioná-la
contra o subsidiário, não havendo amparo jurídico para a pretensão de prévia execução dos sócios
ou administradores daquele.
SÚMULA Nº 13
Cominações dos artigos 467 e 477 da CLT. Terceirização. Responsabilidade subsidiária. Nos casos de
terceirização de mão de obra, inserem-se na responsabilidade subsidiária do tomador de serviços,
ainda que se tratando de ente da Administração Pública Direta ou Indireta, as cominações dos
artigos 467 e 477 da CLT.
SÚMULA Nº 14
Controle de jornada – isenção de marcação prevista em norma coletiva. Ineficácia da cláusula.
Tendo o empregador mais de dez empregados, a obrigatoriedade de controle da jornada de
trabalho é imperativo legal (CLT, artigo 74, §§1º e 2º), sendo ineficaz, de pleno direito, a cláusula
normativa que dispõe em sentido contrário.
SÚMULA Nº 15
Cumulação de indenizações por danos estético e moral. O dano moral não se confunde com o dano
estético, sendo cumuláveis as indenizações.
SÚMULA Nº 16
Revista íntima. Dano moral. Limites dos poderes de direção e fiscalização. Violação à honra e à
intimidade do trabalhador. Princípio da dignidade da pessoa humana (art 1º, inc.III, CF). Cabe
reparação por dano moral, por ferir o princípio da dignidade da pessoa humana, o ato patronal
consubstanciado em revistas íntimas de trabalhadores de qualquer sexo, incluindo a vigilância por
meio de câmeras instaladas em banheiros e vestiários.
SÚMULA Nº 17
Imposto de renda. Não incidência sobre os juros de mora. Os juros moratórios decorrentes de
parcelas deferidas em reclamação trabalhista têm natureza indenizatória e sobre eles não incide
imposto de renda.
SÚMULA Nº 18
Companhia estadual de engenharia de transportes e logística – CENTRAL. Adicional de projetos
especiais. A concessão do Adicional de Projetos Especiais a algum empregado não obriga a
empresa a estender o benefício aos demais trabalhadores.
SÚMULA Nº 19 CANCELADA
Trabalhador doméstico. Diarista. Prestação laboral descontínua. Inexistência de vínculo
empregatício. A prestação laboral doméstica realizada até três vezes por semana não enseja
configuração do vínculo empregatício, por ausente o requisito da continuidade previsto no art. 1º
da Lei 5.859/72.
SÚMULA Nº 20
Responsabilidade subsidiária. Falência do devedor principal. Continuação da execução trabalhista
em face dos devedores subsidiários. Possibilidade. A falência do devedor principal não impede o
prosseguimento da execução trabalhista contra os devedores subsidiários.
SÚMULA Nº 21
Declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal. Procedência do corte rescisório.
A desconstituição da situação jurídica criada sob a égide do dispositivo declarado inconstitucional
pelo Supremo Tribunal Federal pode ser alcançada pelo manejo de ação rescisória.
SÚMULA Nº 22
Execução trabalhista. Penhora. Citação pessoal do executado. Artigo 880 da CLT. Princípio
constitucional do devido processo legal. É indispensável a citação pessoal do executado, inclusive
na hipótese de desconsideração da personalidade jurídica, antes que se determine a penhora de
seus bens.
SÚMULA Nº 23
Litispendência. Inexistência. Ação individual e ação coletiva. Coisa julgada da ação coletiva.
Efeito ultrapartes. Requisitos. A demanda coletiva não induz litispendência em relação às ações
individuais, com mesma causa de pedir e pedido, ajuizadas pelo próprio detentor do direito
subjetivo material (CDC, art. 104, primeira parte). Os efeitos da coisa julgada na ação coletiva
beneficiarão o demandante individual, salvo se, intimado para tomar ciência da ação coletiva, não
requerer a suspensão, em 30 (trinta) dias, da demanda individual (CDC, art. 104, segunda parte).
SÚMULA Nº 24
Responsabilidade subsidiária de ente público. Inaplicabilidade do que dispõe o art. 1º-F da Lei nº
9.494/97. Não se aplica o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494, de 10/09/1997, quando o ente
público figurar no título executivo judicial na condição de devedor subsidiário.
SÚMULA Nº 25
Acidente do trabalho. Dano moral. Teoria do risco. Quando a atividade exercida pelo empregador
implicar, por sua própria natureza, risco acentuado para o empregado, a obrigação patronal
de indenizar o dano moral decorrente de acidente do trabalho depende, exclusivamente,
da comprovação do dano e do nexo de causalidade com o trabalho desenvolvido. Art. 927 do
Código Civil.
SÚMULA Nº 26
Contribuição previdenciária. Execução. Responsabilidade pela liquidação. A competência
atribuída à Justiça do Trabalho, para executar de ofício as contribuições sociais, não abrange a
responsabilidade pela elaboração dos cálculos do crédito previdenciário.
SÚMULA Nº 27
Enquadramento como financiário de empregado de administradora de cartão de crédito ou
agente financeiro. Os empregados de agentes financeiros e administradoras de cartão de crédito
que exercem atribuições relacionadas à atividade-fim de referidas instituições financeiras são
financiários, beneficiando-se, portanto, das normas coletivas da categoria e da jornada reduzida
do art. 224 da CLT.
SÚMULA Nº 28
Artigo 879, § 3º, da CLT. Preclusão temporal limitada à impugnação aos cálculos. A preclusão
temporal prevista no parágrafo terceiro do artigo 879 da CLT limita-se à impugnação aos cálculos
da contribuição previdenciária e não ao direito da União de executá-la.
SÚMULA Nº 29
Serviço de telemarketing/teleatendimento: enquadramento sindical e duração do trabalho. I –
Os operadores de teleatendimento/telemarketing estão sujeitos às normas coletivas da categoria
profissional dos empregados em empresas de prestação de serviços de telecomunicações,
sendo inafastável, por acordo coletivo menos benéfico, a incidência das normas da convenção
coletiva intersindical ou de sentença normativa; II – Na ausência de norma coletiva mais benéfica,
prevalecem as disposições do Anexo II da NR-17, que estabelece a jornada de seis horas, com
duas pausas remuneradas e um intervalo não remunerado de vinte minutos para descanso e
alimentação e a duração semanal de trinta e seis horas de trabalho (itens 5.3, 5.3.1, 5.4.1 e 5.4.2).
SÚMULA Nº 30
Sanção do artigo 477, § 8º, da CLT. Reconhecido o vínculo de emprego ou desconstituída a justa
causa, impõe-se a cominação.
SÚMULA Nº 31
Petros. Complementação de aposentadoria. Não repactuantes. Valor monetário. Não faz jus
ao incentivo econômico denominado “valor monetário” a parte que não aceitou os termos da
repactuação e optou por manter as condições de reajuste da complementação de aposentadoria
previstas no artigo 41 do Regulamento do Plano de Benefícios da Petros.
SÚMULA Nº 32
Companhia Siderúrgica Nacional – CSN. Aposentadoria por invalidez. Suspensão do contrato
de trabalho. Manutenção do plano de saúde. Suspenso o contrato de trabalho, em virtude de
aposentadoria por invalidez, o empregado tem direito à manutenção do plano de saúde.
SÚMULA Nº 33
Empresa em recuperação judicial. Art. 477, § 8º, da CLT. O deferimento da recuperação judicial
não desonera a empresa do pagamento das verbas trabalhistas dentro do prazo legal. O atraso na
quitação das parcelas da rescisão sujeita o empregador à cominação estabelecida no art. 477, §
8º, da CLT.
SÚMULA Nº 34
Exceção de pré-executividade rejeitada. Decisão interlocutória. Agravo de petição. Não
conhecimento. O ato jurisdicional que rejeita exceção de pré-executividade tem natureza
interlocutória, razão pela qual, consoante o artigo 893, § 1º, da CLT, somente poderá ser impugnado
em recurso da decisão definitiva.
SÚMULA Nº 35
Petrobras-Petros. Complementação de aposentadoria. Repactuantes. Não comprovado vício na
manifestação de vontade, não há que se falar em nulidade do Termo Individual de Adesão de
Participante às Alterações do Regulamento do Plano Petros do Sistema Petrobras ou do Acordo de
Obrigações Recíprocas e Termo de Reratificação.
SÚMULA Nº 36
Contribuições sociais destinadas a terceiros. Incompetência absoluta. A Justiça do Trabalho é
incompetente para a execução de contribuições em favor de terceiros, destinadas ao denominado
“Sistema S”.
SÚMULA Nº 37
Atividade nociva. Laudo pericial. Prova emprestada. Validade. É admissível a prova pericial
emprestada para caracterização de atividade insalubre ou perigosa.
SÚMULA Nº 38
Substituição processual. Legitimidade ativa ad causam. Direitos individuais homogêneos. O
sindicato é parte legítima para atuar como substituto processual na defesa de direitos e interesses
coletivos ou individuais homogêneos da categoria que representa.
SÚMULA Nº 39
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – progressão horizontal por antiguidade prevista no
plano de cargos e salários e em acordo coletivo. O empregado da Empresa Brasileira de Correios
e Telégrafos que obteve promoções por antiguidade, por força de negociação coletiva, auferindo
efetiva evolução salarial, não faz jus à promoção horizontal, com o mesmo fundamento, instituída
pelo PCCS/1995, sob pena de enriquecimento sem causa.
SÚMULA Nº 40
Recuperação judicial. Multa do artigo 467 da CLT. Incidência. É aplicável a multa do artigo 467 da
CLT à empresa, em processo de recuperação judicial, que não quitar as parcelas incontroversas na
audiência inaugural.
SÚMULA Nº 41
Responsabilidade subsidiária do ente da Administração Pública. Prova da culpa. (artigos 29, VII,
58, 67 e 78, VII, da lei 8.666/93.) Recai sobre o ente da Administração Pública que se beneficiou
da mão de obra terceirizada a prova da efetiva fiscalização do contrato de prestação de serviços.
SÚMULA Nº 42
Cobrança de metas. Dano moral. Inexistência. A cobrança de metas está inserida no poder de
comando do empregador, não configurando assédio moral, desde que respeitada a dignidade
do trabalhador.
SÚMULA Nº 43
Responsabilidade subsidiária da Administração Pública. A constitucionalidade do parágrafo
primeiro do artigo 71 da Lei 8.666/93, declarada pelo STF no julgamento da ADC nº 16, por si só,
não afasta a responsabilidade subsidiária da Administração Pública, quando esta decorre da falta
de fiscalização.
SÚMULA Nº 44
Embargos de terceiro. Ilegitimidade. Aquele que, mediante citação válida, vem a integrar o polo
passivo da demanda, em sede de execução, ainda que não figure como parte na fase cognitiva,
não tem legitimidade ativa para ajuizar embargos de terceiro.
SÚMULA Nº 45
Empresa em recuperação judicial. Deserção. A dispensa do recolhimento de custas e do depósito
recursal que beneficia a massa falida não se estende a empresa em regime de recuperação judicial.
SÚMULA Nº 46
Grupo econômico. Responsabilidade solidária. Reconhecimento na fase de execução. Possibilidade.
Comprovada a existência de grupo econômico entre as executadas, a responsabilidade solidária
pode ser declarada na fase de execução.
SÚMULA Nº 47
Entidade filantrópica. Penhora de bens. Possibilidade. A condição de entidade filantrópica não
torna impenhoráveis seus bens ou recursos financeiros.
SÚMULA Nº 48
Entidade filantrópica. Contribuição previdenciária. Isenção. Para que a entidade filantrópica
faça jus à isenção prevista no artigo 195, § 7º, da Constituição da República, é indispensável o
cumprimento dos requisitos impostos pela Lei nº 12.101/2009.
SÚMULA Nº 49
CEDAE. Gratificação de nível universitário – GENU. Deve ser observado o disposto no item 12.2 do
PCCS da CEDAE que prevê o reajuste da gratificação de nível universitário – GENU – na mesma data
e no mesmo percentual do salário de seus empregados.
SÚMULA Nº 50
Prescrição. Declaração de ofício. A pronúncia de ofício da prescrição, prevista no artigo 219, § 5º,
do CPC, é incompatível com os princípios que norteiam o Processo do Trabalho.
SÚMULA Nº 51
Recurso. Falta de dialeticidade. Não conhecimento. Não se conhece do recurso que não observar a
congruência lógica exigível entre os fundamentos da decisão recorrida e as razões do apelo.
SÚMULA Nº 52
Perdas e danos decorrentes da contratação de advogado. Não cabimento. No processo trabalhista,
o pagamento de honorários advocatícios e contratuais deve observar os requisitos da Lei nº
5.584/70 e o disposto nas Súmulas 219 e 329 do TST.
SÚMULA Nº 53
Proteção ao trabalho da mulher. Artigo 384 da CLT. A inobservância do intervalo previsto no art.
384 da CLT enseja os mesmos efeitos do descumprimento do intervalo intrajornada.
SÚMULA Nº 54
Multa do artigo 477, § 8º, da CLT. Diferenças rescisórias reconhecidas em juízo. Não incidência. O
reconhecimento, em juízo, de diferenças de verbas rescisórias não dá ensejo, por si só, à aplicação
da penalidade prevista no parágrafo 8º do artigo 477 da CLT.
SÚMULA Nº 55
Embargos de declaração protelatórios. Cumulação de sanções. Quando decorrerem do mesmo
fato gerador – oposição de embargos de declaração com intuito meramente protelatório – não
podem ser acumuladas as penalidades dos artigos 1.026, §§ 2º e 3º e 81 do CPC/2015.
SÚMULA Nº 56
Processo Judicial Eletrônico (PJe). Recurso com imprópria utilização de sigilo. A marcação da
funcionalidade “sigilo” na interposição de qualquer recurso no sistema PJe não constitui óbice
ao seu processamento, cumprindo ao magistrado que o analisa torná-lo visível para possibilitar
o contraditório.
SÚMULA Nº 57
Aviso prévio proporcional. Contagem. Lei 12.506/2011. Para o cálculo do aviso prévio proporcional,
a cada ano de serviço completo, incluído o primeiro ano, haverá um acréscimo de 3 dias ao período
mínimo de 30 dias previsto na Constituição Federal.
SÚMULA Nº 58
Transporte rodoviário coletivo urbano. Motoristas e cobradores. Ausência de banheiros. Dano
moral configurado. Cumpre ao empregador a responsabilidade de oferecer e manter, em
condições de uso, banheiros nos pontos finais dos itinerários para uso de motoristas e cobradores.
A não observância constitui dano moral passível de indenização.
SÚMULA Nº 59
Petroleiros. Turnos ininterruptos de revezamento. Integração das horas extraordinárias nos
repousos remunerados previstos na lei nº 5.811/1972 ou em normas coletivas de trabalho.
Impossibilidade. A projeção das horas extras habitualmente prestadas sob o regime de escalas
especiais de jornada pelos petroleiros limita-se ao repouso semanal remunerado previsto na Lei
605/49, não repercutindo nas folgas compensatórias fixadas na Lei 5.811/72 ou norma coletiva
de trabalho.
SÚMULA Nº 60
Processo judicial eletrônico. PJe. Revelia. Contestação anexada aos autos. Exclusão ou
desconsideração. Inexistência de cerceio de defesa. Não constitui cerceio de defesa a exclusão ou
desconsideração da contestação e documentos, anexados aos autos de processo eletrônico antes
da audiência inaugural, se decretada a revelia.
SÚMULA Nº 61
CSN. Empregado aposentado espontaneamente. Admissão anterior à publicação do edital de
privatização. Plano de saúde. Manutenção. O empregado da CSN, admitido anteriormente
à publicação do Edital de Privatização da Companhia e dispensado anos depois, quando já
aposentado, faz jus à manutenção do plano de saúde oferecido pela empresa.
SÚMULA Nº 62
Obrigação de fazer. Anotação na CTPS do reclamante. Imposição de multa à reclamada pelo
descumprimento da obrigação. Possibilidade. É cabível a imposição de multa ao empregador que
descumpre determinação judicial concernente à anotação da CTPS do empregado.
SÚMULA Nº 63
Extinção da execução. Renúncia tácita ao crédito trabalhista. Impossibilidade. A renúncia ao
crédito trabalhista há de ser expressa, não se admitindo como tal o silêncio do exequente.
SÚMULA Nº 64
Férias proporcionais. Convenção 132 da OIT. Dispensa por justa causa. O direito a férias
proporcionais previsto na Convenção 132 da OIT não contempla as dispensas por justa causa.
SÚMULA Nº 65
CBTU/FLUMITRENS. Transferência dos empregados. Convênio administrativo de 31/12/1994.
Arguição de nulidade do ato. Reintegração. Impossibilidade. Prescrição total configurada. A
pretensão relativa à reintegração de ex-empregados da CBTU, sob o fundamento de nulidade do
ato de transferência para a FLUMITRENS, praticado através de convênio administrativo firmado
em 31/12/1994, encontra-se fulminada pela prescrição trabalhista fixada no art. 7º, XXIX, da CRFB.
SÚMULA Nº 66
Contribuição previdenciária sobre o crédito judicial trabalhista. Fato gerador. Acréscimos legais
moratórios. Nova redação do art. 43 da Lei 8.212/91. Vigência. Regime híbrido de apuração. I
– Para prestação de serviços ocorrida até 04/03/2009, inclusive, o fato gerador da contribuição
SÚMULA Nº 67
Impugnação à liquidação. Inércia. Preclusão. Artigo 879, §2º, da CLT. Incabível a oposição de
embargos à execução com o objetivo de discutir as contas de liquidação não impugnadas pela
parte no prazo do artigo 879, §2º, da CLT.
SÚMULA Nº 68
Responsabilidade civil do empregador. Pensão devida ao trabalhador acidentado. Cumulação
da pensão com benefício previdenciário. Possibilidade. Natureza jurídica distinta das prestações.
A pensão prevista no artigo 950 do Código Civil e o benefício previdenciário pago pelo INSS ao
segurado, em razão da sua incapacidade laborativa por acidente de trabalho, não se confundem,
tampouco se excluem, ante a natureza jurídica distinta das prestações, sendo possível
sua cumulação.
PRECEDENTE Nº 1
Agravo Regimental. Falta de dialeticidade. Não-conhecimento. Não se conhece de recurso cujas
razões se distanciam dos termos da decisão recorrida, impossibilitando o seu reexame por falta
de dialeticidade.
Agravo regimental 0012451-25.2011.5.01.0000 – Des. Alberto Fortes Gil
DOERJ 10-05-2012 – Decisão por maioria.
Agravo regimental 0011312-38.2011.5.01.0000 – Des. Jorge Fernando Gonçalves da Fonte
DOERJ 29-03-2012 – Decisão unânime.
AGOR 0005273-25.2011.5.01.0000 – Des. Rosana Salim Villela Travesedo
DOERJ 29-09-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 2
Agravo regimental. Tempestividade. Aferição. Não tendo a parte comprovado a tempestividade
da correição parcial, não há como processar a medida, devendo ser extinto o feito, sem resolução
de mérito.
AGOR 0001666-67.2012.5.01.0000 – Des. Nelson Tomaz Braga
DOERJ 02-07-2012 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 3
Carta de sentença. Formação. A determinação de formação de carta de sentença, quando os
autos originais se encontram no juízo de origem, aguardando apenas o julgamento do agravo de
instrumento no Tribunal Superior do Trabalho, atenta contra a boa ordem processual.
AGOR 0005274-10.2011.5.01.0000 Des. Damir Vrcibradic
DOERJ 30-09-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 4
Centralização. Execução. Agravo de petição. Descabimento. Competência da Presidência do
Tribunal. É da competência da Presidência deste Tribunal decidir as questões envolvendo a
centralização das execuções dos clubes de futebol, avaliando acerca de sua conveniência, visando
o interesse público, bem como dos eventuais descumprimentos do ato presidencial. Descabe,
assim, a interposição de agravo de petição, competindo ao Presidente deferir ou não o pedido,
cabendo recurso dessa decisão para o Órgão Especial.
Agravo regimental 0012754-73.2010.5.01.0000 Des. Gustavo Tadeu Alkmim
DOERJ 16-08-2012 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 5
Conflito de atribuições. Juízes em exercício no mesmo órgão jurisdicional. Em se tratando de
conflito negativo de atribuições entre juízes em exercício no mesmo órgão jurisdicional, revela-se
impertinente a via do conflito de competência eleita pelo juiz suscitante, impondo-se a remessa
dos autos à Corregedoria desta Corte para a adoção das providências e medidas que entender
cabíveis e pertinentes.
CC 0012643-89.2010.5.01.0000 – Des. José da Fonseca Martins Junior
DOERJ 02-06-2011 – Decisão unânime.
CC 0013145-28.2010.5.01.0000 – Des. José da Fonseca Martins Junior
DOERJ 02-06-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 6
Conflito de atribuições. Prevenção. Havendo conexão entre os agravos regimentais em razão
da identidade de partes e afinidade entre as matérias, torna-se prevento o desembargador que
recebeu como relator o primeiro agravo regimental.
Pet 0014980-17.2011.5.01.0000 – Des. José Antônio Teixeira da Silva
DOERJ 14-06-2012 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 7
Conflito de competência. Conexão e continência. Prevenção do juízo. O critério de prevenção
previsto no art. 106 do CPC deve ser entendido como aplicável tanto para a conexão strictu sensu
como para a continência.
CC 0001864-07.2012.5.01.0000 – Des. Marcelo Augusto Souto de Oliveira (Redator Designado)
DOERJ 01-06-2012 – Decisão por maioria.
CC 0001736-84.2012.5.01.0000 – Des. Marcelo Augusto Souto de Oliveira (Redator Designado)
DOERJ 01-06-2012 – Decisão por maioria.
PRECEDENTE Nº 8
Conflito negativo de competência. Ação anterior extinta com resolução de mérito. Conexão.
Tendo ocorrido o julgamento do processo, ainda que não transitada em julgado a sentença
proferida, torna-se impossível a reunião dos feitos eventualmente conexos.
CC 0002637-52.2012.5.01.0000 – Des. Jorge F. Gonçalves da Fonte
DOERJ 31-05-2012 – Decisão unânime.
CC 0001680-85.2011.5.01.0000 – Des. Evandro Pereira Valadão Lopes
DOERJ 02-09-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 9
Conflito negativo de competência. Ajuizamento pretérito de protesto interruptivo da prescrição.
Prevenção. Inocorrência O ajuizamento pretérito de protesto judicial não tem o condão de firmar
a competência do juízo para o qual foi distribuído quando da propositura de ação trabalhista.
CC 0012456-47.2011.5.01.0000 – Des. Rosana Salim Villela Travesedo
DOERJ 26-03-2012 – Decisão unânime.
CC 0000241-05.2012.5.01.0000 – Des. Mirian Lippi Pacheco
DOERJ 08-08-2012 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 10
Conflito negativo de competência. Conexão. Fica caracterizada a hipótese de conexão entre ações,
quando a identidade de causa de pedir e de partes alicerça a distribuição por dependência, sendo
prevento o juízo que conheceu da primeira ação ajuizada.
CC 0009899-87.2011.5.01.0000 – Des. Evandro Valadão Lopes (Redator Designado) DOERJ 02-08-
2012 – Decisão por maioria.
CC 0000440-27.2012.5.01.0000 – Des. Nelson Tomaz Braga
DOERJ 02-07-2012 – Decisão unânime.
CC 0009891-13.2011.5.01.0000 – Des. Evandro Valadão Lopes (Redator Designado) DOERJ 09-05-
2012 – Decisão por maioria.
CC 0007433-23.2011.5.01.0000 – Des. Damir Vrcibradic
DOERJ 18-11-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 11
Conflito de Competência. Renovação de ação trabalhista anteriormente extinta sem resolução
de mérito. Distribuição aleatória. Impossibilidade. Prevenção. Prevento o juízo que extinguiu o
processo, sem resolução de mérito, para o julgamento de ação idêntica àquela anteriormente
ajuizada (art. 253, II, do CPC).
CC 0003746-04.2012.5.01.0000 – Des. Nelson Tomaz Braga
DOERJ 14-08-2012 – Decisão unânime.
CC 0013527-84.2011.5.01.0000 – Des. Evandro Pereira Valadão Lopes
DOERJ 11-07-2012 – Decisão unânime.
CC 0000178-77.2012.5.01.0000 – Des. Nelson Tomaz Braga
DOERJ 02-07-2012 – Decisão unânime.
CC 0000128-51.2012.5.01.0000 – Des. Gustavo Tadeu Alkmim
DOERJ 25-05-2012 – Decisão unânime.
CC 0016576-36.2011.5.01.0000 – Des. José Antonio Teixeira da Silva
DOERJ 25-05-2012 – Decisão unânime.
CC 0000072-18.2012.5.01.0000 – Des. Mirian Lippi Pacheco
DOERJ 15-05-2012 – Decisão unânime.
CC 0000046-20.2012.5.01.0000 – Des. Alberto Fortes Gil
DOERJ 10-05-2012 – Decisão unânime.
CC 0010544-15.2011.5.01.0000 – Des. Rosana Salim Villela Travesedo
DOERJ 03-04-2012 – Decisão unânime.
CC 0005716-73.2011.5.01.0000 – Des. Damir Vrcibradic
DOERJ 30-09-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 12
Conflito negativo de competência. Suspeição do juiz titular. Juiz substituto. Após a fixação da lide,
a suspeição do juiz titular da Vara não acarreta a redistribuição do feito e sim o encaminhamento
dos autos ao seu substituto legal (CPC, art. 313).
CC 0012631-75.2010.5.01.0000 – Des. Luiz Augusto Pimenta de Mello
DOERJ 27-10-2011 – Decisão unânime.
CC 0002555-55.2011.5.01.0000 – Des. Maria Das Graças Cabral Viegas Paranhos
DOERJ 02-09-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 13
Desentranhamento de recurso ordinário. Subversão à ordem processual. O despacho que
determina o desentranhamento do recurso ordinário deixa de observar a disposição contida no
artigo 895 da CLT, o que, por si só, traduz erro de procedimento e manifesta inversão da boa
ordem processual a ensejar a reclamação correicional.
AGOR 0009636-55.2011.5.01.0000 – Des. Maria de Lourdes Sallaberry (Redatora Designada)
DOERJ 02-04-2012 – Decisão por maioria.
PRECEDENTE Nº 14
Exceção de pré-executividade. Decisão. Reclamação Correicional. Não subverte a boa ordem
processual decisão que acolhe ou rejeita exceção de pré-executividade.
Agravo regimental – 0014584-74.2010.5.01.0000 Des. José da Fonseca Martins Junior
DOERJ 02-06-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 15
Execução. Decisão terminativa do feito. Reclamação correicional. A correição parcial não é meio
destinado a afastar decisão atacável por recurso próprio. Decisão terminativa do feito em execução
é passível de agravo de petição, sendo incabível o manejo de reclamação correicional.
AGOR 0007453-14.2011.5.01.0000 – Des. Maria das Graças Viegas Paranhos
DOERJ 28-09-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 16
Exceção de suspeição. Prazo para arguição. O prazo para oferecimento da exceção de suspeição
em face de magistrado é de 15 (quinze) dias a contar do fato que a originou, sob pena de preclusão
(CPC, art. 305).
ExcSusp 0008661-33.2011.5.01.0000 – Des. Gloria Regina Ferreira Mello
DOERJ 24-10-2011 – Decisão por maioria
ExcSusp 0014215-80.2010.5.01.0000 – Des. Evandro Pereira Valadão Lopes
DOERJ 08-07-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 17
Inspeção judicial. Corregedoria. Não há qualquer ilegalidade ou irregularidade na delegação do
Corregedor a serventuários para realização de inspeções nas Varas do Trabalho, uma vez que não
há transferência de poder hierárquico ou decisório, mas, tão somente, para, em eventual inspeção
extraordinária, constatar fatos e os relatar, de forma circunstanciada, à apreciação da Corregedoria.
RecAdm 0006214-72.2011.5.01.0000 – Des. Evandro Pereira Valadão Lopes
DOERJ 03-05-2012 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 18
Litispendência. Suspensão do feito. Subversão à boa ordem processual. Subverte a boa ordem
processual decisão monocrática que, pronunciando a litispendência, ao invés de extinguir o
processo, determina a sua suspensão.
AGOR 0008648-34.2011.5.01.0000 – Des. Gustavo Tadeu Alkmim
DOERJ 28-11-2011 – Decisão por maioria.
PRECEDENTE Nº 19
Mandado de Segurança. Ato administrativo praticado pelo Exmº Desembargador Presidente
deste Tribunal Regional do Trabalho. Incompetência da Justiça Federal. Compete à Justiça do
Trabalho processar e julgar mandado de segurança impetrado contra ato administrativo praticado
pelo Exmo. Desembargador Presidente de Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região.
Interpretação conjugada dos artigos 109, inciso VIII, da Constituição da República, 21, inciso VI,
da LC 35/79 e 15, inciso V, do Regimento Interno desta egrégia Corte. Precedentes do Excelso
Supremo Tribunal Federal e do Colendo Superior Tribunal de Justiça.
Agravo regimental 0001571-71.2011.5.01.0000 – Des. Evandro Pereira Valadão Lopes
DOERJ 22-03-2012 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 20
Mandado de Segurança. Desistência. Homologação. A desistência da ação de segurança, assim
como das ações em geral, só produzirá efeitos depois de homologada por sentença ou acórdão,
como dispõe art. 158, parágrafo único, do CPC.
PRECEDENTE Nº 21
Pedido de Providência. Prazo. O estabelecimento de prazo, não previsto regimentalmente,
para apresentação de pedidos de providência, caracteriza usurpação de competência, sendo
forçoso declarar-se, em caráter incidental, a nulidade da parte final do art. 13 do Provimento nº
04/2011 da Corregedoria Regional deste Tribunal.
Agravo regimental 0000823-05.2012.5.01.0000 – Des. Gloria Regina Ferreira Mello
DOERJ 2012-08-14 – Decisão por maioria.
PRECEDENTE Nº 22
Pensão post mortem. A alegação de união estável exige prova cabal, não apenas com os
documentos obrigatórios, mas também com outros elementos que forneçam ao administrador a
plena convicção de que o casal constituía uma entidade familiar.
RecAdm 0009252-29.2010.5.01.0000 – Des. Gustavo Tadeu Alkmim
DOERJ 13-10-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 23
Permuta entre Juízes do Trabalho Substitutos integrantes de regiões distintas. Possibilidade. A
Constituição da República Federativa do Brasil dedica especial proteção do Estado à família –
art. 226. Daí se infere que a permuta possui habitat constitucional, na medida em que outra
especial proteção à família não se poderia esperar senão aquela que garantisse aos magistrados
requerentes o direito de exercer a jurisdição nas regiões em que residem seus familiares e, assim,
manter a integridade dos laços que os prendem.
PA 0005834-49.2011.5.01.0000 – Des. Rosana Salim Villela Travesedo (Redatora Designada)
DOERJ 12-07-2011 – Decisão por maioria.
PRECEDENTE Nº 24
Petição de embargos de declaração. Despacho que determina a sua juntada em pasta própria.
Subversão à ordem processual. O despacho que determina a juntada em pasta própria, da
petição de embargos de declaração opostos mediante o sistema e-DOC por encontrar-se
incompleta, vulnera a norma inserta no art. 777 da CLT, o que traduz erro de procedimento e
manifesta inversão da boa ordem processual.
Agravo regimental 0015888-74.2011.5.01.0000 – Des. Maria de Lourdes Sallaberry
(Redatora Designada)
DOERJ 29-06-2012 – Decisão por maioria.
PRECEDENTE Nº 25
Prazo recursal. Requerimento de devolução do prazo. Agravo regimental. Ausência de previsão no
Regimento Interno. Há óbice ao conhecimento de Agravo Regimental quando não configuradas
quaisquer das hipóteses previstas no art. 236 do Regimento Interno desta egrégia Corte.
AGOR 0002556-40.2011.5.01.0000 – Des. Evandro Pereira Valadão Lopes
DOERJ 08-07-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 26
Prevenção. Agravo de instrumento improvido. Incidência da norma inserta no inciso II do art. 92
do Regimento Interno deste Tribunal. Livre distribuição. Improvido o agravo de instrumento os
recursos interpostos no mesmo feito serão submetidos à livre distribuição.
RecAdm 0013839-60.2011.5.01.0000 – Des. Fernando Antonio Zorzenon da Silva
(Redator Designado)
DOERJ 29-03-2012 – Decisão por maioria.
PRECEDENTE Nº 27
Recurso de revista. Despacho denegatório de seguimento. Agravo regimental é recurso inadequado
para impugnar despacho que nega seguimento a recurso de revista.
AGOR 0001790-84.2011.5.01.0000 – Des. Evandro Pereira Valadão Lopes
DOERJ 08-07-2011 – Decisão unânime.
Agravo Regimental 0015395-34.2010.5.01.0000 – Des. Mirian Lippi Pacheco
DOERJ 07-06-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 28
Suspensão do processo. Decisão que determina a suspensão do processo sem causa legalmente
prevista caracteriza, em tese, subversão à boa ordem processual.
AGOR 0005739-19.2011.5.01.0000 Des. Damir Vrcibradic
DOERJ 30-09-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 29
URV. Juros. O recebimento judicial de quantia a títulos de juros sobre o passivo da URV, calculados
apenas a partir da citação da ré, não retira o direito aos juros de período anterior, entendidas
como devidas pela administração desde a lesão do direito.
RecAdm 0014210-58.2010.5.0000 – Des. Gustavo Tadeu Alkmim
DOERJ 10-08-2011 – Decisão unânime.
PRECEDENTE Nº 30
Tutela Antecipada. Processo Administrativo. Competência. É competente o colegiado do
Órgão Especial para apreciar pedido de liminar ou de antecipação de tutela em sede de
processo administrativo.
RecAdm 0005330-09.2012.5.01.0000 – Agravo Regimental – Des. Marcos Cavalcante
(Redator Designado)
DOERJ 11-09-2012 – Decisão por maioria.
PRECEDENTE Nº 31
Conflito Negativo de Competência. Extinção do processo, sem resolução de mérito. Prevenção.
Competência absoluta. A competência, nos termos do artigo 253, II, do CPC, é funcional e,
portanto, absoluta e inderrogável, razão por que pode ser alegada a qualquer tempo, por qualquer
das partes, em qualquer grau de jurisdição, ou reconhecida, inclusive, ex officio, pelo juiz (CPC,
art. 113).
CC 0010459-29.2011.5.01.0000 – Des. Evandro Pereira Valadão Lopes (Redator Designado) DOERJ
05-12-2011 – Decisão por maioria.
PRECEDENTE Nº 32
Conflito de Competência. Ação individual de execução de sentença proferida em ação coletiva.
Com base nos artigos 98 e 101 do Código de Defesa do Consumidor, aplicado supletivamente no
processo trabalhista, pode o trabalhador optar entre o foro de seu domicílio ou o foro do juízo da
ação coletiva, em livre distribuição, para ajuizar ação de execução de sentença.
TRT-0004656-60.2014.5.01.0000 (CC) – Des. Nelson Tomaz Braga
DOERJ 15-07-2014 – Decisão por maioria.
TRT-0010320-09.2013.5.01.0000 (CC) – Des. Gustavo Tadeu Alkmim
DOERJ 17-07-2014 – Decisão por maioria.
TRT-0004122-19.2014.5.01.0000 (CC) – Des. José da Fonseca Martins Junior
DOERJ 18-07-2014 – Decisão por maioria.
TRT-0004121-34.2014.5.01.0000 (CC) – Des. Jorge Fernando Gonçalves da Fonte
DOERJ 18-07-2014 – Decisão por maioria.
TRT-0004493-80.2014.5.01.0000 (CC) – Des. Jorge Fernando Gonçalves da Fonte
DOERJ 18-07-2014 – Decisão por maioria.
TRT-0004565-67.2014.5.01.0000 (CC) – Des. Jorge Fernando Gonçalves da Fonte
DOERJ 18-07-2014 – Decisão por maioria.
PRECEDENTE Nº 33
Não atenta contra a ordem processual a determinação judicial, seja de ofício ou a requerimento
da parte, de expedição de ofícios às autoridades de fiscalização trabalhista, policial ou ao
Ministério Público.
Proc. Nº 0000071-91.2016.5.01.0000 (AGOR) – Des. Mário Sérgio Medeiros Pinheiro
DEJT 4/11/2016 – Decisão unânime.
1 DIREITO DO TRABALHO
1.2.1 Bancários
3. Bancário. Cargo de confiança. Horas extras. Uma vez comprovado que o reclamante ocupava o
cargo de confiança, aplica-se o seu enquadramento no art. 224, § 2º da CLT. (TRT1 – 4ª Turma – Rel.
Alvaro Luiz Carvalho Moreira – 0101555-20.2016.5.01.0043 – 4/5/2018.)
4. Bancário. Divisor 180 para cálculo das horas extras. Na esteira da tese jurídica estabelecida
pelo TST, o divisor a ser adotado para o bancário que labora em jornada de 06 (seis) horas é o 180.
(TRT1 – 8ª Turma – Rel. Jorge Orlando Sereno Ramos – 0002162-30.2013.5.01.0431 – 5/2/2018.)
5. Caixa Econômica Federal. Cadastro de reserva para o cargo de técnico bancário novo. Preterição
verificada. A aprovação em concurso público trata-se de mera expectativa de direito à convocação
e nomeação. Porém, a nomeação torna-se direito líquido e certo ao verificar-se que houve a
realização de terceirização, durante o prazo de validade do concurso, para a execução de atividades
contidas nas atribuições do cargo para o qual pretendem os autores a sua contratação, pois tal
fato obsta a contratação dos candidatos aprovados no certame. A terceirização de atividades
constantes da atribuição do cargo de Técnico Bancário, primordialmente de atendimento a clientes
da ré, independentemente do canal, comprova a violação ao disposto no art. 37, II da CR/88,
por preterir a contratação de aprovados em concurso público pela contratação de empresas
prestadoras de serviços. Recurso não provido. (TRT1 – 5ª Turma – Rel. Roberto Norris – 0100487-
74.2017.5.01.0051 – 18/4/2018.)
6. Divisor aplicável à obtenção do salário-hora. Bancários. Decisão proferida pelo TST em Sede de
IRDR. Divisores 180 e 220. A discussão acerca do divisor aplicável à obtenção do valor do salário-
hora dos bancários, que já se alongava em nossas cortes laborais por anos, foi finalmente julgada
pelo Tribunal Superior do Trabalho em sede de Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas,
tendo sido sedimentado o entendimento de que, para tal categoria e com as disposições
normativas até então vigentes, os divisores aplicáveis são o 180, para jornadas de 6 horas, ou o
220, para jornadas de 8 horas. No caso concreto, reconheceu-se à parte autora o direito à jornada
de 6 horas, sendo-lhe aplicável, portanto, o divisor 180. (TRT1 – 5ª Turma – Rel. Evandro Pereira
Valadão Lopes – 0001165-75.2014.5.01.0281 – 22/8/2018.)
7. Financiário. Enquadramento deferido. No contrato de correspondente bancário firmado
entre os réus às fls. 535/541, observa-se que dentro dos serviços contratados encontra-se o de
recebimentos e pagamentos relativos a contas de depósito à vista, prazo e de poupança, bem como
a aplicação e resgate de fundos de investimento; o de recebimentos e pagamentos decorrentes
de convênios de prestação de serviços mantidos pela instituição contratante, dentre outros.
Logo, observa-se que a primeira ré intermediava recursos de terceiros, não havendo motivo para
reforma da decisão primeira. (TRT1 – 9ª Turma – Rel. Ivan da Costa Alemão Ferreira – 0001105-
71.2012.5.01.0411 – 18/6/2018.)
1.2.2 Professores
9. Horas extras. Carga horária semanal. Técnico em radiologia industrial. Jornada do técnico em
radiologia. Lei nº 7.394/1985. Ausência de habilitação técnica. Princípio da Primazia da Realidade
Fática Sobre a Formal. A ausência de diploma de profissionalização em radiologia não se sobrepõe
aos fatos vivenciados, em razão do princípio da primazia da realidade sobre a forma, não
configurando óbice ao direito a carga horária semanal reduzida quando comprovada a prestação
de serviços nos moldes e na forma da Lei nº 7.394/1985. Recurso não provido. (TRT1 – 3ª Turma –
Rel. Antônio Cesar Coutinho Daiha – 0000320-90.2011.5.01.0461 – 20/7/2018.)
1.2.4 Trabalhadores em Petróleo
13. Férias. Art. 137 da CLT. Não tendo sido atingido o termo final do período concessivo das férias,
é indevido o pagamento da dobra prevista no art. 137 da CLT, em razão da ausência de lesão. (TRT1
– 4ª Turma – Rel. Angela Fiorencio Soares da Cunha – 0001259-57.2013.5.01.0281 – 13/8/2018.)
14. Férias. Prescrição. Art. 149 da CLT. Nos termos do art. 149 da CLT, a prescrição da pretensão à
fruição das férias começa a fluir com o término do período concessivo e não a partir do término
do período aquisitivo. (TRT1 – 8ª Turma – Rel. Maria Aparecida Coutinho Magalhães – 0153600-
94.2007.5.01.0017 – 12/3/2018.)
1.4 OUTRAS RELAÇÕES DE TRABALHO
15. Honorários de sucumbência. Reforma trabalhista. Ação ajuizada em data anterior. Não
cabimento. Em relação aos honorários sucumbenciais, mister que se respeite a segurança jurídica
e o princípio processual da não surpresa. Deste modo, as novas regras incidirão apenas sobre
as ações ajuizadas na vigência da Lei nº 13.467/2017, permanecendo os processos distribuídos
até 10/11/17 tramitando sob a regência das normas processuais anteriores. Recurso ordinário
a que se dá parcial provimento. (TRT1 – 8ª Turma – Rel. Maria Aparecida Coutinho Magalhães –
0100633-35.2017.5.01.0013 – 10/5/2018.)
1.5 PRESCRIÇÃO
16. Prescrição. Verbas decorrentes de contrato de trabalho já extinto. CRFB/88: Art. 7º, XXIX. O
direito de pleitear verbas decorrentes do extinto contrato de trabalho tem seu termo final dois
anos após o término da relação empregatícia. Reclamatórias interpostas além desse marco estão
fadadas à extinção com julgamento de mérito, com base no art. 487, II do CPC/15 (art. 269, IV
do CPC/73). (TRT1 – 8ª Turma – Rel. José Antonio Teixeira da Silva – 0100567-27.2016.5.01.0066
– 25/5/2018.)
1.6 REMUNERAÇÃO, VERBAS INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS
19. Diferenças salariais. Indevidas. Na data da dispensa da autora ainda não tinha entrado em
vigor a Lei nº 7.267/2016, que fixou novo piso salarial para a categoria, razão pela qual não
merece reforma a sentença. Horas extras. Sentença mantida. Ao contrário dos argumentos da
parte autora, a testemunha ouvida não presenciava a jornada da reclamante, eis que laboravam
em plantões diversos, sendo certo que a jornada descrita no referido depoimento não pode ser
estendia à recorrente. (TRT1 – 9ª Turma – Rel. Vólia Bomfim Cassar – 0101412-29.2016.5.01.0561
– 2/6/2018.)
20. Horas extras. Plantões extras. Parcelas vincendas. O Autor postulou o pagamento de horas
extras e adicional noturno em parcelas vencidas e vincendas e a sentença exequenda acolheu
o pedido sem limitação, o que inclui as parcelas vincendas, não havendo reforma por parte do
Acórdão e, neste caso, são devidas as horas extras enquanto perdurar a situação de fato, que
deu causa à condenação, ou seja, a realização de plantões extras. Dou parcial provimento ao
recurso para determinar que as horas extras devem ser apuradas enquanto perdurar a situação
de fato, que deu causa à condenação, ou seja, o labor nos plantões extras, não havendo falar em
limitação a data do ajuizamento da ação. Reflexos do RSR. Não houve pedido de repercussão do
repouso semanal remunerado, majorado pelas horas extras, nas parcelas do contrato. Tampouco,
tal repercussão foi determinada pela coisa julgada. Assim, não há respaldo para a insurgência
do Exequente. Nego provimento. Reflexo no FGTS. O Autor postulou os reflexos no FGTS das
diferenças salariais provenientes da promoção por antiguidade e das horas extras, o que foi
acolhido pela sentença exequenda. Assim, a apuração dos reflexos, além de estar amparada no
pedido e na coisa julgada, é mera recomposição dos valores pagos a menor. Dou provimento para
determinar a retificação dos cálculos com a apuração do FGTS sobre as diferenças de 13º salário,
férias e gratificação de férias. (TRT1 – 1ª Turma – Rel. Mário Sérgio Medeiros Pinheiro – 0044500-
50.2009.5.01.0078 – 20/6/2018.)
21. Horas extras. Trabalho externo. Possibilidade de controle de jornada. Com efeito, é
fato incontroverso que o reclamante realizava seus serviços externamente, de sorte que o
enquadramento de um trabalhador na exceção do art. 62, I da CLT afastaria de per si a percepção
de horas extras. Ocorre que, no presente caso, as provas do processo revelam a possibilidade
de controle da jornada do reclamante pela empresa, afastando a exceção prevista no aludido
dispositivo legal. Recurso da reclamada a que se nega provimento. (TRT1 – 10ª Turma – Rel.
Leonardo Dias Borges – 0100082-79.2017.5.01.0005 – 26/5/2018.)
22. Horas in itinere. Nos termos do art. 58, § 2º da CLT, o tempo despendido pelo empregado até
o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado
na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por
transporte público, o empregador fornecer a condução. (TRT1 – 9ª Turma – Rel. Claudia de Souza
Gomes Freire – 0010441-93.2015.5.01.0282 – 18/5/2018.)
23. Horas in itinere. Comprovada a existência de transporte público para o local de trabalho são
indevidas as horas in itinere, nos termos da Súmula nº 90 do c. TST. Intervalo intrajornada. A
prova oral confirma a tese do autor de que não era permitida a fruição integral do intervalo para
descanso e alimentação. Devido o pagamento do intervalo suprimido. (TRT1 – 2ª Turma – Rel.
Marcos Pinto de Cruz – 0001148-47.2014.5.01.0343 – 16/3/2018.)
24. I – Das horas extraordinárias. Atividade externa. Art. 62 da CLT. O reclamante não comprovou
que trabalhava internamente e sujeito a controle de jornada. Por outro lado, seu contrato de
trabalho consigna que seu trabalho era externo e sem fiscalização da jornada, pelo que, escorreita
a sentença que indeferiu o pagamento das horas extraordinárias postuladas. II – Perdas e danos
decorrentes da contratação de advogado. Não cabimento. “No processo trabalhista, o pagamento
26. Adicional de periculosidade. In casu, restou comprovado por meio de laudo pericial que
o trabalho efetuado ocorria em área considerada insalubre. Este é o quantum satis para o
deferimento do pagamento do adicional pleiteado. (TRT1 – 6ª Turma – Rel. Leonardo da Silveira
Pacheco – 0100025-14.2017.5.01.0053 – 24/5/2018.)
1.6.2 Ajuda / Tíquete Alimentação
27. Vale-alimentação. Quitação não comprovada. Não há prova nos autos do pagamento do vale-
alimentação dos meses indicados. Recurso parcialmente provido. (TRT1 – 1ª Turma – Rel. Bruno
Losada Albuquerque Lopes – 0101563-38.2016.5.01.0482 – 4/5/2018.)
1.6.3 Comissão
28. Diferenças de comissões. Incidência sobre encargos de vendas a prazo efetuadas por cartão de
crédito. Os valores correspondentes à taxa de administração das operadoras de cartões de crédito,
bem como os juros, não deverão incidir no percentual das comissões, pois não são repassados ao
empregador e sim à operadora do cartão de crédito e à financeira. (TRT1 – 3ª Turma – Rel. Mônica
Batista Vieira Puglia – 0100591-78.2016.5.01.0511 – 12/5/2018.)
1.6.4 Descontos Salariais – Devolução
29. Descontos. Sem a comprovação de que o serviço de saúde foi realizado, não há como se
justificar os descontos. Nega-se provimento. Dano moral. Consideradas a extensão do dano, a
condição socioeconômica e cultural da vítima e a sua participação no evento, além da capacidade
de pagamento e o grau de culpa do agente, demonstra-se acertado o valor da indenização. Nega-
se provimento. Juros de mora e correção monetária. A sentença encontra-se em consonância
com a jurisprudência firmada em nossos tribunais, através da Súmula nº 381 e 439 do c. TST.
Nega-se provimento. (TRT1 – 2ª Turma – Rel. Glaucia Zuccari Fernandes Braga – 0010343-
73.2015.5.01.0035 – 18/5/2018.)
30. Não ofendem a norma estampada no art. 462, da CLT, os descontos efetuados nos salários do
empregado com supedâneo em multas de trânsito propriamente ditas, ainda que não tenham
sido expressamente autorizados, dada sua natureza punitiva, decorrentes da inobservância das
normas do Código Nacional de Trânsito pelo obreiro. E isto porque não se afigura razoável que
o empregador em que pese ser o proprietário do veículo responda pela sanção respectiva, que
deve recair sobre o autor da infração, evitando-se, assim, ofensa ao princípio insculpido no Art. 5º,
XLV, da Constituição da República. (TRT1 – 9ª Turma – Rel. Antônio Carlos de Azevedo Rodrigues –
0011753-09.2015.5.01.0055 – 23/5/2018.)
1.6.5 Plano de Saúde
32. Recurso obreiro. Acúmulo de funções. Compatibilidade de tarefas. Não configuração. No caso
em apreço, como as atividades realizadas pelo obreiro são inerentes ao seu posto de trabalho
e compatíveis com sua condição pessoal, não há que se falar em acúmulo funcional. (TRT1 – 1ª
Turma – Rel. Raquel de Oliveira Maciel – 0100634-41.2016.5.01.0082 – 9/3/2018.)
1.6.6.2 Salário por Equiparação / Isonomia
33. 1) Equiparação salarial. Provado fato obstativo da paridade salarial, na forma do § 1º, do
art. 461, da CLT, não há falar em equiparação. Sentença mantida. 2) Participação nos lucros e
resultados – PLR. É vedado ao demandante alterar, no recurso, a causa de pedir, sob pena de
inovação à lide. Recurso ordinário desprovido. Matéria comum. 1) Jornada. Trabalho externo.
Possibilidade de controle. Cargo de confiança. Não configurado. Horas extraordinárias. 1.1.
O quadro fático delineado nos autos evidencia a efetiva possibilidade de controle da jornada,
ainda que por meios indiretos, e, o mais importante, de aferição das horas de trabalho cumpridas
pelo obreiro, de modo que ao empregador era dado conhecer a jornada de trabalho, através dos
métodos de controle que tinha a seu dispor. Revelando-se possível o efetivo controle da jornada
de trabalho do empregado, resta inaplicável, na espécie, o disposto no art. 62, I, da CLT. 1.2. Assim,
revela-se correta a decisão recorrida, ao fixar a jornada de trabalho do reclamante de acordo com
a inicial, decotada pela prova oral, ante a ausência dos controles de frequência do autor. 1.3. A
prova evidencia, ainda, a inexistência de qualquer atribuição ou função de confiança pelo autor.
Nesse sentido, acertada a sentença, no aspecto em que o enquadrou no caput, do art. 224, da CLT.
Sentença parcialmente reformada, na espécie. 2) Gratuidade de justiça. Honorários advocatícios.
2.1. O art. 790, § 3º, da CLT, faculta aos magistrados de qualquer instância a concessão, de ofício,
da gratuidade de justiça. 2.2. Estando o reclamante assistido por advogado particular, não é devido
o pagamento da verba honorária, conforme entendimento jurisprudencial do c. TST, cristalizado
por meio das Súmulas nº 219 e 329. Recursos ordinários desprovidos, no particular. Contribuição
previdenciária. Atualização monetária. Índice aplicável. Para fins de atualização das contribuições
previdenciárias, a taxa Selic somente deve ser aplicada na hipótese de inadimplemento.
Inteligência dos art. 35, da Lei nº 8.212/1991, 5º, § 3º, e 61, § 3º, da Lei nº 9.430/1996. Recurso
ordinário parcialmente provido. (TRT1 – 1ª Turma – Rel. Alexandre Teixeira de Bastos Cunha –
0100860-55.2016.5.01.0079 – 22/5/2018.)
34. Equiparação salarial. Nos termos do art. 461 da CLT c/c Súmula nº 06 do c. TST, compete ao
reclamante a prova da identidade funcional apta a ensejar o deferimento do pleito equiparatório.
Comprovado nos autos que paradigma e paragonado, de fato, exerciam as mesmas tarefas, e
não produzida prova de qualquer outro fato obstativo do direito perseguido, imperioso concluir
pelo desprovimento do recurso patronal, no particular. Recurso obreiro. Horas extraordinárias.
da CLT. A não apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa
de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. Recurso
Ordinário interposto pelo banco reclamado conhecido e não provido. (TRT1 – 5ª Turma – Rel.
Márcia Leite Nery – 0001663-43.2012.5.01.0023 – 1º/3/2018.)
1.6.6.3 Salário por Fora – Integração
39. Salário pago “por fora”. Ônus da prova que recai sobre o autor. Princípio da Imediatidade.
Depoimento testemunhal imprestável. Não comprovação do pagamento extrarrecibo. Diante da
negativa da ré, o ônus de provar o pagamento de salário “por fora” é do autor, nos termos dos
arts. 818 da CLT e 373 do CPC. Na análise das alegações das testemunhas, deve-se privilegiar o
princípio da imediatidade, segundo o qual o Juiz que colhe a prova durante a fase instrutória tem
mais condições de valorá-la. Nesse sentido, o Magistrado de 1º grau considerou imprestável o
depoimento da testemunha convidada pelo demandante, por considerá-lo muito mais benéfico
aos pleitos autorais do que a própria tese da inicial. Percebe-se claramente o intuito da testemunha
de favorecer o reclamante, pelo que o seu depoimento é realmente inservível ao deslinde da
controvérsia. Não havendo qualquer outra prova nos autos que demonstre o pagamento de salário
extrarrecibo, deve ser mantida a sentença no particular. Escala de revezamento. Empregado do
setor hoteleiro. Atividade de comércio em geral. Trabalho aos domingos uma vez a cada sete
semanas. Impossibilidade. O art. 7º da CRFB/1988, em seu inciso XV, estabelece como direito dos
trabalhadores urbanos e rurais o repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos.
Por sua vez, o art. 67 da CLT dispõe ser assegurado a todo empregado um descanso semanal de
24 horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa
do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte, com escala de revezamento
para os serviços que exijam trabalho nesse dia. Existe discussão a respeito da revogação desse
dispositivo pelo art. 1º da Lei nº 605/1949, que estabelece que todo empregado tem direito
ao repouso semanal remunerado de 24 horas consecutivas, preferentemente aos domingos.
Seja como for, com base na Portaria nº 417/1966, do Ministério do Trabalho, muitas empresas
adotaram como critério a concessão de uma folga aos domingos a cada sete semanas. Ocorre que
a Lei nº 10.101/2000, em seu art. 6º, parágrafo único, dispõe que essa folga deve ser concedida
pelo menos uma vez no período máximo de três semanas. E, nos termos do art. 7º e anexo do
Decreto nº 27.048/1949, que regulamenta a Lei nº 605/1949, hotéis e similares se incluem na
categoria de comércio. Logo, pelo trabalho em escala de revezamento em hotel de grande porte,
o autor teria direito ao repouso semanal no domingo uma vez a cada três semanas. Honorários
advocatícios. Relação de emprego. Advogado particular. Não cabimento. Súmula nº 219, I, do TST.
Lei nº 13.467/2017. Vigência. Somente cabe a condenação em honorários advocatícios quando
atendidos os requisitos da Lei nº 5.584/1970, quais sejam a miserabilidade jurídica e a assistência
sindical. No presente caso, a parte autora encontra-se assistida por advogado particular, sendo
indevida a verba honorária, consoante entendimento da Súmula nº 219, I, do TST. Registra-se que
a Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), com vigência a partir de 11/11/17, acrescentou à CLT
o art. 791-A, segundo o qual são devidos honorários de sucumbência aos advogados que atuem
em processos trabalhistas. No entanto, diante da natureza bifronte dos honorários advocatícios,
deixa-se de aplicar o referido dispositivo ao caso em tela, em observância ao princípio tempus
regit actum, visto que a data de propositura desta demanda foi anterior àquela. (TRT1 – 2ª Turma
– Rel. Marcos Pinto de Cruz – 0011260-25.2015.5.01.0025 – 11/5/2018.)
1.6.7 Supressão / Redução de Horas Extras Habituais – Indenização
41. Nulidade do pedido de demissão. Coação não provada. Não provada, pelo empregado,
a coação para que formulasse pedido de demissão, não há como ser reconhecida a respectiva
nulidade. (TRT1 – 4ª Turma – Rel. Angela Fiorencio Soares da Cunha – 0002654-66.2013.5.01.0481
– 13/6/2018.)
1.7.1 Justa Causa / Falta Grave
42. Abandono de emprego. Não comprovado. Justa causa. Revertida. Diferenças de verbas
rescisórias. Mantidas. O abandono de emprego, tipificado na alínea ‘i’ do art. 482 da CLT, ocorre
quando o empregado deixa de comparecer ao local de trabalho por, pelo menos, 30 dias com o
ânimo de não mais trabalhar. Alegando o empregador esse fato modificativo, como milita em
favor do empregado o princípio da continuidade da relação de emprego, atrai o ônus de prová-lo,
do qual não se desincumbiu (CLT, art. 818 c/c CPC, art. 373, II). (TRT1 – 1ª Turma – Rel. Ana Maria
Soares de Moraes – 0100405-85.2017.5.01.0037 – 17/5/2018.)
43. Dispensa por justa causa. Nulidade do ato. Notificação sem especificação do motivo da
dispensa e não observância da regra estabelecida no § 1º do art. 477 da CLT. Para fundamentar a
configuração da dispensa por justa causa, a conduta culposa do empregado deve restar cabalmente
comprovada nos autos, ônus esse que incumbe ao empregador em decorrência do princípio da
continuidade. Deve a empregadora também observar as formalidades legais de comunicar a
dispensa especificando o motivo e observar a regra esculpida no § 1º do art. 477 da CLT, quando
o empregado tem mais de um ano de serviço. Acidente de trabalho. Reconhecimento pelo órgão
previdenciário. Ocorrência. O reconhecimento do órgão previdenciário quanto à ocorrência da
doença ocupacional equiparada a acidente de trabalho, impõe o seu reconhecimento também em
sede judicial, mormente quando constatado nos autos que as atividades exercidas são compatíveis
com o infortúnio relatado. Por outro lado, havendo discordância quanto à classificação dada
pelo órgão previdenciário ao benefício concedido, compete, exclusivamente, à empregadora
recorrer administrativamente da decisão, de forma a obter a reclassificação do benefício para
auxílio doença comum. Horas extras. Controle de frequência. Registro eletrônico. Idoneidade.
Necessidade de comprovação do atendimento às normas regulamentares do ponto eletrônico.
A adoção do chamado ponto eletrônico pode ser considerada como facultativa, se observado
que a lei ainda não obriga a sua adoção por todas as empresas. Todavia, se adotado, o apontado
sistema de controle de ponto tem de se ajustar às normas editadas pelo Ministério do Trabalho.
Dessa forma, para que um sistema de controle de ponto eletrônico possa ser considerado lícito
e aceitável como prova, é necessário que haja comprovação, nos autos, de que a empregadora
atendeu aos requisitos, em especial, da Portaria nº 1.510/2009, que regulamenta o denominado
ponto eletrônico. Relatora: Desembargadora Carina Rodrigues Bicalho. (TRT1 – 3ª Turma – Rel.
Carina Rodrigues Bicalho – 0000855-36.2011.5.01.0035 – 10/8/2018.)
44. Justa causa não configurada. Abandono de emprego. Inexistindo prova segura quanto ao
animus abandonandi do reclamante, deve ser afastada a justa causa aplicada. Recurso provido.
(TRT1 – 7ª Turma – Rel. José Luís Campos Xavier – 0011375-26.2015.5.01.0064 – 9/5/2018.)
1.7.2 Reintegração / Readmissão ou Indenização
1.7.2.1 Gestante
47. Membro da CIPA. Estabilidade provisória no emprego. Encerramento das atividades da empresa.
Indenização devida. O empregado eleito membro da CIPA é detentor de estabilidade provisória no
emprego até um ano após o término do mandato (art. 165 da CLT e art. 10, II, a, do ADCT). Para que
não se configure a despedida arbitrária, compete à empresa provar a extinção do estabelecimento
ou encerramento das atividades no local da prestação de serviços (Súmula nº 339, II, do TST),
encargo do qual não se desincumbiu a Ré no caso em tela. Além do mais, o mandato do Autor
como membro da CIPA já havia se encerrado, estando o obreiro no gozo do período de garantia
de emprego de um ano após o esgotamento de sua atividade fiscalizadora. Logo, o Acionante tem
direito à estabilidade pretendida, porquanto a garantia de emprego do cipeiro, após o término do
seu mandato, constitui vantagem pessoal, que não pode ser desconsiderada pela empresa. (TRT1
– 7ª Turma – Rel. Rogério Lucas Martins – 0100958-42.2017.5.01.0067 – 2/6/2018.)
1.7.3 Rescisão Indireta
48. Rescisão indireta do contrato de trabalho. A habitual falta de recolhimento dos depósitos
de FGTS implica grave violação das obrigações do empregador especificadas no art. 15 da Lei
nº 8.036/1990 e, nesses termos, autoriza a rescisão indireta do contrato de trabalho com fulcro
no art. 483, “d”, da CLT. (TRT1 – 10ª Turma – Rel. Flávio Ernesto Rodrigues Silva – 0101307-
16.2017.5.01.0206 – 17/5/2018.)
1.7.4 Verbas Rescisórias
49. Verbas rescisórias. Mês da rescisão. Época própria. Atualização monetária. Em se tratando
de atualização monetária de verbas rescisórias, o índice de atualização monetária deverá ser o
correspondente ao mês da rescisão contratual, época própria em que devidas, nos termos do
art. 477, § 6º, da CLT. Decisão que não merece reforma. (TRT1 – 10ª Turma – Rel. Célio Juaçaba
Cavalcante – 0001471-86.2012.5.01.0031 – 15/8/2018.)
1.7.4.1 Multa do Art. 477 da CLT
50. “Multa do art. 477 da CLT. Plausibilidade. Homologação rescisória. O depósito tempestivo das
verbas resilitórias devidas ao empregado afasta a incidência da multa do art. 477 da CLT (Tese
Jurídica Prevalecente n° 08 do Tribunal Pleno desta Corte)”. (TRT1 – 10ª Turma – Rel. Rosana Salim
Villela Travesedo – 0012440-86.2013.5.01.0206 – 23/5/2018.)
51. Verbas rescisórias. Ausência de quitação. Devidas as verbas rescisórias, ante a confissão na
defesa de que não houve quitação. Multa prevista no art. 477 da CLT. A multa prevista no art. 477,
§ 8º, da CLT, equivalente ao salário recebido pelo empregado, é aplicável quando não adimplidas,
no prazo legal, as verbas decorrentes da ruptura do contrato de trabalho. Evidenciado que as
verbas rescisórias devidas à reclamante não foram quitadas, em inobservância ao comando legal,
aplicável a multa sob comento. Multa prevista no art. 467 da CLT. Ante a não quitação das parcelas
rescisórias incontroversas em primeira audiência, incide ao caso a multa prevista no art. 467 da
CLT. Honorários de sucumbência. Ação ajuizada antes da Lei nº 13.467/2017. Súmulas nº 219 e
329 do c. TST. Validade. Hipóteses de cabimento. Nas ações ajuizadas antes da Lei nº 13.467/2017,
aplica-se o entendimento de que tão somente nas hipóteses previstas pela Lei nº 5.584/1970
haverá condenação em honorários advocatícios. E enquanto prevalente o entendimento
consolidado pelo c. TST, expresso nas Súmulas nº 219 e 329, na Justiça do Trabalho, a condenação
ao pagamento de honorários advocatícios não decorrerá pura e simplesmente da sucumbência,
devendo a parte estar assistida por Sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção
de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe
permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. Não estando o autor
assistido pelo sindicato de sua categoria profissional, não faz jus ao pagamento de honorários de
advogado. Recurso Ordinário interposto pela ré conhecido e parcialmente provido. Honorários de
sucumbência. Quanto ao tema, valho-me dos fundamentos expostos por ocasião do julgamento
do recurso ordinário exposto pela ré, no sentido de que os honorários de sucumbência previstos
no art. 791-A, da CLT incidem tão somente sobre as reclamações trabalhistas ajuizadas a partir
da vigência da Lei nº 13.467/2017. Recurso Ordinário interposto pela reclamante conhecido e
parcialmente provido. (TRT1 – 5ª Turma – Rel. Márcia Leite Nery – 0101101-61.2016.5.01.0521
– 15/5/2018.)
1.8 RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR
54. Lesão decorrente de acidente de trabalho. Dano moral. Configuração. Constata-se, no caso,
a presença do (1) dano, consistente no inegável sofrimento decorrente do infortúnio laboral;
(2) do nexo causal entre a lesão e a atividade profissional, conforme demonstrado na instrução
probatória; e (3) da culpa do empregador, porque expôs o autor a condições de trabalho
desgastantes e prejudiciais à saúde, descurando de seu dever de reduzir os riscos inerentes ao
trabalho (CF, art. 7º, XXII). Considerando que no caso vertente restou provado que o acidente de
trabalho sofrido pelo autor tenha sido causado no pleno exercício de sua atividade laborativa,
impõe-se a condenação das rés ao pagamento da reparação do dano moral sofrido pelo obreiro.
Apelo patronal a que se nega provimento. (TRT1 – 5ª Turma – Rel. Enoque Ribeiro dos Santos –
0000493-80.2011.5.01.0343 – 13/6/2018.)
1.8.2 Indenização por Dano Moral
55. Dano moral. Pagamento de parcelas rescisórias a destempo. Não cabe indenização por dano
moral pelo simples fato de haver atraso na homologação do distrato, conforme entendimento
de Tese Prevalecente nº 1, deste e. TRT. Multa do art. 477 da CLT. Plausibilidade. Homologação
rescisória. O depósito tempestivo das verbas resilitórias devidas ao empregado afasta a incidência
da multa do art. 477 da CLT, conforme entendimento da tese prevalecente nº 8. (TRT1 – 6ª Turma
– Rel. Angelo Galvão Zamorano – 0011703-23.2014.5.01.0053 – 24/5/2018.)
56. Dano moral. Reconhecimento de vínculo de emprego em Juízo. Dano subjetivo. Necessidade de
prova. Não se vislumbra a hipótese de dano objetivo ou presumido, e sim, subjetivo ou provado,
necessitando da prova de dano e do nexo de causalidade pelo motivo apresentado. Recurso não
provido. (TRT1 – 1ª Turma – Rel. Bruno Losada Albuquerque Lopes – 0001307-45.2014.5.01.0551
– 24/8/2018.)
57. Danos morais. Não pagamento das verbas rescisórias. Não cabimento da reparação na
hipótese. Nos termos da Tese Jurídica Prevalecente nº 01 deste Regional, “(…) o dano moral não
decorre, por si só, de mero inadimplemento contratual ou da falta de pagamento das verbas
resilitórias pelo empregador, a não ser que se alegue e comprove (CLT, art. 818 c/c do CPC/15,
art. 373, inciso I) de forma inequívoca, o nexo de causalidade entre tal inadimplemento e a
superveniência de transtornos de ordem pessoal dele advindos”. (TRT1 – 1ª Turma – Rel. Marcelo
Antero de Carvalho – 0101343-32.2016.5.01.0032 – 7/6/2018.)
58. Indenização por danos morais. Majoração do valor fixado. Indevida. Este relator entende que
o mero desrespeito a direitos trabalhistas, por si só, não implica direito à indenização por dano
moral, quando, como no caso, não há prova de lesão ao patrimônio “imaterial” do empregado
em consequência dessa atitude. Demais disso, a ausência de pagamento de verbas rescisórias,
quando muito, configura dano patrimonial. Logo, a meu ver, sequer seria o caso de deferimento
da indenização postulada. Todavia, trata-se de apelo autoral, não sendo admitida a reformatio in
pejus. Nestes termos, não há que se falar em majoração do valor arbitrado pelo Juízo primeiro.
(TRT1 – 9ª Turma – Rel. Ivan da Costa Alemão Ferreira – 0011676-24.2015.5.01.0241 – 5/5/2018.)
1.8.2.1 Assédio Moral
59. Assédio moral. Reparação extrapatrimonial. O empregador tem o dever de fornecer aos
seus colaboradores um ambiente de trabalho saudável, inclusive em termos psicológicos. O
empregador que permite que seus prepostos atuem de modo hostil e desrespeitoso com seus
subordinados, praticando evidente assédio moral, deve ser responsabilizado pelas desordens
emocionais provocadas nos trabalhadores e decorrentes da violência perversa. (TRT1 – 7ª Turma
– Rel. Giselle Bondim Lopes Ribeiro – 0100043-94.2016.5.01.0077 – 30/5/2018.)
66. Adicional de periculosidade. Dentista. Raios X. Perícia. Comprovação. Devido. 1) O art. 195, da
CLT, dispõe que a comprovação do exercício de atividades sob condições insalubres ou perigosas
é feita através de perícia técnica, realizada por profissional capacitado e de confiança do juiz.
2) Comprovado pela perícia realizada nos autos o exercício da função em condições perigosas,
inquestionável o direito do Demandante ao pagamento do adicional postulado na inicial, com as
devidas repercussões. (TRT1 – 7ª Turma – Rel. Rogério Lucas Martins – 0000392-04.2013.5.01.0301
– 25/7/2018.)
67. Responsabilidade subsidiária. Inexistência de contrato entre a prestadora e a suposta tomadora
de serviços. Ausência de prova de prestação de serviços à alegada tomadora. Descabimento.
Descabe falar em responsabilidade subsidiária quando, inexistindo contrato entre a prestadora e
a suposta tomadora de serviços, o autor não comprova que prestou serviços à alegada tomadora.
(TRT1 – 8ª Turma – Rel. José Geraldo da Fonseca – 0101374-42.2016.5.01.0003 – 24/2/2018.)
68. Terceirização lícita. Isonomia entre os empregados da empresa prestadora de serviços e da
tomadora. Inocorrência. Inaplicabilidade da OJ nº 383 da SDI1 do TST. A aplicação analógica do art.
12, “a”, da Lei nº 6.019/1974, que assegura a isonomia aos empregados terceirizados em relação
aos trabalhadores contratados pela tomadora dos serviços, conforme OJ nº 383 da SDI1 do TST,
somente ocorre quando há contratação irregular, por meio de empresa interposta. Verificando-
se, no caso concreto, que a terceirização era lícita e não foi produzida prova de identidade de
funções, o pedido é improcedente. (TRT1 – 3ª Turma – Rel. Rildo Albuquerque Mousinho de Brito
– 0100182-16.206.5.01.0281 – 24/5/2018.)
69. Terceirização. Administração Pública. Não ilidida a culpa in vigilando. Responsabilização
do ente público. Nas variadas modalidades de terceirização, não afastada a culpa in vigilando,
ônus de prova que recai sob o ente público, resta a sua condenação subsidiária, prevalecendo os
ditames da Súmula nº 331, item V, do TST, e afastada a correção monetária e juros na forma do
art. 1º-F, da Lei nº 9.494/1997. A condenação subsidiária engloba todas as verbas trabalhistas,
consoante entendimento do item VI da supra citada súmula. (TRT1 – 2ª Turma – Rel. Valmir de
Araujo Carvalho – 0100567-40.2016.5.01.0482 – 3/4/2018.)
1.9.3.1 Ente Público
2 DIREITO INTERNACIONAL
3.1.1 Nulidade
75. Extinção do feito sem resolução do mérito. Decurso do prazo legal para suspensão do processo.
Prosseguimento do feito. O processo pode ser suspenso quando depender do julgamento de outra
causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto
principal de outro processo pendente (art. 313, inciso V do CPC de 2015). A suspensão do processo
por este motivo não poderá exceder a um ano, na forma do § 4º, do art. 313 do CPC de 2015.
Ultrapassado este prazo e sem que a parte autora possa comprovar o trânsito em julgado de
sentença prolata em outro processo, o juiz deve determinar o prosseguimento do processo, tal
como preconizado no § 5º do art. 313 do CPC de 2015. A extinção do processo, sem julgamento
do mérito, com fulcro no art. 485, inciso II e III do CPC de 2015, não se justifica, uma vez que a
parte autora não cumpriu diligência, não por culpa sua, mas em razão de não haver sido prolatada
sentença transitada em julgado no outro feito. (TRT1 – 10ª Turma – Rel. Flávio Ernesto Rodrigues
Silva – 0002208-49.2011.5.01.0282 – 12/3/2018.)
76. Extinção do processo sem exame do mérito afastada. Mostra-se prematura a extinção do feito
sem análise do mérito quando não esgotados todos os meios de citação da Parte Ré, posto que
deve ser garantido ao jurisdicionado o amplo acesso à Justiça (art. 5º, XXXV, da CRFB). (TRT1 – 2ª
Turma – Rel. José Antonio Piton – 0100859-09.2017.5.01.0282 – 8/5/2018.)
3.3 JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
3.3.1 Competência
78. Mandado de segurança. Seguro garantia. Garantia de execução. Direito líquido e certo.
Existência. O seguro garantia apresentado pela impetrante equivale a depósito em dinheiro
e, por atender à gradação do art. 835, do CPC/15, aplicável subsidiariamente ao processo do
trabalho (art. 769, da CLT), a sua recusa configura violação a direito líquido e certo da impetrante.
Segurança concedida. (TRT1 – 10ª Turma – Rel. Vólia Bomfim Cassar. Red. Desig. – 0100767-
04.2017.5.01.0000 – 11/5/2018.)
79. Parcelas vincendas não requeridas. Inclusão na fase de execução. Impossibilidade. Embora se
admita a possibilidade do pedido implícito, não se pode conceber a existência de condenação
implícita. Assim, não havendo determinação neste sentido, as parcelas vincendas não podem ser
incluídas na liquidação, sob pena de afronta à coisa julgada. (TRT1 – 1ª Turma – Rel. Eduardo
Henrique Von Adamovich – 0059400-76.2008.5.01.0012 – 5/3/2018.)
80. Recuperação judicial X execução trabalhista. Ultrapassado o prazo improrrogável de 180 dias,
previsto no art. 6º, § 4º da Lei nº 11.101/2005 para suspensão das execuções contra a reclamada
em recuperação judicial, a execução trabalhista deve prosseguir. (TRT1 – 6ª Turma – Rel. Cláudia
81. Benefício de ordem. Tendo em vista tratar-se de créditos de natureza alimentícia, deve ser
afastado o benefício de ordem, procedendo-se à execução do responsável subsidiário. (TRT1 – 2ª
Turma – Rel. Maria das Graças Cabral Viegas Paranhos – 0000629-53.2014.5.01.0511 – 17/1/2018.)
3.4.2 Constrição / Penhora / Avaliação / Indisponibilidade de Bens
82. Bem de família legal. Configuração. A proteção ao bem de família legal, o imóvel onde reside
o casal ou a entidade familiar, conforme estabelecido na Lei nº 8.009/1990, tem origem no
interesse público, objetivando a proteção da família, evitando a sua desarticulação, e da pessoa
humana. Não por outra razão, admite-se a comprovação da residência da entidade familiar por
todos os meios de prova lícitos, reconhecido ao magistrado conhecer de ofício do bem de família.
Nestes autos, há prova de que a agravante mantém residência no imóvel penhorado, tratando-se
de bem de família. (TRT1 – 4ª Turma – Rel. Tania da Silva Garcia – 0000008-62.2016.5.01.0551
– 17/1/2018.)
83. Penhora de 30% do salário da ex-sócia da executada. Em que pese a mudança de posicionamento
deste Relator, que vinha votando contra a penhora de parte do salário tanto na Turma quanto
na SEDI, mas atualmente se curvava ao entendimento do c. TST, inclusive da sua Subseção II
Especializada em Dissídios Individuais (v. p/ex. RO 646-54.2017.5.0000, julgamento 17/04/18, Rel.
Min. Douglas Rodrigues, DEJT de 20/04/18), no caso em análise, entretanto, não vejo como deferir
a pretensão, eis que a execução já conta com penhora em crédito da executada. (TRT1 – 3ª Turma
– Rel. Jorge Fernando Gonçalves da Fonte – 0001183-02.2011.5.01.0411 – 17/7/2018.)
84. Penhora sobre máquinas industriais. O art. 833, inciso V, do CPC não se aplica à pessoa
jurídica, por se tratar de norma legal direcionada à pessoa física que exerce uma profissão, tais
como os profissionais liberais. Como se sabe, as pessoas jurídicas exercem atividade comercial,
industrial ou de prestação de serviços. Somente as pessoas naturais exercem profissão. Agravo da
executada não provido. (TRT1 – 3ª Turma – Rel. Jorge Fernando Gonçalves da Fonte – 0142800-
17.2009.5.01.0282 – 20/6/2018.)
85. Penhora sobre proventos de aposentadoria. Tratando-se de valores recebidos a título de
proventos de aposentadoria, a verba está coberta pela impenhorabilidade prevista no art. 833
do Novo Código de Processo Civil, observando-se a limitação elencada no seu § 2º. Em que pese
a prioridade dos créditos trabalhistas, não há como desconsiderar a proteção imposta por lei,
não se admitindo interpretação ampliativa quando o resultado importar em restrição de direitos.
(TRT1 – 10ª Turma – Rel. Edith Maria Correa Tourinho – 0069600-95.2001.5.01.0301 – 19/7/2018.)
3.4.3 Efeito Suspensivo / Impugnação / Embargos à Execução
86. O art. 897, § 1º, da CLT, não exige que os “valores impugnados” constem do agravo de petição.
O art. 897,§ 1º, da CLT, exige, apenas, a “delimitação” das “matérias” e dos “valores impugnados”,
pelo agravante, ainda que em outro momento anterior, por óbvio. Logo, não haveria porque
negar “seguimento ao agravo de petição” interposto pela reclamada, com fulcro no “art. 897, §
1º, CLT” como fez o d. Juízo de origem, em 04/10/17 (v. fls. 682), se ela indicara, na “planilha” que
acompanha os seus embargos à execução, os “valores” que entende “devidos”, permitindo, assim,
“a execução imediata da parte remanescente até o final”. (TRT1 – 8ª Turma – Rel. Roque Lucarelli
Dattoli – 0011716-20.2014.5.01.0571 – 31/5/2018.)
87. Exceção de pré-executividade. Agravo de petição. Incabível. A fim de não permitir o excessivo
prolongamento da execução, atrasando a entrega definitiva da prestação jurisdicional, é essencial
a garantia do crédito devido ao exequente a fim de permitir a interposição de agravo de petição
da decisão que rejeita a exceção de pré-executividade. (TRT1 – 4ª Turma – Rel. Cesar Marques
Carvalho – 0090700-70.2001.5.01.0022 – 23/7/2018.)
3.4.5 Execução Previdenciária
89. Execução trabalhista. Extinção sem ter o exequente sido intimado para indicar novos meios
de prosseguimento. É salutar que se dê a chance ao reclamante para requerer o que for de seu
interesse antes da extinção da execução, pois ele pode ter alguma informação nova além daquela
já encetada pelo Juízo. Caso contrário, há ferimento do devido processo legal. (TRT1 – 1ª Turma –
Rel. Marcia Regina Leal Campos – 0011295-03.2015.5.01.0019 – 16/5/2018.)
90. Execução. Extinção. Revela-se açodado o comando de expedição de certidão de crédito, antes
de esgotadas as tentativas de satisfazer a dívida com o patrimônio da executada, ou de seus sócios,
sem que sejam observados os procedimentos da Lei nº 6.830/1980, aplicável de forma subsidiária
ao processo de execução trabalhista. (TRT1 – 1ª Turma – Rel. Gustavo Tadeu Alkmim – 0100200-
63.2008.5.01.0072 – 21/6/2018.)
3.4.7 Fraude à Execução
91. Fraude à execução. Alienação de imóvel pelo sócio executado. A fraude à execução, instituto
eminentemente processual, consiste em ato atentatório à dignidade da Justiça que acarreta a
ineficácia do negócio jurídico celebrado entre o devedor e terceiro. (TRT1 – 3ª Turma – Rel. Mônica
Batista Vieira Puglia – 0067200-62.2003.5.01.0035 – 14/8/2018.)
92. Fraude à execução. Configurada. A expropriação de bens ocorrida diante de uma lide pendente,
e da ciência inequívoca do sócio executado, caracteriza-se fraude à execução, nos termos do art.
593, II, do CPC. Agravo de petição que se dá provimento. (TRT1 – 10ª Turma – Rel. Marcelo Antero
de Carvalho – 0167000-11.2005.5.01.0062 – 1º/2/2018.)
3.4.8 Multa de 10%
93. Multa do art. 523, § 1º, do atual CPC (art. 475-J do CPC de 1973). Descabimento na Justiça
do Trabalho. 1) Após o julgamento do Incidente de Recurso de Revista Repetitivos IRR nº 1786-
24.2015.5.04.000 pelo c. TST, restou fixado que a multa prevista no art. 523, § 1º do novo CPC
(art. 475-J do CPC de 1973) não é compatível com as normas vigentes da CLT, pelas quais se
rege o Processo do Trabalho.2) Agravo de petição interposto pela executada ao qual se concede
95. A efetiva extinção da obrigação dá-se quando da disponibilização, para o credor, dos valores
depositados. Assim, somente quando do efetivo pagamento ao Exequente expedição do Alvará
cessa para o devedor a obrigação dos juros de mora pertinentes à dívida, dicção do art. 39 da
Lei nº 8.177/1991. (TRT1 – 9ª Turma – Rel. Antônio Carlos de Azevedo Rodrigues – 0257000-
41.1991.5.01.0032 – 16/8/2018.)
3.4.10 Precatório
96. Precatório. Pagamento dentro do prazo. Quitação do valor sem atualização monetária.
Inobservância do art. 100, § 5º, da CF/88. Reza o art. 100, § 5º, da CF/88 que é obrigatória a
inclusão, no orçamento das entidades de Direito Público, de verba necessária ao pagamento de
seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários
apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando
terão seus valores atualizados monetariamente. Por conseguinte, é devida a atualização monetária
do valor do precatório desde sua expedição até seu efetivo pagamento. (TRT1 – 2ª Turma – Rel.
José Antonio Piton – 0198200-24.2009.5.01.0247 – 16/7/2018.)
3.4.11 Valor da Execução / Cálculo / Atualização
97. Cálculos de liquidação. Média duodecimal. Verificada a conformidade com a coisa julgada,
mantêm-se os parâmetros de liquidação homologados na origem. Agravo de petição a que se
nega provimento. (TRT1 – 1ª Turma – Rel. Alexandre Teixeira de Bastos Cunha – 0002801-
89.2012.5.01.0461 – 6/7/2018.)
98. Sentença líquida. Reforma da sentença. Retificação dos cálculos devida. No caso dos autos, os
cálculos da sentença líquida proferida devem ser retificados quanto às diferenças devidas a título
de vale-transporte, uma vez que os mesmos foram elaborados antes da decisão proferida em sede
de embargos de declaração e em razão da reforma parcial da sentença por esta decisão. Recurso
parcialmente provido. (TRT1 – 5ª Turma – Rel. Roberto Norris – 0100381-75.2017.5.01.0225
– 10/5/2018.)
3.4.11.1 Juros
99. Juros de mora. Fazenda Pública. Responsabilidade subsidiária. Taxa de 0,5% ao mês.
Impossibilidade. Tratando-se de responsabilidade subsidiária do 2º Réu, na condição de tomador
de serviços, a contagem dos juros de mora é orientada pelo art. 39, § 1º da Lei nº 8.177/1991, e não
pelo art. 1º-f da Lei nº 9.494/1997, inaplicável ao caso, consoante a Orientação Jurisprudencial nº
382 da SBDI-1 do c. TST e a Súmula nº 24 deste eg. TRT Agravo de Petição do Executado, Município
de Nova Iguaçu em face da decisão de procedência parcial dos Embargos à Execução, de fls. 194/194
v, do Dr. Francisco Antonio de Abreu Magalhães, Juiz Titular da 2ª Vara do Trabalho de Nova Iguaçu,
no tocante aos juros reduzidos, de 0,5% ao mês. Agravo de Petição do Município de Nova Iguaçu,
de fls. 205/208, recorrendo dos juros de mora de 1% ao mês, pretendendo a redução para 0,5% ao
mês, nos termos do art. 1º-f da Lei nº 9.494/1997. O Exequente, regularmente intimado (fl. 212),
não apresenta contraminuta. Voto Conhecimento Recurso conhecido por preencher os requisitos
legais de admissibilidade. Mérito dos juros em face da Fazenda Pública. (TRT1 – 7ª Turma – Rel.
Theocrito Borges dos Santos Filho – 0047800-73.2009.5.01.0222 – 24/1/2018.)
3.5 ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E AUXILIARES DA JUSTIÇA
3.5.1 Do Juiz
3.5.1.1 Suspeição
103. Litigância de má-fé. A litigância de má-fé, prevista nos art.s 80 e 81 do Código de Processo
Civil, exige, antes de mais nada, a evidência do dolo processual, da intenção indisfarçável de se
utilizar dos mecanismos processuais para causar dano injusto à ex adversa, o que não vislumbra
no caso presente, haja vista que o autor limitou-se a defender, pelos meios legais existentes,
o direito que entendia cabível. (TRT1 – 4ª Turma – Rel. Cesar Marques Carvalho – 0100711-
11.2016.5.01.0483 – 19/5/2018.)
104. Multa por litigância de má-fé. Juros de mora. Incidência. Possibilidade. Por não se tratar de
obrigação pretérita ao ajuizamento da ação, não se mostra pertinente a incidência de juros na
multa por litigância de má-fé, a partir do ajuizamento da ação, na forma do art. 39, § 1º, da Lei
nº 8.177/1991. Assim, mostra-se razoável a incidência de juros a partir do trânsito em julgado da
decisão exequenda, quando efetivamente devido o valor da multa, podendo-se, então, falar de
mora no cumprimento da obrigação. (TRT1 – 6ª Turma – Rel. Paulo Marcelo de Miranda Serrano –
0098800-87.2001.5.01.0030 – 16/3/2018.)
3.8 PROCESSO E PROCEDIMENTO
105. Mandado de segurança. Leilão de bem de família. Efeito suspensivo ao agravo de petição.
Perda de objeto. Decai o interesse na prolação da decisão mandamental de mérito quando
comprovado o julgamento do agravo de petição ao qual se pretendia conferir efeito suspensivo.
Disso resulta a extinção do processo sem apreciação de mérito na forma do art. 485, VI, in fine
CPC. (TRT1 – SEDI – Rel. Claudia de Souza Gomes Freire – 0101238-20.2017.5.01.0000 – 3/5/2018.)
3.8.1 Provas
106. Hora extra. Controle de ponto. Confissão. O Reclamante considerou idôneos os controles
colacionados pela Reclamada, seja o controle eletrônico seja o manual. Sentença que se mantém.
(TRT1 – 8ª Turma – Rel. José Antonio Teixeira da Silva – 0100948-09.2016.5.01.0204 – 14/3/2018.)
107. Horas extraordinárias. Empresa com menos de dez empregados. Ônus da prova do empregado.
O empregador que possui menos de dez empregados não está obrigado a manter controle de
jornada, conforme autoriza o art. 74, § 2º, da CLT. Desse modo, compete ao reclamante o ônus da
prova da jornada por ele alegada. Não produzindo essa prova, o pleito é improcedente. (TRT1 – 5ª
Turma – Rel. Marcelo Augusto Souto de Oliveira – 0100942-18.2017.5.01.0058 – 6/4/2018.)
108. Jornada de trabalho. Controle de ponto apócrifo. Para se atribuir força probante aos registros
de ponto, é mister que eles contenham não só os registros de entrada e saída do trabalhador,
anotados por ele próprio, assim como, em sendo mecânico ou eletrônico, a assinatura do
trabalhador para autenticá-los. (TRT1 – 7ª Turma – Rel. José Luís Campos Xavier – 0100972-
26.2016.5.01.0046 – 6/3/2018.)
3.8.1.1 Depoimento Pessoal / Testemunha
109. Afastando-se, por não ser “digno de confiança”, o depoimento da única testemunha indicada
pela reclamante, daí resulta não ter a trabalhadora produzido qualquer prova de suas alegações ou
seja, prova para os horários de trabalho que justificariam acolher os seus pedidos a horas extras e
ao adicional noturno. (TRT1 – 8ª Turma – Rel. Roque Lucarelli Dattoli – 0000479-07.2011.5.01.0017
– 18/6/2018.)
110. As testemunhas prestam declarações em conformidade com as alegações de ambas as
partes, em relação às horas extras, adicional noturno e intervalo intrajornada, estando a prova
dividida. Assim, na forma do art. 373, II, do CPC, o respectivo ônus pertence ao Réu, e não tendo se
desincumbido, deve ser reformada a sentença para condená-lo nas referidas parcelas. (TRT1 – 7ª
Turma – Rel. Theocrito Borges dos Santos Filho – 0101063-73.2017.5.01.0049 – 9/5/2018.)
111. Cerceio de defesa. Indeferimento de prova oral. Não configurado. O indeferimento da produção
da prova oral não configura, de per si, cerceamento de defesa, quando os fatos controvertidos
estão suficientemente esclarecidos por outro meio de prova, ainda que seja proferido julgamento
desfavorável à parte que alegar o cerceio. O indeferimento da oitiva da testemunha situa-se nos
limites da liberdade conferida ao juiz na condução da instrução processual. Logo, não há confundir
o error in judicando, em que o julgamento é proferido em desalinho com a prova produzida, com o
error in procedendo, tipificado no indeferimento da prova necessária ao deslinde da controvérsia.
Rejeitada. Horas extras. Trabalho externo passível de controle da jornada. A excludente do art.
62, I, da CLT é inaplicável a empregado que, embora preste serviço externamente, permitia ao
empregador, pelo sistema de monitoramento do caminhão e pelo Plano de Viagem, conhecer
a jornada de trabalho e, portanto, proceder ao registro do horário cumprido pelo obreiro. À
execução de trabalho externo há de somar-se a impossibilidade material do controle da jornada
pelo empregador, o que não é a hipótese dos autos. Assim, devidas as horas extras e seus reflexos,
inclusive as horas relativas aos domingos, feriados, intervalo intrajornada e o adicional noturno.
Parcialmente provido. Diárias de viagens. Havendo previsão em CCT de pagamento de valores
específicos a título de diárias, faz jus o autor aos valores estabelecidos na referida norma coletiva.
Provido. Comissões. Não tendo o autor obtido êxito em comprovar, através das provas testemunhal
e documental, a existência de pagamento por fora das comissões, não há falar em reconhecimento
destas, bem como sua integração às verbas salariais e resilitórias. Não provido. Desconto indevido.
Inépcia. Não há falar em inépcia quanto à pretensão de devolução de desconto indevido, pois
a inicial apresenta causa de pedir a esse respeito e sua redação não inviabilizou a defesa, que
impugnou o pedido, sendo os limites objetivos da lide estabelecidos sem margem para dúvidas.
Sentença que se reforma para afastar a declaração de inépcia, quanto ao referido pedido. Desconto
indevido. Não há falar em devolução do valor descontado a título de aviso prévio, pois o autor, ao
pedir demissão, informou que não cumpriria o aviso. Quanto ao desconto a título de adiantamento,
há que se determinar a devolução do desconto efetuado, porquanto a ré não comprovou que teria
realizado qualquer adiantamento salarial ao obreiro. Provido parcialmente. (TRT1 – 1ª Turma –
Rel. Mário Sérgio Medeiros Pinheiro – 0000855-82.2011.5.01.0343 – 16/1/2018.)
3.8.2 Revelia
112. Revelia. Atestado médico. Consoante o enunciado da Súmula nº 122, do c. TST, o atestado
médico necessário à elisão dos efeitos da pena de revelia deve evidenciar a impossibilidade de
locomoção do réu, ou mesmo de acometimento de mal súbito, apto a justificar o descumprimento
do dever processual de comparecimento à audiência, como ocorreu, no caso em tela. Recurso a
que se dá provimento para, reconhecendo a nulidade do R. Julgado, determinar o retorno dos
autos à Vara de origem, a fim de que seja reaberta a instrução com o devido prosseguimento
do feito. (TRT1 – 1ª Turma – Rel. Ana Maria Soares de Moraes – 0001265-43.2011.5.01.0343
– 12/7/2018.)
113. Trabalhador. Não comparecimento em audiência. Confissão. O não comparecimento da parte
na audiência em que deveria prestar depoimento pessoal atrai a aplicação da pena de confissão.
(TRT1 – 6ª Turma – Rel. Cláudia Regina Vianna Marques Barrozo – 0010766-94.2015.5.01.0047
– 25/5/2018.)
3.9 RECURSO
114. Aplicação da OJ nº 120 da SDI-I do c. TST. Estando a petição que encaminhou o recurso
ordinário interposto via e-DOC, devidamente assinada pelo mesmo causídico que assinou
eletronicamente o referido recurso, incide o disposto no item II, da Orientação Jurisprudencial
nº 120 da e. SDI-1 do c. Tribunal Superior do Trabalho. (TRT1 – 9ª Turma – Rel. José da Fonseca
Martins Junior – 0000003-95.2018.5.01.0025 – 8/8/2018.)
3.9.2 Tempestividade
115. Intempestividade. Não interrupção do prazo recursal por pedido de reconsideração. Uma
vez que o pedido de reconsideração não interrompe o prazo recursal, intempestivo o recurso
interposto apenas após manifestação no sentido de não reconsiderar a decisão impugnada.
Relatora: Giselle Bondim Lopes Ribeiro (TRT1 – 7ª Turma – Rel. Giselle Bondim Lopes Ribeiro –
0001151-25.2010.5.01.0025 – 7/8/2018.)
116. Intempestividade. O não observou o prazo recursal de oito dias para apresentar o agravo de
petição da decisão que improcedentes seus embargos à execução. A, tendo em vista que segundo
réu ciência da decisão de fl. em 11/2017,e o presente recurso somente foi interposto em 06/2018,
não houve a observância do prazo de oito dias. (TRT1 – 4ª Turma – Rel. Alvaro Luiz Carvalho
Moreira – 0058600-33.2008.5.01.0017 – 1º/8/2018.)
ÍNDICE DE ASSUNTOS
(Ementas disponibilizadas de acordo com a Tabela de Assuntos Processuais da Justiça
do Trabalho)
1 DIREITO DO TRABALHO..............................................................................251
1.1 APOSENTADORIA E PENSÃO......................................................................... 251
1.1.1 Complementação de Aposentadoria / Pensão................................................ 251
1.2 CATEGORIA PROFISSIONAL ESPECIAL......................................................... 251
1.2.1 Bancários......................................................................................................... 251
1.2.2 Professores...................................................................................................... 252
1.2.3 Técnico em Radiologia..................................................................................... 252
1.2.4 Trabalhadores em Petróleo............................................................................. 252
1.3 FÉRIAS............................................................................................................ 253
1.4 OUTRAS RELAÇÕES DE TRABALHO.............................................................. 253
1.4.1 Honorários Profissionais................................................................................. 253
1.5 PRESCRIÇÃO................................................................................................... 253
1.6 REMUNERAÇÃO, VERBAS INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS.......................253
1.6.1 Adicional......................................................................................................... 255
1.6.1.1 Adicional de Periculosidade............................................................................. 255
1.6.2 Ajuda / Tíquete Alimentação.......................................................................... 255
1.6.3 Comissão......................................................................................................... 255
1.6.4 Descontos Salariais – Devolução..................................................................... 255
1.6.5 Plano de Saúde................................................................................................ 256
1.6.6 Salário / Diferença Salarial.............................................................................. 256
1.6.6.1 Salário por Acúmulo de Cargo / Função.......................................................... 256
1.6.6.2 Salário por Equiparação / Isonomia................................................................ 256
1.6.6.3 Salário por Fora – Integração.......................................................................... 258
1.6.7 Supressão / Redução de Horas Extras Habituais – Indenização......................258
1.7 RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.................................................... 259
1.7.1 Justa Causa / Falta Grave................................................................................. 259
1.7.2 Reintegração / Readmissão ou Indenização.................................................... 260
1.7.2.1 Gestante.......................................................................................................... 260
1.7.2.2 Membro de Cipa.............................................................................................. 260
1.7.3 Rescisão Indireta............................................................................................. 260
1.7.4 Verbas Rescisórias........................................................................................... 260
1.7.4.1 Multa do Art. 477 da CLT................................................................................. 260
1.8 RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR............................................ 261
1.8.1 Indenização por Dano Material....................................................................... 261
1.8.1.1 Acidente de Trabalho...................................................................................... 261
1.8.2 Indenização por Dano Moral........................................................................... 262
1.8.2.1 Assédio Moral................................................................................................. 262
1.9 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA / SUBSIDIÁRIA......................................... 263
ÍNDICE ONOMÁSTICO
(As indicações correspondem ao número da ementa – páginas 251 a 273)
NORRIS, Roberto, 5, 98
OLIVEIRA, Dalva Amélia de, 2, 101
OLIVEIRA, Marcelo Augusto Souto de, 18, 107
PACHECO, Leonardo da Silveira, 26, 60
PARANHOS, Maria das Graças Cabral Viegas, 65, 81
PINHEIRO, Mário Sérgio Medeiros, 20, 111
PITON, José Antonio, 76, 96
PUGLIA, Mônica Batista Vieira, 28, 91
RAMOS, Jorge Orlando Sereno, 4, 10
RIBEIRO, Giselle Bondim Lopes, 59, 115
RODRIGUES, Antônio Carlos de Azevedo, 30, 95
SANTOS FILHO, Theocrito Borges dos, 99, 110
SANTOS, Enoque Ribeiro dos, 34, 54
SERRANO, Paulo Marcelo de Miranda, 62, 104
SILVA, Fernando Antonio Zorzenon da, 40, 100
SILVA, Flávio Ernesto Rodrigues, 48, 75
SILVA, José Antonio Teixeira da, 16, 106
SILVA, Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da, 36, 71
TOURINHO, Edith Maria Corrêa, 11, 85
TRAVESEDO, Rosana Salim Villela, 50, 63
XAVIER, José Luís Campos, 44, 108
ZAMORANO, Angelo Galvão, 53, 55
ÍNDICE REMISSIVO
(As indicações correspondem ao número da ementa – páginas 251 a 273)
A Auxílio-doença, 17, 43, 53
Abandono do emprego, 44 Aviso prévio, 46, 111
Ação Direta de Constitucionalidade,
B
71
Bancário, 3, 4, 5, 6, 7
Acidente de trabalho, 17, 43, 52, 53,
Caixa Econômica Federal, 5
54,
Bem
Acúmulo de função, 32
--de família, 82, 105
Adicional
--imóvel, 91
--de horas extras, 3, 4, 9, 19, 20, 21,
24, 33, 34, 38, 73, 107, 110, 111 C
--de insalubridade, 25 Cálculo
--de periculosidade, 26, 66 --(em geral), 4, 10, 20, 97
--noturno, 20, 110, 111 --de liquidação, 98
Administração Pública, 69, 70, 71, 72 Cargo
Advogado, 24, 33, 39, 51 --(em geral), 5, 10
Agente, 29 --de confiança, 3, 18, 33
Agravo de petição, 31, 84, 86, 87, 88, --em comissão, 38
92, 93, 97, 99, 105, 116 --público, 37
Alienação de bens, 91 Consulte também Função, 18, 33, 35,
Alvará, 95 36, 37, 38, 66, 68
Aposentadoria Causa de pedir (causa petendi), 33,
--complementação de, 1, 2 111
--proventos de, 85 Cerceamento de defesa, 74, 111
Assédio moral, 59 Certidão, 61, 90, 101
Assistência Citação, 76
--por advogado, 33 Coação, 41
--sindical, 39 Código
--social, 88 --(em geral), 30, 53
Associação filantrópica, 88 --Civil (CC), 17, 61, 71
Atestado médico, 112 --de Processo Civil, 16, 39, 57, 75,
Atividade externa, 21, 24, 33, 111 78, 84, 85, 92, 93, 94, 101, 103, 105
Ato atentatório à dignidade da Justiça, Coisa julgada, 20, 79, 97
91 Comércio, 39
Audiência, 51, 74, 112, 113 Comissão, 28
Ausência de prova, 67 Companhia Brasileira de Trens
Autoridade, 25 Urbanos, 65
Prova --jurídica, 75
--(em geral), 18, 21, 23, 27, 33, 34, Remuneração, 10
38, 43, 44, 53, 54, 56, 66, 58, 68, Repouso
82, 109, 110 --(em geral), 12
--ausência da, 67 --semanal, 20, 39
--inequívoca, 71 --intervalo de, 40
--ônus da, 35, 36, 39, 69, 107 Rescisão
--oral, 23, 33, 111 --de contrato, 49
--robusta, 100 --indireta, 48
Provento de aposentadoria, 85 Responsabilidade
--objetiva, 52
Q
--solidária, 61, 62, 63, 64
Quitação, 27, 51, 96
--subsidiária, 60, 67, 70, 71, 72, 99
R Revelia, 112
Reajuste, 1, 2 Revezamento, 25, 39
Reconhecimento Risco, 52, 54
--(em geral), 37, 43, 111
S
--da estabilidade, 17
Salário
--de vínculo empregatício, 8, 56
--(em geral), 10, 20, 30, 36, 51, 73,
Reconsideração, 115
83
Recuperação judicial, 80
--hora, 6
Recurso
--mínimo, 51
--(em geral), 5, 7, 9, 17, 20, 21, 27,
--pagamento de, 39, 46
32, 34, 36, 44, 46, 56, 62, 94, 98,
Seção Especializada em Dissídios
99, 112, 115, 116
Individuais (Sedi), 83, 105
--de revista, 93
Seguro, 78
--extraordinário, 71
Sindicato da categoria profissional, 51
--ordinário, 15, 33, 38, 51, 70, 114
Sistema
Redução
--(em geral), 43, 111
--de intervalo, 40
--de compensação, 12
--de juros, 99
Sócio
Reforma de sentença, 98
--(em geral), 83, 90, 91, 92
Reformatio in pejus, 58
--em comum, 64
Registro
Solidariedade, 61, 62, 63
--(em geral), 38, 43
Subordinação, 8
--de ponto, 108, 111
Sucessão, 65
Reintegração, 17, 65
Sucumbência, 15, 39, 51
Relação
Súmula, 23, 24, 25, 29, 33, 34, 35, 38,
--de emprego, 16, 39, 42, 62
39, 47, 51, 65, 69, 72, 88, 99, 112
--de trabalho, 8
Suspeição, 100 --(em geral), 11, 12, 22, 23, 24, 25,
Suspensão 26, 32, 33, 38, 39, 42, 59, 70, 73, 78,
--de execução, 80 109
--de processo, 38, 75 --acidente de, 17, 43, 52, 53, 54
--condições de, 54
T
--contrato de, 16, 24, 45, 48, 51
Tarefa, 32, 34, 35, 52
--em escala, 39
Taxa
--externo, 21, 33, 111
--(em geral), 28, 99
--jornada de, 12, 22, 25, 33, 38, 108,
--Selic, 33
111
Técnico em radiologia, 9
--relação de, 8
Tempestividade, 50, 55, 115, 116
Transporte público, 22, 23
Tempo
Turno ininterrupto de revezamento,
--(em geral), 22
25
--de serviço, 73
Tutela, 74
Temporário, 77
Tempus regit actum, 39 U
Terceirização, 5, 68, 69, 70, 72 Uniformização de jurisprudência, 40
Terceiro, 7, 91
V
Testemunha, 19, 39, 109, 110, 111
Vale
Título, 1, 85, 98, 111
--alimentação, 27
Tomador
--transporte, 98
--(em geral), 8
Verba
--de serviços, 67, 68, 69
--(em geral), 55, 69, 70, 85, 96
Trabalhador
honorária, 33, 39
--(em geral), 8, 21, 35, 37, 59, 68,
--rescisória, 42, 49, 50, 51, 57, 58
70, 73, 108, 109, 113
--salarial, 111
--em petróleo, 12
Vício de nulidade, 74
--urbano, 39
Vigência do contrato de trabalho, 45
Trabalho
Vínculo empregatício, 8, 56, 73