Quimica Geral Inorganica
Quimica Geral Inorganica
Quimica Geral Inorganica
Engenharia Ambiental
Edilson Milaré
UAB-UFSCar
Universidade Federal de São Carlos
Rodovia Washington Luís, km 235
13565-905 - São Carlos, SP, Brasil
Telefax (16) 3351-8420
www.uab.ufscar.br
uab@ufscar.br
Edilson Milaré
2014
© 2013, Edilson Milaré
Concepção Pedagógica
Daniel Mill
Supervisão
Douglas Henrique Perez Pino
Revisão Linguística
Clarissa Galvão Bengtson
Daniel William Ferreira de Camargo
Kamilla Vinha Carlos
Paula Sayuri Yanagiwara
Rebeca Aparecida Mega
Diagramação
Izis Cavalcanti
Juan Toro
Vagner Serikawa
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer for-
ma e/ou quaisquer meios (eletrônicos ou mecânicos, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer
sistema de banco de dados sem permissão escrita do titular do direito autoral.
....... Sumário
Unidade 3: Estequiometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Do que é feita toda a matéria do universo? Que relação pode existir entre
a vida e um mundo microscópico formado por partículas que sequer podem ser
vistas? Entender o átomo é importante para começarmos a relacionar e buscar
justificativas para fatos observados no nosso cotidiano? Sim. É fato que enten-
der os átomos, ou melhor, o modelo atômico atualmente aceito, e a forma como
eles se unem, auxilia-nos no entendimento de diversos fenômenos observados
no dia a dia relacionados ao meio ambiente e à vida, sendo esta última de uma
forma puramente científica, uma série de reações químicas magnificamente
sincronizadas.
Afinal, como é visto o átomo hoje? Qual a teoria estrutural mais aceita e de
que forma ela se ajusta aos fenômenos observados na natureza?
Para ocupar a mesma região (orbital), a atração magnética tem que ser su-
ficientemente grande para suplantar a repulsão de duas cargas elétricas iguais.
Como uma partícula eletricamente carregada gera um campo magnético, é ne-
cessário que os dois elétrons girem, cada um em um sentido, sobre seu eixo,
gerando campos magnéticos diferentes. Ou seja, os dois elétrons só ocupam o
mesmo orbital se tiverem spins diferentes.
Quanto mais próximo o elétron estiver do núcleo, menor será sua energia e
mais difícil é retirá-lo do átomo para formar cátions, uma vez que, retirar elétrons, 13
significa fornecer-lhes uma quantidade de energia suficientemente grande para
permitir que saiam de sua posição na eletrosfera. Assim, de modo geral, sairá o
mais energético, mais fracamente atraído pelo núcleo, mais distante do núcleo.
14
O subnível s apresenta apenas um orbital. Pensando em região única, a me-
lhor forma de se distribuir um elétron, ou par de elétrons, em todas as direções, é
imaginar essa região como sendo esférica, pois essa é a forma do orbital s.
Friedrich Hund, em 1927, formulou a seguinte regra: “Os elétrons são dis-
tribuídos isoladamente e com o mesmo spin”. “Os elétrons são emparelhados
com spins contrários.” Ou seja, durante o preenchimento dos orbitais de um
mesmo nível energético deve-se colocar primeiramente um elétron em todos
eles, com o mesmo spin, antes de se proceder a lotação desses orbitais. Os
próximos elétrons a serem colocados deverão apresentar spins antiparalelos
em relação aos já presentes.
Figura 3 Orbitais p.
16
Figura 4 Orbitais d.
Figura 5 Orbitais s, p e d.
Observe agora os orbitais f. Montar uma figura que contenha todos os or-
bitais é extremamente difícil, mas isoladamente as formas desses sete orbitais
são as seguintes:
17
Figura 6 Orbitais f.
18
Vamos ver agora, por meio de exemplos, como fazer o preenchimento dos
orbitais atômicos. Primeiramente, vamos assumir ilustrativamente que cada or-
bital seja uma caixinha, assim teremos:
ferro (26 e-): 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 4s2, 3d6
Observações importantes:
• O ferro tem dois elétrons no último subnível (4s), mas seu último subní-
vel preenchido é o 3d. Caso perca esses dois elétrons, seu último nível
passará a ter 14 elétrons. Note, porém, que os subníveis 3s e 3p estão
completos. Caso o subnível d perca mais um elétron, ficará com cinco
elétrons e semipreenchido (cada orbital com 1 elétron). Esta é uma ex-
ceção à teoria do octeto, pois ele fica estável assim. Eis a razão de o
ferro poder existir como Fe2+ ou Fe3+, sendo este último o mais estável.
19
• O cloro tem cinco elétrons em seu último subnível, o 2p. Somando-se os
dois elétrons do orbital 2s, falta apenas um elétron para completar o oc-
teto. O cloro recebe este elétron faltante em ligações com outros átomos.
Alguns exemplos:
20
Figura 9 Distribuição dos grupos (vertical) e períodos (horizontal) da tabela periódica.
Quando um átomo de cloro recebe um elétron, ele libera 349 kJmol-1, por
outro lado, para receber um elétron, o sódio liberaria apenas 53 kJmol-1 e ainda
assim continuaria instável com dois elétrons no último nível.
Por que os átomos tendem a ceder ou receber elétrons? Todo átomo tende
a ficar com oito elétrons (regra do octeto) em sua camada mais externa (exceto
hidrogênio, lítio ou berílio, que buscam a estabilidade preenchendo o nível 1, que
só comporta dois elétrons). Isso ocorre porque, com o preenchimento dos orbi-
tais, os níveis energéticos mais estáveis, de menor energia, ficam preenchidos.
23
Em razão das propriedades estudadas acima, que se relacionam aos efei-
tos da atração núcleo-elétron, o raio atômico também é uma propriedade perió-
dica, vamos entender o por quê?
Estudos aprofundados podem ser realizados nos livros indicados nas re-
ferências ou em sites da internet. Utilize os mecanismos de busca, pesquise
vídeos e imagens para tentar entender melhor a forma dos orbitais atômicos.
Mas tome cuidado, a informação oferecida na internet nem sempre corresponde
à realidade.
25
Unidade 2
Ligações químicas
2.1 Primeiras palavras
Observe a tabela periódica. Você pode ver que os metais apresentam pou-
cos elétrons em suas camadas mais externas (as camadas de valência). Logo,
é interessante a eles perder esses elétrons, não sendo necessária uma energia
de ionização muito alta para remover os elétrons desses átomos. Por outro lado,
os ametais apresentam muitos elétrons e, à medida que removemos um elétron,
torna-se cada vez mais difícil remover o seguinte, devido à maior atração do nú-
cleo sobre os elétrons remanescentes. Logo, contrariamente aos metais, para
os ametais é energeticamente mais favorável receber elétrons do que liberá-los
a outros átomos para estabelecer o octeto de elétrons na camada de valência.
Assim, quando uma ligação química envolve dois átomos de metais (bai-
xa eletronegatividade), é de se esperar que a ligação seja metálica. Quando
estão envolvidos dois átomos de ametais (alta eletronegatividade) espera-se o
compartilhamento dos elétrons, ou seja, uma ligação covalente. E quando um
metal e um ametal participam da ligação química, a tendência maior é que se
estabeleça uma ligação iônica.
A partir do modelo atômico atual (modelo quântico, aquele que diz que o
elétron ora se porta como partícula, ora como onda) foram desenvolvidas teo-
rias para explicar as ligações entre os átomos, sendo as principais a teoria da
ligação de valência, a teoria do orbital molecular e a teoria do campo cristalino.
Vamos tratar aqui apenas da teoria da ligação de valência pois o seu entendi-
mento será suficiente para o entendimento das demais unidades do livro e das
outras disciplinas de química no futuro.
34
2.4 Ligação química e os subníveis de energia
A ligação dos orbitais s, por ele ser esférico, pode ocorrer a partir de uma
aproximação em qualquer direção do orbital. Veja o exemplo do H2:
35
Observando o O2, vemos que ele apresenta dois orbitais p semipreenchi-
dos, passíveis de fazer ligações químicas. Da mesma forma como observado
para o H2 com os orbitais s, também irá acontecer a sobreposição com os orbi-
tais p. Porém, um dos orbitais estará frontal com o orbital do outro átomo, veja:
2.5 Hibridização
Metano
Porém, a molécula obtida por este método teria ângulos de ligação de 90°,
muito diferente dos 104,5° observados. Pode-se supor então que neste caso
também exista a formação de orbitais híbridos sp3, cujos ângulos de ligação são
mais próximos daqueles observados, ficando o oxigênio com a configuração:
39
água
Neste caso, dois dos orbitais sp3 estão preenchidos e não participam da li-
gação. A molécula obtida será então angular, com dois pares de elétrons isolados.
Por que, então, a diferença entre os 109,5° esperados para esta molécula
e os 104,5° observados? Uma provável explicação para esta diferença reside
na repulsão eletrostática entre o par de elétrons isolado e nas ligações. Esta
repulsão afastará estas nuvens do par isolado o máximo possível, diminuindo
assim o ângulo entre as ligações. É como se o par isolado ocupasse um volume
maior que a nuvem eletrônica da ligação.
Estequiometria
3.1 Primeiras palavras
Entre tantas unidades no nosso dia a dia (metro, grama, litro) vamos
aprender agora conceitualmente mais uma unidade, o mol. O mol vai permitir-
-nos relacionar unidades microscópicas a unidades macroscópicas, ou seja, a
u.m.a (unidade de massa atômica) ao grama (que podemos aferir por meio de
uma balança). Além disso, poderemos estabelecer vínculos entre quantidades
de diferentes substâncias reagentes e ver a quantidade necessária de um rea-
gente para consumir totalmente o outro.
Você já parou para pensar que podem sobrar ingredientes no bolo ou nem
todo o combustível pode ter sido consumido no carro? Isso pode acontecer
devido ao excesso de um dos ingredientes. Mas pode, também, indicar uma
mistura ineficaz e uma reação incompleta. Temos então um conceito importan-
tíssimo: o rendimento, que nem sempre equivale a 100%. Ou seja, nem todos
os reagentes são transformados em produtos. Como isso é possível? Como
devemos proceder? Como podemos calcular esse rendimento?
46
Vamos analisar o exemplo do carbono-12 novamente, cuja massa atômica
é 12 u ou massa molar (assim chamamos a massa contida em um mol de uma
substância) igual a 12 g mol–1.
Da mesma forma:
Agora é possível, com uso de uma balança, medir a massa que precisa-
mos da substância e relacionar com o número de átomos presentes na amostra,
usando a constante de Avogadro.
A partir dos conceitos vistos até agora, podemos montar o seguinte diagra-
ma de conversão de unidades:
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 81.
47
3.4.1 Balanceamento de reações químicas
2H2 + O2 → 2H2O
Não importa o tipo de reação que temos, sempre em uma reação haverá
reagentes sendo consumidos e produtos sendo formados.
Conferindo, temos:
• para o C: c = 3a;
• para o H: 8a = 2d;
• para o O: 2b = 2c + d.
49
Neste ponto, a saída mais simples é adotar o valor arbitrário 1 para um
dos coeficientes e a partir dele obter relativamente os demais. Admitamos esse
valor para o coeficiente a.
3.4.3 Rendimento
Assim, temos:
50
Vamos tentar entender melhor através de um exemplo prático.
A partir da massa inicial aferida pelo estudante (42 g), das massas molares
dos reagentes e produtos - que podemos calcular pela soma das massas atômi-
cas, e da equação química balanceada, podemos chegar ao rendimento teórico.
42 g de NaHCO3 –– x g de Na2CO3
x = 26,5 g
51
Rendimento percentual: 22,3 × 100%
26,5
Rendimento percentual: 84,2%
Regra de três:
40,92 g de C ––- x
x = 3,407 mol de C
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 83.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 87.
Temos 12H do lado dos reagentes, precisamos de 12H nos produtos, as-
sim teremos:
Por regra de 3:
x –– 1 g
x = 0,00555 mol
0,00555 –– y
y = 0,0333 mol
z = 0,600 g
Portanto:
56
Unidade 4
Reações químicas
4.1 Primeiras palavras
Você é capaz de enxergar uma reação química? Não? Está certo disso?
Respire fundo... Pronto! Uma reação química acaba de acontecer. Ah! Você
quer ver uma reação química? Então vamos a alguns exemplos bem práticos:
coloque um pouquinho de fermento químico ou um comprimido efervescente
em um copo com água; mergulhe uma esponja de aço em uma vasilha com
água e observe o que ocorre com o passar do tempo. No primeiro caso temos
uma reação química de decomposição, no segundo uma reação de oxirredução.
Somos química pura. Tudo em nós envolve química. A forma como ocorre
transferência entre átomos, íons ou elétrons é o que define o tipo de reação
química que está ocorrendo. A proporção de reagentes é algo também bastante
definido com um ramo da química destinado a esse estudo, a estequiometria.
Como você pode ver, a partir da figura acima, um composto iônico é uma
grade reticular que se repete em várias direções, assim a fórmula química do
composto iônico é representada apenas pela composição mínima. Por exemplo,
a fórmula do cloreto de sódio, é representada simplesmente por NaCl, indican-
do que a proporção mínima entre os íons da estrutura é de um íon de sódio para
60 um íon de cloro.
Além dos sais, também os hidróxidos são compostos inorgânicos cuja es-
trutura é iônica.
Apresentam ligações covalentes entre seus átomos. Isso quer dizer que
não ocorre a transferência de elétrons de um átomo a outro, mas apenas o
compartilhamento desses elétrons pelos átomos participantes da ligação quí-
mica. Como não há transferência de elétrons, não há a formação de cátions ou
ânions, assim não conduzem corrente elétrica em nenhum estado físico. Veja os
exemplos da água e da sacarose.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 447.
62
Uma substância cuja solução aquosa contém íons é chamada de eletró-
lito (Como o NaCl, por exemplo) enquanto que uma substância que não forma
íons em solução é chamada não eletrólito (por exemplo: CH3OH - metanol, ou
C12H22O11 - sacarose). Esta diferença se deve principalmente ao caráter iônico
da ligação do sal e molecular do álcool e do açúcar.
4.5 Precipitação
Por regra geral, pode-se admitir como insolúvel qualquer substância cuja
solubilidade seja inferior a 0,01 mol L–1, pois a atração entre os íons no sólido é
tão intensa que o solvente não consegue separá-los.
64
Veja a seguir a regra geral de solubilidade para alguns compostos em água.
65
4.6 Complexação
66
Figura 39 Representação esquemática da complexação de prata por amônia.
Temos diversos conceitos que definem ácidos e bases, porém, para nossos
estudos, vamos admitir que ácidos sejam substâncias que se ionizam para for-
mar H+ (próton) em solução (HCl, HNO3, CH3COOH).
67
Nem todos os prótons presentes na estrutura do composto podem ser
removidos com facilidade. Por essa razão iremos chamar de próton ácido, o
próton que pode ser removido através de reação com uma base. Ácidos com
um próton ácido são chamados monopróticos (HCl), com dois prótons ácidos
dipróticos (H2SO4) e com 3 ou mais são chamados polipróticos (H3PO4).
Como os ácidos, também há vários conceitos sobre bases, mas em nos-
sos estudos bases serão definidas como substâncias que reagem com os íons
H+ formados por ácidos de modo a formar sal e água (NaOH, Ca(OH)2, NH3).
Na reação entre água e amônia, observe que a água atua como ácido,
liberando o H+ e a amônia como base, recebendo o H+, este é um exemplo de
reação ácido-base:
O número de oxidação (nox) para um íon é a carga do íon (Na+, Cl–, OH–).
Porém, para um átomo em uma substância, o nox é a carga hipotética que o
átomo teria se fosse um íon monoatômico. Isso pode ser mais bem entendido a
partir do exemplo, veja:
A + BX → AX + B
Os metais também podem ser oxidados por outros sais. Um fio de zinco
mergulhado em solução de níquel sofrerá corrosão enquanto se observa a de-
posição de níquel e a diminuição da coloração azulada da solução.
70
Quer dizer que basta mergulhar um metal em solução de outro ou em so-
lução ácida para observar a reação de oxirredução?
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 119.
71
4.9 Estequiometria de soluções
n
Ou seja: M =
V
m
Como: n=
Mol1
m
Temos: M=
Mol ⋅ V
72
Por regra de três:
X –– 23,4 g
0,165 g –– 0,125 L
Y –– 1,0 L
4.9.1 Diluição
ni = nf
Como:
n = M⋅ V
Temos:
Mi ⋅ Vi = Mf ⋅ Vf
73
Vamos ver um exemplo:
Mi . Vi = Mf . Vf
1 . Vi = 0,1 . 2
Vi = 0,2 L
74
Unidade 5
Para responder a essa pergunta vamos ver as forças que atuam sobre as
partículas e que fazem com que fiquem mais próximas ou mais afastadas, mais
fortemente ou fracamente unidas, sejam rígidas ou moles. Veremos, ainda, que
nos estados sólido e líquido essas forças são determinantes e no estado gaso-
so as mesmas são praticamente irrelevantes.
O que muda então? Nas Unidades 1 e 2 foi visto como ocorrem interações
entre e nos átomos, dando origem às moléculas. Mas, como estas moléculas
interagem entre si?
Da mesma forma que ocorre para os íons, cargas parciais positivas são
atraídas por cargas parciais negativas, o que mostra uma das formas como
moléculas neutras podem interagir entre si. Porém, cargas parciais de mesmo
sinal se repelem. Ou seja, exatamente como ocorre em um cristal, as moléculas
devem buscar uma distribuição espacial que maximize as interações atrativas
entre cargas opostas e ao mesmo tempo minimize as interações repulsivas en-
tre cargas semelhantes. Este fenômeno é chamado de interação dipolo-dipolo.
Essas forças atrativas são chamadas forças de van der Waals, em home-
nagem a Johannes Diederich van der Waals, e podem ser divididas em três
tipos: interações ou forças dipolo-dipolo, interações ou forças íon-dipolo, forças
de dispersão de London. Além das forças de van der Waals, outro tipo de intera-
ção intermolecular são as pontes de hidrogênio, que também serão discutidas.
5.5.1 Líquidos
Fonte: Química sem segredos - Diagrama de fases de uma substância pura. Disponível em:
<http://quimicasemsegredos.com/Propriedades-Coligativas.php>. Acesso em: 9 abr. 2012.
83
As linhas contínuas que separam as diferentes fases da substância (mais
popularmente denominados “estados”) são as linhas de saturação. Se a subs-
tância apresentar valores de temperatura e pressão que se encontrem sobre
uma dessas linhas, dizemos que há um equilíbrio de fases. Em termos físicos,
uma substância que se encontra na saturação está na iminência de sofrer uma
mudança de fase. Para que isso ocorra, basta que ela troque (recebendo ou per-
dendo) energia com a vizinhança (constituída pelo meio material que a envolve).
5.5.2 Sólidos
85
Figura 46 Sólido cristalino (cloreto de sódio).
Vidro
Borracha
86
5.5.3 Gases
5.5.3.1 Pressão
F
P=
A
87
Figura 48 Manômetro e barômetro de mercúrio.
Uma série de leis foi desenvolvida no estudo dos gases, com a finalidade
de entender o comportamento dessas substâncias. Tais leis baseiam-se prin-
cipalmente nas três variáveis que influenciam o comportamento de um gás:
pressão, volume e temperatura.
A lei de Boyle-Mariotte, mais conhecida por apenas Lei de Boyle, nos diz
que, na mesma temperatura, o volume de uma quantidade fixa de gás é inver-
samente proporcional à sua pressão.
1
Matematicamente: V = constante ⋅ ou PV = constante
P
88
Figura 49 Observação experimental da lei de Boyle.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 341.
Graficamente temos:
Fonte: 7 coisas sobre as Leis Empíricas e a Equação de Estado dos Gases Ideais. Disponível em:
<http://www.qmc.ufsc.br/quimica/pages/aulas/gas_page2.html>. Acesso em: 11 abr. 2012.
PiVi = PfVf
89
volume. Como a pressão atmosférica é maior, o ar entra no pulmão até equali-
zar as pressões. O processo inverso ocorre na exalação.
Matematicamente:
V
V = constante ⋅ T ou = constante
T
Observe o gráfico:
Fonte: 7 coisas sobre as Leis Empíricas e a Equação de Estado dos Gases Ideais. Disponível em:
<http://www.qmc.ufsc.br/quimica/pages/aulas/gas_page2.html>. Acesso em: 11 abr. 2012.
Vi Vf
=
Ti Tf
90
Onde i e f representam, respectivamente, as condições inicial e final do gás.
P
Matematicamente: = kPT ∴ P∝T
T
Aumentar a temperatura de um gás implicará em um aumento proporcio-
nal da sua pressão para que o volume permaneça constante, portanto:
Pi Pf
=
Ti Tf
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 343.
91
A lei de Avogadro: o volume de gás a uma dada temperatura e pressão é
diretamente proporcional à quantidade de matéria do gás.
Matematicamente: V = constante ⋅ n
Graficamente:
Vi Vf
=
ni nf
1
• Lei de Boyle: V ∝ (constante n, T)
P
nT
E combiná-las em apenas uma, a lei geral dos gases: V ∝
P
92
Para que possamos trocar o sinal de proporcionalidade pelo sinal de igual,
basta inserir uma constante de proporcionalidade, assim a equação fica:
nT
V = R
P
PV = nRT
• P = 1 atm;
• T = 273,15 K;
• R = PV/nT;
• R = 1.22,4 / 1.273,15;
• R = 0,082006;
P1V1 P2 V2
=
n1T1 n2 T2
93
5.6 Considerações finais
94
Unidade 6
Termoquímica e termodinâmica
6.1 Primeiras palavras
Você sabia, por exemplo, que a energia absorvida pela água na forma de
gotículas para passar ao estado de vapor ajuda a evitar que a temperatura do
nosso corpo se eleve? E que manter a temperatura do corpo constante para os
animais homeotérmicos, como o homem, é fundamental para não deslocar os
equilíbrios químicos que nos mantém vivos?
Reações químicas que liberam calor tendem a ser espontâneas, pois to-
dos os sistemas, químicos ou não, tendem ao menor nível energético possível.
Além das energias potencial e cinética, outros tipos de energia são facil-
mente observados na natureza e passiveis de relação com fenômenos físicos
ou químicos:
É preciso energia para fazer uma reação química, mas também muitas
reações químicas liberam energia. Bons exemplos de reações químicas que
liberam energia são as combustões e as baterias ou pilhas, por outro lado,
a energia liberada por essas reações é absorvida por outras, a cocção de
alimentos e o funcionamento de um brinquedo.
w = F⋅ d
• Calor: fluxo de energia entre dois objetos por causa de uma diferença
entre suas temperaturas;
Quando um sistema perde calor para sua vizinhança dizemos que ele está
liberando calor, é um sistema exotérmico (do grego, exhos = externo, para fora).
Não se pode medir a energia interna absoluta, mas se pode medir com
boa precisão e exatidão a variação de energia observada durante um processo
qualquer, seja ele físico ou químico.
100
pequeno fio gerando um curto circuito entre seus pólos, este aquecerá, ou seja,
energia química será transformada em calor.
Não se pode medir a energia absoluta da bateria, mas pode-se saber com
relativa facilidade quanto essa energia variou durante o experimento.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005,
p. 147.
DE = w + q
Da mesma forma que pensamos para o calor, podemos agora pensar para
o trabalho. Quando a vizinhança realiza trabalho sobre o sistema (o sistema
recebe trabalho) teremos w > 0 e quando o trabalho é realizado pelo sistema
sobre a vizinhança w < 0.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 145.
Variações tendem a ser funções de estado, como DE, pois não dependem
da rota escolhida para o experimento, apenas dos estados inicial e final.
6.8 Entalpia
103
Figura 53 Realização de trabalho através da expansão de um gás (H2).
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 148.
w = – P∆V
E = w + q, então, substituindo:
E = – PV + H (lembre-se: w = – PV).
DH = DE + P∆V
104
Ou seja, a variação da energia interna e do volume representam uma mu-
dança na entalpia (o calor da reação).
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 149.
DH = Hfinal – Hinicial
Quimicamente:
DH = Hprodutos – Hreagentes
105
Se uma reação química libera calor ao ir de reagentes a produtos, ab-
sorverá calor quando invertermos a reação para, a partir dos produtos, formar
novamente os reagentes. Assim, alteramos o sinal do DH:
Quando colocamos gelo para aquecer, ele vai liquefazendo-se até formar
água, cujo aquecimento formará vapor. Neste processo, estamos fornecendo
calor ao sistema (variação endotérmica) para alterar o estado físico da matéria.
Então, podemos concluir que a variação na entalpia depende do estado:
Isso quer dizer que se uma dada reação for executada em uma etapa ou
em uma série de etapas, a soma das etapas individuais deverá ser a mesma da
variação de entalpia associada a um processo de etapa única.
Observe graficamente:
106
Figura 55 Variação de energia envolvida na reação de combustão do metano.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 161.
A entalpia padrão, DHo, é a entalpia medida quando tudo está em seu es-
tado padrão. Assim, entalpia padrão de formação é o calor envolvido quando um
mol de composto é formado a partir de substâncias em seus estados padrão.
107
Tabela 4 Entalpias padrão de formação de algumas substâncias.
∆Hof ∆Hof
Substância Fómula Substância Fórmula
(kJ/mol) (kJ/mol)
Acetileno C2H2(g) 226,7 Etano C2H6(g) -84,68
Água H2O(l) -285,8 Etanol C2H5OH(l) -277,7
Amônia NH3(g) -46,19 Etileno C2H4(g) 52,30
Fluoreto de
Benzeno C6H6(l) 49,0 HF(g) -268,6
hidrogênio
Bicarbonato de
NaHCO3 -947,7 Glicose C6H12O6(s) -1.273
sódio
Brometo de hidro- Iodeto de hidro-
HBr(g) -36,23 HI(g) 25,9
gênio gênio
Carbonato de
CaCO3(s) -1.207,1 Metano CH4(g) -74,8
Cálcio
Carbonato de
Na2CO3(s) -1.130,9 Metanol CH3OH(l) -238,6
sódio
Cloreto de hidro- Monóxido de
HCl(g) -92,30 CO(g) -110,5
gênio carbono
Cloreto de prata AgCl(s) -127,0 Óxido de cálcio CaO(s) -635,5
Cloreto de sódio NaCl(s) -410,9 Propano C3H8(g) -103,85
Diamante C(s) 1,88 Sacarose C12H22O11(s) -2.221
Dióxido de car-
CO2(g) -393,5 Vapor de água H2O(g) -241,8
bono
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 161.
108 Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 164.
6.12 Termodinâmica
Para que um processo aconteça, pode ou não ser necessária uma in-
tervenção externa, quando a intervenção é desnecessária o processo é es-
pontâneo. Por exemplo, quando dois ovos caem no chão, eles se quebram
espontaneamente.
6.13 Entropia
110
Figura 56 Distribuição entrópica da expansão de duas moléculas de um gás.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 687.
Imagine agora esse mesmo prédio sendo demolido, bastam poucas horas
ou até segundos, no caso de uma implosão.
No gelo, as moléculas são muito bem ordenadas por causa das pontes
de hidrogênio. Portanto, o gelo tem uma entropia baixa. À medida que o gelo
derrete, quebram-se as forças intermoleculares (requer energia), mas a ordem
é interrompida (então a entropia aumenta). Apesar de ser um processo endo-
térmico, o gelo derrete espontaneamente à temperatura ambiente, pois a água
é mais desorganizada do que ele.
Veja outro exemplo, quando um sólido iônico (NaCl, por exemplo) é coloca-
do na água, duas coisas acontecem: a água se organiza em hidratos em torno
dos íons (então a entropia diminui) e os íons no cristal se dissociam (os íons
hidratados são menos ordenados do que o cristal, então a entropia aumenta). Assim,
a ordenação da água em torno dos íons é compensada pela desordem dos íons
na solução em relação ao cristal e o processo de dissolução é espontâneo.
111
Figura 57 Dissolução do NaCl.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 688.
Para entender melhor, vamos usar outro exemplo do nosso dia a dia: imagi-
ne que você resolveu organizar a sua mesa de trabalho, arquivar papéis, colocar
lápis e canetas em seus devidos lugares, descartar anotações ultrapassadas etc.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 694.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 695.
• A temperatura aumenta.
115
A entropia molar padrão, S0, é a entropia de uma substância em seu esta-
do padrão, similar em conceito ao DH0. O estado padrão para qualquer substân-
cia é definido como a substância pura a 298 K.
∆S = nSºprod. – mSºreag.
G = H – TS
∆G = ∆H – T∆S
116
• Se ∆G < 0, então a reação direta é espontânea;
• Se ∆G > 0, trabalho deve ser fornecido dos arredores para guiar a reação.
Para uma reação, a energia livre dos reagentes diminui para um mínimo
(equilíbrio) e então aumenta para a energia livre dos produtos, ocorrendo um
equilíbrio entre reagentes e produtos.
Para entender isso, imagine uma pedra rolando por um vale. À medida que
a pedra rola, sua energia potencial diminui, ela passa pelo ponto de equilíbrio,
mas retorna a ele devido a força gravitacional. Assim, a energia livre também
tende a um mínimo de energia estabelecido pela coexistência em equilíbrio de
reagentes e produtos.
Figura 60 Correlação entre energia livre nos reagentes e nos produtos de uma reação.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 701.
Para entender o que isso significa em uma reação química, vamos tomar
como exemplo a formação de amônia a partir de nitrogênio e hidrogênio:
No equilíbrio, ∆G = 0 e Q = Keq.
117
Figura 61 Energia livre envolvida na formação da amônia a partir de seus elementos
constituintes.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 702.
∆G = nG0prod. – mG0reag.
A quantidade de ∆G0 para uma reação nos diz se uma mistura de subs-
tâncias reagirá espontaneamente para produzir mais reagentes (∆G0 > 0) ou
produtos (∆G0 < 0).
118
Para processos que não são espontâneos a variação de energia livre cor-
responde à quantidade mínima de trabalho que deve ser realizado pra que o
processo ocorra.
Mesmo que uma reação tenha um ∆G negativo, ela pode ocorrer muito
lentamente para ser observada. Sobre isso iremos discutir mais adiante em
cinética de reações.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 705.
aA + bB cC + dD
[C] [D]
c d
Qc =
[A]a [B]b
119
O quociente de equilíbrio será:
[C] ⋅ [D]
c d
Ke =
[A] ⋅ [B]
a b
∆G = ∆G0 + RTlnQ
∆G = ∆G0 + RTlnQ
0 = ∆G0 + RTlnKeq.
∆G0 = –RTlnKeq.
• Se ∆G0 = 0, logo K = 1;
121
Unidade 7
Cinética química
7.1 Primeiras palavras
A reação química acontece? Sim? Sob quais condições ela é mais lenta
ou mais rápida? É isso que vamos tentar decifrar agora.
∆ [B]
Velocidade média em relação a B =
126 ∆t
• A velocidade na qual os reagentes são consumidos (por exemplo, a va-
riação na quantidade de matéria de A por unidade de tempo).
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 486.
127
Podemos calcular a velocidade média em termos do desaparecimento do
C4H9Cl.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 487.
128
Gráficos são bastante úteis para fazer o cálculo da velocidade instantânea.
∆ [C4H9Cl] ∆ [C4H9OH]
Velocidade = − =
∆t ∆t
Em geral, para aA + bB → cC + dD
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 490.
v ∝ NH4 + NO2 −
v = k NH4 + NO2 −
V = k [reagente A ] m [reagente B] n
130
Observe que os valores dos expoentes (ordens) têm que ser determi-
nados experimentalmente. Eles não estão simplesmente relacionados com a
estequiometria.
A lei de velocidade para qualquer reação química só pode ser feita experi-
mentalmente e não pode ser prevista simplesmente olhando a equação. Isso é
feito se observando os efeitos da variação da concentração inicial dos reagen-
tes na velocidade.
− ∆ [A]
v= = K [A]
∆t
131
Gráfico 6: (a) Variação de pressão com o decorrer do tempo. (b) Logaritmo da
pressão com o decorrer do tempo.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 497.
− ∆ [A]
v= = K [A]
∆t
1 1
= kt +
[A]t [A]0
132
Gráfico 7: (a) Logaritmo da concentração de NO2 com o decorrer do tempo. (b) Fun-
ção inversa da concentração de NO2 com o decorrer do tempo.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 498.
7.8 Meia-vida
Matematicamente:
1
ln
2 0.693
t1 = − =
2 k k
1
ln
2 0.693
t1 = − =
2 k k
A maior parte das reações fica mais rápida à medida que a temperatura
aumenta. (Por exemplo, a comida estraga quando não é refrigerada).
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 498.
Uma vez que a lei da velocidade não contém nenhum termo de temperatu-
ra, a constante de velocidade deve depender da temperatura.
Como vimos nas unidades anteriores, para ocorrer uma reação quími-
ca é necessário o contato entre os reagentes, de forma que eles possam se
134
recombinar formando os produtos. A energia cinética, portanto, a velocidade
desses choques, também precisa ser suficientemente alta para possibilitar o
rompimento de uma ligação e o surgimento de outra. Aumentar a concentração
significa aumentar o número de colisões efetivas (aquelas que formam produ-
tos) e aumentar a temperatura significa fornecer mais energia cinética aos rea-
gentes, possibilitando o rompimento das ligações.
Neste sentido, algumas condições podem ser levadas em conta para favo-
recer a reação:
Para que uma reação ocorra, as moléculas dos reagentes devem colidir
com a orientação correta e com energia suficiente para formar os produtos.
135
Figura 62 Exemplos de colisão efetiva e não efetiva entre Cl e NOCl.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 501.
Para que formem produtos, as ligações devem ser quebradas nos reagen-
tes e essa quebra de ligação requer energia.
De acordo com a teoria das colisões, a energia para quebra dessas liga-
ções vem da energia cinética das moléculas. Essa energia pode ser usada para
esticar, dobrar e quebrar ligações, levando às reações químicas.
A essa energia mínima necessária para iniciar uma reação química, cha-
ma-se energia de ativação (Ea) e seu valor varia de reação para reação.
ii
N
H3C – N ≡ Cii H 3C C ≡ Nii
≡
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 502.
A variação de energia ( ∆E) não tem efeito sobre a velocidade, mas a ener-
gia de ativação (Ea) afeta diretamente a velocidade, pois quanto maior for Ea,
maior será a energia necessária para a formação do complexo ativado e mais
difícil a reação química.
137
Como uma partícula ganha energia suficiente para superar a barreira de
energia de ativação?
Ea
−
f=e RT
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005,
p. 503.
− Ea
k = Ae RT
Ea
ln k = − + ln A
RT
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 506.
7.12 Catálise
O Br2(aq) é marrom.
−
Br2( aq) + H2O2( aq) → 2Br( aq) + 2H(+aq) + O2( g) .
140
Gráfico 11 Caminho de reação para a catálise da reação de decomposição do peróxido
de dihidrogênio.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 513.
141
• Primeiro as moléculas de etileno e de hidrogênio são adsorvidas nos
sítios ativos na superfície metálica;
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 514.
7.12.3 Enzimas
Eletroquímica
8.1 Primeiras palavras
Mas também vamos ver como podemos forçar uma reação química de
modo a obter produtos fundamentais para o bom andamento da sociedade,
através de reações de eletrólise, uma reação eletroquímica não espontânea
possibilitada pelo fornecimento de energia elétrica a um sistema químico de
modo a deslocá-lo desfavoravelmente de uma situação preestabelecida. Assim
é com a reação de eletrólise que forma cloro, soda e hidrogênio a partir do sal
de cozinha.
Você já parou para pensar como funciona uma pilha? Porque observamos
claramente a oxidação do ferro, através da formação da ferrugem e não perce-
bemos o mesmo com o alumínio ou o cobre? Já pensou como a energia elétrica
proporciona o conforto do nosso dia a dia?
6. Confira!
149
–
Observação: No caso das reações em meio alcalino usamos OH e H2O,
em vez de H+ e H2O. O mesmo método acima é usado, mas o OH– é adicionado
para “neutralizar” o H+ usado.
Para a reação:
KMnO4 + Na2C2O4
MnO−4(aq) → Mn(aq)
2+
C2O24−(aq) → 2CO2(g)
150
10e− + 16H+ + 2MnO−4(aq) → 2Mn(aq)
2+
+ 8H2O
4. A adição fornece:
5. Está balanceada!
A energia liberada em uma reação redox espontânea pode ser usada para
executar trabalho elétrico. Essa tarefa pode ser efetuada por células voltaicas ou
galvânica, dispositivos nos quais a transferência de elétrons ocorre através de
um circuito externo, em vez de diretamente entre os reagentes. As reações em
células voltaicas são espontâneas.
Dois metais sólidos conectados por um circuito externo são chamados ele-
trodos. Por convenção, onde ocorre a oxidação é chamado anodo e onde ocorre
redução é chamado catodo.
3. Os elétrons não podem nadar pela solução, portanto, para que se esta-
beleça um fluxo de elétrons os eletrodos precisam estar conectados por
um fio externo;
151
Figura 66 Exemplos de célula voltaica com ponte salina (a) e barreira porosa (b).
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 729.
No nosso exemplo:
152
Vamos tentar entender microscopicamente o que acontece na reação redox:
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 731.
153
necessária para conceder um joule de energia para uma carga de um Coulomb
(1 V = 1J / 1C).
A ddp entre dois eletrodos em uma célula voltáica fornece a força diretora
que empurra os elétrons por um circuito externo. A essa força chamamos de
força eletromotriz (força que movimenta elétrons), ou simplesmente fem (Ecel).
A fem obtida nas condições-padrão (25 °C, 1 mol L–1 ou 1 atm) é chamada
potencial-padrão da célula ( Eocel ) e equivale à diferença de potencial elétrico
entre os potenciais de redução padrão do catodo e do anodo, ou seja:
Eocel = Ered
o o
( catodo ) − Ered ( anodo )
o
Para o EPH, determinamos o valor de Ered como sendo zero.
154
Figura 68 Representação esquemática do eletrodo padrão de hidrogênio.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 733.
o
Ered ( anodo ) = −0, 76 V
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 734.
o
Uma vez que o Ered = −0, 76 V , concluímos que a redução do Zn2+ na
presença do EPH não é espontânea. Logo, a oxidação do Zn com o EPH é
espontânea.
155
Como o potencial elétrico mede a energia potencial por carga elétrica,
os potenciais-padrão são propriedades intensivas, ou seja, não dependem de
o
quantidade. Logo, a variação do coeficiente estequiométrico não afeta o Ered .
Portanto:
+ −
Zn(2aq o
) + 2e → Zn( s ) , Ered = −0, 76 V.
+ −
2Zn(2aq o
) + 4e → 2Zn( s ) , Ered = −0, 76 V.
+ −
Porém: Zn( s ) → Zn(2aq o
) + 2e , Ered = 0, 76 V.
+ − 2+
+0,77 Fe(3aq ) + e → Fe( aq )
+ −
+0,34 Cu(2aq ) + 2e → Cu( s )
+ −
–0,28 Ni(2aq ) + 2e → Ni( s )
+ −
-0,44 Fe(2aq ) + 2e → Fe( s )
+ −
-0,76 Zn(2aq ) + 2e → Zn( s )
+ −
-1,66 Al(3aq ) + 3e → Al( s )
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 734.
DG = –nFE
Como n e F são positivos, se DG > 0, logo E < 0., ou seja, tanto um valor
positivo de DG quanto negativo de E indicam um processo espontâneo.
Vimos como calcular a fem quando reagentes e produtos estão nas con-
dições-padrão. Porém, quando uma pilha (célula voltaica) é descarregada, os
reagentes são consumidos e os produtos gerados, variando as concentrações
(não há equilíbrio). A fem cai progressivamente até que a ddp (diferença de
potencial) seja nula (E = 0), ou seja, a pilha acabou. As concentrações de rea-
gentes e produtos param de variar, pois o equilíbrio é atingido.
∆G = ∆G° + RT ln Q
Como: ∆G = −nFE
RT
E = E° − ln Q
nF
158
0, 0592
E = E − log Q
n
+ 2+
Por exemplo: Zn( s ) + Cu(2aq ) → Zn( aq ) + Cu( s )
+ −
Cu(2aq ) + 2e → Cu( s ) E = +0, 34 V
Suponha, por exemplo, [Cu2+] 5,0 mol L–1 e [Zn2+] 0,050 mol L–1.
E = +116
, V
Apesar de a fem-padrão ser zero, a pilha funciona por não estar nas con-
dições-padrão (C ≠ 1,00 mol L–1). A célula tende a igualar as concentrações do
2+
Ni(aq) em cada compartimento.
159
A solução concentrada tem que reduzir a quantidade de Ni2+(aq) (para Ni(s)),
logo, deve ser o catodo.
(
E = Eo − (0, 0592 n) log Q = 0 − (0, 0592 2) log 1, 00 ⋅ 10−3 1, 00 )
E = +0,0888 V
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 745.
0, 0592
0 = E° − ln K eq
n
Rearranjando:
nE°
log K eq =
0, 0592
160
8.8 Eletrólise
Vimos até aqui como a fem pode ser usada para gerar energia através de
reações espontâneas. A partir disto, iremos ver como proceder quando a reação
é não espontânea, ou seja, iremos fornecer energia aos elétrons e “obrigá-los” a
ir contra seu fluxo natural.
161
Figura 71 Eletrólise de sal fundido.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 755.
+ −
Catodo: Ni(2aq ) + 2e → Ni( s )
162
Figura 72 Eletrólise com eletrodos ativos.
+ −
Cu(2aq ) + 2e → Cu( s )
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 758.
163
8.9 Considerações finais
Com esta unidade, encerramos um novo ciclo do nosso curso. Você ob-
servou que as Unidades 6, 7 e 8 estão interligadas? É isso aí! Quando se fala
em assuntos relacionados ao meio ambiente, não dá para deixar de pensar nos
fenômenos físico-químicos: eletroquímica, termodinâmica e cinética química.
Muito do conhecimento aqui adquirido será usado em etapas futuras do curso
de Bacharelado em Engenharia Ambiental.
Com relação a esta unidade, é importante frisar que existem duas formas
de utilizar a eletroquímica a nosso favor: por meio de processos espontâneos
(as pilhas e afins) ou forçando uma reação não espontânea fornecendo energia
ao sistema (eletrólise). Seja qual for a forma necessária ao seu trabalho, não se
esqueça de atentar aos cálculos e cuidados no desenvolvimento da atividade.
164
Unidade 9
Química nuclear
9.1 Primeiras Palavras
Talvez, das unidades estudadas até aqui, esta seja a de assunto mais di-
verso, pois até a unidade anterior o tema estava diretamente relacionado com a
eletrosfera do átomo, porém nessa unidade o foco será o núcleo do átomo.
• p+: próton
• n0: nêutron.
238 234
92 U→ Th + 42 He
90
Dos vários tipos de radiação, existem três tipos que iremos considerar por
sua maior relevância:
168
Tabela 10 Propriedades da radiação alfa, beta e gama.
Propriedades da radiação alfa, beta e gama
Tipo de radiação
Propriedade α β γ
Carga 2+ 1– 0
Massa 6,64 x 10–24 g 9,11 x 10–28 g 0
Poder de penetração
1 100 10.000
relativo
Fótons de alta
Natureza da radiação Núcleo de 24 He Elétrons
energia
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 773.
A partir da tabela acima você pode verificar que quanto menor uma partí-
cula, maior seu poder de penetração, portanto mais difícil será se proteger de
uma eventual exposição.
(a) (b)
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p.
170 775-776.
9.5 Série de radioatividade
Para o 238
U, o primeiro decaimento é para 234
Th (decaimento a). O 234
Th
sofre emissão b para 234
Pa e para 234U. O 234
U sofre decaimento a (várias ve-
zes) para 230
Th, 226
Ra, 222
Rn, 218
Po e 214
Pb. O 214
Pb sofre emissão b (duas vezes)
tornando-se 214
Bi e 214
Po, o qual sofre decaimento a para 210
Pb. O 210
Pb sofre
emissão b para 210Bi e 210Po que decompõe-se (a) para o 206Pb estável.
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005,
p. 777.
171
O modelo de nível de energia para o núcleo racionaliza essas observa-
ções. O modelo de nível de energia para o núcleo é semelhante ao modelo de
nível de energia para o átomo. Os átomos mais estáveis são exatamente aque-
les com configuração eletrônica 2,10, 18, 36, 24 e 86, os gases nobres.
Para você ter uma idéia, por exemplo, a série mostrada anteriormente para
238 206
o decaimento do 92 U termina com 82 Pb .
238
Porque alguns radioisótopos, como U, são facilmente encontrados na
natureza enquanto outros não o são e devem ser sintetizados? Para responder
isso, primeiro é preciso entender que a velocidade de decaimento radioativo va-
ria conforme os elementos químicos, ou seja, diferentes núcleos tem diferentes
velocidades de decaimento. Muitos deles decaem completamente em frações
de segundos, outros demoram bilhões de anos para decair.
90 90 0
38 Sr → 39 Y+ −1 e
Cada isótopo tem uma meia-vida característica que não é afetada por con-
dições externas como temperatura, pressão ou composição química.
172
Tabela 11 Meias-vidas e o tipo de decaimento para vários radioisótopos.
Meias-vidas e o tipo de decaimento para vários radioisótopos
Isótopo Meia-vida Tipo de decaimento
Radioisótopos 238
U 4,5 x 109 Alfa
92
naturais
235
92 U 7,0 x 108 Alfa
232
92 Th 1,4 x 1010 Alfa
40
19 K 1,3 x 109 Beta
14
6 C 5.715 Beta
Radioisótopos 239
Pu 24.000 Alfa
94
sintéticos
137
55 Cs 30 Beta
90
38 Sr 28,8 Beta
131
53 I 0,022 Beta
Fonte: BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005, p. 780.
V = kN
0.693
k=
t1
2
173
Como descrevemos anteriormente, as meias-vidas podem variar de fra-
ções de segundo a bilhões de anos. Como a meia-vida de qualquer radionuclí-
deo é constante, os radioisótopos naturais podem ser usados para determinar
a idade de uma amostra, como um relógio nuclear. Esse processo é conhecido
como datação radioativa.
14 14 0
6 C→ 7 N+ −1 e
A fissão dos núcleos atômicos dos elementos pesados ocorre não apenas
pela absorção de nêutrons, mas também devido à radiação de outras partículas
aceleradas até energias muito altas: prótons, dêuterons (núcleos de deutério – 1
próton + 1 nêutron), partículas alfa, beta, gama, etc.
10 238 142 91
n+ 92 U→ 56 Ba + 36 Kr + 310 n
Se núcleos muitos grandes podem sofrer uma fissão e formar núcleos me-
nores, a inversa disso também é verdadeira, ou seja, núcleos leves podem se
fundir para formar núcleos mais pesados.
2
1H + 31H → 42 He + 01n
O que é importante que tenha ficado claro nesta unidade é como ocorrem
os processos nucleares e a influência que podem ter na nossa vida e ao meio
ambiente devido à grande energia que podem liberar.
176
Referências bibliográficas
BROWN, T. et al. Química - A Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Editora, 2005.
BROWN, L. S.; HOLME, T. A. Química Geral Aplicada à Engenharia. 1 ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2009.
CHANG, R. Química Geral, conceitos essenciais. 4 ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2007.
177
Este livro foi impresso em 2014 pelo Departamento de Produção Gráfica – UFSCar.