Tema 1 - O Processo de Comunicação - A Linguagem Oral

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 7

O processo de comunicação:

a linguagem oral
Cris Oliveira

Introdução
A humanidade aprendeu a falar há mais de 100 mil anos e, graças a esta habilidade,
somos capazes de estabelecer comunicação, transmitindo mensagens por diferentes canais.
Neste contexto, precisamos entender que este processo, especialmente a comunicação
oral, cujo propósito de interação é imediato, possui estratégias que possibilitam usufruirmos da
maior habilidade que nos foi legada: a linguagem (NICOLA, 2014, p. 117).

Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta aula, você deverá reconhecer:

•• a importância do domínio da oralidade; e


•• criar estratégias de comunicação oral.

1 O processo de comunicação
“Quem não se comunica se trumbica”. Certamente, você já ouviu esta frase eternizada
pelo grande apresentador José Abelardo Barbosa de Medeiros, mais conhecido como
Chacrinha. Abe-lardo Barbosa, como um bom comunicador de rádio e tevê, tinha a noção real
da importância da comunicação para a vida.
A palavra comunicação é oriunda do latim communicare, que tinha um caráter semântico
de partilhar um conhecimento. Porém, de acordo com o dicionário da Academia Brasileira de
Letras (ABL, 2008), a palavra comunicação tem sentido mais amplo, sendo o ato de transmitir e
receber mensagens e a capacidade de dialogar a partir de um entendimento recíproco.

SAIBA MAIS!
A obra Curso de Linguística Geral, de Ferdinand Saussure, que explora a
relação do significante e do significado dos signos, no caso específico da
palavra, elucida e auxilia no entendimento do processo comunicativo humano.

Desta forma, podemos dizer que a comunicação é interação social, cultural, ideológica e
psi-cológica, e que envolve compartilhamento de mensagens, independentemente de seu
conteúdo (AZEREDO, 2008, p. 53).
Figura 1 - Compartilhamento de informações
Fonte: Deepadesigns/Shutterstock.com

Agora que entendemos o que é comunicação, conheceremos, no item a seguir, os


elementos que compõem o seu processo.

1.1 Elementos que compõe o processo da comunicação

O processo de comunicação humana é amplo. Saber quais são as suas principais


caracterís-ticas é importante, uma vez que quem não se comunica com eficiência pode
enfrentar dificuldades nas suas relações sociais e no mercado de trabalho.

FIQUE ATENTO!

Ao distinguir a oralidade da escrita, verificaremos a importância da oralidade na


comunicação.

Assim, é fundamental conhecermos como se estabelece o ato comunicativo, quando na


fala e/ou na escrita. De acordo com Nicola (2014), os elementos abaixo são essenciais no ato
comunicativo:

•• emissor (ou falante): cria e codifica a mensagem. O emissor é quem manipula o código;
•• receptor (ou interlocutor): é o participante da comunicação, ou seja, quem recebe a
mensagem e/ou a quem se destina a mensagem;
•• mensagem: conteúdo que está sendo transmitido ou que se deseja transmitir. É a
parte mais importante do ato comunicativo;
•• canal: meio pelo qual a mensagem é transmitida;
•• código: sistema no qual a mensagem será transmitida;
•• referente: tema que se transmite na mensagem.
Dentre estes recursos há, ainda, o contexto situacional, ou seja, o ambiente externo aos
par-ticipantes do ato comunicativo, no qual se desenvolve o processo e a intenção do falante,
que é o que se deseja, de fato, com a mensagem transmitida (NICOLA, 2014).

EXEMPLO
Quando um professor opta por dar uma aula expositiva para crianças de 5 anos
com linguagem erudita, não há uma adequação da comunicação oral ao
contexto situacional. Veja que, no mínimo, a situação comunicativa não se
estabelecerá, já que os receptores da mensagem não estão preparados para
receber informações numa linguagem própria para adultos.

Figura 2 – O ato comunicativo


Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock.com

Vimos que os elementos que compõem o processo da comunicação são indispensáveis ao nosso
estudo, uma vez que sem eles não há o ato comunicativo. No item a seguir, trataremos da comunica-ção
por meio da linguagem oral, compreendendo que ela está diretamente ligada a estes elementos.

1.2 O processo de comunicação por meio da linguagem oral

Conhecer os recursos da linguagem, em especial os que envolvem a linguagem oral, é


funda-mental para que a comunicação entre emissor e receptor seja eficaz e eficiente, e esteja
adequada ao contexto em que está inserida (NICOLA, 2014). Lembre-se que comunicar é
também ouvir o outro – respeitando o seu conhecimento prévio de entendimento para que a
mensagem suscite, ainda, a resposta esperada dentro do contexto situacional.
A linguagem é a capacidade do homem de articular significados coletivos e compartilhá-
los (TERRA, 1997). A linguagem se adequa à situação comunicativa e permite a socialização
das pes-soas, porque se não houver uma interação entre o falante e o receptor, não haverá
possibilidade de compreensão da mensagem, objetivo da comunicação.
Assim, podemos dizer que linguagem é uma forma de transmissão de conhecimento
(AZE-REDO, 2008), que pode ser tanto na forma verbal quanto não verbal.

FIQUE ATENTO!

A linguagem verbal é aquela que é falada ou escrita; e a linguagem não verbal é aquela
que acontece por meio de símbolos, sinais, tanto os visuais quanto os sonoros.

No ambiente escolar, de maneira geral, a ênfase é dada à escrita pois, tradicionalmente, não é
costume ressaltar a aprendizagem e aplicação da fala aos diferentes contextos, dado que a gramá-
tica normativa é, ainda, a variante de maior prestígio da língua. Porém há, neste sentido, um equí-
voco, visto que a primeira manifestação da linguagem é a fala e não a escrita (MARCUSCHI, 2001).
Assim, é fundamental reconhecer a importância da oralidade e, mais do que isso, dominar
os recursos que são intrínsecos a ela, para que a comunicação atinja os objetivos desejados
pelo emissor da mensagem.

FIQUE ATENTO!
A oralidade tem o mesmo valor de outras formas de comunicação (ou até mais)
nos fins comunicativos, já que ela é impactante, acontece de modo imediato e
rea-liza desde a comunicação informal até a formal.

Na comunicação oral existem recursos que não são passíveis de utilização na linguagem ver-
bal escrita. Não é possível, por exemplo, reproduzir com exatidão o sentimento, ou seja, o contexto
psicológico em que se desenvolve uma conversação. Quando a linguagem oral é utilizada como
meio de comunicação, ela tem um propósito bem definido: manter relações sociais.

Figura 3 – A comunicação oral


Fonte: Ollyy/Shutterstock.com
SAIBA MAIS!
Para saber mais sobre as diferenças entre a língua falada e a escrita, leia A Língua
de Eulália: Uma Novela Sociolinguística, de Marcos Bagno. A obra encontra-se
disponível para download, acesse:
<www.visionvox.com.br/biblioteca/m/Marcos_Bagno_a_Língua_de_Eulália.pdf>.

Deste modo, recorremos comumente às conversações na forma de expressão oral, uma


vez que é nesta manifestação que somos mais espontâneos e utilizamos expressões mais
rápidas e diretas. Além disso, as trocas de temas também costumam ser frequentes e nem
sempre ocasio-nam problemas de entendimento (na linguagem verbal escrita, certamente,
ocasionaria). Nesta modalidade, costumamos enunciar frases inacabadas, ou até mesmo
soltas. Porém, contamos com o apoio de expressões gestuais, de efeito, que complementam a
comunicação, permitindo um entendimento claro por parte do interlocutor.
Vimos, então, a importância da comunicação oral para a manutenção das nossas
relações sociais. A seguir, entenderemos que algumas estratégias devem ser adotadas para
que a comuni-cação oral se faça de modo eficaz.

1.3 Criando estratégias de comunicação oral


Já entendemos a importância de empregar, em cada contexto, a linguagem oral adequada.
Este conhecimento se aplica, por exemplo, em uma reunião de negócios, em que utilizamos uma
linguagem oral mais formal, e em uma conversação familiar, ou entre amigos, em que usamos uma
linguagem informal, que nos permite liberdade no uso de expressões (NICOLA, 2014).

EXEMPLO
Entrevistas para vaga de trabalho são consideradas situações formais. Logo, é
adequado usar linguagem leve, polida, clara e objetiva, permitindo ao
interlocutor conhecer a personalidade do falante e, assim, entender que ele sabe
adequar a sua linguagem ao contexto situacional.

Note que, na comunicação oral, o receptor recebe a mensagem ao mesmo tempo em que
o emissor a transmite. Isto faz com que ela seja efêmera, ou seja, não se conserva; mesmo
nos dias atuais, em que gravações com gadgets e/ou aplicativos permitem tamanha interação.
Figura 4 – Estratégias na comunicação oral
Fonte: Dean Drobot/Shutterstock.com

Porém, a mensagem oral, muitas vezes, precisa ser repetida para chegar no receptor. Neste
caso, ela requer estratégias para que as intencionalidades comunicativas sejam cumpridas. Cada
mensagem possui uma intenção, seja ela dar uma ordem, emitir um recado ou dar uma instrução.
De acordo com Moraes (2008), toda a prática comunicativa oral requer estratégias, a saber:

•• evitar interferências de sons externos;


•• evitar ruídos fisiológicos – uma simples dor de cabeça pode interferir na propaga-ção
da mensagem, já que gestos também interferem em como o receptor receberá a
mensagem;
•• evitar divagar ao longo da enunciação – refletir demais, pausar durante a
transmissão da mensagem;
•• evitar termos técnicos ou terminologias que o receptor desconhece.

Estas estratégias mostram que, além de compreender a oralidade, deve-se criar técnicas
de uso nas mais diferentes situações. Na linguagem oral, apesar de ser rápida e direta, há
repetições de frases e, por vezes, de ideias, por isso é preciso utilizar as ferramentas
necessárias para que ela se torne eficaz, com a mensagem entendida em sua plenitude.

Fechamento
Nesta aula, compreendemos o processo de comunicação, especialmente no que se refere
à linguagem oral. Além disso, reconhecemos a importância do falante ter o domínio da
oralidade durante os processos comunicativos. Vimos, também, que algumas estratégias
podem ser cria-das para que a comunicação oral aconteça de maneira eficaz, objetiva e clara.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:

•• aprender o que é comunicação e o que ela representa para o homem no contexto social;
•• distinguir comunicação e o ato comunicativo;
•• identificar os elementos que compõem o ato comunicativo;
•• compreender a diferença entre a oralidade e a escrita;
•• conhecer a importância da oralidade e entender a necessidade de se adequar ao ato
comunicativo;
•• reconhecer a importância do domínio da oralidade;
•• aprender a criar estratégias para a comunicação oral.

Referências
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS.Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. 2. ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 2008.

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008.

BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália: Uma Novela Sociolinguística. 15. ed. São Paulo: Editora
Contexto, 2001.
MORAES, Augusta Magalhães Carvalho. et al. Enciclopédia do Estudante: redação e comunica-
ção; técnicas de pesquisa, expressão oral, e escrita. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2008.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 4. ed. São Paulo:
Cortez, 2003.

NICOLA, José de. Gramática e texto. Volume único 1,2,3. 1. ed. São Paulo: Scipione, 2014.

NÓBREGA, Maria Helena da. Orientação bibliográfica para conhecer a atuação do profissional
de letras. Universidade de São Paulo, 2015. Disponível em: <fflch.usp.br/sites/fflch.usp.br/files/
Atua%C3%A7%C3%A3o%20Profissional%20em%20Letras.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2016.
SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. 28. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.

Você também pode gostar