Livro - Quimica Geral I
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F
iel a sua missão de interiorizar o ensino superior no estado Ceará, a UECE,
como uma ins�tuição que par�cipa do Sistema Universidade Aberta do
Brasil, vem ampliando a oferta de cursos de graduação e pós-graduação
Química
Química Geral I
na modalidade de educação a distância, e gerando experiências e possibili-
dades inovadoras com uso das novas plataformas tecnológicas decorren-
tes da popularização da internet, funcionamento do cinturão digital e
massificação dos computadores pessoais.
Comprome�da com a formação de professores em todos os níveis e
a qualificação dos servidores públicos para bem servir ao Estado,
os cursos da UAB/UECE atendem aos padrões de qualidade
estabelecidos pelos norma�vos legais do Governo Fede-
ral e se ar�culam com as demandas de desenvolvi-
Química Geral I
mento das regiões do Ceará.
Geografia
12
História
Educação
Física
ISBN 978-85-78265-66-3
Ciências Artes
9 788578 26 5663
Química Biológicas Plás�cas Computação Física Matemá�ca Pedagogia
Química
Química Geral I
3ª Edição Geografia
Fortaleza-Ceará 12
2016 História
Educação
Física
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia
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zação, por escrito, dos autores.
Editora Filiada à
Por que estudar química? Esta questão é abordada por alunos no ensino mé-
dio e por alguns no ensino superior. A resposta está no fato de que a Química
está presente em tudo o que nos cerca. O desenvolvimento da Química está
intimamente ligado ao aumento da nossa qualidade de vida seja através do
desenvolvimento de novos materiais utilizados pela indústria têxtil, de cons-
trução, maquinaria (ligas metálicas mais resistentes as intepéres climáticas),
seja através do aprimoramento dos processos de conservação dos alimentos.
A Química também é responsável pelo aumento da expectativa de vida do ser
humano desenvolvendo drogas usadas para tratar diversas doenças permitin-
do ao homem viver por mais tempo. Até os cosméticos que prometem retardar
o envelhecimento também são constituídos por compostos químicos. Infeliz-
mente o abuso no uso de produtos químicos tem trazido grandes prejuízos
ao meio ambiente. Aprender Química então, não é só memorizar conceitos
e fórmulas, mas saber aplicar os conhecimentos aprendidos no seu cotidia-
no de forma a preservar o meio ambiente e contribuir para a construção de
um mundo melhor. Neste livro-texto os autores apresentam ao estudante do
Curso Licenciatura em Química os conteúdos básicos da Química, iniciando
com o aspecto histórico da química como ciência seguindo-se o estudo da te-
oria atômica, tabela periódica com suas propriedades, estudo da matéria com
suas transformações e a energia envolvida, ligações químicas e finalizando
com o estudo das teorias de ácidos e bases e suas respectivas nomencla-
turas. Visando facilitar a compreensão dos conteúdos abordados, o texto foi
escrito e organizado de uma maneira inovadora, dinâmica e atual com ativida-
des propostas ao longo de todos os capítulos. Ao final de cada capítulo, além
de atividades de avaliação que proporcionam ao estudante verificar ao desen-
volvimento da aprendizagem dos conteúdos, são apresentadas sugestões de
leituras complementares em revistas e sites, além de filmes que permitem a
aproximação da química com o cotidiano.
Os autores
7
Química Geral I
Capítulo 1
Fundamentos da Química
9
Química Geral I
Objetivo
• Conhecer o desenvolvimento da Química como ciência; Ter noções dos
princípios da metodologia científica;Ser capaz de relacionar a química com
a tecnologia e a sociedade.
Introdução
Caro estudante, imagine que você foi convidado para fazer uma viagem in-
crível para um mundo fascinante e intrigante chamado química. Inicialmente,
você tomou um mapa das ciências para obter algumas noções de direção e
traçar o melhor roteiro de viagem. Ao olhar na direção da matemática, verifi-
cou que as leis matemáticas fundamentam os princípios químicos. Ao olhar na
direção da física, constatou que os princípios da química estão baseados no
comportamento de átomos e moléculas. Olhando na direção da biologia, você
percebeu que a química contribui significativamente para a compreensão das
propriedades e dos fenômenos que envolvem a matéria viva. E, finalmente,
olhando para as ciências humanas, você percebeu que a química está inte-
gralmente presente na vida das pessoas, influenciando na qualidade de vida e
nos padrões de comportamento do homem frente à natureza.
A viagem ao mundo da química deve, portanto, ser encarada como uma
viagem interdisciplinar, em que o conhecimento das ciências é a bagagem
necessária para que este mundo seja explorado com sucesso e prazer. Não
se limite a memorizar conceitos e fórmulas químicas, aprenda a interagir com
o conhecimento, fazendo dele um parceiro e não um inimigo a ser vencido.
Vamos! Não perca tempo, arrume sua bagagem e vamos viajar!
2. O método experimental
A química, quando concebida como ciência experimental, utiliza o método
científico para se fundamentar. Francis Bacon (1561-1625) e René Des-
cartes (1596-1650) são considerados os precursores do método científico,
pois eles difundiram a ideia de que a busca do conhecimento deveria estar O flogístico era
fundamentada na experimentação e no uso da lógica matemática. considerado por Stahl
como um dos elementos
De acordo com a figura 1.2, que representa um esquema geral do mé- constituintes da matéria.
todo científico, a primeira etapa de uma investigação científica consiste na Assim, o metal, por
coleta de dados por observações ou medidas de amostras representativas do exemplo, era constituído
de cal e flogístico. Quando
material em estudo. A partir da identificação de um padrão nos dados obtidos, o metal era queimado, o
é possível se formular uma lei científica, que é um resumo conciso de uma flogístico era liberado e
série de observações. Após a elaboração de uma lei, são lançadas hipóteses sobrava apenas a cal.
12 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
Tentativa de
Uso da intuição científica explicação
Interpretação Experimentação
Modelo Teoria Hipótese(s)
3. A Química atual
A química moderna, além de se apropriar do método científico como principal
ferramenta de investigação, está estruturada em três níveis de conhecimento
bem definidos: o nível macroscópico, o nível microscópico e o nível sim-
bólico. Segundo a figura 1.3, a química moderna encontra-se na interseção
destes três níveis, sendo que, no nível macroscópico, ela trata das proprie-
dades e das transformações da matéria na escala visível, que no nosso exem-
plo, pode ser caracterizado pelo estado físico da água ou cor da água. No
nível microscópico, os fenômenos físicos e químicos são interpretados em
função dos arranjos dos átomos envolvidos. Podemos, por exemplo, justificar
o elevado ponto de ebulição da água (p. ex. = 100 oC a nível do mar), com
base nas estruturas das moléculas de água que possibilitam a formação de
ligações de hidrogênio entre as moléculas, que são forças intermoleculares
fortes. No nível simbólico, os fenômenos químicos são representados através
de símbolos químicos e equações matemáticas. Como exemplo, poderíamos
descrever a formação da água através da seguinte equação química:
2H2(g) + O2 --> 2H2O(g)
Ligação de hidrogênio é uma atração forte entre o átomo de hidrogênio
ligado a um átomo eletronegativo e o par de elétrons de um outro átomo ele-
tronegativo. Mais detalhes no capítulo 05.
Tabela 1.1
Os dez produtos químicos mais fabricados pela indústria dos Estados Unidos em 2000
Ordem Substância Produção em 2000 (bilhões de libraa) Uso industrial
Fertilizantes, fabricação de
1 Ácido sulfúrico (H2SO4) 87
produtos químicos
2 Nitrogênio (N2) 81 Fertilizantes
3 Oxigênio (O2) 55 Aço, soldagem
4 Etileno (C2H4) 55 Plásticos, anticongelantes
5 Cal (CaO) 44 Papel, cimento e aço
6 Amônia (NH3) 36 Fertilizantes
7 Propileno (C3H6) 32 Plásticos
8 Ácido fosfórico (H3PO4) 26 Fertilizantes
Alvejantes, plásticos, purificação
9 Cloro (Cl2) 26
de água
10 Hidróxido de sódio (NaOH) 24 Produção de alumínio, sabão
a
- 1 lb = 0,4536 kg
Fonte: BROWN, T.L. Química – A Ciência Central. 9a ed. São Paulo: Editora Pearson, 2005, p. 4.
Síntese do Capítulo
Mesmo sem conhecimento científico, o homem trabalha com a química des-
de a era pré-histórica, usando metais na fabricação de armas e utensílios e
corantes naturais para tingir tecidos. A química começou a despontar como
ciência a partir das experiências dos alquimistas, que procuravam a fórmula
para transformar metal em ouro, e procuravam, ainda, o elixir da imortalidade.
Por muitos anos, a química andou junto com a religião. A partir do movimento
renascentista, no século XVI, surgiu uma nova visão da química, a química ex-
perimental, desenvolvida por Paracelso e Robert Boyle. Mais tarde, surgiu a
Química moderna, do trabalho de Antoine Lavoisier. Depois, desenvolveu-se
o método científico em que, baseando-se em observações e em dados coleta-
dos, formula-se hipóteses que podem se tornar teorias, quando submetidas à
experimentação científica que as comprovem. Hoje, a Química, como ciência,
é bastante desenvolvida e influencia fortemente o nosso modo de vida. Se
olharmos à nossa volta, em tudo que nos cerca a química está presente, das
roupas à comida. A química também é responsável por diversos problemas
ambientais. Cabe a nós descobrir a melhor maneira de utilizar a química em
nosso benefício, sem que isso cause no futuro a nossa própria destruição.
Atividades de avaliação
1. Uma forma de se familiarizar com a química é conhecer a vida e o trabalho
daqueles que contribuíram para o seu desenvolvimento. Escolha uma destas
personalidades, como Antoine Lavoisier, por exemplo. Faça uma pesquisa
sobre sua contribuição para a química e apresente-a aos seus colegas.
2. Suponha que você mora numa rua pavimentada com rede de esgoto e
bueiros a dois quarteirões de córrego. Quando o inverno chega, a sua casa
fica alagada. Utilize o método científico para propor hipóteses e teorias que
expliquem o motivo pelo qual sua casa fica alagada.
3. Pesquise e descreva a importância da química orgânica para a vida do
homem.
17
Química Geral I
Referências
GLEISER, Marcelo. Mundos invisíveis: Da alquimia à física de partículas.
Editora Globo, 2008.
COELHO, Paulo. O alquimista. Editora Planeta (Brasil), 1988.
Capítulo 2
Teoria Atômica
21
Química Geral I
Objetivo
• Conhecer teorias e experimentos que levaram ao desenvolvimento da estru-
tura atômica; Compreender as principais propriedades atômicas; Compreen-
der as principais propriedades dos elétrons e sua distribuição no átomo.
Introdução
De que é feita a matéria? Esta foi uma questão para a qual vários filósofos e es-
tudiosos da antiguidade tentaram achar a resposta. Hoje, sabe-se que a matéria
é constituída de átomos. Muito do que se conhece sobre a estrutura do átomo
foi fruto de longos anos de pesquisa de vários cientistas, como Dalton, Ruther-
ford, Bohr, e muitos outros. Atualmente, a ciência, com base na estrutura atô-
mica, consegue explicar diversos fenômenos físicos e químicos que ocorrem
tanto na natureza como em um frasco no laboratório. Porém, há muito ainda o
que ser descoberto e, por este motivo, a pesquisa sobre a verdadeira estrutura
atômica continua sendo interesse de estudo de vários pesquisadores que, por
meio de dela, procuram principalmente descobrir a origem do universo.
Tales de Mileto (625 a
558 a.C) juntamente com
outros filósofos gregos da
1. A História do átomo antiguidade acreditavam
O primeiro relato sobre a preocupação do homem com a constituição da ma- que todas as coisas tinham
téria data do século VI, antes de Cristo, quando o filósofo Tales de Mileto afir- uma origem única. Para
Tales esta origem era a
mou que a água dava origem a todas as substâncias. água.
Por volta de 546 a.C., um novo movimento filosófico tentava mostrar
que, na verdade, a matéria não era constituída de uma única fonte macroscó-
pica, como a água, mas tinha uma única origem microscópica. A história do
que viria a ser o átomo iniciou-se com Leucipo de Mileto, filósofo grego que se
acredita ser o mestre de Demócrito de Abdera.
A teoria de Leucipo e Demócrito afirmava que o universo era formado Leucipo de Mileto nasceu
há cerca de 500 a.C. De
por um número infinito de partículas muito pequenas e indivisíveis. A estas
sua vida praticamente nada
partículas chamaram de átomo (do grego, a = “não” e tomo = “divisível”). O é conhecido, mas a ele é
conceito de que as partículas constituintes da matéria eram tão pequenas que atribuído a obra “A grande
ordem do mundo”. Leucipo
não podiam ser vistas a olho nu estava correto; no entanto, a teoria de indivisi- também é considerado o
bilidade do átomo foi destruída cerca de dois mil anos depois. pai do atomismo.
22 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
2. Modelos atômicos
2.1. Modelo atômico de Dalton
Cerca de 2.300 anos depois, o químico inglês John Dalton, estudando os
resultados de vários experimentos, resolveu resgatar as ideias de Leucipo e
Demócrito e formulou três enunciados:
Jonh Dalton (1766 –
1844). Postulou a lei das I. Toda matéria é constituída por átomos. Estes são muito pequenos, indivisí-
pressões parciais para os veis e indestrutíveis, podendo ser representado por uma esfera (fig. 2.1).
gases ideais, em que afirma
que cada gás, em uma II. Átomos de um mesmo elemento químico são idênticos e em transforma-
mistura gasosa, exerce ções químicas apresentam o mesmo comportamento.
uma pressão individual
sob o recipiente que o III. Elementos químicos diferentes são formados por átomos diferentes
contém e que a pressão que se comportam de maneira desigual quando submetidos a transforma-
total da mistura é a soma ções químicas.
das pressões parciais que
a constitui. Também é IV. As transformações químicas ocorrem porque os átomos de uma substân-
conhecido por daltonismo cia se separam e se juntam novamente numa ordem diferente da inicial,
(nome que se dá à
dificuldade se distinguir as dando origem a novas substâncias.
cores), pois foi o primeiro
cientista a estudar esta
anomalia da qual era
portador.
este fenômeno ela chamou de radioatividade, e os elementos que emitem estes O termo elétron foi
raios foram denominados de radioativos. O fato de que alguns átomos podiam introduzido por George
Johnstone Stoney, em
se desintegrar e emitir espontaneamente radiações de vários tipos fez com que 1874.
Marie Curie sugerisse que o átomo eram constituído de partículas ainda meno-
res, de forma que o modelo de Dalton se tornou totalmente superado.
Experiências adicionais mostram que existiam três tipos de radiação:
radiação alfa (α), constituída de partículas que possuíam carga positiva, radia-
ção beta (β), composta de partículas com carga negativa e com massa menor
que as partículas α, e radiação gama (γ), que não possui carga nem massa Sir Joseph John
detectável e se assemelha aos raios X (altamentee energética e penetrante), Thomson
comportando-se como raios de luz.
A evidência de que o átomo era constituído de partículas menores sur-
giu com o estudo dos efeitos da corrente elétrica em tubos de descargas de
gás (fig.2.2). Estes tubos eram feitos de vidro, totalmente vedados, contendo
em cada extremidade um pedaço de metal que funcionava como eletrodo, e
o ar em seu interior era parcialmente removido.
Observou-se que quando os eletrodos eram submetidos a uma volta-
gem elevada, podia-se observar uma descarga elétrica que fluía do cátodo
(eletrodo negativo) para o ânodo (eletrodo positivo). Experiências posteriores
mostraram que os raios fluíam em linha reta entre os eletrodos e que faziam o
gás dentro do tubo brilhar. Mostrou-se ainda que os raios podiam ser atraídos
por placas metálicas carregadas positivamente e que, quando um anteparo
de sulfeto de zinco fluorescente era colocado entre os eletrodos, observava-
-se pequenas centelhas no lado do anteparo voltado para o cátodo.
Destas observações, concluiu-se que os raios eram produzidos a partir
do eletrodo negativo (cátodo) e, por isso, foram chamados de raios catódicos.
Sugeriu-se ainda que os raios fossem um feixe de partículas (elétrons) carrega-
das negativamente. O elétron foi denominado de partícula elétrica fundamental.
sada e sem carga foi dado o nome de nêutron, cuja massa é um pouco maior
que a do próton. Algumas das propriedades das três principais partículas que
compõem o átomo estão reunidas na tabela 2.1.
Tabela 2.1
3. Propriedades atômicas
3.1. Número atômico
Todos os átomos de um mesmo elemento químico possuem no núcleo o mes-
mo número de prótons, que é chamado de número atômico e representado
pela letra Z. O hidrogênio, o elemento mais simples que se conhece, possui Z
= 1, ou seja, seu número atômico é igual a 1 ou pode-se dizer que o átomo de
hidrogênio possui um único próton no seu núcleo.
3.5. Isótopos
A maioria dos elementos, com exceção do alumínio, do flúor e do fósforo,
é constituída de átomos que possuem o mesmo número de prótons, mas o
número de massas diferente. Estes elementos são chamados de isótopos.
É o número de prótons ou o número atômico de um átomo que identifica que
elemento ele é. Qualquer diferença de massa existente entre átomos de um
mesmo elemento se deve à diferença do número de nêutrons presente no
núcleo. O elemento hidrogênio possui três isótopos que, de tão importantes,
possuem nomes e símbolos diferentes (tabela 2.2). A diferença entre eles é o
número de nêutrons em cada isótopo: o hidrogênio não possui nenhum nêu-
tron em seu núcleo, o deutério possui um e o trítio possui dois nêutrons.
Tabela 2.2
Isótopos do Hidrogênio
Isótopo Símbolo A Z Estabilidade Abundância relativa
Hidrogênio H 1 1 estável 99,895 %
Deutério D 2 1 estável 0,015 %
Trítio T 3 1 radioativo traços
Nº de átomos de
um isótopo
Abundancia Equação 2.1.
X 100%
isotópica = Nº total de átomos de
todos os isótopos
do elemento
Em muitos casos, um ou mais isótopos de um elemento pode ser ra-
O iodo-131(53 prótons e dioativo. Essa propriedade é, muitas vezes, utilizada na medicina, como o
78 nêutrons) é o isótopo iodo-131. O carbono-14, o isótopo radioativo do carbono, é muito utilizado na
radioativo do iodo. É
utilizado em quimioterapia datação arqueológica.
para tratar o câncer da A abundância de cada isótopo (abundância isotópica) é calculada fa-
tireoide. A glândula tireoide
utiliza-se do iodo para zendo a relação entre o número de átomos de cada isótopo e o número total
produzir hormônios. Um de átomos do elemento (equação 2.1).
paciente com câncer na
tireoide deve retirar a A abundância isotópica é sempre dada em percentagem e, às vezes,
glândula, mas, como existe chamada de abundância percentual. Na tabela 2.3, são mostrados alguns
a possibilidade de ainda exemplos de elementos que existem como uma mistura de isótopos e suas
restar parte de tecidos
tireoideano ou células abundâncias percentuais.
cancerígenas, o tratamento Uma vez que o elemento é constituído de átomos com massas diferen-
com o iodo-131 se faz
necessário. As células tes, a massa atômica desse elemento deve ser um valor médio intermediário
remanescentes são ávidas entre as massas de cada isótopo e pode ser calculada pela equação 2.2.
por iodo que se liga a elas e
pode assim irradiar e matar.
estas células canceríginas
por ventura ainda existente.
29
Química Geral I
Note que existe uma diferença entre o número de massa e a massa atômi-
ca de cada elemento. A massa atômica de um elemento é ligeiramente menor que
o número de massa (soma dos prótons e nêutrons) e isso se deve ao chamado
“defeito de massa” que está relacionado à energia que mantém os prótons e
os nêutrons unidos no núcleo do átomo ou, em outras palavras, “a massa que
falta” é convertida na energia que mantém unidas as subpartículas atômicas.
MOL
Na química sempre se procurou uma maneira de expressar as quanti-
dades de partículas que se usa em reações químicas. Uma forma de expres-
sar estas quantidades é através do mol.
A palavra “mol” (do latim moles, que significa monte ou pilha) foi usada
pela primeira vez, em 1896, por Friedrich Wilhelm Ostwald (1853-1932). O
mol pode ser definido como a quantidade de substância que possui um nú-
mero de partículas (átomos, moléculas, íons) igual ao número de átomos pre-
sente em exatamente 12 gramas do isótopo de carbono-12. O mol é a unidade
do SI para medir a quantidade de substância.
As experiências, ao longo de muitos anos, estabeleceram que o núme-
ro de átomos presente em 12 g de carbono –12 é igual a 6,02214199 x 1023.
Este número, conhecido como número de Avogrado, representa a quantidade
de um mol. Assim:
30 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
O valor 6,02214199 x 1023 • 1 mol de átomos de ferro = 6,02214199 x 1023 átomos de ferro
é chamado de número de
Avogrado em homenagem • 1 mol de moléculas de H2O = 6,02214199 x 1023 moléculas de H2O
a Amedeo Avogrado (1776- Resumindo,
1856), advogado e físico
italiano, que concebeu • 1 mol = 6,02214199 x 1023 partículas
a ideia de que um mol
teria o mesmo número de
partículas, não importando 3.6. Massa molar
a substância, mas nunca
Massa molar é a massa em gramas de um mol de qualquer elemento quími-
conseguiu encontrar este
número. co. A massa molar é simbolizada por MM e sua unidade é gramas por mol
(g/mol). Para qualquer elemento, a massa molar é numericamente igual a
sua massa atômica.
A massa molar do cálcio, por exemplo, é 40,08g/mol que é igual à mas-
sa de 6,02214199 x 1023 átomos de cálcio que, por sua vez, é igual à massa
de um mol de cálcio.
Velocidade. No vácuo
a velocidade da luz
visível e de todas
as outras formas de
radiação eletromagnética
é constante e igual a
2,99792458 x 108 m.s-1.
A velocidade da luz que
atravessa uma substância
qualquer depende da
constituição química
desta substância e do
comprimento de onda da
luz que a atravessa.
/\
Constante de Planck = 6,62606876 x 10-34 J.s
1 1 1 (equação 2.5)
= R - quando n>2
λ 22 n2
Nesta equação, R é a constante de Rydberg e tem valor 1,0974 x 107
m-1, e n é um número inteiro. Para o hidrogênio, n (mais tarde conhecido
como número quântico principal) assume os valores 3, 4 e 5. Este grupo de
linhas e as linhas obtidas quando n = 6, 7 e 8 para outros elementos, é cha-
mada de série de Balmer.
No início do século XX, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962)
sugeriu que o modelo mais simples para o átomo de hidrogênio era aquele
em que o elétron move-se ao redor do núcleo positivo em uma órbita circular.
No entanto, o elétron só poderia ocupar determinadas órbitas ou níveis de
energia, nos quais ele é estável ou, em outras palavras, Bohr sugeriu que a
energia do elétron dependia da órbita que ele descrevia em torno do núcleo.
Cada órbita recebeu um número inteiro representado pela letra n e cha-
mado de número quântico principal. De acordo com Bohr, a energia potencial
do único elétron do hidrogênio poderia ser calculada pela equação 2.6. Quan-
do n = 1, diz-se que o átomo de hidrogênio está no estado fundamental ou no
estado de mais baixa energia ou, ainda, que possui energia mais negativa. Se
n for maior que 1, então o átomo de hidrogênio encontra-se no estado excita-
do ou no estado de energia mais elevado.
35
Química Geral I
constante de Plank
Constante de Rydberg
1 1
Δ E = -1.312 -
22 12
4. Números quânticos
núcleo 4.1. Número quântico principal
Representado pela letra n, indica a camada ou o nível de ener-
gia em que se encontra o elétron. A eletrosfera (região do espa-
ço que recobre o núcleo e onde se encontra os elétrons) pode
K L M N O P Q
ser composta de vários níveis de energias ou camadas, sendo
que, atualmente, somente sete são consideradas importantes.
n = 1 2 3 4 5 6 7 Estas camadas são representadas pelas letras K, L, M, N, O,
P e Q. A cada camada corresponde um valor de n (fig. 2.14). A
Figura 2.14 – Camadas eletrônicas de um átomo. energia do elétron depende somente do valor de n.
37
Química Geral I
z z
A forma dos orbitais é obtida por equações matemáticas que de-
pendem do valor de Ψ, e cujas resoluções estão além do objetivo des-
x x te livro. No momento, o importante é conhecer as diversas formas des-
tes orbitais e suas orientações no espaço. Cabe ainda ressaltar que a
y y densidade eletrônica não é a mesma em todo o orbital. A probabilidade
1s 2s de se encontrar um elétron é maior na região do orbital mais próximo
Figura 2.15 – a. Orbital 1s. b. Orbital 2s. do núcleo e diminui à medida que a extensão orbital se distancia do
núcleo. Os orbitais podem ainda se interpenetrar uns nos outros.
Orbital do tipo S
Os orbitais do subnível s possuem forma esférica (fig. 2.15), tendo no
centro o núcleo do átomo. Seu tamanho varia de acordo com o valor do nú-
mero quântico principal. Quanto maior o valor de n, maior será o orbital s. O
mesmo vale para todos os tipos de orbitais.
Orbital do tipo p
Estes orbitais apresentam um plano nodal, ou seja, um plano imaginá-
rio que passa através do núcleo e divide a região de densidade eletrônica ao
meio. O número de planos nodais é igual ao valor de número quântico se-
cundário l. A probabilidade de se encontrar um elétron na superfície do pla-
no nodal é zero. O subnível p apresenta três orbitais do tipo p com mesma
energia e forma de um “alteres”. Cada orbital p está direcionado no espaço
em relação a um dos eixos cartesianos e são muitas vezes denominados de
px, py e pz (Fig. 2.16).
Orbital do tipo d
Os orbitais d apresentam dois planos nodais (l = 2), o que resulta na
divisão da densidade eletrônica deste orbital em quatro regiões, com exceção
do orbital dz2, como mostrados na figura 2.17. O subnível d é composto por
cinco orbitais d, mas estes não possuem a mesma energia: Os orbitais dz2 e
dx2- y2 possuem energia mais elevada que os orbitais dxy , dxz e dyz.
39
Química Geral I
Orbital do tipo F
O subnível f possui sete orbitais, sendo que cada um apresenta três
planos nodais (l = 3), o que equivale dizer que cada orbital possui oito regiões
de densidade eletrônica (figura 2.18).
5B
1s 2s 2px 2py 2pz
Figura 2.20 – Digrama de linhas para a distribuição eletrônica do átomo de boro.
Síntese do Capítulo
Para desenvolver o que chamamos hoje de teoria atômica, foram ne-
cessários anos de trabalho, diversos experimentos e o envolvimento de vários
cientistas. Apesar da primeira teoria sobre a constituição da matéria ter sido
postulada por Leucipo e Demócrito (século V a. C.), somente nos últimos três
séculos é que a teoria atômica se desenvolveu através do modelo de Dalton,
do átomo esférico indivisível, do modelo de “pudim de passas” de Thomson,
43
Química Geral I
Exercícios Resolvidos
1. Qual o peso do núcleo de um átomo de bromo, sabendo-se que ele possui
35 prótons e 45 nêutrons?
Resolução:
A massa do núcleo do átomo de bromo pode ser calculada somando-se
as massas de todos os prótons e de todos os nêutrons que constituem o
núcleo.
massa dos prótons = massa de um próton x número de prótons
massa dos prótons = 1,672622 x 10-24g x 35 = 5,854177 x 10-23g
massa do núcleo = soma da massa dos prótons + soma das massas dos nêutrons
Atividades de avaliação
1. Liste todos os elementos químicos radioativos conhecidos. Quais são en-
contrados na natureza? Quais são sintéticos?
2. Faça uma pesquisa sobre os tubos de imagem de aparelhos de televisão.
Como eles funcionam?
3. Calcule a massa do átomo de sódio (Na) que possui 11 prótons, 12 nêu-
trons e 11 elétrons. A massa do elétron pode ser considerada desprezível
quando se calcula a massa de um átomo? Por quê?
4. Construa um esquema do experimento de Rutherford, conforme a figura
2.7. Siga os passos:
1. Utilize uma caixa de papelão pequena (pode ser de creme cosméti-
co) e faça um pequeno furo em uma das laterais;
2. Coloque uma bolinha de gude (representando o polônio) dentro da
caixa. Esta será a fonte de radiação;
3. Cole a caixa a dez cm da extremidade de uma folha de isopor;
4. Recorte uma faixa de papel (cartolina ou dupla face) com cerca de
10 cm de largura e dobre conforme a figura 2.7. Esta faixa irá repre-
sentar o anteparo;
5. Cole, no meio do anteparo, uma folha de papel cartolina amarela
(10 x 10 cm) com pequenos furos em toda a sua extensão. Esta
folha de papel exemplificará a folha de ouro;
6. Mostre, utilizando canudos de refrigerante ou arame, como os raios α se
comportam. Uns, atravessando os orifícios no papel cartolina em linha
reta ao anteparo; outros, sofrendo desvios, e outros retornando à caixa;
7. Use este modelo para explicar o experimento e as conclusões de
Rutherford.
5. Quantos átomos de alumínio existem em 0,85 mol de alumínio?
6. Quantos mols representam 5,1226 x 1018 moléculas de amônia ?
7. Calcule a massa do magnésio sabendo que o mesmo é constituído de três
isótopos: 78,99% de Mg-24(massa isotópica = 23,9850 uma), 10,00 % de
Mg-25 (massa isotópica = 24,9858 uma) e 11,01% de Mg-26 (massa isotó-
pica = 25,9826 uma).
8. Qual a massa em gramas de 2,85 mol de cobre?
9. Quantos mols representam 17,95 gramas de alumínio?
10. Qual a energia de uma radiação que viaja pelo espaço a uma frequência
de 2 m/s ?
45
Química Geral I
Referências
BRADY J. E., HUMISTON, G. E. Química Geral. Vol. 1, 2ª ed. São Paulo:
LTC, 1986.
KOTZ, J.C., TREICHEL Jr, Paul M. Química Geral e Reações Químicas,
v.1, 5ª ed. São Paulo: Thompson Pioneira, 2005.
MARTINS, J. B. A história do átomo de Demócrito aos quarks. 1ª ed., Rio
de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2002.
Capítulo 3
Tabela periódica
e suas propriedades
49
Química Geral I
Objetivo
• Conhecer como surgiu e se desenvolveu a tabela periódica dos elementos
químicos; Ser capaz de descrever a tabela periódica atual; Ter noções das
principais propriedades periódicas apresentadas pelos elementos químicos.
Introdução
Alguns elementos químicos, como o ouro e a prata, já eram conhecidos desde
a antiguidade. Relatos sobre o uso destes elementos podem ser encontrados
tanto em livros de história e documentos históricos, como na Bíblia e em ou-
tros livros de cunho religioso. Mas a maior parte dos elementos químicos foi
descoberta entre 1669 e 1843 por diversos cientistas. Alguns elementos foram
e ainda são sintetizados pelo homem, sendo em grande maioria radioativos.
Um dos grandes desafios para os químicos era ordenar esses elementos de
tal forma que essa ordenação refletisse as tendências das propriedades quí-
micas e físicas e possibilitasse fazer previsões sobre elementos ainda não
descobertos. Durante o século XIX e o início do século XX, muitos cientistas
tentaram organizar estes elementos de forma ordenada. O trabalho destes
pesquisadores resultou na tabela periódica que hoje conhecemos e adota-
mos em nossos livros. Ao se estudar a tabela periódica, estuda-se também as
propriedades periódicas associadas a ela, como o tamanho dos átomos dos
elementos químicos ou a capacidade de um elemento químico doar ou rece-
ber elétrons de outro elemento químico e, ainda, como estas propriedades
podem afetar estes elementos químicos quando em uma reação com outro
elemento químico.
Além de Newlands, outro ner encontrou mais dois grupos de elementos químicos que apresentavam
cientista, o químico
as mesmas propriedades químicas e o peso atômico do elemento do meio
francês Alexandre de
Chancourtois (1820- praticamente igual à média dos pesos atômicos do primeiro e último elemento
1886), tentou organizar (figura 3.1). Um destes grupos compreendia o cálcio, o estrôncio e o bário
os elementos químicos
em ordem crescente de
e outro, os elementos: enxofre, selênio e telúrio. Como cada grupo possuía
massa, construindo um apenas três elementos, estes grupos eram conhecidos como tríades. Döbe-
cilindro no qual desenhou reiner tentou encontrar o mesmo padrão entre os demais elementos químicos
uma curva helicoidal que
dividia o cilindro em 16 conhecidos, mas não obteve sucesso, de forma que sua lei das tríades foi
partes e sobre esta curva abandonada.
colocou os elementos em
ordem crescente de pesos Elemento químico Peso atômico
atômicos. Os elementos de CLORO 35,45 X = 126,90 + 35,45 = 81,17
propriedades semelhantes BROMO X 2
ficavam em uma linha
IODO 126,90
vertical traçada na direção
Obs.: O peso atômico aceito para o bromo é 79,904 g/mol Figura 3.1. Cálculo do peso atômico do bromo a partir
transversal à curva. Este da média dos pesos atômicos do cloro e do iodo.
modelo ficou conhecido
como Parafuso de
Chancourtois. As ideias de 1.2. Segunda tentativa: as oitavas de Newlands
Newlands e Chancourtois
Na segunda metade do século XIX, em 1864, o químico inglês, John Alexan-
apresentavam erros devido,
principalmente, a valores der Reina Newlands (1837-1898), propôs uma nova maneira de se organizar
de massas conhecidas os elementos químicos conhecidos. Ele ordenou os elementos químicos que
dos elementos químicos
que, como se verificou
apresentavam propriedades semelhantes, em grupos horizontais contendo
posteriormente, muitas sete elementos cada, em ordem crescente de massas, de modo que o oitavo
delas estavam incorretas. elemento possuía propriedades semelhantes ao primeiro elemento do grupo
anterior, o nono elemento apresentava as mesmas propriedades do segundo,
e assim por diante (figura 3.2). Desse modo, o sódio, por exemplo, mostrava
as mesmas propriedades do lítio e, portanto, eram colocados juntos. Newlan-
ds deu o nome de “Lei das oitavas” a esta repetição de propriedades em ana-
logia às setes notas musicais. Apesar de seu trabalho ter sido desprezado por
seus colegas da Sociedade de Química de Londres, Newlands obteve reco-
nhecimento duas décadas depois como precursor das idéias de Mendeleev.
H
Li Be B C N O F
Na Mg Al Si P S Cl
Até o início do século
K Ca Cr Ti Mn Fe Co, Ni
XIX, eram conhecidos 54 Cu Zn Y In As Se Br
elementos químicos. As Rb Sr La, Ce Zr Nb, Mo Ru, Rh Pd
massas destes elementos Ag Cd U Sn Sb Te I
eram conhecidas e Cs Ba,V
foram elaboradas por
John Dalton. Esta lista Figura 3.2 – Organização dos elementos químicos segundo Newlands em sua “lei das
de massas possuía oitavas”
diversos erros que foram
posteriormente corrigidos
por outros cientistas.
51
Química Geral I
Em 2005, uma nova tabela periódica (figura 3.7) foi sugerida pelo
botânico inglês Philip Stewart. Nessa tabela em forma de galáxia, é
possível colocar os elementos do grupo dos actinídeos e lantanídeos
juntamente com os outros elementos e não separados, como na tabela
que nós adotamos. Além disso, a galáxia é em forma de espiral, os no-
vos elementos descobertos ou sintetizados podem ser alocados facil-
mente. Esta nova versão da tabela periódica já é utilizada nas escolas
britânicas e em algumas escolas dos Estados Unidos, mas ainda não
há previsão de seu uso no Brasil.
4f
5f
3. Propriedades periódicas
A partir da distribuição dos elementos químicos na ordem crescente de Z, os
químicos observaram que as semelhanças nas propriedades dos elementos
eram resultantes da semelhança entre as configurações eletrônicas das ca-
madas de valência. Desta forma, as chamadas propriedades periódicas são
aquelas que tendem a aumentar ou diminuir razoavelmente com o aumento
de Z ao longo dos períodos e dos grupos.
Os valores tabelados
estão em Å (angstrÖm), que tende a aumentar a força atrativa sobre os elétrons mais externos. Nos
que embora não seja uma grupos, o raio atômico, cresce de cima para baixo, pois à medida que o nú-
unidade do sistema SI,
é bastante utilizada na
mero atômico (Z) aumenta juntamente com o número quântico principal (n),
química. 1Å = 10-10 m e o tamanho dos orbitais dos elétrons mais externos aumenta e estes passam
1pm (picômetro) = 10-12 m. mais tempo afastados do núcleo (figura 3.9).
Portanto, 1Å = 100 pm.
d
d
d = 154 pm
d = 198 pm
r = d/2 = 77 pm
r = d/2 = 99 pm
C Cl
d
d = 176 pm (77 + 99 pm)
O2-
Be2+
Be, r = 90 pm O, r = 73 pm
Be2+, r = 31 pm Be
O2-, r = 140 pm
O
Mg2+ S2-
Mg, r = 130 pm S, r = 102 pm
Mg2+, r = 66 pm S2-, r = 184 pm
Mg
S
Síntese do Capítulo
Alguns elementos químicos já eram conhecidos e utilizados pelo homem desde
a antiguidade, mas somente a partir do século XVII, os elementos químicos
passaram a ser descobertos por métodos científicos. Durante muitos anos,
muitos cientistas se empenharam em ordenar estes elementos em grupos e
tabelas. Os trabalhos de Chancourtois e Newlands, que tentaram organizar
os elementos com base em suas massas atômicas e suas propriedades físi-
cas e químicas, foram de fundamental importância, pois foram precursores do
trabalho de Meendeleev, considerado o pai da tabela periódica. Mendeleev
não só organizou todos os elementos químicos até então conhecidos, como
também previu a descoberta de novos elementos, confirmados posteriormente.
A tabela de Mendeleev também era baseada na massa atômica, o que levava
a alguns erros que depois foram corrigidos por Moseley que percebeu que as
propriedades dos elementos dependiam de seu número atômico, e não da sua
massa. A tabela periódica atual possui dezoito colunas chamadas de grupos ou
famílias onde os elementos químicos apresentam propriedades semelhantes
e sete linhas chamadas de períodos. As propriedades químicas e físicas dos
elementos variam de forma periódica de período a outro, por isso são chamadas
de propriedades periódicas. Estas propriedades estão relacionadas principal-
mente com os elétrons da última camada do átomo (elétrons de valência):
tamanho, energia de ionização e afinidade eletrônica.
Atividades de avaliação
1. Calcule a Zef para os elétrons de valência do Mg e do F. Pesquise e com-
pare os seus resultados com os dados experimentais da literatura.
2. Verifique se as espécies Cl-, S2-, K+ e Ca2+ constituem uma série isoeletrôni-
ca e coloque-as na ordem crescente de tamanho.
3. Pesquise quais são os principais metais tóxicos e os problemas causados por eles.
4. A chuva ácida, que é um dos principais problemas ambientais em muitas
partes do mundo, é resultado da reação de óxidos não-metálicos com a
água atmosférica. Mostre as reações envolvidas na formação da chuva
ácida e aponte os principais problemas causados por ela.
5. Pesquise como se dá a formação do ozônio na alta atmosfera e como se
dá a degradação deste gás pelos chamados CFCs. Como está atualmente
o estado da camada de ozônio do nosso planeta e qual a sua importância?
65
Química Geral I
6. O cloro reage prontamente com água para formar o ácido hipocloroso que
funciona como um agente desinfetante de águas de piscinas. Mostre a
equação desta reação e diga os principais cuidados que se deve ter ao
adicionar este agente desinfetante em piscinas.
7. Que metal exerce
m papel muito importante nas trocas bioquímicas dos gases (O2 e CO2)?
8. Que doença a carência desse metal provoca no homem?
9. Pesquise e descreva sucintamente como esse metal exerce seu papel bioquímico.
10. A tabela periódica foi, ao longo de sua construção, uma importante fer-
ramenta para os químicos e profissionais de áreas afins. Mostre como a
tabela atual está estruturada e cite as principais propriedades periódicas.
11. O que você entende pelo termo carga nuclear efetiva? Como a carga
nuclear efetiva sofrida pelos elétrons de valência de um átomo varia na
tabela periódica? Justifique sua resposta.
12. Calcule a carga nuclear efetiva para o cálcio e para o bromo.
13. Coloque os seguintes átomos em ordem decrescente de carga nuclear
efetiva exercida nos elétrons do nível eletrônico n = 3: K, Mg, P, Rh e Ti.
Justifique sua resposta.
14. De que forma o tamanho dos átomos varia na tabela periódica?
15. Coloque os seguintes átomos em ordem crescente de raio atômico: F, P,
S e As. Justifique sua resposta.
16. Coloque cada conjunto de átomos em ordem crescente de tamanho atômico:
a) Cs, K, Rb b) In, Te, Sn c) P, Cl, Sr
17. Explique as seguintes variações nos raios atômicos ou iônicos:
a) Ca2+ > Mg2+ > Be2+ b) Fe > Fe2+ > Fe3+ c) I- > I > I+
18. Avalie as seguintes esferas abaixo:
Diga qual poderia representar o Ca, qual poderia representar o Ca2+ e qual
representaria o Mg2+? Justifique.
19. O que é uma série isoeletrônica? Qual átomo neutro é isoeletrônico com
cada um dos seguintes íons?
a) Cl- b) Se2 c) Mg2+
20. O que significam os termos: primeira energia de ionização e segunda
energia de ionização? De que forma a primeira energia de ionização dos
átomos varia na tabela periódica?
66 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
Objetivo
• Definir matéria e saber como ela se transforma; Classificar os diversos ti-
pos de matéria; Conhecer os diversos tipos de misturas e os principais
métodos de separação; Ter noção de energia, conhecer suas diferentes
formas e o princípio de conservação de energia.
Introdução
Matéria (do latim materia) é o termo usado para definir qualquer coisa que
possui massa e ocupa lugar no espaço. Assim, tudo o que nós vemos ou toca-
mos é matéria. Tudo o que existe é matéria. A uma porção limitada da matéria,
damos o nome de corpo, e ao corpo que possui uma utilidade chamamos de
objeto. A matéria é constituída de átomos que, por sua vez, podem se agregar
e formar substâncias elementares ou compostos complexos ou ainda uma
mistura de compostos.
A matéria pode existir em três estados de agregação dependendo da
temperatura e da pressão as quais se submete um corpo: o estado sólido,
quando as partículas elementares se encontram fortemente ligadas, e o corpo
possui tanto forma quanto volume definidos; o estado líquido, no qual as par-
tículas elementares estão unidas mais fracamente do que no estado sólido e
no qual o corpo possui apenas volume definido; e o estado gasoso, no qual
as partículas elementares encontram-se fracamente ligadas, não tendo o cor-
po nem forma nem volume definidos.
A matéria pode sofrer diversas transformações, tanto físicas, como a
mudança de um liquido para o estado gasoso, quanto químicas, quando uma
substância pode ser transformada ou degradada em outras.
Como a matéria é constituída de átomos, e estes, por sua vez, consti-
tuídos de partículas subatômicas com energia, pode-se dizer que, à matéria,
está associada uma certa quantidade de energia. A energia pode ter diversas
formas, mas a mais conhecida é a energia térmica, chamada comumente de
calor e que não deve ser confundida com temperatura. Esta e outras formas
de energia são conservadas durante as transformações físicas e químicas a
que a matéria pode ser submetida.
70 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
Considera-se que, no
zero absoluto, os átomos de ebulição da água. Com exceção dos Estados Unidos, esta escala é utiliza-
e as moléculas de uma da na maioria dos países e no meio científico.
substância possuem
energia cinética zero ou, A escala Fahrenheit foi criada pelo físico alemão Gabriel Fahrenheit
em outras palavras, não (1686-1736) que definiu o zero (0oF), como o ponto de congelamento de uma
possuem movimento.
solução contendo água e sal, e cem (100oF), como a temperatura normal do
corpo humano. Pela escala Fahrenheit, a água se funde a 32oF e entra em
ebulição a 212oF.
T(°C)entre
A conversão de temperatura = [T(°F)-32] / 1,8Celsius e Fahrenheit
as unidades
pode ser feita pelas equações abaixo:
T(°C) = [T(°F)-32] / 1,8 ou T(°F) =T(°C) x 1,8 + 32
Tanto a escala Celsius quanto a escala Fahrenheit podem utilizar
T(°F) =T(°C)
números x 1,8 William
negativos. + 32 Thomson, conhecido como Lord Kelvin, foi o
primeiro a propor uma escala de temperatura que utilizasse somente números
positivos. Nesta escala, o zero (0 K) é chamado de zero absoluto e equivale a
–273,15oC. As escalas Celsius e Kelvin possuem unidades do mesmo tama-
nho, assim a conversão de uma T(K) = T(°C) +em
temperatura 273,15
Celsius a graus Kelvin é feita
apenas somando esta temperatura a 273,15.
T(K) = T(°C) + 273,15 ou T(°C) =T(K) - 273,15
Na escala Kelvin, portanto, o ponto de fusão da água é 273,15 K, e o
T(°C)de
ponto =T(K) - 273,15
ebulição, 373,15 K. Note que a escala Kelvin não usa o símbolo de
grau (°). Esta escala é usada como padrão internacional em ciência.
Muitas propriedades físicas da matéria são influenciadas pela tempera-
tura. Por exemplo: dependendo da temperatura em que a água se encontra,
sua densidade pode variar, mesmo que em pequena extensão, como pode-
mos ver na tabela 4.2.
Tabela 4.2.
3. Classificação da matéria
Os compostos químicos podem se apresentar como substâncias puras ou
como misturas de substâncias.
As substâncias puras apresentam duas características:
I – Apresentam um conjunto de propriedades únicas pelas quais elas
podem ser reconhecidas. O etanol ou álcool etílico é incolor, possui odor ca-
racterístico, se funde a –114,3°C e evapora a 78,4°C. Nenhuma outra subs-
tância irá apresentar as mesmas propriedades físicas e químicas do etanol.
75
Química Geral I
II – Não podem ser separadas em duas ou mais substâncias por ne- A decantação de uma
mistura sólido-líquida
nhum método físico. A água (H2O), por exemplo, só pode ser decomposta por
pode ser acelerada
métodos químicos, como a eletrólise. através da centrifugação.
Nesse método, utiliza-se
As misturas podem ainda ser classificadas em mistura homogênea e
um aparelho chamado
mistura heterogênea. Quando uma mistura é totalmente uniforme, ou seja, de centrífuga. Neste
apresenta uma única fase em que seus componentes não podem ser obser- equipamento, devido aos
movimentos de rotação,
vados e a composição é a mesma em qualquer porção da mistura, diz-se as partículas com maior
que a mistura é homogênea. As misturas homogêneas são frequentemente densidade são “atiradas”
chamadas de soluções. A mistura álcool e água e ar atmosférico são exem- para o fundo do recipiente
geralmente um tubo de
plos de misturas homogêneas. Algumas substâncias, à primeira vista, pare- ensaio.
cem ser uma mistura homogênea, como o sangue humano, no entanto, sob
um microscópio, verifica-se que ele é composto de diversos materiais orgâni-
cos, como células brancas e vermelhas. Sob o
microscópio, o sangue humano é, na verdade,
uma mistura heterogênea.
Uma mistura heterogênea é caracterizada
por apresentar duas ou mais fases distintas, ou
seja, é possível a olho nu observar seus compo-
nentes. A composição não é a mesma em todas
as partes da mistura. Como exemplo, podemos
citar a mistura água e óleo, que forma duas fases
Figura 4.7 – Misturas homogêneas e heterogêneas.
distintas (figura 4.7).
6. Calor e temperaura
Calor e temperatura, portanto, são termos com significados diferentes. A
temperatura mede a intensidade dos movimentos das partículas que consti-
tuem um corpo. Quanto maior o movimento, maior a temperatura. Já o calor
corresponde à transferência de energia térmica entre dois corpos.
A energia térmica (e o calor) medem-se em unidade de energia deno-
minada de Joule no sistema SI, mas comumente usa-se caloria. A definição
de caloria é a quantidade de calor (energia) necessária para elevar em 1
grau Celsius, 1 grama de água.
1 cal = 4,186J
Como vimos anteriormente na seção 3.2, a temperatura é medida geral-
mente em graus Celsius e Kelvin. A transferência de calor ocorre sempre de
um objeto mais quente (com maior temperatura) para um objeto mais frio (com
menor temperatura). Esta transferência continua até que ocorra um equilíbrio
térmico entre os dois objetos. A quantidade de calor perdida pelo objeto mais
quente é numericamente igual à quantidade de calor ganho pelo objeto mais
78 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
Nos rótulos dos alimentos, frio, como requerido pela lei da conservação da energia.
encontra-se uma tabela
de informação nutricional Muitas reações químicas liberam para o ambiente energia na forma de
por porção do alimento. calor. A estes processos, damos o nome de exotérmico. Outras reações reti-
Nesta tabela, o primeiro ram calor do ambiente, estas reações são chamadas de endotérmicas.
item é o valor energético
da referida porção. Este A quantidade de calor transferido de um objeto mais quente para outro
valor é dado geralmente em mais frio depende de três fatores:
kilocaloria (kcal = 1.000 cal)
ou kilojoule (kJ = 1.000 J) • A quantidade de material.
e equivale à quantidade de • A magnitude da diferença de temperatura entre os dois objetos.
energia liberada quando o
alimento é metabolizado. • A identidade do material que ganha e a identidade do material que perde calor.
Nos Estados Unidos, usa-
se o Cal (caloria nutricional)
Uma propriedade que leva em consideração todos estes parâmetros é
que equivale a 1000 cal ou a capacidade calorífica específica (C), também chamada de calor específico,
1 kcal. que é definida pela quantidade de calor necessária para aumentar em um
kelvin a temperatura de 1 grama de uma substância. A unidade utilizada para
calor específico é joule por grama por kelvin (J/g.K). A quantidade de calor
transferida ou recebida pode ser calculada pela equação abaixo:
q = C . m . ∆T
Na equação, q é a quantidade de calor transferida ou recebida, C é o calor
específico do objeto em estudo, m é a massa do objeto mais quente ou do objeto
mais frio, e T é a variação de temperatura em kelvin do objeto em observação.
Quando o valor de q é negativo, isso significa que o calor foi transferido do
objeto para o ambiente e o processo é exotérmico. Quando, ao contrário, o valor
de q é positivo, isso indica que o objeto retirou calor do ambiente e o processo
é endotérmico. O sinal + ou – indica apenas a direção da transferência de calor,
pois o calor, que representa uma quantidade de energia, não pode ser negativo.
Algumas substâncias apresentam maior capacidade calorífica que ou-
tras. Alguns exemplos estão reunidos na tabela 4.2. Quanto maior for o calor
específico e a massa de uma substância, maior é a quantidade de energia
térmica que uma substância pode armazenar.
Tabela 4.2.
Síntese do Capítulo
A matéria é constituída de partículas (átomos, íons ou moléculas) podendo for-
mar substâncias elementares (formadas por um único tipo de elemento quími-
co) ou compostos, formados por dois ou mais elementos químicos, em uma
composição percentual fixa. As substâncias possuem diversas propriedades fí-
sicas, como ponto de fusão, ponto de ebulição e densidade, que podem ser uti-
lizadas para diferenciar uma substância de outra. Dependendo da temperatura
e da pressão, as substâncias podem se apresentar em três estados da matéria,
caracterizados pelo rearranjo e pela energia cinética das partículas que cons-
tituem a substância: estado sólido (partículas rearranjadas de forma regular e
pouca energia cinética), estado líquido (partículas rearranjadas de forma aleató-
ria e energia cinética intermediária) e o estado gasoso em que as partículas en-
contram-se distantes umas das outras e possuem energia cinética elevada. As
substâncias podem ser misturadas formando soluções (misturas homogêneas),
como o vinho; e misturas heterogêneas com fases distintas visíveis a olho nu,
como a mistura água e óleo. Vários métodos podem ser utilizados para separar
80 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
Exercícios Resolvidos
1. A reação entre o gás nitrogênio e o gás hidrogênio para formar amônia
ocorre pela reação abaixo:
N2 (g) + 3 H2 (g) 2 NH3 (g) ΔH = - 91,8 KJ
A reação é exotérmica ou endotérmica? Qual o valor da variação de
entalpia quando 56 g de gás nitrogênio são colocados para reagir com o hi-
drogênio?
Solução:
Um valor negativo para ∆H indica que a reação é exotérmica. Pela rea-
ção, a formação da amônia a partir de 1 mol de nitrogênio (28,0 g) libera 91,8
KJ de energia ou tem uma variação de entalpia de 91,8 KJ. Deseja-se saber
que quantidade de energia será liberada quando 56 g de N2 reagir. Inicial-
mente devemos calcular a quantidade de mols de N2 correspondente a 54 g
através de uma regra de três simples.
1 mol de N2 28 g de N2 1 mol de N2 56 g de N2
x =
x mol de N2 56 g de N2 28 g de N2
x = 2 mol
27.000 J
ΔT = = 415,38 K
0,13 J/g.K x 500g
Achado o valor de ∆T, deve-se convertê-lo para °C ou converter 35°C
em K. Seguindo-se a primeira opção, 415,38 K corresponde a 142,23 °C.
Sabe-se que ∆T = Tfinal – Tinicial. O que se deseja calcular é a temperatura
final. Substituindo-se os valores de temperatura nesta equação
142,23 = Tfinal - 35
Tfinal = 142,23 + 35 = 117,23 °C
Atividades de avaliação
1. Pesquise: Qual a composição percentual da pirita de ferro e do gesso?
2. Quem tem maior massa: 24 mL de mercúrio (d = 13,534 g/mL) ou 26 cm3
de chumbo (11,35 g/cm3)?
3. O ponto de ebulição do etanol (CH3CH2OH) é 78,4°C. Qual é esta tempe-
ratura em °F e em graus Kelvin?
4. A temperatura média em Fortaleza fica em torno de 303,15 K. Qual é esta
temperatura em °F?
5. Pesquise. O mercúrio é um metal líquido na nossa temperatura ambiente.
Em quais temperaturas ele seria sólido e gasoso?
6. O leite bovino é uma mistura homogênea ou heterogênea? Justifique.
7. Dê exemplos de misturas homogêneas e heterogêneas que você pode en-
contrar no cotidiano.
8. Pesquise.
a) Quais os processos de separação de misturas que você utiliza no seu
cotidiano?
b) É possível usar o processo de filtração para separar uma mistura sóli-
do-gás? Caso seja possível, dê exemplo.
c) O que é destilação fracionada? Descreva o processo.
d) Que outros métodos de separação podem ser utilizados para separar
misturas heterogêneas?
e) Que método de separação pode ser utilizado para separar soluções
gás-gás? Dê exemplo.
82 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
Objetivo
• Compreender as diferenças básicas entre as ligações iônicas, covalente e
covalente coordenada; Escrever estruturas de Lewis para moléculas sim-
ples; Compreender a teoria da hibridização; Compreender os motivos que
levam as moléculas a terem diferentes geometrias; Compreender as dife-
renças dos diversos tipos de interação entre as moléculas.
Introdução
As propriedades exibidas pelas substâncias químicas dependem da sua estru-
tura, ou seja, dependem da maneira como os átomos dos elementos que as
constituem estão arranjados no espaço e dependem, também, do tipo de liga-
ção que mantém estes átomos unidos. Sabe-se que as ligações químicas en-
volvem geralmente os elétrons mais externos do átomo, chamados elétrons de
valência. Tanto as ligações químicas como os elétrons, que não participam des-
tas ligações, influenciam na geometria das moléculas das substâncias químicas
e, dependendo da geometria e do tipo de ligação em um composto químico, as
partículas que o constituem podem apresentar diversos tipos de interação entre
si e, consequentemente, propriedades químicas e físicas diferentes.
1. Elétrons de valência
Antes de iniciarmos nossa discussão sobre ligações químicas, vamos analisar o
tipo de elétron envolvido nestas ligações. O átomo possui dois tipos de elétrons:
os elétrons das camadas internas, que não participam de reações químicas, e
os elétrons da camada mais externa, chamados elétrons de valência. Estes
últimos são os que determinam as propriedades químicas do elemento quími-
co, pois as reações químicas das quais o elemento químico participa envolve a
perda, o ganho ou o rearranjo dos elétrons de valência de seus átomos.
Nos elementos do grupo principal (grupos 1A a 8A), também chamado
de grupo principal, os elétrons de valência pertencem aos subníveis s e p.
Quando um elemento possui o subnível d totalmente preenchido, os elétrons
deste subnível são considerados elétrons de camada interna, como é o caso
do arsênio (grupo 5A) cuja configuração eletrônica se encontra a seguir.
33
As 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p3
88 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
Tabela 5.1.
2. Estrutura de Lewis
Os elétrons de valência de um átomo são representados através das estrutu-
ras de Lewis ou dos símbolos de Lewis. Nesta estrutura, o núcleo do átomo é
representado pelo seu símbolo. Os elétrons de valência representados por um
ponto são colocados ao redor do símbolo, um de cada vez até o total de quatro.
H Be B C
Quando o átomo possui cinco ou mais elétrons de valência, os elétrons
excedentes são colocados ao lado dos quatros já existentes formando pares.
N O F Ne
89
Química Geral I
De acordo com os símbolos de Lewis, um átomo pode acomodar até O átomo de hélio possui
apenas dois elétrons em
quatro pares de elétrons em sua última camada, num total de oito elétrons,
um orbital s, portanto
chamado de octeto de elétrons. Isto é válido para os elementos do grupo não possui um octeto de
principal. Os gases nobres, como o neônio (Ne), apresentam um octeto de elétrons na última camada.
No entanto, o gás hélio
elétrons de valência. Como os gases hélio, neônio e argônio são não reati- é inerte, de forma que se
vos, e os outros gases do grupo 8A têm reatividade extremamente limitada, considera que ele seja
considera-se que estes elementos possuem configuração eletrônica estável estável e siga a regra do
octeto.
e que, portanto, toda espécie química que possua oito elétrons de valência,
ou seja, tenha configuração eletrônica semelhante do gás nobre, é também
estável, o que é conhecido como regra do octeto.
Comparando-se a configuração eletrônica dos gases nobres com as
configurações eletrônicas dos demais elementos da tabela periódica, verifica-
-se que os últimos não possuem a mesma estabilidade apresentada pelos
elementos do grupo 8A. A forma encontrada por esses elementos para que Gilbert Newton Lewis
adquiram a mesma estabilidade de um gás nobre é participar de reações quí- (1875-1946), famoso físico-
químico americano, ficou
micas. Através de uma reação química que envolve o rearranjo de elétrons conhecido pela descoberta
de valência, ligações entre átomos são formadas de maneira que cada átomo da ligação covalente.
participante da ligação possua um octeto de elétrons de valência, como os
gases nobres. Os elementos químicos podem fazer dois tipos básicos de liga-
ções: as ligações iônicas e as ligações covalentes.
3. Ligação iônica
Na química, existem dois tipos básicos de compostos químicos: os compostos
em que os átomos estão ligados por ligações iônicas (compostos iônicos), e
os compostos em que os átomos estão ligados por ligações covalentes (com-
postos covalentes ou moleculares). Um exemplo de composto iônico muito
comum é o cloreto de sódio (NaCl), largamente utilizado na culinária.
Um átomo de elemento químico pode adquirir a configuração de um
gás nobre, perdendo, ganhando ou compartilhando seus elétrons de valência.
Quando um átomo perde elétrons, forma-se uma espécie química, denominada
de cátion ou íon positivo, como o sódio (Na), que, ao perder um elétron, forma
o cátion Na+ indicando que ele possui mais prótons (11) que elétrons (10).
Na 1s2 2s2 2p6 3s1
11
Como podemos observar, o íon Na+ possui oito elétrons em sua última
camada e, portanto, tem a configuração eletrônica do gás nobre neônio. Já
o átomo de cloro, para atingir a configuração eletrônica de um gás nobre,
precisa ganhar um elétron. Quando isso acontece, forma-se um ânion ou íon
negativo, pois possui mais elétrons que prótons.
90 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
_
Na Cl Na + + Cl
4. Ligação covalente
Muitos compostos químicos são constituídos por elementos pertencentes ao
grupo dos não-metais. Estes elementos não apresentam a tendência de per-
der ou de ganhar elétrons. Para adquirir a configuração de um gás nobre,
estes elementos então compartilham seus elétrons com outro elemento não
metálico, de forma a obter um octeto de elétrons. Este compartilhamento de
91
Química Geral I
O O
Para formar a molécula de O2, os dois átomos de oxigênio se ligam
compartilhando dois pares de elétrons. Quando um par de elétrons é compar-
tilhado entre dois átomos, estes dois elétrons passam a pertencer, ao mesmo
tempo, a ambos os átomos. Desta forma, cada átomo de oxigênio fica com
oito elétrons de valência: quatros elétrons livres ou não ligantes e quatros elé- Os pares de elétrons livres
trons compartilhados. ou não ligantes, assim
como os pares de elétrons
elétrons compartilhados ligantes influenciam
na geometria de uma
molécula.
O O elétrons livres
Cada par de elétrons compartilhado compreende uma ligação covalen-
te, assim, a molécula de O2 é constituída de duas ligações covalentes que são
representadas cada uma por um traço.
O O ou O O
Na molécula da água (H2O),
Esta forma de representar ou desenhar o composto químico, com as o átomo de hidrogênio
ligações covalentes em forma de traços, e os elétrons não ligantes, em forma é menos eletronegativo
que o átomo de oxigênio.
de pontos ao redor do símbolo do elemento químico, é denominada de Estru-
No entanto, o hidrogênio
tura de Lewis. só pode fazer uma única
Para moléculas com três ou mais átomos, como o CO2, o desenho da ligação, pois possui
somente um elétron de
estrutura de Lewis segue cinco passos descritos a seguir: valência. Desta forma,
Passo 01. Escolha o átomo central. Geralmente este átomo é aquele o átomo de hidrogênio
é sempre um átomo
que apresenta a menor afinidade eletrônica ou é o menos eletronegativo. No terminal, de maneira que
caso da molécula de CO2, este átomo é o carbono, logo ele deve ser repre- o átomo de oxigênio, neste
caso, é o átomo central. O
sentado entre os dois átomos de oxigênio.
mesmo ocorre em outras
O C O
moléculas que possuem
hidrogênio, como a amônia,
NH3, em que o nitrogênio
Passo 02. Calcule o número total de elétrons de valência na molécula mais eletronegativo é o
átomo central.
somando os elétrons de valência de cada átomo constituinte. Se a molécula
92 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
O C O O C O
5. Ressonância
Algumas moléculas ou íons podem ser representadas por mais de uma estru-
tura de Lewis, como o íon carbonato CO3-2.
-2 -2 -2
O O O
C C C
O O O O O O
I II III
C C C
O O O O O O
I II III
O símbolo δ- indica que
Se qualquer uma destas estruturas (I a III) representasse o ânion, teríamos sobre cada átomo de
dois tipos de ligação covalente com comprimentos diferentes: a ligação simples oxigênio existe uma carga
parcial negativa ou que
C—O, medindo 143 pm, e a ligação dupla C=O mais curta, medindo 122 pm. No
a carga de -2 do ânion é
entanto, experimentos de cristalografia de raios-X mostram que o comprimento distribuída entre os três
das três ligações carbono-oxigênio são iguais a 129 pm, que é um valor intermedi- átomos de oxigênio.
ário entre o tamanho de uma ligação simples e o tamanho de uma ligação dupla,
sugerindo que as três ligações carbono-oxigênio no íon nem são ligações simples
nem são ligações duplas, mas um tipo intermediário de ligação. Linus Pauling
propôs que, quando uma molécula ou íon não puder ser representada por uma
única estrutura de Lewis, as estruturas representativas possíveis fossem chama-
das estruturas de ressonância, e a verdadeira estrutura da molécula ou do íon,
estrutura híbrida, denominada de híbrido de ressonância.
-2 -2 -2 -2
O O O O δ
C C C C
O O O O
O O O O
δ δ
I II III híbrido de
ressonância
estruturas de ressonância
94 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
F F
NH3 H 3N B F
B
F F
F
F F
F F F F
S Br
F F F
F
F
energia fornecida
molécula(g) fragmentos moleculares(g)
para romper a ligação
energia liberada
fragmentos moleculares(g) molécula(g)
para formar uma ligação
Os valores de energia Observa-se que a formação de uma ligação mais curta libera mais ener-
mostrados aqui são valores gia que a formação de uma ligação de maior comprimento.
médios, pois a energia da
ligação depende também
do tipo e da estrutura da 8. Geometria molecular
molécula em que está As propriedades químicas e físicas dos compostos químicos estão intima-
inserida.
mente ligadas à geometria de suas moléculas constituintes.
A geometria de uma molécula pode ser prevista pelo modelo de repul-
são dos pares de elétrons da camada de valência (VSEPR). Este modelo é
baseado na idéia de que os pares de elétrons livres e os pares de elétrons de
ligação se repelem entre si e tendem a ficar o mais distante uns dos outros.
A posição adotada por estes elétrons dá a geometria da molécula. O modelo
VSEPR só é válido quando utilizado para elementos do grupo principal. Va-
mos analisar aqui três casos em que o modelo pode ser visualizado.
I - O átomo central da molécula é cercado somente por ligações simples.
Quando o berílio, o boro e o carbono são os átomos centrais de com-
VSEPR, do inglês Valence postos químicos, geralmente eles podem formar duas, três ou quatro ligações
Shell Electron-Pair simples com outros elementos. A partir do terceiro período, como já discuti-
Repulsion. No Brasil, alguns
pesquisadores preferem mos, os elementos dos grupos 3A e 4A podem apresentar cinco ou seis pares
chamar de modelo de elétrons ligados com outros átomos.
VESPER.
97
Química Geral I
F
120°
geometria trigonal planar
B
F F
H
109,5°
geometria tetraédrica
C
H
H H
2
F 120° F 90°
F F F
90°
Si F Si
90°
F F
F
F F
109,5° 107,5°
N N
H H
H H H H
geometria tetraédrica geometria piramidal trigonal
109,5°
O O
H H
H 104,5° H
geometria tetraédrica geometria angular
99
Química Geral I
F F F
S F S F Xe
F
F F F
F
F F F F
S S
F F F F
180°
O C O
S
O O
114,7°
C
O O
C
O O
9. Hibridização
Como vimos no capítulo 2, tanto os elétrons internos quanto os elétrons de
valência que participam de uma ligação química, residem em uma região do
espaço ao redor do núcleo atômico chamado de orbital. Quando uma ligação
química covalente é formada entre dois átomos, ocorre uma sobreposição
de orbitais, de forma que os orbitais atômicos de cada átomo se unem para
formar orbitais moleculares. Esta é a base, a teoria de ligação de valência.
Como exemplo, temos a molécula de hidrogênio formada por uma ligação co-
valente simples entre dois átomos de hidrogênio. Os orbitais 1s de cada átomo
de hidrogênio, contendo um elétron, se sobrepõem formando um novo orbital
(orbital molecular) que acomoda o par de elétrons da ligação.
101
Química Geral I
H H H H
sobreposição de orbitais s
1s1 1s1
orbital atômico ligação sigma (σ) Η−Η
orbital atômico
F F
b) F F
O Cl
c) O Cl
2py1
orbital atômico
3dyz1 sobreposição de orbitais p e d
orbital atômico ligação sigma (σ) O−Cl
E
n
e
r
g
i
a
2px 2py 2pz
2s
orbitais atômicos orbitais híbridos
Figura 5.3 – Formação dos quatros orbitais híbridos sp3 para o carbono.
103
Química Geral I
H C
H
H
E
n
e
r
g
i
a
2px 2py 2pz
2s
orbitais atômicos orbitais híbridos
Figura 5.4 – Formação dos quatros orbitais híbridos sp3 para o nitrogênio.
Os quatros orbitais híbridos sp3 do nitrogênio dão uma geometria tetraé-
drica para a amônia, mas como já foi discutido antes, esta geometria é defor-
mada pelo fato do par de elétrons livres ocuparem um espaço maior que os
pares de elétrons ligantes, dando um ângulo ligeiramente menor que 109,5°.
Lembre-se de que a geometria dos pares de elétrons é diferente da geometria
molecular formada pelos ângulos das ligações. No caso da amônia, a geome-
tria molecular é piramidal trigonal.
109,5° 107,5°
N N
H H
H H H H
geometria tetraédrica geometria piramidal trigonal
104 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
E
n
e
r
g
i
a) a
2px 2py 2pz 2pz
2s
orbitais atômicos orbitais híbridos
E
n
e
r
g
i
b) a
2px 2py 2pz 2pz
2s
orbitais atômicos orbitais híbridos
A geometria das três ligações sp2-s é, portanto trigonal plana. Cada car-
bono possui um orbital p (2pz) não hibridizado. Quando orbitais p não hibridi-
zados pertencentes a carbonos adjacentes, contendo um elétron desempa-
relhado, estão perpendiculares ao plano formado pelas seis ligações sp2-s,
estes orbitais podem se sobrepor, lateralmente, formando uma segunda liga-
ção C-C, chamada de ligação pi (p). A sobreposição ocorre acima e abaixo
do plano das seis ligações sigma (figura 5.6). A ligação pi é mais fraca que
a ligação sigma já que a sobreposição lateral não é tão eficiente quanto a
sobreposição frontal. Moléculas, como o eteno, possuem uma ligação dupla
constituída de uma ligação sigma e uma ligação pi.
orbital pz
H H H H
C C C C
H H H
H
Figura 5.6 – Formação da ligação pi por sobreposição lateral de orbitais p.
105
Química Geral I
E
n
e
r
g
i
a) a
2px 2py 2pz 2py 2pz
2sp 2sp
2s
orbitais atômicos orbitais híbridos
E
n
e
r
g
i
b) a
2px 2py 2pz 2py 2pz
2sp 2sp
2s
orbitais atômicos orbitais híbridos
orbital pz
H C C H
106 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
E
n 3d
e
r
g
i
a) a
orbitais híbridos sp3d2
3p
3s
orbitais atômicos
A eletronegatividade de um
átomo é a habilidade deste
átomo em uma molécula F
de atrair elétrons para si.
F F
É representada pela letra
b) S
grega χ.
F F
F
A polaridade de ligação
também pode ser 10. Interações intermoleculares
representada por uma A maioria das ligações covalentes é formada por dois átomos de eletronegati-
seta que aponta para a vidades diferentes. Na molécula de ácido clorídrico HCl, o átomo de hidrogê-
extremidade negativa da
ligação e possui um sinal nio (χ=2,1) é menos eletronegativo que o átomo de cloro (χ=3,0), isso implica
de positivo, indicando a em que o par de elétrons da ligação H—Cl não está distribuído uniformemente
extremidade da ligação com
entre os átomos, mas está mais próximo do átomo mais eletronegativo que é
carga positiva:
+ o cloro. Assim, o átomo de hidrogênio adquire uma carga parcial positiva (δ+)
e o cloro um a carga parcial negativa (δ-), formando um dipolo e tornando a
molécula polar (figura 5.9).
δ δ
a) H Cl b) H Cl
+
Figura 5.9. a) distribuição dos elétrons da ligação covalente na molécula de HCl b)
distribuição das cargas na molécula de HCl.
Como a maioria das moléculas possui várias ligações polares, estas
moléculas também podem ser polares, possuindo uma extremidade positiva e
outra negativa (figura 5.10a). Uma característica das moléculas polares é que
elas podem se alinhar sob ação de um campo elétrico, ou seja, a parte positiva
da molécula é atraída pela placa carregada negativamente, e a extremidade
107
Química Geral I
negativa da molécula se alinha com a placa positiva (figura 5.10b). A extensão No sistema internacional
SI, o momento dipolar é
com que as moléculas se alinham com o campo elétrico depende do seu expresso em Coulomb-
momento dipolar (µ) que é definido como o produto da magnitude das cargas metro, C.m
parciais positivas e negativas pela distância entre elas. A unidade mais usada
para expressar o momento dipolar é debye (D) em que 1D = 3,34 x10-30 C.m.
δ
δ δ
δ δ
δ H Br
a) H Br b)
H Br δ
+ Br
δ
H
Figura 5.10 – a) Molécula polar b) Molécula polar alinhada comum campo elétrico.
A polaridade de uma molécula depende da sua geometria. Moléculas
cujo átomo central está ligado a grupos iguais localizados a mesma distância
de forma simétrica, geralmente não são polares (apolares), como a molécula
de CO2 linear. As duas ligações C=O são polares, pois o oxigênio ((χ=3,5) é
mais eletronegativo que o carbono (χ=2,5). No entanto a molécula é simétrica,
pois os dois átomos de oxigênio das extremidades da molécula estão a igual
distância em relação ao átomo de carbono (átomo central). O mesmo raciocí-
nio pode ser feito para a molécula BF3 (trigonal plana). As três ligações B—F
são polares, mas se encontram distribuídas de forma simétrica na molécula,
tornando-a apolar. Já a água é uma molécula polar, sua geometria angular,
devido aos dois pares de elétrons livres no átomo de oxigênio, faz com que
a molécula não seja simétrica de forma a gerar um momento dipolar líquido.
δ
δ δ F
δ δ
C O O δ
O H
B
apolar δ F Fδ H
δ
apolar polar
gas opostas (interação íon-íon), fazendo com que os pontos de fusão e ebu-
lição sejam extremamente elevados quando comparados com as mesmas
propriedades físicas dos compostos moleculares, que geralmente possuem
ponto de fusão e ebulição mais baixo. Isso ocorre porque nos composto mo-
leculares, as cargas são apenas parciais e não totais, como nos compostos
iônicos. Os compostos moleculares apresentam basicamente três tipos de
interação intermoleculares:
I - Interação entre moléculas polares (interação dipolo-
δ δ δ δ
-dipolo).
a) H Br H Br Toda molécula polar é um dipolo permanente. Quando uma
δ molécula polar se aproxima de outra molécula polar igual ou diferente,
δ H
δ δ a extremidade positiva de uma molécula é atraída pela extremidade
b) H Br C O δ negativa da outra molécula (figura 5.11), gerando uma atração dipo-
H lo-dipolo.
δ Um tipo importante de interação dipolo-dipolo é a ligação
Figura 5.11 – Interação dipolo-dipolo en-
de hidrogênio ou ponte de hidrogênio. Uma ligação de hidro-
tre duas moléculas polares a) iguais e b)
diferentes gênio é a atração entre um átomo de hidrogênio de uma ligação
X—H e um outro átomo Y com pares de elétrons livres. Os áto-
mos X e Y devem ser átomos pequenos e muito eletronegativos
para que a ligação de hidrogênio seja efetiva. Geralmente estes
H X e Y são os elementos O, N e F. A ligação de hidrogênio causa
O
efeitos profundos nas propriedades dos compostos que contêm
o grupo OH e NH. Enquanto o ponto de ebulição do ácido sulfí-
H
H drico H2S é –58°C, a temperatura de ebulição da água H2O é de
100°C. Teoricamente, como o enxofre está abaixo do oxigênio na
O H O H O H tabela periódica e possui massa maior, o composto H2S deveria
H H ter um ponto de ebulição maior que a água. No entanto o que se
observa é mais que o oposto. A explicação é que as moléculas da
O água fazem ponte de hidrogênio entre si, aumentando a atração
H
entre suas moléculas de forma que mais energia deve ser forne-
H
cida para separá-las, assim o ponto de ebulição é mais elevado
Figura 5.12 – Ligação de hidrogênio na
(figura 5.12). Cada átomo de oxigênio de uma molécula de água
água. O átomo de hidrogênio da ligação
O—H possui uma carga parcial positiva e possui dois pares de elétrons livres, que podem ser usados para
é atraído pelo par de elétrons livres de um fazer pontes de hidrogênio com duas outras moléculas de água,
átomo de oxigênio de outra molécula de e pode ter seus dois átomos de hidrogênio atraídos pelos pa-
água. O átomo de hidrogênio forma uma res de elétrons livres de dois átomos de oxigênio de duas outras
ponte entre as duas moléculas. A ligação moléculas de água, de forma que as quatro moléculas de água
de hidrogênio é representada pela linha
que circundam a molécula de água central formam junto com ela
tracejada.
um arranjo tetraédrico, sendo que as ligações de hidrogênio são
maiores que as ligações covalentes.
109
Química Geral I
As moléculas polares A explicação para este tipo de interação reside no fato de que os elé-
também podem apresentar
trons estão em constante movimento na molécula. Em média uma molécula
forças de dispersão
de London, além das apolar apresenta uma nuvem eletrônica simétrica (fig. 5.14a). No entanto, em
interações dipolo-dipolo, dado momento, devido ao movimento dos elétrons, a nuvem eletrônica torna-
pois uma molécula,
dependendo de sua massa,
-se assimétrica formando um dipolo instantâneo (fig. 5.14b). Quando o dipolo
pode conter diversas instantâneo formado aproxima-se de uma outra molécula apolar (fig. 5.14c),
ligações polares e apolares. este induz a formação de um dipolo instantâneo na molécula vizinha. Os dois
As ligações polares formam
dipolos permanentes, e dipolos induzidos então formados atraem-se mutuamente (fig. 14d).
as ligações apolares, os δ
dipolos induzidos. Assim, δ δ δ
uma mesma molécula pode a) b) I I c) I I I I
apresentar vários tipos de I I
interações intermoleculares.
δ δ δ δ
d) I I I I
H
O
H δ H
O Hδ
H H
δ O Na Oδ O H Cl H O
H δ H δ
H δ
O H H
δ H
H O H
Figura 5.16 – Interação íon-dipolo entre os íons Na e Cl e as moléculas de água (sol-
+ -
vatação). Note que o cátion interage com a parte negativa da molécula de água que
são os átomos de oxigênio, que possuem pares de elétrons livres, e o ânion interage
com a parte positiva da molécula, que são os átomos de hidrogênio, pois carregam
uma carga parcial positiva.
A intensidade da interação íon-dipolo aumenta com o aumento da carga
do íon, mas diminui à medida que o tamanho do íon ou da molécula aumentam.
Síntese do Capítulo
As propriedades físicas e químicas das substâncias químicas dependem
principalmente do tipo de ligação que existem no composto e do tipo de intera-
ção exibida entre seus íons ou moléculas. As ligações químicas são formadas
pela perda e ganho ou compartilhamento de elétrons de valência entre dois
átomos. Quando um átomo cede elétrons de valência para outro átomo, for-
mam dois íons: um positivo e um negativo que se atraem eletrostaticamente
formando uma ligação iônica. Quando dois átomos compartilham um ou mais
pares de elétrons, forma-se uma ligação covalente. O objetivo das ligações
é que cada átomo da ligação atinja a estabilidade de um gás nobre, ou seja,
adquira um octeto de elétrons de valência. As ligações covalentes podem
ser polares se os átomos envolvidos apresentarem uma grande diferença de
eletronegatividade entre si, e apolares, se esta diferença for muito pequena.
Moléculas com ligações polares formam dipolos permanentes, que se atra-
em em interações intermoleculares do tipo dipolo-dipolo. Uma molécula
dipolar pode induzir a formação de um dipolo em uma molécula apolar, de
forma a existir entre as duas moléculas, polar e apolar, uma força de atração.
As moléculas que possuem somente ligações apolares também demonstram
um tipo de interação chamada de interação dipolo induzido-dipolo induzido
ou Forças de Dispersão de Lodo ou Forças de Vander Waals. Todas estas
112 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
Atividades de avaliação
1. Desenhe as estruturas de Lewis para os átomos de cálcio, germânio e
cloro.
2. Determine as cargas dos íons que formam os compostos iônicos abaixo:
a) MgS
b) Na2O
c) KI
d) NaBr
e) CaI2
f) Cão
3. Explique detalhadamente por que o íon Na2+ é improvável.
4. O composto iônico K3Cl pode existir? Justifique sua resposta.
5. Desenhe as estruturas de Lewis para as moléculas e íons moleculares
abaixo:
a) ClO4-
b) CH3CH3
c) NH4+
6. Escreva as estruturas de ressonância para os ânions:
a) NO3-
b) OCN-
7. Determine as geometrias de:
a) NO2- e
b) SiBr4
8. Que possíveis geometrias você poderia sugerir para PBr3? Na sua opinião,
qual a mais provável? Justifique.
113
Química Geral I
Objetivo
• Conhecer as teorias que definem ácidos e bases; Compreender a teoria
das reações de ionização de ácidos e bases; Compreender e aplicar as
regras de nomenclatura para ácidos e bases.
Introdução
A maioria das substâncias que encontramos na natureza ou que são sintetiza-
das pelo homem possuem caráter ácido ou caráter básico. A palavra ácido (do
latim acidus) significa azedo, e este termo era inicialmente aplicado ao vina-
gre, mas outras substâncias com propriedades semelhantes passaram a ter
esta denominação. O termo base ou álcali tem sua origem na palavra árabe
“alkali”, que significa cinzas. Durante cerca de dois séculos, muitos químicos,
utilizando-se de resultados obtidos em diversos experimentos, formularam vá-
rias teorias para definir quando uma substância pode ser chamada de ácido
ou base. Neste capítulo, iremos discutir as teorias formuladas por Arrhenius,
Bronsted-Lowry e Lewis sobre ácidos e bases e as regras utilizadas para
nomear estes compostos químicos. Veremos, ainda, como se comportam os
ácidos e as bases em solução aquosa e como substâncias químicas cha-
madas de indicadores podem ser utilizados para indicar se uma determinada
solução aquosa é ácida ou básica.
A soda cáustica era de íon hidrônio. Então podemos reescrever a equação química anterior da
utilizada na antiguidade
seguinte forma:
pelos egípcios para
produzir uma forma
primitiva de sabão. Até hoje, HCl(aq) + H2O(l) H3O (aq) + Cl (aq)
o processo para se produzir
alguns tipos de sabão ainda Uma substância é considerada básica se, quando dissolvida em solu-
inclui a soda cáustica na ção aquosa, íons negativos OH- (íon hidroxila) forem liberados.
reação de saponificação
de ácidos graxos (ácidos Exemplo:
orgânicos de longas
cadeias de carbono). O hidróxido de sódio (NaOH), também conhecido como soda cáustica,
quando dissolvido em água, libera íons hidroxila.
O ácido clorídrico é
O físico-químico dinamarquês, Johannes Nicolaus Bronsted (1879-
produzido por células 1947), e o físico-químico britânico, Thomas Martin Lowry, trabalhando de for-
que recobrem o interior ma independente, mas simultânea, formularam juntos uma nova teoria para
do estômago, juntamente
com enzimas e o definir os compostos ácidos e os compostos básicos. Eles verificaram que
muco, formando o suco outros compostos que não continham o grupo hidroxila, como a amônia (NH3),
gástrico responsável também podiam agir como uma base, pois reagiam com ácidos.
pela metabolização dos
alimentos ingeridos. A NH3(aq)
função do ácido clorídrico
+ HCl(aq) NH4 (aq) + Cl (aq)
é auxiliar a enzima base ácido
pepsina na quebra de
proteínas em moléculas Esta nova teoria ficou conhecida como a teoria ácido-base de Bronsted-
menores. A função do
muco é proteger a parede -Lowry.
que recobre o interior do Segundo Bronsted-Lowry, ácido é toda espécie química capaz de doar
estômago da acidez do
suco gástrico, formando um ou mais íon hidrogênio H+(próton) a uma outra substância.
uma camada protetora. O
rompimento desta camada, Cl (aq) H3O (aq)
HCl(aq) + H2O(l) +
ou pela ação da bactéria
Helicobacter pilori ou pelo ácido de base de
uso indevido da aspirina, Bronsted-Lowry Bronsted-Lowry
leva à formação da úlcera
gástrica.
119
Química Geral I
A base de Bronsted-Lowry é toda e qualquer espécie química capaz de Uma espécie química pode
receber um ou mais prótons. A teoria de Bronsted-Lowry ampliou o conceito ser uma molécula, como
a água (H2O), um cátion,
de base de Arrhenius, pois leva em conta vários compostos com caráter bá- como o íon amônio (NH4+),
sico que não liberam o íon hidroxila, quando dissolvidos em solução aquosa. ou um ânion, como o íon
Além disso, a dissociação dos compostos ácidos e básicos não necessaria- hidrogenosulfato (HSO4-).
mente precisa ocorrer em meio aquoso, ou seja, a dissociação pode ocorrer
em outros solventes, como a amônia líquida, por exemplo.
3. Autoinonização da água e ph
A água é uma substância que, dependendo da reação da qual faça parte,
pode agir tanto como ácido, tanto como base. Diz-se que a água é anfótera.
Como veremos adiante, a água é tanto um ácido fraco como uma base
fraca. Isso significa dizer que a água se dissocia muito pouco ou que a água,
quando dissociada, produz poucos íons H+ (prótons) e poucos íons hidroxila (OH-
). Mesmo em pequena escala (2 moléculas dissociadas para cada bilhão), esta
dissociação ocorre de forma que a água pura é capaz de conduzir eletricidade.
Toda solução contendo íons positivos (cátions) e íons negativos (ânions)
é capaz de conduzir eletricidade.
Quando duas moléculas de água reagem entre si, uma transfere um
próton para a outra.
14 = pH + pOH
Quando a concentração de íons hidrônio em solução é grande, o pH
varia de 0 a 6,9 e diz-se que a solução é ácida. Quando a concentração de
íons hidrônio na solução é pequena, o pH varia entre 7,1 e 14 e diz-se que a
solução é básica. Quando o pH é igual a sete, a solução é considerada neutra.
121
Química Geral I
pH
ÁCIDO BÁSICO
7
0 14
NEUTRO
Figura 6.1 – Escala de pH
Algumas bases também podem ser chamadas de polipróticas, pois são ca-
pazes de receber dois ou mais prótons de um ácido. É o caso do íon fosfato (PO43-).
122 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
1ª etapa
3ª etapa
H2PO4 (aq) + H3O (aq) H3PO4(aq) + H2O(l)
base
Ocorrem ainda casos em que um ânion ou uma molécula tanto pode
agir como ácido, cedendo um próton, como pode se comportar como base,
aceitando um próton. Este tipo de ânion ou molécula é chamado de anfipróti-
co, um exemplo é o íon hidrogenossulfeto (HS-).
como ácido
HS (aq) + H2O(l) S2-(aq) + H3O (aq)
como base
HS (aq) + H2O(l) H2S(aq) + HO (aq)
δ+ δ-
H Cl H Cl
dipolo
123
Química Geral I
δ+ δ-
Cl -
-
HO H Cl H 2O +
ácido de Lewis
Qualquer cátion pode ser um ácido de Lewis, já que possui deficiência O símbolo δ significa
parcialmente, pois os
de elétrons, assim como os elementos do grupo 3A da tabela periódica (grupo
elétrons não foram
do boro). Estes elementos não possuem um octeto de elétrons e, portanto, perdidos ou ganhos
apresentam deficiência de elétrons em sua camada de valência. por um dos átomos da
molécula, apenas estão
mais próximos de um ou
- mais longe do núcleo,
2 Cl (aq) + Fe 2 + FeCl2 (aq) permanecendo dentro do
(aq)
orbital ligante.
ácido de Lewis
-
HO (aq) + BF3(aq) HO BF3 (aq)
ácido de Lewis
A seta curva indica a Segundo Lewis, uma base é qualquer espécie química que em qual-
direção de deslocamento
quer meio é capaz de doar um par de elétrons a outra espécie química. Assim,
do par de elétrons, sempre
da base para o ácido. todos os ânions e moléculas que possuem um par de elétrons livres podem
ser considerados bases de Lewis.
-
Br (aq) + AlBr3(aq) Br AlBr3(aq)
base de Lewis
..
NH3(aq) + BF3(aq) H3N BF3(aq)
base de Lewis
7. Indicadores ácido-base
Algumas substâncias orgânicas são utilizadas para indicar se uma dada so-
lução de um composto químico é ácida ou básica. Estas substâncias são
chamadas de indicadores ácido-base. Os indicadores ácido-base são geral-
mente um ácido ou base fraca que apresenta cores diferentes quando estão
em meio ácido ou básico. O exemplo mais comum em laboratório é a fenolfta-
leína. Este indicador apresenta coloração vermelha à rósea em meio básico e
torna-se incolor em meio ácido.
fenolftaleína
O
HO
O
OH
H
OH
O
O
O
O
vermelho em meio básico
incolor em meio ácido
Síntese do Capítulo
Durante os séculos XIX e XX, três teorias foram propostas para definir se uma
dada substância é um ácido ou uma base. A primeira teoria formulada por Ar-
rhenius considerava ácido todo composto capaz de doar prótons em meio
aquoso, e base, todo composto capaz de doar em meio aquoso íons hidroxi-
la. Este conceito foi posteriormente ampliado por Bronsted-Lowry que definiu
a base como sendo toda substância capaz de receber um próton. A base,
não necessariamente, necessita possuir o grupo hidroxila, como na definição
de Arrhenius, outros solventes podem ser utilizados para dissolver os ácidos
e bases. Quando um ácido doa um próton, forma-se a base conjugada deste
ácido, da mesma forma, a base, ao receber um próton, dá origem ao ácido
conjugado da base. Assim, em solução, os ácidos e as bases existem como
pares ácido/base conjugada e vice-versa. As teorias descritas anteriormente
128 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
Exercícios Resolvidos
1. Calcule a concentração de íons H+ em cada uma das amostras a seguir:
a) cerveja, pH = 4,4
Solução:
Atividades de avaliação
1. Faça uma pesquisa sobre a estrutura molecular da vitamina C, também
conhecida como ácido ascórbico. A vitamina C pode ser considerada um
ácido de Arrhenius? Justifique sua resposta.
2. Cite os íons formados pela dissociação, em água, das bases a seguir:
a) Sr(OH)2 b) Al(OH)3 c) RbOH
3. Explique a seguinte afirmação:
Toda base de Arrhenius é uma base de Bronsted-Lowry, mas nem toda
base de Bronsted-Lowry é uma base de Arrhenius.
4. a) Dê as bases conjugadas dos ácidos abaixo.
i) NH4+ ii) H2O iii) CH4 iv) HBr v) CH3OH vi) H2SO4
b) Quais os ácidos conjugados das bases abaixo?
i) H2O ii) NH3 iii) H2PO4- iv) F- v) HCOO- vi) OH-
5. Pesquise e responda.
a) Qual o pH do sangue humano ? E o pH do sangue de um lagarto? Existe
diferença? Por quê?
b) Indique três substâncias do seu cotidiano que sejam ácidos e três que
sejam básicas.
6. Uma solução de ácido acético (vinagre) possui pH igual a 4,89. Qual a
concentração de íons hidrônio na solução?
7. Se uma solução de hidróxido de sódio possui uma concentração de íons
hidroxila igual 0,001 M, qual o pOH da solução? Qual o pH?
8. Pesquise e responda.
Além do exposto anteriormente, que outra explicação pode ser dada para
que os elementos do grupo 3A possam agir como ácido de Lewis?
9. O ácido orgânico heptanoico (CH3(CH2)4CH2COOH) insolúvel em água
pode ser um ácido de Lewis? Justifique.
10. Indique o ácido e a base de Lewis nas reações abaixo.
a) NaOH(aq) + CH3OH(aq) CH3O (aq) + Na (aq) + H2O(l)
3+
b) Fe(aq) + 3 HO (aq) Fe(OH)3(aq)
130 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
26. A metilamina (CH3NH2) pode ser considerada tanto uma base de Brons-
ted-Lowry como uma base de Lewis? Justifique.
27. O íon hidrogenocarbonato (HCO3 -) pode ser considerado uma espécie
anfiprótica? Justifique.
28. O indicador azul de bromotimol apresenta coloração amarela em meio
ácido e coloração azul em meio básico. Se você tem uma solução cuja
concentração de íons H+ é de 1,83 x 10 –10 M, que coloração a solução
apresentará quando se adicionar o indicador? Justifique.
132 FEITOSA, E. M. A.; BARBOSA, F. G,; FORTE, C. M. S.
Sobre os Autores
Edinilza Maria Anastácio Feitosa: é professora Adjunta do curso de Licen-
ciatura em Química da Faculdade de Educação de Itapipoca da Universidade
Estadual do Ceará - FACEDI/UECE. É graduada em Química Industrial, com
mestrado em Química e Doutorado em Química Orgânica pela Universidade
Federal do Ceará – UFC. Tem experiência na área de Química Orgânica, com
ênfase em Química dos Produtos Naturais. Atualmente é coordenadora do
Curso de Licenciatura em Química na FACEDI/UECE.
F
iel a sua missão de interiorizar o ensino superior no estado Ceará, a UECE,
como uma ins�tuição que par�cipa do Sistema Universidade Aberta do
Brasil, vem ampliando a oferta de cursos de graduação e pós-graduação
na modalidade de educação a distância, e gerando experiências e possibili-
dades inovadoras com uso das novas plataformas tecnológicas decorren-
Química
Química Geral I
tes da popularização da internet, funcionamento do cinturão digital e
massificação dos computadores pessoais.
Comprome�da com a formação de professores em todos os níveis e
a qualificação dos servidores públicos para bem servir ao Estado,
os cursos da UAB/UECE atendem aos padrões de qualidade
estabelecidos pelos norma�vos legais do Governo Fede-
ral e se ar�culam com as demandas de desenvolvi-
Química Geral I
mento das regiões do Ceará.
Geografia
12
História
Educação
Física
ISBN 978-85-78265-66-3
Ciências Artes
9 788578 26 5663
Química Biológicas Plás�cas Computação Física Matemá�ca Pedagogia