Calligaris de Fichamento - 2

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE NASSAU

NÚCLEO DE HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA
ESTÁGIO II SUPERVISIONADO- PSICANÁLISE

Aluno: Soraia Raquel P. C. de Carvalho


Matricula- 01221876

FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO

CONTARDO CALLIGARIS Cartas a um jovem terapeuta: O que é importante


para ter sucesso profissional - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

Cap.1- Vocação profissional- No primeiro capítulo Calligaris fala sobre a


vocação profissional, e o requisitos para ser um bom terapeuta. Defende a ideia
de que algumas características e traços de caráter são indispensáveis para
atuação psicoterápica, e aborda a importância de trabalharmos no sentido de
produzir autonomia no paciente, onde menciona que “nenhuma psicoterapia…,
deveria almejar a dependência do paciente”, caso contrário estaríamos
substituindo a doença por um vício. Quanto maior liberdade e independência o
paciente experimenta, maior é o indício de que a terapia segue no caminho
correto. Isso contribui também para que o terapeuta avalie seu caráter, pois se
deseja amor e admiração deve procurar outra profissão que ofereça esse
status.
Cap.2- Quatro bilhetes- São eles: 1)... “Pois é, eu escolheria um analista em
que tivesse confiança. As razões dessa confiança seriam provavelmente
imponderáveis e, eventualmente, irrisórias”...”um gosto pronunciado pela
palavra e um carinho espontâneo pelas pessoas, por diferentes que sejam de
você”;2) “uma extrema curiosidade pela variedade da experiência humana com
o mínimo possível de preconceito”. Isso requer um total abandono de nossas
crenças e modelos preestabelecidos, para que possamos estar abertos ao
mundo interno de quem está diante de nós.3) “… uma certa quilometragem
rodada”. Neste caso, não basta a experiência de vida, mas também que o
terapeuta perceba que as questões apresentadas pelos pacientes, em algum
momento também podem ter permeado a sua vida. É importante que o futuro
terapeuta já tenha tratado suas questões na sua terapia pessoal e possa
facilitar o processo quando esbarrar com questões parecidas em seu
consultório, mas acima de tudo, que se permita ter liberdade de ser quem
verdadeiramente é e que saiba lidar com suas escolhas e desejos.4) “…como
se espera que aja o terapeuta ou analista na hora em que for preciso empurrar
o paciente para frente? A escolha da direção ou do caminho não deve ser
decidida por uma norma, nem mesmo por uma sabedoria. Espera-se que o
terapeuta ou analista empurre o paciente na direção de seu desejo. Aliás, é por
isso que uma terapia leva tempo, porque, antes de empurrar, é preciso que
esse desejo consiga se manifestar Um pouco.
Um indivíduo sensível, que pode entrar em contato com a dor do outro e se
aproximar com mais empatia.

Cap.3- O primeiro paciente- Nesse sentido, Calligaris fala sobre a angústia do


primeiro atendimento e destaca a importância do fator humano no contexto
profissional, onde o que conta também são as experiências de vida do
terapeuta, suas curiosidades filosóficas, existenciais e sociais que vão além do
setting terapêutico. As razões que fazem com que um paciente nos escolha
como terapeuta podem ser mais complexas do que imaginamos, porém,
devemos nos ocupar inicialmente em ouvir, estabelecer o vínculo terapêutico, a
confiança, ser nós mesmos sempre, usando a teoria como pano de fundo e o
encontro como tela principal, nos colocando diante do paciente com o mesmo
espírito, energia e vontade que os iniciantes possuem.

Cap.4- Amores terapêuticos- Os afetos do paciente para o terapeuta e


também do terapeuta para o paciente facilitam o processo terapêutico. Pode
ocorrer do paciente se apaixonar por este terapeuta, a essa paixão foi dada o
nome de “amor de transferência”, este é mola de cura, ele permite que a cura
continue e também que o paciente viva ou reviva afetos que foram relevantes em
sua vida, e nisso se tem a possibilidade de modificar os rumos e desfechos dos
padrões afetivos que assolam o paciente. Porém esse amor deve ser trabalhado
e a relação não deve se estender para fora dos limites do consultório, porque
este amor é um equívoco, o paciente idealiza seu terapeuta, crente que este
pode lhe entender, amar e fazer feliz. Se os dois ficarem juntos mais cedo ou
mais tarde virá uma grande decepção e possivelmente uma catástrofe
emocional. O paciente não consegue a ajuda que necessita, uma porque espera
que com o outro terapeuta obtenha uma nova relação amorosa ou porque não é
mais capaz de confiar nos terapeutas.

Cap.5- A Formação - Sobre a formação do futuro terapeuta menciona que o


essencial na constituição do terapeuta ocorre fora do universo acadêmico. A
análise pessoal faz parte desta formação, que envolve a descoberta e o
entendimento das dores e das angústias que circundam também o psiquismo
do terapeuta. A dedicação e os estudos de um terapeuta em formação também
devem ir além dos estudos universitários que buscam apenas dar conta daquilo
que foi ensinado. Por isso é importante que o futuro terapeuta pesquise e
escolha a abordagem que mais se identifica e que possa também ter algum
conhecimento dos instrumentos diagnósticos, dos princípios ativos dos
remédios psicotrópicos e possa ter passado pela experiência de trabalhar com
psicóticos e dependentes de álcool e outras drogas. Além destes. É importante
que o futuro terapeuta não se limite a estudar uma única técnica e que perceba
que sua orientação não é uma ideologia e ele não é um reprodutor de
doutrinas. É no contato com as diferenças que podemos aprender, crescer e
nos reavaliar. É estudando sobre diversas abordagens que podemos conhecer
as contribuições e contradições de cada uma.
Cap.6- Curar ou não curar- E como lidar com a pressa em relação a cura no
processo terapêutico? Será que a queixa que o paciente apresenta contém a
essência daquilo que provoca mal-estar nele? Será que a demanda que ele traz
indica, de fato, o caminho que devemos seguir? O autor pede calma, paciência
para que possamos penetrar a camada superficial e seguir em direção ao
núcleo. “Uma psicoterapia é uma experiência que transforma…”; Na saída, não
somos os mesmos sem dor; somos outros, diferentes”. Toda transformação
requer tempo. Não podemos ter pressa e precisamos ter o entendimento de
que aliviar os sintomas pode não ser o melhor caminho, pois podemos perder o
fio que liga a causa àquilo que emerge. Afinal, é assim que agem os
psicotrópicos, promovem “bem-estar”, mas não atingem a questão que causou
o desconforto.
Cap.7- O que fazer para ter mais pacientes?- Trata de uma das questões
mais importantes para quem quer viver do ofício de psicoterapeuta. Como
captar mais pacientes? E a resposta parece simples: “faça-se conhecer”.
Porém, os mais conhecidos nem sempre são os mais eficazes. Produzir ou
reproduzir material em cima de uma teoria não é o mesmo que apresentar
casos em que houve sucesso terapêutico. E é nesse sentido que o autor nos
leva a compreender que, mais importante que alimentar nossos egos e estar
em evidência nos meios acadêmicos é desenvolver um trabalho que tenha
utilidade social, é se comprometer em compreender e aplacar a dor do
paciente, fazendo com que ele experimente cada vez mais liberdade e
autonomia.

Cap.8- Questões práticas- sobre as questões práticas que envolvem a


psicoterapia. Inicia falando sobre as regras e cita a associação livre como a
primeira delas, porém, é coerente ao falar que esta regra serve para autorizar o
paciente a falar abertamente, não para obriga-lo a dizer o que você quer ouvir.
As duas regras seguintes tratam de observações que eram passadas pelo
próprio Freud. Durante a terapia, o paciente deve evitar tomar decisões cruciais
e irreversíveis, pois o tratamento mobiliza fortes emoções. É aconselhável
também que o paciente não fale sobre sua terapia com amigos e familiares,
pois estes podem “sabotar” a terapia com medo de que o tratamento modifique
as relações existentes. Sobre o setting terapêutico e a utilização ou não do
divã, o autor dá quatro conselhos: 1°) “aja de maneira que sua escolha não seja
forçada”. 2º) “Uma análise acontece pelas palavras trocadas e pelas relações
que elas organizam, não pelas disposições dos traseiros dos
interessados”. 3º) “lembre-se de que nem o paciente nem o terapeuta estão
presos no divã ou na poltrona por parafuso algum. Um paciente deitado há
tempo pode decidir um dia que há algo errado que ele quer dizer olho no
olho”. 4º) manter um setting rígido, sempre da mesma maneira, pode se tornar
uma condição do tipo: “se esta paciente não deitar no divã, não haverá análise
possível”. Nesse caso será necessário se questionar sobre a funcionalidade do
que está sendo adotado.

Cap.9- Conflitos inúteis- O autor trata da desnecessária disputa entre


psicoterapia e farmacologia. Calligaris nos dá como exemplo um paciente
deprimido que, uma vez medicado, pode voltar a ter condições de participar
ativamente de sua psicoterapia. Para isso é importante que o terapeuta
perceba que seu paciente dificilmente poderia dar continuidade à uma terapia
se não fosse motivado pela correção química nos níveis de serotonina em seu
organismo. O remédio, neste caso, serve como fonte de energia para que o
paciente possa iniciar a investigação das causas de sua depressão no
processo terapêutico. Aos poucos a medicação deverá ser retirada, para que o
paciente possa entrar em contato com a sua dor e elabora-la a partir de suas
lembranças e respectiva carga emocional. O remédio pode ser útil, mas
acreditar que somente o psicofármaco ou o conhecimento neurocientífico
poderá resolver, é uma ingenuidade.

Cap.10- Infância e atualidade, causa interna e causa externa- trata da


questão de insistirmos na evocação do passado do paciente e toca num ponto
fundamental para o nosso entendimento: um evento, ocorrido na infância, nos
marca somente na sua repetição, quando é vivido mais de uma vez durante a
vida, ou seja, revivido. É somente na repetição de um evento que poderemos
experimentar uma angústia desamparada ou iniciar uma tentativa de evitar o
desprazer causado pelo primeiro evento. Sendo assim, conhecermos o
passado do paciente nos ajudará a entender como se formou determinado
trauma, como o paciente se relaciona com esse trauma no presente e como
poderemos encontrar um novo sentido para o que aconteceu.
Cap.11- Que mais?-Calligaris finaliza abordando novamente a questão da
identificação com o terapeuta através da idealização que, de alguma forma,
sempre ocorre. E se temos uma responsabilidade devido essa idealização, ela
é a de ser o mais livre possível, o mais próximo de nosso desejo que
conseguirmos, para que o paciente possa ter, nesse ideal criado por ele
mesmo, uma fonte de inspiração que o tornará livre para viver o seu próprio
desejo. Lembrando que não existe uma fórmula de normalidade, o que existe é
uma maneira de ser que pode exprimir liberdade, autonomia, coragem,
intensidade, sinceridade e entrega nas relações. A vida nos traz sabores e
dessabores, altos e baixos, mas o importante é viver a experiência, sentir as
emoções e encarar o que vier. Uma última dica: “seja humilde”. Respeite os
limites dos seus pacientes. “Haverá os que se irritam porque você não os
abraça, e os que não aguentam ser tocados”. A mudança vem com o tempo.
“Avance desarmado”.

“A psicoterapia é uma experiência que transforma; pode-se sair dela


sem o sofrimento do qual se queixávamos inicialmente, mas ao custo de uma
mudança. Na saída não somos os mesmos sem dor; somos outros, diferentes”
(CALLIGARIS, 2004, p.34).

RECIFE
2021

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